Emergência e cuidados críticos para enfermagem

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EMERGÊNCIA & CUIDADOS CRÍTICOS PARA ENFERMAGEM Conhecimentos – Habilidades – Atitudes

Márcio árcio Neres dos Santos Rodrigo Madril Medeiros Odon Melo Soares Editores

Porto Alegre / RS 2018


Os autores e a editora se empenharam para dar os devidos créditos e citar adequadamente a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material u lizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores, caso, involuntária e inadver damente, a idenficação de algum deles tenha sido omi da. Todas as fotos que ilustram o livro foram autorizadas para publicação e uso cien fico pelos pacientes e/ou familiares na forma de consen mento livre e informado, seguindo as normas preconizadas pela resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. Diagramação e capa: Formato Artes Gráficas Revisão de Português: Annelise Silva da Rocha 1ª Edição – 2018 Todos os direitos de reprodução reservados para

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (mecânico, eletrônico, fotocópia, gravação, distribuição pela internet ou outros), sem permissão, por escrito, da MORIÁ EDITORA LTDA. Endereço para correspondência: Av do Forte, 1573 – Caixa Postal 21603 Vila Ipiranga – Porto Alegre /RS CEP: 91.360-970 – Tel:51.98604.3597/9116.9298 moriaeditora@gmail.com www.moriaeditora.com.br

E53

Emergência & cuidados crí cos para enfermagem: conhecimentos – habilidades – a tudes / Editores: Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros, Odon Melo Soares. Porto Alegre: Moriá, 2018. xxiii, 992 p. : il. ISBN :978-85-99238-27 1 1. Enfermagem em emergência 2. Enfermagem de cuidados crí cos 3. Cuidados de enfermagem I. Santos, Márcio Neres dos II. Medeiros, Rodrigo Madril III. Soares, Odon Melo NLM WY100

CATALOGAÇÃO NA FONTE: RUBENS DA COSTA SILVA FILHO CRB10/1761


Sobre os Editores Márcio Neres dos Santos – Enfermeiro. Doutor em biologia celular e molecular. Mestre em educação. Especialista em recursos sicos e tecnológicos em saúde. Especialista em auditoria em saúde. Professor adjunto da Pon ficia Unviversidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), atuando nos cursos de graduação e pós-graduação. Professor convidado dos cursos de pós-graduação do Ins tuto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV), dos cursos de especialização em enfermagem em urgência e emergência e enfermagem em terapia intensiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), do curso de especialização em enfermagem em urgência e emergência da Universidade Feevale e do curso de especialização em enfermagem em emergência da Universidade São Camilo (Região Sul). Instrutor do Advanced Trauma Care for Nurses (ATCN). Enfermeiro do Grupo Hospitalar Conceição, Ministério da Saúde (GHC/MS). Presidente Nacional do Departamento de enfermagem da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) na gestão 2016-2018. Rodrigo Madril Medeiros – Enfermeiro. Mestre em Enfermagem. Especialista em enfermagem em emergência, em terapia intensiva e em saúde da família. Professor convidado dos cursos de especialização pós-técnica em enfermagem em emergência e terapia intensiva do Hospital Moinhos de Vento – PROADI/SUS. Enfermeiro do Serviço de Enfermagem Cirúrgica (SEC) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Odon Melo Soares – Enfermeiro. Especialista enfermagem em terapia intensiva. Professor convidado dos cursos de pósgraduação do Ins tuto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV) e dos cursos de especialização em enfermagem em urgência e emergência e enfermagem em terapia intensiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Enfermeiro do Serviço de Terapia Intensiva (SETI) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).


Sumário

Apresentação ...........................................................................................

25

Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares

Prefácio ....................................................................................................

29

Dr. Silomar Ilha

PARTE I – Gestão na unidade de emergência

1

Polí cas públicas e a rede de atenção às urgências .........................

34

Márcio Neres dos Santos e José Maria Mendias Dantas Junior

2

Planejamento e organização dos serviços de emergência hospitalar.......................................................................

43

Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Altair de Oliveira Mello

3

Indicadores de qualidade assistencial para os serviços de emergência ................................................................

58

Márcio Neres dos Santos, Altair de Oliveira Mello, Virginia Bonebegr de Lima e Rodrigo Madril Medeiros

4

Acolhimento com classificação de risco nos serviços de emergência .....................................................................

67

Márcio Neres dos Santos, Matheus Mossi Guth, Virgínia Piereƫ e Rodrigo Madril Medeiros

5

Segurança do paciente e as melhores prá cas na enfermagem ...... Márcio Neres dos Santos, Vitor Pena Prazido Rosa, Rodrigo da Costa Vargas e Rodrigo Madril Medeiros

84


xviii Sumário

PARTE II – Avaliação clínica na unidade de emergência

6

Sistema zação da assistência de enfermagem (SAE) na atenção as urgências e emergências ...........................................

