Mood Life edição 18

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Uma revista do seu mod o

LifI

Decoração Estilo Gourmet Viagem Consumo Nº 18 Agosto 2011 R$ 13,90

Décor

Show de elegância e sofisticação Nas mostras Morar Mais por Menos e Artefacto 18

Viagem

Conheça um litoral quase intocado no SUDESTE europeu

Perfil

Olivier

Mario Prata conta os caminhos que percorreu para se tornar um dos escritores Mais conhecidos do Brasil 88

Anquier

No Brasil há 30 anos, o cozinheiro francês faz da estrada seu diário 42






Feira Hype

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Uma lista dos móveis mais descolados para inspirar os cômodos da casa com elegência e bom humor

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42 Décor Mostra Artefacto reúne importantes nomes em sua 35ª edição 26 Design A harmonia perfeita entre simplcidade e luxo 30 Mistura Fina As novidades em moda, design e luxo que fazem nosso desejo de consumo 36 Trend Beauty As mais recentes novidades para a beleza do seu corpo e rosto 56

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Portrait A sensibilida e dedicação de Paula Volpe 64

Perfil A vida e obra do escritor Mario Prata 88

Lounge Monique Scaff: A realização pessoal em todos os instantes 66

Perfil Internacional A inovação musical da dupla Goldfish Live 90

Vox O otimismo e compromisso de Edil Albuquerque 68

Vida de Artista A criatividade pretensão de Helton Pérez 94

Meu canto Talita Raffi, lembranças e tranquilidade 70

Estilo de vida Os desafios e conquistas de quem se aventura nas artes 96

Eu sou Juliana Valle fala sobre aprender, aplicar e transformar 72

Leituras A crítica de arte Maria Adélia Menegazzo inaugura uma nova seção na Mood 98

DECORAÇÃO | ESTILO | GOURMET | VIAGEM | CONSUMO

Mood Life é uma das mais bem produzidas revistas de nossa cidade. Belíssimo design, redação gostosa e muito profissionalismo na fotografia e publicidade. Cleider de Souza Costa, Jornal da Cidade Online Adorei a revista digital @RevistaMoodLife Natália Ormai @NatyOrmai CONTATO Envie comentários e sugestões para a seção informando o seu nome completo. A revista MOOD Life se reserva o direito de resumir e adaptar os textos publicados, sem alterar o conteúdo. editor@moodlife.com.br www.twitter.com/revistamoodlife www.moodlife.com.br


LUIGI PIZZARIA • CAMPO GRANDE - MS •Rua José Barnabé de Mesquita, 985 Vila Duque de Caxias • Fone: (67) 3364-5556


Expediente LifI

diretores Iara Diniz iara@moodlife.com.br Josué Sanches josue@moodlife.com.br Luis Pedro Scalise luispedro@moodlife.com.br Conselho Editorial Adriana Estivalet Alexis Prappas Iara Diniz Josué Sanches Linda Benites Luis Pedro Scalise Melissa Tamaciro Jornalista responsável Cidiana Pellegrin (MTB 687/ MS) redacao@moodlife.com.br editor Odirley Deotti editor@moodlife.com.br

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om a mesma simpatia com que apresenta seu programa de TV, Olivier Anquier recebeu nossa equipe em um dos ninhos de sua gastronomia, o restaurante L’Entrecôte D’Olivier. Apresentador, cozinheiro, padeiro e proprietário de bistrô, as múltiplas funções que dividem o tempo do francês naturalizado brasileiro estão descritas na seção Capa. A curiosidade em descobrir a rotina de quem vive da arte ou tenta chegar ao sucesso motivou a reportagem da seção Estilo de Vida. E como cultura e arte se entrelaçam, conferimos o charme dos festivais de inverno de Bonito e Gramado.

Para inspirar seu estilo de viver, Décor traz as tendências das mostras de arquitetura e interiores: elegância e requinte impressos na Mostra Artefacto, em São Paulo, e a sofisticação com economia proposta pela Morar Mais por Menos, edição Salvador. Em Design, os trabalhos do Estúdio Fetiche Design para Casa, de Curitiba. Para quem curte viajar, sugerimos um litoral quase desconhecido no leste da Europa. Na costa de Montenegro está localizado o resort Aman Sveti Stefan, que conserva ares de construções da época medieval, além de florestas milenares e um mar verde-esmeralda. Como não poderiam faltar, as novidades em gadgets, beleza, estilo e moda compõem mais uma edição da MOOD.

CAPA Olivier Anquier Foto: Alexis Prappas (Prappas Imagens) Produção Executiva: Cidiana Pellegrin

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MOOD

Editor de Imagem Alexis Prappas alexis@prappas.com.br Fotógrafos Alexis Prappas, Jean Vollkopf e Marcos Vollkopf Holder Gestão Comercial PARA ANUNCIAR LIGUE (67) 3029-3426 comercial@moodlife.com.br Colaboraram: Texto: Carla Gavilan, Cidiana Pellegrin, Renata Penna Franca e Thiago Andrade. Revista MOOD Life é uma publicação mensal integrante do grupo DNZ Participações e Negócios Ltda. Rua da Paz, 1584 – Santa Fé. Campo Grande/MS CEP 79021-220. A Revista MOOD Life não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam no expediente não tem autorização para falar em nome da Revista MOOD Life. Impressão e acabamento Idealiza Gráfica e Editora.



Ideias para você vestir sua casa. Por Cidiana Pellegrin

Delicada Criada artesanalmente pela designer Roberta Rampazzo, a mesa Lovely é composta por sete corações desordenados que, posicionados de forma estratégica, dão estrutura, beleza e dinamismo à peça. O resultado combina modernidade, romantismo e design delicado. R$ 4.250 www.robertarampazzodesign.com

Clássico moderno Desenhado em 1956, o sofá Marshmallow foi uma das primeiras manifestações da pop art no design de mobiliário. Projetada pelos americanos Irving Harper e George Nelson, a peça ganhou destaque pela forma única e original, muito diferente do que já havia sido produzido até então. O produto é constituído de 18 almofadas individuais redondas fixadas em um quadro de aço. R$ 2.220 www.modernidademoveis.com

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Ideias para você vestir sua casa. Por Cidiana Pellegrin

TV RETRÔ Baseado no design dos modelos dos anos 60, o televisor retrô de 14’ da LG garante um clima nostálgico ao ambiente. O produto tem base cromada removível, antenas e botões para trocar canais e ajustar o volume manualmente. O aparelho ainda oferece recurso para os que apreciam assistir imagens em preto e branco, sépia e cores. R$ 319. www.comprafacil.com.br

Inspiração musical A marca italiana Diesel, em parceria com a Moroso, lançou a linha Rock, com produtos inspirados no mundo da música. Uma de suas peças, o rack Total Flightcase, representa uma junção de porta-instrumentos musicais. A estrutura em alumínio une madeira laminada e puxadores em aço cromado. Preço sob consulta na Inove Rua Castro, 97. Água Verde, Curitiba/PR. Tel. (41) 3014.9393

Forma versátil A luminária de mesa Birzi, da italiana Luceplan, foi feita para assumir diversas formas. Desenhado por Carlo Forcolini e Giancarlo Fassina, o produto versátil utiliza silicone como material principal, deixando a peça fácil de manusear e modelar. R$ 414,82 Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1441 São Paulo/SP. Tel. (11) 3898.0222 www.lumini.com.br

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Ideias para você vestir sua casa. Por Cidiana Pellegrin

Elegância à mesa

Café pra 2 A Imaginarium está sempre inventando. Desta vez, ela apresenta o Mini Café Espresso, feito de metal e cerâmica. O utensílio é super charmoso e prático. Para usá-lo basta colocar no fogão, adicionar o pó e preparar como de costume. Depois de pronto, o café pode ser servido nas xícaras com estampa xadrez que acompanham o produto. R$ 109,90 www.imaginarium.com.br

A escolha do decantador pode tornar a apreciação do vinho um momento mais sofisticado. A peça da linha Jette Joop, criada pela alemã WMF, foi feita em vidro transparente trabalhado de forma artesanal, possui linhas suaves complementadas por sua bela base em aço inox Cromargan com acabamento polido. R$ 298. www.imaginarium.com.br

PET

doce lar Charmosa e resistente, a casinha para gato traz um ar divertido ao canto do bichinho de estimação. A peça é feita de polipropileno injetado com tratamento UV, antimofo e antiestático, além de ser à prova de mordidas e arranhões. Tanto o casulo quanto a almofada são totalmente laváveis. R$169,90 www.osegredodovitorio.com.br

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Ideias para você vestir sua casa. Por Cidiana Pellegrin

Estante flexível Nada convencional, a estante para livros da Kartell é boa alternativa para quem busca um toque criativo ao ambiente. O destaque não está apenas na estética, mas também na funcionalidade do objeto. Confeccionada com PVC semiflexível, ela pode obter formas variadas sem perder a resistência. A criação do designer Ron Arad tem 17 prateleiras e está disponível em três tamanhos diferentes, além de opção de cinco cores. R$ 4.536. www.lojakartell.com.br

Barboy Belo e funcional, o Barboy é um gabinete de bebidas com quatro compartimentos. A peça foi criada pelo designer dinamarquês Verner Panton, nos anos 60, e continua luxuosa e atual. Elaborado em madeira moldada em forma cilíndrica, o bar também pode ser usado como mesa. R$ 6.495,00, na Danish Design. Rua Eng.Alcides Barbosa, 47. Tel. (11) 3062.0085 www.danishdesign.com.br

Poltrona Raio O design fino e contemporâneo da Poltrona Raio, criada pelo venezuelano Pedro Useche em parceiria com a Mais Design, promete agregar sofisticação ao dècor. Sua estrutura de inox tem formato tubular com dois arcos laterais similares ao de uma circunferência. O assento, em couro natural ou revestido, provoca a sensação de estar suspenso no ar. R$ 2.232. www.mdsp.com.br Rua Jacamar, 94. São Paulo/SP. Tel. (11) 5511.6768

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Sofisticado e acessĂ­vel Mostra Morar Mais por Menos em Salvador reĂşne ideias que unem conforto, beleza e economia Por Cidiana Pellegrin

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bem morar é sempre associado a grandes investimentos. Em contrapartida, a mostra de decoração Morar Mais por Menos vem provando que é possível idealizar ambientes aconchegantes e sofisticados com boa economia. Para isso foi preciso abusar de soluções arquitetônicas criativas e originais para deixar a casa decorada com estilo. Além do foco econômico, a mostra emprega o quesito sustentabilidade. Os profissionais devem utilizar materiais ecologicamente corretos e propor ideias de preservação de recursos naturais. Valorizar os produtos regionais é outra ideologia adotada pela Morar Mais por Menos. Todos os projetos devem conter artigos desenvolvidos por ONGs e cooperativas brasileiras. A exposição nasceu em 2004, no Rio de Janeiro, e se tornou um sucesso ao longo dos anos. Hoje é uma das maiores mostras de decoração em sistema de franquia do país e está presente em oito Estados, além do Distrito Federal. Entre as últimas edições está a versão baiana, que aconteceu mês passado em Salvador. O evento foi sediado em um casarão construído no século XIX, no Largo da Graça, um dos bairros mais antigos da cidade. Repleto de apreço histórico, o imóvel em estilos arquitetônicos neoclássico e rococó abrigou 37 ambientes assinados por arquitetos, paisagistas e designers de interiores.

Decorado para um jovem casal que aprecia receber amigos, o Loft Multifuncional tem como principal fonte de diversão a mesa de sinuca. A designer de interiores Nathália Velame optou pela peça para dar um toque descolado ao ambiente clássico. A cor branca nos móveis tem a função de equilibrar a pintura rebuscada das paredes

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Márcia Bandeira e Indayá Duarte escolheram materiais e iluminação adequados para proporcionar um clima aconchegante ao Quarto do Casal. As cores do ambiente foram inspiradas em lofts nova-iorquinos. O espaço foi subdividido em dois níveis. O inferior recebeu um estar com TV e uma estação de trabalho

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O Escritório do Dono da Casa sugere sofisticação, charme e elegância. O ambiente, criado pelo arquiteto Márcio Sarmento Netto, tem cores fortes, como o dourado e o roxo, que se destacam junto à estante. No ambiente foram restaurados alguns elementos arquitetônicos, como a parede de pedra natural e o piso de granito.

Um espaço que remete à necessidade de preservação da natureza. Projetado por Décio Viana, o Estar da Família exibe imagens de pássaros exóticos, instalações de gaiolas abertas e plotagens de florestas. O espaço foi criado para a interação familiar, onde os moradores podem fazer refeições rápidas e assistir TV

Morar Mais por Menos expõe 37 espaços decorados que priorizam o bem viver aliado ao conforto, com pouco investimento


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Inspirado nas paisagens tropicais do país, o Loft de Praia traz uma decoração que mistura texturas para criar um ar “chique descompromissado”. Iamna Smarcevski balanceou cores frias, como o azul, com vermelho e laranja. O loft sem paredes foi projetado para quem gosta de receber amigos

O Banheiro Unissex de Hélia Braga e Margareth Marins chama atenção pela composição com texturas em tijolos de cores terrosas. A parede também recebeu azulejos decorativos e uma pia provençal, que lembra uma bica. Um detalhe alegre foi possível devido à escolha da poltrona estampada

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O arquiteto Mário Figueiredo empregou uma proposta casual e leve para a Sala de Jantar. A escolha da mesa baixa com futons deu evidência ao lustre, e a estante com objetos de acervo pessoal agregou charme ao ambiente. Semelhante a um living, o cômodo ainda se tornou mais aconchegante pela presença de tapetes sobrepostos e mesas de acrílico em laca colorida

Serviço Nos próximos meses, a Mostra Morar Mais por Menos estará presente em outras quatro cidades: Belo Horizonte: 17 de agosto a 2 de outubro. Rio de Janeiro: 31 de agosto a 9 de outubro. Curitiba: 6 de outubro a 15 de novembro. Brasília:19 de outubro a 4 de dezembro.

