World Vision-Moçambique Relatório de Impacto 2014

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RELATÓRIO ANUAL2014

WORLD VISION-MOÇAMBIQUE PELO BEM-ESTAR DA CRIANÇA


TRABALHAMOS COM CRIANÇAS, SUAS FAMÍLIAS E COMUNIDADES PARA QUE ATINJAM O SEU POTENCIAL MÁXIMO ATRAVÉS DA ABORDAGEM DAS CAUSAS DA POBREZA E DA INJUSTIÇA


RELATÓRIO DE IMPACTO 2014 O PRESENTE RELATÓRIO É PARTE DO EXERCÍCIO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E TRANSPARÊNCIA DA WORLD VISION-MOÇAMBIQUE, PROCURANDO APRESENTAR AS ACÇÕES DESENVOLVIDAS E ESPELHAR O SEU IMPACTO PARA O BEM-ESTAR DA CRIANÇA NO DECORRER DO ANO FISCAL DE 2014

ÍNDICE FACTOS E NÚMEROS 2014

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QUEM SOMOS E O QUE FAZEMOS?

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World Vision em Moçambique

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BEM-ESTAR DA CRIANÇA

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META 1 - Bem-estar

16

META 2 E 3 - Nutrição e Saúde

20

META 2

23

META 3

24

28

META 4 - Educação

ASSUNTOS HUMANITÁRIOS E DE EMERGÊNCIA

32

PATROCÍNIO À CRIANÇA

34

MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS

36


WORLD VISION-MOÇAMBIQUE EM 2014

FACTOS E NÚMEROS 101 122 CRIANÇAS REGISTADAS 75 842 CRIANÇAS PATROCINADAS


5 MAIS DE UM MILHÃO DE pessoas participaram em sessões de sensibilização e informação sobre prevenção da malária e procura atempada de tratamento nas unidades sanitárias

13 908 voluntários comunitários e professores treinados em prevenção da malária e promoção da procura atempada de tratamento

1994

crianças desnutridas reabilitadas

225 500

pessoas receberam acompanhamento domiciliário na área da nutrição

234

furos de água construídos ou reabilitados

72 600 pessoas beneficiaram actividades com o objectivo de melhorar o acesso a fontes de água

15 587 pessoas alcançadas através de campanhas de mobilização focadas em higiene e saneamento com base em metodologias participativas e de liderança comunitária. Estas campanhas resultaram na construção comunitária de mais de 22 000 latrinas melhoradas

53 952

crianças beneficiaram de actividades na área da higiene e saneamento

41 500 crianças e jovens reconhecem mellhorias no seu bem-estar

55 600

crianças beneficiam de alimentação escolar

371 616

crianças entre os 6 e os 18 anos participaram em actividades com vista à melhoria do acesso e qualidade do ensino

41

Comités de Gestão de Desastres Funcionais

6600

pessoas sensibilizadas e capacitadas em medidas de prevenção e resposta a desastres


2014 NA NOSSA VISÃO A World Vision-Moçambique terminou 2014 com a forte convicção de que continua a dar um contributo significativo aos esforços em prol do bem-estar da criança neste país. Este facto é comprovado pelas avaliações do impacto das actividades desta organização não-governamental internacional apresentadas, de forma resumida, no presente Relatório Anual. É o caso, por exemplo, das intervenções da World Vision-Moçambique e parceiros na área de prevenção da Malária em Gaza,Tete, Zambézia e Nampula. Nestas províncias, estudos indicam que o universo de agregados familiares com pelo menos uma rede mosquiteira tratada com insecticida subiu este ano em perto de 20%, comparativamente ao ano anterior. Este é um passo importante rumo à redução, que aliás já se começa a testemunhar em algumas regiões, de mortes e internamentos devido à doença – a principal causa de mortalidade em Moçambique. Mas para além, e quiçá acima, dos estudos e dos números, o balanço positivo que a World Vision-Moçambique faz do ano de 2014 encontra eco nos testemunhos que nos chegam das comunidades, retratando transformações palpáveis, e que também dão corpo ao presente Relatório. Como o é a comovente história, contada nas páginas que se seguem, sobre como é que a menina Salmina pôde continuar a sorrir e a manter vivo o seu sonho de ser professora de Matemática, graças ao incansável trabalho de sensibilização de activistas comunitários apoiados pela World Vision-Moçambique, a Salmina escapou de um casamento prematuro – um fenómeno que continua a violentar as nossas crianças impiedosamente. Tanto as crianças que hoje dormem sob uma rede mosquiteira, como as meninas que já não são forçadas a abandonar a escola para se casarem, motivam e orgulham a World Vision-Moçambique. Estamos, no entanto, conscientes do caminho que ainda deve ser percorrido para que até 2016 possamos efectivamente contribuir, como é nosso desiderato, para o bem-estar de 1 milhão de crianças órfãs e vulneráveis. Vamos ter de fazer mais para que aumente o número de crianças moçambicanas bem nutridas, protegidas de doenças e infecções e que saibam ler e escrever, pois só assim é que elas poderão, pela sua própria voz, reconhecer uma melhoria dos índices do seu bem-estar. Por essa razão é que a organização deu início a um processo de transformações internas, em resultado do qual estão a ser agilizados sistemas, processos e procedimentos e implementada uma nova estrutura. Esperamos, desta forma, que a World Vision-Moçambique se torne mais eficaz e eficiente, mantendo-se relevante nos esforços de desenvolvimento, com particular incidência para o bem-estar da criança, em Moçambique. E continuando a trabalhar lado a lado com o Governo da República de Moçambique, as comunidades locais e outros parceiros, igualmente preponderantes, nacionais e internacionais, a quem dizemos desde já ‘Obrigado’. Boa leitura.

Graham Strong - Director Nacional World Vision-Moçambique


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WORLD VISION É UMA ORGANIZAÇÃO CRISTÃ DE AJUDA, DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DA JUSTIÇA, DEDICADA AO TRABALHO COM AS CRIANÇAS, SUAS FAMÍLIAS E COMUNIDADES EM TODO O MUNDO, PARA QUE ESTAS ATINJAM SEU POTENCIAL MÁXIMO ATRAVÉS DA ABORDAGEM DAS CAUSAS DA POBREZA E DA INJUSTIÇA. A WORLD VISION ESTÁ AO SERVIÇO DE TODOS INDEPENDENTE DA SUA RELIGIÃO, RAÇA, ETNIA OU GÉNERO.

QUEM SOMOS? MISSÃO: SEGUIR O NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO NO TRABALHO COM OS POBRES E OPRIMIDOS PARA PROMOVER A TRANSFORMAÇÃO HUMANA, PROMOVENDO A JUSTIÇA E AS BOAS NOVAS DO REINO DE DEUS.

VISÃO: PARA CADA CRIANÇA, A VIDA EM TODA A SUA PLENITUDE. A NOSSA ORAÇÃO PARA TODO O CORAÇÃO: QUERER É PODER.


CONSELHO CONSULTIVO FIRMINO MUCAVELE Doutoramento em Food and Resource Economics pela Universidade de Michigan State (E.U.A.). Licenciado com Distinção em Agronomia pela Universidade Eduardo Mondlane

JOSINA ABREU ASSIS DA COSTA VIEGAS Bacharelato em Educação pela Universidade Eduardo Mondlane. Bacharelato em Teologia e Ensino Religioso pela FASSEM (Brasil)

ANGELINA SEGREDO Formada em Direito pela Universidade Católica de Moçambique

ANTÓNIO COUTINHO Formado em Gestão pela Henley Management College e em Contabilidade pela Universidade de Pretória na Africa do Sul.

JORGE FERRÃO Doutorado em Sociologia e Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestrado em Politicas Publicas pela University of Zimbabwe. Licenciado em Relações Internacionais e Diplomacia pela IRSI em Moçambique

LUISA DISTA Formada em Gestão de Recursos Humanos

EQUIPA SENIOR DE GESTÃO VENTURA MARCOS MAZULA - DIRECTOR NACIONAL ADJUNTO ELEUTÉRIO FENITA - DIRECTOR EXECUTIVO ASSOCIADO CHRISTINE BEASLEY - DIRECTORA PARA A QUALIDADE DE PROGRAMAS FRANCINA PHAKAMEA - DIRECTORA FINANCEIRO CALLUM NEWMAN - DIRECTOR DE PROGRAMAS INTEGRADOS ODETE SOARES - DIRECTORA PESSOAS E CULTURA


A WORLD VISION-MOÇAMBIQUE AMBICIONA

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UM MOÇAMBIQUE ONDE AS CRIANÇAS POSSAM USUFRUIR DOS SEUS DIREITOS E VIVEM EM AMOR E PAZ.ATÉ 2015, A WORLD VISIONMOÇAMBIQUE PRETENDE CONTRIBUIR, DE FORMA SIGNIFICATIVA E MENSURÁVEL, PARA O BEM-ESTAR DE 1 MILHÃO DE RAPAZES E RAPARIGAS VULNERÁVEIS.

O QUE FAZEMOS? O Programa de Patrocínio à Criança permite financiar programas de desenvolvimento comunitário sustentável denominados Programas de Desenvolvimento de Área (ADPs) Através dos ADPs e em parceria com as comunidades a World Vision-Moçambique promove uma transformação económica e social alargada, sustentável e focada no bem-estar da criança. Esta é a principal estratégia operativa da World Vision-Moçambique e integra diversas temáticas de actuação, apostando sempre na capacitação para a gestão local do desenvolvimento de forma a garantir a apropriação dos programas e o protagonismo das comunidades no seu próprio desenvolvimento. Actualmente, a World Vision-Moçambique beneficia mais de 4 milhões de pessoas através de 31 ADPs e de outros programas e projectos de financiamento privado. Os programas de financiamento privado denominados projectos especiais permitem à World Vision-Moçambique complementar a sua intervenção, respondendo a necessidades específicas das comunidades, são exemplos: Global Fund – Malaria, OGUMANIHA, Ocluvela, entre outros. O processo de desenvolvimento da estratégia nacional, válida até 2015 integrou uma análise profunda ao contexto social do país, bem como aos desafios internos que enfrenta a organização e definiu as prioridades para alcançar o objectivo estratégico de contribuir, de forma significativa e mensurável, para o bem-estar de 1 milhão de rapazes e raparigas vulneráveis.

