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Recife I 4 de novembro de 2014 I terça-feira

cidades k ciência/meio ambiente

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Portal para enfrentar desastres CLIMA Ministério da Integração Nacional que agilizar ações e a liberação de verba para enfrentar a seca, inundações e enxurradas Igo Bione/JC Imagem

o projeto prevê recursos de quase R$ 1 bilhão (quase 12% do total) para programas básicos ambientais, de acordo com normas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As ações desenvolvidas pelos programas ambientais do projeto possibilitam o conhecimento do bioma caatinga. Entre as iniciativas, estão a implantação do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga e dos Centros de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas. Guga Matos/JC Imagem

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REFERENCIAL Teixeira defende que portal siga sistema usado nos EUA, Austrália e México

Estados devem adotar medidas para crises no pós-seca, cheia e outros fenômenos

Radar ajudará na previsão

Durante o congresso, o ministro também destacou as ações estruturantes que têm assegurado o abastecimento de água em áreas que mais podem sofrer com mudanças climáticas, como períodos de seca intensa. Entre os empreendimentos que buscam oferecer segurança hídrica, ele destacou a Adutora do Agreste, que capta água do Rio São Francisco para atender 60 municípios da região e também do Sertão de Pernambuco. “Antes das obras, essas cidades eram atendidas por pequenos reservatórios. Na seca extrema, a dificuldade para controlar o problema era grande. Mas precisamos aumentar a oferta hídrica com a criação de um bom sistema de gestão”, observou o ministro.

Peter Parks/AFP

Ministério da Integração Nacional já conta com o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), que tem como objetivo informatizar o processo de transferência de recursos em virtude de fenômenos temporais, como seca, inundações, enxurradas e deslizamentos. Para o órgão, contudo, esse instrumento não é o suficiente para dar transparência à gestão de riscos e situações emergenciais no País. “Vamos implementar brevemente um portal em que instituições de vários segmentos podem fornecer informações sobre desastres, já que não temos uma adequada ferramenta de integração para atuarmos em momento de crise”, disse o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, durante palestra que abriu ontem o 18º Congresso Brasileiro de Meteorologia, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Na ocasião, o ministro comunicou que o desenvolvimento da plataforma levará em consideração dados que possam ser inseridos por instituições ligados a setores como meio ambiente, agricultura, agropecuária, infraestrutura, defesa e segurança. “Acreditamos que, a partir do momento em que condensarmos essas informações, ficará mais fácil para os gestores de cada Estado adotarem medidas oportunas para controlar crises decorrentes da seca, cheia e demais desastres naturais”, declarou Teixeira. Ele ainda informou que o portal será criado nos mesmos moldes de ferramentas semelhantes usadas nos Estados Unidos, Austrália e México. Enquanto a plataforma está em desenvolvimento, o ministro apresentou medidas que estão sendo adotadas para controlar situações emergenciais, como o Projeto de Integração do Rio São Francisco, cujo objetivo é garantir a segurança hídrica para mais de 390 municípios no Nordeste, onde a estiagem ocorre frequentemente. Orçado em R$ 8,2 bilhões,

PERDA Europa não consegue evitar abate de espécies de aves

O Estado de Pernambuco vai adquirir um radar meteorológico, ao custo de US$ 6 milhões, para fazer previsões climáticas mais precisas a curto prazo. A expectativa é de que o equipamento seja instalado na Região Metropolitana do Recife no ano que vem. Essa e outras tecnologias que facilitam a prevenção de desastres naturais foram anunciadas ontem, pelo diretor-presidente da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), Marcelo Asfora, no primeiro dia do 18º Congresso Brasileiro de Meteorologia, evento que ocorre em paralelo ao PE no Clima. “Estamos investindo em infraestrutura de observação”, disse Marcelo Asfora, informando que a Apac também vai comprar 140 telepluviômetros e implantar 23 estações meteorológicas e 12 agrometeorológicas. Ele declarou que o Estado se mostrou eficaz na gestão de desastre durante as enchentes da Mata Sul, em 2010, que causou a

Pernambuco vai investir US$ 6 milhões no equipamento para ter dados precisos do clima morte de nove pessoas e deixou mais de 14 mil desabrigados. “Mas precisamos mudar o paradigma e passarmos a tratar da gestão do risco.” Na opinião do presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Martins, o trabalho de prevenção de desastres precisa integrar diversos órgãos e esferas de governo. “Estamos longe de alcançar essa ação articulada,

principalmente na geração de informações. Há diversos geradores e isso confunde o público.” No Brasil, há 821 municípios vulneráveis às mudanças climáticas. Mas esse número pode aumentar, de acordo com o pesquisador Eduardo Mendiondo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). “Profissionais de vários órgãos estão trabalhando juntos para atualizar a situação dos municípios”, informa. Ele alerta que o Brasil precisa cuidar, principalmente, dos recursos hídricos. “Há uma exaustão na oferta de água para os próximos dez anos. Se não houver políticas públicas adequadas, poderemos entrar em colapso”, avisa. Segundo o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), este ano já houve 499 registros de estiagem, 115 de seca, 130 de inundação, 235 de chuvas intensas e 195 de enxurradas no Brasil.

Menos 421 milhões de pássaros L ONDRES – A Europa perdeu 421 milhões de pássaros em 30 anos e a atual gestão ambiental não consegue evitar o abate de muitas espécies até recentemente comuns, revela um estudo divulgado ontem pela revista científica Ecology Letters. Este alarmante desaparecimento de aves europeias

está ligado a métodos modernos de agricultura e à perda de habitat. “É um aviso que se aplica a toda fauna da Europa. A forma como administramos o meio ambiente não é sustentável para nossas espécies mais comuns”, declara Richard Gregory, da Sociedade Real para a Proteção das Aves, que coliderou o es-

tudo. Uma queda de até 90% foi registrada entre espécies comuns, como o perdiz cinzento, o pardal e o estorninho. Paralelamente, houve um aumento do número de exemplares de algumas espécies raras de aves, graças às medidas de conservação, de acordo com o estudo.

Os cientistas recomendam a rápida implementação de novos sistemas agrícolas e a instalação de áreas verdes em ambientes urbanos. Os pesquisadores analisaram dados de 144 espécies de aves em 25 países europeus, recolhidos principalmente por observadores voluntários.


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