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arquilab um espaço de referência para a prática da arquitetura





arquilab um espaço de referência para a prática da arquitetura

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Trabalho Final de Graduação Mariana Costa Panseri Orientador: Rodrigo Queiroz

São Paulo | junho de 2016



Ao orientador, por todas as conversas e questionamentos que me possibilitaram trilhar meu próprio caminho neste trabalho. Aos Antônios, por terem demonstrado interesse em minha proposta e, gentilmente, aceitado o convite para compor a banca. À Juliana, pela amizade, companheirismo e suporte em todos os momentos desta caminhada. Ao Heron, por se fazer presente ontem, hoje e sempre. Aos queridos Anna, Camila, Karina, Lara, Larissa, Luíza, Marcel, Rodrigo e Sérgio. pelos anos de amizade, horas nos estúdios, festas, momentos felizes, cumplicidades. aflições compartilhadas e por todas as memórias que carrego comigo. Sem vocês, nada teria sido. À Maísa, Lucas, Giuliano e Cibele, por todo carinho e preocupação. À Alexia, Marina e Isabela, por se fazerem presentes, não importando a distância. Ao Guilherme, por conseguir tonar este momento mais leve e pacientemente me ajudar a concluí-lo. Ao Nicolas, que me revela e reforça a cada dia o significado da palavra irmão. Aos meus pais, Vera e Ricardo, pelo amor e apoio incondicionais durante todos esses anos e por todas as vezes em que abriram

Agradecimentos

mão de seus próprios caminhos para se dedicarem ao meu. Muito obrigada.



“O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar”

Oscar Niemeyer



Sumário

introdução

01

fundamentos

02

proposta

03

terreno

04

programa

05

partido

06

projeto

07

referências

08

considerações

09

bibliografia

10

anexo

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01


Introdução Este trabalho final de graduação tem como origem de sua concepção a ideia de que o ensino, a aprendizagem e a prática da arquitetura se relacionam diretamente com o meio em que ocorrem. A proposta aqui apresentada cria um espaço para estudos e produção da arquitetura e do urbanismo no centro de São Paulo, região complexa com importante ocupação e dinâmica cultural. O projeto transforma um terreno subutilizado, porém passível de intervenção e representatividade na malha urbana da região da República, em um edifício que estimula a convivência entre a sociedade e os produtores da arquitetura, englobando uma concentração única de conhecimento e oportunidade de aprendizagem. O ensino e a aprendizado da arquitetura têm algumas particularidades e características inerentes, exigem espaços físicos que se diferenciam dos espaços convencionais de estudo e trabalho habitualmente encontrados na cidade. Esses espaços não devem ser levados em consideração apenas como infraestrutura física mas também como um lugar que evidencie as ideias a respeito da formação do arquiteto e estimule a convivência, a interação e troca de experiências entre os usuários, a sociedade e a cidade. O trabalho é dividido em quatro partes: o embasamento teórico que justifica o uso proposto para um equipamento público, seguido das premissas que motivaram a escolha do terreno, da definição do programa de necessidades e, por último, o projeto do edifício.

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Fundamentos Ensinar, aprender e produzir arquitetura A minha experiência acadêmica me permite afirmar que o espaço de convivência propiciado pelo edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo foi um fator fundamental para guiar a minha formação durante esses quase sete anos de graduação. O curso certamente não teria a mesma representatividade caso fosse ministrado em salas comuns, num espaço comum, num edifício comum. Pode-se partir do fato de que o pensar, decidir, construir e intervir no espaço são os objetos da reflexão arquitetônica e, portanto, o espaço físico, onde a formação ocorre, é uma importante ferramenta didática e de expressão da estrutura de ensino. Esse espaço físico ideal certamente não se constitui apenas pela sua adequação funcional ou por boas soluções espaciais, mas sim por sua excelência em promover e expressar a convivência, a forma de pensar e o conhecimento a respeito das condições humanas. O edifício da FAUUSP começou a ser concebido no ano de 1962 paralelamente à reformulação do curso que procurou privilegiar a formação interdisciplinar do arquiteto, abrangendo desde o desenho industrial até o urbanismo, cujo resultado seria um profissional apto a responder por todos os campos da arte, construção, design, política e história. O desejo de seu idealizador e responsável pelo projeto, Vilanova Artigas, era transformar por completo o ensino da arquitetura, livrando-o dos limites até então impostos tanto por uma formação predominantemente técnica, herdada do curso de engenharia, quanto por uma visão artística conservadora, vinculada à tradição acadêmica das escolas de arte. Na concepção de Artigas,

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sempre preocupado em explicitar e desenvolver o caráter político de sua arquitetura, o novo edifício da FAUUSP deveria favorecer a experiência democrática de seus usuários. Em suas próprias palavras:

“A sensação de generosidade espacial de sua estrutura permite aumentar o grau de convivência, de encontros, de comunicação. Quem der um grito, dentro do prédio, sentirá a responsabilidade de ter interferido em todo o ambiente. Aí o indivíduo se instrui, se urbaniza, ganha espírito de equipe”. A partir dessa visão sobre o ensino e os ideais que deveriam tanger a formação de todos os arquitetos, é notável que o próprio edifício da FAUUSP sugere os valores de liberdade e convivência democrática que o arquiteto almejava. Esse partido de projeto tem no salão Caramelo sua simbologia concretizada de forma bastante clara. Um pátio banhado por luz natural e envolto pelo programa da escola. Funciona como uma praça que, trazida para dentro do edifício, confere a ele caráter urbano, público, como uma representação da cidade. Seguindo seu espírito cívico, Artigas desejava criar no interior do edifício um ambiente favorável às trocas entre os indivíduos, de um modo livre e democrático, como idealmente aconteceria na cidade. Esse espaço não se trata apenas de um local reservado à realização de exposições, festas, debates, assembleias e outras variadas manifestações universitárias, mas sobretudo de um espaço que, por ser central e sempre visível no interior do edifício, está permanentemente convidando toda a comunidade da escola a realizar atividades coletivas e lembrando-a de sua importância, mesmo quando está vazio.

O edifício de Artigas acaba por determinar as dinâmicas de

aprendizado dos alunos em função da maneira como resolve o espaço, cuja arquitetura, além de oferecer o abrigo, exprime uma ideia de cidade, humanidade e ensino através de suas linguagens e belezas, que não só servem como exemplo e referência projetual, como também deixam impressões nas pessoas que por ele passam.

FAUUSP, salão Caramelo foto por Marcos Santos arquilab | tfg

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O cenário das escolas paulistas O ambiente de ensino e aprendizado deve ser tratado como um aspecto essencial do processo de graduação, suprindo as necessidades das abordagens metodológicas e pedagógicas do curso, bem como ser capaz de prover a liberdade para a pesquisa, o livre acesso à expressão, à troca de experiências e ao conhecimento. Mas segundo conclusões da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA) durante o XXXI Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo, a infraestrutura das faculdades tem sido um dos pontos mais sensíveis na oferta de ensino de qualidade. Foi apontado que o curso que pretende ensinar a arte de organizar os espaços, em alguns casos, é ministrado em locais improvisados e desprovidos de condições satisfatórias para o atendimento de suas atividades pedagógicas. Faltam espaços, mobiliários e equipamentos adequados, há muito que se melhorar em relação ao conforto ambiental, acessibilidade universal, atendimento às condições específicas do curso. Faltam salas, inclusive para uso no desenvolvimento de tarefas fora do horário de aulas, faltam equipamentos com acesso a internet e a programas essenciais para o desenvolvimento de atividades exigidas nos trabalhos. Além disso, há ausência de espaços para exposição, que promovam encontros, debates e que funcionem como um laboratório vivo para a investigação de soluções e alternativas nos trabalhos propostos durante o curso. Eu, como aluna de uma faculdade que nos oferece um edifício de qualidade, entendo como é importante vivenciar esse espaço que é a faculdade durante nossos anos de graduação. Entendo também que o acesso à estruturas como a nossa se faz fundamental para todos aqueles que repercutem a arquitetura para a sociedade e para a cidade. A experiência coletiva e democrática junto da circulação de ideias se faz necessária para que, atuando tanto no campo acadêmico quanto profissionalmente, sejamos capazes de reproduzir essas premissas, tendo sempre em vista a qualidade do espaço construído, seja ele em qualquer escala. Antonio Carlos Barossi, professor

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da FAUUSP, em sua tese de doutorado, retrata e aprofunda reflexões a respeito do contexto de ensino dentro de nossa escola e afirma:

“O repertório do aluno é basicamente constituído pela sua vivência. Por um lado, pode trazer latente todo um universo capaz de desabrochar ao estímulo de uma prática e um conhecimento sistematizados; por outro, pode se constituir no plano da consciência imediata como um bloqueio por se colocar para o aluno na forma de modelos originados das piores referências que a cidade apresenta.” Vivência essa, citada por ele, que acontece diariamente na rotina dos estudantes, seja na cidade, nos locais visitados ou, principalmente, dentro do espaço que proporciona e estimula o aprendizado: o edifício da escola de arquitetura. Este trabalho instiga o pensar sobre o quão interessante é a concepção de um espaço que busca incentivar o intercâmbio entre estudantes de arquitetura de diferentes ideários, referências e estágios de formação, provenientes das mais diversas escolas da cidade, oferecendo um local de apoio e aprendizado contínuos, mesmo que depois da graduação, abrindo espaço para que os indivíduos troquem suas experiências e suas próprias referências, observem criticamente a cidade e produzam para usufruto da região e do crescimento do próprio curso que os forma. A partir de uma infraestrutura de qualidade, se dá a criação de um verdadeiro ambiente de ensino e aprendizado múltiplo, incluindo os estudantes na cultura acadêmica e favorecendo possibilidades de intercâmbio do conhecimento através de uma formação participativa, com relação aproximada entre todos os seus usuários, que podem expor seus interesses, suas capacidades crítica e criativa próprias, que precisam ser desenvolvidas de maneira específica e direcionada.

