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Os mistérios do sono
Passamos 1/3 da nossa vida dormindo, mas ainda assim o momento do sono é cercado por mistérios. Ao lado de outros impulsos básicos da vida, como comer e beber, o sono também é vital. De pirâmides à canção Yesterday, dos Beatles, de premonição à percepção dos restos diurnos, o ato de dormir modificou a civilização em que vivemos. Leia em nosso Dossiê e esclareça muitos dos mistérios ligados ao sono.
Depois de acordar no meio da madrugada, numa série de noites mal dormidas, peguei o celular e a partir daí não consegui mais dormir. No decorrer do dia, meu humor não estava dos melhores; o cansaço mental e no corpo também estava aparente. Para combater tudo isso, algumas xícaras de café. Faço parte dos 73 milhões de brasileiros que têm dificuldades para dormir. No país, 72% da população sofre com alguma doença relacionada ao sono, segundo estudo da Royal Philips de 2018. O que tem feito a maioria das pessoas não pregarem os olhos são questões financeiras e o uso de tecnologia antes de deitar. É relativamente comum especialistas alertarem que há uma epidemia de privação de sono nos países industrializados. Mas por que isso acontece? Antes de tudo, vamos entender o que é o sono.
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O RELÓGIO BIOLÓGICO
Quando cai a noite, naturalmente associamos à hora de dormir. Não é uma coincidência. É nesse período que a liberação de melatonina, o hormônio do sono, chega ao ápice, por ser estimulada quando não há incidência de luz. É o nosso ritmo circadiano que determina quando iremos sentir sono ou quando estaremos em vigília, acordados. Esse é o nosso relógio biológico, com 24 horas e 15 minutos, para determinar o ciclo de um dia – daí o nome circadiano, do latim circa (cerca de) e diem (dia). Algumas pessoas, no entanto, têm o ritmo circadiano regulado para mais tarde. Como seres sociais, isso foi estratégico durante o passar dos milênios. Se todos fossem dormir no mesmo horário, o grupo ficaria vulnerável. Então, enquanto uma parte das pessoas estava dormindo, a outra estava em vigília, e vice-versa.
Dois fatores sociais corroboram para charem as portas dos estabelecimena mudança no ritmo circadiano: a in- tos para a tradicional sesta da tarde. dustrialização e as luzes artificiais. A Com o avanço da industrialização, o industrialização mudou os nossos há- espaço da tarde foi ocupado pela hora bitos de dormir. Os nossos antepas- do trabalho, o que empurrou para sados distantes tinham o sono polifá- o sono em apenas uma hora do dia. sico ou bifásico; era muito incomum o sono monofásico, que é o costume Outro fator que desregula o ritmo cirde ter apenas um grande período de cadiano foi a partir do século XIX com sono, que dura até o início da manhã. a luz elétrica. As pessoas começaram a ir dormir mais tarde, atrasando assim o
Podemos ilustrar essa perspectiva funcionamento da liberação de melatocom uma passagem do romance de ca- nina – o que desregula o nosso relógio valaria do começo do século XVII. No biológico. início do capítulo 68 do romance Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de SÓ MAIS UMA XÍCARA DE CAFÉ Cervantes, é mostrado o hábito inco- E se tentarmos forçar esse ciclo circamum de Sancho Pança de dormir um diano mantendo-nos acordados? único sono até o início da manhã: “Satisfaz Dom Qui- Aí entra em ação uma xote as reclamações substância química da natureza, dor- chamada adenosina, mindo o primeiro para tentar fazer sono sem dar lu- uma pressão do gar ao segundo, sono e aumenbem às avessas tar o desejo de de Sancho, que dormir. “Quanto nunca teve se- mais tempo você gundo sono, passar acordado, porque dormia mais adenosina desde o cair da será acumulada. noite até o romper Pense na adenoda manhã, fato em sina como um baque mostravam a sua rômetro químico que boa compleição registra continuamente e poucos cuida- o tempo transdos”. Ainda hoje A luzes artificiais dos centros urbanos corrido desde que em dia é comum prejudicam a produção de melatonina você acordou esta algumas localida- e o hábito de dormir. manhã”, observa des da Espanha e da Itália feQuais consequências isso implica? Foto: Sanaan Mazhar/ Pexels o cientista Matthew Walker em
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seu livro Por que dormimos. Mas quando estamos sonolentos e precisamos ficar acordados, geralmente, recorremos à cafeína. O que ela faz é bloquear os receptores de adenosina e, por consequência, adiar o sinal de sonolência. Esse engano que causa no cérebro começa a fazer efeito trinta minutos após a ingestão. O problema é na chamada “meia-vida” da substância, quanto tempo o corpo leva para remover 50% da contração. No caso da cafeína, essa meia-vida pode ser de até oito horas. Então tomar café no final da tarde, por volta das 18h, faz com que no organismo ainda esteja circulando a outra metade da substância até as 2h da manhã. Após a eliminação completa da cafeína, a adenosina continua presente, só que agora mais forte pela contínua restrição ao sono. É nesse momento que o efeito rebote mais forte de sonolência ocorre, sobrando duas alternativas: mais cafeína ou dormir. A eficácia da eliminação da cafeína do organismo, feita por uma enzima do fígado, também vai se perdendo com o envelhecimento. Isso faz com que sejamos mais sensíveis a doses que tomávamos na juventude. Essa conta é paga com noites mal dormidas.