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casa cor m s

Imersão gastronômica Ambientes funcionais oferecem aos visitantes opções de convívio e bem estar Por Contexto Mídia Foto Alexis Prappas

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ais que uma viagem sinestésica entre 33 ambientes inéditos criados pelos melhores arquitetos, decoradores e paisagistas de Mato Grosso do Sul, a Casa Cor MS também oferecerá opções agradáveis em gastronomia e lazer. Este ano serão três ambientes funcionais que permitirão ao visitante maior integração com a arquitetura e contarão com marcas renomadas do setor, como o Firula’s Café , Mood Life e o restaurante Buona Cucina, desafiando o visitante a uma imersão pelos diversos mundos da gastronomia. Assim, visitar a Casa Cor MS fica muito mais prazeroso e, a qualquer momento, é possível fazer um pit stop para comer um snack, tomar um drink com os amigos ou oferecer um jantar romântico.

O restaurante foi eleito como o Melhor Projeto Comercial da Casa Cor MS 2009

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Café Inspiração nos quatro elementos

No Café com Piscina, as profissionais Ariadne Gonçalves, Bia Meneghini, Erica Nantes e Catia Silene criaram um ambiente que fará o visitante sentir a inspiração do café, baseada nos quatro elementos naturais: água, fogo, terra e ar. Usando as novas tendências de cores e texturas, a proposta é uma viagem pelos tons saborosos do café. Do verde ao preto, passando pelo vermelho dos grãos maduros, o ambiente mistura texturas de madeira e concreto numa arquitetura arrojada e contemporânea. Operacionalizado pelo Firula’s Café, o serviço bistrô conta com um cardápio variado, do café ao iced coffee, saladas e risotos.

Bar O resgate da cultura de boteco com elegância e sofisticação Um point agitado e excêntrico é a promessa do bar que será operacionalizado pela revista Mood Life. O ambiente assinado pelos arquitetos Miralba, Joana e Artur de Moraes tem como foco principal a temática cultural. “A decoração será funcional, livros, revistas e obras de arte estarão acessíveis aos visitantes. A proposta é que eles possam ler enquanto tomam uma bebida”, explica Miralba. O Mood Bar também oferecerá uma agenda cultural de quinta a domingo com shows musicais, acompanhados de comidas típicas e cardápio de boteco. O espaço de 170m² será dividido em área interna e externa com estilo Rústico-Chique.

Restaurante Com todo sabor do clássico Toda a magia da cultura e culinária italiana estará presente no cardápio do Restaurante da Casa Cor MS operacionalizado pelo Buona Cucina. Uma seletiva carta de vinhos irá acompanhar massas artesanais remetendo às tradições românticas. Para o arquiteto Eduardo Garcia, que assina o projeto, o ambiente terá uma atmosfera clássica, resgatando a sofisticação tradicional com dourado e veludo. A proposta é criar ambientes cenográficos, intimistas e exclusivos em um espaço de 100m².

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Elegância e requinte Mostra Artefacto reúne importantes decoradores e arquitetos em 2011 Por Cidiana Pellegrin

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o calendário de exposições de decoração que acontecem em São Paulo, a Mostra Artefacto Haddock Lobo está entre as mais tradicionais e bem sucedidas. Idealizado pela fabricante brasileira de móveis de alto padrão Artefacto, o evento reúne um time de profissionais consagrados que expressam as mais variadas interpretações do décor. Elegante, requintado, casual, moderno e clássico são estilos que compõem 29 ambientes distribuídos nos três

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pavimentos da loja, localizada em uma das principais vias luxuosas da capital paulistana. Cada espaço traz ainda os lançamentos da marca totalmente ambientados em living, suíte, sala de jantar, lounge, banheiro, home office, home theater, loft, espaço gourmet e até em uma simulação de um apartamento inteiro. Em sua 20ª edição, a mostra este ano é dedicada aos 35 anos da marca.


Ao lado, o espaço da arquiteta Ana Maria Vieira Santos explora tons de cinza em laca e linho nas paredes. O ambiente ainda reúne o melhor do mobiliário em uma suíte de hotel que integra sala de estar. A intenção é que o visitante se sinta como se estivesse em casa, onde o conforto é absoluto

Pensado para a mulher sofisticada, o dormitório de Rubens Leme valoriza a feminilidade e o apreço pela arte. As paredes do ambiente receberam tecidos com estampas delicadas e quadros seguiram o estilo romântico. O resultado é uma atmosfera clássica e tradicional

As profissionais Shenia Nogueira e Paula Almeida projetaram a Sala do Almoço. O ambiente recebeu iluminação em LED, disposta no painel irregular da parede e no pendente colocado de forma descentralizada na mesa oval. Como diferenciais na decoração, estão o mobiliário branco todo em titânio e os detalhes na cor laranja

Luxo e sofisticação dominaram os 29 ambientes na Mostra Artefacto, que chegou a 20ª edição em 2011

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No Living, Márcia Brunello propôs um ambiente sofisticado e ao mesmo tempo convidativo e aconchegante. A escolha da poltrona Mandarim inspirou o uso de peças em aço carbono para emoldurar as janelas, o que trouxe mais charme ao espaço

A dupla Beto Galvez e Norea De Vitto inspirou-se no estilo praiano do lobby de um hotel em Miami. Eles usaram fibras nos tons escuros, linho, madeiras e abajures revestidos em croco e pele. Almofadas com círculos brancos ajudam a descontrair

A Vitrine carrega fortes referências francesas como as paredes com boiserie (painéis de madeira) que remetem ao século XIX. O ambiente impressiona pela altura do pé direito, que chega há cinco metros. Em contraste harmonioso, a dupla optou por móveis e objetos contemporâneos

Serviço 20ª Mostra Artefacto Haddock Rua Haddock Lobo, 1405, São Paulo/SP Tel. (11) 3087.7000. Funcionamento: Segunda a sexta, das 10h às 19h Sábado das 10h às 18h. A mostra ficará aberta até o ano que vem

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Simplicidade é luxo Estúdio Fetiche Design para Casa produz peças limpas e contemporâneas Por Cidiana Pellegrin

A coleção Vergalho une madeira e aço em desenhos leves e propositalmente aleatórios. O banco R540 [na página oposta] tem pitadas de nostalgia, trazendo à lembrança antigas cadeiras de varanda ao utilizar sobre a estrutura metálica uma trama com espaguete plástico

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nome já desperta curiosidade: Fetiche Design para Casa, um estúdio que cria e desenvolve, com muita liberdade, produtos para marca homônima. As peças traduzem conceitos que vão além do formal e funcional. Como fonte de inspiração, o significado de fetiche –no dicionário: objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido pela natureza, ao qual se atribui poder sobrenatural e se presta culto– é constantemente reforçado na aplicação de cada ideia. Por trás das criações, está a dupla de designers Carolina Armellini e Paulo Biacchi, que se conheceram enquanto cursavam desenho industrial na Universidade Federal do Paraná. Com o término do curso, em 2004, ambos buscaram experiências profissionais distintas. Carolina focou em pesquisas científicas de design e sustentabilidade, ministrando oficinas de criação para comunidades e grupos de artesãos. Paulo atuou como coordenador de projetos em um escritório de Curitiba, que atendia indústrias plásticas e moveleiras nacionais.

Já casados e fisgados pelo desejo de ter autonomia no processo de desenvolvimento de seus produtos, eles montaram o próprio estúdio em 2007. “Buscamos basear nosso trabalho em pesquisas de tendências e comportamento. Queríamos dar vazão às ideias que acreditávamos, sem ter que convencer uma marca a fazer isso”, declarou Paulo. Uma aposta que deu certo. Em menos de quatro anos, as criações da dupla passaram a ser comercializadas nas melhores lojas de design no Brasil, como a descolada Micasa, em São Paulo. Parcerias com empresas também começaram a surgir. “Projetamos os bancos Coudre, em comemoração aos 30 anos da Tok&Stok”, conta o empresário. Atualmente, o estúdio está trabalhando em coleções para seis marcas, entre elas: La Lampe (iluminação) e Schuster (mobiliário). A atenção também está voltada à elaboração de novidades que serão apresentadas durante uma exposição em Paris, no segundo semestre de 2012.

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Tecido, plástico, aço e madeira são alguns materiais utilizados nas criações do Fetiche Design para Casa, que prioriza um desenho limpo onde a simplicidade é o luxo

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Acima, modelo da linha Barraco. À esquerda, a cadeira "Urbana"

O lance da dupla são produtos contemporâneos com toques atemporais e “uma forte carga afetiva para que não sejam descartados de uma geração para outra,” conta Carolina. Na coleção Pai João, por exemplo, banquinhos de madeira pinus com assento de fibra de taboa, típicos de áreas rurais, receberam nova roupagem e acabamento luxuoso em laca brilhante. De uma simples brincadeira de ligar pontos na folha de papel, surgiu a inspiração para o banco R540, que reforça a assimetria como fonte de equilíbrio. Com estrutura metálica circular e trama com espaguete plástico, a peça tem pitadas de nostalgia, trazendo à lembrança antigas cadeiras de varanda. O produto foi finalista em exposições como Prêmio Design Museu da Casa Brasileira 2009 e Salão Design Movelsul 2010. Seguindo o estilo urbano, a dupla apostou em uma nova linha que contrastasse madeira e o aço. O resultado foi a coleção Vergalho que recebeu, este ano, menção honrosa no Salão Design Casa Brasil. “Achamos o máximo aqueles cavaletes que reservam vaga para caminhões na frente de obras. Eles são feitos com placas e vergalhões soldados. Na produção, aplicamos um desenho leve e despojado, utilizando os mesmos elementos”, conta Paulo.

No processo criativo, os designers revelam características distintas, mas que se complementam. “Eu gosto de detalhes, cores, acabamentos, texturas e novos materiais. O Paulo é bem ligado ao “shape” do produto, curte o ineditismo visual e formal”, expõe Carolina. Dessa sintonia ainda surgiram cadeiras ecofriendly, buquê de nariz de palhaço, caneca, e luminária feita de maneira totalmente artesanal.

Serviço Estúdio Fetiche Design para Casa Rua Portugal, n° 12, bairro São Francisco, Curitiba/PR Tel. (41) 3024.5518 www.fetichedesign.com.br

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Novidades que fazem nosso desejo de consumo. Por Cidiana Pellegrin

Rock in Rio

Com a proximidade do Rock in Rio, que acontecerá entre 23 de setembro e 2 de outubro, a Chilli Beans lança uma nova coleção, com a marca do festival. São 11 modelos de óculos de sol no estilo aviador, os quais ganharam roupagens diferentes com armações e lentes multicoloridas. Os acessórios da linha podem ser identificados pelo desenho de uma pequena guitarra gravado no canto superior da lente. R$148. Disponíveis em todas as lojas Chilli Beans

Estilo retrô A nova coleção de tênis New Balance traz modelos inspirados nas equipes de atletismo norte-americanas. Com design retrôrunning, a linha se destaca pelo estilo jovial e o uso de cores cítricas, que prometem acrescentar frescor e autenticidade ao look. Os produtos são confeccionados em camurça, recurso que proporciona conforto para o uso diário. R$229 em lojas multimarcas. www.newbalance.com.br

Primeira classe Já chegou ao mercado brasileiro os novos acessórios Colletion 2011 da AMG Motors, vinculada a Mercedes-Benz. Os produtos foram desenvolvidos para atender consumidores de diversos estilos, seja em ocasiões formais ou casuais. A linha traz itens como relógios, mochilas, camisetas e bicicletas que assimilam a elegância e sofisticação da marca. Disponível em algumas conssessionárias Mercedes-benz

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Novidades que fazem nosso desejo de consumo. Por Cidiana Pellegrin

Simbologias em joias Repleta de significados, a coleção Máscaras da designer Sabrina Gasperin para a joalheria Ara Vartanian, traz joias em formato de faces de animais associados a simbologias. O coelho está ligado à fertilidade e prosperidade, a coruja remete à sabedoria, o elefante significa longevidade, força e boa sorte e o pato, energia maternal e fidelidade. Suas figuras estão estampadas em aneis, pulseiras e pendentes elaborados em ouro com aplicações de pedras preciosas, como rubis e safiras. Os produtos da coleção têm variação de preço de R$ 1.900 a R$2.600. Ara Vartanian. Shopping Cidade Jardim – piso térreo, São Paulo/SP. Tel. (11) 3044.0133 www.aravartanian.com

Poderosas Perfeitas para arrematar o look, ou até transformá-lo, as clutches, também chamadas de bolsas carteiras, permanecerão em evidência nas próximas estações. Entre os lançamentos, a coleção Verão 2012 da designer Denise Fasano se destaca. Autênticos e sofisticados, os acessórios foram inspirados na arquitetura francesa, e trazem o glamour do país europeu. A marca disponibiliza excelentes escolhas, com acabamentos em couro plissado, cabochons arrematados, phyton, cetim e shantung. DF Bolsas. Rua Joaquim Antunes, 177, cj 11, São Paulo/SP Tel. (11) 2638.9446 . www.dfbolsas.com.br

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gad g et s Novidades que fazem nosso desejo de consumo

Por Cidiana Pellegrin

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1 Hi-fi 2

A TEAC lançou o SR-80i, um sistema de áudio portátil equipado com docking para iPod e iPhone. O produto sintoniza rádio AM/ FM com memória para 20 emissoras, tem entrada auxiliar e saída de vídeo e reproduz músicas armazenadas em dispositivos móveis com um diferencial: alta fidelidade do som. Por R$ 848. www.megamamute.com.br

2 HP Mini A HP ampliou seu portfólio de notebooks com o lançamento de novos modelos para linha Mini 210. Os produtos, disponíveis em duas novas opções de cores, iceberry e chumbo, têm bateria de longa duração (9,5h) e sistema GPS acoplado. Além disso, o consumidor pode escolher entre os processadores Atom N550, N455 e N475. Com peso inferior a 1,4 kg e menos de uma polegada de espessura, o HP Mini 210 foi elaborado para usuários que necessitam mobilidade e conectividade.