FAUUSP, rampas de acesso foto do acervo pessoal da autora


Pesquisa com alunos de arquitetura

Sobre a infraestrutura da escola...

Com o objetivo de elaborar uma análise quantitativa e qualitativa sobre a infraestrutura e organização geral das faculdades de arquitetura da cidade de São Paulo a partir da percepção dos próprios estudantes,

92% possui

foi formulado um questionário. Ele foi disponibilizado em uma plataforma

espaço destinado ao

online (Google Forms) durante os meses de fevereiro e março de 2016 para grupos dos cursos com mais representatividade de alunos matriculados na

desenvolvimento de projetos

60% dos estudantes o considera inadequado

cidade. Foram feitas perguntas objetivas a respeito dos espaços da faculdade, como por exemplo, a adequação deles para as atividades desenvolvidas no curso, a disponibilidade de equipamentos que suprem suas necessidades e etc. Bem como também foi investigado o interesse que esses grupos teriam

90% possui

em um edifício com o uso proposto neste trabalho, perguntas sobre localiza-

auditório

ção, horário de funcionamento e programa de necessidades.

dentro do prédio

55% afirmam que a capacidade é menor do que deveria

As respostas obtidas, reafirmaram e guiaram os caminhos a serem seguidos para a elaboração do projeto e seu contexto teórico. Alguns dos resultados se encontram a seguir e a pesquisa completa pode ser encontrada anexa ao final deste caderno.

96% possui laboratório de informática

70% dizem que não estão de acordo

FAUUSP

com as demandas

Mackenzie Escola da Cidade 173 estudantes responderam o questionário

10 escolas de arquitetura e urbanismo

FAAP Belas Artes Senac

93% possui laboratório de modelos

UNIP

38% não está ocupado como deveria

UniNove USP- São Carlos Anhembi Morumbi 40% afirmou que as escolas não ficam os estudantes costumam demandar uma média entre 4 e 5 horas diárias para realização de trabalhos fora do período de aula

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abertas aos estudantes durantes os finais de semana

25% não possuem papelaria, 15% gráfica e 28% livraria


Sobre a necessidade de um espaço de acesso democrático... “Seria muito relevante a criação desse espaço. Penso, prin-

57% dos estudantes se deslocam de casa até a fa-

cipalmente, nas possibilidades de transmitir conhecimento

culdade para realizar trabalhos e estudar. 23% não

sem a intervenção de figuras de autoridade. Poderia também

fazem isso por morar longe, mas gostariam

aproximar as pessoas da arquitetura, dar oportunidade para quem quer cursar, mas não tem familiaridade com a área. De

86% dos estudantes disseram que se deslocariam até a região central de São Paulo para utilizar um

fato, com tantas faculdades de arquitetura em São Paulo, esse Por que? *

equipamento público com a infraestrutura neces-

espaço seria muito importante para a formação dos estudantes e para compensar a falta de estrutura das faculdades.”

sária para atender às demandas do curso

“Espaços como esse são impres-

“ A área da arquite-

95% considera o contato com estudantes de outras

cindíveis, nós estudantes de uma

tura é pouco enten-

instituições importante para sua formação, porém

área que necessita um estudo fo-

dida e investigada

38% não tem acesso a essa troca

cado, um lugar calmo e espaçoso,

pelo cidadão co-

precisamos de um lugar assim.

mum e um espaço

Alguns pontos da cidade até nos

desse aberto seria

permite sentar, ler algo que pre-

uma ótima forma

cisamos mas não podemos, por

de instigá-lo a pen-

exemplo, fazer uma maquete ali.”

sar mais na cidade.”

Por que? *

“O papel do arquiteto é ser

“Com essa troca temos uma dimensão maior do en-

“Penso que sendo SP a metrópole que é, e

ativo na cidade, mais do que

sino de arquitetura, vemos falhas e acertos e, assim,

a metrópole em si, ser um material riquís-

tudo. Como fazer isso sem a

podemos pensar em estratégias para alterar essa re-

simo de estudo, todo estudante deveria

discussão de o que é esse pa-

alidade. Muitas vezes, percebi que havia problemas

respeitar, conhecer, ver e viver o centro

pel e sem formar uma rede

comuns, como o enfoque em determinadas discipli-

tanto quando puder. A cidade é fonte de

de pessoas pensantes? A

nas em detrimento de outras ou o "hipertarefismo".

trabalho, análise de comportamento e

interação entre faculdades é

Essas conversas nos fazem pensar em projetos fu-

também ela mesma a fonte da solução de

mais rica do que a competi-

turos, criar espaços para discutirmos alternativas e,

seus grandes problemas. O estudante que

ção entre elas.”

inclusive, nos manter focados em nossa formação.”

não convive no centro perde muito.”

“A tríade FAUUSP, Mackenzie e Escola da Cidade é tida como

“Em âmbito acadêmico e

“Ter contato com outros métodos de

a mais bem estruturada entre as faculdades de arquitetura. O

profissional essa troca é

projeto, formas de trabalhar, visões

leque de professores é bom, os estudantes são interessados, mas

importante, gera discus-

de mundo. Quando você fica somente

cada uma tem seus pontos fracos e fortes. Seria muito bom se

sões, repertório e estimula

dentro do ambiente da sua própria

trocassem mais experiências e se encontrassem mais. Com cer-

o contato com diferentes

faculdade, assimila uma só visão de

teza teríamos produtos muito interessantes desses encontros.”

questões e abordagens.”

mundo (ensino, trabalho, filosofia).”

* entre aspas estão trechos das respostas dos entrevistados arquilab | tfg

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A apropriação do espaço e o interesse pela arquitetura A compreensão do lazer, da recreação e do ócio como atividades fundamentais para o desenvolvimento humano e complementares ao trabalho e às demais atividades sociais são premissas para o desenvolvimento dessa proposta de uso. O tempo livre dos cidadãos deve ser encarado como um tempo para o desenvolvimento cultural, físico, psicológico, político e social, logo, o acesso ao espaço público com tais fins deve servir como um instrumento social de democratização. Aqui, além da proposta de amparo estrutural para a produção da arquitetura, dois outros caminhos se cruzam: o da intenção de criar um equipamento público de qualidade que viabilize a interação social e o de instigar o interesse da sociedade pelo conhecimento das disciplinas de arquitetura e urbanismo. Trazer esse dinamismo para dentro do projeto é planejá-lo de acordo com as vontades sociais, exprimindo nele o modo de produção da sociedade e das relações humanas. O desafio é, além de criar um espaço público de qualidade atendendo à necessidade de convivência, oferecer conteúdo atrativo para as pessoas. O edifício não deve ser pensado para ser atrativo e interessante para a sociedade apenas por sua arquitetura mas também por seu programa. Trazer o público para dentro de um espaço que sugere conhecimento acadêmico prévio exige esforços das atividades que são oferecidas por ele. A ocupação do espaço é a expressão de sua utilização. Para isso, vale o uso de meios pedagógicos a favor do acesso livre. Museu, exposições, eventos, workshops e palestras são, por exemplo, opções para que o conteúdo altamente especializado seja passado de forma gradual para a parcela da população que é leiga no assunto. Outra forma de

arquitetura e urbanismo

colocar esse público em contato com o tema em questão é criar formas de inseri-lo no edifício através de outros interesses: espaços de estudo e leitura, atividades não necessariamente relacionadas à arquitetura, shows, exposições variadas, restaurante, livraria, papelaria, espaços de permanência e

entretenimento

sociedade

passagem, entre outros. Essa inserção do indivíduo no edifício, mesmo que aconteça inicialmente com outras finalidades, acabará instigando a participação naquele meio e, desejavelmente, a curiosidade sobre as dinâmicas que ali ocorrem. Ultrapassadas essas barreiras de repertório, o projeto irá permitir que novas conexões sejam feitas, permitindo o diálogo e um melhor entendimento da relação de cada um com a arquitetura e o urbanismo.