A ESTRUTURA DO SONO
Quando dormimos, passamos por dois ciclos de sono que se repetem durante toda a noite. Eles se baseiam na presença ou na ausência da movimentação dos olhos. O sono REM (rapid eye movement – em português "movimento rápido dos olhos") e o sono NREM (Não-REM), esse último dividido em outros quatro subestágios, sem a movimentação dos olhos. Os dois ciclos são fundamentais para a nossa existência. Dependendo do tempo de sono, há a prevalência de uma dessas fases. Se dividíssemos o sono pela metade, a primeira parte ficaria, sobretudo, com o sono NREM; já a segunda parte, com a prevalência do sono REM. A cada 90 minutos esse ciclo passa de um estágio para o outro. Apesar de não ter consenso entre os cientistas sobre essa alternância, Matthew Walker coloca em questão a capacidade de armazenamento de memória no cérebro: “A interação irregular para cá e para lá entre o sono NREM e o sono REM é necessária para remodelar e atualizar nossos circuitos neurais à noite e, ao fazê-lo, administra o espaço de armazenamento finito no cérebro”. Assim, já notamos uma das funções desses dois estágios: a manutenção de memórias. Quando entramos no sono NREM, ele faz uma espécie de triagem das informações coletadas ao longo do dia, separando o que é importante do que não é importante, varrido para o esquecimento. Já o sono REM, que tem prevalência entre a segunda metade do sono, fortalece essas conexões. Caso você decida, em vez de dormir as oito horas diárias, acordar duas horas antes, além de perder 25% do sono, um percentual muito maior será perdido da função do REM, de 60% a 90%, tendo em vista que esse estágio tem prevalência durante as últimas horas de sono. O sono REM, que é o sono mais pesa-
do, já foi conhecido como o tempo do so- tes no meio de um pesadelo, mas nunnho – hoje em dia sabe-se que os sonhos ca saímos correndo, justamente porque podem ocorrer em qualquer um dos es- a nossa natureza biológica foi sagaz tágios. Além do onírico, é justamente em paralisar as atividades motoras do durante o REM que os nossos ancestrais corpo para sonharmos com segurança. desenvolveram aspectos que edificaram Curiosamente, todas as espécies que a sociedade: o equilíbrio emocional. já puderam ser estudadas sobre o sono, Por isso, quando vemos uma pessoa que dormem. O sono é algo universal. Até está mal-humorada falar que não teve mesmo alguns peixes, como o tubarão, uma boa noite de sono, isso faz sentido. que nunca fecha os olhos, entra num “A partir desse QI emocional melhora- estágio equivalente ao sono. O fato do pelo sono REM de não fechar os emergiu uma forma nova e muito mais sofisticada "O prejuízo físico e mental causado por uma noite de olhos, na verdade, é pela falta de pálpebras. O que nos de socioecologia hominídea através de vastas coletisono ruim é muito maior do que os causados por diferencia dos outros animais em questão de sono é, vidades, algo que uma equivalente falta de justamente, que permitiu a cria ção de comunida alimento ou de exercício”. os humanos têm mais estágios do des de seres humanos grandes, Matthew Walker sono REM – talvez essa seja uma das emocionalmen- explicações para o te sagazes, está- desenvolvimento veis, muito interligados e inten- social. samente sociais”, defende Walker.