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R$ 1.399. www.lojahp.com.br

3 Ipocket Um case amplificador de som, compatível para MP3, MP4, telefones celulares e outras fontes. Ipocket funciona com duas pilhas e possui dois alto-falantes. Para utilizá-lo, é só colocar o aparelho dentro do compartimento e conectá-lo ao cabo de áudio (tipo P2). O produto ainda é útil para guardar pertences pessoais durante caminhadas ou passeios. Disponível em três opções de cores: branco, preto e rosa. Por R$ 94,50. www.blucolor.com.br

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4 Pen drive de luxo Elegante e luxuoso, o pen drive de prata com capacidade de 1G foi elaborado pela Christofle, tradicional fábrica francesa de talheres fundada em 1830. A peça ainda traz um detalhe especial na embalagem, a reprodução de uma digital em alto relevo. R$ 1.190. www.domi.com.br

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Ingredientes de

Olivier Anquier No Brasil há 30 anos, o cozinheiro francês faz da estrada seu diário Por Thiago Andrade Fotos Alexis Prappas

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uando Olivier Anquier chegou ao Brasil, não poderia imaginar que passaria sua vida por aqui, mas vive em terras tupiniquins há mais de 30 anos. O jeito de falar denuncia logo de cara que não é um nativo. Cresceu na França e aprendeu português a duras penas. Se não falava nem olá quando chegou, hoje troca “ça va” e “s’il vous plaît” por “tudo bem” e “por favor”, mesmo que carregados de sotaque. Olivier é cozinheiro e não ouse chamá-lo de chef. Ele logo o corrigirá, afirmando que chefs são aqueles que estudaram para seguir a profissão. A cozinha surgiu na vida do francês nascido em Montfermeil não por acaso e, sim, por tradição. “Para mim, cozinhar é uma postura filosófica, um momento de criar, fazer combinações e descobrir resultados inesperados”, considera. Ele faz parte da terceira geração de padeiros em sua família. A mãe, Myriam, é proprietária de uma boulangerie – local em que se vendem pães – em Sidney, na Austrália. Antes de se aventurar por esse universo de massas, temperos e fermento, Olivier decidiu aprender com a mãe como fazer um bom pão. Passou três meses na capital australiana. Retornou ao Brasil e seguiu a carreira de empresário e, posteriormente, de apresentador de TV. O grande público conhece Olivier de uma das empreitadas mais bem sucedidas envolvendo o mundo da culinária e da televisão. O “Diário do Olivier”, hoje veiculado pelo canal pago GNT, surgiu em 1999. “Eu fui convidado pela Globo para apresentar um especial durante a Copa de 1998. Disso veio a experiência jornalística necessária para um programa como o que criei”, descreve o protagonista de “O francês”, nome dado à atração global. O Diário do Olivier vai além da mistura de viagem e gastronomia, o protagonista conhece e conversa com moradores das regiões por onde passa, sempre em busca de informações para serem usadas na cozinha. Antes de cozinhar, porém, Olivier dedicou-se a outra carreira por quase 12 anos. “Precisava de uma profissão em que não tivesse que falar, não muito, pelo menos”, brinca. Bem humorado, é assim que explica como se tornou modelo. Quando retornou à Europa, foi para desfilar nas passarelas mais importantes do mundo. “Uma hora cansei e comecei a fazer o que sempre estive destinado. Não dá para fugir do legado”, pondera. Tornou-se padeiro e cozinheiro assim, já que a paixão que o acompanhava desde a infância era grande demais para ser deixada de lado.

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De fusca na televisão Não são apenas os fogões que Olivier pilota muito bem. O francês divide a paixão pela cozinha com algumas outras atividades que lhe são bastante caras. Em “Diário do Olivier”, um fusca ano 62 se tornou um fiel escudeiro, quase um Sancho-Pança para este Dom Quixote dos quitutes. A escolha se deu pela necessidade de criar conexão direta com os moradores das cidades que visitava. “O fusca faz parte do imaginário brasileiro, é um carro de enorme carisma, que cativa facilmente. Não queria assustar as pessoas para não perder a autenticidade. Se chegasse em carro importado, o encanto da simplicidade sumiria”, assegura. Olivier também é dono de outro fusca prata, o que denuncia seu amor pelo modelo. O carro verde, bem cuidado, faz parte da mise-en-scène do cozinheiro, empresário e apresentador de TV. Não é o único elemento que compõe aquele que se vê na televisão. O jeitinho brasileiro, engraçado, apressado e quase desastrado, se mistura ao sotaque e aos 20 anos de formação em

um dos mais importantes países europeus. Olivier deixa claro que não se trata de um personagem. “Não sou eu quem tem de dizer se há autenticidade no que faço. Mas não estou inventando nada para que o público goste do programa. Eu sou aquilo que se vê”, confessa. Comandado pelo cozinheiro, o “Diário do Olivier” mostra o cozinheiro em viagens pelo Brasil e pelo mundo. São mais de 10 anos no ar, reunindo incontáveis receitas das mais diversas regiões. A bordo de seu fusca, Olivier visita cidades, conversa com seus moradores, descobre os segredos da culinária e prepara pratos saborosos, que prezam pela simplicidade. Na temporada que vai ao ar todas as quintas-feiras, às 21h, Olivier segue pela Estrada Real, de Ouro Preto a Tiradentes em Minas Gerais. Acompanhado de Hugo, um de seus filhos com a atriz Deborah Bloch, Olivier segue pelo estado e aprende a preparar pratos como o bambá, uma sopa tradicional feita de fubá com taioba. As últimas gravações foram feitas em Pernambuco, no início de julho.


Por dentro do Brasil “Não foi apenas a gastronomia que se desenvolveu nos últimos 30 anos. O país também evoluiu, se tornando um protagonista da história. O Brasil ainda é novo, está em formação, mas tudo acontece de forma rápida, basta olhar para a década passada”, ressalta Olivier. Quando chegou aqui, aportou no Rio de Janeiro, em plena ditadura militar. Não enfrentou problemas com o regime totalitário que assolava o país. Apaixonou-se imediatamente por uma terra exuberante e cheia de contrastes.

“Não sou eu quem tem de dizer se há autenticidade no que faço. Mas não estou inventando nada para que o público goste do programa. Eu sou aquilo que se vê.” Nunca perdeu as referências francesas que marcaram a infância, adolescência e início da vida adulta. Mas sempre esteve consciente de que era um cidadão do mundo e poderia viver como lhe aprouvesse. Casado com a atriz Adriana Alves e radicado no Brasil desde 2007, Olivier leva a vida numa boa. Mora em São Paulo, no centro velho da cidade, na cobertura do Edifício Esther, considerado marco da arquitetura modernista no país. Embora tenha residência fixa, ele passa boa parte do tempo em viagens, gravando as temporadas do programa que apresenta. “Acertei em minha escolha de morar, trabalhar e criar família por aqui. Para mim, a felicidade é a certeza de que sou bem sucedido”, finaliza. 45


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Aventuras pelo Brasil

Alquimia de sabores Cozinhar, diz-se desde tempos medievais, também é uma maneira de fazer magia. Quase como alquimistas, os cozinheiros devem conhecer combinações exatas para criar sabores marcantes, que podem ser usados para os mais variados motivos. Você nunca reparou como momentos importantes da vida são acompanhados de boa comida? De casamentos a festas natalinas, a culinária sempre se faz presente. E, nada melhor, que alguém que ama essa atividade para ensinar aos outros por meio de uma ferramenta poderosa como a televisão. Percebe-se, assim, como a trajetória daquele jovem turista de 20 anos que chegou ao Brasil em 1979 serviu para que o acúmulo de experiência o colocasse entre os grandes nomes da gastronomia brasileira. Anquier, seu sobrenome, virou grife de produtos oferecidos nos supermercados da rede Pão de Açúcar. A parceria existe há mais de dez anos. O cozinheiro franco-brasileiro também mantém um curioso restaurante em São Paulo. O bistrô L’Entrecôte d’Olivier serve um único e saboroso prato principal: um entrecôte –corte especial bovino– regado por molho especial e batatas fritas. O restaurante funciona na capital paulistana desde o ano retrasado e, confirma Olivier, passa os 365 dias do ano lotado.

A experiência que se iniciou na televisão em 1999 deu frutos e levou Olivier para outros segmentos culturais. O cozinheiro publicou o livro “Diário do Olivier – 10 Anos em Busca da Culinária Brasileira” e montou o espetáculo teatral “Olivier, Fusca e Fogão”, ambos de 2008. Publicado pela editora Melhoramentos, o volume reúne textos e fotos feitas pelo autor, que narram toda sua história e viagens pelo Brasil. Também traz diversas receitas típicas dos locais por onde passou. Já no palco, Olivier faz improvisos e performances para a plateia, que é convidada a participar ajudando no preparo e provando alguns quitutes feitos na hora pelo francês.

Diário do Olivier 10 Anos em Busca da Culinária Brasileira R$ 58, na loja virtual da Livraria Cultura (www. livrariacultura.com.br)

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Serviço Rua Dr. Mário Ferraz, 17 Jardim Europa, São Paulo. Tel. (11) 3034.5324 O entrecôte, que tem como entrada salada temperada com mostarda francesa, custa R$ 53.

Bistrô de um prato só Eis aqui um restaurante que tem um prato só. Entrada e sobremesa vão entrar, mas o principal é um só. Em L’Entrecôte D’Olivier, a ideia inusitada de oferecer apenas uma única receita – entrecôte ao molho de la tante com batatas fritas – segue a tradição francesa. “Decidi abrir esse restaurante ao perceber que as pessoas visitam sempre os mesmos locais onde comem apenas um ou outro prato”, explica Olivier Anquier. Segundo ele, o corte nobre de carne bovina é popular na França e a diferenciação é feita por meio dos molhos. Cada família tem o seu. O de Olivier foi criado por sua tia Nicole, irmã de François Anquier, pai do cozinheiro.

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Despojado e elegante Grife Aviator imprime estilo e praticidade em sua moda masculina Por Cidiana Pellegrin

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Leve, moderna e alinhada. Há mais de 20 anos, a grife carioca Aviator atende o universo masculino produzindo moda antenada às tendências e a diferentes estilos. Neste inverno, a coleção foi inspirada na Escócia, famosa pelos pubs seculares, clubes noturnos, paisagens bucólicas e o Castelo de Edimburgo.


O resultado foram peças com detalhes e estampas sóbrias, que utilizaram uma cartela de cores de tons clássicos da estação: marrom, marinho, verdemusgo, muito preto e cinza. Entre as produções estão jaquetas, camisas, parkas e tricots, além de jeans com lavagens básicas e modelagens retas.

