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DIARIO d e P E R N A M B U C O

entrevista

Recife, SEG - 1º/09/2014

entrevistaespecial

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PETER ILICCIEV/FIOCRUZ/DIVULGAÇÃO

Edição: Paula Losada

Paulo Gadelha

Reduzindo as desigualdades

+ saibamais Fiocruz em Pernambuco 179 servidores (sendo 73 com doutorado; 56 com mestrado e 16 com especialização) e 102 terceirizados. 193 alunos matriculados nos cursos de pós-graduação de Saúde Pública e Biociências e Biotecnologia em Saúde e na Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva.

ALICE DE SOUZA alicedesouza.pe@dabr.com.br

O Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CpqAM), unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, foi criado em 1950 para pesquisar as enfermidades endêmicas nas populações do Nordeste brasileiro. A instituição está completando 64 anos de atuação, tendo como objetivo melhorar as condições sociossanitárias na região, a partir da produção de trabalhos científicos que reverberem em políticas públicas, sobretudo para o Sistema Único de Saúde. Em Pernambuco, são 23 linhas de pesquisa e mais de cem trabalhos em desenvolvimento. Nesta segunda-feira, o presidente da Fiocruz no Brasil, Paulo Gadelha, vem ao Recife para as comemorações. Em entrevista ao Diario, ele comenta a atuação da Fundação no estado para indução de projetos e cooperações necessários ao fortalecimento das pesquisas, além de detalhar o impacto das atividades nos quatro centros no Nordeste para redução das desigualdade sociais.

Mais de 60 servidores envolvidos em atividades de pesquisa 23 linhas de pesquisa 100 projetos de pesquisas em andamento 10 projetos de pesquisa em colaboração internacional 27 grupos de pesquisa 13 pesquisadores doutores com bolsa de produtividade de pesquisa do CNPq 56 bolsistas de iniciação científica 6 serviços oficiais de referência para o Ministério da Saúde: Controle de Culicídeos Vetores; Filarioses, Chaga, Esquistossomose, Peste e Leishmaniose.

Qual a importância do trabalho desenvolvido no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães para Pernambuco? A presença da Fiocruz em Pernambuco tem uma história longa e consolidada. O Aggeu Magalhães sempre representou a visão da Fundação como instituição nacional, pensada de forma a estar mais próxima das questões que dizem respeito ao campo da saúde pública, ciência e tecnologia. O Aggeu tem um lugar especial por causa da importância do Recife, assim como pelo fato de conseguirmos ter tradições fortes em toda as áreas em que a Fiocruz trabalha. Principalmente nos campos mais referenciados, como saúde coletiva, que inclui a discussão de determinantes sociais da saúde, processo de planejamento, modelos de atenção à saúde, formação das pessoas e da pesquisa de natureza biomédica. Pernambuco também é exemplo na interação com a Secretaria de Saúde, Imip e Lafepe. Estamos ao longo do tempo investindo muito no Aggeu Magalhães, especialmente desde 1985, quando o centro passava por situação delicada, com restrições e dificuldade de sustentabilidade. Hoje temos um polo considerado um dos mais produtivos no Brasil. A Fiocruz em Pernambuco tem serviços de referência

nacional e regional. Qual o papel estratégico da instituição em relação aos outros centros da Fundação no Nordeste? O Aggeu Magalhães é muito forte na parte de imunologia e de virologia. Assim como contempla doenças consideradas negligenciadas, como esquistossomose, doença de chagas e leishmaniose. É referência nacional no controle de vetores. O componente da saúde coletiva também é destaque, algo que não é da tradição de outros centros, como o Gonçalo Muniz, na Bahia, ou o do Ceará. O fato de estar associado a outras instituições no Nordeste possibilita também ao Aggeu um envolvimento em uma rede de informação para a área de saúde da família e a ampliação das áreas de pósgraduação, de residência multiprofissional em saúde coletiva, de mestrado profissional e de doutorados. O tema do seminário de comemoração aos 64 anos é “Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães: indução em projetos estratégicos e cooperação interinstitucional para o fortalecimento do SUS”. De que forma a Fundação tem atuado nessa indução de projetos e cooperações necessários ao fortalecimento das pesquisas em Pernambuco? A Fiocruz é parte do Ministério da Saúde e tem como mis-

RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS

“Temos que olhar a saúde como central para o modelo de desenvolvimento do país”

Aggeu Magalhães tem atualmente 100 projetos de pesquisa em andamento são contribuir para o fortalecimento e a plena execução do SUS. De uma forma ou de outra, nossas atividades estão voltadas nesse sentido. Agora estamos envolvidos na constituição de um programa de mestrado profissional ofissional para mémédicos voltado para o Mais Médicos. Somos referência mundial na área de nível técnico, através da pós-graduação, onde a gente é âncora de redes de escola, e também em nível nacional e internacional. No processo de desenvolvimento e produção de medicamentos e vacinas, estamos trabalhando para garantir a constituição de base de sustentação do SUS e para prover os insumos necessários para o domínio de tecnologias. E a preços compa-

tíveis com a possibilidade de sustentar o sistema universal e gratuito. Além disso, fazemos parcerias públicas e privadas. Todas as nossas áreas de atuação estão mirando atender a demanda da melhoria da qualidade de vida. A Fundação ganhará dois novos institutos, o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) e o Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos (CIPBR). O que essas novas unidades vão representar para o país? O país tem duas deficiências significativas. Uma é a área de pré-clínica, que é quando você precisa fazer uma série de testes para avaliar a toxidade, o nível de eficácia de um medi-

camento em desenvolvimento. O CDTS, que começará a funcionar a partir do segundo semestre de 2015, será um centro de plataformas ligadas à área de genômica, proteômica e biologia computacional. Ele será um grande divisor de águas para capacitação do país, pois suas plataformas serão abertas para utilização de projetos da Fiocruz e de fora. Já o CIPBR terá três funções diferentes. A primeira diz respeito à etapa do processos de inovação. Na área de reativos, vamos dar um salto de produção, com a possibilidade de criar sistema de diagnósticos para serem executados em laboratórios e centros de saúde. O terceiro ponto é parte de biofármacos. Esse é o grande

desafio atual, pois os biofármacos são hoje a grande fronteira no tocante à tecnologia e aos investimentos de mercado. No Brasil, ainda temos experiências muito iniciais e queremos virar referência. O CIPBR começará a funcionar no fim deste ano ou início do ano que vem. As instalações estão prontas e os equipamentos 90% colocados. Quais os maiores desafios a serem vencidos pela Fiocruz nos próximos anos? O primeiro desafio é começar a trabalhar a mudança do perfil de doenças do país. Historicamente, nos constituímos em torno das doenças infecciosas e infectoparasitárias. Elas tiveram a mortalidade reduzida, mas continuam presentes e diferentes. A leishmaniose, por exemplo, está se incorporando no contexto da urbanização. As doenças crônicas não infecciosas, por sua vez, hoje estão com peso maior no impacto da saúde pública. Casos de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e doenças neurodegenerativas crescem, assim como a morte por violência. Nosso desafio é se reinventar para acompanhar essas mudanças e sermos protagonistas para produzir ciência e tecnologia de ponta para a demanda. Temos que olhar a saúde como central para o modelo de desenvolvimento do país.


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