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Proposta

A proposta é conceber um edifício que atenda às diversas demandas dos estudantes de arquitetura em diferentes fases do curso, favorecendo a apropriação do edifício por seus usuários e estimulando a permanência no ambiente acadêmico, ampliando sua dedicação e promovendo o intercâmbio de conhecimentos e aprendizados entre os alunos das diversas escolas de arquitetura da cidade que hoje se encontram distantes dessa comunicação. O projeto não servirá apenas como um centro de apoio para a produção arquitetônica mas também como referência de cultura para a cidade, promovendo uma conscientização pública sobre o papel da arquitetura na vida cotidiana por meio de exposições, programas educacionais, atividades culturais, workshops, espaços para permanência e salas de estudo. Um edifício público para uso coletivo, que ofereça um acesso democrático à produção arquitetônica, a ser compartilhado por arquitetos, urbanistas, artistas, estudantes, famílias e qualquer cidadão em busca de entretenimento e cultura. Um centro de produção, pesquisas e descobertas acadêmicas, cheio de conhecimento, novas ideias, atividades e pessoas.

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Terreno Premissas para a escolha Para a inserção do projeto foram escolhidos dois terrenos localizados na Praça da República, região central da cidade de São Paulo. Hoje, os terrenos somam uma área de aproximadamente 3.960 metros quadrados e ambos abrigam estacionamentos.

A quadra, inserida numa região relativamente plana, é rode-

ada pelas ruas do Arouche, Aurora e Vieira de Carvalho. A lateral do terreno voltada para a Avenida Vieira de Carvalho está ocupada por edifícios de uso misto e gabarito alto, para a Rua do Arouche, um edifício, dois sobrados e na esquina com a Praça da República está uma das saídas da estação de República, integração entre as linhas vermelha e amarela do metrô. O entorno possui instituições de ensino, comércio, escritórios e escolas de arquitetura, biblioteca, bares e restaurantes que garantem o fluxo intenso de pessoas principalmente durante o horário comercial.

A escolha desse local foi guiada por fatores julgados funda-

mentais para o funcionamento e dinamismo do espaço. O primeiro deles se refere à localização na cidade, no sentido em que a região central pode ser considerada um ponto “equidistante” para a cidade. Além disso, pode ser acessada facilmente através do transporte público bem servido. Uma infinidade de linhas de ônibus que atendem diversas regiões da cidade passam por ali, inclusive com pontos de ônibus instalados na quadra em questão. A estação República do metrô é vizinha aos terrenos e garante o acesso à linha amarela (eixo oeste) e à linha vermelha (eixo leste), Essa proximidade com

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a estação e pontos de ônibus acabam gerando uma certa facilidade e conforto para o acesso ao local mesmo que em período noturno, visto que o centro ainda é um local com questões delicadas relacionadas à segurança, principalmente durante a noite, e isso poderia afastar os usuários caso fossem obrigados a percorrer maiores distâncias a pé para chegar ao edifício. Há também a ciclofaixa presente na via entre o terreno e a praça, modalidade de transporte que vem ganhando destaque e muito incentivo como forma de melhorar a mobilidade urbana. Essa localização privilegiada facilita o acesso tanto na escala local como na regional, ficando de acordo com o objetivo do projeto de alcançar e atender a toda cidade.

Outra premissa utilizada foi em relação a uso atual do ter-

reno, que deveria ser um local subutilizado. Hoje, ambos são ocupados por estacionamentos e, assim, considerados vazios urbanos. A implantação do projeto supre uma das diversas potencialidades daquele espaço e sugere um uso que integre a cidade, a sociedade e a arquitetura.

Por consequência desse caminho trilhado para chegar ao

terreno ideal, outras questões passaram a incentivar e justificar sua implantação ali. Uma delas é o fato da região central ser dotada de uma grande quantidade de edifícios de extrema significância para a contextualização da arquitetura paulista. Visto que uma das intenções do programa é tornar visível à sociedade toda a produção arquitetônica e urbanística que a rodeia todos os dias, o projeto estar localizado em meio a ela irá, além de facilitar, incitar a curiosidade e o interesse por ela.

A última e não menos importante questão se dá pelos incen-

tivos da legislação. A Operação Urbana Centro, em vigor desde 6 de junho de 1997, que abrange o Centro Velho e Novo, parte de bairros históricos como Glicério, Brás, Bexiga, Vila Buarque e Santa Ifigênia, oferece, entre outros, incentivos e benefícios para atrair a produção de novas edificações destinadas à cultura, à educação e ao lazer com o objetivo de dinamizar a região central e trazer a população para ela. Além disso, a área está inserida em dois perímetros de incentivo do Plano Diretor Estratégico de São Paulo: o Território de Interesse da Cultura e Paisagem e o Pólo de Economia Criativa. Ambos oferecem respaldo para a implantação de um edifício com o uso proposto neste trabalho. Maiores informações sobre a legislação vigente se darão no decorrer deste capítulo.

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mapa elaborado pela autora a partir dos dados fornecidos por http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br

Contextualização dentro da cidade de São Paulo: o contorno em amarelo delimita a subprefeitura da Sé, alvo da Operação Urbana Centro, e o preenchimento marca o distrito da República, local onde o terreno do projeto está localizado e possui áreas dentro do Território de Interesse da Cultura e Paisagem e do Pólo de Economia Criativa.

localização acessível para a cidade

proximidade com o transporte público

região central da cidade

terreno ou edifício subutilizado

incidência de ícones arquitetônicos

área com incentivos legislativos

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Área de intervenção terreno escolhido 3960 m2 58,9 m de frente para a praça 71,5 m de profundidade

imagem retirada do Google Maps


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esc. 1:1000 mapa elaborado pela autora a partir dos dados fornecidos por http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br


vista da Praça da República em direção ao terreno foto: acervo pessoal da autora

vista da Rua Aurora para dentro do estacionamento existente foto: acervo pessoal da autora

vista da Praça da República em direção ao terreno foto: acervo pessoal da autora

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vista da Rua do Arouche em direção à saída da estação República foto: acervo pessoal da autora

vista da Rua Aurora sentido Avenida Vieira de Carvalho foto: acervo pessoal da autora

vista da Rua do Arouche sentido Rua Aurora foto: acervo pessoal da autora arquilab | tfg

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A República e o centro de São Paulo O centro de São Paulo é uma área privilegiada da cidade e exibe enormes potencialidades. O amplo serviço de transporte público, a diversidade de equipamentos culturais e de espaços públicos, a oferta de serviços e empregos, o comércio popular crescente, a presença dos órgãos de governo, a memória do patrimônio histórico e a conexão com o restante da cidade o singularizam. Apesar disso, nas últimas décadas, sofreu uma intensa desvalorização simbólica e degradação de suas condições ambientais, paralelo à expansão da mancha urbana e o surgimento de novas centralidades em outras regiões. O centro passou a ser um lugar de passagem e não um espaço de estar, que convide à convivência e ao desfrute de seus potenciais e qualidades históricas. Tal configuração espacial não apenas produz uma sensação de insegurança aos usuários, como também não atende completamente suas demandas e necessidades cotidianas. A intenção deste edifício é contribuir para o resgate e retomada desse palco da cidade como um pólo de atração através do conhecimento, da cultura, do entretenimento e do lazer. A requalificação urbana da região se faz necessária e inserir o projeto em meio a ela é compreender que a cidade nada mais é do que as pessoas que nela habitam, o que elas fazem, como elas se relacionam, onde elas se encontram e a possibilidade de criar experiências através dessas relações é o que torna a cidade um enorme espaço de convivência. Assim, tomando como referência a região do entorno do terreno desse projeto (distrito da República), foi feita uma série de levantamentos onde se pode ter uma leitura panorâmica da dinâmica do centro.

Praça da República foto por André Bonacin

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Equipamentos saúde educação serviços cultura esporte terreno escolhido

esc. 1:5000 mapa elaborado pela autora a partir dos dados fornecidos por http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br


Transporte terminal de ônibus estação de metrô linha de metrô ciclovia corredor de ônibus terreno escolhido

esc. 1:5000 mapa elaborado pela autora a partir dos dados fornecidos por http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br


Os estudos, focados na região do distrito da República, se iniciam com o levantamento da distribuição de equipamentos públicos de saúde, educação, serviços, cultura e esporte. Também foi criado um mapa da rede de transporte: corredores e terminais de ônibus, estações de metrô e ciclovias. É notável que se trata de uma região consolidada, com grande oferta de equipamentos e transporte, tendo como consequência um fluxo intenso de pessoas circulando por ali diariamente. O terceiro mapa aponta os vazios urbanos. Nele estão inclusos não só os terrenos vazios, mas também as áreas subutilizadas e todo o sistema viário e de circulação de pessoas não edificado. O contraste de cores revela uma alta densidade construtiva dentro das quadras, porém ainda é possível identificar diversos terrenos completamente vazios. A proposta aqui é intervir em um desses espaços, tão bem servidos de infraestrutura e qualidades urbanas porém subutilizados. Nas páginas a seguir, dois mapas detalham o existente no entorno mais imediato ao terreno: o de uso do solo e o de gabarito. O primeiro revela a forte predominância de edifícios onde o térreo é ocupado por comércio e serviços e os pavimentos superiores por uso residencial. O segundo mapa confirma a existência de um entorno com gabarito bastante diverso e uma quantidade significativa de edificações mais altas.