PRIORIDADES ESTRATÉGICAS

REFORÇO DO SERVIÇO AO CLIENTE* MELHORIA DOS PROCESSOS INTERNOS PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM E CRESCIMENTO DO STAFF HARMONIZAÇÃO DA GESTÃO DE FINANÇAS E RECURSOS

METAS PRIORITÁRIAS:

AS CRIANÇAS RECONHECEM UMA MELHORIA DOS ÍNDICES DE BEM-ESTAR AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS BEM NUTRIDAS AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS PROTEGIDAS DE DOENÇAS E INFECÇÕES AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS QUE SABEM LER E ESCREVER AOS 11 ANOS DE IDADE *

Para efeitos do presente relatório apenas serão apresentados os resultados referentes ao Serviço ao Cliente


A WORLD VISION É UMA ORGANIZAÇÃO CRISTÃ FUNDADA EM 1950, CUJOS ESFORÇOS PARA A REDUÇÃO DA POBREZA E SUAS CAUSAS TÊM SIDO AMPLAMENTE RECONHECIDOS NOS MAIS DE 90 PAISES ONDE OPERA ACTUALMENTE.

WORLD VISION

Início das operações no auge da Guerra civil providenciando ajuda de emergência para três milhões de deslocados e refugiados no centro de Moçambique

1998

Com o fim da Guerra civil, a World VisionMoçambique participou no reassentamento de 1.5 milhões de moçambicanos refugiados e deslocados pela guerra

JORNAL NOTÍCIAS DE 93 A 95

JORNAL NOTÍCIAS 07.07.89

1992 - 1994

1983

Contribui com programa de reconstrução pós-guerra

1994 - 1997

EM MOÇAMBIQUE

Muda a sua actuação para os programas de desenvolvimento, dando início ao seu primeiro Programa de Desenvolvimento de Área em Namacurra, província da Zambézia. O programa de Patrocínio à Criança tornou-se num dos primeiros sucessos em desenvolvimento, assistindo a mais de 100, 000 crianças em menos de uma década


A World Vision procura responder às necessidades expressas pelas comunidades através de projectos de desenvolvimento sustentáveis, 1 integrados e de longa duração, sem no entanto, deixar de assistir às vitimas de conflitos ou catástrofes através de programas de 1auxilio de emergência que potenciam o acesso a abrigo, cuidados de saúde e alimento. Actuando em Moçambique desde 1983, a World VisionMoçambique prestou auxílio a milhares de deslocados durante o período de guerra civil. Em 1992, finalmente em contexto de paz, a World Vision-Moçambique participou no reassentamento de 1,5 milhões de refugiados e manteve o compromisso assumido com as comunidades, e em especial com as crianças moçambicanas, no sentido de construir um futuro melhor. Assim, a World Vision-Moçambique tem-se adaptado ao contexto do país, participando dos seus progressos e desafios e procurando sempre novas estratégias para responder às necessidades dos mais pobres de forma eficaz e integrada, mantendo o seu papel activo na melhoria das condições de vida de cerca de 3,5 milhões de moçambicanos que directa ou indirectamente participam e beneficiam dos programas e projectos nas seguintes áreas:

Ajuda a salvar vidas das pessoas afectadas pelas cheias, descritas como as piores na história mais recente de Moçambique. Na província de Gaza cerca de 30, 000 pessoas beneficiaram de kits de assistência. A World Vision-Moçambique participou no reassentamento de 22, 000 sobreviventes das cheias.

Providencia assistência de cerca de 60,000 vitímas das cheias no centro de país Cria o Conselho Consultivo presidido pelo Bispo Dinis Salomão Sengulane

Trabalha com e para 3.5 milhões de Moçambicanos, das quais a maioria são crianças órfãs e vulneráveis.

2014

2013

JORNAL NOTÍCIAS DE 05 A 10

2001

2000

EDUCAÇÃO SAÚDE NUTRIÇÃO ADVOCACIA E PROTECÇÃO À CRIANÇA EMERGÊNCIA E REABILITAÇÃO

Com algum pesar mas também com muito orgulho, a World Vision-Moçambique despede-se do Bispo Dinis Salomão Sengulane que se reformou no decorrer de 2014, deixando, por isso, a liderança do Conselho Consultivo da organização .

JORNAL NOTÍCIAS DE 11 A 14


EM TODOS OS PAÍSES ONDE OPERA, A WORLD VISION PRETENDE CONTRIBUIR PARA O BEM-ESTAR SUSTENTADO DE TODAS CRIANÇAS NO SEIO DAS SUAS FAMÍLIAS E COMUNIDADES.

BEM-ESTAR DA CRIANÇA


Desde que foi fundada, a World Vision tem procurado aperfeiçoar a sua intervenção e estratégia de forma a assegurar a melhoria das condições de vida de milhões de crianças em todo o mundo. Depois de mais de 60 anos ao serviço das crianças, a World Vision adoptou um modelo de intervenção que tem por base as Aspirações para o Bem-estar da Criança. Estas aspirações descrevem as condições que a World Vision pretende ver na vida de todas as crianças para que estas possam experimentar a vida em sua toda a sua plenitude, integrando, numa perspectiva holística, diversos aspectos que parecem determinantes para o futuro de qualquer criança como a saúde física e mental, a capacidade de se relacionar de forma positiva e a vivência num contexto que lhe proporciona segurança e lhe oferece a possibilidade de ser ouvida e de participar de forma activa no seio familiar, na sua comunidade, na sua província e no seu pais. Orientada por estas aspirações, a World Vision estabelece parcerias com as comunidades envolvendo-as activamente no seu próprio desenvolvimento, promovendo famílias resilientes e encorajando e capacitando crianças e suas comunidades para serem agentes de mudança de forma a contribuir para resultados efectivos e mensuráveis de bem-estar infantil.

ASPIRAÇÕES D E BEM-ESTAR DA CRIANÇA AS CRIANÇAS GOZAM DE BOA SAÚDE

AS CRIANÇAS SÃO EDUCADAS PARA A VIDA

AS CRIANÇAS EXPERIMENTAM O AMOR DE DEUS E DOS SEUS VIZINHOS

AS CRIANÇAS SÃO ACARINHADAS, PROTEGIDAS E PARTICIPAM

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AS METAS PARA O BEM-ESTAR DA CRIANÇA SÃO CATALISADORES DE ACÇÃO PARA AS CRIANÇAS, JOVENS, FAMÍLIAS, COMUNIDADES, PARCEIROS E PARA A PRÓPRIA WORLD VISION-MOÇAMBIQUE .

METAS PARA O

BEM-ESTAR DA CRIANÇA

As aspirações, os resultados do bem-estar infantil e as necessidades expressas pelas comunidades guiam a definição da estratégia da World Vision-Moçambique a nível nacional definindo as suas opções operativas e programáticas. O estabelecimento de metas permite à World Vision-Moçambique concentrar, alinhar e avaliar a eficácia das suas estratégias, programas e investimento de recursos fornecendo provas da contribuição da World Vision-Moçambique para os resultados de bem-estar infantil e assegurando clareza e transparência perante as crianças, as comunidades e os doadores que servimos. Estas metas, reflectem as prioridades a nível nacional, estão integradas na estratégia nacional para o período de 2013-2015 e vigoram no planeamento operacional e nos mecanismos de monitoria e avaliação adjacentes através de indicadores específicos.

METAS: AS CRIANÇAS RECONHECEM UMA MELHORIA DOS ÍNDICES DE BEM-ESTAR AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS BEM NUTRIDAS AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS PROTEGIDAS DE DOENÇAS E INFECÇÕES AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS QUE SABEM LER E ESCREVER AOS 11 ANOS DE IDADE


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A WORLD VISION-MOÇAMBIQUE PRIORIZA ESTRATÉGIAS DE ADVOCACIA E PROMOÇÃO DA JUSTIÇA LIDERADAS PELAS PRÓPRIAS CRIANÇAS E SUAS COMUNIDADES VISANDO ASSIM, CONTRIBUIR PARA A FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE POLÍTICAS MAIS JUSTAS DE FORMA A ASSEGURAR QUE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS SÃO RESPEITADOS. POR OUTRO LADO, ESTA ABORDAGEM ELEVA A CAPACIDADE DE RESPOSTA DAS COMUNIDADES, DOS ADULTOS, DOS JOVENS E DAS CRIANÇAS, REFORÇANDO A SUA CONSCIENCIALIZAÇÃO SOBRE A PROTECÇÃO À CRIANÇAS E SEUS DIREITOS E PROMOVENDO O SEU ENVOLVIMENTO E INTERACÇÃO COM OS DECISORES POLÍTICOS.

AS CRIANÇAS RECONHECEM UMA MELHORIA DOS ÍNDICES DE BEM-ESTAR O QUE PRETENDEMOS? Contribuir para um ambiente amigo da criança e para a melhoria da protecção à criança através de: Mais e melhor envolvimento e diálogo entre as comunidades (incluindo as crianças) e os decisores políticos Mais oportunidades para as crianças crescerem e serem protegidas pelas suas famílias e comunidades Esta meta reflecte o compromisso da World Vision-Moçambique com os princípios e mecanismos de protecção à criança e promoção da justiça, procurando, através de estratégias de advocacia e protecção da criança, abordar as causas estruturais e sistémicas da pobreza e possibilitar a mudança de políticas, práticas e atitudes que perpetuam as desigualdades e desrespeitam os direitos humanos no geral, e os direitos da criança em particular. Conhecendo de perto a realidade vivida por milhares de crianças moçambicanas forçadas a casar, a participar em algum tipo de actividade laboral ou a crescer num ambiente violento e hostil que põe em causa a sua dedicação e continuidade na escola, a World Vision-Moçambique considera crucial o envolvimento de todos para o fortalecimento dos mecanismos governamentais e comunitários de protecção à criança.

