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UM SUPLEMENTO

DE O ALDEÃO

Supervisão: José Itamar de Freitas Coordenação: Henrique Olivier Editor: André Motta Lima Ilustrações: Roberto Simões

ALVISSARAS Eclodiu o interregno teoretico ou

OBA OBA Pintou a transa oral da TV Enfim, a linguagem de televisão começou a ser definida pelos profissionais da TV. O Departamento de Telejornais preparou e distribuiu um Manual de Estilo para orientar os textos de telejornalismo. Por suas normas e regras, nenhum dos dois títulos seriam convenientes para anunciar o Manual. A já tão propalada, mas até agora pouco discutida, linguagem coloquial da televisão teria de se situar entre as duas formas. Por uma questão de espaço, não publicamos a rntegra do Manual. Foram eliminadas as partes de convenção de script e uma longa lista de palavras que não devem ser utilizadas, por difíceis e pouco usadas num bate-papo. Esta, inclusive, é a grande preocupação do Manual: encontrar o estilo do bate-papo sem palavras e expressões que "vulgarizam demais a linguagem". O momento parece ser o ideal para parar e pensar. Recentemente, Antonio Houaiss, da Academia Brasileira de Letras, analisava em entrevista a evolução de nossa língua. E dizia que ela

atravessa uma fase de mudanças constantes, que devem ser estudadas e registradas pelos linguistas. O que pode representar a aceitação de algumas gírias como palavras de novos valores, com suas conotações próprias. O limite exato entre a gíria vulgar e o coloquial, se tornaria difícil de se estabelecer. Sem dúvida, prevaleceria o bom senso: O senso comum, que só aparece através do debate do problema. Este é o ponto principal: nenhuma norma funciona se ficar no papel. Cabe aprovar, discutir, discordar. Fazer do exercício diário do telejornalismo o meio para se atingir a linguagem ideal. Não vale a atitude de simples contestação ou pura aceitação deste Manual de Estilo. Ele tem de ser visto com alvíssaras, obas-obas ou, segundo o próprio Manual, com elogios. O manual tem valor incontestável de definir linhas e facilitar o debate. O resto é por conta de cada um. A.M.

L.

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A palavra é tão importante na televisão quanto no jornal. A diferença é que o texto de jornal é para ser lido pelo público e de televisão para ser ouvido. Na televisão, não dá pra vol tar atrás e ler de novo ou ouvir de novo. O importante é que o texto seja claro. direto. simples. enfim. tenha as virtudes da linguagem coloquial. O locutor conversa com o telespectador. O livro "Television ews" faz uma comparação feliz: é como se a gente abrisse a janela e contasse para o vizinho a novidade do dia. Se a gente fizer assim, certamen te começará o papo com uma expressão do gênero: - Ei, João, sabe o que aconteceu? - Esse é um truque que você deve usar na hora de escrever uma notícia. Imagine que você está contando alguma coisa pra alguém Sempre que escrever. imagine uma pessoa - é com ela que você vai conversar. é pra ela que você vai transmitir a sua informação. Não esqueça que é importante motivar a pessoa para que ela receba o seu recado. O texto de televisão. que é para ser ouvido, é também, naturalmente. para ser lido em voz alta pelo narrador. Então, a primeira pessoa a ler o seu texto. em voz alta, deve ser você mesmo. A leitura em voz alta vai dar a você a chance de descobrir muitos erros. Palavras que não soam bem, comprometendo a musicalidade da frase; palavras mal colocadas, prejudicando o ritmo do texto -, e o ritmo é essencial para a apreensão da mensagem. Corrija as falhas. E. depois, mais uma vez, leia em voz alta. Se tiver tempo de ler para outra pessoa, não deixe de ler. Duvide sempre do texto que lhe sair de primeira. O texto tem que ser curtido, vivido, sofrido na máquina. Há redatores capazes de fazer um bom texto de primeira. Mas, esses a gente conta nos dedos. E talvez não seja o seu caso. Por isso, duvide sempre do seu primeiro texto. A televisão exerce sobre as pessoas um grande fascínio. Ao contrário do cinema, no entanto, ela nunca é dona absoluta do ambiente. Na sala. no quarto, onde quer que esteja, a televisão está sofrendo a concorrência de ou tros elementos: gente entrando e saindo, coisas acontecendo na sala. bagunça de crianças. Quando o telejomal entra no ar, geralmente ele fala para o homem que chegou cansado do trabalho, para a dona-de-casa, suas panelas. a mesa e as crianças. Essas pessoas querem se informar. Mas é preciso que a televisão dê a elas um telejornal bem escrito, bem ilustrado, bem dosado. Senão. simplesmente poderá se desligar, ou desligar o aparelho, até amanhã ou até nunca mais. E todo o seu trabalho e de sua equipe terá ido por água abaixo. Seu objetivo transmitir a informação fracassou redondamente. Outra coisa imoortante na hora de escrever: ietnbrar que o locutor precisa respirar. E uma 6