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Vazios urbanos edificaçþes vazios urbanos terreno escolhido

esc. 1:5000 mapa elaborado pela autora a partir dos dados fornecidos por http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br


Uso do solo | térreo comércio e serviços institucional residencial área livre terreno escolhido

esc. 1:750 mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Street View


Gabarito tĂŠrreo 2 andares atĂŠ 5 andares atĂŠ 10 andares mais de 10 andare terreno escolhido

esc. 1:750 mapa elaborado pela autora a partir da base do Google Street View


Legislação urbana vigente Para determinação dos parâmetros construtivos foi consultada a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (lei 272/2015) que estabelece o zoneamento no qual o terreno escolhido se enquadra. De acordo com a lei, ele está demarcado como uma ZEIS-3 - Zona Especial de Interesse Social - o que impediria um projeto, que não uma habitação social, de ser construído ali. Porém, levando em consideração o que é afirmado no decreto nº 7.341 onde “consideram-se equipamentos públicos comunitários as instalações

e espaços de infraestrutura urbana destinados aos serviços públicos de educação, saúde, cultura, assistência social, esportes, lazer, segurança pública, abastecimento, serviços funerários e congêneres” e o que está escrito no artigo 55 do Plano Diretor Estratégico - PDE (lei 16.050/2014) sobre ser permitida em terrenos demarcados como ZEIS a instalação de “equipamen-

tos públicos sociais de educação, saúde, assistência social, cultura, esportes e lazer, bem como à infraestrutura urbana”, pode-se concluir que o uso pretendido para o edifício é permitido no local. Deve-se levar em consideração que os parâmetros construtivos a serem seguidos no equipamento público ainda serão os respectivos da zona de origem, logo, para ZEIS-3 temos: coeficiente de aproveitamento: mín. 0,5 e máx. 6 taxa de ocupação: 0,7 (para lotes superiores a 500m2) sem limite de gabarito O PDE institui dois instrumentos urbanísticos que condizem com o programa do projeto. O primeiro se refere ao perímetro intitulado Pólo de Economia Criativa - PEC - que “são territórios destinados ao fomen-

to e desenvolvimento de atividades econômicas que compõem a economia criativa, entendida como o ciclo de criação, produção e distribuição de bens e serviços tangíveis ou intangíveis que utilizam a criatividade, a habilidade e o talento de indivíduos ou grupos como insumos primários, sendo composta por atividades econômicas baseadas no conhecimento e capazes de produzir riqueza, gerar emprego e distribuir renda”. O artigo enquadra dados do programa do projeto aqui proposto, como museus e bibliotecas, dentro da gama de atividades que serão contempladas e incentivadas dentro

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desse perímetro. Essa diretriz justifica o interesse que a Prefeitura de São Paulo teria em financiar o espaço para a produção arquitetônica. Visto que é uma atividade que está dentro do quadro de incentivos, parece adequado então um equipamento marcante na paisagem e no uso cotidiano para reforçar a ideia desse perímetro e servir de atrativo para as atividades relacionadas. O segundo instrumento se refere à criação dos Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem - TICP, áreas que concentram um grande número de espaços, atividades ou instituições culturais, formando pólos singulares de atratividade social, cultural e turística. Nesses perímetros serão estimuladas iniciativas no âmbito da cultura, da educação e do meio ambiente através de incentivos urbanísticos e fiscais, como a isenção de impostos e taxas municipais. O lote em questão está dentro do Território Cultural Paulista-Luz, definido por um perímetro que engloba áreas dos distritos Consolação, Bela Vista, Liberdade, Sé, Bom Retiro, República e Santa Cecília.

Mapa de perímetros das zonas anexo à lei em março /2016 Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo

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Programa A partir de tudo o que foi levantado até aqui foi possível destacar algumas diretrizes fundamentais para o desenvolvimento do programa de necessidades, entre elas, a garantia de uso contínuo do equipamento através da rotatividade e adaptação para diversas atividades e o caráter essencial de explorar o potencial do lugar ao máximo, e trazer não só uma variedade de usos, mas também a possibilidade de que ele possa ser aproveitado por todos, de qualquer idade ou classe social, e que esteja sempre ocupado, tornando-se um lugar capaz de gerar movimento, conhecimento e entretenimento. Primeiro foi delimitado o programa de âmbito acadêmico, aquele que tem como objetivo oferecer aos estudantes os recursos mínimos para acompanhar e suprir suas necessidades nos momentos de estudos, confecção de trabalhos, pesquisa e outros que a graduação possa exigir. Depois, uma série de usos e atividades que, assim como colocado na proposta, trouxesse para dentro do edifício pessoas que não costumam se relacionar diretamente com a arquitetura, capaz de transformar esse conhecimento acadêmico em entretenimento. E, pensando nas questões relacionadas à geração de recursos financeiros que auxiliem na gestão e funcionamento do equipamento, foram inclusos no programa locais possam ser alugados para comércio, espaço de eventos, ambientes de coworking e escritórios de arquitetura gerando rentabilidade para o conjunto. Outra questão importante aqui levantada é com relação ao horário de funcionamento do espaço. Há a necessidade de se manter esse local aberto todos os dias da semana e com horários bastante flexíveis, que podem se estender por 24 horas em épocas que, por exemplo, coincidam com o período de final de semestre das faculdades quando a demanda pelo uso do local com certeza será maior. arquilab | tfg

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âmbito acadêmico

ateliê de projeto sala de estudo salas de reunião

escritórios de arquitetura espaços de coworking

âmbito profissional

para arquitetos, urbanistas, designers e correlatos

biblioteca rotativa laboratório de modelos laboratório de informática restaurante e café unidades comerciais gráfica, papelaria e livraria

rentabilidade para o equipamento

espaço de eventos

museu da arquitetura auditório salas para workshop espaço para exposições e atividades culturais espaços de convívio e permanência

encontro entre o conhecimento acadêmico e o entretenimento

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bicicletário reserva técnica e oficina de reparos para o acervo do museu administração vestiário e copa para funcionários

infraestrutura de suporte


Ateliê de projeto: uma grande área dedicada aos estudantes. Mesas grandes para trabalhos em grupo, mesas menores e individuais, cadeiras soltas, um espaço mais reservado e silencioso, salas que podem ser reservadas para reuniões de grupo, exibição de filmes ou algum trabalho mais específico. O espaço deve contar também com uma área mais descontraída, com sofás, copa e área para refeições pensando em estimular o convívio dos alunos e equilibrar a vida social e acadêmica. Armários, materiais de desenho, estantes e arquivos devem estar a disposição dos usuários visando facilitar o acesso a ferramentas de uso cotidiano. As ferramentas da informática também precisam ser incorporadas ao ateliê. Acesso à internet, tomadas e principalmente impressoras. O desenvolvimento dos trabalhos e projetos pode ser facilitado por meio do acesso fácil e imediato à impressão de desenhos, por isso ter impressoras à disposição é importante. O controle para utilização dessas facilidades pode ser feito através de cadastros de identificação.

Biblioteca rotativa: a ideia aqui não é criar um acervo específico pois isso é uma infraestrutura que já é fornecida nas faculdades de arquitetura (conforme a pesquisa com os alunos demonstrou) e seria muito difícil iniciá-la sem que derivasse de um acervo já existente em outro local. O objetivo dessa biblioteca é disponibilizar revistas e outros periódicos, servir como uma biblioteca de atualidades sobre o assunto. O acesso a essas informações sobre o que está acontecendo diariamente no mundo da arquitetura é extrema- mente importante e deve fazer parte do cotidiano dos estudantes. Além disso, é proposto nessa biblioteca um acervo de amostras de materiais (revestimentos, tecidos etc.). Esse espaço serve diretamente aos praticantes da arquitetura e também fica disponível para que a população entre em contato com esses conhecimentos de maneira natural, incentivada pela curiosidade e/ou busca de novos saberes.

Laboratório de modelos: inicialmente pensou-se em criar um local com todos os equipamentos utilizados para a confecção de maquetes, desde máquinas de marcenaria até impressora 3D, porém, pensando numa certa economia de recursos, é proposta uma parceria com um outro equipamento que já supre essas necessidades: o FabLab Livre SP instalado na Galeria Olido, localizada do lado oposto ao projeto na Praça da República. Nesse local, qualquer pessoa pode ter acesso à impressoras 3D, cortadoras à laser, fresadora, cortadoras de vinil e computadores equipados com software para modelagem. Logo, o espaço aqui sugerido disponibiliza mesas amplas para

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realizações de trabalhos manuais, como um complemento do que pode ser feito no FabLab. É proposta também uma pequena papelaria, uma comodidade para os usuários, que também pode funcionar de forma controlada por cadastro e preços justos, juntamente com uma parte colaborativa que é reabastecida por meio de doações dos próprios usuários.

Laboratório de informática: máquinas equipadas com os softwares que são comumente utilizados no meio da arquitetura com acesso livre para os usuários.

