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UM SUPLEMENTO

DE O ALDEÃO Supervisão: José Itarnar de Freitas Coordenação: Henrique Olivier Editor: André Motta Lima Ilustrações: Roberto Simões

A nova visão dos curtas

Eleições 76: um ponto de vista

Um prêmio para a boa imagem

Uma entidade para cinegrafistas 5


A experiência da TV dá certo nos curtas Alguns já tinham uma experiência de cinema. Outros começaram a se formar na televisão. Juntos, criaram um movimento denominado "Cinema de Rua". E os prêmios começaram a aparecer, nos festivais da Aliança Francesa, no Rio, e no de Curta-Metragem, em Salvador. Eles preferem não aparecer Individualmente, creditando tudo ao trabalho de grupo - um grupo basicamente formado pelos funcionários do Departamento de Reportagens Especiais de São Paulo. João Batista de Andrade explica o que é o "Cinema de Rua". Como pra tudo, no Brasil também costumam apresentar a tese de que cada país tem o Cinema que merece. Ou o domentário que merece. De certa forma concordo com isso, na medida em que Cinema é feito sempre em condições concretas de realidades, em condições concretas de censura, de -autocensura, de mercado (ou melhor, de falta de mercado), de desenvolvimento cultural, de participação das diversas camadas da sociedade nas decisões da vida nacional etc., principalmente o último item. O documentário brasileiro sempre se desenvolveu bem.de acordo com a falta de estrutura definida da sociedade brasileira, dependendo de esforços individuais que só a muito custo conseguem um mínimo de significado social ou político (quando conseguem sair do puro projeto pessoal e chegam àqueles a quem deve se destinar qualquer projeto de comunicação - a população em geral e, principalmente, a parcela da população atingida pelo tema do.projeto). Não atingindo, como quase sempre, um significado social ou político mais profundo, não se desenvolve como deveria e cada novo projeto se inicia do zero, como uma nova aventura individual, quixotesca, sem criar uma praxis de cultura cinematográfica. Mas por que essa dificuldade? Tenho a impressão ~'~ que uma coisa é fundamental para entender o porque: o Cinema Brasileiro nasceu sem mercado e já sem condições de criar o seu próprio mercado. O sistema de exibição (cinema ou TV) no Brasil foi montado baseado na produção estrangeira (com relação a filmes) e para essa produção. Nosso Cinema sempre foi tratado como estrangeiro em seu pr6prio país. O que criou mil distorções, desde a criação de um gosto nacional pelas coisas estrangeiras até à dificuldade de desenvolvimento de qualquer cinema brasileiro. Então, deixando de lado o cinema de ficção, longa metragem, o documentário brasileiro sempre existiu à margem total do mercado e subvencionado de uma forma ou de outra por entidades governamentais ligados à educação, pesquisa ou cultura. E circularam sempre nos circuitos estreitos dessas entidades, atingindo alguns estudantes, interessados e cineastas eles mesmos, conquistando tantas vezes o respeito merecido aqui e no exterior, mas sem conseguir quase nunca atingir seus objetivos de uma grande comunicação nacional. Conscientes desses problemas, os documentaristas brasileiros lutam hoje por criar seu próprio mercado, seja nos 6

cinemas tradicionais (obrigatoriedade exibição acompanhando cada filme estrangeiro - que já é lei e que deveria já estar regulamentada), seja na Televisão (que praticamente não exibe filme brasileiro) seja na criação de mercados alternativos com cineclubes, sociedades de bairros, escolas etc. Penso que essa luta deve ser pensada como passo para uma posição decisiva dos documentaristas brasileiros: a busca de contato com o seu público, com o povo brasileiro; documentando seus problemas. seus sonhos, e estabelecendo um diálogo permanente com ele, fonte e fim de qualquer projeto de cinema. Dentro dessa idéia, com um grupo de cineastas de São Paulo, desenvolvemos um movimento que acabou se denominando "CINEMA DE RUA" e que andou dando pano pra manga, quando apresentamos o primeiro bloco de filmes na última JORNADA BRASILEIRA DO CURTA METRAGEM, em Salvador. Cinco filmes curtos, preto e branco, em 16 mm, mal acabados, muitas vezes mal realizados, mas que traziam uma ou algumas propostas a serem desenvolvidas. Um filme sobre construções de periferia feitas pelos próprios moradores em fim de semana, outro sobre o trabalho em olaria, outro sobre trabalhadores em construção civil, outro sobre vendedores ambulantes, outro sobre um persistente e enorme buraco que há 25 anos ocupa inteiramente a rua de um bairro e para o qual não se encontra solução, mas que já tem pinguelas e um nome ("Buraco da Comadre"). O "CINEMA DE RUA", nasceu do contato com um tipo de realidade urbana, em São Paulo. E, no meu caso, de minha experiência no trato diário desses problemas quando fazia reportagens especiais para o telejornal da TV-Cultura-SP, entre 1972173; e da verificação da assustadora quantidade de problemas do morador das grandes cidades e de como cada problema está ligado a problemas bem maiores. como a falta de participação, o crescimento desordenado, a especulação imobiliária, a estrutura agrária que força a migração, o baixo salário etc. A verificação de que cada pequeno acontecirnei.to (fato) pode revelar problemas incríveis e importantes que nós - e muitas vezes sequer os personagens do fato não percebemos. Por outro lado, a experiência desse trabalho revelou também o interesse da população em discutir seus problemas (o que inclusive começaram a fazer as sociedades de bairros, as paróquias etc) -