94

Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares

7

Avaliação clínica na emergência ....................................................... 100 Márcio Neres dos Santos e Odon Melo Soares

PARTE III – Monitorização hemodinâmica na emergência

8

Monitorização hemodinâmica .......................................................... 122 Odon Melo Soares, Dulce Inês Welter, Carmem Maria Lazzari, Michele Elisa Weschenfelder e Márcio Neres dos Santos

9

Monitorização hemodinâmica invasiva ............................................ 143 Dulce Inês Welter, Odon Melo Soares, Márcio Neres dos Santos, Carmem Maria Lazzari e Michele Elisa Weschenfelder

10 Choque circulatório ...........................................................................

155

Carmem Maria Lazzari, Dulce Inês Welter, Michele Elisa Weschenfelder, Márcio Neres dos Santos e Odon Melo Soares

11 Interpretação básica do ECG .............................................................

167

Márcio Neres dos Santos e Rodrigo Madril Medeiros

PARTE IV – Exames complementares

12 Exames laboratoriais .........................................................................

176

MarƟna Wüst, Márcio Neres dos Santos e Rodrigo Madril Medeiros

13 Exames de imagem: importância da radiografia de tórax na urgência .......................................................................... 197 Leonardo Gasperini

PARTE V – Cuidados em emergências neurológicas

14 Acidente vascular cerebral ................................................................

228

Isis Marques Severo, Michele Elisa Weschenfelder, Sílvia Daniela Minossi, Luciana Ramos Corrêa Pinto e Vanessa Fumaco da Rosa dos Santos

15 Crise epilé

ca .................................................................................... 249

Isis Marques Severo, Michele Elisa Weschenfelder, Sílvia Daniela Minossi, Luciana Ramos Corrêa Pinto e Vanessa Fumaco da Rosa dos Santos

16 Sedação e analgesia .......................................................................... Isis Marques Severo, Michele Elisa Weschenfelder, Sílvia Daniela Minossi, Luciana Ramos Corrêa Pinto e Vanessa Fumaco da Rosa dos Santos

258


Sumário xix

17 Meningite ..........................................................................................

277

Aloma Luz da Silva, Janaína Lima Mesquita, Juliana Trindade Mainart, Márcio Neres dos Santos e Odon Melo Soares

PARTE VI – Cuidados em emergências cardiológicas

18 Síndrome coronariana aguda ............................................................

286

Fernanda Lourega Chieza, Ellen HeƩwer Magendaz, Fernanda Meira Salazar e Brenda Gonçalves Donay

19 Insuficiência cardíaca aguda .............................................................

295

Brenda Gonçalves Donay, Késia Tomasi da Rocha, Fernanda Salazar Meira, Ellen HeƩwer Magedanz e Fernanda Lourega Chieza

20 Urgência e emergência hipertensiva ................................................

304

Brenda Gonçalves Donay, Késia Tomasi da Rocha, Fernanda Salazar Meira, Ellen HeƩwer Magedanz e Fernanda Lourega Chieza

21 Arritmias ............................................................................................

312

Brenda Gonçalves Donay, Késia Tomasi da Rocha, Fernanda Lourega Chieza, Fernanda Salazar Meira e Ellen HeƩwer Magedanz

22 Tamponamento cardíaco...................................................................

321

Jéli Adriani Tormam Zorzo, Carina Trindade de Castro e Darlan SebasƟão da Rosa

23 Uso de marca-passo na emergência .................................................

328

Darlan SebasƟão da Rosa e Carina Trindade de Castro

24 Parada cardiorrespiratória ................................................................

336

Carina Trindade de Castro e Darlan SebasƟão da Rosa

25 Cardioversão elétrica ........................................................................

354

Brenda Gonçalves Donay, Késia Tomasi da Rocha, Pamela Milene Bierhals e TaƟane Teichmann Bassedone

26 Vasculopa

a: dissecção de aorta ...................................................... 359

LeƟcia Pereira de Souza, Melina Maria Trojahn, Carina Trindade de Castro e Darlan SebasƟão da Rosa

PARTE VII – Cuidados em emergências pneumológicas e ven lação mecânica

27 Manejo das vias aéreas .....................................................................

370

Márcio Neres dos Santos

28 Doença pulmonar obstru Márcio Neres dos Santos

va crônica ............................................... 385


xx Sumário

29 Asma ..................................................................................................

396

Márcio Neres dos Santos, Ariane Goulart Rodrigues e Matheus Mossi Guth e Virgínia Pereƫ

30 Pneumonia ........................................................................................

402

Márcio Neres dos Santos

31 Tromboembolia pulmonar ................................................................

412

Márcio Neres dos Santos, Odon Melo Soares e Rodrigo Madril Medeiros

32 Edema agudo de pulmão ..................................................................

420

Márcio Neres dos Santos, Odon Melo Soares e Rodrigo Madril Medeiros

33 Insuficiência respiratória aguda ........................................................

428

Odon Melo Soares, Rodrigo Madril Medeiros e Márcio Neres dos Santos

34 Ven

lação mecânica não invasiva .................................................... 437

Odon Melo Soares

35 Ven

lação mecânica invasiva............................................................ 452