A advocacia e a promoção da justiça têm um papel estratégico determinante na forma como a World Vision-Moçambique opera, procurando sensibilizar, capacitar e informar sobre os direitos da criança e sobre os princípios e mecanismos de protecção à criança e incentivar a uma maior consciencialização e responsabilização colectiva pelo bem-estar das crianças. Os últimos anos têm demonstrado uma crescente celebração das crianças nos espaços onde a World Vision-Moçambique opera, verificando-se uma elevação do conhecimento da comunidade sobre as leis e outros instrumentos legais, e uma maior participação de todos, incluindo das próprias crianças, na disseminação e defesa dos seus direitos. Assim, a advocacia é tida como uma forma de influenciar decisores, legislações e comportamentos, actuando a dois níveis complementares: a influência política e o empowerment dos cidadãos através da promoção do diálogo e da negociação. Em todos os ADPs activos, a World Vision-Moçambique desenvolve actividades regulares de advocacia com o objectivo de motivar e capacitar as comunidades, e especialmente as crianças, a participarem activamente nas decisões que afectam as suas vidas e a dialogarem, de forma construtiva com as autoridades incluindo, os organismos do governo local, provincial e nacional. Para além destas actividades, continuam a ser implementados projectos de protecção à criança em todos os ADPs de Gaza. No decorrer de 2014, a World Vision-Moçambique alargou a implementação do projecto para 6 ADPs na província da Zambézia e 3 em Nampula. Por outro lado, no primeiro semestre de 2014 terminou a implementação do projecto na província de Tete. Importa referir que nesta província a World Vision-Moçambique registou um aumento dos índices de bem-estar reportados pelas próprias crianças, tendo o ADP de Marara apresentado resultados de melhoria do índice de bem-estar na ordem dos 40%. Também o projecto FEC - For Every Child Campaign, em implementação na província de Gaza foi, no ano fiscal 2014, alargado para a província da Zambézia e foram identificados parceiros de implementação ao nível da cidade de Maputo que iniciaram as actividades do projecto na capital. Este projecto tem 3 componentes: a Prevenção, Protecção e Restauração. No âmbito da prevenção, com o objectivo de criar um ambiente protector da criança, o projecto facilitou a criação de espaços para ao diálogo sobre protecção à criança, entre líderes comunitários, líderes tradicionais, líderes religiosos, pessoas influentes na comunidade e de policiamento comunitário. Estas plataformas permitem reforçar a capacidade da comunidade de responder aos incidentes e encaminhar para as instâncias competentes. A protecção, referente ao reporte, monitoria e seguimento dos casos nos sistemas de referência visando, paralelamente, reforçar estes sistemas e fortalecer a capacidade dos serviços de referência de responder de forma adequada aos incidentes que colocam em causa o bem-estar da criança (incidentes de protecção à


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criança). No ano fiscal 2014, continuaram actividades de capacitação dos agentes e técnicos de saúde, nos hospitais e centros de saúde. Estas acções desenvolvem a capacidade dos agentes de saúde para detectar e encaminhar os incidentes de protecção à criança no sistema de referencia através de conhecimentos básicos de medicina legal. Para além da capacitação destes serviços e sistemas, é feito o acompanhamento permanente destes incidentes de forma a garantir que é feita a denúncia e que o devido seguimento é dado pelas autoridades até que seja atribuída a justa sentença ao agressor. A Restauração que consiste no apoio psicossocial prestado às vítimas. No decorrer deste ano, foram também criadas plataformas para que as comunidades sejam informadas através dos líderes locais sobre o desfecho dos casos que atenderam julgamento. Este momento de partilha tem se revelado determinante para promover a ideia de que a justiça existe e não só é efectiva como possível para todos. Importa referir que no decorrer de 2014, para o projecto FEC nas províncias de Gaza e Zambézia foram reportados cerca de 107 incidentes de protecção à criança, destes 56 estão na fase preparatória, cerca de 20 na Procuradoria da República e 31 já julgados e sentenciados. A World Vision-Moçambique está também a implementar o modelo CPA ( Child Protection and Advocacy ) que consiste em reforçar os sistemas formais e informais de protecção à criança. Para tal, decorerram acções continuadas em parceria com instituições do governo, com a Polícia da República de Moçambique (PRM), o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) e com a Acção Social e a Direcção Provincial de Saúde (DPS). Por outro lado, um dos grandes investimentos da World Vision-Moçambique tem sido a procura de estratégias inclusivas que elevem não só as condições de vida das crianças portadoras de deficiência mas também que lhes ofereçam oportunidades de prosperar no futuro. Para tal, a World Vision-Moçambique tem capacitado associações de deficientes, sensibilizado para a importância da participação e educação das crianças portadoras de deficiência e reforçado a implementação de políticas educativas inclusivas. No decorrer do ano fiscal 2014 estas actividades foram implementadas nas províncias de Gaza e Nampula. Para monitorar a evolução do índice de bem-estar, os jovens (12 a 18 anos) avaliam o seu conhecimento e atitudes perante potenciais riscos para a sua saúde e bem-estar físico e emocional, bem como as redes de suporte que têm disponíveis e o comportamento dos seus pares. São exemplos dos aspectos avaliados pelos jovens o consumo de bebidas alcoólicas, a violência física, relações sexuais, HIV/ SIDA. Esta avaliação anual permite à World Vision-Moçambique avaliar e reflectir continuamente sobre a qualidade das suas operações. Importa reportar que entre 2013 e 2014 não houve alterações nos índices de bem-estar mantendo-se em 22% o número de jovens que reportam elevados níveis de bem-estar e uma redução significativa nos problemas de saúde, menos preocupações, abusos e tristeza e/ou raiva e um aumento dos níveis de alegria, respeito e interesse. PRINCIPAIS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS EM 2014: Apoio aos Parlamentos Infantis nas diversas áreas onde a World Vision-Moçambique opera, no caso da província de Gaza houve o apoio a sessão provincial de Parlamento Infantil onde crianças de vários pontos da província incluindo dos ADPs tiveram a oportunidade de participar. Encontros entre a policia e a comunidade para a disseminação da legislação de protecção a criança. Capacitação de tribunais comunitários em relação a lei que regula o seu funcionamento e as suas atribuições. Subfinanciamento a organizações que trabalham na área da criança na cidade de Maputo, como a Linha Fala Criança, a Associação dos Defensores dos Direitos da Criança e a Rede Contra Abuso de Menores. Capacitação de agentes de saúde em matéria de medicina legal para assistência a crianças vítimas de IPC. Encontros na comunidade de divulgação para divulgação dos serviços do IPAJ 23 escolas passaram a implementar políticas educativas inclusivas através acções de sensibilização e capacitação 1915 crianças conheceram mecanismos de apoio e reporte de abuso e negligência de crianças portadoras de deficiência 16 associações e núcleos de pessoas portadoras de deficiência criados nos ADPs Facilitação dos encontros entre os agentes da PRM e a comunidade para a divulgação de leis de protecção a criança Encontros de partilha de resultados do trabalho de protecção a criança com os parceiros do Governo, nomeadamente a PRM, o IPAJ e também a Acção Social


Houve um momento, não há muito tempo atrás, em que Salmina viu desmoronar todos os seus sonhos para o futuro. Ela tinha 16 anos, ele tinha 58 e em breve seria seu marido. Salmina Utelo é uma jovem com os mesmo sonhos, ambições e receios das jovens da sua idade, sonha em ser professora de matemática e acredita no seu talento para ensinar. Mas, embora este seja o futuro que escolheu para si, em muitas zonas de Moçambique, especialmente as mais rurais, o direito à escolha ainda não é uma realidade para jovens como Salmina. “Um senhor veio a nossa casa numa tarde, encontrou-me a comer com os meus pais. Conversou com eles e no final o meu pai disse que ia casar-me! Fiquei assustada quando ouvi aquilo” disse Salmina. Foi o seu pai que decidiu o seu futuro... a tarefa de Salmina era apenas ouvir e obedecer. “Eu senti pelo facto de não poder expressar os meus sentimentos ou decidir por mim própria” afirma Salmina. Depois das negociações e durante algum tempo não ouviu falar do pretendente. Conta-nos que nesse período estava cheia de esperança que ele tivesse desistido das suas intenções. Mas o pretendente regressou. Desta vez, trazia uma caixa de cerveja, outra de refrigerante e mais 1200 meticais (40 dólares) e assim se apresentou como pretendente oficial da Salmina como manda a tradição no sul do país. Salmina estava noiva e era altura de deixar a escola.

“UM SENHOR VEIO A NOSSA CASA NUMA TARDE, ENCONTROU-ME A COMER COM OS MEUS PAIS. CONVERSOU COM ELES E NO FINAL O MEU PAI DISSE QUE IA CASAR-ME!” Salmina Utelo - Gaza


Salmina iria fazer parte da lista de raparigas que se casam antes dos 18 anos de idade. De acordo com o relatório: “Untying the knot: Exploring Early Marriage in Fragile States” uma em cada duas mulheres casa-se antes dos 18 anos de idade e uma e em cada quatro mulheres casa-se antes dos 15 anos de idade em Moçambique. Os números são assustadores e o país é um dos 10 países do mundo com mais casamentos prematuros. Esta pratica ancestral hipoteca o futuro de muitas raparigas e consequentemente o futuro do país. São jovens forçadas a deixar a escola, a pôr de lado todos os seus sonhos, todo o seu potencial, todas as suas competências para serem esposas e mães quando são ainda crianças. Foi graças à intervenção de Hilário Vilanculos, chefe local e pai de 3 filhos, um membro da comunidade, sensibilizado, mobilizado e capacitado pela World Vision-Moçambique em prevenção da Protecção da Criança, que o pai de Salmina voltou a trás na sua decisão. Vilanculos denunciou o assunto ao líder comunitário que marcou um encontro entre os três. “Minha tarefa é educar aos outros sobre as vantagens de uma criança continuar com seus estudos ao invés de casar. Existe muita resistência das pessoas em relação a este tema. Não foi fácil para o pai da Salmina aceitar esta realidade, mais depois de explicações claras ele percebeu que era mesmo importante educar a sua filha” explica Vilanculos. Hoje, avaliando sua decisão do passado, o pai da Salmina concorda que esta foi a melhor decisão que teve em relação ao futuro da sua filha. Apesar das dificuldades que ele enfrenta, tem a certeza que ela vai regressar a escola em breve. “Acho que foi bom ela não se ter casado... Vai casar-se quando a altura chegar e quando tiver concluído com seus estudos” diz o pai da Salmina. Mas, de acordo com Vilanculos, este não foi um processo simples. “Os pais da Salmina já haviam recebido as oferendas do pretendente, o noivado era oficial e este não estava disposto a desistir da Salmina. Ao decidir continuar com esta briga é preciso ser muito corajoso, a nossa relação com os outros não pode estar acima dos direitos da criança! Trata-se do futuro de uma rapariga que está em risco” acrescentou Vilanculos. Finalmente o pretendente acabou por aceitar. “Eu fiquei a saber que os chefes da zona, conseguiram convencer meu pai a voltar atrás. Fiquei tão feliz que fui logo contar á minha amiga.” Falta apenas mais uma coisa para completar a sua felicidade. “Quero regressar a escola.” “Antes do projecto de Protecção da Criança da World VisionMoçambique, nos tínhamos muitos casos de casamentos prematuros, mas graças a sensibilizações que o projecto trouxe, sentimos que algo mudou. Nós temos crianças particularmente raparigas a estudarem para além das classes básicas, algumas até concluem o nível superior” explica Vilanculos, claramente orgulhoso do desfecho da história e do importante papel que desempenhou. “Senti-me muito bem! Hoje sinto-me motivado a continuar com esta causa. Antes de tudo eu sou pai também e ficaria muito feliz se todos pais pudessem aceitar que seus filhos incluindo as raparigas tem o direito de continuar a estudar.” A World Vision-Moçambique tem vindo a promover campanhas de mobilização da comunidade, demonstrando os benefícios das crianças e em especial as raparigas, continuarem os seus estudos. Para tal, a World Vision-Moçambique trabalha com membros

19 influentes da comunidade tais como: líderes comunitários, chefes locais e autoridades governamentais reconhecendo o seu papel fundamental para a mudança de comportamentos e crenças tão profundamente enraizados nas comunidades como os casamentos prematuros. Por outro lado, a World Vision-Moçambique presta apoio legal e jurídico bem como assistência psicológica ás vítimas de violência e abuso sexual e suas famílias, graças à parceria celebrada com Instituto de Patrocínio e Apoio Jurídico IPAJ, a polícia da República de Moçambique e instituições de apoio psicológico. Esta parceira pretende levar a justiça até ás comunidades tendo-se revelado um importante instrumento de protecção das crianças.