Serviço Para atender o público de todo o Brasil, a marca disponibiliza uma loja virtual no site www.aviator.com.br

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Divulgação




Sugestões e tendências em beleza. Por Cidiana Pellegrin

PARA ELES

Unhas coloridas Tonalidades divertidas e vibrantes compõem a coleção Paris Show Time de esmaltes da Bourjois. Além de marcantes, os novos produtos da linha So Laque! Ultra Shine foram elaborados com propriedades hidratantes que fortalecem as unhas. Outra vantagem é a fixação da cor, o esmalte fica por até uma semana sem estragar. Disponível em sete tons. R$ 44,10. SAC: 0800 704 3440

Primer para fios A expert em cabelos Wella Professionals acaba de disponibilizar ao mercado um produto inovador: o primer para cabelos Velvet Amplifier. Sua aplicação garante fios sedosos, com toque aveludado, o que ajuda na preparação de penteados. O item também pode ser usado em todos os tipos de cabelos. A novidade chega aos salões e nas revendas autorizadas da marca este mês, pelo preço sugerido de R$ 61,50 (50ml). SAC 0800 702 9966

Lenços removedores Praticidade na hora de retirar o esmalte das unhas é o que oferece o Nail Polish Remover, da Artdeco. O removedor de esmaltes é livre de acetona, hidrata as cutículas, além de não deixar as unhas oleosas e esbranquiçadas após a utilização. A embalagem contém 30 pads. R$ 32,90. www.sacks.com.br

Fixação do Make Para manter o make impecável e sem a necessidade de retoques, a Contém1g lançou o spray fixador Making Of, que proporciona maior durabilidade da maquiagem. O produto tem secagem rápida e pode ser uma alternativa para se manter bonita nos dias de clima quente. R$ 65,00 no quiosque Contém1g, no Shopping Campo Grande

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Natura Homem A Natura renovou a linha Natura Homem. Os itens ganharam embalagens mais práticas, visual moderno e formulações mais adequadas à pele masculina. Entre os lançamentos está o hidratante facial Hidraturbo Recarga Rápida, que garante disfarçar o aspecto de cansaço, esticando suavemente a pele no momento da aplicação. Além disso, o produto é hidratante e não oleoso. R$ 42,80 através das consultoras da marca ou no site www.naturabrasil. submarino.com.br



Sugestões e tendências em beleza. Por Cidiana Pellegrin

Estojo personalizado Opção prática para guardar a maquiagem mais utilizada no dia a dia, o mini estojo compacto da Mary Kay possibilita a combinação de acordo com as necessidades de cada mulher. O produto contém espelho, bandeja superior com imã e um compartimento inferior para os aplicadores. R$ 52,00 através das consultoras da marca. O valor é para o estojo vazio, as maquiagens podem ser adquiridas separadamente

Afrodisíaco

Lábios tingidos

A Avon lançou seu primeiro batom com fragrância afrodisíaca. Intitulado Ultra Color Rich Colordisiac, o produto possui açúcar mascavo, canela, figo e baunilha, que, combinados, prometem despertar o desejo de conquista. Além disso, o batom proporciona hidratação dos lábios, sensação de maciez, e aparência de boca mais volumosa e sexy. Disponível em oito cores, o item está à venda por meio de revendedoras autônomas Avon, ou na loja virtual www. avon.com.br. R$ 20.

A Revlon apresenta o Just Bitten Lipstain + Balm, um batom líquido que garante longa duração e hidratação. O produto -conhecido como lipstain, criado para “tingir” os lábiostem formato de caneta, o que facilita a aplicação. Na outra ponta, um bálsamo cremoso e transparente proporciona brilho e umectação instantânea. R$ 42,90. www.sacks.com.br

Duo Loud Inspirado no universo da música, o Duo Loud da Tommy Hilfiger foi pensado para o público jovem, com personalidade espontânea e cheia de energia. A fragrância feminina é um floral frutado que leva notas de rosa, lichia e patchouli. A versão masculina tem toque amadeirado, devido à utilização do tabaco, somado à rosa e patchouli. Uma analogia à música pode ser vista nos frascos, que remetem à forma do disco de vinil. Os lacres que cobrem o spray se assemelham a botões de volume de antigos aparelhos de som. R$ 169,01 cada (40ml) no site www.sepha.com.br

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Saturno, o grande pai de todos nós “Ele nos mostra que a natureza tem sua ordem e tudo tem seu tempo” Por Thereza Christina Silva*

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planetas na astrologia mostram como se realiza a dinâmica dos signos, eles apontam como cada um expressa sua natureza. Resumindo, simbolicamente, eles apontam como manifestamos nossa personalidade. Saturno é o regente do signo de Capricórnio, para os leigos, ele é aquele lindo planeta dos anéis tão romantizado em músicas. Porém, sua simbologia não tem muita similaridade com esse quadro. No mês em que se homenageiam os pais, falar de Saturno é bem oportuno, pois ele significa os nossos limites, a nossa estrutura, aonde temos que ter cautela e quais responsabilidades que precisamos enfrentar. Ele é como aquele pai severo que dita as regras e nos ensina aonde devemos ter disciplina. Sabe a fábula de La Fontaine, aquela da formiga e a cigarra? Pois bem, Saturno é a formiga, alguém tem que trabalhar, não? Alguém tem que botar ordem no recinto. O signo onde ele está mostra como a pessoa deverá enfrentar suas responsabilidades e seus limites. Imagine um corpo sem esqueleto, não haveria sustentação, não nos manteríamos em pé. É assim que Saturno processa, ele não é apenas um símbolo de restrições, duras lições e grandes responsabilidades, ele é um processo psíquico comum aos seres humanos, onde utilizaremos essa experiência saturnina para expandir nossa consciência. Quando uma criança nasce, os pais são responsáveis pela sua formação, irão ensinar o que pode e o que não pode, enfim, dar a estrutura necessária para que seu filho se integre ao mundo. E é exatamente esse o papel de Saturno em nossas vidas: nos darão ferramentas necessárias para crescer, ainda que estas nos sejam duras. Seu lema é “sem esforço, nada cai

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do céu” e, na real, aprendemos mais pela dor do que pelo amor; quando existe o atrito é que as polias se movem. Saturno é um planeta lento –e na mitologia romana corresponde a Cronos, o deus do tempo– , tudo que é sólido leva tempo para ser construído, essa é a tônica saturnina. Hoje em dia, em um mundo globalizado e rápido, a lição deste planeta pode ser um grande desafio porque ele nos mostra que a natureza tem sua ordem e tudo tem seu tempo. Também é conhecido como senhor do carma, pois ele vai enfatizar aquilo que você mais precisa aprender nesta existência e o que mais negou em outras, por exemplo: você tem mania de culpar os outros? Saturno irá te mostrar que o único responsável por você é você mesmo. Neste momento, Saturno se encontra no signo de Libra pedindo responsabilidades nos relacionamentos, nas parcerias e em toda relação que temos. Na verdade, esse cuidado com o outro só é possível quando temos conosco e, mais uma vez, como um pai, ele nos mostra que só é possível crescer quando temos coragem de enfrentar nossas próprias limitações. Vamos encarar toda dificuldade como uma nova chance. “Deixemos o pessimismo para tempos melhores” [frase lida pelo jornalista José Arbex Jr. em um muro na Colômbia]

*Thereza Christina Silva é jornalista, astróloga, taróloga e professora tutora EAD. E-mail: tecaemaju@hotmail.com Twitter: Teca2011 Blog: www.astroloteca.blogspot.com



Convivência no elevador Saiba como se portar com elegância no sobe e desce do dia a dia Por Adriana Estivalet

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elevador é um ambiente confinado, tudo que é dito torna-se público. Pensando nisso, abordei alguns assuntos e atitudes que jamais devem ser tocados e praticados no sobe e desce dos elevadores, tanto residenciais como do local de trabalho. Criticar as pessoas: Falar mal de outras pessoas pode ser uma situação tentadora no elevador. No entanto, lembre-se: nem sempre é possível saber quem são as pessoas que dividem o espaço com você. Se você está no prédio em que trabalha, falar mal do chefe pode ser um “tiro no próprio pé”. Fornecer detalhes da vida pessoal: Poucos assuntos dizem respeito à maioria das pessoas no elevador. A sua vida pessoal certamente está na maioria desses tópicos que não importam aos desconhecidos. Se receber uma ligação no celular na qual tem que tratar de algum assunto mais íntimo, informe que retornará a ligação assim que sair do elevador e em tom de voz baixo. Contar piadas: Algumas pessoas tentam quebrar o silêncio do elevador com o humor, o que pode chamar a atenção de desconhecidos sem parecer muito invasivo. Mas piadas podem não funcionar no elevador, que é utilizado por um período curto de tempo entre os andares, ainda mais se for daquelas “pesadas” (é de profundo mau gosto). Mau humor: As dificuldades cotidianas são inadequadas para o ambiente. Algumas pessoas entram no elevador e a um simples cumprimento de “como vai?” descarregam todas as suas vicissitudes. Somente questões mais leves sobre o dia a dia devem ser comentadas, sem chamar a atenção. Previsão do tempo: Há séculos, muitos recorrem aos assuntos sobre o tempo para driblar o desconforto do silêncio. Puxar esse tipo de papo é garantia de ganhar o atestado de

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quem não tem assunto. Conversas sobre o clima e a temperatura só devem acontecer se houver alguma chuva que pegou a todos de surpresa ou uma mudança brusca que surpreendeu a previsão das emissoras de TV. Caso contrário, o assunto pode ser interpretado como uma tentativa de interação sem motivo. É bom ficar atento a algumas atitudes de cortesia, como: Sempre que entrar ou sair do elevador cumprimente as pessoas que encontrar, conhecendo-as ou não; quando estiver aguardando o elevador, nunca se esqueça de dar espaço para as pessoas que estão saindo dele; se o elevador está demorando a chegar, apertar o botão freneticamente não fará com que chegue mais rápido; bater na porta do elevador quando está retido em algum andar é extremamente maleducado; quando isso ocorrer, dirija-se à portaria e peça ao porteiro para interfonar solicitando a liberação, pois outras pessoas precisam utilizá-lo. Segure o elevador se perceber que outra pessoa está encaminhando-se a ele. Sentar no chão do elevador é extremamente constrangedor para quem está entrando no mesmo espaço. Para finalizar, não coma, não fume, não fique se arrumando na frente do espelho e não se esqueça: “você está sendo filmado”.

*Adriana Estivalet é consultora de estilo e imagem. Seu e-mail é adriana@adrianaestivalet.com.br



Paula Volpe Sensibilidade e dedicação para conquistar ideais Por Cidiana Pellegrin foto alexis prappas

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or traz da formalidade que a profissão exige, a promotora de Justiça de Sidrolândia, Paula Volpe, se revela humanista e sensível aos problemas sociais. Ela atua em favor de pessoas que tiveram seus direitos violados, mas o ser humano que existe por trás do processo é que lhe chama a atenção. “Preocupamos-nos em tentar reestruturar os lares e oferecer a eles algum amparo. Assim, não nos tornamos frios executores da lei”, revela. Um trabalho que exige não só aperfeiçoamento e estudo, mas também serenidade e dedicação para lidar com as áreas da infância e juventude, família, idoso e meio ambiente. Além do trabalho, outras atividades estão presentes em sua rotina. Segundo Paula, exercícios físicos como musculação e passeios de bicicleta são obrigatórios. O balé duas vezes por semana também ajuda “manter o corpo e a mente em ordem.” Um dos hobbies que ela aprecia é a leitura. São três ou quatro livros ao mesmo tempo. “E eles também seguem nas malas durante qualquer viagem”, conta.

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Monique Scaff A realização pessoal em todos os instantes Por Cidiana Pellegrin

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lto astral e bem resolvida, a advogada Monique Scaff afirma com entusiasmo: “valorizo cada momento e aproveito o máximo da vida”. Durante a infância, morou em diversas cidades do país, e assim tomou gosto em conhecer lugares e culturas diferentes. Sua casa coleciona souvenires de vários cantos do mundo. São no mínimo três viagens longas por ano, além de rápidas visitas aos familiares em outros estados. “Meus filhos estão sempre presentes. É uma outra forma que eles têm de adquirir conhecimento e entender a concepção de igualdade e respeito com o próximo,” conta. Especializada em Direito Tributário, a advogada graduada na PUC de Campinas, deixou a cidade para viver em Campo Grande há 16 anos. Atualmente Monique é sócia de um escritório de advocacia, onde emprega sua experiência profissional priorizando alcançar o objetivo do cliente, de forma amistosa e rápida, evitando sempre que possível, o desgaste de um processo judicial. Além do comprometimento com o trabalho, ela define, com bom humor e elegância, ser “uma mulher de multifunções: esposa, dona de casa e mãe que não abre mão de levar e buscar meus filhos na escola.” Apesar dos afazeres, ainda encontra tempo para embarcar em aventuras de moto com o marido. “Há cerca de sete anos, ele comprou uma Harley Davidson e passamos a integrar motoclubes. Colocamos o pé na estrada sempre acompanhados de uma turma,” declara. A descontração também acontece nas reuniões semanais com os amigos. “Nos encontramos nos finais de semana para cozinhar, dar boas risadas e jogar conversa fora,” diz. Em busca da felicidade, Monique revela que adota como lema um delicioso clichê: “O que se leva da vida é a vida que se leva. Nada mais.”

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Para o que der e vier O otimismo e compromisso de Edil Albuquerque com a profissão Por Carla Gavilan

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lém de vice-prefeito de Campo Grande ele é secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, da Ciência e Tecnologia, e do Agronegócio. Estar à frente de cargos políticos importantes em Mato Grosso do Sul não é algo recente para Edil Albuquerque, que já foi o vereador mais votado da capital.

Tem alguma prioridade em sua atuação política? Eu adoro receber as pessoas. Quando alguém quer vir falar comigo eu considero que seja algo importante, ninguém quer me encontrar à toa. Não gosto dessa mistificação de que político não tem tempo para receber e ouvir a população. Faço o possível para atender quem quer que seja.

