Jornal nº 05 | 2018
"Lutamos pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo"
O
Movimento de Mulheres Olga Benario nasceu da necessidade de organização das mulheres brasileiras para lutar contra a violência, a opressão e a exploração da mulher e as injustiças existentes em nossa sociedade. Seu surgimento ocorreu na formação da delegação brasileira à 1ª Conferência Mundial de Mulheres de Base, realizada em Caracas, Venezuela, em março de 2011. Na ocasião, foram 21 rep res enta ntes de oi to es ta dos brasileiros. Já no ano seguinte, em 2012, organizamos na cidade de São Bernardo, São Paulo, a Conferência de Mulheres das Américas, com lideranças feministas do Equador, Peru, Venezuela, Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai, além de delegações de vários estados brasileiros. Em maio de 2014, realizamos o 1º Encontro Nacional do Movimento Olga Benario, na cidade de Recife, Pernambuco, com a presença de 300 mulheres de várias regiões do Brasil. Nesse representativo encontro foi eleita a primeira Coordenação Nacional do Movimento, com a participação de companheiras de 13 estados do país. O Movimento Olga Benario é um movimento feminista e revolucionário que cresce a cada dia e com o propósito de organizar as mulheres trabalhadoras, indígenas e jovens para lutarem por seus direitos e para acabar com o injusto sistema patriarcal-capitalista. Estamos organizadas em 15 estados do Brasil com o propósito de organizar as mulheres pelos seus direitos e contra a opressão. Ao longo desses anos de existência, o Movimento Olga Benario tem desenvolvido diversas lutas especícas e políticas no nosso país. Temos erguido com rmeza a bandeira dos direitos das mulheres, organizando e participando
de passeatas nas ruas, de atos em memória das mulheres assassinadas durante à ditadura militar, realizado cursos de formação e de prossionalização, palestras em universidades, bairros e escolas, ocupações de mulheres por mais Casas de Referências e Casas-Abrigos. Para participar do movimento basta ingressar em um dos núcleos, ir às reuniões e ter disposição para lutar por nossas reivindicações. Você também pode organizar um núcleo de mulheres no seu local de trabalho, no bairro onde você mora ou onde estuda. Os núcleos são espaços onde as mulheres se reúnem, com lugar e periodicidade denida pelas companheiras que o compõe, e têm três objetivos: organização, formação política e planejamento das lutas. Construir os atos pelos nossos direitos, organizar manifestações, participar dos cursos de formação e de plenárias, enm, participar e desenvolver atividades militantes. Convocamos todas as mulheres trabalhadoras, donas de casa, jovens, idosas, da cidade e do campo, para levantar conosco a bandeira da emancipação da mulher e pelo socialismo. Olga Benario Vive!
OCUPAÇÃO DE MULHERES: Uma experiência de solidariedade e de luta no Brasil! A violência contra a mulher é entendida como violência doméstica e familiar em todas as suas formas, incluindo os homicídios e a violência sexual. Brasil ocupa a 5º posição em número de assassinatos contra a mulher no mundo num ranking com 83 países. No entanto, a rede de apoio para as mulheres saírem dessa situação é muito reduzida. A luta por um mundo sem violência contra mulheres é uma das principais lutas do Movimento de Mulheres Olga Benario, pois, para nós, a luta pela vida das mulheres é parte indivisível da luta por uma sociedade sem opressão e exploração. Casa Tina Martins Diante dessa realidade cruel para as mulheres, um grande exemplo de como desenvolver essa luta aconteceu no dia 8 de março de 2016 em Belo Horizonte. Nesse dia, centenas de mulheres organizadas pelo Movimento Olga Benario e pelo MLB ocuparam um prédio público abandonado há mais de 10 anos para exigir a adoção de políticas públicas em favor das mulheres. As principais reivindicações eram: por um intenso combate à violência machista e do Estado; abertura imediata de creches em tempo integral; regularização das creches comunitárias; casas-abrigos para atendimento às mulheres vítimas de violência; delegacias 24 horas para atendimento especializado. A ocupação foi uma grande