A WORLD VISION-MOÇAMBIQUE PRETENDE CONTRIBUIR PARA A MELHORIA DA SAÚDE E NUTRIÇÃO DAS MULHERES E CRIANÇAS, BEM COMO PARA A MELHORIA DO ACESSO A FONTES DE ÁGUA SEGURAS E A CONDIÇÕES DE SANEAMENTO ADEQUADO PARA AS COMUNIDADES MAIS VULNERÁVEIS E SUAS CRIANÇAS. A WORLD VISION-MOÇAMBIQUE FAZ LEVANTAMENTOS DE NECESSIDADES REGULARES E DESENVOLVE INVESTIGAÇÕES NAS ÁREAS DA NUTRIÇÃO, SANEAMENTO E SAÚDE O QUE PERMITE ADAPTAR OS PROJECTOS E PROGRAMAS ÀS REAIS NECESSIDADES DAS COMUNIDADES E GARANTIR O SUCESSO DAS ACÇÕES IMPLEMENTADAS.

AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS BEM NUTRIDAS AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS PROTEGIDAS DE DOENÇAS E INFECÇÕES Apesar dos evidentes progressos no que diz respeito à qualidade de vida das crianças moçambicanas, dados demonstram que temos ainda um longo caminho a percorrer. Nas zonas rurais mais isoladas, os desafios associados ao acesso a bens e serviços essenciais prevalecem, especialmente para mais de 50% da população moçambicana que vive ainda abaixo da linha da pobreza. A pobreza representa um factor-chave que influencia o acesso a bens e serviços básicos para o bem-estar das crianças e para o desenvolvimento das comunidades. O acesso à água e saneamento por exemplo, revela grandes disparidades de acordo com o nível de riqueza das famílias e sua localização. A análise, publicada pela UNICEF1, sobre a Situação das Crianças em Moçambique - 2014, afirma que 18% das fontes de água em contexto rural estão inoperáveis, (26% destas estão situadas no Norte do país).

1

Disponível em: http://sitan.unicef.org.mz/files/UNICEF-SITAN-PT_WEB.pdf

2

MOPH/DNA, 2012. Programa Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento Rural (PRONASAR).

Inquérito de Base 2011.

De acordo com estudos recentes do Governo de Moçambique2, a cober tura actual de água (acessibilidade) em áreas rurais é de 45,4% enquanto a de saneamento é de 12,4%. Mais de 87% das famílias usa sistemas de saneamento não seguros e só 8,5% das famílias tem acesso a abastecimento de água e saneamento melhorados. Esta falta de acesso a água limpa e potável aliado a práticas indesejáveis de higiene resultam em níveis altos de diarreia e outras doenças. Também em contexto escolar, o saneamento e a higiene continuam a representar um desafio a nível nacional, embora se verifiquem progressos significativos cujo impacto tem resultado em melhorias para a saúde e o bem-estar das crianças moçambicanas. Por outro lado, a falta de infra-estruturas, pessoal, equipamentos e medicamentos afectam o acesso a serviços de saúde de qualidade. Apenas 65 % da população tem acesso aos serviços de saúde a 45 minutos de distância a pé e mais de um terço (37%) dos centros de saúde não fornecem serviços de maternidade. Graves lacunas persistem na disponibilidade de recursos humanos para a saúde, sendo as principais disparidades entre as áreas urbanas e rurais. O HIV/SIDA entre a população activa e outras doenças possíveis de prevenir e tratar fazem com que a mortalidade, em particular das crianças e mulheres, seja ainda demasiado alta. A malária mata cerca de 2000 pessoas por ano e outras doenças relacionadas com a água e o saneamento são bastante frequentes nas zonas rurais. A taxa de mortalidade em crianças com idade inferior a cinco anos decaiu de 153 mortes por 1000 nados vivos em 2003 para 97 em 20113, mas Moçambique continua a registar uma das mais elevadas taxas de mortalidade infantil do mundo e as assimetrias entre as zonas rurais e as zonas urbanas são cada vez mais evidentes. As causas da mortalidade infantil são várias e na sua maioria são problemas comuns, tratáveis e evitáveis como a malária, infecções respiratórias, falta de cuidados essenciais e básicos ao recémnascido e sua mãe, entre outros que poderiam com o devido investimento ser evitados. Por outro lado, dados da UNICEF4 apontam para 44% das crianças a sofrerem de desnutrição crónica. A diarreia, continua a ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil, contribuindo para quase 7% das mortes de

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Ministerio da Saúde (MISAU), Instituto Nacional de Estatística (INE) e ICF International (ICFI). Moçambique -

Inquérito Demográfico e de Saúde, 2011 4

Disponível em: http://sitan.unicef.org.mz/files/UNICEF-SITAN-PT_WEB.pdf


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crianças com idade inferior a 5 anos. Para uma melhoria efectiva das condições de saúde e nutrição das mulheres e crianças e para a redução da mortalidade materno-infantil, a World Vision-Moçambique promove programas multi-sectoriais que visam reforçar o envolvimento das comunidades na prevenção das doenças que afectam especialmente mulheres e crianças e elevar a sua capacidade de resposta para prevenir a malária, diarreia, infecções respiratórias e outras doenças. Por outro lado, a World Vision-Moçambique tem procurado aumentar a participação dos líderes tradicionais nas questões relacionadas com a saúde reprodutiva, o planeamento familiar, os cuidados neonatais e as questões de género com vista a promover a mudança social e comportamentos saudáveis, a redução do estigma e discriminação bem como o aumento da utilização dos cuidados de saúde preventivos. PRINCIPAIS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS EM 2014: 3752 voluntários a trabalhar na área da nutrição integrados em: 362 grupos de mães 85 grupos de Desvio Positivo/Atelier Doméstico 43 pessoas treinadas como facilitadores de Alimentação Infantil (IYCF) 3533 voluntários comunitários através dos facilitadores de Alimentação Infantil (IYCF) 45 106 visitas de acompanhamento nutricional domiciliário feitas pelos voluntários comunitários beneficiando 225 480 pessoas 28 pessoas treinadas em monitoria do desenvolvimento infantil 35 pessoas treinadas no uso de tecnologia móvel para o acompanhamento nutricional das crianças 632 Voluntários comunitários formados em Desvio Positivo/Atelier Doméstico 1994 crianças malnutridas reabilitadas através da abordagem Desvio Positivo/Atelier Doméstico Mais de 40 trabalhadores da World Vision-Moçambique treinados em Metodologias para a Mudança de Comportamento 13 908 voluntários comunitários e professores treinados em prevenção da malária e promoção da procura de tratamento 1 180 615 pessoas participaram em sessões de sensibilização e informação sobre a prevenção da malária e a procura de tratamento adequado nas unidades sanitárias Promovidas 207 reuniões de coordenação entre unidades sanitárias Realizadas 91 vistorias integrando pessoal de saúde, parceiros, unidades sanitárias e comunidades de modo a assegurar a qualidade das intervenções Produção de mais de 9000 manuais capacitação de voluntários e professores sobre prevenção da malária e promoção da procura de tratamento 805 Agentes polivalentes elementares capacitados em na prevenção e tratamento da malária e pneumonia 2137 comunidades apoiadas pelas estruturas comunitárias capacitadas pela World Vision-Moçambique através do projecto Global Fund Malária Realização de palestras, teatro, visita porta a porta, canto e dança nas comunidades e nas escolas, e seguimento de uso da rede mosquiteira Emissão de programas radiofónicos e promoção de sessões de educação cívica através das rádios comunitárias atingindo mais de 900 000 ouvintes por semana Construção de 22 418 latrinas melhoradas Construção subsidiada de 4294 latrinas Construção de 68 casas de banho escolares Construção de 13 692 pontos de lavagem de mãos Formação e capacitação de mais de 400 comités de água e saneamento Construção de 149 novos furos de água e reabilitados mais de 85 pontos de água 15 587 pessoas envolvidas em campanhas de higiene e saneamento 3534 jovens receberam acompanhamento vocacional e aprenderam técnicas agrícolas inovadoras através dos Clubes de Agricultores Júnior



A DESNUTRIÇÃO DURANTE OS PRIMEIROSANOSTEM

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UM IMPACTO DURADOURO NO DESENVOLVIMENTO FÍSICO E COGNITIVO DAS CRIANÇAS IMPEDINDO-AS DE ATINGIR O SEU POTENCIAL MÁXIMO.