Sua sala, aqui na prefeitura, é caracterizada por imagens sagradas. É religioso? Sim, sou católico e muito religioso. Quando criança fui coroinha na cidade de Aquidauana, onde nasci e passei parte da minha infância.

É adepto das novas tecnologias em seu dia a dia? Sim, muito. O meu tempo é da datilografia, mas possuo certa familiaridade com a modernidade. Tenho alguns aparelhos eletroeletrônicos e aonde vou os levo. Acredito que não tem como escapar disso e estou, inclusive, muito feliz por estar à frente do projeto de implantação dos Telecentros em Campo Grande, que tem essa proposta de inclusão digital. Adoro participar do desenvolvimento que vivemos no mundo de hoje.

Algum santo em especial? São Judas Tadeu. Toda minha família é religiosa e, em casa, cada um de nós tem o seu santo. O meu é São Judas, tenho muito carinho por ele. O senhor é conhecido por ser uma pessoa disciplinada. É verdade? Sim. Minha primeira carreira antes da política foi como bancário e eu, inclusive, já me aposentei por essa profissão. Então eu poderia estar parado, em casa, viajando, sem fazer nada. Mas como minha escolha é permanecer como um trabalhador político, eu acho importante obedecer ao que tem de ser cumprido. Como o que, por exemplo? Horários. Gosto de chegar ao trabalho no horário estabelecido e ficar até o horário que meu cargo e função determinam. Sou disciplinado com horários e também faço meus funcionários obedecerem a isso.

Uma expectativa profissional? Vejo que Campo Grande tem um forte potencial para se tornar uma das capitais brasileiras com maior qualidade de vida. Então, sou confiante de que estamos no caminho certo, e desejo que junto a esse progresso tenhamos uma cidade humana e segura. O trânsito, por exemplo, é algo que preocupa muito nossa gestão atualmente e, por isso, é uma prioridade de atuação dentro dessa expectativa de que sejamos todos mais humanos. Tem um casamento de 35 anos, é pai de 3 filhos e tem um neto. Quais seus principais valores? É importante ter respeito e saber ceder. Eu costumo afirmar que na vida tenho dois patrimônios: minha família e meus amigos. Você quer me conhecer? Pergunte a eles.

Geralmente, inicia sua rotina de que forma? Lendo. Começo meu dia lendo todos os jornais que considero importantes, como Folha de São Paulo e os três diários locais, os semanais e as revistas que recebo. É um hábito que tenho.

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Talita Raffi Um canto de lembranças e tranquilidade Por Cidiana Pellegrin

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nquanto criança, a empresária Talita Raffi conviveu com a natureza, curtindo o sossego do campo. Até os 11 anos, uma propriedade rural no Estado do Paraná foi sua residência e ali surgiu sua identificação com áreas verdes, espaços que ela define como seus preferidos até hoje. Vivendo em um local cercado por paisagens naturais, a farmacêutica bioquímica elegeu o parque de seu condomínio, Damha I, como fonte de renovação dos ânimos e do equilíbrio entre o pessoal, a família e a profissão. “Frequento o parque vários dias na

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semana. Trago meus filhos para brincar, aproveito para me encontrar com amigas e ainda espairecer. São momentos de muita paz, felicidade interna e lembranças da infância”, afirma Talita. Proprietária há dez anos da TBR Representações, que comercializa materiais médicos hospitalares, a empresária se diferencia no segmento por unir o tino comercial ao conhecimento técnico da área da saúde. “Não é tão comum encontrar profissionais graduados em biológicas trabalhando com representações”, conta. Tudo começou

com apenas 22 anos. “Houve ocasiões em que o lado profissional exigiu total atenção, já viajei muito”. Hoje a dedicação continua, porém com menos intensidade. Muito caseira, Talita gosta de receber os amigos onde mora e cozinhar. Seu hobby é preparar doces e sobremesas, hábito que pratica apenas aos finais de semana. Juntamente com seu marido, compartilha os cuidados dos filhos, Vitória e José. “Sou uma mulher completamente realizada. Não há nada que desejei que eu não tenha conquistado. Inclusive, uma família maravilhosa”, finaliza.



Juliana Valle Aprender, aplicar e transformar Por Carla Gavilan

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o fugir de modelos de ensino pré estabelecidos a diretora-geral da Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande, Juliana Valle, consegue hoje exibir uma proposta de formação superior interdisciplinar séria e que já apresenta bons resultados. A instituição mantém atualmente os 10 cursos de graduação envolvidos em algum projeto social desenvolvido pela própria Faculdade. Um dos destaques é o Projeto CRELAME, criado em 2008, que trabalha com a reabilitação de pessoas que sofreram algum tipo de lesão medular, paraplégicas e tetraplégicas, coordenado pelo curso de Fisioterapia. A iniciativa, gratuita, é oferecer mais que um atendimento entre profissional e paciente. “Os projetos desenvolvidos passam pela questão social e humana. No caso do CRELAME, trabalhamos com a auto-estima também. O curso de Direito é responsável por oferecer a população, sem custos, o trabalho de consultoria jurídica, além de contribuir também com a Polícia Militar em outro projeto que

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atua na diminuição da violência nas escolas públicas da capital. Acadêmicos de Publicidade e Propaganda já estão familiarizados com o Projeto Madrugada, em que devem produzir uma proposta publicitária engajada com questões ambientais e sociais literalmente “na madrugada”, pois o tema é lançado pelo curso à noite e o prazo de entrega encerra na manhã do dia seguinte. Juliana destaca que todos os projetos formam uma proposta institucional da Faculdade Estácio de Sá e, por isso, até mesmo os funcionários participam dessa mobilização. “Para gente falar de responsabilidade social precisamos vivenciar. Não adianta eu ensinar meus alunos se eles não enxergam esse modelo de educação e de vida na própria faculdade. Então antes de aplicar essas iniciativas com eles propomos aos nossos professores”, comenta a diretora-geral. Uma vez por mês, em um dia normal de trabalho, os funcionários visitam uma casa de abrigo e passam um período com as crianças e adolescentes desenvolvendo atividades

pedagógicas e recreativas. Atualmente todos os cursos trabalham com a produção de um novo projeto que será lançado no segundo semestre deste ano, o Casamento Coletivo que terá a festa, bolo e os casais felizes da vida dizendo o ansioso “sim”, mas antes terão de freqüentar, juntos, um curso. “Será o curso para noivos em que terão aulas sobre economia doméstica, a importância da família, do respeito, paciência, as questões jurídicas do casamento, assim como doenças sexualmente transmissíveis”, explica Juliana. Projeto que terá participação de todos os alunos da faculdade. “Convidamos nossos alunos a saírem da sua zona de conforto. Cada um na sua área contribui de uma forma. Tem que começar, tem que ter o primeiro passo”, pontua a diretora-geral.


“Convidamos nossos alunos a saírem da sua zona de conforto. Cada um na sua área contribui de uma forma”

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e ve n t os aNIVERSÁRIO IARA DINIZ Muita gente marcou presença na badalada festa de aniversário da empresária Iara Diniz, que aconteceu no início da segunda semana de julhona Casa do Park. Marcada por muitos sorrisos e animação, a festa contou com animação de Flavio Otoni, Juci Ibanez e Bibi do cavaco, Jader Leandro e Banda Paulista. 1 Bertoldo e Vanessa Figueiro e Iara Diniz. 2 Cesar e Valeriane Benavides e Tania Maia. 3 Alexandre Scaff, Rafael Coldibelli e Reginaldo Bacha. 4 Luciana Carvalho e Iara Diniz. 5 Iara Diniz e Rafael Tonetto. 6 Bruno Belfort e Josué Sanches. 7 Marco Antonio e Nacy Diniz. 8 Bibi do Cavaco. 9 Rejane e Teca. 10 Cesar Franca Costa, Leni Fernandes, Ana Cristina e Marcelo Espindola. 11 Juci Zanon , Vanessa Auto, Raquel Araujo e Bianca Scaff. 12 Jader. 13 Iara Diniz e José Marques. 14 Os irmãos Eduardo e Iara Diniz. Fotos Marcos Vollkopf

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e ve n t os Pacha Ibiza 44 anos

Glamour e badalação marcaram a festa “Pacha Ibiza 44 anos,” que aconteceu na Pachá São Paulo, uma das noturnas da rede espanhola que tem mais de 20 filiais por todo o mundo. Realizado no dia 22 de agosto, no Terraço Villa (antigo Terraço Daslu), o evento trouxe na programação nomes de peso do cenário da house music. Os DJs de âmbito nacional, Raul Boesel, Rafael Yapudjian, Rodrigo Ferrari animaram a noite após a apresentação dos multi instrumentistas sul africanos Dominic Peters e David Poole Goldfish Live -, residentes da Pacha Ibiza, na Espanha. Confira alguns momentos do evento.

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Para铆so em Montenegro Charme hist贸rico, natureza exuberante e mar cristalino se encontram em um litoral quase desconhecido Por Cidiana Pellegrin

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Ligada ao continente por um istmo, a ilha une beleza natural e história. O hotel preserva paredes originais para compor a nostalgia do vilarejo de pescadores da Idade Média

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destino pouco explorado, onde a natureza exuberante pode ser vista nas florestas milenares, montanhas rochosas e no mar verde-esmeralda, está a pequena ilha Sveti Stefan, localizada na costa de Montenegro, um dos menores países da Europa. O local é cenário do resort Aman Sveti Stefan, novo empreendimento da luxuosa rede de hotéis Aman, reconhecida pelos serviços e hospedagens exclusivas. Ligada ao continente por um istmo, a ilha une a beleza de paisagens naturais a excepcionais propriedades históricas. A localidade de 12.400 m² era uma fortaleza com apenas 12 famílias no século XV. Até o início de 1800 se manteve como uma aldeia, com 400 habitantes. Apesar de permanecer quase inalterado, o destino foi roteiro turístico de alto padrão, em meados de 1950 até a década de 1990. Há quatro anos passou por restauração para atender os visitantes, mas sem comprometer as antigas construções e o litoral espetacular. Instalado em edificações de pedra, o hotel preserva paredes originais para compor a nostalgia do vilarejo de pescadores da idade média. No total, há 58 acomodações divididas entre quartos, casas e suítes. Existem ainda seis cabanas de SPA, piscinas com vista para o mar, e um centro gourmet chamado Piazza, que reúne taverna, enoteca, padaria, bar e sala de charutos.

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Inspirada no estilo rústico das antigas casas da ilhota, a decoração dos quartos foi elaborada com móveis de madeira, tapetes confeccionados à mão e pisos de parquet. O ambiente traz suaves elementos contemporâneos

combinados com cores sóbrias para proporcionar um clima relaxante. Nos banheiros, os gabinetes de pia de madeira, com tampos de mármore e banheiras de formas arredondadas criam uma atmosfera simples, mas elegante


Ao ar livre, sob a sombra de ciprestes e seculares oliveiras, estĂĄ o CafĂŠ Beach, perfeito para lanches informais

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Serviço Diárias a partir de € 700. Localização: Entre a Croácia, a Bósnia e a Albânia. Cerca de 500 km de Roma Contato: www.amanresorts.com

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Além de desfrutarem do resort e das praias desertas, os hóspedes podem conhecer toda a costa de Montenegro e o interior do país. O Aman Sveti Stefan oferece ciclismo, observação de aves, passeios de barco pelo mar Adriático e uma variedade de esportes aquáticos, como vela, pesca desportiva e mergulho

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A arte de comer e beber Encontre a bebida que melhor combina com a sua receita Por alexandre furquim*

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aber qual a bebida certa para acompanhar o prato escolhido no restaurante ou em casa nem sempre é uma tarefa fácil, a resposta nunca é imediata e permite múltiplas escolhas e combinações. A arte da harmonização analisa as características dos ingredientes da receita, seu modo de preparo e as particularidades das bebidas até encontrar o par perfeito. A harmonização consiste no momento em que você tem uma comida e uma bebida deliciosas sozinhas e, juntas, ganham novas nuances, como se nascesse um novo e melhor sabor na combinação de aromas e texturas, quando um não interfere no outro, evidenciando o sabor de cada um. Para isso, basta seguir algumas regras básicas para não errar na combinação das receitas com as bebidas. Comece com a análise atenta dos ingredientes do prato: se o modo de preparo é uma fritura, é preciso uma bebida que corte esta gordura, um exemplo é um espumante com camarão frito; receitas sutis como saladas pedem bebidas leves, assim como as mais pesadas e condimentadas precisam de uma bebida mais encorpada. Mas atenção, os destilados, apesar de encorpados, raramente combinam com carnes vermelhas. O excesso de álcool também pode atrapalhar uma refeição. As garrafas de tintos muito alcoólicos (mais de 15%), normalmente sobram no final. A cachaça com teor alcoólico de 40% é mais indicada para um aperitivo do que pra acompanhar todo o menu. O amargor da cerveja pode ser contrastado com a gordura ou as notas salgadas da receita. A acidez de qualquer bebida deve ser semelhante a da comida e pode ser equilibrada pela doçura ou pela gordura da receita. Procure combinar receitas e bebidas clássicas de uma mesma região. São harmonizações testadas e aperfeiçoadas há séculos. Ninguém duvida de que os tintos de boa acidez italianos sejam o par perfeito para uma massa com molho de tomate. O serviço deve respeitar a ordem dos mais delicados para os mais robustos. Comece sempre com o par gastronômico mais leve e vá crescendo em peso e complexidade no decorrer da refeição. Respeitando os critérios acima, não tenha medo de arriscar na escolha e propor uma nova combinação. A harmonização tem sua dose de subjetividade e deve sempre trazer um equilíbrio entre a comida e a bebida.