Outro aspecto do REM é a prevalên- O MELHOR REMÉDIO cia do sono profundo e dos sonhos. É A expressão “dorme, que passa” é sinesse estágio que o cérebro passa por nônimo de cura para todo e qualquer um turbilhão de movimentação, co- mal – às vezes dito, é claro, de forma nectando as informações adquiridas irônica. Fora a generalização de cura durante o dia com as informações já ar- de todos os males, esse ditado popular mazenadas, das formas mais surpreen- carrega em si uma sabedoria: dormir, dentes possíveis, às vezes até assustado- realmente, é um excelente remédio. ras em forma de pesadelo. Nesse caso, E isso é comprovado cientificamente. se lembrarmos de quando sonhamos O sono faz parte da tríade da boa saúcom alguém nos perseguindo, a reativi- de juntamente com a alimentação e a dade motora para correr ou para lutar prática de exercícios físicos. E uma noite fica latejante. Podemos acordar ofegan- de sono ruim faz com que desequilibre-
mos essa estrutura. A privação de sono lembranças penosas e um espaço de refaz com que você coma mais, por desre- alidade virtual em que o cérebro mescla gular o hormônio que faz sentir fome e conhecimento presente e passado, insrefrear o hormônio da saciedade. Deve pirando a criatividade”, escreve Walker. entrar na conta: alinhado a uma die- O sono de qualidade como remédio ta para emagrecer ou controlar o peso, beneficia todo o corpo: auxilia no fortadormir as horas suficientes lecimento do sistema imunológideve estar no topo da lis- co, criando uma égide contra ta de prioridades. “O doenças como o câncer; prejuízo físico e auxilia na regulação da mental causado insulina e da glicose; por uma noite regula o apetite e de sono ruim é o ganho de massa muito maior muscular; favoredo que os ce o sistema carcausados por diovascular e reuma equiva- gulariza a pressão lente falta de arterial; protege e alimento ou fortalece o cérebro. de exercício”, Todas essas benesdestaca Walker. ses são equilibradas
Outros riscos à enquanto dormimos. saúde também vêm associados à MAIS SONO restrição do De acordo com estudo, a boa qualida- DE QUALIDADE, sono. “O hábito de dormir menos de seis de do sono está relacionada à longevidade. Praticar o sono bifásico e incluir a MAIS LONGEVI DADE ou sete horas sesta em seu dia a dia é especialmente Podemos começar por noite abala benéfico. pela inversão dessa o sistema imuFoto: Freepik afirmativa: quanto nológico, mais menos sono de quado que duplicando o risco de câncer”, lidade, menos longevidade. Foi isso alerta Walker. Também entra na esteira que provou um estudo da Universidacomo fator para o desenvolvimento de Al- de de Estocolmo, na Suécia. Ao examizheimer, diabetes e problemas cardíacos. narem mais de 35 mil adultos de até 65 anos de idade, a pesquisa apontou um
Em contrapartida, as boas noites de dado que traz um sinal de alerta: aquesono são beneficiadas até pelos sonhos. les que dormem apenas cinco horas ou Quando sonhamos ocorre “um consolamenos por noite têm uma taxa de mordor banho neuroquímico que apazigua
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talidade 65% maior em comparação necas regulares durante o dia. O efeito com aqueles que dormem mais horas. foi especialmente forte nos operários,
No entanto, a pesquisa também entre os quais o risco de mortalidade remostrou como reverter esse percensultante de não fazer sestas aumentou tual: dormir mais nos finais de se- bem mais de 60%”, comenta Walker. mana pode equilibrar essa conta. SERÁ QUE ESTOU DORMINDO
Podemos trazer outra pesquisa que O SUFICIENTE?fala sobre a mudança no sono e a longevidade. Países da Europa Meridional Caso você tenha o sono monofásipreservam o hábito de dormirem o sono co, como a grande maioria das pesbifásico – o segundo sono de menor du- soas em países industrializados, os ração, com a chamada sesta. É comum especialistas chegaram ao uníssoainda existirem estabelecimentos na Itá- no de aconselhar as oito horas de lia e na Espanha fechados durante a tar- sono por noite, podendo variar para de. Após o começo do século XXI, houve um pouco mais ou um pouco menos. uma pressão na Grécia para abandonar As oitos horas diárias de sono não o hábito da sesta. são um mito, mas Sendo uma mudança radical nos "Sem o sonho, não existem outras crenças ligadas hábitos dos gregos, uma equipe teríamos achado ao sono que estão longe da verdade. de pesquisadores da Escola de Saú- motivo para uma Uma delas é achar que idosos prede Pública da Universidade de Hardivisão do mundo”. cisam de menos tempo de sono, vard acompanhou as consequências Friedrich Nietzsche comparado com alguém mais jona saúde em mais vem. O que aconde 23 mil adultos, tece é que com o com foco no sistema cardiovascular. avançar da idade as pessoas são menos
“Nenhum dos indivíduos analisados capazes de gerar um sono de qualidade. E tinha um histórico de doença cardíaca isso, como já observamos anteriormenou derrame cerebral no início do estu- te, tem resultados não tão bons. “Quando, o que indica a ausência de enfer- to mais baixa é a eficiência do sono de midade cardiovascular. No entanto, os que abandonaram a prática das sestas regulares passaram a sofrer um risco Muitas são as culturas que colocam o 37% maior de morte por doença cardí- sonho em posição de destaque, como um aca ao longo do período de seis anos, lugar que habita dois mundos. Nos mitos comparados aos que mantiveram as so- védicos, a nossa realidade é um sonho do re vi sta deus Vishnu. inspira
uma pessoa mais velha, mais elevado é seu risco de mortalidade, pior sua saúde física, maior a probabilidade de sofrer de depressão, menos energia ela relata e mais baixa sua função cognitiva, tipificada por esquecimento”, salienta Walker.