Wagner da Silva Naue

PARTE VIII – Cuidados em emergências gastroenterológicas

36 Hemorragias diges

vas ..................................................................... 464

Camila Lando, Thamires de Souza Hilário e Camila Prestes Pinheiro

37 Abdome agudo ..................................................................................

474

Thamires de Souza Hilário e Luis Joeci Jacques de Macedo Junior

38 Pancrea

te aguda.............................................................................. 484

Mariana Lopes de Campos e Luis Joeci Jacques de Macedo Junior

39 Encefalopa

a hepá ca aguda ........................................................... 493

Leandro Alberto Grassi e Thamires de Souza Hilário

40 Peritonite bacteriana espontânea ....................................................

503

Brenda Gonçalves Donay, Késia Tomasi da Rocha, Pamela Milene Bierhals e TaƟane Teichmann Bassedone

41 Hepa

tes agudas ............................................................................... 508

Graziela Pianegonda, Pâmela Rocha e Rodrigo Madril Medeiros

42 Síndrome compar

mental abdominal.............................................. 517

Camila Lando e Luis Joeci Jacques de Macedo Junior

PARTE IX – Cuidados em emergências endocrinológicas

43 Cetoacidose diabé

ca e estado hiperglicêmico hiperosmolar......... 526

Odon Melo Soares, Márcio Neres dos Santos e Rodrigo Madril Medeiros


Sumário xxi

44 Crise

reotóxica................................................................................. 535

Ariane Goulart Rodrigues, Jaciéli Nascimento Nunes de Lima e Rodrigo Madril Medeiros

PARTE X – Cuidados em emergências nefrológicas

45 Distúrbios hidroeletrolí

cos ............................................................. 542

Cássia Maria Frediani Morsch

46 Distúrbios acidobásicos.....................................................................

573

Kely Regina da Luz e Pablo Henrique SchmiƩ

47 Lesão renal aguda..............................................................................

595

Cássia Maria Frediani Morsch

48 Glomerulopa

as ................................................................................ 606

Kely Regina da Luz, CrisƟane Athanasio Kolbe, Pablo Henrique SchmiƩ

PARTE XI – Cuidados em emergências hematológicas e oncológicas

49 Anemia falciforme .............................................................................

620

Sílvia FáƟma Ferraboli, Camila Prestes Pinheiro e Rafaela Milanesi

50 Uso de hemocomponentes e hemoderivados ..................................

630

Rafaela Milanesi, Daniele Capilheira e Camila Prestes Pinheiro

51 Coagulopa

as .................................................................................... 642

Sílvia FáƟma Ferraboli, Camila Prestes Pinheiro e Rafaela Milanesi

52 Cuidados com o paciente oncológico ...............................................

656

Pablo Henrique SchmiƩ e Kely Regina da Luz

PARTE XII – Cuidados em emergências ginecológicas e obstétricas

53 Emergências ginecológicas e obstétricas ..........................................

684

Dinara Dornfeld, Marina Ramos BaƟsta, Sandra LuŌ Paladino, Itana Sena da Silva e Raquel Vieira Schuster

PARTE XIII – Cuidados em urgências e emergências psiquiátricas

54 Urgências e emergências psiquiátricas .............................................

714

Andrea Gonçalves Bandeira, Aline Basso da Silva e Débora Shloteseldt Siniak

PARTE XIV – Cuidados em emergências pediátricas

55 Suporte básico e avançado de vida................................................... Márcio Neres dos Santos, Cássio Amaro Moreira Freitas, Elaine Saraiva e Gilmara Odete Staudt

752


xxii Sumário

PARTE XV – Cuidados com sepse e infecções na unidade de emergência

56 Medidas de bloqueio epidemiológico em emergência ....................

768

Darlan SebasƟão da Rosa, Otavio Luiz da Fontoura Carvalho e Carina Trindade de Castro

57 Cuidados com sepse na unidade de emergência..............................

786

CrisƟni Klein e Jaqueline Sangiogo Haas

58 Leptospirose ......................................................................................

797

Aloma Luz da Silva, Janaína Lima Mesquita, Juliana Trindade Mainart, Márcio Neres dos Santos e Odon Melo Soares

59 Dengue...............................................................................................

802

Otavio Luiz da Fontoura Carvalho, Carina Trindade de Castro e Darlan SebasƟão da Rosa

PARTE XVI – Nutrição do paciente crí co

60 Nutrição no paciente crí

co .............................................................. 816

Oellen Stuani Franzosi, Érica Batassini e Simone Augusta Finard

PARTE XVII – Intoxicações exógenas e anafilaxia

61 Substâncias químicas: medicamentos e produtos químicos ............

840

Gilnei Luiz da Silva, Maria Augusta Moraes Soares e Renata Machado Brasil

62 Animais peçonhentos e plantas tóxicas............................................

863

Gilnei Luiz da Silva e Renata Machado Brasil

PARTE XVIII – Transporte hospitalar

63 Transporte intra-hospitalar e inter-hospitalar ..................................

884

Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares

PARTE XIX – Processo de doação de órgãos e tecidos

64 Processo de doação de órgãos e tecidos ..........................................

898

Karla Cusinato Hermann, Soraia Arruda e Denise Espindola Castro

PARTE XX – Trauma

65 Atendimento inicial intra-hospitalar ao paciente trauma Juliana Gibbon Neves, Sue Helen Barreto Marques Wainberg e Lilian Frustockl

zado ...... 922


Sumário xxiii

66 Noções de atendimento inicial ao paciente queimado ....................

935

Gabriela Silva e Thaís Flôr da Rocha

PARTE XXI – Terminalidade

67 Terminalidade: atenção da enfermagem ..........................................

950

Kely Regina da Luz e Pablo Henrique SchmiƩ, Mara Ambrosina de Oliveira Vargas, Julia Valéria de Oliveira Vargas Bitencourt e Francisca Georgina Macedo de Sousa