Museu da Arquitetura + reserva técnica + oficina de reparos: a aproximação entre a sociedade leiga e o conhecimento da arquitetura terá no museu sua expressão máxima. A ideia é conceber um museu no qual seu conteúdo não represente uma barreira para atrair as pessoas que não tem conhecimento prévio sobre ele. Ele deve ser encarado como um facilitador de aprendizado, criatividade e pensar, onde as pessoas não só verão as obras expostas, mas também poderão interagir com elas e entre si, cumprindo a função de expectador e contribuidor do que está ali apresentado. Acrescentar às obras penduradas na parede outras experiências aos visitantes, incluir maquetes, experiência digital, interatividade e relacionar o que está sendo mostrado dentro do museu com o que acontece fora dele e no cotidiano de cada um. Essa correlação é fundamental para atrair a sociedade e servir como uma plataforma para a educação unida ao entretenimento e lazer. A ideia também é que parte do acervo seja constituído pelas obras que hoje se encontram precariamente arquivadas na FAUUSP. Além de tratá-las devidamente, torná-las acessíveis à todos é essencial.

Auditório: pensado para receber tanto eventos relacionados à arquitetura como outros diversos, servindo como atrativo para a população em geral e como fonte de recursos através da locação do espaço. Pode ser também utilizado para eventos acadêmicos: palestras, colação de grau, apresentações, etc.

Salas para workshop: cursos relacionados ou não com a disciplina em questão podem ser ministrados. Salas compostas por mesas, cadeiras, computador e projetor e um laboratório de informática, todas aptas a receber uma quantidade significativa de usuários para assistir às aulas, cursos e/ou debates propostos.

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Espaço para exposições e atividades culturais: com um acesso mais livre e direto do que o museu, a intenção é atrair não só os que foram ao local em busca de algo específico, mas também os transeuntes que por ali passarem e se sentirem atraídos pela curiosidade. Exposições temáticas, acadêmicas e independentes podem ser recebidas, assim como a elaboração de atividades, passeios de escola, apresentações e outros que o ambiente amplo e livre permitir em seu interior.

Espaços de convívio e permanência: uma das premissas para alcançar o objetivo desse projeto são os espaços de circulação, que interligam as atividades definidas pelo programa e proporcionam os encontros, as reuniões e a convivência, peças chave para a riqueza do aprendizado do cotidiano. Assim como os espaços proporcionados dentro da FAUUSP, com grande expressividade em suas rampas, compartilhar em seu máximo a ideia de um local público e livre para as ideias, circulação, aprendizado e ensino.

Espaços de coworking e escritórios: além do modelo tradicional dos escritórios de arquitetura e urbanismo, a ideia é criar estações de trabalho em uma área coletiva a fim de atender arquitetos, urbanistas, designers e correlatos. O objetivo é conectar as pessoas por meio de uma cultura baseada na colaboração, além de tornar financeiramente acessível um local com esse tipo de infraestrutura, imaginando, por exemplo, as dificuldades do âmbito financeiro de profissionais que estão entrando no mercado de trabalho. É importante também trazer para dentro do projeto, que tanto preza pela troca de ideias e conhecimentos, o contato com o mundo profissional. Com relação a estrutura desses espaços, todos devem trazer as facilidades necessárias para seu bom funcionamento: amplos locais para trabalho, impressoras, cozinha comunitária, espaços mais descontraídos que, assim como no ateliê dos estudantes, visam equilibrar a vida social e a profissional.

Restaurante, café e unidades comerciais: servem em função dos usuários do equipamento, atraem mais pessoas e geram recursos por meio da locação.

Livraria, papelaria e gráfica: essas unidades comerciais tiveram seu uso pré estabelecido por serem consideradas essenciais no âmbito acadêmico.

Espaço de eventos: pode receber de eventos acadêmicos à festas e atividades organizadas pelos próprios usuários. O intuito desse local é que ele também auxilie na geração de recursos através da locação. arquilab | tfg

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Partido Para elaboração do projeto foram tomados alguns pontos de partida. O primeiro deles se refere à permeabilidade. O terreno está num local bastante movimentado, onde o fluxo de pessoas é constante e intenso devido à gama de comércios, serviços e escritórios presentes por ali. Um paRua Au ro

vimento térreo que possibilite o pedestre atravessá-lo sem grandes barreiras

ra

e utilizá-lo como ligação entre a Praça da República e a Rua Aurora é inteutilizando-o como passagem e, eventualmente, despertando sua curiosidade e a vontade de explorar outras possibilidades que o lugar oferece. Elevar o corpo do edifício e apoiá-lo em determinados pontos estratégicos possibilita essa dinâmica abaixo e em meio a ele.

Rua do Arouche

ressante para atrair as pessoas para dentro do espaço criado, inicialmente

A saída da estação República na esquina entre a praça e a Rua do Praça da República

Arouche é, hoje, subutilizada comparada à saída localizada no lado oposto, na Avenida Ipiranga. A possibilidade de integrá-la ao projeto, por meio de um acesso direto a ele, abre margem para que as pessoas passem a utilizá-la como uma alternativa mais recorrente e dinamiza ainda mais seu entorno,

Rua Au ro

repleto de atividades comerciais e prestação de serviços.

ra

zação do meio do projeto como passagem para o fluxo de pedestres, assim como a abertura para o metrô. A ligação deixa de ser apenas entre a praça e a Rua Aurora, passando a compor uma integração mais completa das quadras que abrangem a praça, a Rua Aurora, a estação de metrô e a Rua do Arouche como encontra-se esquematizado ao lado. Em volta dessa passagem, deve

Rua do Arouche

Ao sobrepor essas duas ideias, justifica e intensifica-se a utili-

haver um térreo de uso flexível, com atividades comerciais, espaços de permanência e atividades diversas que tomem a atenção de quem por ali passar.

Praça da República

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vista interna da saída da estação República foto: acervo pessoal da autora

A partir do levantamento da saída de metrô, conclui-se a possibilidade dessa ligação. A abertura pode ser feita de maneira muito simples, como é possível verificar na imagem acima que mostra como é a vista interna da estação ao adentrá-la pela Rua do Arouche. A ideia é a remoção e a abertura dessas paredes que hoje apresentam as janelas de vidro. A parede visível atrás dela, que divide uma área aberta de acesso apenas para os funcionários do metrô, também seria aberta para, assim, criar a passagem direta para dentro do projeto sem a necessidade de uma intervenção de grandes proporções no espaço. Outro partido do projeto se refere à implantação do edifício e disposição dos volumes de forma que favoreça a iluminação e a ventilação natural dos ambientes. A partir da observação da orientação do sol que incide sobre o terreno e dos sombreamentos eventualmente ocasionados pelas edificações do entorno é possível aferir que o terreno recebe sol na maior parte do dia durante todo o ano, ficando sombreado parcialmente por conta de seus vizinhos no início da manhã e no final da tarde apenas. Uma premissa que guiou a criação volumétrica partiu da ideia de criar uma praça central dentro do lote, de forma a constituir uma ideia de continuidade com a praça externa. Isso resultou em uma distribuição do programa através de volumes que contornam o terreno. E a partir da elevação e transparência dos blocos que estão nas faces voltadas para as ruas, é possível criar visuais para dentro do espaço mesmo estando fora dele. Além disso, esses volumes também devem apresentar variações de gabarito de maneira que se integrem à diversidade de alturas das construções do entorno.

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elevação + térreo livre

permeabilidade

divisão dos volumes

hierarquização dos usos e circulações

alternância de gabarito

coerência com o entorno

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estudos de volumetria baseados nos partidos de projeto

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Projeto

Área do terreno: 3.960 m

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Área construída: 12.630 m2 Coeficiente de aproveitamento: 3,2 Taxa de ocupação: 0,68 Materialidade: concreto e vidro Estrutura: laje nervurada de concreto

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esc. 1:1000 implantação planta de cobertura

JO ÃO


A proposta é padronizar o calçamento da quadra que, hoje, varia de lote a lote, com a intenção de tornar o passeio público mais agradável e mais adequado à sua escala e qualidade urbana inerente. Além disso, trazer esse mesmo calçamento para dentro do projeto com o objetivo de diluir os limites visuais entre o que está dentro e fora do lote, convidando o usuário a adentrá-lo de forma fluida. Os recuos das fachadas no térreo também integram essa ideia de tornar os limites do que está fora e dentro do lote quase invisíveis, convidando naturalmente os pedestres a adentrarem o espaço como uma continuidade da malha da cidade. A implantação do edifício procurou manter o máximo de área permeável no solo. Para isso, é proposta a utilização de piso permeável de concreto poroso. arquilab | tfg

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acesso à estação república

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5 praça da república


Térreo - nível 0,00m 1. gráfica e papelaria 2. espaço de exposições e atividades culturais 3. depósito 4. acesso ao auditório 5. bicicletário 6. carga e descarga 7. unidades comerciais 8. restaurante 9. livraria 10. espaço de permanência

O pavimento térreo é completamente permeável à circulação dos pedestres, interligando a Praça da República, a Rua Aurora e, também, a Rua do Arouche por meio do acesso direto à estação do metrô. A praça interna visa a criação de um espaço generoso e convidativo para a livre apropriação. Os usuários podem atravessar o lote passando em meio a ela ou seguindo a cobertura proporcionada pelos pavimentos superiores. Essa praça possui canteiros permeados por caminhos de circulação e espaços para permanência. Foram sugeridos bancos modulares de concreto que variam sua altura e “brincam” com as formas ao permitir que o usuário interaja com eles. A disposição dos espaços edificados segue as empenas dos edifícios vizinhos, eliminando-as do visual do usuário e contornando o terreno de forma natural. As angulações variadas de suas fachadas visam criar um movimento no percurso e quebrar com a ideia das linhas retas sugeridas por essas empenas. O espaço destinado à exposições e atividades culturais possui planta livre com portas de vidro pivotantes a fim de tornar mais fluida a entrada do pedestre ali. Foi implantada uma arquibancada que tem em sua

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forma recortes angulares. O acesso por meio de elevadores ao piso do museu

pavimento térreo

e do ateliê acontece dentro desse local a fim de induzir a passagem das pessoas por ele e, assim, suscitar a curiosidade pelas atividades que acontecem ali.

