Hapvida jc 14 11 2014 justiça por saúde

Page 1

jornal do commercio 5

Recife I 14 de novembro de 2014 I sexta-feira

cidades

www.jconline.com.br/cidades

maissaude@jc.com.br jconlineblogs.ne10.uol.com.br/maissaude twitter: @jc_maissaude telefone: (81) 3413.6187

Cadê o medo da diabete ? A notícia de um suposto caso de ebola em Caruaru esta semana, desfeita poucos minutos depois, fez dezenas de pessoas entrarem em pânico, com medo da virose que mata em pouco tempo. Curiosamente, outra doença devastadora, a diabete, não desperta tanto temor numa população cada vez mais obesa e sedentária. Talvez por ser crônica, matar lentamente, ter caído no lugar comum. O problema é que açúcar alto no sangue causa insuficiência renal, que leva à hemodiálise, AVC, todo tipo de trombose, cegueira e amputação de pés e pernas. Existiriam no Brasil 14 milhões de diabéticos, uma verdadeira epidemia incontrolável, afetando a vida das pessoas e o orçamento do SUS. Neste 14 de Novembro, Dia Mundial da Diabete, no Parque da Jaqueira, a partir das 7h, a seção regional da Sociedade Brasileira de Diabete estará alertando o público. Para que continue tudo azul (cor da campanha de prevenção) na sua vida, livre desse mal, tente manter sua glicose em jejum abaixo de 100 miligramas por decilitro de sangue. Significa, então, evitar açúcar, massa e gordura em grande quantidade e fazer diariamente atividade física. O Ministério da Saúde lançou este mês guia alimentar para a população, incentivando o consumo de alimentos naturais e alertando para os riscos dos processados. Precisa fazer campanhas, mesmo esporádicas, como as que convocam para vacinação.

Igo Bione/JC Imagem

k Quem explica JC - O que precisa mudar na política pública? * GEÍSA MACEDO - Conhecer melhor o impacto da diabete e dar visibilidade ao problema. Cerca de 50% dos adultos que se descobrem com a doença tipo 2 já apresentam alguma complicação. Nas crianças, é um desastre. Em três anos pode surgir lesão renal. * Presidente da Sociedade Brasileira (regional) e do Instituto Brasileiro de Diabetes

k Eu reclamo!

Por três dias procurei a farmácia da Policlínica Arnaldo Marques, no Ibura, e não consegui atendimento. Por que as funcionárias de lá decidem o horário de funcionamento e desrespeitam o público?”, Vera Fagundes, usuária

k Resposta A Secretaria de Saúde do Recife alega problema técnico que deixou lenta a digitação das receitas e aumentou a espera. A velocidade da rede está sendo incrementada, promete.

Direito para presos soropositivos

A ONG GTP+, com o Fundo Brasil de Direitos Humanos, visita presídios para educar contra discriminação e prevenção do HIV.

Jornada de cuidados paliativos

É amanhã, às 8h, no Cremepe, promovida pelas equipes dos hospitais Oswaldo Cruz, de Câncer e Imip. Só para profissionais.

k Compartilhe k Mídia

k Trabalhador

k Paulista

k Próstata

O programa de pós-graduação em saúde da comunicação humana da UFPE promove terça, a partir das das 8h, seminário sobre mídia e políticas de saúde. Será no anfiteatro da Associação dos Docentes. A Unidade de Saúde da Família Rural II, recebe hoje das 8h às 17h, o Ouvembro Colorido. Palestras, exames de mamografia, teste de glicose e do HIV. O posto fica na comunidade Mumbeca I.

O projeto Arte no Canteiro, do Sesi, leva teatro e quadrinhos na tarde de hoje a uma obra na Rua Guimarães Peixoto, Casa Amarela. Ensina a diminuir os acidentes no trabalho. A água de reuso da Arena Pernambuco recebeu coloração azul neste mês. Adere à campanha de prevenção do câncer de próstata e promoção da saúde do homem.

www.sjd.com.br Call Center

4002.2828

Doentes penam na Justiça por saúde

DIREITO Necessidade de procedimentos e medicamentos de alto custo pode exigir que usuário do SUS e de plano de saúde acione o Judiciário em busca de liminar que autorize tratamentos