Anexo 1: Incompa bilidades medicamentosas .................................... Anexo 2: Tabela de incompa bilidades de medicamentos ................. administrados em Y Anexo 3: Tabela de diluição de medicamentos nas unidade de cuidados coronarianos e terapia intensiva .................................. Anexo 4: Tabela de diluição de medicamentos em urgência e emergência........................................................................................ Anexo 5: Imunizações no serviço de emergência .................................

971 975

979 985 989


Apresentação

Após cinco anos e algumas centenas de exemplares distribuídos nesse imenso país, ainda é clara a lembrança de conversa inicial com os editores da Moriá sobre a importância e a necessidade de uma literatura nacional sobre melhores práƟcas de enfermagem na urgência e emergência, nos diferentes cenários de atuação, que pudesse servir como um guia de consulta rápida para estudantes e profissionais nessa área. Essa obra foi totalmente revista e ampliada, e o que era para ser a 2ª edição da série Melhores PráƟcas de Enfermagem, acabou se aprofundando, tomando proporções maiores que o esperado e se tornando uma obra a parte da série. Nesse contexto, a rede de atenção às urgências e emergências é um importante observatório do sistema de saúde do país, na medida em que fornece inúmeras informações sobre uma determinada população, corroborando na elaboração de políƟcas públicas. Considerando a magnitude do contexto das urgências no âmbito hospitalar, as portas são consƟtuídas pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados intensivos, pelos serviços de diagnósƟco por imagem e de laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias, tal como a cardiocerebrovascular e o trauma. Nesse âmbito, as estruturas hospitalares e pré-hospitalares deverão ser qualificadas para o atendimento ao paciente agudo ou crô-


26 Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares (Editores)

nico agudizado, sem restringir as portas de entrada aos prontos-socorros. Assim como, as Unidades Coronarianas, as Unidades Vasculares e os leitos clínicos de retaguarda também deverão compor a estratégia assistencial. Os estabelecimentos hospitalares deverão contar com vagas disponíveis para os casos de urgência e emergência a parƟr da criação de leitos de retaguarda e regulação interna e extrena desses processos. Atualmente, as ações governamentais visam promover um processo de mudança na assistência e na gestão clínica das urgências hospitalares, e que tem como objeƟvo a ampliação e qualificação das portas de entrada hospitalares de urgência, das enfermarias clínicas de retaguarda, das enfermarias de retaguarda de longa permanência e dos leitos de terapia intensiva, e pela reorganização das linhas de cuidados prioritárias sinalizadas pelo gestor federal. É a parƟr do olhar atento em relação às políƟcas vinculadas ao cuidado críƟco no Brasil, sob a égide do público (e também do privado), trazendo a possibilidade do reconhecimento da Rede de Atenção às Urgências como o promotor de uma intervenção efeƟva para o enfrentamento das inúmeras dificuldades em arƟcular todos os pontos de atenção em saúde. Ao longo dos capítulos desta obra decorremos sobre algumas medidas funcionais de gestão clínica na urgência que podem impactar posiƟvamente sobre indicadores assistenciais, reduzindo número de óbitos; tempo de internação; sequelas decorrentes do retardo de socorro precoce qualificado; custos diretos e indiretos e da humanização da atenção ao usuário e das condições de trabalho e qualificação dos profissionais. Assim, este livro pretende trazer sua contribuição no processo de ensino-aprendizagem, de estudantes ou docentes, e também no aprimoramento daqueles que já atuam na área da enfermagem. Resultado do esforço de vários profissionais, que graciosamente despenderam muitas horas de trabalho, este livro procurou traçar um panorama da urgência e emergência nos seus capítulos, de modo a dar uma ampla visão da área ao leitor. Agradecemos aos novos editores e colaboradores que juntaram-se a nós, contribuindo com sua práƟca clínica, experiência docente para abrilhantar essa obra. Cada capítulo é de responsabilidade ex-


Emergência & Cuidados Críticos para Enfermagem: Conhecimentos – Habilidades – Atitudes 27

clusiva dos autores, apresentando, assim, não só informações técnicas consolidadas, mas também diferentes pontos de vistas sobre temas que ainda são objeto de pesquisa e discussão. A construção deste livro foi realizada por profissionais que atuam com pacientes graves. Para a seleção e revisão dos temas, contamos com a valiosa parƟcipação dos profissionais de diferentes serviços e, também, da Moriá editora, dando o aval e o requinte para o acabamento desta edição. Desejamos a todos um excelente aproveitamento. Márcio Neres dos Santos Rodrigo Madril Medeiros Odon Melo Soares