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praça da república


Primeiro pavimento - nível 4,68m 1. biblioteca rotativa e espaço de leitura 2. museu da arquitetura 3. área administrativa 4. salas de workshop 5. terraço

O

destaque desse pavimento é o espaço do museu. O início de

seu percurso se dá por uma espécie de passarela, revestida toda em vidro centralmente localizada na fachada que dá para a Praça da República, ficando entre ela e a praça interna. Quem está de fora, passando externa ou internamente ao projeto, verifica sua presença notável, tendo o olhar facilmente desviado para essa espécie de passarela, com duas lajes interligadas por paredes de vidro, que liga os dois volumes edificados e permite a visualização de sua dinâmica interior: o Museu da Arquitetura. Neste mesmo piso está a biblioteca, de caráter menos formal do que outras bibliotecas, em um espaço aberto. Com mesas, cadeiras e sofás, possibilita a permanência dos usuários ali para estudos, leitura, entretenimento ou mesmo contemplação. Um terraço parcialmente coberto permite a visual para o miolo do terreno e também é uma opção de ambiente de estar. No bloco oposto ao da biblioteca, estão as salas para realização

planta | esc. 1:250

de oficinas, aulas, palestras ou debates. Uma delas funciona como um la-

primeiro pavimento

boratório de informática partindo da necessidade de inserir as ferramentas virtuais nos eventuais workshops.

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praça da república

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Segundo pavimento - nível 9,36 m 1. ateliê dos estudantes 2. salas de reunião + estudos 3. sala de estudos 4. cozinha comunitária 5. laboratório de modelos e esculturas 6. laboratório de informática

Este pavimento é o que melhor expressa os objetivos do projeto dentro do âmbito acadêmico. Uma generosa área voltada para a permanência dos estudantes, que podem ultrapassar os duzentos trabalhando simultaneamente no mesmo espaço. Sala de estudo, espaços de reunião, armários, arquivos, laboratório de modelos, de informática, cozinha comunitária e espaço de refeição integram o programa do andar. Este é o único pavimento que interliga os volumes edificados por meio das duas fachadas.

7. oficina de reparos e reserva técnica do museu

A que está voltada para a Praça da República, contempla um espaço propo-

8. espaço expositivo do museu

sitalmente vazio, acima da “passarela” do museu, pensado como um local de

9. área de permanência

contemplação onde é possível a conexão visual entre a praça interna e externa. Na fachada oposta, o pavimento segue com seu programa proposto. O detalhe abaixo mostra o mezanino, mostrado em projeção na planta à esquerda. Elevado à 3,90m do nível do pavimento e pé direito de 2,80m, ele foi criado como mais um espaço de estudos afim de compensar a diferença de altura entre os pavimentos por conta da inclinação existente no auditório (com desnível de 2,70m) localizado no piso logo acima.

planta | esc. 1:250 segundo pavimento 0

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praça da república


Terceiro pavimento - nível 16,72m e 14,04m 1. vestiários + banheiros + camarins 2. palco 3. auditório (caimento de 2,70m) 4. foyer do auditório 5. café 6. área administrativa 7. copa para funcionários 8. vestiários + banheiros para funcionários 9. espaço de eventos 10. terraço

Aqui há a divisão do projeto em dois blocos sem interligação. De um lado, o auditório com seu foyer e café. Do outro, um programa administrativo e o espaço de eventos com um grande terraço. No bloco da direita, a intenção de recuar as paredes da fachada em relação aos pavimentos superiores é feita para passar a ideia de descolamento dos volumes e diferenciação de seus programas de uso, abaixo está o equipamento público e acima um uso de acesso mais restrito, os escritórios e espaços de coworking de arquitetura.

planta | esc. 1:250 terceiro pavimento 0

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praça da república


1. área de coworking

pavimentos

Lâmina - tipologia a

4 - nível 17,64m 6 - nível 24,84m 8 - nível 32,04m

2. sala de reunião 3. circulação e área de estar 4. escritórios de arquitetura

Esse edifício em lâmina se distingue do restante do projeto na questão do acesso a ele, que se dá de forma mais restrita. A lâmina foi concebida de forma a acompanhar as empenas dos cinco edifícios vizinhos. O desafio foi conciliar o desenho da lâmina com os quatro fossos existentes entre eles. A proposta foi descolar o projeto da empena, de forma a criar um vão de dois metros entre eles que garantisse a ventilação e uma mínima iluminação natural nas janelas que estão voltadas para os fossos. Já na fachada do projeto que ficou voltada para a empena, são propostas paredes de tijolo de vidro que, além de garantir uma certa permeabilidade visual e da iluminação natural, gera uma paisagem curiosa para os observadores que estiverem nos edifícios vizinhos. A fim de não haver uma repetição volumétrica dentro do projeto, ou seja, criando uma lâmina com fachadas regulares, aqui ela foi concebida com faces anguladas, seguindo a linguagem do restante do complexo e jogando com a materialidade entre elas, que hora se apresenta em concreto, hora com grandes janelas de vidro. A lâmina também foi dividida em três

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blocos: no centro, a circulação vertical e o espaço de convívio, e nas extre-

lâmina - tipologia A

midades, um bloco abriga os escritórios e o outro, a área de coworking.Essa sequência de desenho está representada acima.

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praça da república


1. mezanino - área de coworking

pavimentos

Lâmina - tipologia b

5 - nível 21,24m 7 - nível 28,44m 9 - nível 35,64m

2. circulação e área de estar 3. escritórios de arquitetura

A lâmina possui um total de seis pavimentos que se intercalam por meio de duas tipologias. Essas podem ser definidas pela presença e localização das passarelas que interligam o bloco central aos blocos laterais. Na tipologia A, mostrada na planta anterior, a ligação se dá por meio de duas passarelas localizadas de frente para o miolo do projeto. Já a tipologia B, possui apenas um bloco ligado por uma passarela recuada em relação às passarelas do tipo A. Essa alternância é uma consequência do pé direito duplo da área de coworking devido à presença de um mezanino, logo, o acesso direto do bloco central para essa área deve acontecer apenas de dois em dois andares. A consequência desse jogo de passarelas, é uma permeabi-

planta | esc. 1:250 lâmina - tipologia B 0

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lidade visual que permite a visualização do que acontece entre e atrás delas, melhorando ainda mais a questão da ventilação e iluminação natural dos fossos vizinhos.

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Nessa elevação, referente à fachada voltada para a Praça da República, nota-se a importância volumétrica dada para a passarela do Museu da Arquitetura. Seu revestimento em vidro de laje a laje cria uma permeabilidade visual para o que acontece dentro e através dela. A elevação desse conjunto, cria uma entrada livre e ampla ao lote, além de possibilitar que os pedestres visualizem a praça interna de qualquer ponto fora do terreno As diferentes tipologias de abertura das janelas tentam mostrar como se distribuem os usos no edifício. As mesmas tipologias de abertura se referem aos mesmos tipos de uso do espaço.

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Houve uma preocupação construtiva para “soltar” o bloco da lâmina do projeto do bloco de edifícios vizinho. Para isso, foi proposto nas extremidades das fachadas que tocam o bloco, um singelo recorte, como os exemplificados de maneira esquemática nos desenhos ao lado. Assim, o observador irá notar um descolamento entre as faces dos edifícios. Ainda com relação ao bloco vizinho, é importante ressaltar o cuidado em seguir o mesmo gabarito, de forma a não deixar nenhuma empena residual a vista.

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Aqui é possível notar a dinâmica das aberturas nas faces da lâmina. O bloco central é fechado por uma parede de vidro, sugerindo uma total permeabilidade de dentro para fora e de fora para dentro. As demais janelas são ritmadas por caixilhos com abertura pivotante que garantem a ventilação dos ambientes de forma eficiente e satisfatória. A dinâmica das passarelas que, hora acontece entre os três blocos e hora entre apenas dois, fica evidente no desenho.