Se mesmo dormindo as horas aconselhadas você continua a desconfiar que não está tendo o sono de qualidade, duas perguntas levantadas por Matthew Walker podem ser feitas. É claro que elas não têm padrão conclusivo nem descartam uma avaliação médica, mas, pelo contrário, podem servir de termômetro para buscar ajuda de um especialista.
A primeira pergunta a ser feita é: após acordar, você conseguiria voltar a dormir no final da manhã? Já a segunda pergunta é: você consegue funcionar perfeitamente sem tomar cafeína antes do meio dia?
Se a resposta for “sim”, para a primeira pergunta, e “não”, para a segunda pergunta, pode indicar que está faltando qualidade ou quantidade de sono, bem como que você deve estar se automedicando contra a privação de sono. Isso gera um acúmulo de adenosina, aquele hormônio que falamos acima destinado à pressão do sono. Como Walker defende, se esse ciclo de privação de sono continuar, ele passa para o dia seguinte – somado à quantidade de adenosina produzida no dia. O processo é cumulativo, o que causa uma fadiga crônica.
Mas se quisermos ter uma noite de sono mais eficiente, alguns passos podem ser tomados. Veja no nosso box a seguir a higiene do sono com 12 dicas para dormir melhor.
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O TEATRO DOS ESPÍRITOS
Ao acordarmos de um sonho perturbador, provavelmente, um reboliço de emoções vem à tona. Essa espécie de filme, que geralmente não podemos controlar, surpreende pela verossimilhança. Mas logo nos acalmamos: “era apenas um sonho”.
Imagine agora o sonho de nossos ancestrais distantes. O que pode dizer muito sobre nós, ainda hoje, já que o Homo sapiens continua anatomicamente semelhante após 315 mil anos do aparecimento. Possivelmente, o enredo onírico de nossos ancestrais deveria ser repleto de coisas que os cercavam no ambiente, como pedras, fogo e animais, bem como as tensões do dia, ligadas ao risco de o caçador virar caça.
Foi em algum momento do Paleolítico superior que surgiu uma divisão de mundos: o mundo físico e o mundo da alma. Provavelmente, devido aos sonhos em que o sonhador se deparava com pes soas que não es -
tavam próximas ou que já haviam O sonho tem posição de destaque em morrido. O filósofo alemão Friedri- algumas culturas. Para os povos védicos, ch Nietzsche escreveu: “Sem o so- o deus hindu Vishnu é representado renho, não teríamos achado moti- clinado enquanto “sonha o Universo”. vo para uma divisão do mundo”. A realidade é um sonho – há interco-
Essa singular percepção denexão entre o mundo da matéria sembocou em inúmeras e o mundo dos espíritos. representações que Já os gregos mobiainda estão bem lizam alguns deuvivas em nossa ses do seu panteão sociedade: se- para explicar o pulturas, zi- sono e o sonho. gurates, pirâ- Hipnos é o deus mides – com grego do sono, corpos enter- irmão de Târados repletos natos, o deus de adereços, da morte – por porque teve isso, uma certa início a cren- proximidade ença de que a vida tre estar dormindo continua após a e morrer. O sonho morte física. O sonho é concebido por Morseria um portal feu. Mas são os entre os vivos e os Oneiros que tramortos. “Enterros No início do século passado, o médi- zem a mensagem rituais marcam o co Sigmund Freud começou a analisar para o sonhador: rompimento de- seus próprios sonhos e chegou a uma se eles passarem finitivo da cultu- conclusão que fundou a psicanálise: pelo portão de ra humana com os sonhos são o caminho para o chifre, geram soo funcionameninconsciente. nhos proféticos de to mental de ou- Foto: Reprodução. origem divina; já tros animais”, se eles cruzarem o comenta o neu- portão de marfim, rocientista Sidarta Ribei- os sonhos são enganadores. Isso aponro, no livro O oráculo da noite. ta para crença oracular e divinatória dos
