JORNAL DO OLGA. NOVEMNRO DE 2017

Page 1

Jornal nº 04 | 2017

er

"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo"

#Fo

Foto: Maxwell Vilela

S

eja nas ruas, seja nos ônibus, no trabalho e na própria casa, nós, mulheres, sofremos todos os dias diversas violências. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública registrou o maior número de mortes violentas da história, 61.619 casos, apenas em 2016. O número de mortes de mulheres foi de 4.657, mas apenas 533 casos foram registrados como feminicídio. No Brasil, 61% dos feminicídios foram de mulheres negras, as principais vítimas em todas as regiões – a exceção da Sul –, merecendo destaque a elevada proporção de óbitos de negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). A implementação de delegacias especializadas para mulheres; a implementação de secretarias nacional, estaduais e municipais de mulheres; e a conquista de várias leis que asseguram às mulheres, em especial a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) e a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/201), que caracteriza o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino, foram fruto da luta das mulheres. A lei do feminicídio foi adicionada ao rol dos crimes hediondos, tal qual o estupro e genocídio. A pena prevista é de reclusão de 12 a 30 anos. A lei é recente e ainda não foi aderida em todo o país. Agora tramita no Senado Federal a sugestão pública de lei que tem por objetivo retirar o termo “feminicídio” do código penal. Mas, apesar dessas leis, por que ainda ocorre um feminicídio no Brasil a cada hora? É fundamental compreender que o fim da violência contra a mulher vai além da de leis específicas ou da ampliação de políticas públicas para as mulheres. Tratase de algo mais profundo, que tem como raiz o surgimento da sociedade patriarcal e da propriedade privada dos meios de produção. É essa forma de organização social existente até hoje, com a sociedade capitalista, baseada numa ideologia em que a mulher é propriedade do homem, seja ele pai, irmão, namorado, marido ou patrão. Desde pequenos, os homens são educados com o pensamento para dominar e controlar as mulheres, colocá-las cumprindo o papel de responsáveis pela casa e pelos filhos e sempre à disposição para satisfazer seus desejos, inclusive sexuais. Essa concepção está implícita nas músicas, filmes, novelas, piadas, propagandas, etc. A ideo-

em raT

Ato «Nenhuma a menos» em Belo Horizonte em 2015

logia machista é tão enraizada que faz com que inclusive mulheres reproduzam tamanho absurdo. Assim, podemos afirmar que a violência contra as mulheres é algo estrutural, ou seja, ocorre devido à organização social e econômica em que a humanidade se encontra. Enquanto existir uma sociedade dividida em classes sociais, que trata as mulheres como coisa, posse ou objeto, a morte delas será apenas consequência. Lutar é preciso! No dia 25 de novembro – Dia Internacional pelo Fim da Violência contra à Mulher – é urgente que todas as mulheres se unam através de manifestações, atos e ocupações para exigir do Estado nossos direitos. O Movimento de Mulheres Olga Benario levanta a bandeira pelo fim da violência à mulher e convoca todas a reivindicarmos: Pela ampliação de delegacias especializadas para mulheres; por mais casas-abrigos; apoio jurídico, psicológico e de saúde para mulheres vítimas de violência; pela discussão das questões de gênero nas escolas; pela reeducação (e punição) dos agressores; pela humanização no atendimento às vítimas pelos órgãos jurídicos e de saúde. Precisamos nos unir na luta contra o machismo, lutarmos também por outra sociedade, em que não haja exploração do homem pelo homem, nem da mulher pelo homem, a sociedade socialista. Por isso, é fundamental a luta das mulheres, e essa luta tem que ser cada vez mais organizada e unificada. Lutar contra o machismo é lutar pela vida das mulheres.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.