interesse que revelou a possibilidade de um trabalho voltado à discussão desses problemas, com essas pessoas. Isto é: fazer um cinema voltado para esse tipo de interesse, dedicado a isso; e então definir nosso papel de documentarista como daquele cidadão que se dedica a u.n tipo de atividade, gosta dessa atividade e procura realizar seu gosto estético em temas de interesse da sociedade, com filmes que possam contribuir para a discussão de seus problemas. Por exemplo, é comum, hoje, a procura de filmes documentários sobre temas específicos, para discussão: problemas de menores, acidentes de trabalho, transportes,' salário, problemas gerais de bairros etc. Trata-se então de fazer esses filmes, e outros que julgaremos importantes, mesmo porque praticamente inexistem (falo de quantidade) filmes capazes de atender a essa procura de mil temas importantes e que estão importando hoje. A outra coisa importante, penso, é a forma proposta desse tipo de cinema: utilizando a experiência do repórter, a rapidez de uma reportagem e os escassos recursos necessários (cârnera 16, em gravador que dê boa qualidade, não necessariamente profissional, e filme preto e branco, o que faz que esses filmes sejam baratíssimos). Incorporar, no Cinema, a experiência do repórter significa ir atrás do fato e ali, com sua experiência e perspicácia, descobrir os elementos chave do fato e o que esses elementos revelam de mais importante, além do simples fato. No buraco de rua (exemplo do "Buraco da Comadre"). descobrir que a cidade cresceu para o automóvel, vive para o automóvel e que dificuldade de sua solução atinge não só um morador de periferia urbana, mas toda uma rua, todo um bairro e toda a periferia com seus milhões de moradores que não usam o autom6vel e não participam dos destinos da cidade. Os filmes até agora realizados com a marca "Cinema de Rua" são o esboço dessa proposta, e para mim sua importância é que fizeram uma escolha temática e estão propondo sua pr6pria ligação com seu público, além de definir (tudo é tentativa .. .) sua função. OBS: Quero lembrar, aos interessados, que existe em São Paulo uma distribuidora de mercado alternativo 16 mm: A DINA-Filmes, do Conselho Nacional de Cine Clubes - Rua do Triunfo, 134 8? andar, telefone: 221-3641.


Quando a boa imagem dá prêmio Um jovem francês, de 21 anos, recém-formado em fotografia pela Universidade de Paris, está viajando pelo mundo inteiro, com tudo pago. Jean Hugues Noel é um dos classificados, entre 2.800 candidatos, num concurso promovido pela televisão francesa. Este mês ele passou pelo Rio de Janeiro e respondeu às perguntas dos cinegrafistas da Globo. Aqui, o resultado desta conversa, onde Jean Hugues explica como funciona o concurso. "Participei de um concurso chamado "Corrida ao redor do tviundo",. no programa de Jacques Antoine e Roger Bourgeon, apresentado por Jacques Paugham, e que vai ao ar todos os sábados, das 18 às 19 horas pela ANTENNE 2. O programa lançou, dia 18 de setembro passado, um concurso: dez dos 2.800 candidatos dariam volta ao mundo em 98 dias, realizariam reportagens fotográficas e cinematográficas nos países visitantes. O concurso foi aberto a qualquer um amador em fotografia ou cinema, de nacionalidade francesa, entre 18 e 30 anos. A seleção foi feita da seguinte maneira: REFLEXO - Tirar instantâneos das' imagens de um programa de TV; reconhecer fotografias de personalidades (Meio Antunes, Ch agall, .Helmut Shmidt); redação autobiográfica; explicar os motivos para participar do concurso. Fazer desenhos, tirar fotos da família, sua casa e de uma estátua. Desta 1~ etapa 100 dos 2.800 candidatos foram selecionados. PSICOLOGIA - Entrevista com os organizadores; prova de jornalismo, por exemplo: "Você se encontra frente a Mario Soares. Faça-lhe três perguntas que, precisamente, possam nas respostas mostrar sua personalidade e a situação política de seu país. Tem IS minutos para fazê-Ias." Desta 2~ etapa restaram 30 dos 100 - candidatos anteriores. EFICIÊNCÍA - Com uma cãmera polaroid. o candidato deve se dirigir ao Palácio de Versalhes e num período de três horas tirar uma foto insólita; Encontrar em dois dias uma figura extraordinária seja por seu rnetier, seu físico, sua história, e levá-Ia à ANTENNE 2, no dia do programa. Desta 3~ etapa os candidatos foram reduzidos a 20. REALIZAÇÃO Equipado com cârnera e gravador, cada candidato deverá realizar uma reportagem, num dia, sobre um bairro sorteado de Paris. Depois de editada, a matéria deve ter 90 segundos de duração. Dois meses depois do lançamento do programa, incluindo as 4 etapas, foram selecionados finalmente 10 candidatos, duas moças e-oito rapazes, para a última e sensacional etapa: A VIAGEM - a) Condições: estar de volta em 98 dias; atravessar a to-

