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jornal do commercio 9

Recife I 6 de abril de 2014 I domingo

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RIVAL A Argentina, de Ortega (d), treinando antes do jogo histórico

Diego Maradona veio, viu, mas não jogou Outro gênio do futebol estava no Arruda naquele Brasil 2x0 Argentina. Uma lesão muscular no treino realizado na véspera, porém, tirou o craque da partida. Diego Armando Maradona, El Pibe de Oro, o homem que deu à Argentina a Copa do Mundo de 1986, sentou no banco de reservas e atraiu os holofotes da imprensa e os olhares da torcida. A única passagem de Dieguito por terras pernambucanas revela uma série de caprichos de uma lenda que lutava contra a balança, contra as drogas e pela dignidade perdida. O “Barrilete Cósmico” que deixou uma Inglaterra inteira para trás na Copa de 1986 não existia mais. O Maradona que pôs o Napoli no mapa da bola com dois títulos italianos e uma Copa da Uefa sumira sem deixar rastro. Diego, menos divino e mais humano, fora pego no antidoping em 1991 por uso de cocaína e foi suspenso pela Fifa por 15 meses. Era o início de um calvário. Maradona entrou em depressão, chegou a ser preso, saiu brigado do Napoli, teve passagem apenas razoável pelo Sevilla, fez somente cinco jogos pelo Newell’s Old Boys de sua terra natal e, um mês antes do duelo contra o Brasil, envolveu-se em nova polêmica ao atirar com uma espingarda de ar comprimido em jornalistas de plantão na porta de sua casa em Buenos Aires. As convocações para a seleção albiceleste ignoravam a instabilidade, para dizer o mínimo, de Maradona. A Argentina acreditava, unânime, em uma volta por cima do maior jogador de sua história. Maradona não chegou a jogar contra o Brasil no Arruda, mas só sua presença já deu o que falar. Participou dos treinamentos, seria titular, mas sentiu um problema muscular um dia antes do jogo e, mesmo indo para o banco, acabou poupado. A delegação argentina se hospedou no Mar Hotel, em Boa Viagem. El Pibe ocupou, sozinho, a suíte presidencial, luxuoso espaço de 160 metros quadrados, três ambientes e banheira de hidromassagem com televisão, ao preço de US$ 1,3 mil a diária. O quarto era vigiado 24 horas por seguranças. Fora da partida, Dieguito ainda pediu uma garrafa de champanhe no meio da madrugada.

OUTROS JOGOS

O Brasil fez outros sete jogos no Recife, entre amistosos e duelos da Copa América e Eliminatórias. Nunca perdeu. Em 1982, a seleção de Zico e Telê Santana empatou com a Suíça por 1x1. O Galinho marcou o brasileiro. O confronto seguinte foi contra o Uruguai, amistoso que terminou 2x0 para a amarelinha, placar construído por Alemão e Careca. Um ano depois, 4x2 em cima da Iugoslávia e show de Zico, que marcou três. Em duelo válido pela Copa América, em 1989, Bebeto fez os gols do triunfo canarinho por 2x0 no Paraguai, no jogo que criou a mística do Recife com a seleção. Vieram os jogos históricos contra Bolívia e Argentina. Em 95, o Brasil bateu a Polônia por 2x1, com gols de Túlio Maravilha. Divergências políticas entre CBF e FPF deixaram a seleção distante do Recife por longos anos. O reencontro ocorreu apenas em 2009, em partida válida pelas Eliminatórias. A seleção enfrentou e venceu o Paraguai por 2x1. Salvador Cabañas abriu o marcador, mas o Brasil virou com Robinho e Nilmar. A última vez que a seleção esteve aqui foi em 2012, para amistoso contra a China. Neymar fez três, e o escrete canarinho goleou por 8x0.

NO ARRUDA Brasil e Polônia foi um dos amistosos na cidade


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