Além das representações da morte sonhos, que durou (e dura) milênios. gravadas em pedras, ainda perduram as que foram propagadas na mentaliO PODER ORACULAR DO dade humana. A mitologia é um desses SONHO exemplos. Ao longo da história da civilização,
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os sonhos ganharam destaque na vida Augusto foi revelada pelo sonho de sua cotidiana dos nossos ancestrais. Exis- mãe Ácia com o deus Apolo, em forma tem vários registros históricos da im- de serpente. O pai de Otávio Augusto portância dada aos sonhos e de sua também teve um sonho revelador: viu influência nas questões sociais. Depen- que o sol nascia do ventre da esposa – dendo da cultura, o papel de fazer a um presságio para o nascimento de um ponte onírica en- novo soberano. tre o mundo real e o mundo dos "O sonho é o intermediJá para os egípcios, o declínio do espíritos era espe- ário entre o mundo dos culto aos deuses cializado na figura de xamãs. Além nossos sentimentos ree à crença nos sonhos ocorreu com de receberem o sonho, também tinham a técnica cônditos e aqueles submetidos à nossa razão: o advento da escrita. As palavras gravadas perpepara interpretá-los. “A obtenção graças a ele podemos saber muita coisa que tuariam as mensagens sagradas, não sendo mais em sonho de au- nos recusamos a saber necessário entrar torização divina para justificar no estado de vigília”. em transe para ter contato com atos na realidade perpassa todo Stefan Zweig os deuses. “Nos textos egípcios e o nosso passado mesopotâmicos, o histórico. O cará- relato da morte de ter divinatório do sonho está presen- deuses ocorre desde o início do registro te nos principais textos remanescen- escrito, mas a reclamação de que os deutes da Idade do Bronze (entre 5 mil e 3 ses teriam se calado só tornou-se premil anos atrás), como o Livro dos mor- valente por volta de 1200 a 800 a.C. Foi tos egípcio e a Epopeia de Gilgamesh um período de enormes crises sociais, suméria. Além disso, está fartamente econômicas e ambientais, com explopresente na Ilíada, na Odisseia, na Bí- são populacional, migrações, guerras, blia e no Corão”, exemplifica Ribeiro. fomes, pestes, secas e outros desastres
Na Roma Antiga, por exemplo, a in- naturais, que levaram ao colapso de cifluência onírica na sociedade chegou a dades e impérios”, observa Ribeiro. patamares nunca antes vistos. A crença Em algumas localidades da Europa, de comunicação com os deuses por meio o caráter divinatório dos sonhos afasdos sonhos logo passou a ser utilizada tou-se da esfera pública a partir da forna política romana. A origem divina mação dos Estados nacionais europeus. do primeiro imperador romano Otávio De blasfêmia aos olhos da Igreja Católi-
ca, o sonho passou à irrelevância, com o racionalismo do século XVIII, antro da ciência moderna e do capitalismo.
Alguns personagens históricos, no entanto, já isolavam o sonho do caráter místico. O filósofo grego Aristóteles, mesmo nascido numa cultura que orientava os sonhos aos deuses, rejeitou essa ideia, transferindo a causa dos sonhos para uma origem mais biológica. Os conteúdos oníricos eram formados a partir das experiências do tempo em vigília. Sigmund Freud, mais de dois mil anos depois, iria avançar com a classificação de “restos diurnos”.