Cinthya Leite

Hélia Scheppa/JC Imagem

Verônica Almeida

cleite@jc.com.br

O

caminho para receber medicamentos de alto custo e se submeter a alguns procedimentos cirúrgicos através da rede pública e dos planos de saúde geralmente é penoso e pode exigir que o paciente entre com ação na Justiça. Em muitos casos, o acesso a alguns tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser limitado, apesar de a lei permitir o acesso integral e gratuito a serviços de saúde. Dessa maneira, quando tratamentos são negados, é possível garantir esse direito ao acionar o Judiciário. O defensor público João Paulo Guedes Acioly orienta que o paciente da esfera pública não desista de lutar quando não conseguir remédios e nem direito a se submeter a cirurgias. “No caso de medicação negada, é importante ter documentação que informe isso, dada pela Farmácia do Estado. Esse ofício ajuda a entrarmos com a ação”, avisa. Muitos medicamentos e procedimentos, antes negados, só são fornecidos hoje pelo SUS e autorizados pelos planos porque muitos pacientes já lutaram por eles na Justiça. “Com muitas decisões favoráveis, operadoras e Estado perceberam que é mais econômico liberar o tratamento sem burocracia”, alega a advogada Diana Câmara, especialista em direito à saúde. É o caso da quimioterapia oral em domicílio e da cirurgia bariátrica, que eram autorizadas após o paciente penar nos tribunais. Ela informa que atualmente há muitos entraves quando se trata de limitações do direito à saúde. Entre os exemplos, está a batalha dos pacientes que convivem com hepatite C e não obtiveram resultados com tratamentos convencionais. Por isso, necessitam de medicações que integram uma terapêutica de indicação mundial, com níveis de eficácia superiores a 90%. “É um tratamento que custa R$ 400 mil. Não é fornecido pelo SUS nem coberto pelos planos. Mas conseguimos oferecer soluções, especialmente quando o médico atesta que o paciente precisa das medicações para sobreviver. O juiz analisa e geralmente concede liminar que obriga o oferecimento da terapêutica”, acrescenta Diana. A Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), que também luta pelos interesses dos usuários dos serviços públicos, tem garantido o direito à saúde dos cidadãos através de ações judiciais que exigem tratamento pelo SUS. “Acho um absurdo um paciente com câncer só receber certas medicações através de liminar. Essa é nossa realidade diária e não vamos cruzar os braços diante dela”, diz a coordenadora-executiva da Aduseps, Renê Patriota.

Rodrigo Carvalho/JC Imagem

mais saúde

LUTA Alex Firmino só conseguiu medicações de alto custo para o pai após várias batalhas na Justiça. A advogada Diana Câmara alega que só assim pacientes são amparados por liminar

FALTA

Recentemente, a entidade conseguiu continuidade de tratamento de câncer de pele para um paciente da rede pública. Na terceira e penúltima dose da terapêutica, o usuário foi informado que a medicação estava em falta. Acionada pela Aduseps, a Secretaria de Saúde do Estado solucionou o caso em menos de 24 horas. Por lei, as operadoras de saúde também são obrigadas a cobrir as doenças catalogadas na Organização Mundial de Saúde

(OMS). “Se o plano não liberar medicamentos e cirurgias, por exemplo, uma solução viável é recorrer ao Judiciário. Na maioria dos casos, os pacientes conseguem ser amparados por liminar”, explica Diana Câmara. O estudante de direito Alex Firmino, 19 anos, só conseguiu mediações de alto custo para o pai, Amaro Firmino, 50, após enfrentar várias batalhas na justi-

ça. “Ele tem leucemia mieloide crônica e uma síndrome rara que causa hemorragia grave. Após vários processos, conseguimos as medicações e autorização para ele se submeter a um exame genético. Desde que iniciou o tratamento, vive melhor”, relata Alex. A empresária Edvanir Rodrigues, 68, também precisou recorrer à Justiça para obter

equipamento usado para a aplicação de quimioterapia por tempo prolongado. “Estava em tratamento do câncer do intestino e precisava desse aparelho que liberava a medicação por dois dias. O plano negou e, por isso, decidi entrar com uma ação. Consegui o equipamento e hoje estou bem, em terapia de manutenção”, vibra a empresária.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.