PUBLICAMOS O MANUAL O RESTO E COM VOCE pausa para respirar no meio de uma ajuda. geralmente, a chegar ao frase quebra o ritmo da leitura e coloquial, ao espontâneo. Não pode até alterar o sentido do texto. tenha medo de repetir. Mas repita Portanto, frase curta. ordem direta. com bom gosto. Jamais use "daquele As intercaladas, a não ser órgão", a "referida pessoa" e curtinhas, devem ser evitadas. coisas do gênero. Não só frases curtas: prefira Um conselho de muita sensibilidaàe também palavras curtas. Aí está de um editor americano: "Não outro segredo de um bom texto de escreva sobre idéias ou sobre televisão. A palavra longa coisas. Escreva sobre pessoas que tiveram idéias ou fizeram alguma geralmente sugere coisa abstrata. coisa. Faça, sempre que possível. A frase é um pacote de in formação referência a pessoas na noticia. A compara o "Television News" briga de dois homens é mais e a in formação em palavras longas interessante que a briga de dois é um pacote pesado demais. Evidente exércitos." que você não poderá evitar sempre Procure tirar o caráter oficial a palavra longa e abstrata. Mas da not ícia. Comece o tex to com a se tive r que usar, use em frases novidade, com o que houver de mais curtas. atraente. Só depois diga quem Uma série de frases curtas e decidiu, quem decretou. incisivas dá à notíeia um sentido Um bom recurso para uma notícia é de ação e urgência, assim mesmo, o título: uma ou duas linhas bem é bom variar um pouco o comprimento escritas, despertando o interesse das frases para evitar que o estilo do telespectador, enriquecem a fique muito pingue-pongue. edição. Faça isso sempre que Churchill dizia com muita possível. Um exemplo, ao acaso: o sabedoria: "As palavras curtas são título que abriu uma reportagem de as melhores. E as palavras curtas, pesquisa sobre a Iam tlia real quando são velhas, são as melhores espanhola: "Caudilho morto, rei de todas." posto." Outro homem bem-hurnorado , Mark Twairn , A televisão herdou do rádio, que por que ganhava por palavra que escrevia, sua vez tinha erradamen te copiado do afirmava: "Nunca escrevo metrópole I jornal. a mania de não usar os por sete cents se posso escrever artigos. Por exemplo: "Vietname cidade pelo mesmo preço." do Norte ataca Vietnarne do Sul." "Escrever é contar palavras" - é a lição do mestre Carlos Orummond O pessoal do radiojornalismo não de Andrade. Essa mesma lição está percebeu que a supressão dos artigos no "Television News" em duas nos títulos das notícias tinha e frases: se a palavra não é tem uma razão própria de jornal necessária, corte. Se a frase não ligada à limitação do espaço. Para acrescenta nada à informação, poder usar uma tipagem mais destacada, não use a frase. e com isso valorizar a matéria O importante é levar a notícia, os redatores de jornais não só a idéia, em poucas e bem escolhidas eliminaram os artigos como cometeram palavras. ão se quer o texto pobre, e ainda cometem outras licenças desse vulgar. O que se quer é um texto gênero, tais como o emprego de coloquial, com as palavras bem siglas em vez de nomes (88, JK, 8ID, escolhidas, usadas na hora certa e INPS), chegando mesmo ao extremo de no ritmo certo. abreviar palavras. Exemplo: Expo-Zê ; Respeitar a palavra é muito Pomo-72. Na televisão, o artigo é indispensável ao coloquial e, importante no texto de televisão. convenhamos, um artigo a mais não Imprescindível, no entanto, é não esquecer que a palavra, na televisão, chega a provocar estouro no tempo do jornal .... está casada com a imagem. O papel da palavra é enriquecer a informação visual. Quem achar que a palavra . ALGUMAS NORMAS FUNDAMENTAIS pode competir com a imagem está completamente perdido. Ou o texto tem NA HORA DE a ve r com o que está sendo ESCREVER O TEXTO mostrado ou o texto trai a sua função. Assim, filme de arquivo só deve ser I. Escreva sempre à máquina. Se usado quando contiver informação. houver erro. bata de novo. O Imagem só para disfarçar, sem peso script deve chegar limpo ao locutor. de notícia. não vale. Não esqueça que ele precisa Repetir palavra, nome de lugar, de apresen ta r bem ao pú blico o órgão, de pessoa. é legítimo, e trabalho de uma equipe que trabalhou