A VIA RÉGIA PARA O INCONSCIENTE
ração do livro A Interpretação dos Sonhos (1900), revolucionário e um divisor de águas. As proposições de Freud acerca dos sonhos foram um salto quântico ante as teorias da época. É como se falasse: “Os sonhos querem dizer algo, sim. Mas não é sobre o que se falou até agora”. A começar pela orientação da origem dos sonhos, ao direcionar a mente como fonte de produção – o que hoje parece algo quase “comum”, foi um raio à época. Em vez de vaticinar o futuro, Freud começou a olhar os sonhos como um passo para trás. “Os estímulos que surgem durante o sono são os conhecidos ‘restos diurnos’ psíquicos”, escreve Freud. E complementa: “o sonho continua a ser a realização de um desejo, não imO significado oracular dos sonhos porta de que maneira a expressão desestá presente nas sociedades há milê- sa realização de desejo seja determinanios, mesmo com os seus altos e bai- da pelo material correntemente ativo”. xos ao longo da história. É comum Ao constatar que os sonhos, realacordarmos com a sensação de “o mente, dizem muitas coisas, instigaque será que esse sonho quer dizer?”. do a entrar nas profundezas oníricas, Em meio às Freud notou que descobertas para a fundação "Os estímulos que era o caminho para a base do iceberg, o da Psicanálise, o médico psiquia- surgem durante o inconsciente. Com os relatos oníricos tra austríaco Sigmund Freud também se fez essas perguntas após sonhos sono são os conhecidos ‘restos diurnos’ psíquicos”. de seus pacientes, foi possível reconstituir os traumas e os desejos que estavam encobertos de luto decorrentes da morte Sigmund Freud por narrativas, a princípio, triviais. de seu pai. Esse “O que para seus processo de “au- antecessores paretoanálise” teve papel singular na elabo- cia um labirinto confuso sem saída e sem objetivo, é a Via Régia, a avenida
principal que liga a vida inconsciente à consciente. O sonho é o intermediário entre o mundo dos nossos sentimentos recônditos e aqueles submetidos à nossa razão: graças a ele podemos saber muita coisa que nos recusamos a saber no estado de vigília”, observou o escritor austríaco Stefan Zweig.
A partir de então, a crença do sonho como ato revelador do destino volta a fazer sentido. Agora fala sobre o inconsciente, que determina em grande parte os passos, muitas vezes circulares, dos sujeitos.
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DE PREMONIÇÃO PARA PERCEPEÇÃO
gar a validade. O que foi um motivo para os antifreudianos acusarem as teorias como “não-científico”, por tacharem que não eram testáveis. Mas com o avançar dos achados empíricos, os diversos argumentos antifreudianos perderam fôlego. Um desses achados empíricos foi realizado pelo neurologista Mark Solms, ao fazer o passo contrário para investigar a capacidade de sonhar durante os estágios do sono – o que alguns cientistas já rejeitavam por destinarem os sonhos apenas como uma “alucinação” do estágio REM. Solms, então, buscou estudar e examinar os relatos de pessoas com lesões ce-
Após a revolução rebrais. Em muitos que a teoria freudiana casos, mesmo quando trouxe, o sonho passou foram acordados dude premonição, que vaticina um destino futuro próximo virtuO que as pirâmides, a tabela periódica, Frankenstein e algurante o sono REM, os participantes se mostraram incapazes de alizado, para percep- mas músicas dos Beatles têm relatar pensamenção, que lança a luz às em comum? Todas têm ori- tos e imagens. Então, pedras na estrada já gem nos sonhos! chegou a uma conpercorrida: os restos Foto: David McEachan/ Pexels clusão: a de que o sodiurnos, os traumas e nho não está estritaos desejos. O sonho continua a dizer almente ligado ao estado REM. guma coisa. “Já não é mais possível, por exemplo,
À época da elaboração das teorias, o trivializar o significado rico e intrigante próprio Freud apontava para o momendos sonhos como inútil subproduto do to em que a ciência conseguiria investisono REM. Tampouco é possível seguir
aceitando que o sonho represente um lia, também eram os mais ativados duencadeamento aleatório de imagens”, rante o sono. Ou seja, o que estava sencomenta Sidarta Ribeiro. E completa: “A do reverberado durante o sono era o que evidência aponta para um encadeamen- foi percebido com a mente desperta. to imagético organizado pelo sistema dopaminérgico de recompensa e puni- O SONHO CRIOU O MUNDO ção, um processo capaz de ensaiar, va- Percebemos que o sono e o sonho inlorar e selecionar dividual reverbecomportamentos adaptativos sem no entanto sub"A partir desse QI emocional melhorado pelo sono raram mudanças e marcas na sociedade. Foi por meio meter o corpo a REM emergiu uma for- do sono profundo riscos, pois tudo é simulado no ma nova e muito mais soque equilibrou as nossas emoções ambiente segu- fisticada de socioecolo- para vivermos em ro e inofensivo da própria mente”. Ribeiro ainda gia hominídea através de vastas coletividades, algo grupos. O sonho edificou civilizações numa mesma revela que “o so- que permitiu a criação de direção, na crennho é um construto fisiológico, uma trajetória escomunidades de seres humanos grandes, emocioça após a morte em que floresceram as religiões, e pecífica de ativa- nalmente sagazes, está- também foi ponto ções mnemônicas orientada firme- veis, muito interligados e de partida para a edificação de momente pela bússo- intensamente sociais”. numentos que la do desejo, mas nem sempre capaz Matthew Walker perduram ao passar dos milênios, de gerar um en- como as pirâmicadeamento nar- des e os zigurates. rativo vigoroso, emocionante ou belo. Também foi por meio do sono que tiCada sonho é um ensaio em si mesmo”. vemos um salto cognitivo para a trans-