Prefácio

Antecipo-me agradecendo o convite de prefaciar esta obra, moƟvo que muito me honra, pois, de certo, trata-se de um livro que apresenta valorosa contribuição para o enfrentamento dos desafios contemporâneos na atuação/formação dos profissionais da área da saúde no que tange ao atendimento em situações de urgência e emergência, bem como de cuidados a pacientes críƟcos. Digo isto, pois percebo a sua capacidade de ampliar o repertório de conhecimentos e saberes relaƟvos a tal práƟca, por meio dos descritos nele conƟdos, fruto da parceria de profissionais com experiência docente e/ou clínico-assistencial renomada na área. Consideradas as demandas contemporâneas para a formação superior na área da saúde, na atualidade, o processo educaƟvo permanece indicando sua infinitude de possibilidades, pois se depara constantemente com desafios relacionados à práƟca de atuação desses profissionais. Tal práƟca – técnica e cienơfica – carece, constantemente, de invesƟmento em novos saberes e/ou fortalecimento dos já existentes, tendo em vista a velocidade com que o conhecimento é analisado, refleƟdo e (re)construído na área da saúde. É a parƟr desse juízo que parabenizo o Doutor Márcio Neres dos Santos, o Mestre Rodrigo Madril Medeiros e o Especialista Odon Melo Soares, enfermeiros, editores e organizadores desta obra, bem como todos os demais autores dos capítulos que a compõem.


30 Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares (Editores)

O livro Emergência & Cuidados CríƟcos para Enfermagem: conhecimentos – habilidades – aƟtudes vai ao encontro das demandas emergentes, tanto na atuação clínico-assistencial dos profissionais, como no processo de ensino-aprendizagem na/para formação superior na área da saúde, com destaque devido, aqui, do enfermeiro. Atrevo-me a dizer, certamente com muito respeito àqueles que não a escolheram, que a Urgência e Emergência deveria ser a especialidade primeira de todo profissional enfermeiro, pois trata-se de uma especialidade que atende a condição clínica de pessoas em uma situação que suscita decisões em um pequeno espaço de tempo. Tal situação não ocorre apenas em serviços Ɵdos como de atendimento pré-hospitalar móvel (APH) ou pré-hospitalar fixo, mas, também, dentre outros locais, em unidades clínicas, cirúrgicas, nos domicílios, nas empresas, na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o que remete a necessidade de profissionais preparados para atuar de forma segura e rápida, independente do contexto/cenário em que se encontram. A trajetória percorrida pelos autores envolvidos na organização dos capítulos que compõem esta obra certamente os possibilitou experiências que, somadas, ampliaram possibilidades de vislumbrarem o atendimento de urgência e emergência, bem como ao paciente críƟco, pela interface de diferentes olhares, corroborando o desejo e a consolidação da obra aqui apresentada. Seu conteúdo é amplo e diversificado, o que possibilita uma infinidade de conhecimentos próprios para a gestão em unidades de emergência e para o atendimento/cuidado a pessoas em diversas situações clínicas emergenciais e nos diferentes cenários de atuação, o que permite extrapolar fronteiras e limites do conhecimento. Sua proposta adquire primazia ao insƟgar infinitas reflexões sobre o saber clínico para a práƟca dos profissionais da enfermagem, embora não se restrinja a este grupo. Assim, esta obra pode ser uƟlizada por docentes e discentes durante o processo de ensino-aprendizagem, por profissionais da enfermagem e demais áreas da saúde, como um guia de consulta rápida ou como referência para estudos aprofundados acerca das temáƟcas relacionadas às urgências e emergências e aos cuidados a pacientes críƟcos.


Emergência & Cuidados Críticos para Enfermagem: Conhecimentos – Habilidades – Atitudes 31

Dessa forma, apropriar-se desta obra é um ato de cuidado e de responsabilidade, pois a sua leitura oportuniza o agir respaldado no conhecimento clínico para o melhor atendimento e cuidado, por meio de um olhar atento e eficiente às pessoas em situação de urgência, emergência e que carecem de cuidados intensivos. Finalmente, é indiscuơvel o estudo e o trabalho cuidadoso depositado pelos organizadores e autores na produção desta obra que contribui para o fortalecimento das práƟcas dos profissionais, pelo exercício clínico-assistencial baseado e respaldado no conhecimento técnico e cienơfico. Dr. Silomar Ilha Enf. Esp. em urgência, emergência e trauma. Doutor em Enfermagem (FURG) Docente do Centro Universitário Franciscano.