AUMENTO DO NUMÉRO DE CRIANÇAS BEM NUTRIDAS A melhoria da condição nutricional das crianças moçambicanas é umas das principais prioridades do Governo de Moçambique, e um factor fundamental para a criação de um futuro promissor para o país. A World Vision-Moçambique reconhece que mães saudáveis criam crianças saudáveis. Como tal, a melhoria do estado nutricional das mães é fundamental para que estas tenham uma gravidez saudável e para que os seus bebés nasçam dentro do peso normal. Especialmente nos primeiros anos, a desnutrição pode ter consequências nefastas no desenvolvimento físico, social e cognitivo. Frequentemente estas consequências prevalecem até à idade adulta, impedindo-as de prosperar. O QUE PRETENDEMOS? Contribuir para a melhoria da condição nutricional das mães e crianças. Estima-se que cerca de 70 000 crianças nas zonas onde a World Vision-Moçambique opera apresentem um peso inferior ao desejável. No decorrer de 2014, mais de 190 000 crianças participaram em actividades da World Vision-Moçambique com vista á melhoria da sua condicional nutricional, tanto através da prevenção como da reabilitação. Estas intervenções baseiam-se em três modelos: Grupos de mães, Desvio Positivo/Atelier Doméstico e Alimentação Infantil (IYCF). Os Grupos de Mães estão a ser implementados em todos os ADPs activos e visam, através do acompanhamento e formação, produzir uma alteração de comportamentos ao nível familiar. Em pequenos grupos, as mães reúnem-se a cada 2 semanas com os voluntários de saúde comunitária com o objectivo de aprender e debater questões ligadas à saúde, nutrição e saneamento. Neste contexto, as mães aprendem sobre amamentação exclusiva, práticas de alimentação complementar adequada, aconselhamento às mulheres lactantes, acompanhamento do crescimento das crianças, acesso e ingestão de micronutrientes e alimentação adequada de crianças doentes. Em 2014, a World Vision-Moçambique apoiou 362 grupos de mães e através desta abordagem, acompanhou 43 440 famílias com crianças malnutridas a realizarem a reabilitação nutricional baseada na comunidade e com produtos locais. O modelo Desvio Positivo/Atelier Doméstico promove uma mudança comportamental efectiva ao mesmo tempo que motiva os cuidadores a assumirem responsabilidade para a reabilitação nutricional das suas crianças pondo em pratica os conhecimentos que vão adquirindo e utilizando os recursos locais. Através desta abordagem, os voluntários comunitários envolvem activamente os cuidadores na reabilitação das crianças desnutridas. Esta abordagem consiste na reabilitação e educação nutricional reunindo mães e

voluntários durante 12 dias consecutivos de modo a adquirirem novas práticas de alimentação, saúde, higiene e cuidados. Ao longo de um período de doze dias seguidos, os familiares e as próprias crianças aprendem e praticam, nas suas próprias casas, técnicas de culinária, alimentação e higiene, bem como, comportamentos adequados para cuidadores de crianças desnutridas. Durante um ano após estes 12 dias, voluntários formados pela World Vision-Moçambique para o efeito acompanham as famílias através de visitas domiciliárias. Desde 2012 - quando o modelo Desvio Positivo/Atelier Doméstico começou a ser implementado em 4 ADPs - até à data, mais 3800 crianças entraram no programa, tendo 76% apresentado melhorias significativas na sua nutrição. Em 2014, nos 17 ADPs, 1994 crianças entraram no programa e 69% melhorou a sua condição nutricional ao final de 12 dias. Um mês depois de integrarem o programa, 79% das crianças tinham melhorado significativamente a sua condição nutricional. Para complementar o modelo Desvio Positivo/Atelier Doméstico que tem como foco principal a reabilitação de crianças desnutridas, a World Vision-Moçambique emprega também o modelo de prevenção: Alimentação Infantil (IYCF). Este modelo está a ser implementado em 26 ADPs e através deste a World VisionMoçambique acompanhou mais de 45 106 agregados familiares. Importa referir que a avaliação de 2013 revelou uma necessidade urgente de incrementar os recursos alocados ás actividades de nutrição uma vez que esta representa ainda um dos mais desafiantes factores que põe em causa o bem-estar infantil. Assim, e com base nessa avaliação, o orçamento para actividades neste sector aumentou em cerca de 82% do ano fiscal 2013 para o ano 2014. Este esforço da organização reflecte a busca constante de soluções, adaptando-se ás necessidades expressas e identificadas pela comunidade para a melhoria da sua intervenção.

“MINHA FILHA ESTEVE NESTE PROGRAMA E POSSO CONFIRMAR QUE COM O PROJECTO LHE SALVARAM A VIDA! ANTES ELA ESTAVA VISIVELMENTE MAL DE SAÚDE, ATÉ OS CABELOS LHE CAIAM… AGORA ELA ESTÁ FORTE E TÃO BONITA...” Lucinda Paulo – Muecate, Nampula


UM DOS MAIORES INVESTIMENTOS DA WORLD VISION-MOÇAMBIQUE TEM SIDO A PROCURA DE RESPOSTAS EFICAZES PARA AS DOENÇAS CAUSADAS POR ÁGUAS IMPRÓPRIAS QUE CONTRIBUEM EM GRANDE ESCALA PARA AS ELEVADAS TAXAS DE MORTALIDADE INFANTIL. A FALTA DE HIGIENE E SANEAMENTO ADEQUADO,TANTO EM CONTEXTO ESCOLAR COMO FAMILIAR, CONTINUA A SER UM DOS PRINCIPAIS DESAFIOS PARA A SAÚDE DAS COMUNIDADES E EM PARTICULAR DAS CRIANÇAS, REFLECTINDO-SE TAMBÉM NO AUMENTO DAS TAXAS DE ABSENTISMO E IMPOSSIBILITANDO A APRENDIZAGEM.

AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS PROTEGIDAS DE DOENÇAS E INFECÇÕES O QUE PRETENDEMOS? Contribuir para a melhoria da condição de saúde das mães e crianças. Na luta contra as doenças preveníveis, a World Vision-Moçambique une esforços com o governo procurando garantir um acesso melhorados aos cuidados e serviços de saúde especialmente para aqueles que se encontram em zonas rurais e isoladas. Para enfrentar este desafio, a World Vision-Moçambique tem colocado a saúde como prioridade estratégica e financeira actuando de forma integrada através de intervenções de base comunitária. Estas intervenções visam reduzir a sua vulnerabilidade das crianças, suas famílias e comunidades a doenças através da melhoraria do acesso e uso de fontes de água e instalações sanitárias melhoradas e da promoção de cuidados adequados de higiene e prevenção. Esta preocupação torna-se evidente através dos mais de 21.700,000 dólares americanos investidos em actividades regulares na área da saúde em 2014 através dos ADPs e de projectos especiais que complementam estas actividades. Assim, a World Vision-Moçambique é o principal recipiente de seis projectos especiais focados na saúde materno-infantil bem como dos projectos MozWash, Ogumaniha e Projecto Fundo Global contra a Malária.

A malária é endémica e continua a ser um dos problemas de saúde mais graves no país. A malária mata mais crianças do que qualquer outra doença e é responsável por 40% das consultas externas nos centros de saúde e hospitais. A World Vision-Moçambique, através do Projecto Fundo Global e do envolvimento activo de todos os ADPs, está comprometida com a prevenção da malária, dedicando especial atenção ás mulheres grávidas e crianças, através da distribuição de redes mosquiteiras e da sensibilização e capacitação das famílias e comunidades. Nas províncias onde a World Vision-Moçambique opera houve um aumento significativo de agregados familiares que têm pelo menos uma rede mosquiteira tratada com insecticida e de longa duração, passando de 38.7% de agregados em 2013 para 57.4% em 2014. A World VisionMoçambique estima que cerca de 53 952 crianças entre os 0 e os 18 anos de idade vão beneficiar directamente desta iniciativa. A World Vision-Moçambique é o principal recipiente do Fundo Global contra a Malária sendo o principal implementador mas não o único. Com os fundos distribuídos através da World Vision Moçambique, os parceiros de implementação distribuíram redes mosquiteiras nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Manica, Sofala, Inhambane e Maputo alcançando um total de 4 695 232 pessoas e mais de 2 milhões de crianças. As actividades do Projecto Fundo Global aliadas ás actividades regulares nos ADPs, nomeadamente as campanhas de sensibilização e promoção de comportamentos preventivos e de procura de tratamento precoce, têm apresentado resultados muito encorajadores na luta contra a malária. Por outro lado, a promoção de reuniões de coordenação entre as unidades sanitárias e as estruturas comunitárias e momentos de seguimento e supervisão proporciona uma maior harmonização dos serviços prestados e maior empowerment comunitário e reflecte-se de forma favorável no que diz respeito à diminuição de rupturas de medicamentos, ao aumento da qualidade na prestação de serviço e saúde e a uma maior procura destes serviços por parte da própria comunidade. Um dos maiores programas da World Vision-Moçambique, o MozWASH, tem como objectivo melhorar a saúde e a qualidade de vida de um milhão de pessoas, incluindo 400.000 crianças, em 31 ADPs até 2016, através da utilização e acesso sustentável a água potável, infra-estruturas de água, saneamento e higiene melhoradas e promoção boas práticas de higiene. A sua implementação teve início em Outubro de 2011 e desde então cerca de 175 200 pessoas beneficiariam das actividades do projecto no que toca ao acesso a fontes de água melhoradas e 313 605 beneficiaram de sistemas de saneamento seguros. Graças ao projecto 29 comunidades foram declaradas Zonas Livres de Defecação a Céu Aberto. Importa referir que houve um aumento de 70% no número total de pessoas que beneficiaram do projecto de 2013 para 2014, 102 600 para 175 200 respectivamente. MozWASH combina treinamentos em água, higiene e saneamento com a construção comunitária de instalações de água, saneamento e higiene através da abordagem: Saneamento Total Liderado pela Comunidade. Esta abordagem é uma ferramenta importante para inspirar e capacitar as comunidades para alterar os comportamentos que são nocivos para a sua saúde e para fomentar a construção