*Formado em marketing e gastronomia, Alexandre Furquim atua no ramo de restaurantes

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Dica

Drink alterado A bebida como prato principal Por Cidiana Pellegrin

Uma ideia ousada e no mínimo curiosa. Servir bebidas alcoólicas com texturas diferentes da convencional forma líquida. O Lab Club, casa noturna localizada na avenida Augusta em São Paulo, implantou um cardápio de drinks exclusivos, em que o destaque é a coquetelaria molecular, uma tendência da mixologia (mistura de líquidos) contemporânea que aplica técnicas e equipamentos gastronômicos para alterar a estrutura física e química de ingredientes. Parece improvável, mas coquetéis com componentes comuns passam a ter estrutura sólida, cremosa ou até gelatinosa, como é o caso do spaghetti de cachaça e a caveira de tequila. O responsável por essa nova roupagem de bebidas servidas no estabelecimento se chama Bruno Lorencini, há seis anos atuando na área. Com muita liberdade, o profissional cria drinks exóticos com café, alecrim, licores variados, sucos e ingredientes alcoólicos. Rua Augusta 523, Consolação, São Paulo. Funciona de terça a sábado, das 23h até o último cliente. Contato: (11) 3259.6749 www.labclub.com



Novas descobertas Passo a passo, conheça o fundamental para se apreciar um bom vinho Por Douglas Mamoré Jr.*

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ossa viagem ao mundo do vinho prossegue. Pequenas descobertas permitem afirmar que o assunto é tão amplo e complexo como a própria bebida. Acredito que você já reconhece que optar por vinhos de melhor qualidade é o seu caminho natural, importantíssimo na hora de escolher um rótulo especial ou mesmo aqueles mais simples, de todos os dias. Porém, após ter tomado este cuidado, como apreciar corretamente o vinho escolhido? Como extrair da bebida toda a sua nobreza, expressão e sabor, percebendo nos sentidos tudo o que o produtor se esforçou em criar? Imagine que chegou a hora de abrir aquele rótulo “magnífico”, que você guardava para uma ocasião especial. Com a garrafa nas mãos, parte feliz a procurar o saca-rolhas, já antecipando o prazer que o aguarda. Suponha também que o vinho em questão seja um potente Cabernet Sauvignon do Novo Mundo, de boa safra e excelente produtor, muito bem indicado por sua loja de vinhos. Na mesa, um filé alto escoltado por um delicioso cuscuz marroquino espera pelo seu vinho. Tudo perfeito. No entanto, para a nossa surpresa, muitas vezes ficamos frustrados com aquele rótulo que há muito tempo sonhávamos em provar. O que houve de errado? Infelizmente, isto ocorre com bastante frequência; o vinho, porém, é quase sempre absolvido, o erro está na pressa e pouca atenção com detalhes importantes. Tentarei agora responder esta questão com dicas fundamentais. Um ponto vital é a temperatura. Servidos à temperatura ambiente em Campo Grande, por exemplo, os vinhos ficariam pesados e alcoólicos, comprometendo seriamente os melhores rótulos. O oposto também é negativo: servidos muito gelados dão um choque nas papilas gustativas, fechando-as e impedindo, assim, a percepção sutil dos sabores. Caso não possua adega climatizada, deixe o vinho repousar por uma hora na geladeira ou utilize um balde de gelo, com mais água do que gelo. Mergulhe a garrafa por apenas cinco minutos, mais do que isso você corre o risco de gelar demais o vinho. Lembre-se, seu objetivo é apenas resfriá-lo.

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Observo que a taça, item importantíssimo, é a mais negligenciada pelas pessoas e restaurantes, e sempre comprometem um serviço perfeito. As taças corretas devem ter uma haste longa por onde a seguramos, um equador largo e bocal mais estreito para que a bebida possa ser agitada liberando todos os seus aromas e sabores e, principalmente, deve ser incolor e cristalina, de vidro fino ou cristal -deixe as taças coloridas e enfeitadas apenas para decoração. Faça um teste, sirva o mesmo vinho em um copo comum e em uma taça apropriada, leve ao nariz e à boca e perceba você mesmo a incrível diferença. Uma terceira dica para equilibrar os vinhos tintos mais complexos é o decanter. Estes vinhos se beneficiam muito com uma boa aeração. Caso você não possua um decanter, vale entornar todo o vinho em uma jarra de vidro por alguns minutos antes de servir; este contato mais amplo com o ar permite que o vinho se “abra” mais rápido, mostrando toda a sua elegância e complexidade, o que ocorreria de maneira muito lenta caso ficasse aberto apenas na garrafa. Peça o decanter também fora de casa, os melhores restaurantes sempre os possuem. Seguindo estas dicas simples, a chance de um bom vinho decepcioná-lo é quase zero. Saúde!

*Desde 2005, o enófilo Douglas Mamoré Jr. dedica-se exclusivamente ao universo dos vinhos. Seu e-mail é douglas@mistral.com.br



Mario Prata Escrever é a sina deste mineiro de 65 anos Por Thiago Andrade

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rônicas, peças de teatro, telenovelas, os mais diversos gêneros do romance. Para o escritor Mario Prata, colocar palavras no papel é tão comum quanto tomar um cafezinho pela manhã. Desde os dez anos, quando datilografava suas ideias no papel com auxílio da velha máquina Remington localizada no laboratório de seu pai, sabia que só lhe restava viver da escrita. Passados quatro anos, antes mesmo de ter barba, assinava artigos na Gazeta de Lins, cidade onde foi criado. Nos 51 anos de carreira, Mario produziu muito. Foram mais de 80 trabalhos nas áreas em que atuou. Milhares de crônicas calejaram seus dedos. Sucessos foram colhidos em meio a tantas páginas. “Diário de um Magro”, nos livros, e “Estúpido Cupido”, nas telinhas, alçaram o nome do escritor entre os mais conhecidos do Brasil. Por enquanto, se aventura nas tramas policiais e devora obras de autores do gênero buscando se aprimorar para escrever sua primeira obra envolvendo investigações, detetives ou assassinatos. Em 2005 deixou de escrever novelas, assinando seu último trabalho, “Bang Bang”. “Eu gostava muito do projeto que, infelizmente, não deu certo: fui muito abusado”, afirma. O vício pela escrita deu frutos. Ele é pai de Antônio Prata, também cronista e autor de cinco livros. Morando em Florianópolis, Mario segue fazendo o que melhor sabe: escrever, escrever, escrever.

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Foto Divulgação


Mais magro e menos estressado Como é o cotidiano dentro de um spa? A comida é escassa e a disciplina lembra um quartel, mas não é apenas isso. Mário Prata passou a vida a limpo e deixou de lado alguns vícios, entre eles, o do cigarro. Por outro lado, arrumou outro impossível de superar, o vício em spa. Em “Diário de um Magro”, um dos mais conhecidos trabalhos do autor mineiro, o dia a dia dentro de um desses locais é esmiuçado sob o olhar cáustico de um dos maiores cronistas brasileiros. O livro traz ilustrações de Paulo Caruso e foi relançado a pouco pela editora Planeta, em comemoração aos 15 anos de seu lançamento. Segundo o autor, sua visão sobre os spas não mudou. Mas o número de vezes que visitou um já ultrapassou as centenas. No mesmo local em que o autor se internou, estiveram outros nomes famosos, como Fernando Morais, Antônio Fagundes e Paulo Caruso, o próprio ilustrador da obra. Do encontro, nasceram crônicas divertidíssimas.

“Diário de um Magro – 15 Anos num Spa”, de Mario Prata. 24,90 na loja virtual da FNAC

A vocação para o jornalismo vem quase que de berço. Qual foi a importância da profissão para seu trabalho de escritor? Ambos escrevem, né? Desde pequeno lia muito, o que talvez tenha me levado para a ficção. Quando descobri que podia ganhar dinheiro inventando histórias, foi uma delícia. Fazer as pessoas falarem, brigarem, amarem e se matarem, tudo em minhas mãos e eu decidindo o que fazer com elas. Como diz a propaganda de cartão de crédito, isso não tem preço. Ou melhor, tem! O que me pagam. Você começou a escrever para jornais aos 14 anos, quando a maior parte dos jovens tem outras preocupações. Sobre o que escrevia?

Eu também tinha todas as outras preocupações dos jovens dos anos 60. Mas naquela época todo mundo lia e escrevia. Da minha cidade saíram dois excelentes poetas, Sérgio Antunes e Carlos Soulié do Amaral. Jogávamos futebol, futebol de botão e basquete. Paquerávamos. A gente ia à missa, se confessava e comungava em jejum. No jornal, eu e o Sérgio escrevíamos sobre tudo. Eu, acredite, fazia a coluna social da cidade. Minas Gerais, São Paulo e, atualmente, Florianópolis. Você viveu em todas essas cidades. O urbano te inspira? Não existe inspiração. Isso é papo dos poetas do final do século 19 que morreram de tuberculose. Inspiração e musa, porra nenhuma! É trabalho como outro qualquer. O escritor que mora numa cidadezinha cria personagens de uma cidadezinha. Van Gogh vivia numa ilha quase deserta pintando flores amarelas. “Pinte a tua aldeia e serás universal”, acho que foi Tolstói quem disse.

Como chegou às telenovelas e por que parou? Antes dos 30 anos, fiz muito sucesso com “Estúpido Cupido”. Tentei outras, mas agora são cada vez maiores. Se um capítulo tinha 20 páginas, hoje tem 60. Por dia! Tem que se trabalhar em equipe e isto eu não sei fazer. Trabalho do escritor é solitário. E, cá entre nós, não gosto de novela, não. Não assisto nem as minhas. O que alimenta sua escrita? Alimento para escrever? basta olhar em volta. E quando não achar nada, olhe para dentro de você mesmo. Resolvi virar autor de romances policiais, estou lendo uma média de 100 livros do gênero por ano. Estudo cada autor e leio seus livros. Estou até dando palestras sobre o assunto. Continua acreditando na envelhescência? Sim, mas cada vez que publico esse texto, aumento a idade do envelhescente. Passei o limite para 75. Sente falta dos dias em que trabalhou no Banco do Brasil? Dias? Oito anos! O banco me ajudou muito numa certa caretice de horários, organogramas, este tipo de coisa. Antônio Prata, seu filho, vem despontando no mundo literário. Como você sente isso?

Ele era meu filho. Agora já virei -com muito orgulho- o pai dele. Nas crônicas, ele me bate. Quais cronistas são obrigatórios para qualquer bom leitor? Rubem Braga, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo.

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Foto Alex Corban

Da Ă frica do Sul para o mundo A criatividade e a ousadia de David Poole e Dominic Peters transformaram os surfistas sul-africanos em artistas conhecidos nos quatro cantos do mundo Por Renata Penna Franca

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que a música eletrônica, o saxofone, o violoncelo, a flauta transversal e o teclado têm em comum? Quem respondeu “nada” não conhece Goldfish Live, a dupla formada pelos sul-africanos David Poole, 33, e Dominic Peters, 30. Os rapazes de Cape Town viraram sensação na Europa ao criar um estilo musical próprio que eles definem como um mix entre música eletrônica, techno e house, com direito a influências do jazz. Até mesmo a bossa nova brasileira esteve no repertório. “Garota de Ipanema” podia ser ouvida pelos lobbies de hotel em que Dominic tocava no início da carreira. A música eletrônica é o pano de fundo para as apresentações ao vivo de diversos instrumentos musicais que resultam em performances inusitadas, muitas vezes improvisadas, e sempre cheias de intensidade. O talento de Goldfish Live levou a dupla a conquistar a residência das noites de sexta-feira na Pacha Ibiza, uma das melhores casas noturnas do mundo, localizada na famosa ilha espanhola. O duo se destaca no cenário internacional da música por criar um som inovador, criativo, ousado e divertido que já pôde ser conferido no Brasil não menos que 17 vezes. Na última passagem por aqui, David e Dominic foram a grande atração da festa de 44 anos da Pacha, evento que aconteceu dia 22 de julho, no Terraço Vila (SP), e também contou com a presença dos DJs Rodrigo Ferrari, Rafael Yapudjian e Raul Boesel. Enquanto se preparavam para o show, os simpáticos e bem humorados jovens receberam a Mood para uma entrevista exclusiva. Confira!