1 Políticas Públicas e a Rede de Atenção às Urgências Márcio Neres dos Santos e José Maria Mendias Dantas Júnior

O atendimento de urgência e emergência cons tui uma forma diferenciada de assistência à saúde, cujas decisões são estabelecidas num pequeno espaço de tempo. A lógica da atenção às urgências e emergências deve ser a garan a do acolhimento de casos agudos ou crônicos agudizados, independentemente de ser um serviço pré-hospitalar móvel (APH), pré-hospitalar fixo (Estratégia de Saúde da Família, Unidade Básica de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento), hospitalar (Pronto Socorro, Unidade de Emergência) ou pós-hospitalar (reabilitação, atenção domiciliar) cuja complexidade seja compa vel com seu nível de assistência e que haja possibilidade de encaminhamento para um ambiente de maior aporte de recursos assistenciais quando necessário, respeitando a regionalização e a hierarquização da assistência à saúde.1, 13 Entre os inúmeros desafios para a formulação de Polí cas Públicas que atendam a complexidade das demandas da Rede de Atenção às Urgências (RAU) está a acentuada morbimortalidade relacionada às violências, aos acidentes de trânsito e às doenças cardiocerebrovasculares. Além disso, começa a ocorrer uma inversão da pirâmide etária, com redução da taxa de crescimento e aumento da população idosa. O financiamento da RAU no Sistema único de Saúde (SUS) é composto por recursos provenientes das esferas federal, estadual e


17 Meningite Aloma Luz da Silva, Janaína Lima Mesquita, Juliana Trindade Mainart, Márcio Neres dos Santos, Odon Melo Soares

DEFINIÇÃO O termo meningite expressa a ocorrência de um processo inflamatório das meninges pia-máter e subaracnóidea, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

ETIOLOGIA A meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, tais como bactérias, vírus, fungos e parasitas e agentes não infecciosos (ex.: meningite pós-traumá ca) (tabela 1). As meningites de origem infecciosa, principalmente as causadas por bactérias e vírus, são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, pela magnitude de sua ocorrência e potencial de produzir surtos.1,2


34 Ventilação Mecânica Não Invasiva Odon Melo Soares

A ven lação mecânica não invasiva (VMNI) foi inicialmente aplicada na epidemia de poliomielite (1930-50), u lizando a ven lação por pressão nega va (pulmão de aço, couraça, poncho) que consis a na aplicação de pressão subatmosférica externa ao tórax simulando a inspiração, perdeu seu espaço nos anos 40 e 50, com o desenvolvimento da VMNI por pressão posi va e, principalmente, na década de 80, com a introdução do conơnuos posiƟve airway pressure (CPAP) para tratamento da síndrome de apneia obstru va do sono (SAOS)1. A VMNI des na-se à aplicação de um suporte ven latório sem recurso a métodos invasivos ar ficiais de via aérea, como tubo endotraqueal, máscara laríngea, combitubo ou traqueostomia1. O paciente é conectado ao ven lador por meio de máscaras especiais (interfaces) adaptadas ao nariz (máscara nasal), à boca/nariz (oronasal, facial) ou à face por completo (total face) ou mais recente por capacete (Helmet)2. A literatura tem evidenciado bene cio do uso da VMNI no manejo da exacerbação de doença pulmonar obstru va crônica (DPOC) e edema agudo pulmonar (EAP) de origem cardiogênica. Em unidade de emergência, terapia intensiva e pós-anestésica é um método de escolha para evitar intubação endotraqueal e suas complicações relacionadas à ven lação mecânica invasiva, bem como reduzir mortalidade, infecções, tempo de internação e custos.


Emergência & Cuidados Críticos para Enfermagem: Conhecimentos – Habilidades – Atitudes 459

Esta FR ajustada associada ao VC vai determinar o volume minuto do paciente (não ocorrendo disparos espontâneos). A regulagem da FR inicial fica entre 12-16 respirações por minuto (rpm) com um tempo inspiratório 0,9-1,2 segundos levando a uma relação inspiração: expiração (I:E) em torno de 1:2, ou seja, uma parte do ciclo ven latório para inspiração e duas parte para a expiração. Este ajuste inicial deve ser reavaliado após primeira gasometria, aumentando ou diminuindo a FR com o obje vo de manter a Pressão arterial de gás Carbônico (PCO2) entre 35-45 mmHg e um pH de 7,35-7,45 mmHg (excetuando situações específicas como a hipercapnia permissiva, SARA grave). Outro cuidado ao ajustar a FR é a auto-PEEP, comum em pacientes com DPOC, pois frequências respiratórias elevadas podem não permi r um correto tempo expiratório ocasionando alçaponamento de ar e consequentemente esforço ven latório.(4)(8) FiO2: este ajuste determina a porcentagem de oxigênio que vai ser acrescida ao ar comprimido, formando a mistura de gases ofertada aos pacientes a cada respiração. Os ven ladores que possuem Blender (misturador de gases) permitem uma oferta de 21-100% de oxigênio. Esta oferta de FiO2 deve ser a mínima necessária para manutenção de uma SpO2 93-97%. Manutenção de frações inspiradas de oxigênio são deletérias para os mecanismos de defesa pulmonar e podem facilitar o aparecimento de atelectasias, porem cabe ressaltar que a hipoxemia sempre é prioritária, a FiO2 deve ser suficientemente elevada para a manutenção de uma SpO2 acima de 93%. Em caso de hipoxemia crônica, valores menores de SpO2 90% podem ser tolerados.(2)(4)(9)

DESMAME DA VM Definição: caracterizado como a re rada gradual do suporte ven latório até que o paciente seja capaz de assumir totalmente o controle da ven lação, sendo responsável por até 40% do tempo total da VM. Pode ser dividido em 7 passos, como demostrado na figura 3. PréDesmame

Avaliação Clínica

Valores Predi vos

Teste Respiração

Extubação

VNI

Falha Reintubação

Figura 3. Passos do desmame. Fonte: Adaptado de Tobin, M. J. 2013.