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e uso de latrinas. Foca-se na mudança de comportamentos necessária para garantir melhorias reais e sustentáveis desencadeando, na comunidade, o desejo de mudança, impulsionando-a a agir e incentivando a inovação, o apoio mútuo e as soluções locais. Assim, foram construídos a nível comunitário 149 novos furos de água nas quatro províncias onde a World Vision-Moçambique opera e reabilitados mais de 85 pontos de água no decorrer de 2014. Estima-se que estas actividades tenham beneficiado mais de 72 600 pessoas. De acordo com a avaliação do projecto MozWASH, 53% dos agregados familiares nos ADPs utilizam uma fonte segura de água. Este valor está ainda aquém da meta de 60% estabelecida pela organização mas é relativamente superior aos 45% de pessoas em contexto rural com acesso a fontes melhoradas apresentados pela Direcção Nacional de Águas5. Estes dados apresentam uma melhoria considerável na qualidade da água consumida nos ADPs embora existam, ainda, vários desafios por enfrentar. O projecto MozWASH realizou também campanhas de mobilização da comunidade para que seja melhorada a construção e uso das latrinas, implementados sistemas para lavagem de mãos e adoptados os comportamentos de higiene adequados, alcançando 133 570 pessoas. Um dos resultados directos destas campanhas foi a construção comunitária de 22 418 latrinas melhoradas. Todos os projectos implementados integram uma forte componente de sensibilização, aprendizagem, responsabilização e consequentemente participação activa da própria comunidade. Assim, é a comunidade, através de comités criados e treinados para o efeito, que responde a todos os aspectos relacionados com a construção, manutenção e gestão de todos os poços e latrinas construídas. Desde o início do projecto, o MozWash criou e capacitou mais de 1394 comités. Esta abordagem da World Vision tem demonstrado resultados encorajadores no que diz respeito à sustentabilidade das fontes de água construídas pela organização. Um estudo comparativo realizado no Gana em 20046, revelou que 87% das fontes de água construídas pela World Vision Gana estavam ainda em pleno funcionamento fornecendo a quantidade adequada de água potável. Alguns destes poços tinham sido construídos em1990 e estavam operacionais à mais de 10 anos através da manutenção feita pela comunidade. Avaliações subsequentes de terceiros demonstraram que a funcionalidade das fontes de água construídas pela World Vision Gana aumentou de 87% em 2003 para 95% em 2008 e para 100% em 2011. Estes estudos concluíram que o modelo de intervenção da World Vision é significativamente mais sustentável fruto do processo de mobilização, capacitação e envolvimento activo da comunidade através dos comités. Outro exemplo que ilustra o importante papel que a comunidade assume nos projectos na área da saúde, são os 300 voluntários comunitários capacitados pela World Vision-Moçambique em 2014 que providenciaram acompanhamento, apoio e informação regular a cerca de 38 000 mulheres sobre vários aspectos relacionados com a saúde da mulher em idade reprodutiva, mulher grávida e lactante. O projecto Ogumaniha, em implementação na província da Zambézia, tem como objectivo aumentar o acesso e qualidade dos serviços de saúde e a utilização de latrinas e fontes de água melhoradas e promover meios de subsistência sustentáveis. No decorrer de 2014 e através das diversas actividades do projecto, aumentou a proporção de famílias que usam fontes de água e latrinas melhoradas na província da Zambézia. Por outro lado, para garantir oportunidades de subsistência, foram criados Clubes de Agricultores Júnior através dos quais 3534 jovens receberam acompanhamento vocacional e aprenderam técnicas agrícolas inovadoras. Estes clubes ofereceram também, uma plataforma de discussão e aprendizagem sobre temas que afectam directamente a vida dos jovens como a prevenção do HIV, os seus direitos, formas de melhorar a sua saúde, entre outros. Através da acompanhamento domiciliário a crianças em idade escolar feito por voluntários comunitários treinados para o efeito, o projecto contribuiu também para o aumento do número de crianças a frequentar a escola. 5

MOPH/DNA, 2012. Programa Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento Rural (PRONASAR). Inquérito de Base 2011.

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HARVEY, P.A., 2004. Borehole sustainability in rural Africa: an analysis of routine field data.

“EU NASCI E CRESCI NESTA COMUNIDADE.VIVO AQUI COM MEU MARIDO E OS MEUS 3 FILHOS. OS DOIS PRIMEIROS NASCERAM EM CASA.TODA MINHA VIDA, SEMPRE QUE PRECISÁMOS DE CUIDADOS DE SAÚDE, ANDÁMOS PELO MENOS 15 QUILÓMETROS PARA CHEGAR AO CENTRO DE SAÚDE. LEMBRO QUE UMA VEZ, MEU FILHO ESTAVA DOENTE,TIVE DE CARREGA-LO NAS COSTAS, FOI MUITO DOLOROSO...TÍNHAMOS DE ANDAR MUITO E NÃO HAVIA TRANSPORTE. OS MEUS DOIS PRIMEIROS FILHOS NÃO NASCERAM NO CENTRO DE SAÚDE PORQUE EU TINHA MUITAS DORES E NÃO ERA POSSÍVEL ANDAR ATÉ LÁ. AGORA ANDEI POUCO E O MEU FILHO NASCEU COM TODOS OS CUIDADOS. ” Joana, 30 anos - Mãe da primeira criança a nascer no novo Centro de Saúde de Coca Missava situado a 800 metros da sua casa – província de Gaza


Leonel Julinho tem 12 anos e lembra-se muito bem dos tempos em que não havia furo de água na sua comunidade. Lembra-se do dia nascer, do frio das quatro da manhã: era hora de acordar e percorrer o caminho que o levava até à beira do rio. Lembra-se das longas horas de caminho pelas “ruas” estreitas de capim. Para lá carregava o bidão vazio para depois o trazer cheio em acima da cabeça, os 20 litros pesando no corpo ainda por crescer. Julinho lembra-se da cor suja da água que trazia de volta à casa, depois de tantas horas de espera. “Sempre tivemos apenas um poço para servir toda a população”, diz Miquelina Tomás, mãe de Julinho. “Às vezes, no pior cenário, esperávamos oito ou mais horas por 20 litros de água. Não tínhamos tempo suficiente para outras tarefas e deveres domésticos, incluindo a agricultura. “ Julinho também ainda não esqueceu as doenças e o mau estar relacionado com o consumo de água imprópria, que constantemente fustigava a sua família. Mas aquilo que mais incomodava Julinho era o quanto a falta de água estava a afectar os seus estudos. Por um lado, o cansaço e a sonolência permanentes afectavam a sua capacidade de se concentrar e aprender e as diarreias regulares faziam com que perdesse muitas aulas. Por outro, no período entre Julho e Novembro, a época seca, não havia água no rio.... a solução era cavar para fornecer água a mais de 1250 pessoas. Nesta altura, os professores ficavam muito tempo sem dar aulas porque também eles tinham que ir apanhar água.... alguns acabavam por abandonar a aldeia durante o período seco e regressar com as primeiras chuvas. Quando isto acontecia, Julinho e os seus companheiros não podiam estudar durante meses. Muitos começavam a desvalorizar a importância da sua educação e acabavam por desistir. “Eu reprovei no exame em 2012 porque havia perguntas sobre matérias que nunca estudámos”, conta Julinho. Julinho vive agora outra realidade. A comunidade, através do comité responsável, e apoiada pela World Vision-Moçambique, construiu um furo de água. E para sorte de Julinho, fica mesmo ali... tão perto da sua casa. A chegada da água limpa significa mais oportunidades para melhorar a saúde de toda a família, significa dignidade e higiene para toda a comunidade e acima de tudo, significa melhor educação para as suas crianças: mais concentração, mais aprendizagem e mais tempo para brincar! “Para nós, esse furo trouxe dignidade, respeito e esperança para as nossas crianças”, diz o pai Julinho, Julinho Engenheiro. Para Julinho, significa também que as memórias dos tempos difíceis irão... pouco a pouco... começar as desvanecer e que um novo futuro se começa a desenhar para si, para a sua familia e para a sua comunidade.


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A WORLD VISION-MOÇAMBIQUE UNE-SE AO GOVERNO, ATRAVÉS DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, PARA CONTRIBUIR PARA UMA MELHORIA EFECTIVA E DURADOURA TANTO NO ACESSO COMO NA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NO PAÍS. PARA TAL, A WORLD VISIONMOÇAMBIQUE CONTRIBUI PARA A CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES EM METODOLOGIAS PEDAGÓGICAS QUE FACILITEM O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E A RETENÇÃO DAS MATÉRIAS. ESTAS ACÇÕES SÃO COMPLEMENTADAS PELO CONTINUO ESFORÇO DA ORGANIZAÇÃO EM PROPORCIONAR CONTEXTOS MAIS FAVORÁVEIS DE APRENDIZAGEM.

AUMENTO DO NÚMERO DE CRIANÇAS QUE SABEM LER E ESCREVER AOS 11 ANOS DE IDADE O QUE PRETENDEMOS? Contribuir para a melhoria do acesso à educação primária assim como para a qualidade do ensino. O forte investimento do Governo de Moçambique na criação de condições para garantir que o acesso ao ensino primário fosse uma realidade para a maioria das crianças resultou num aumento significativo no número de crianças na escola. Em 1992, apenas 32% das crianças frequentavam o ensino primário, hoje são mais de 95% das crianças. Desde então, foram abolidas as propinas para o ensino básico em 2004 e o número de escolas triplicou. No entanto, muito está ainda por fazer no que diz respeito à qualidade desse ensino. Mesmo as crianças que completam o ensino primário apresentam sérias dificuldades tanto na leitura como nas aptidões matemáticas. As taxas de frequência em áreas rurais estão, ainda, muito aquém das áreas urbanas e quase metade das crianças com idade para frequentar o ensino secundário estão, ainda, na escola primária. As meninas continuam a ser desfavorecidas e a abandonar a escola mais cedo e a taxa de alfabetização das mulheres é significativamente inferior à dos homens.

A falta de competências pedagógicas dos professores, as fracas condições existentes nas salas de aulas e a ausência destas em muitas zonas do país, a falta de condições de acesso a água e saneamento adequados em contexto escolar ou de equipamentos como carteiras e cadeiras faz com que os indicadores sejam muito baixos, com quase metade das crianças em idade escolar a abandonar a escola antes de concluir a 5ª classe. Por outro lado, o aumento do número de crianças órfãs e vulneráveis têm atribuído á escola novas responsabilidades nomeadamente no que diz respeito ao acompanhamento e assistência bem como à provisão de serviços básicos de saúde. A intervenção da World Vision-Moçambique na área da Educação teve início em 1999, altura em que foi estabelecido o primeiro Programa de Desenvolvimento de Área. Durante muitos anos e sempre em parceria com o Governo Moçambicano, a World Vision-Moçambique dedicou-se quase exclusivamente, à construção de escolas e distribuição de material escolar. No entanto, os resultados da aprendizagem e as taxas de alfabetização estavam ainda aquém das expectativas. Actualmente, a organização opera na área da Educação de forma integrada e tem vindo a desenvolver as competências técnicas necessárias e um plano claro de acção para a educação que garanta a transição para um maior foco na qualidade e nos resultados de aprendizagem, procurando que as crianças aprendam a ler, escrever e contar, mas também, que estas tenham acesso a um ensino de qualidade que lhes permita aperfeiçoarem a sua capacidade de comunicar e expressar as suas emoções e de se protegerem. Assim, pretende-se que estas escolas sejam um espaço de crescimento onde cada jovem conheça e desenvolva a sua vocação e planeie o seu futuro. Nos ADPs, a World Vision-Moçambique mobiliza e treina comités de gestão escolar. Estes comités são responsáveis por todos os aspectos relacionados com a educação das crianças nomeadamente a construção e melhoramento de infraestruturas, a nível de sensibilização comunitária e a procura de alternativas para reduzir os desafios que se colocam à presença das crianças na escola, como a ausência de fontes de água que obriga muitas crianças (especialmente raparigas) a faltar ás aulas ou outras situações causadoras de doenças evitáveis que impedem as crianças de ir à escola e em última análise reduzem significativamente o seu