talidade dos meridianos; fazer seis escalas aéreas obrigatórias de uma lista de diversas apresentadas ao concorrente. b) Obrigações: telefonar todos os sábado, entre 14.30 e 18.45 (hora de Paris); envia~, no mínimo. uma reportagem por semana. Depois de discorrer sobre o concurso e suas etapas, Jean Hugues disse ainda que o material colhido nas viagens é julgado por um júri de 7 pessoas entre exploradores e jornalistas. As reportagens julgadas boas, em cada período de 15 dias, dará direito ao candidato a um prêmio imediato de 500 dólares creditado numa próxima viagem escolhida pelo candidato. Em seguida. falou também do ItInerário por ele traçado: Argélia, Congo. Costa do Marfim, Senegal, Brasil, Venezuela, México. Estados Unidos. Singapura, Tailândia, Sri Lanka, Índia. Quênia, Tanzânia, Sudão, Egito. Grécia, Itália e Paris. "Minha primeira reportagem - disse J.Hugues - foi sobre um safári no Congo; depois, uma jazida petrolífera. Esta última porém. deu bronca; eles não querem material e cunho político. No Brasil, colhi o material sobre capoeira, Feira Nordestina, uma Escola de Samba e ainda acompanhei uma equipe da TV Globo numa entrevista a Abel Ferreira", (Jean Hugues, nessa ocasião, foi entrevistado para o Jornal "Hoje".) "As próximas escalas, incluindo recebimento de dinheiro, serão México, Estados Unidos, Tailândia, Quênia e Tanzânia.

"Somos agora 9 concorrentes; um deles desistiu na 1~ semana. Temos cada um uma passagem aérea que não pode ser modificada e que vale 4.000 dólares. E os candidatos deverão estar, sábado, dia 19 de fevereiro, às 18 horas, nos estúdios da ANTENNE 2." Há prêmios para melhor reportagem, fotografia, entrevista, novidade, tema de meio ambiente, cada uma com 2.000 dólares, e a final, com 16.000 dólares, a quem tiver o maior número de selos consulares e os correspondentes trabalhos premiados nos programas. durante a viagem. Imagem - Como está o mercado de trabalho para a profissão em Paris? J. HuguesEstá lotado! com 12.000 free-lancers entre fotógrafos e câmeras em atividade, não se admira que os estudantes formados pela minha Universidade não encontrem trabalho. I - Como é feita a formação de um candidato a profissional da imagem? J.H. - A escolher: O Instituto de Estudos Superiores Cinematográficos; a Universidade de Paris VIII, ainda não reconhecida e a Escola Vaugirard, fechada grande parte do ano por má conservação do prédio. I - Com que tipo de material você vem realizando os seus trabalhos na viagem? J.H. - Com uma cârnera AGFA super 8 e filme day-light. A máquina é sonora. Um gravador cassete Sony e duas máquinas NIKON com 3 objetivas: 128, 130 macro e uma zoom 85.205 macro. Os outros concorrentes trabalham com Beaulieu, Sankio ou Canon. 7


Recebemos do Diretor da Divisão de Análise e Pesquisa da Rede Globo, Homero Icaza Sánchez, uma carta em que ele pede o esclarecimento de alguns pontos que teriam ficado obscuros na reportagem sobre a cobertura das eleições municipais, publicada no último número do "Imagem". E nosso dever esclarecer que a reportagem em o.uestlo não passou de uma série de depoimentos de profissionais que participaram dà cobertura. Depoimentos estes feitos ainda no final do trabalho de cobertura. Portanto, ainda dentro do clima de agitaçlo e excitação inevitável num trabalho tio amplo e completo como o que se propunha ser a cobertura das eleições municipais. Isso explica a possibUidade da existência de algum esquecimento por parte de profissionais mais acostumados a registrar do que produzir Informações. (O Editor)