vitória, obrigando o Governo de Minas Gerais a ceder um imóvel que estava ocioso para que fosse criada a Casa de Referência da Mulher Tina Martins, que se transformou num espaço p a r a f o r m aç ã o d a s mulheres com d e b a t e s , palestras, ocinas, cursos, rodas de conversas, feiras e encontros, além de realizar acolhimento temporário às mulheres que têm esse atendimento negado pelo Estado. A Casa vem desenvolvendo, atendimento às mulheres refugiadas, vítimas do preconceito e discriminação. Importante ressaltar que nesse período de quase dois anos, a maioria das mulheres atendidas foram mulheres pobres, trabalhadoras e de periferia; exatamente porque são essas as mulheres privadas do acesso às informações e ao atendimento especializado. Ocupação Mulheres Mirabal Outro exemplo de ocupação das mulheres ocorreu no dia 25 de novembro de 2016, em Porto Alegre, RS, com o surgimento da O c u p a ç ã o Mulheres Mirabal. Um prédio abandonado foi ocupado por 100 mulheres. A partir da ocupação do imóvel, o Movimento Olga Benario passou a divulgar o trabalho nas redes sociais e nas ruas. Em poucos dias, o trabalho desenvolvido voluntaria-
mente por psicólogas, assistentes sociais, advogadas e prossionais da área da saúde passou a ser reconhecido por entidades sociais e pelo próprio poder público. Das mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero que vieram em busca de acolhimento na casa, a grande maioria era de negras. O acolhimento no local ainda é transitório. Há mulheres que cam ali por vários dias, por um dia ou mesmo um turno. A ocupação, que tem 60 vagas, conta com uma rede própria de assistentes sociais, prossionais de saúde, psicólogas, professoras e educadoras sociais. Ocupação Helenira Preta No dia 25 de julho de 2017, Dia Internacional da Mulher Negra, L a t i n o Americana e Caribenha, dezenas de mulheres organizadas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario ocuparam uma casa abandonada em Mauá, região do ABC paulista. O objetivo da ocupação foi exigir do Governo de São Paulo a reforma do imóvel e sua transformação em uma casa de referência para acolher mulheres vítimas de violência. Luta e Solidariedade As ocupações de mulheres são um grande exemplo na luta pelo m da violência à mulher. É necessário que as mulheres se organizem para lutar pela ampliação de delegacias especiais, aumento de casas-abrigos, mais prossionais qualicados, além da humanização no atendimento às vítimas de violência. Continuaremos a ocupar, lutar e resistir! Apoie e Participe dessa luta!
25 DE NOVEMBRO: DIA INTERNACIONAL PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER No Brasil, a cada 90 minutos ocorre um feminicídio. Em 10 anos, 43 mil mulheres foram assassinadas. Basta! É hora de lutar! No dia 25 de novembro é celebrado o Dia Internacional pelo Fim da Violência contra a Mulher. A data foi instituída na Assembleia Geral da ONU, em 1999, em referência ao assassinato das irmãs Mirabal (Pátria Mercedes, Minerva Argentina, María Teresa), ocorrido nesta mesma data, em 1960, por ordem do ditador da República Dominicana, Rafael Leónidas Trujillo. Em 2017, todas as cidades do Brasil registraram aumento no número de estupros quando comparados ao ano passado. Também os casos de abuso sexual dentro dos transportes públicos aumentaram neste ano. Já foram registrados 180 casos nos três primeiros meses de 2018. No Brasil ocorrem, a cada dois minutos, cinco espancamentos. A cada 90 minutos, um feminicídio; por dia, 179 relatos de agressões. Em 10 anos, 43 mil mulheres foram assassinadas, sendo 41% na própria casa. O país ocupa a 5º posição de maior número de assassinatos de mulheres no mundo, num ranking com 83 países. O número de mortes de
mulheres foi de 4.657, mas apenas 533 casos foram registrados como feminicídio. No país 61% dos feminicídios foram de mulheres negras. No dia 25 de novembro, as mulheres de todo o mundo se organizam através de atos, manifestações e ocupações denunciando que a violência contra a mulher é algo mundial e causado pelo injusto sistema capitalista, patriarcal, e racista que vivemos. Fortalecer a luta por uma sociedade justa para todas as mulheres é um dever de todos aqueles que lutam pelo m da exploração, opressão e
pelo socialismo. Organize as mulheres na sua cidade e bairro e vamos com nossa luta derrotar o machismo e a violência contra a mulher e transformar nossa sociedade!
Marielle Franco VIVE!