Pré-desmame: neste período, o paciente ainda não apresenta estabilidade clínica para iniciar o processo de desmame, mas é importante já buscar o máximo de autonomia do paciente durante o ciclo ven latório. Ou seja, é de suma importância que o paciente passe a


47 Lesão Renal Aguda Cássia Maria Frediani Morsch

DEFINIÇÃO A lesão, ou injúria renal aguda (IRA) foi definida pelo grupo Acute Kidney Injury Network (AKIN) como uma abrupta redução (em 48 horas) na função renal, através do aumento absoluto na crea nina sérica e volume urinário. 1

CLASSIFICAÇÃO A IRA foi classificada pelo grupo AKIN em três estágios, conforme a gravidade, representados na tabela 1.2 Tabela 1. Estadiamento da ira conforme grupo AKIN Crea nina sérica

Diurese

Estágio 1

Aumento de 0,3 mg/dL ou aumen- <0,5 mL/Kg/h por 6 horas to de 150-200% do valor basal (1,5 a 2 vezes)

Estágio 2

Aumento > 200-300% do valor basal (> 2-3 vezes)

Aumento > 300% do valor basal (> 3 vezes ou Cr sérica 4,0 mg/ dL com aumento agudo de pelo menos 0,5 mg/dL) Fonte: Morsch C, 2010. Adaptada de Bagshaw, 2008. Estágio 3

<0,5 mL/Kg/h por > 12 horas <0,3 mL/Kg/h por 24 horas ou anúria por 12 horas


55 Suporte Básico e Avançado de Vida Márcio Neres dos Santos, Cássio Amaro Moreira Freitas, Elaine Saraiva e Gilmara Odete Staudt

O cuidado a uma criança em situação aguda é singular em função do desafio que a equipe enfrenta em função das diferenças anatômicas, fisiológicas e de desenvolvimento. As equipes as quais não possuem a exper se nesse po de atendimento poderão tornar–se vulneráveis às tensões e a às dificuldades de controle emocional, impactando na qualidade e efe vidade do atendimento. Outro fator dificultador no atendimento pediátrico de urgência é que não existe relação estabelecida de confiança entre a equipe e a família neste primeiro momento. A criança subme da à situação de estresse tem dificuldades de interação com estranhos, a dor diminui mais ainda a colaboração. Uma grande parte das urgências e emergências em pediatria pode se manifestar inicialmente como um desconforto respiratório, evoluindo para insuficiência respiratória, a qual pode ser ou não acompanhada de choque, quando estes se somam evoluem para insuficiência cardiopulmonar. A insuficiência cardiopulmonar sem atendimento adequado evoluirá para uma parada cardiorrespiratória (PCR).

CONSIDERAÇÕES ANATOMOFISIOLÓGICAS ACERCA DO PACIENTE PEDIÁTRICO • Tamanho e forma – o tamanho da cabeça da criança é maior, rela vamente à massa corporal (figura 1). É importante lem-


59 Dengue Otavio Luiz da Fontoura Carvalho, Carina Trindade de Castro e Darlan Sebastião da Rosa

DEFINIÇÃO A dengue é uma doença infecciosa transmi da pela picada do mosquito do gênero Aedes, tendo o Aedes aegyp como principal vetor de importância epidemiológica na transmissão, com epidemias recorrentes em diversas partes do mundo, cons tuindo um sério problema de saúde pública. O vírus é cons tuído por um genoma de RNA, pertencendo ao gênero Flavivirus da família Flaviviridae, do qual são conhecidos quatro soro pos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-41. Sua disseminação é influenciada por um conjunto de fatores que favorecem a permanência do vetor e a propagação do vírus como condições climá cas (período chuvoso e aumento da temperatura), hábitos da população, expansão da densidade populacional, bem como a facilidade para realizar viagens para países endêmicos2. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 50 e 100 milhões de pessoas são infectadas pelo vírus da dengue a cada ano. A doença mantém-se a va em mais de 100 países1. No Brasil é uma doença de no ficação compulsória, onde conforme dados do ministério da saúde, a transmissão vem ocorrendo de forma con nuada desde 1986, intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos soro pos em áreas anteriormente indenes ou alteração do soro po predo-


854 Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares (Editores)

Síndrome narcótica (opióides) Pode causar hipotermia, bradicardia, hipotensão, bradipneia, miose e depressão do SNC que pode chegar ao coma25,26. • Principais agentes envolvidos: opióides (heroína, morfina), difenoxilato; • Anơdoto: Naloxona; • Condutas terapêuƟcas: tratamento sintomáƟco, monitorização conơnua dos sinais vitais (respiração), manter oximetria de pulso, avaliação do nível de consciência; • Indicado: lavagem gástrica (somente para doses letais em até uma hora após a ingestão), carvão aƟvado (dose múlƟpla de 4/4 horas); • Não indicado: catárƟco, irrigação intesƟnal, alcalinização da urina, hemodiálise e hemoperfusão.