Comentário sobre a cobertura mais comentada A reportagem do "Imagem" sobre a cobertura das eleições ("A Hist6ria da Cobertura Mais Comentada do Ano"), feita por profissionais do jornalismo peca por omissões e falta de modéstia. Quanto à falta de modéstia não há remédio, é doença de "foca", quanto às omissões são necessários, por um dever de justiça, alguns esclarecimentos: I? -:- A "Cobertura Mais Comentada do Ano" , não o teria sido, em São Paulo, se não contasse com a fabulosa cobertura técnica que a Central Globo de Engenharia lhe proporcionou. Com o talento de nossos profissionais do jornalismo não se substitui, ainda, a capacidade e eficiência de "A Turma do Adilson e suas máquinas maravilhosas". 29- Também não teria sido possível esse triunfo profissional sem a estrutura operacional (do computador ao motoqueiro) organizada e dirigida pela "inforrnática" criatividade de José Otávio de Castro Neves e pela eficaz produtividade de Luiz Guimarães. Ambos fatos foram minizados na reportagem de "O Aldeão". 3? - O lastro informativo que serviu de base à coreografia do jornalismo, em São Paulo, foi levantado pessoalmente por seis funcionários da Divisão de

Análise e Pesquisa (Dr. Arthur Grandi Neto, Rubens Silveira Lima, Isis Gomes Doblas, Carlos Alberto Soares e Valter Vieira Barros do Rio de Janeiro e de Eve Margareth Hammer de São Paulo) que antes das eleições. visitaram São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Osasco, Guarulhos, Santos, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Bauru, levantando junto ao Tribunal Eleitoral de São Paulo e junto aos Juizados Eleitorais das outras cidades, todos os dados referentes a números de eleitores. candidatos. votos em branco, votos nulos. abstenção. bem como os resultados das eleições de 1970. 1972 e 1974 que serviram para elaborar os mapas. gráficos e quadros comparativos que deram uma base científica aos nossos noticiários. 4? - Como se fosse pouco, cabe lembrar ao pessoal do jornalismo que a Divisão de Análise e Pesquisa da Rede Globo conseguiu. pela primeira vez na história das eleições no Brasil, duas vitórias que. modestamente, queremos divulgar: a) - A realização pelo IBOPE, no dia das eleições, de seis pesquisas "na boca da urna", nas cidades de Santos, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto, São

José do Rio Preto e Bauru, pesquisas essas planejadas e desenhadas por esta Divisão e realizadas pela primeira vez no Brasil. De acordo com o IBOPE é possível que seja a primeira vez que se realiza, esse tipo de pesquisa, também, no mundo. b) - A contratação com exclusividade para todo o Brasil do Progn6stico do IBOPE, realizado em seis outras cidades do Estado de São Paulo que permitiram a TV Globo ser o único meio de comunicação a divulgar no primeiro minuto do dia 16 de novembro os resultados das eleições. Houve um jornal importante, em São Paulo. que chegou a propor à Rede Globo a compra dessas pesquisas. Valha o testemunho de Luiz Fernando Mercadante, Diretor do Jornalismo de São Paulo. Faço esses pequenos esclarecimentos por um dever de justiça à dedicação, esforço e capacidade profissional dos funcionários desta Divisão que muito orgulho sentiram em trabalhar ao lado do nosso jornalismo e dele receber um pouco do seu brilho. Homero Icaza Sânchez Diretor da Divisão de Análise e Pesquisa

Cinegrafistas pensam em união Um de nossos companheiros está colhendo os primeiros informes junto a ABI para a possível criação de uma entidade que melhor valorize a profissão dos Repórteres Cinematográficos. Digo possível, porque sua realização definitiva irá depender inteiramente dos profissionais desta e de outras empresas. Uma Associação para sustentar as idéias que surgem nos inevitáveis papos do dia-a-dia; longe de propostas trabalhistas e insinuações políticas, contribuiria para uma comunhão de conhecimentos realizando palestras, exposições, concursos, debates, mesas. 8

redondas. traduções. publicações etc. A oportunidade advém muito naturalmente da maioria, amadurecida o bastante para perceber que nossa atividade diária não é mais uma desordenada aventura, produto de simples competição. O grupo já nota a necessidade de selecionar influências e dirigir as despretenciosas doações pessoais em favor de quantos se interessam pela oficina profissional, a fim de que não se perca de vista a obra por se fazer nem deixar a alguns poucos a responsabilidade do aperfeiçoamento. Há um sem número de recursos que poderão favorecer a criação da enti-

dade, tais como o auditório da ABI, salas de projeção, conferencistas, o "Imagem" com uma mais s6lida divulgação etc. Contudo, ainda afirmamos: o principal será a presença permanente dos interessados em ação conjunta que, se não der resultado agora, naturalmente dará mais tarde ... HENRlQUE

OLIVIER


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