A execução da vereadora do PSOL no Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, na noite do dia 14 de março, comoveu o país e gerou uma onda de manifestações exigindo a punição aos responsáveis pelo crime e o m da violência contra defensores dos direitos humanos e militantes sociais. Marielle voltava de um debate sobre jovens negras quando seu carro foi seguido por outros dois veículos e metralhado, tudo indica que foi uma execução política. Nos dias que se seguiram às suas mortes, centenas de milhares de pessoas foram às ruas no Brasil e no mundo cobrando a
resposta de quem matou Marielle e Anderson. No Rio de Janeiro, mais de 50 mil pessoas tomaram a praça da Cinelândia, em frente à Câmara Municipal, para receber Marielle e Anderson. Houve outras manifestações em mais de cinquenta cidades. Além de atos em Nova Iorque, Lisboa, Porto, Londres e Paris. Por que mataram Marielle? Marielle nasceu no Complexo de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. Era socióloga e foi eleita vereadora na última eleição com mais de 45 mil votos. Foi coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e também trabalhou em organizações não-governamentais.
Atualmente, era relatora da comissão de observação da intervenção militar no Rio de Janeiro e uma das parlamentares mais ativas na defesa dos direitos humanos e na luta contra a violência que atinge os moradores das favelas cariocas. Basta! É hora de lutar! Exigir justiça para os assassinatos de Marielle e Anderson é lutar contra o fascismo. Antes de tudo, devemos nos mirar no exemplo de Olga Benario e não temer a luta contra os fascistas e assassinos de mulheres e dos trabalhadores e das trabalhadoras. Como escreveu Olga Benario presa num campo de concentração nazista, em poucas horas antes de ser assassinada: “Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Até o último momento manter-me-ei rme e com vontade de viver”.
Mais Creches para nossos lhos e lhas A maioria das mulheres brasileiras necessita de creches para poderem trabalhar fora de casa, porém, a falta de creches é um fato grave no Brasil. Segundo dados do relatório produzido pela fundação Abrinq, as creches no país atendem a apenas 22,53% das crianças de zero a três anos. O acesso à creche está no artigo 208 da Constituição Federal que garante às crianças de zero a cinco anos o direito à educação infantil, em creche e pré-escola. Cabe ao Estado aplicar esse direito. A existência de creches e de escolas de educação infantil, além de ser um direito, garante, sobretudo, um saudável desenvolvimento das crianças. Lutar por mais creches é fundamental para emancipação das mulheres.
Legalizar o aborto é um direito humano! Por ano são realizados um milhão de abortos clandestinos por ano no Brasil e que, a cada dois dias, uma brasileira morre devido a um aborto inseguro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) constata que a proibição do aborto não é ecaz para combater a prática. O debate sobre o aborto não é uma discussão moral ou religiosa, mas apenas uma decisão de política pública sobre como os abortos serão realizados. Com ou sem lei, a verdade é que as mulheres abortam. Mulheres de todas as idades, ricas e pobres. A diferença é que as que podem pagar, as que têm dinheiro, abortam de forma segura em uma boa clínica particular, enquanto as jovens pobres recorrem a métodos perigosos que colocam sua saúde e sua vida em risco. As alternativas não são “aborto sim” ou “aborto não”, mas aborto legal, seguro e gratuito ou caro, inseguro e clandestino. Aborto seguro: um direito das mulheres O Movimento de Mulheres Olga Benario luta pela legalização do aborto legal, seguro e gratui-
to. Lutar pela legalização do aborto não signica, de forma alguma, desejar que ele se transforme em método contraceptivo. Esta luta deve ser acompanhada de políticas efetivas que garantam direitos reprodutivos. A maternidade não pode ser uma imposição natural às mulheres, por isso defendemos acesso a contraceptivos e à informação adequada para seu uso, autonomia das mulheres para que elas possam dizer não ou impor condições aos parceiros em uma relação sexual exigindo, por exemplo, o uso de camisinha, em caso de necessidade, e que tenham direito a interromper uma gravidez indesejada como último recurso. Queremos educação sexual para decidir, contraceptivos para não abortar e aborto legal e gratuito para não morrer!
Seja militante do Olga! Participe dos núcleos! AM: (92) 981297633 PA: (91) 989383874 PI: (86) 998002400 CE: (85) 99832414 RN: (84) 996008725 PB: (83) 987805492 PE: (81) 986049169 AL: (82) 999181509 BA: (71) 992623791
olga.benario.14
SE: (79) 991533984 MG: (31) 993599669 RJ: (21) 9979619276 SP: (11) 9967518566 GO: (62) 981550302 SC: (48) 998546423 RS: (51) 982478357 E-mail: movolgabenariobr@gmail.com
@movimentoolgabenario
Movimento de Mulheres Olga Benario
movimentodemulheresolgabenario