Foto Ross Hillier

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Como surgiu a ideia de formarem o Goldfish? Há 12 anos, quando estudávamos música na University of Cape Town, nos conhecemos nos ensaios e começamos uma banda de jazz. Eu tocava em lobbies de hotel e o David fazia bicos. A gente via os DJs indo à loucura em suas performances e começamos a pensar que poderíamos fazer aquilo com a nossa música. Como a tecnologia da época não era tão avançada, por três anos conversamos sobre como misturar o trabalho de DJ com a apresentação ao vivo de instrumentos musicais. Em 2006, lançamos “Caught in the Loop”, nossa primeira música. Um amigo do David a tocou numa festa e, depois de ver a reação das pessoas, nos aconselhou: “Vocês têm que fazer mais disso”. Neste início, ninguém entendia o que a gente estava fazendo. E o que vocês estavam fazendo? Não sabíamos [risos]! Mas deu certo, porque depois de lançar o primeiro

álbum, nossa música começou a tocar no rádio e na internet, e fomos convidados a tocar em vários países. Este grande sucesso era algo que vocês esperavam? Trabalhamos duro por muito tempo e é uma grande conquista ser reconhecido por algo que é genuinamente seu. Isso veio com o tempo, conforme o público descobria nosso trabalho. De onde vem o nome Goldfish? David sempre sacaneava minha memória curta, de três segundos, como os peixes dourados. Isso me fazia esquecer telefone, carteira, chaves e até nos levava aos lugares errados! Mas depois de tanta implicância, eu até melhorei! Quais são suas principais fontes de inspiração? Principalmente música eletrônica e artistas como Fatboy Slim, Matthew Hubert's, Dave Matthews Band e Jamiroquai. Gostamos muito de bandas

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eletrônicas de jam e jazz, como Miles Davis e Charlie Parker. Até mesmo Glenn Miller [risos]!

Como é o processo de criação de uma música? É diferente para cada música, pois ela se desenvolve de um jeito meio próprio. Só de pensar em escrever uma música, fico apavorado, porque tudo pode mudar muito facilmente. Nas gravações, elas vêm de um jam ou de uma outra música. Nas apresentações ao vivo, os improvisos podem virar músicas novas. A energia do estúdio é muito diferente da energia do palco e as experiências são completamente diferentes. A cada performance, os improvisos são temperos que transformam o que havíamos feito em estúdio. A espontaneidade pode criar uma música completamente diferente.

”ninguém entendia o que a gente estava fazendo“

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Fotos www.goldfishlive.com

Tem alguma influência da música brasileira no trabalho de vocês? Do Brasil e da América do Sul. O jazz latino, a salsa, a bossa nova e o samba são fontes de inspiração. A música sul-africana é cheia de ritmo e sentimentos. Como a música eletrônica é muito robotizada, estamos tentando “desrobotizá-la”. Vocês são uma grande sensação na Europa. Como a África do Sul vê o Goldfish? Temos muita sorte porque dentro de casa também temos nosso trabalho reconhecido. Esta é a 17ª vez que vocês se apresentam no Brasil. O que faz vocês voltarem tantas vezes? Ah! Ótimas pessoas, uma energia maravilhosa, comida boa, paixão pela música. Lembro da primeira vez que viemos e como nos sentimos em casa. Acho que existe uma proximidade do brasileiro com o sul-africano que nos deixa muito à vontade. Qual a opinião de vocês sobre a plateia brasileira? Uma das melhores do mundo, sem dúvida. Vocês são apaixonados pela música e não têm vergonha em demonstrar isso, são desinibidos. Parece que a maioria das pessoas tem medo de se soltar e, quando isso acontece, é na

última música. Aqui não. Logo no início vocês já estão envolvidos, alucinados. A Holanda é outro lugar que sentimos isso. Eles entendem mais a música e acho que hoje existe uma valorização maior da música com laços históricos. As pessoas têm essa consciência e querem explorar essa conexão. Ainda resta tempo para o surf? Quando nossos organizadores nos permitem! Já pegamos onda em Maresias, Búzios e Florianópolis. Mas quando estamos em casa, é só o que fazemos [risos]! Quais os planos para 2012? Terminando esta turnê de verão, em outubro, vamos para os Estados Unidos, de lá para a Holanda e depois para a Alemanha. Em novembro, voltamos para a África do Sul e daremos início às gravações do nosso próximo álbum, previsto para ser lançado em 2012 no verão europeu. Ah, e claro, já estamos pensando na nossa próxima vinda ao Brasil!



Helton Pérez

Pretensões estéticas mesmo em produções comerciais Por Thiago Andrade

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foto alexis prappas

inema, por natureza, é uma arte industrial. Demanda processos tecnológicos para a captura de imagens e sua manipulação. Moldar cenas e amarrálas por meio de um enredo, criar mundos e fantasias. Entretanto, por trás de todo esse trabalho, mentes trabalham sem tréguas. O jornalista, produtor, editor e diretor de vídeo Helton Pérez atualmente à frente da produtora Vaca Azul, escolheu ser um dos que ficam atrás das câmeras. Fascinado desde sempre pela arte das imagens em movimento, Helton começou a produzir vídeos na faculdade. “Campo Grande Tem Ginga” foi uma de suas primeiras criações. O trabalho feito para divulgar o espetáculo da companhia de dança Ginga abriu portas para que o produtor começasse a trilhar o caminho no qual descobriu o trabalho que faz hoje. Produzindo vídeos, fotografias e textos que registram as diversas manifestações artísticas no Estado, Helton dirigiu dois documentários sobre dança. O primeiro, “Ginga Documenta: Cultura Bovina?”, foi lançado em 2009. O segundo, “Me=morar – O Corpo em Casa”, de 2011, faz um registro do espetáculo de dança desenvolvido pelo grupo Corpomancia. Em vez de apenas documentar o trabalho, Helton buscou nos elementos

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da videodança uma maneira de permitir ao público vivenciar os movimentos das bailarinas, assim como o ambiente em que tudo foi produzido: uma casa da Vila dos Ferroviários. Do vídeo, surgiu a videoinstalação que foi exibida no Museu da Imagem e do Som (MIS). “A preocupação estética supera a venda do produto. Embora eu trabalhe com muita demanda comercial, acho importante fazer um trabalho com essas pretensões”, descreve Helton. Logo após terminar o curso de jornalismo, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, ele fundou a Vaca Azul. Produtora coletiva, formada por amigos, atualmente é sua fonte de renda. “Estamos nos organizando para criar mais curtas-metragens, sejam de ficção ou documentários. Fizemos muito pouco nessa área, até por falta de equipamentos adequados, mas agora quero focar em festivais”, pontua. Entre os curtas de ficção, “Café Tale” brinca com o vício na bebida. A produção demonstra os caminhos que Helton Pérez pretende seguir. Enquanto os festivais não vêm, ele segue apostando na criação de trabalhos para quem tem a ver com a proposta do coletivo. Nesta, foram realizados clipes de bandas como Jonavo & Barulho Zen e Jennifer Magnética.


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Foto Alexis Prappas

Artista: ser e não ser A rotina de quem decide viver de arte Por Carla Gavilan

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epois de algumas conversas por telefone, consigo me encontrar com Aline em um intervalo de seus afazeres. Estava com viagem a trabalho marcada e antes de fechar as malas passou na casa da mãe para lhe dar um beijo, onde sentamos para a entrevista. Atriz desde os 14 anos, ela está envolvida atualmente com três peças de teatro. Todas produzidas e administradas pela companhia Circo do Mato, fundada por Aline Duenha e outros amigos e também profissionais das artes cênicas. Da primeira participação em teatro na escola nunca mais parou. Emendou uma peça atrás da outra e foi mergulhando na profissão artística. Como não havia em Campo Grande nenhuma opção de curso superior na área das artes, escolheu uma graduação afim, que tivesse comunicação e público por excelência: jornalismo. Mas não abandonou a arte para seguir uma nova vocação. Ao invés disso, aprimorou ainda mais os estudos em teatro. Fez mais amigos, contatos, viagens e enriqueceu sua bagagem intelectual. “Nunca fiz outra coisa além do teatro”, ela afirma. Passou um ano no Rio de Janeiro para alguns cursos. De uma temporada na Escola Nacional de Circo “abraçou” mais essa arte à sua rotina. Além dos treinos na sede do Grupo, Aline precisa cuidar do corpo e, por isso, malha duas vezes na semana. Sempre acorda cedo, cuida da sua casa “na medida do possível”, de sua voz, que é um dos seus instrumentos de trabalho, vai à manicure quando dá e está constantemente estudando. “O artista se capacita na vida”, explica a atriz. Da necessidade de estudar dramaturgia

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se dedicou ao mestrado em estudos de linguagens e está novamente na sala de aula para a graduação em artes cênicas, hoje possível em Campo Grande, e também como professora em pequenos trabalhos que gosta de realizar. Que vida puxada, hein, Aline?! “Vejo a vida de artista como uma vida normal, de qualquer outro profissional.”, explica Aline. Um exemplo disso é ter de fazer trabalhos que não curte muito, assim como fechar contratos abaixo do valor. E quem não é obrigado hoje em dia a fazer o que não que gosta, não é mesmo?! “Não é fácil viver de arte, mas não acho a vida de um ator mais difícil que a de outro trabalhador. Às vezes precisamos fazer trabalhos que não convêm com a nossa proposta, mas fazemos”, explica a atriz, que pontua, com alegria, que situações como essa têm sido cada vez menores. Outro detalhe semelhante e convergente ao de muitas outras profissões é referente à legislação. “Nossos direitos trabalhistas ainda são algo mal resolvido no Brasil. E por causa disso precisamos ser muito organizados e ter a disciplina dos treinos, ensaios, espetáculos em nossa vida financeira”, comenta a atriz que recentemente se casou com o mágico Rick Thibau. “Em casa conseguimos planejar as coisas dentro do que é possível. Pagamos nosso aluguel, cada um tem seu carro, temos as despesas de uma família normal. Viagem de fim de ano para praia? Não rola, é claro. Mas sempre consegui viver da arte, ela sempre me deu subsídio financeiro”, explica Aline.


O LADO DE LÁ

A difícil tarefa de ter uma vida normal depois da fama

Foto Acervo Pessoal

Para quem tenta a vida em um grande centro conhece a peso da frase “a pressão é grande”. São dezenas e centenas de pessoas que chegam a todo momento em São Paulo, por exemplo, cada um com sua história, vocação e objetivo. Com quem trabalha com arte não é diferente. Fazer nome, se destacar, ter contatos bacanas, manter um freela, leva tempo e tempo, como sabemos, custa caro. Depois de causar o maior burburinho com a Igreja Católica e alguns vereadores da capital sulmato-grossense, devido a série Habemus Cocam, em que dialogou Fidel Castro, Papa João Paulo II e Nossa Senhora com a Coca-Cola, Evandro Prado juntou suas coisas e foi para a terra da garoa. “Percebia que minha produção poderia não ter continuidade em Campo Grande”, explica o artista plástico. A decisão, em 2008, logo após concluir o curso de Artes Visuais, foi súbita e financiada com o que tinha de grana guardada. Desembarcou na cidade que não tinha ninguém como referência. Tudo do zero. “Foi bem difícil”, ele recorda. Em um curso aqui e outro ali fez algumas amizades, contatos, mostras, exposições, mas a grana continuava curta. “O dinheiro que entrava era menor do que o dinheiro que saia. Eu estava sempre no vermelho”, recorda Evandro. Foi de um ano e meio pra cá que as coisas melhoraram. Seu trabalho além de destaque tem sido reconhecido. Atualmente trabalha como assistente da artista plástica Yara Dewachter e, segundo ele, o salário tem permitido pagar as despesas básicas, como telefone, água, luz, aluguel e internet, e ainda ter uma folga. Outra parte do bônus de todos os esforços pode ser exemplificada com a exposição coletiva marcada para este mês no Museu Sak, na cidade de Svendborg, na Dinamarca. Evandro leva ao evento uma instalação de 7 metros de comprimento, que simula um tapete de Corpus Christi, e dois vídeoartes. Hoje vive da arte que faz e está feliz a vida.

moram seus familiares, amigos de longa data, público de casa, dormir e acordar perto dos filhos, visitar os avós, passear no parque e tantas outras coisas corriqueiras que, para um artista, com o tempo, torna-se luxo. Conterrânea do Jota Quest, Fernanda Takai também fez a escolha de permanecer em BH, apesar de muitos dos compromissos nacionais e internacionais, relacionados à sua carreira solo e com a banda Pato Fu, acontecerem no eixo Rio-São Paulo. Constantemente afirma que consegue driblar as distâncias de forma organizada e que não pretende deixar de morar no local que é sua referência artística e familiar tão cedo. Como é possível observar, por questões financeiras ou não, anda bem difícil, com ou sem a atenção da mídia, manter uma vida de tarefinhas cotidianinhas. Foto Ricardo Muniz

COM A CARA E A CORAGEM

Em entrevista recente, Marília Gabriela perguntou a Rogério Flausino, vocalista da banda Jota Quest, se não achava muito “bairrismo” continuar morando em sua cidade natal, Belo Horizonte, já que praticamente tudo, de recursos artísticos a contatos profissionais, acaba acontecendo em São Paulo. Rogério concordou com a importância do grande centro paulista, mas argumentou que justamente por isso a banda investiu na produção de um estúdio de gravação próprio na capital mineira. O que ficou bem claro desse trecho da conversa, mais uma vez no meio das celebridades, é que praticamente não é tudo. O que Marília Gabriela chama de “bairrismo”, Flausino e os demais integrantes do grupo consideram como possibilidade de uma vida normal. Ter esse estúdio particular significa estar na mesma cidade onde

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Meu best-seller de estimação Podemos dizer que a literatura está na moda, sem banalizar uma ou outra Por Maria Adélia Menegazzo*