Outro postulado de Freud, sobre os formação da sociedade em que vivemos. “restos diurnos”, demorou 90 anos para O que aprendemos em vigília, orgareceber a sustentação empírica. O psi- nizamos na memória durante o sono quiatra americano Jonathan Winson e o NREM e esse conjunto de informações neurocientista grego Constantine Pavli- aleatórias ganha a tônica de criativides publicam em 1989 um experimento dade no sono REM, com as conexões. com resultado revelador. O teste em la- Além dos exemplos construídos pela boratório feito em ratos mostrou que os coletividade, também podemos visneurônios mais ativados durante a vigí- lumbrar outros, mais individuais. Um
desses grandes feitos ocorreu após um também tem influência onírica. Após sonho em 17 de fevereiro de 1869. O fí- acordar de um sonho inspirador, o besico-químico russo Dmitri Mendeléiev atle Paul McCartney estava com uma buscava há meses classificar e ordenar melodia na cabeça. Sentou-se ao piano os elementos químicos presentes na na- e ficou surpreendido com a sequência tureza. Escreveu cada nome de notas. “Não, eu nunca esem cartões em separado crevi assim antes”, pene tentou, de inúme- sou. Desconfiado da ras maneiras, ar- autoria, pergunranjá-los segundo tou às pessoas do a classificação. meio musical se Após várias ho- conheciam a ras, não conse- melodia. Ainguiu. Exaus- da ninguém to, adormeceu conhecia o que sobre as car- mais tarde se tas. Foi neste tornaria a canmomento que ção Yesterday. um sonho mu- Das muitas dou a história da referências ao soquímica. Durante nho pelos grandes o sonho, Mendeléiev gênios da humanidaconseguiu visualizar de, há uma especial todos os elementos do século XVII: “Soorganizados perfeita- “Somos da mesma matéria/ mos da mesma matémente, posicionados Da qual são feitos os sonhos”, ria/ Da qual são feitos pelo número atômico. escreveu Shakespeare no sé- os sonhos”, escreveu A partir desse acon- culo XVII. Hoje, pela publicida- William Shakespetecimento, foi cria- de, sonho virou sinônimo de are na peça A Temda a tabela periódica. desejo de consumo. De que pestade. Atualmente,
Se considerarmos matéria é feito o indivíduo do o verbo sonhar deique os sonhos às ve- século XXI? xa o seu protagoniszes trazem elementos Imagem: Possível retrato de Shakespeare em mo do mundo oníritão díspares entre si, pintura de John Taylor co para compartilhar dignos de construírem significado no munum Frankenstein, não notaríamos a iro- do publicitário – em que, ironicamennia. Foi numa noite de verão em 1816 te, se comprova que sonho é desejo, que Mary Shelley, com apenas 18 anos, desejo de consumo. Seguindo o penteve a visão onírica que se transforma- samento de Shakespeare, de qual maria no célebre romance Frankenstein. téria seríamos feitos no século XXI?
Um dos maiores clássicos dos Beatles
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12 SUGESTÕES PARA um sono saudável
Extraídas do livro Por que Dormimos, de Matthew Walker
1 A hora de dormir. Mantenha um ho-
rário de sono. Vá deitar e acorde sempre na mesma hora todos os dias. Se você puder seguir apenas um conselho destas dozes sugestões, siga este. 2 Exercícios físicos. Praticar exercí-
cios físicos é excelente, mas não faça isso muito tarde no dia. Tente se exercitar por pelo menos meia hora na maioria dos dias da semana, porém não mais tarde do que duas ou três horas antes de se deitar.
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3 Evite a cafeína e a nicotina. Seus
efeitos podem levar até oito horas para serem eliminados por completo. Portanto, uma xícara de café no fim da tarde pode dificultar o início do sono à noite. O mesmo serve para a nicotina, que é estimulante. 4 Evite ingerir bebidas alcoólicas antes de se deitar. Beber antes de
dormir pode até ajudá-lo a relaxar, mas o consumo intensivo o priva do sono REM, mantendo-o nos estágios mais leves de sono. 5 Evite consumir muita comida ou líquido tarde da noite. Lanches leves
e evitar excesso de líquido antes de dormir é a dica para não ter digestão, nem ter que levantar para ir ao banheiro. 6 Se possível, evite remédios que adiem ou perturbem o sono. Se você
tem dificuldade para dormir, converse com seu médico ou farmacêutico a fim de verificar se algum remédio que está tomando pode estar contribuindo para a insônia. 7 Não tire sonecas após as três da
tarde. Elas podem ajudar a compensar o sono perdido, porém, quando tiradas no fim da tarde, tornam mais difícil adormecer à noite.