Este pequeno manual trata, do início ao fim, de problemas relacionados com o bom uso da palavra no telejornalismo. Resta mu ito a dizer sobre o papel da palavra na valorização da mensagem de televisão. Parece pacífico que a imagem é muito mais forte que a palavra. Isso é tão verdadeiro que se você usar um texto em desacordo com a imagem, o recado visual passa, o sonoro se perde. Nem por isso você pode subestimar o papel da palavra na televisão. Quer fazer um teste? experimente ouvir o Jornal Nacional sem vídeo. No dia seguinte, veja sem áudio. Não temos a menor dúvida: você sai muito mais bem informado no primeiro do que no segundo dia. DIVISÃO DE TELEJORNAIS DEZEMBRO DE 1975

mais de doze horas na produção do telejornal. 2. Use espaço triplo. Letra maiúscula. 3. Nunca divida palavras de uma linha para outra e nem divida frase quando mudar de página. 4. Escreva um assunto em cada página. 5. Identifique a sua matéria no alto da página, à esquerda, escreva seu nome e o assunto. Se houver necessidade de mais uma página para a matéria, escreva de novo o nome, o assunto e numere. Ex.: Cláudia/Chegada de Ford - 2. 6. Não faça correção como em jornal: H ofeli ,. Se a palavra for batida errad1f.' Risque e escreva outra vez. 7. A pontuação pode ser diferente da pontuação de jornal e de revista. Ela deve orientar a leitura do locutor: parênteses, travessão, reticências são usados para ajudar o ritmo da leitura. 8. Sublinhe as palavras em que você quiser maior ênfase do locutor. 9. As ci tações devem se r anunciadas. Por exemplo: "O historiador Arnold Toynbee surpreendeu seus amigos, hoje, com esta declaração: ". Se for longa a fala, lembre, no meio, de quem é o pensamento: "Disse", "reafirmou", "destacou", "concluiu", etc ... 10. Não abrevie. Só use sigla quando for muito conhecida como

SUNAB, DETRAN, CONTRAN, INPS. As siglas pouco conhecidas tl::,vem ser trocadas em miúdo. E escritas letra por letra, com tracinho, para facilitar a leitura. Ex: B·N-D-E 11. Simplifique os nomes, principalmente de pessoas famosas: o Presidente Geisel em vez de o Presidente da República Ernesto Geísel. 12. Dê o título ou diga o que a pessoa faz antes de dar o nome: a atriz Susana Gonçalves, o piloto de Fórmula Um James Hunt, o Ministro Reis Veloso. E claro que artistas realmente populares e figuras esportivas já consagradas dispensam qua lificaçãc: Ex: Pelé viajou. Brigitte Bardot vai casar de novo. 13. Evite o tratamento íntimo com personalidades: Geisel fez isso Ford falou aquilo Também o excesso de cerimônia no tratamento não é válido: nada de senhor presidente, senhor juiz, etc ..... Basta dizer: presidente, juiz, etc ...

14. Deixe bem claro quando aconteceu o fato. Em vez de dizer simplesmente hoje ou ontem, é mais preciso indicar hoje de manhã. esta manhã, hoje de tarde, esta tarde, esta noite, agora à noite. Esse detalhe muitas vezes melhora a compreensão de uma notícia. Um assalto na Avenida Nossa Senhora de Copacabana muda de figura se aconteceu à meia-noite ou ao meio-dia. 15. Números: não use números só porque vocé os tem à mão. Se os núme ros dizem pouco pra você, dirão menos ainda para o telespectador. E procure relacionar, sempre que possível, o número, a quantia, com o dia-a-dia das pessoas. Os números devem ser escritos por extensos nos textos em off. Facilita a contagem do tempo para a montagem de filme ou de vt. Nos textos ao vivo, podem ser usados algarismos, mas de modo a ajudar a leitura. Por exemplo: 15 bilhões, 196 mil, 243 cruzeiros. Já os algarismos romanos, as frações e porcentagens devem ser escritos por extenso: Paulo Sexto, dois terços, 25 por cento. Outro detalhe importante no capítulo sobre números: use números redondos. E por escri to: ou em cartões em cromaqui ao lado do apresentador ou em insert, isto é sobre as imagens do filme. 16. Na hora de abreviar unidade de medida e de tempo, não esqueça destas regrinhas: A) Só se abrevia unidade de medida com letras minúsculas, inclusive iniciais. B) Sempre no singular, jamais no plural. C) Sempre sem ponto depois da abreviação D) Vírgula só é usada em unidades decimais: Exemplos: Horas: 8:25m Metros: 1,30m Para maior clareza, para horas deve-se usar por ex tenso a fim de evitar erros numéricos que são mais fáceis de acontecer no gerador. 17. Hora - No coloquial, nunca se diz: vou a sua casa às 17 horas. A gente fala: - Vou a sua casa às cinco da tarde, portanto, use: cinco horas da tarde, três da madrugada, oito da noite. Nunca: dezessete horas, vinte horas, etc .... 18. Não deixe de converter para os sistemas brasileiros correntes as informações de moedas e medidas estrangeiras. Não há nada mais irritante do que dar uma notícia assim: "O BIO emprestou ao Brasil dois milhões de dólares",