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O volume que abriga o auditório se destaca por seu fechamento completo e pelas inclinações de sua cobertura. A intenção é a deixar perceptível o uso dado ao seu espaço interno. A inclinação, por exemplo, sugere o caimento dos degraus da plateia e, consequentemente, onde estaria localizado o palco. Contrapondo o peso proposto pelo bloco do auditório, estão o café e o foyer, cobertos por uma leve laje e fechados por uma parede de vidro, mais uma vez no projeto cumprindo o papel de permitir a permeabilidade visual entre os espaços.

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O projeto é concebido em concreto aparente (tipo H21), material que unifica a estrutura e os acabamentos em um único elemento. O sistema estrutural predominante é a laje nervurada, que elimina o concreto desnecessário e reduz a ferragem utilizada. A cobertura do café do auditório é a única com um sistema construtivo diferente. Com o intuito de ter uma laje mais fina e apoiada sutilmente nos pilotis, foram empregadas vigas invertidas nela, A passarela que abriga o museu não está apoiada em pilotis por sua extensão, logo, é utilizada uma quantidade maior de ferragem para vencimento do vão proposto. As lajes superiores de todos os volumes possuem platibandas que escondem as calhas e as leves inclinações para escoamento da água das chuvas.

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24,84

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As circulações verticais do edifício foram pensadas de forma a hierarquizar o acesso aos diferentes usos do edifício. Foram definidas quatro caixas de circulação pelo projeto: 1. elevadores de acesso restrito ao auditório - permitem um controle total sobre esse espaço que não precisa ficar aberto ao público o tempo todo e pode, eventualmente, receber eventos fechados 2. elevadores e escadas entre o térreo, primeiro e segundo pavimentos - interligam espaços de livre circulação do público, unindo o programa de âmbito acadêmico e de entretenimento 3. elevadores do bloco que contém o edifício em lâmina - permite o acesso a Além desses quatro eixos principais, o projeto possui ainda duas caixas de circulação de saída de emergência (projetadas de acordo com a NBR 9077) e mais

todos os pavimentos do bloco, inclusive, às salas de workshop, porém seu fluxo principal fica por conta da dinâmica da lâmina, ou seja, dos escritórios

um elevador localizado dentro do mu-

4. elevador de serviço - acesso às áreas

seu, interligando seus dois pavimentos.

de serviço do equipamento

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Esse corte exibe uma outra visão sobre a dinâmica das passarelas. Aqui é possível visualizar o recuo que existe entre elas, ocasionando essa alternância de uma tipologia de pavimento para outra. Nota-se também nesse desenho, o generoso terraço localizado em frente ao espaço de eventos. No bloco oposto, a representação do mezanino e seu acesso localizados no piso do ateliê, além da circulação vertical que interliga esse pavimento ao térreo. Ao lado, um desenho esquemático sobre a relação entre a estação do metrô e o projeto com a proposta de abertura e interligação entre eles já representada.

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Tabela de áreas

PAVIMENTO TÉRREO gráfica e papelaria . 216 m2 livraria e café . 208 m2 restaurante . 320 m2 unidades comerciais . 160 m2 carga e descarga . 85 m2 bicicletário . 92 m2 espaço de exposições . 286 m2 praça central . 960 m2 PRIMEIRO PAVIMENTO museu da arquitetura . 2215 m2 biblioteca . 448 m2 salas de workshop . 222 m2 SEGUNDO PAVIMENTO ateliê . 1080 m2 salas de reunião . 115 m2 sala de estudo . 145 m2 laboratório de modelos . 160 m2 laboratório de informática . 62 m2 TERCEIRO PAVIMENTO auditório . 470 m2 café e foyer . 320 m2 área administrativa . 35 m2 área dos funcionários . 103 m2 espaço de eventos . 220 m2 LÂMINA bloco de serviço . 100 m2 bloco de escritórios . 195 m2 bloco de coworking . 193 m2

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Referências

Canadian Centre for Architecture Quebec, Canadá

O CCA é um museu e centro de pesquisa dedicado ao estudo da arquitetura com o objetivo de promover a importância da arquitetura para o público em geral. O centro inclui galerias de exposição, teatro, livraria, biblioteca e centro de pesquisa, instalações para curadoria e conservação, acervo de livros, fotografias, modelos e trabalhos em papel, café e escritórios administrativos.

Canadian Center for Architecture foto: Michel Boulet

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Charles Gorges Pompidou Centre Paris, França

O Pompidou é um complexo que abriga museu, biblioteca, teatros, entre outros equipamentos culturais e que tem como missão servir como uma plataforma para o intercâmbio entre a sociedade e a criação contemporânea. Referência como espaço que promove atividades culturais simultâneas e atrai as mais diversas pessoas para dentro de sua praça pública central e seus demais atrativos que se estendem para dentro do edifício.

Oslo Opera House Oslo, Noruega

A casa do Ballet e Ópera Nacional da Noruega, a Oslo Opera House possui mais de 1000 espaços num total de 38,500 m2 . Seu auditório (com capacidade para 1.300 pessoas 11.200 m2 e considerado um dos melhores do mundo tanto por questões de conforto quanto acústicas e visuais), seus espaços de permanência, suas superfícies externas angulares, sua cobertura acessível, entre outros elementos arquitetônicos, conferem ao espaço o título de referência projetual bastante relevante.

Centro Cultural São Paulo São Paulo, Brasil

O CCSP conta em seu programa com biblioteca, teatro, salas de cinema, ateliês, espaços para exposições, espaços de estudo, cursos diversos, exibições musicais, entre outros. Considerado um dos principais espaços de cultura da cidade, a permeabilidade e fluidez de seus espaços são notórios juntamente com sua proximidade ao metrô.

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Pompidou Centre foto: autor desconhecido

Oslo Opera House foto: acervo pessoal da autora

Centro Cultural SĂŁo Paulo foto: Cristiano Mascaro arquilab | tfg

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Considerações Finais

A proposta do trabalho final de graduação costuma estar de alguma forma conectada com a experiência pessoal de cada indivíduo e este TFG não foi uma exceção. O resgate dos quase sete anos de graduação dentro de um edifício que me causou encanto desde a primeira visita resultou a articulação do significado dele enquanto objeto arquitetônico, local de ensino e formador de pessoas. Buscou-se identificar potencialidades da cidade que, se executadas corretamente, podem tornar a vida na metrópole mais gentil ao mesmo tempo em que suprem as carências dos que estudam com o objetivo de melhorar a qualidade desta mesma cidade que habitam. A proposição aqui é, sem dúvida, uma via de mão dupla assim como toda relação humana. Tenho a certeza de que este ensaio sobre as relações do espaço não se encerra com o término deste estudo. O ciclo da graduação está completo, porém novos caminhos, descobertas e encantamentos ainda estão por vir e em cada decisão tomada haverá resquícios deste longo e duradouro relacionamento com a FAUUSP.

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Bibliografia

Sobre o ensino da arquitetura: ARTIGAS, V. Caminhos da Arquitetura. São Paulo : Cosac Naify, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ARQUITETURA. Sobre a história do ensino da Arquitetura no Brasil. São Paulo : ABEA, 1977. AMORIM, L. M. E.; CLARO, A. Ensino de Arquitetura e Urbanismo – Condições & Diretrizes. Brasília : Ministério de Educação e Cultura, 1994. DOMSCHKE, Vera Lúcia. O ensino da arquitetura e a construção da modernidade. Tese de Doutorado. FAUUSP, São Paulo : 2007. BOTTON, Alain de. A Arquitetura da Felicidade. Rio de Janeiro : Rocco, 2007. CONSELHO SUPERIOR DA ABEA. Novos Cenários para o ensino da arquitetura e urbanismo: atualizar, avaliar, acreditar. XXXI Encontro Nacional Sobre Ensino da Arquitetura e Urbanismo, São Paulo : ABEA, 2012. BAROSSI, Antonio Carlos. Ensino de projeto na FAUUSP: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Tese de doutorado. FAUUSP, São Paulo, 2005.

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Sobre a apropriação dos espaços públicos: TRAMONTINO, Vania Silva. O espaço livre na vida cotidiana. Usos e apropriações nos espaços livres na cidade de São Paulo nas áreas do Terminal Intermodal da Barra funda e do Sesc Fábrica Pompéia. Dissertação. FAUUSP, São Paulo : 2011. FERREIRA, Paulo Emilio B.. Apropriação do espaço urbano e políticas de intervenção urbana e habitacional no centro de São Paulo. Dissertação. FAUUSP, São Paulo, 2007.