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aproveitamento. Neste sentido, a World Vision-Moçambique apoia campanhas desenvolvidas pelos comités a nível comunitário que visam alertar para a importância da educação e da higiene nas escolas e estimular um maior e melhor envolvimento dos pais e professores na educação da criança. Em 2014, taxa de inscrição escolar no ensino primário subiu de 69% em 2013 para 81,5% em 2014. A parceria entre a World Vision e o Governo é fundamental para proporcionar as condições necessárias para assegurar que as crianças adquirem as competências adequadas para o seu futuro. Mais de 1000 professores foram treinados em práticas pedagógicas no decorrer de 2014 e, para os ajudar na sua tarefa, foram produzidos materiais locais que facilitam a aprendizagem das crianças. Estes professores são também sensibilizados para a importância do envolvimento familiar no plano educativo trabalhando em conjunto com os comités de gestão escolar para garantir que os pais estão informados e acompanham o percurso escolar dos seus filhos. Com o objectivo de enfrentar os principais desafios que se colocam à melhoria das taxas de alfabetização nomeadamente a incapacidade de concentração dos alunos resultante da fome e de uma alimentação desequilibrada, a World Vision-Moçambique está a implementar o Projecto de Alimentação Escolar – Food for Education. As actividades, focadas em criar condições para melhorar a capacidade de atenção e diminuir a taxa de absentismo de alunos e professores, estão a ser implementadas em 150 escolas em Muecate e Nacarôa, Nampula. Este projecto tem contribuído significativamente para a melhoria da qualidade do ensino e redução do abandono e consequente aumento dos níveis de literacia nos 5 ADPs onde está a ser implementado verificando-se uma aumento dos níveis de concentração de em 60% dos alunos de acordo com os professores. Todos os anos a World Vision-Moçambique avalia a capacidade das crianças de ler e compreender o sentido de um texto apropriado para a sua idade. Embora se registem melhorias significativas em algumas províncias onde a World Vision-Moçambique opera, nomeadamente na Zambézia e Tete, os resultados vêm reafirmar a importância dos esforços que a organização tem vindo a desenvolver na transição de uma perspectiva assente na criação de infraestruturas para a educação para um reforço na qualidade dos serviços educativos através de um maior investimento nos resultados de aprendizagem de forma a garantir uma melhoria dos níveis de literacia e numeracia das crianças. PRINCIPAIS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS EM 2014: Comités escolares formados Salas de aula construídas ou reabilitadas Centros de formação profissional/vocacional construídos e equipados Unidades de equipamento de escolas distribuídas (carteiras, mesas e cadeiras) Apoio nas mensalidades e uniformes escolares Bibliotecas construídas e equipadas Campanhas de sensibilização sobre a importância da educação especialmente para as raparigas Fornecimento de material desportivo e promoção do desporto escolar Fornecimento kits escolares (cadernos, lápis, borracha, caneta e kits de desenho) e apoio de material pedagógico (mapas, livros de exercícios, entre outros) Cursos de metodologias de ensino para professores Professores capacitados Formação em alfabetização de adultos Premiação dos melhores professores e alunos Alimentação escolar


Primeiro filho numa família de quatro, Tobias Arlindo de 12 anos conheceu cedo as dificuldades da vida. Ás quatro da manhã é hora de acordar e ir para a machamba ajudar a sua mãe. É preciso ajudar a colocar comida na mesa e participar nas tarefas domesticas antes de ir para a escola. O caminho até á escola é longo e Tobias percorre em cerca de quatro horas, os oito quilómetros que separam a sua casa da escola. Normalmente, vai de estômago vazio. Moram numa pequena cabana de barro, típica daquela zona, com um único compartimento de 16 metros quadrados. Dormem juntos, a mãe, os dois filhos rapazes e a única menina. “Eu não gosto desta rotina, mas é preciso de ajudar minha mãe” diz Tobias. A sua mãe está sozinha desde que o marido deixou Nacaroa para procurar emprego na cidade. Até agora sem sucesso. Desistir da escola é que está fora de questão para Tobias: “Preciso de estudar para me tornar professor, só assim poderei ajudar minha família, comprar uma casa grande e uma motocicleta”. Felizmente, os seus dias começaram a suavizar desde que iniciou, no ano passado, o Programa de Alimentação Escolar implementado pela World Vision Moçambique (World Vision-Moçambique) na província mais populosa do país, Nampula. O Programa de Alimentação Escolar visa enfrentar os desafios que se colocam á educação, principalmente a fome que leva à falta de concentração dos alunos nas salas de aula e ao abandono escolar. “Eram momentos muito difíceis! Saía de casa e chegava a escola bem mas depois sentia muita fome” disse o aluno da quarta classe. Assim como Tobias, cerca de 55 600 crianças vivendo nas zonas rural de Moçambique contam com o energético Corn Soy Blend (CSB) refeição para melhorar sua nutrição, confortar seus estômagos, enquanto lutam para conquistar seus sonhos. “É muito mais fácil estudar agora e não fico demasiado cansado quando volto para casa”, disse o Tobias durante o almoço com seus colegas. MAIS CRIANÇAS NA ESCOLA A primeira mudança significativa foi a diminuição de casos de abandono e o retorno de algumas crianças. “Se avaliarmos, no ano de 2013 começámos o ano lectivo com cerca de 1000 crianças mas com as desistências ficámos com cerca de 750. No entanto, o cenário é outro desde que começámos a fornecer refeições escolares. Todas as crianças começaram a voltar para a escola. Tendo em conta o número de desistências, estimámos que este ano teríamos 750 vagas para as crianças, mas, na verdade, temos mais de 1250 crianças matriculadas e o numero continua a aumentar.” explica o director da escola, Mário Mujai. “É impossível pensar que crianças de seis ou sete anos de idade percorrem grandes distâncias de estômago vazio e ainda esperar que as mesmas se concentrem nas aulas. Depois de um tempo não regressam mais a escola”, acrescenta. O numero de crianças matriculadas e a frequentar a escola não é único resultado positivo do projecto. A qualidade da educação está vivenciando novos níveis e recordes. “Uma coisa incrível que temos observado é que as crianças estão mais concentradas para aprender. O nível de participação e interacção é diferente agora, “disse o director. PARCERIA COM PRODUTORES AGRÍCOLAS PARA SUSTENTABILIDADE DO PROJECTO Para assegurar a sustentabilidade do projecto, a World Vision-Moçambique começou a trabalhar com associações locais de agricultores através do fornecimento de sementes. Após a colheita, parte da sua produção será dirigida ás escolas para ajudar na alimentação das 55 600 crianças. Até agora, cerca de seis toneladas de diferentes tipos de sementes foram fornecidas a 157 associações de agricultores. Este será um grande passo para garantir que este tipo de iniciativas têm continuidade. Os agricultores estão animados com esta parceria e felizes em ajudar. “É importante para nós e é um prazer porque a escola está na nossa comunidade. Se nós fornecemos alimentos, estamos a fazer com que nossos filhos não passem fome e assim eles podem continuar a estudar.” explica Zacarias Elias, de 44 anos, membro de um das associações de agricultores.


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MOÇAMBIQUE, ESTÁ GEOGRAFICAMENTE LOCALIZADO NUMA CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL APRESENTANDO NÍVEIS ELEVADOS DE VULNERABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. É UM PAÍS PROPENSO A CATÁSTROFES NATURAIS E PROVOCADAS PELO HOMEM QUE REGULARMENTE COLOCAM EM RISCO A VIDA E OS MEIOS DE SOBREVIVÊNCIA DE MILHARES DE PESSOAS – AFECTANDO ESPECIALMENTE CRIANÇAS - E CAUSAM DANOS CONSIDERÁVEIS A NÍVEL MATERIAL E AMBIENTAL. ASSIM, O DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS HUMANITÁRIOS E DE EMERGÊNCIA É CENTRAL PARA A ACTUAÇÃO DA WORLD VISION-MOÇAMBIQUE E FOI ATRAVÉS DESTE QUE, EM 1983, A ORGANIZAÇÃO PRESTOU AUXÍLIO A CERCA DE 3 MILHÕES DE DESLOCADOS DE GUERRA.

HOJE, ESTE DEPARTAMENTO TEM COMO OBJECTIVO ESTRATÉGICO FORTALECER A RESILIÊNCIA DAS COMUNIDADES AOS CHOQUES (CRÓNICOS OU EMERGENTES) ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM HOLÍSTICA E IMPLEMENTADA AO NÍVEL DA COMUNIDADE COM VISTA A ADOPÇÃO DE ESTRATÉGIAS PRÓ-ACTIVAS. ESTA ABORDAGEM, DENOMINADA GERANDO, VISA TREINAR E CAPACITAR AS COMUNIDADES - EM TODOS OS ADPS - DESENVOLVENDO NESTAS A CAPACIDADE DE SE PREPARAR, PREVER, RESPONDER E RECUPERAR DE EMERGÊNCIAS.

ASSUNTOS HUMANITÁRIOS E DE EMERGÊNCIA No início de 2013, a contribuição da World Vision-Moçambique foi fundamental para evitar a perda de mais vidas e meios de subsistência depois das chuvas intensas e inundações que fustigaram grande parte do sul e centro do país. As cheias causaram a morte a mais de uma centena de pessoas e afectaram quase meio milhão de Moçambicanos. O apoio da World Vision-Moçambique para a resposta liderada pelo Governo Moçambicano na área da água, saneamento e higiene (WASH), protecção à criança e distribuição de bens alimentares e não alimentares, foi determinante para responder a esta calamidade. Através da parceria estabelecida com o Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas, foi possível garantir a alimentação e melhoria da situação nutricional de 85 000 pessoas durante os três primeiros meses após ocorrência do desastre e de 35 000 pessoas nos seis meses posteriores, através de acções integradas com base na abordagem Comida por Trabalho – Food for Work. O ano fiscal 2014, foi um ano sem emergências significativas. Assim, visando reforçar a resistência das comunidades vulneráveis a choques - crónicos e emergentes - a World Vision-Moçambique capacitou representantes do governo local e Comités de Gestão de Desastres. A experiência de 2013, demonstrou que os comités capacitados desempenham um papel fundamental para a redução do número de pessoas atingidas pelas cheias assim como flexibilizam o auxílio aos afectados. Actualmente, existem 31 Sistemas de Aviso Prévio funcionais num total de 41 Comités de Gestão de Desastres treinados e com capacidade demonstrada de tomar medidas de gestão do risco de desastres (perigos e análise de vulnerabilidade). Mais de 6600 pessoas foram sensibilizadas e capacitadas em medidas de prevenção e resposta a desastres. Por outro lado, a World Vision-Moçambique uniu-se a outras organizações de renome internacional - Save the Children, Care e Oxfam - no ACCRA Consortium com o objectivo de melhorar a capacidade de adaptação às alterações climáticas a nível nacional. Assim, o departamento de Assuntos Humanitários e de Emergência foi responsável pela elaboração de planos distritais de adaptação às mudanças climáticas para os distritos de Morrumbala e Mopeia. Aliado a estes esforços, em 2014 foi aprovado um projecto avaliado em 600 000 de dólares americanos a ser financiado pelo Banco Mundial, com o objectivo de definir politicas e metodologias para integração, eficaz e a todos os níveis, dos desafios inerentes às alterações climáticas nos planos de desenvolvimento nacionais.