ou "o navio afundou a 15 milhas da costa", ou ainda "o velocista alemão correu 115 jardas em 30 segundos." Vamos fazer a devida conversão das milhas em quilômetros, do dólar em cruzeiros e das jardas em metros. Se é que nós queremos que o povo entenda o nosso recado. 19. Singular: o singular é muito melhor que o plural nas frases do coloquial. Sempre que possível, use o singular: a chuva, por exemplo. Nunca: as chuvas. 20. No coloquial, a gente pode usar o presente e o futuro composto em lugar do futuro simples, o futuro simples, no entanto, continua valendo sempre qt:e houver por perto um composto. E melhor dizer: o presidente viaja amanhã. Do que dizer: o presidente viajará amanhã. 21. Evite as formas mesocl íticas: poder-se-ão. As procl íticas são mais espontâneas: o menino se machucou. 22. O pois, comum na linguagem escrita, é totalmente desnecessário no coloquial. Se a ligação for realmente necessária, use o porque, nunca o pois, o mas também só deve ser usado quando a adversativa for indispensável. Embora é outra palavra que deve ser rara nos textos. E por falar em muletas de estilo, jamais use: enquanto isso, entrementes, nesse interim e coisa dessa linha. 23. As palavras e expressões de gíria, embora tenham o sabor do coloquial, devem ser evitadas porque vulgarizam demais a linguagem. 24. Elimine, tanto quanto conveniente, o emprego do possessivo seu, sua. E adote o pronome dele, dela. Ex: "Na polícia, o motorista provou que o carro era dele". E não: . "que o carro era seu." Há frases, porém, em que a troca não funciona. Exemplo: "O poeta foi morto na casa dele." Muito mais claro, mais espontâneo dizer: "O poeta foi morto na sua própria casa." 25. Pronomes pessoais: existe perigo de confusão no uso indiscriminado de pronomes pessoais. Só escreva ele, ela, eles quando o telespectador puder ter certeza de quem se trata. O ouvido do telespectador não pode retroceder, como faz lendo uma notícia impressa, para identificar a pessoa representada pelo pronome. Portanto, repita o cargo ou mesmo o nome toda vez que pairar urna dúvida. 26. Refrescando a memória: nunca imagine que o telespectador tem conhecimento prévio dos antecedentes da notícia. Nem mesmo quando o assun to tenha estado na ordem do dia durante semanas. Cada notícia deve ser completa em si mesma. E todos os termos da notícia devem ser definidos como se fossem ditos pela primeira vez. 27. Continua é a palavra proibida para começar um texto. Tudo que continua já não tem impacto.

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AQUI, OS CRITERIOS PARA UMA BOA EDICAO

O QUE VOCE DEVE EVITAR

só deve ser selecionada se contiver uma informação importante ou uma boa dose de emoção. Se o entrevistado é um nome-notícia, o que ele disser geralmente merece ir ao ar. Pense bem antes de usar mais de uma fala na matéria. Ir e voltar com o entrevistado só quando ele realmente está dizendo coisas muito interessantes. Ex: o sobrevivente de um desastre de avião, embora desconhecido, terá, certamente, um depoimento dramático. A rainha Elizabeth, se falar, vale o que ela disser, mesmo que não tenha impacto. 5. O som e a imagem devem ser sempre de boa qualidade. Se, no entanto, houver algum problema técnico, o editor deve pesar a importância da notícia. Um som ruim só deve ser usado no caso de depoimento muito importante, mas é fundamental antecipar, na voz do apresentador, o que vai dizer o entrevistado. E sempre justificar o áudio ruim destacando o alto valor jornalístico da entrevista. Ex: gravação da conversa do senador Wilson Campos, no caso Moreno. 6. Identifique, no texto, o entrevistado antes que ele apareça falando. Não deixe que ele seja identificado apenas pelo gerador de caracteres ou pelo cartão. Afinal, a TV é um veículo audiovisual. 7. Filme e VT não são os únicos recursos de informação visual. Mapas, se los, gráficos, cartões, caricaturas, etc. . . podem enriquecer um assunto. A editoria de arte é parte integrante da editoria de texto. 8. Variar a redação é enriquecer o jornal. Com som e imagem e um pouco de criatividade, qualquer editor de sensibilidade pode fazer boas edições, uma diferente da outra. Um telejornal é o conjunto de várias reportagens. Se todas estiverem editadas do mesmo jeito, o jornal fica monótono.

