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Novo aliado contra o câncer de mama

SAÚDE Ginseng vermelho está sendo testado por pesquisadores do Brasil e Cingapura. A planta é apontada como capaz de impedir a proliferação de células cancerígenas Valéria Gonçalvez/Estadão Conteúdo

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ÃO PAULO – Pesquisadores brasileiros e de Cingapura estão conduzindo um estudo para o combate do câncer de mama usando uma planta da família da sálvia capaz de impedir a proliferação de células cancerígenas. Uma substância no danshen, também conhecido como ginseng vermelho, está, atualmente, em teste com camundongos e deve começar a ser testada em seres humanos entre o fim do próximo ano e o início de 2016. A pesquisa teve início em 2010, quando se sabia que a planta era usada na medicina chinesa em doenças cardiovasculares. “Havia indícios (de que a planta podia combater o câncer de mama), mas não sabíamos qual era a molécula. Então, chegamos à tanshinona, substância que mata as células do câncer”, explica Gilberto Lopes, que co-lidera o estudo e é oncologista do Hospital do Coração (HCor) e professor da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Após identificar a molécula, os pesquisadores fizeram modificações e chegaram a uma substância denominada acetiltanshinona 2A (ATA), que será utilizada no futuro medicamento. A substância atua inibindo a ação do hormônio estrógeno. “Muitos cânceres de mama dependem do estrógeno para crescer, multiplicar-se e se espalhar para os outros órgãos, a metástase. O ATA se junta ao receptor de estrógeno e o destrói”. Segundo Lopes, os testes em animais têm sido animadores. “Já sabemos que funciona em modelos animais. Estamos testando o tratamento em ratos e não vimos nenhuma toxicidade grande. Eles não morreram nem

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ESTUDO Ana Marisa, do Instituto Butantã, desenvolve pesquisas com o carrapato-estrela ficaram intoxicados”. Após a finalização dos testes, os resultados serão encaminhados para a Food and Drugs Administration (FDA), agência que regulamenta medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, para ter autorização para iniciar os testes em humanos. “Os estudos têm três fases: na primeira, para segurança, (participam) de 40 a 80 pacientes. Da segunda, para mostrar o efeito, (participam) de 40 a 200 pacientes. Estudos de fase 3 revelam se o tratamento novo é melhor que o de rotina”. De acordo com Lopes, os testes devem começar simultaneamente no Brasil e em Cingapu-

ra, por causa da nacionalidade dos pesquisadores. O investimento para os estudos em seres humanos deve ficar entre US$ 1 milhão e US$ 3 milhões, o equivalente a um valor entre R$ 2,5 milhões e R$ 7,5 milhões.

BUTANTÃ

O Instituto Butantã entrou na reta final para os testes clínicos – com humanos – de uma nova droga contra o câncer produzida a partir de uma proteína encontrada na saliva do carrapatoestrela (Amblyoma cajennense). Os experimentos feitos com camundongos e coelhos, inteiramente concluídos, mostraram que a proteína levou à regressão

de tumores renais, de pâncreas e do tipo melanoma, além de reduzir metástases pulmonares derivadas desses tipos de câncer. De acordo com a coordenadora do estudo, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, o instituto está esperando autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos em humanos. “Confirmamos que a proteína ataca e mata as células cancerígenas sem oferecer risco às células saudáveis. Os testes pré-clínicos foram um sucesso e temos tudo pronto para termos um medicamento inovador para tratamento do câncer com menos efeitos colaterais”, disse.


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