8 Relaxe antes de ir se deitar. Apos-
te em atividades relaxantes antes de ir dormir, como ler ou ouvir uma música tranquila. Faça disso parte do seu ritual da hora de dormir.
9 Tome um banho quente antes de
ir se deitar. A queda na temperatura
do corpo após sair do chuveiro pode ajudá-lo a se sentir sonolento e o banho pode ajudá-lo a relaxar e a se acalmar.
10 Mantenha o quarto escuro, fresco e livre de aparelhos eletrônicos.
Livre-se de qualquer coisa no cômodo que possa distraí-lo do sono, como ruídos, luzes intensas, cama desconfortável ou temperatura elevada. Dorme-se melhor quando a temperatura do quarto é mantida mais para fria. 11 Procure ter uma exposição cor-
reta à luz solar. A luz do dia é essencial para regular o padrão de sono diário. Procure ficar exposto à luz natural por pelo menos meia hora por dia. 12 Não fique deitado na cama acor-
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dado. Se você ainda estiver acordado após permanecer na cama por mais de vinte minutos ou se estiver começando a se sentir ansioso ou preocupado, levante-se e faça algo relaxante até se sentir sonolento.
PARA SE APROFUNDAR
"O Oráculo da noite"
Neste livro, o neurocientista Sidarta Ribeiro, mescla as perspectivas antropológica, sociológica, psicanalítica e neurocientífica dos sonhos. (Editora Companhia das Letras)
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"Por que nós dormimos"
Escrito pelo neurocientista e pesquisador do sono Matthew Walker, este livro traz a abordagem científica do sono para uma linguagem mais acessível focado no bem-estar físico e mental. (Editora Íntrinseca)
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"Não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã".
VICTOR HUGO
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COMO CRIAR UM sonhário?
Para Freud, os sonhos representam nossos desejos – dos mais superficiais aos mais escondidos e submersos. Se agimos na vida em busca dos nossos desejos ou em resposta aos que foram reprimidos, logo, os sonhos são um oráculo. Isto é, os sonhos são capazes de prever nossas atitudes futuras. Dessa maneira, os sonhos são uma rica fonte de autoconhecimento. Acontece que nem sempre lembramos do que sonhamos. De acordo com o professor Sidarta Ribeiro, não lembramos porque, quando acordamos, a produção de noradrelina (hormônio que permite que as imagens do sonho fiquem retidas) está baixa no cérebro. Nisso, os sonhários (acrônimo entre sonho e diário) podem ser muito úteis. A prática de resgatar sonhos, com o tempo, se torna mais eficaz e conseguimos escrever páginas de histórias construídas em nossa Hollywood particular.
Como criar um sonhário?
1. Reserve um caderno só para isso e guarde-o em um lugar acessível somente a você. 2. Diariamente ao acordar, levante-se e comece a escrever à mão: primeiro coloque a data e, então, relate as imagens que lembra do seu sonho. 3. Não se preocupe se as histórias não tiverem nem pé nem cabeça. Escreva sem procurar dar sentido a nada. 4. Terminou de escrever? Agora vamos tentar interpretar. Escreva um subtítulo “Interpretações”. 5. Essas questões podem guiar a sua interpretação: Quais relações aquilo que vi, senti e vivi em meu sonho estabelecem com a minha vida? Quais opiniões tenho, quando acordado, sobre as pessoas e imagens que apareceram nesse sonho? Por exemplo, se vi em um sonho uma colega que considero totalmente carinhosa e maternal, devo anotar que a “maternidade” e o “cuidado” são símbolos fortes dentro deste sonho. 6. Não cultive interpretações literais. Um exemplo é, se você sonhou que morreu, isso não necessariamente significa que você vai literalmente morrer, mas que, talvez, esteja se sentindo mortificado ou finalizando ciclos, dependendo da interpretação que você mesmo faz de sua vida. 7. Com o tempo, releia esses sonhos para se autoconhecer e entender como a sua mente funciona.
Do que você vai precisar? Um caderno e caneta.
quando fazer? Pela manhã. Assim que acordar!
por quê fazer?
Para conhecer a parte inconsciente de nós e nossos desejos mais profundos. E, assim, poder levar a vida com mais leveza e domínio.
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