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O PROGRAMA DE PATROCÍNIO À CRIANÇA ESTABELECE A LIGAÇÃO ENTRE OS PATROCINADORES, EM TODO O MUNDO, E AS CRIANÇAS PATROCINADAS EM CONTEXTOS DE VULNERABILIDADE, ATRAVÉS DA TROCA DE CORRESPONDÊNCIA (CARTAS, POSTAIS DE NATAL E RELATÓRIO DE PROGRESSO ANUAL), FOTOGRAFIAS,VIDEOS E VISITAS PRESENCIAIS. ESTE RELACIONAMENTO PROMOVE UM CRESCIMENTO MÚTUO E UMA APRENDIZAGEM PARTILHADA ENTRE PATROCINADOR E PATROCINADO.

PATROCÍNIO À CRIANÇA São os fundos angariados pelos nossos escritórios de apoio através dos patrocinadores que financiam as actividades regulares da World Vision-Moçambique nos 31 ADPs em funcionamento. Estas actividades beneficiam não só as crianças patrocinadas, mas também, as restantes crianças, suas famílias e comunidades através de programas sustentáveis e de longa duração que têm demonstrado ter um impacto significativo na saúde, educação, participação, saneamento e segurança alimentar de toda a comunidade, e em especial das crianças. Assim, importa salientar que grande parte das actividades e resultados aqui apresentados estão directamente ligados e dependem deste programa. As crianças registadas no programa de patrocínio à criança são acompanhadas através de visitas domiciliárias trimestrais efectuadas pelos facilitadores da World Vision-Moçambique. Através destas visitas de monitoria a organização acessa o aumento do bem-estar da criança no que diz respeito à saúde, educação, participação, protecção e valorização dos seus direitos. Todos os anos, a organização acolhe dezenas de patrocinadores que chegam de todos os cantos do mundo para visitar as crianças patrocinadas e para conhecer de perto a forma como, através do seu contributo, a World Vision-Moçambique têm transformado vidas e comunidades envolvendo todos em prol do bem-estar das crianças.

101 122 CRIANÇAS REGISTADAS

75 842 CRIANÇAS PATROCINADAS “Passámos um dia maravilhoso a visitar a Facia e a sua família no ADP de Cahora Bassa. Saímos impressionados com todo o programa e com os seus sucessos na comunidade. A diferença que a WorldVisionMoçambique está a fazer é visível nos rostos das pessoas na comunidade. Muito obrigado a todos.“ Darren Kay

“Eu cresci e tornei-me quem sou, graças aos meus patrocinadores. Sempre que estou em contacto com eles sinto-me feliz e orgulhosa. Nas suas cartas mostram-me sempre muito carinho e atenção e lembram-me que devo continuar os estudos. Quero ser a primeira médica da minha família.“ Elisa Nhamtumbo


“Já tinha completado a 10ª classe quando fui patrocinado através da World Vision-Moçambique, em 2006. Daí em diante a minha vida transformou-se por completo. O inimaginável aconteceu... Eu nunca tinha saído de Tete e só conhecia Maputo a partir dos livros.Tive a oportunidade de conhecer outros lugares e a sorte de ser seleccionado para uma bolsa de estudos que me permitiu ir para Portugal continuar a estudar. Hoje, com 26 anos, quando olho para muitas pessoas da minha geração, que abandonaram a escola porque estavam ocupados a cumprir com as suas obrigações, pastar o gado, tomar conta das machambas, desviando-se assim dos estudos, eu só posso dizer que a World Vision-Moçambique salvou-me e abriu-me as portas para o sucesso. Quero retribuir e fazer algo pelas comunidades. Dar o meu melhor pelo meu país e por todos aqueles que me apoiaram. A minha comunidade respeita-me muito e as crianças vêm-me como um exemplo. Isso traz-me grande satisfação. Quero continuar a minha jornada de transformar comunidades porque ainda há muitas pessoas que necessitam de apoio.” Arcénio Robate

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“Graças ao meu patrocinador eu não tenho que me preocupar mais com as actividades do campo, só me dedico aos estudos. Há muitas mudanças dentro da minha comunidade, mais pessoas usam latrinas; mais pais, como a minha mãe e o meu padrasto, entendem a importância de estudar. Graças á WorldVision-Moçambique e ao meu patrocinador, vou á escola todos os dias e tenho uma família de acolhimento na cidade onde estudo no segundo ano do curso técnico de mecânica.“ Pedro Manhenga

“Obrigada a todos que estiveram envolvidos na minha visita ao ADP de Cahora Bassa. Foi muito interessante e aprendi muito sobre o patrocínio, a educação, saúde e segurança alimentar nas comunidades onde e com quem a World Vision-Moçambique trabalha. Foi importante para mim saber que o Maiqui regressou à escola. Espero que o seu pai continue a valorizar a sua educação.” Barbara Cameron


NO DECORRER DO ANO FISCAL DE 2014, O VOLUME DE RECEITAS DA WORLD VISION-MOÇAMBIQUE FOI DE 51,832,850 DOLARES AMERICANOS (USD) SENDO 62% ORIUNDOS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. EM TERMOS SECTORIAIS, AS METAS 2 E 3 RELATIVAS À SAÚDE - INCLUINDO NUTRIÇÃO E SANEAMENTO - CONTINUAM A REPRESENTAR O MAIOR INVESTIMENTO DA ORGANIZAÇÃO CORRESPONDENDO A MAIS DE 20 MILHÕES DE DOLARES AMERICANOS. POR OUTRO LADO, A META 4 RELATIVA À EDUCACÃO CORRESPONDEU EM 2014 A 12% DO ORÇAMENTO O QUE REPRESENTA UM AUMENTO DE 6% FACE AO ANO ANTERIOR E REFLECTE OS ESFORÇOS QUE A ORGANIZAÇÃO TEM VINDO A DESENVOLVER PARA GARANTIR UMA MELHORIA EFECTIVA NA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NAS PROVÍNCIAS ONDE OPERA.

RESUMO FINANCEIRO (EM DOLÁRES AMERICANOS)

RECEITAS POR PAÍS DE ORIGEM Alemanha

ALEMANHA AUSTRÁLIA

Austrália

508,706.34

Áustria

2%

2%

4%

CANADA

3,408,387.07 Estados Unidos da América

COREIA

Hong Kong 3,120,770.72 Moçambique

HONG KONG

Reino Unido

7%

6%

31,363,730.54 2,090,774.45

Suiça

MOÇAMBIQUE

Taiwan

1,323,952.61

REINO UNIDO

915,114.91

SUIÇA

1,423,454.32

TAIWAN

1,332,715.63

60%

TOTAL RECEITAS:

11% 2%

854,249.76

Coreia

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

2% 1%

5,490,993.77

Canada

ÁUSTRIA

3%

51,832,850 USD


0%

37

5%

10% Custos Directos

DESPESAS OPERACIONAIS

Suporte aos programas

CUSTOS DIRECTOS

43,876,130.62

SUPORTE AOS PROGRAMAS

5,308,726.97

SUPORTE AO PROGRAMA DE PATROCÍNIO À CRIANÇA

211,645.58

SUPORTE TÉCNICO

2,435,613.89

Suporte ao programa de Patrocínio à criança Suporte técnico

TOTAL

51,832,117.06

85%

DESPESAS POR SECTOR CUSTOS ADMINISTRATIVOS

AGRICULTURA

SAÚDE

INFRA-ESTRUTURAS

EDUCAÇÃO

CRIANÇAS EM CRISE

HIV/SIDA

PLANEAMENTO

ÁGUA E SANEAMENTO SEGURANÇA ALIMENTAR

3%

RESPOSTA DE EMERGÊNCIA

Cus

1% 1% 0% 2% 1%

Saúd

Edu

3%

HIV

PROTECÇÃO À CRIANÇA

Águ

6%

MONITORIA E AVALIAÇÃO

Segu

Resp

SOCIEDADE CIVIL

39%

Mon

NUTRIÇÃO DESENVOLVIMENTO DE LIDERANÇAS

Prot

Soci

10%

Nut

Des

MITAGAÇÃO DE DESASTRES

Mita

GÉNERO

Gén

Adv

ADVOCACIA

Com

COMETIMENTO CRISTÃO

12%

Pess

Des

PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA

Agr

Infra

DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

Cria

21%

Plan


Para mais informações, não hesite em contactar a World Vision-Moçambique: Avenida Agostinho Neto, 620 Maputo Tel.: 21350600 - Fax: 21350619 ou através do email: rita_silva@wvi.org

©World Vision-Moçambique

Supervisão: Eleutério Fenita - Director de Advocacia e Justiça para a Criança Direcção Editorial e produção de conteúdos: Rita da Silva - Especialista em Gestão de Conhecimento e Estratégia Concepção, Desenho e Layout: Rita da Silva - Especialista em Gestão de Conhecimento e Estratégia Revisão de conteúdos: Isaiah Nzima - Gestor de Aprendizagem, Monitoria e Avaliação Tradução para Inglês: Antonio Massipa - Oficial de Comunicação Todas as fotografias de ©World Vision-Moçambique - O uso das imagens de menores foi consentido pelos seus prestadores de cuidados

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ATÉ 2015, A WORLD VISION-MOÇAMBIQUE IRÁ CONTRIBUIR, DE FORMA SIGNIFICATIVA E MENSURÁVEL, PARA O BEM-ESTAR DE 1 MILHÃO DE RAPAZES E RAPARIGAS VULNERÁVEIS.

RELATÓRIO DE IMPACTO 2014

WORLD VISION-MOÇAMBIQUE PELO BEM-ESTAR DA CRIANÇA Para mais informações contacte: World Vision-Moçambique Avenida Agostinho Neto, 620 Maputo Tel: 21350600 - Fax: 21350619 ou através do email: rita_silva@wvi.org www.wvi.org


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