Um dos maiores defeitos do telejornalismo no Brasil ainda é a linguagem pretensiosa, herança do velho radiojornalismo. Vamos, então, procurar dar o nosso recado com a maior naturalidade, no tom coloquial espontâneo. Evite, no texto dos noticiários, palavras e expressões que você jamais diria num bate-papo.

Na hora de cortar uma entrevista, uma fala, você também pode tomar um limite como orientação: quando o entrevistado falar mais de trinta segundos, desconfie, ouça de novo tantas vezes quantas você precisar para descobrir o que está sobrando, raramente você não terá o que cortar, e não adianta usar filme para cobrir a cara do entrevistado se a fala é longa. O importante acaba se perdendo na enxurrada de coisas que diz o entrevistado. Se você souber aproveitar o essencial da entrevista e souber fazer um texto para valorizar o essencial, terá, na certa, uma boa edição. A exceção será determinada pelo grau de emoção e impacto da entrevista. Medidas para facilitar a edição 1. Veja o fílme anotando as principais imagens e as falas que você acha que vai usar. Na hora de escrever, você não vai esquecer um detalhe importante. 2. Faça um planinho de edição depois de ver o filme. Com o tempo, você encontrará a sua própria maneira de fazer o plano. Ele deve ser simples, de preferência por escrito; Ex: 1. Cabeça 2. Fala do ministro 3. Imagens do avião - 20" 4. Sobe som do avião 5. Povo fala Com isso, fica mais fácil ordenar o pensamento. 3. Não diga no texto o que entrevistado vai falar, procure despertar no telespectador o interesse pela fala do entrevistado. 4. Um critério para usar a entrevista: se a pessoa é desconhecida, a fala

No livro "Television News" há uma curiosa fórmula para o editor saber se o texto está no tamanho certo. O método em inglês se chama "Easy Iistenning formu Ia", que a gente pode traduz ir assim: "Fórmula para entender facilmente". A fórmula foi conseguida com a ajuda de um computador e através de uma pesquisa em scripts de telejornais americanos e dos seis maiores jornais dos Estados Unidos. E simples: em cada frase, conte cada sílaba das palavras de mais de uma sílaba. Veja o valor delas na tabelinha: Palavra de uma sílaba = zero Palavra de 2 sílabas = 1 Palavra de 3 sílabas = 2 Palavras de 4 sílabas = 3 E assim por diante. Se você fizer até vinte (20) pontos, o texto deve estar bom; Se passar dos vinte, releia. Se houver adjetivos e advérbios de sobra, corte. Se o problema não for esse, trate de dividir o texto em duas ou três frases.

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Nunca use as seguintes expressões: À guisa de... Adotou as providências de praxe Aquela casa do Congresso A referida matéria Adiado sine díe As solenidades de praxe Boletim médico Briosa corporação Com vistas a Com a chancela Capotou espetacularmente Condição sine qua non Calor senegalesco Com o correr das horas Cumprir extenso programa Digna de louvor Daquela nação amiga Erário público Em face de Entidades aqui representadas Em ambiente salutar Eximir de culpa Fontes bem informadas Ferimentos contusos, contusões e escoriações generalizadas Filho pródigo Filho maldito Fulminado por um colapso Fortes chuvas Falou à nossa reportagem Famoso artista, cantor etc ... (Se é famoso não é preciso que se diga) Homem de negócio Internacionalmente famoso Imprensa escrita, falada e televisada Lamentável acidente Morte do infeliz Modus vivendi Mau tempo reinante Mera coincidência Numeroso público presente Pistas escorregadias Por outro lado Pai desnaturado Pivô da tragédia Poder público Precioso líquido Presentes autoridades civis, militares e eclesiásticas (se for o caso, diga o nome das autoridades presen tes) Reverenciar a memória Sob os auspícios Sob intenso tiroteio Sagrou-se campeão Surto epidêmico Status quo Tempo sujeito a chuvas e trovoadas Tempo material Titular daquela pasta Tantos mortos foi o saldo (ou balanço) trágico Todavia Últimos retoques Vive à margem da lei Valorosos soldados Zona boêmia


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