Síndrome serotoninérgica O paciente apresenta diaforese, diarreia, hipertermia, taquicardia sinusal, hiper/hipotensão, taquipneia, tremores, rubor, verƟgem, hiperreflexia, sialorreia, mioclonia, convulsões, rigidez muscular, agitação, hipomania, letargia, insônia, alucinações, midríase, reflexo de Babinski, opistótonos, ataxia e coma28. • Principais agentes envolvidos: triptofano, inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), anfetaminas, cocaína, ecstasy (MDMA). AnƟdepressivos tricíclicos, meperidina, trazodona, propoxifeno, dextrometorfan. Buspirona, dieƟlamida do ácido lisérgico (LSD), agonistas do receptor da serotonina; • Anơdoto: bicarbonato de sódio (anƟdepressivos tricíclicos); • Conduta terapêuƟca: tratamento sintomáƟco, monitorização conơnua dos sinais vitais, com atenção ao sistema cardiorrespiratório, manter oximetria de pulso, avaliação do nível de consciência, correção de distúrbios hidrelétrolíƟcos, intubação orotraqueal;


62 Animais Peçonhentos e Plantas Tóxicas Gilnei Luiz da Silva e Renata Machado Brasil

INTRODUÇÃO No presente capítulo serão abordadas as intoxicações causadas pelos principais animais peçonhentos e plantas tóxicas de ocorrência no Brasil. Os acidentes causados, tanto pelos animais peçonhentos quanto pelas plantas tóxicas são considerados emergências clínicas, e podem evoluir para o óbito do indivíduo se não forem tomadas as medidas necessárias num intervalo de tempo adequado.

ANIMAIS PEÇONHENTOS Os animais peçonhentos produzem veneno e são capazes de inoculá-lo a vamente a par r de uma estrutura própria. As serpentes inoculam o veneno através de suas presas, as aranhas através das quelíceras, os escorpiões pelo aguilhão e as lagartas através das cerdas1,2,3. A Organização Mundial da Saúde (OMS) es ma a ocorrência de 421.000 casos de envenenamento e 20.000 mortes ao ano no mundo. Tanto no Brasil quanto no mundo representam um problema de saúde pública devido à frequência dos eventos e à morbimortalidade que desencadeiam 3,4,5.


904 Márcio Neres dos Santos, Rodrigo Madril Medeiros e Odon Melo Soares (Editores)

Tabela 5. Exames complementares para confirmação de ME. Tipo de avaliação

Exame

A vidade circulatória cerebral

Angiografia cerebral Cin lografia radioisotópica Doppler transcraniano Tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT)

A vidade elétrica cerebral

Eletroencefalografia (EEG) Potencial evocado audi vo do tronco cerebral

A vidade metabólica cerebral

Extração cerebral de oxigênio Tomografia por emissão de pósitrons (PET)

Fonte: Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.480, de 08 de agosto de 1997.

A indicação e a repe ção do exame complementar, se necessário, depende da faixa etária do potencial doador (tabela 6). Pacientes acima de 2 anos não necessitam repe r o exame. Tabela 6. Exame complementar e intervalo entre exames. Idade

Exame e intervalo

7 dias a 2 meses incompletos

2 EEGs com intervalo de 48h

2 meses a 1 ano incompleto

2 EEGs com intervalo de 24h

1 a 2 anos incompletos

Qualquer exame. Caso EEG, 2 exames com intervalo de 12h

> 2 anos

Qualquer exame, não necessita repe ção

Fonte: Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.480, de 08 de agosto de 1997.

Mesmo os testes clínicos tendo sido posi vos para ME, por vezes o exame complementar não é conclusivo ou apresenta pequeno fluxo cerebral ou a vidade elétrica. Neste caso, não é necessário a reabertura do protocolo ou que o exame seja repe do em aproximadamente 12 a 24 horas em paciente acima de 2 anos. Ao final do protocolo de ME a família deve ser comunicada do óbito pela equipe assistencial. A Cer dão de Óbito deverá ser emi da com o horário do terceiro teste realizado, seja ele o exame clínico ou o complementar11. A no ficação da ocorrência de ME é obrigatória para a CNCDO, mesmo em não se tratando de um potencial doador. Cabe mencionar que, ocasionalmente, podem ocorrer movimentos motores inesperados e espontâneos em indivíduos em ME desde os mais simples, como mioclonias e fasciculações, até os mais elaborados, como o Sinal de Lázaro (flexão rápida dos membros superiores em direção ao tórax associada à adução dos ombros)12,13. Esses movimentos


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