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julgar pelo barulho causado pelos últimos prêmios literários, seja a polêmica premiação de Chico Buarque no Jabuti 2010, ou a sofisticada FLIP – Feira Literária Internacional de Paraty, exemplarmente reportada pela Mood Life, de julho, diríamos que a literatura encontra finalmente um espaço mais amplo no nosso mundo midiático. Junte-se a esse panorama o não menos aclamado e reverenciado Meia-Noite em Paris, filme dirigido por Wood Allen, e podemos dizer, também, que a literatura está na moda. Sem banalizar uma ou outra, trata-se de uma situação poucas vezes vistas, contradizendo o senso comum que afirma a ausência de leitores ou seu pequeno número. Esta será sempre a questão: o que não se lê? Em linhas gerais, a literatura erudita, a literatura clássica. Nenhum livro nasce clássico, eterno, no sentido mais comum da palavra, mas assim se torna na medida em que é lido repetidas vezes. Agora, vamos ver: o que se lê? Uma grande quantidade de revistas e jornais, inclusive on-line, para preencher as necessidades de todo tipo de leitor. Se há produto à venda, há consumidor. Muitos leem, devoram mesmo, best-sellers. São leitores interessadíssimos nos excelentes enredos que os tornam um sucesso, bem como nas informações sobre a cultura de seus autores. Os best-sellers são legitimados não só pelo mercado mas também pelos leitores. Numa certa medida, essas são questões presentes também no filme Meia-Noite em Paris, no qual Wood Allen revisita os clássicos-modernos. O protagonista, Gil (Owen Wilson), é um escritor americano dos nossos dias que reverencia a cultura francesa e a cidade de Paris, ao contrário de sua noiva e dos futuros sogros, caricaturas de americanos bem-sucedidos. Não é o caso de contar todo

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o enredo, mas como um cendrillon, à meia-noite, Gil é transportado à Paris dos anos 1920 e passa a conviver com Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston), Hemingway (Corey Stoll), Gertrud Stein (Kathy Bates), com a enigmática Adriane (Marion Cottilard) e Cole Porter (Yves Heck), para ficar apenas nos mais recorrentes. Não se trata de uma mera valorização do passado em detrimento do presente, mas da possibilidade de um carpe diem mais intenso no diálogo com a tradição. A tensão de conhecer antecipadamente o passado que se faz presente, leva-o a terminar o romance que está escrevendo, com o aval de Hemingway e Stein, com o qual pretende mudar sua rotina de roteirista. Ficam as perguntas: é necessário conhecer esses e outros autores e artistas para apreciar o filme? Um filme como esse tem a capacidade de instigar leitores para os autorespersonagens? Em princípio, diria “sim” para ambas. Volto a ler Hemingway e faço dele um clássico. E mais, quem não gostaria de viver a mesma experiência? Quem consegue sair do cinema sem cantar Let’s do it, de Cole Porter?

*Maria Adélia Menegazzo é Doutora em Teoria Literária com Pósdoutorado em Artes Plásticas, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte e da Academia Sul-Mato-grossense de Letras



Encontro de cinéfilos

Festivais DE inverno aquecem o País

Cinema, moda, cultura e arte invadem Gramado

Embora algumas regiões quase não conheçam um inverno rigoroso como o do Rio Grande do Sul, os festivais de inverno tomam conta de cidades espalhadas pelo Brasil durante os meses da estação. Bonito, Campos do Jordão, Ourinhos e, até mesmo, Garanhuns, em Pernambuco, promovem festas que reúnem as mais variadas atrações musicais e cênicas, além de mostras de artes visuais, mesas de debate e cinema. Em Bonito, o Festival de Inverno aconteceu no final de julho. Os palcos montados em espaços abertos da cidade receberam nomes como Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Marcelo Camelo e Mart'nália. Quem esteve por lá, afirmou se tratar de um festival para todos os gostos. Exposições e oficinas tomaram conta da Praça da Liberdade, na área central. O público lotou hotéis e movimentou a cidade durante cinco dias, dando uma mostra da importância de eventos como este.

Por thiago andrade

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or oito dias, a cidade de Gramado se torna a meca brasileira para cinéfilos, produtores, diretores, atores e todos os que estão ligados de alguma forma à produção de cinema. Longas e curtas-metragens nacionais e de países latino-americanos competem em mostras pelo Kikito de Ouro. Também são realizadas mostras paralelas, com filmes nacionais que ficaram de fora da competição e produções gaúchas. O Festival de Cinema de Gramado acontece na primeira quinzena de agosto, em uma das cidades mais charmosas do interior do Rio Grande do Sul. Quase 60 filmes fazem parte da programação do festival. Apresentando apenas filmes à margem do circuito comercial, prezando principalmente por trabalhos que pensam o cinema como arte quase artesanal, os oito dias em Gramado se tornam um espaço para discussão da sétima arte, além de verdadeiro desfile de moda alternativa.

Entre os longa-metragens estão os nacionais: “As Hiper Mulheres”, Pernambuco; “O Carteiro”, Rio Grande do Sul; “Olhe Pra Mim de Novo”, São Paulo; “País do Desejo”; “Ponto Final”; “Riscado”; “Uma longa viagem”, Rio de Janeiro. E também, vindos de outros países: “A Tiro de Pedra”, México; “El Casamiento”, Uruguai; “Garcia”, Colômbia; “Jean Gentil”, República Dominicana, México e Alemanha; “La Lección de Pintura”, Chile; “Medianeras”, Argentina, Espanha e Alemanha. Desde o final das década de 1970, cineastas concorrem pela estatueta criada por Elisabeth Rosenfeld. O público que procura boas produções na cidade movimenta o turismo e a economia da região. Além das mostras, o Festival de Cinema de Gramado também oferece homenagens a grandes personalidades da arte brasileira. Em sua 39ª edição, o diretor Domingos de Oliveira, a atriz Fernanda Montenegro e o ator e diretor Selton Mello serão agraciados com os troféus especiais do festival.

Selton Mello por trás (e na frente) das câmeras Depois de “Feliz Natal”, de 2008, o ator e diretor mineiro Selton Mello decidiu fazer um filme para o grande público. Enquanto o primeiro filme é um drama pesadíssimo, que aposta em recursos de vanguarda para contar o retorno de Caio –interpretado por Leonardo Medeiros– para sua família bastante complicada, este novo trabalho tem apelo popular, mesmo que com referências de importância como o diretor italiano Federico Fellini e o americano Wes Anderson. “O Palhaço” tem como protagonista o mambembe Benjamin (Selton), filho de Valdemar (Paulo José), com quem coordena o circo Esperança. Vivendo uma crise de identidade, Benjamin mergulha em uma jornada de autoconhecimento em meio ao universo quase esquizofrênico do local em que vive e trabalha.

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Defensor da palavra Livro de Enrique Vila-Matas é publicado no Brasil e moderniza temas tradicionais

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e não pudesse escrever sobre a própria literatura, o escritor espanhol Enrique Vila-Matas teria de procurar outro ofício. Por esse motivo, em “Dublinesca”, seu último trabalho publicado no Brasil pela Cosac & Naify, o personagem central é Samuel Ribas, editor literário de Barcelona que enfrenta crise pessoal e profissional aos seus 59 anos. Durante palestra realizada em São Paulo, o escritor apontou que sua obra é marcada pela metalinguagem. O amor pela literatura é tão grande que escrever é apenas outra maneira de falar sobre ela. O novo título, que se junta a obras consagradas como “A Viagem Vertical” e “O Mal de Montano”, é sensível às questões com a qual a literatura se confronta. Da era de Gutenberg à era Google, dos livros impressos aos e-books, Ribas se digladia com o fracasso de nunca ter encontrado um jovem escritor promissor. A editora em que trabalhara fechou as portas. A mulher o trocou pelo budismo. Sem saber que caminhos seguir, o editor decide viajar para Dublin, na Irlanda. “Dublinesca” se prende nos momentos que antecedem a viagem, nas digressões do personagem antes de abandonar sua vida passada. Com recursos que se tornaram marca de sua literatura, Vila-Matas deixa evidente neste novo trabalho as influências de dois principais nomes da literatura do século XX, Samuel Beckett e James Joyce. As dezenas de citações, os momentos de delírio, as confluências de estilos e linguagens, tudo se reúne no novo trabalho. Instigante é a palavra certa para definir a obra deste autor espanhol que conta com mais de 30 títulos publicados. R$ 55. Por Thiago Andrade

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O escultor da imagem Filmografia autoral coloca Hector Babenco entre os principais realizadores brasileiros Por thiago andrade

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ector Babenco é um dos grandes nomes do cinema brasileiro. Mas o forte sotaque espanhol entrega logo de cara que ele não cresceu falando a língua portuguesa. Argentino radicado no Brasil, iniciou em São Paulo o ofício de produzir imagens em movimento. Aos 30 anos concluiu o primeiro dos nove longas que dirigiu em sua carreira. No currículo, traz obras reconhecidas como “Carandiru” e “O Passado”. Não esconde o desgosto pela profissão nos tempos atuais e afirma: “O cinema vive dias desastrosos”. Talvez, por esse motivo, tenha decidido se aventurar pelos palcos dirigindo “Hell”, espetáculo baseado no livro “Hell – Paris 75016”, da francesa Lolita Pille. Quatro anos depois de seu último lançamento nas telas grandes, o diretor conta que está trabalhando em dois roteiros que devem dar início às filmagens ainda neste ano. “Cidade Maravilhosa” e “Meu Amigo Hindu” são os títulos que logo estamparão pôsteres espalhados por cinemas brasileiros. Segundo ele, os projetos não serão divulgados por enquanto, mas adianta que no segundo longa, a história é autobiográfica. “Não posso parar de fazer filmes por um simples motivo, eu não me sentiria bem comigo mesmo se deixasse de contar essas histórias. Eu as vejo e preciso contá-las”, afirma o diretor. Falar de Hector Babenco é falar de uma das mais bem sucedidas carreiras cinematográficas do Brasil. Com apenas nove longas-metragens ele levou três atores ao Oscar. William Hurt, de “O Beijo da Mulher-Aranha”, ganhou a estatueta. Produções nacionais como “Pixote – O Lado Mais Fraco da Lei” abriram espaço para os trabalhos em Hollywood. “Ironweed” e “Brincando nos Campos do Senhor”, feitos em sequência, marcaram o período. Com uma filmografia única na história do cinema brasileiro, repleta de trabalhos intimistas e autorais, o diretor se firmou como um grande nome em todo o mundo. Resta esperar que seus novos trabalhos tirem a sétima arte dos dias desastrosos em que vive.



Por Thiago Andrade

Música

Cinema

Literatura

Poeta urbano

Devorar o outro

A idade do tempo

A voz encontra seu compasso nos sons eletrônicos e acústicos que povoam “Um Labirinto em Cada Pé”. O novo trabalho do paulistano Romulo Fróes é poético e urbano. Palavras cotidianas encontram-se em universos líricos. É um disco antenado nas tendências da arte contemporânea, com capa assinada por Tatiana Blass (que figurou na última Bienal de Artes de São Paulo) e canções compostas por Nuno Ramos, entre outros. Um dos melhores momentos do álbum, a faixa “O Filho de Deus” é composta pelo artista. Na voz de Romulo, versos como “Ele fez um truque/ ele fez mágica/ ele andou sobre a Guanabara/ os jornais escreveram sobre um Cristo Maluco/ ele só pensou tomara” ganham ares pitorescos. Parcerias com Arnaldo Antunes e Nina Becker tornam o trabalho ainda mais interessante.

Carancho é uma ave do noroeste da Argentina que se alimenta de restos animais em decomposição. Este é o título original de “Abutres”, filme argentino dirigido por Pablo Trapero, no qual um advogado interpretado pelo ator Ricardo Darín faz as vezes de abutre. Ele atende vítimas de acidentes de carros em processos contra seguradoras. Em busca de dinheiro, ele convence as famílias a lhe entregar os casos. Nesse universo, o advogado conhece e se envolve com uma médica interpretada por Martina Gúzman. Uma história humana protagonizada por personagens ambivalentes, que mostram como Trapero não é afeito a simplificações.

O homem é uma existência peculiar. Em “Máquina de Fazer Espanhóis”, do escritor valter hugo mãe (grafado em minúsculas assim como o poeta inglês e. e. cummings), conta-se a história de António Jorge da Silva, um idoso de 84 anos. Após perder a mulher vai viver em um asilo, onde revisita seu passado e o de toda a geração que viveu sob o peso da ditadura salazariana. Em vez do pessimismo, a narrativa mergulha em amores e amizades, assim como a própria velhice do personagem central. A tensão entre Portugal e Espanha também é assunto na obra. O escritor angolano radicado em Portugal venceu o Prêmio José Saramago em 2007 e hoje é consagrado como o principal nome da literatura lusitana.

R$ 19,90 na loja virtual da Livraria Cultura. www.livrariacultura.com.br

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R$ 24,90 na loja virtual da Livraria Saraiva. www.livrariasaraiva.com.br

Por R$ 39 na loja virtual da Cosac Naify. www.cosacnaify.com.br



Na próxima edição a Mood estará em casa

Casa Cor MS

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