Sobre museus e centros de cultura: ANDERSON, Gail. Reinventing the museum: Historical and contemporary perspectives on the paradigm shift. AltaMira Press, 2004. ROBILLARD, David. Public space design in museums. University of Wisconsin, 1982. O’DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. Martins Fontes, 2007. NAREDI, Paul. Museum buildings: a design manual. Princeton Architectural Press, 2004. MILANESI, Luís. A casa da invenção : bibliotecas, centro de cultura. Cotia : Ateliê, 2003. SERAPIÃO, Fernando. Centro Cultural São Paulo: espaço e vida/space and life. São Paulo: Editora Monolito, 2012

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Outros: OTTERBECK AS, Jon. Oslo Opera House. Opera Forlag. Oslo, Noruega. REBELLO, Yopanan C. P. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate Editora, 2010. PANERO, Julius e ZELNIK, Martin. Dimensionamento humano para espaços interiores. Barcelona: Editora GG, 2008, ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9077 - Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 2001. ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14718 - Guarda-corpos para edificação edifícios. Rio de Janeiro, 2000. Portal GeoSampa. Disponível em <http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_ SBC.aspx>. Último acesso em 15 de junho de 2016. Portal Infocidade. Disponível em <http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br>. Último acesso em 10 de maio de 2016. Portal Gestão Urbana SP. Disponível em < http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br>. Último acesso em 15 de junho de 2016. SÃO PAULO. Lei 16.402, 23 de março de 2016. Lei de parcelamento, uso e ocupação do solo. SÃO PAULO. Lei 16.050, 31 de julho de 2014. Plano Diretor Estratégico de São Paulo.

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Anexo O espaço das faculdades de arquitetura e urbanismo em São Paulo questionário online - via Google Forms

Este formulário faz parte de uma pesquisa que contribui para o meu Trabalho Final de Graduação pela FAUUSP. O intuito é analisar, a partir das respostas, a situação atual das escolas de arquitetura e urbanismo de São Paulo. Ficarei imensamente agradecida se você puder dedicar alguns poucos minutos para respondê-lo!

1. Em qual faculdade você estuda? Mackenzie - 82

Anhembi Morumbi - 3

FAUUSP - 47

SENAC - 3

Belas Artes - 19

São Judas Tadeu - 2

Escola da Cidade - 11

Uninove - 1

UNIP - 4

USP São Carlos -1

2. Onde o curso de arquitetura é ministrado? edifício exclusivo para a arquitetura - 69.4% andar exclusivo para a arquitetura dentro e de um edifício com outros cursos - 5.2%

4. Possui espaço específico para desenvolver projetos? sim 92.5%

não 7.5%

5. Você considera o espaço equipado de forma adequada? (considere pranchetas, mesas, tanque para pincéis etc.) sim 39.3%

não 60.7%

6. Você considera a área adequada em: tamanho 67.9% capacidade 40.9% conforto térmico 20.8% iluminação 67.9%

em meio a outros cursos - 25.4% 7. Possui auditório próprio?

Sobre a infraestrutura da sua faculdade: 3. Possui biblioteca especializada? sim 98.8%

não 1.2%

sim 90.8%

não 9.2%

8. O auditório possui vagas em número adequado? sim 44.6%

não 55.4% arquilab | tfg

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9. Possui laboratório de confecção de maquete e modelo? sim 93.1%

não 6.9%

10. O laboratório possui todos equipamentos necessá-

18. Realizam eventos culturais, exposições, shows musicais, palestras? sim 97%

não 3%

rios? sim 61.8%

não 38.2%

11. O laboratório possui funcionários capacitados para orientação dos estudantes? sim 81.8%

não 18.2%

Análise de interesse e demanda: 19. Você costuma se deslocar da sua casa para a faculdade para fazer seus trabalhos e/ou estudar? sim 56.6% não, pois a faculdade é longe de onde moro 22.5%

12. Possui laboratório de informática? sim 96%

não, pois não sinto essa necessidade 20.8%

não 4% 20. A faculdade fica aberta aos estudantes nos finais de

13. Possui máquinas em número suficiente para as aulas? sim 51,4%

semana? sim 60.7%

não 39.3%

não 48.6% 21. Quantas horas de trabalho você costuma demandar

14. A qualidade das máquinas corresponde à demanda?

fora do horário de aula?

sim 51.4%

as respostas sugerem uma média de 4 a 5 horas diárias

não 48.6%

15. Os programas disponibilizados para os estudantes

22. Você tem o costume de realizar visitas a exposições e

estão de acordo com as necessidades?

eventos da área da arquitetura?

sim 60.8%

sim 82.7%

não 39.2%

não 17.3%

16. Sobre outros espaços, assinale os existente em sua

23. Você tem contato com o ensino e os estudantes de

faculdade:

outras faculdades?

lanchonete/restaurante 91.9%

sim 62.4%

não 37.6%

papelaria 78.6% 24. Você considera esse contato e troca de conhecimen-

livraria 72.3%

tos importantes?

gráfica 84.4% espaço de convivência destinado aos estudantes 90.8% espaço para exposições 82.7% 17. São realizadas exposições dos trabalhos elaborados nas disciplinas de projeto? sim 84.4%

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não 15.6%

sim 95.4%

não 4.6%

25. Por que? “Em primeiro lugar porque posso contextualizar e avaliar minha faculdade de acordo com o que é oferecido ou não nas outras. Mas o mais importante é a troca de experiências, pois determinada faculdade prioriza determinada área e, conhecendo todas, amplio meus conhecimentos.“


“Mais um meio de trocas de informações, conhecimentos, técnicas, aprendizado.” “É interessante saber as peculiaridades de outras instituições, as dinâmicas acadêmicas e etc. Ajuda a estabelecer um comparativo e perceber coisas que podem ser melhoradas e implementadas.” “O conteúdo do curso de arquitetura oscila muito entre todas as instituições, algumas vezes enviesado à formação técnica, outras ao ensino lúdico. Raras ocasiões, observamos o meio termo.” “Pois arquitetura se aprende através de estudo e troca de experiências. Cada faculdade ensina os alunos através de um método parecido, mas sempre com suas particularidades. Essa troca ajudaria muito os estudantes a conhecerem outras formas de ver e fazer arquitetura.” “Em São Paulo, a tríade FAUUSP, FAU-Mackenzie e Escola da Cidade são tidas como as mais bem estruturadas faculdades de arquitetura. O leque de professores é bom, os estudantes são interessados, mas cada uma dessas faculdades tem pontos fracos e fortes. Seria muito bom se os estudantes trocassem mais experiências e se encontrassem mais, porque com certeza teríamos produtos muito interessantes desses encontros.” “Para um benefício mútuo dos cursos, aprender com erros e acertos dos outros estudantes e ensinos” “Com essa troca temos uma dimensão maior do ensino de arquitetura no país, vemos falhas e acertos e podemos pensar em estratégias para alterar essa realidade.“ “Percebo que há problemas comuns, como o enfoque em determinadas disciplinas em detrimento de outras ou o hipertarefismo. E essas conversas nos fazem pensar em projetos futuros ou criar espaços para discutirmos alternativas e inclusive nos manter focados em nossa formação.“ “As disciplinas são diferentes, aplicadas de forma diferentes e a troca de informação sempre acaba agregando algo.” “Sempre bom ter contato com colegas de outras faculdades, além de conhecer mais sobre o ensino de arquitetura no país, serve também para ter um networking pós faculdade.” “Nada mais prolífico para qualquer estudante que a troca de informações, experiências e visões.” “Tanto profissionalmente quanto em âmbito acadêmico essa troca é muito importante, pois gera discussões, aumenta repertório e estimula o contato com diferentes

questões e abordagens da arquitetura.” “Diferentes maneiras de estudar arquitetura, cada qual com sua metodologia e ambiente diferente. Conhecer métodos diferentes é essencial para sair da bolha que muitas vezes a faculdade representa.” “É importante obter visões que vivem em ambientes diferentes do nossos fazendo coisas próximas.” “Porque, dessa forma, podemos trocar informações sobre conhecimentos de conteúdos em comum e, também, sabermos sobre a infraestrutura de outras universidades.” “A troca de experiência e idéias são muito importante para formar uma base sólida, como existem diversas faculdade de arquitetura e muitas com foco e métodos de ensino diferentes, é interessante ter essas trocas de informações e ponto de vista de modo que saibamos verificar um problema de diversos ângulos.” “Devido à troca de conhecimento. Cada curso de arquitetura, ministrado em universidades e faculdades diferentes, têm características próprias que acabam influenciando a formação do estudante. A troca dessa qualidade que somente determinada instituição detém, seria interessante para todos os estudantes de arquitetura de maneira geral! Todos têm algo a aprender, ninguém sabe tudo!” “Como devemos projetar para pessoas, acredito ser fundamental entendê-las.” “Muito importante, outras realidades, visões sobre a cidade, arquitetura e problemas sociais, acho que há pouco contato principalmente entre Escola da Cidade, FAU Mack, FAAP e FAU Maranhão mesmo sendo vizinhas umas das outras.” “A arquitetura é melhor concebida em equipe e com trocas.” “Porque cada escola tem suas vivências e visões sobre a arquitetura e, portanto, compartilhar essas experiências é enriquecedor para todos os estudantes.” “Os cursos de Arquitetura possuem muitas vezes enfoques diferentes em assuntos semelhantes. O modo de ensinar e a integração entre arte, arquitetura e engenharia, alguns cursos mais e outros menos, contribuem para uma diversidade de opiniões bastante considerável.” “Porque dessa forma podemos trocar experiências e aprender mais. As faculdades possuem focos diferentes no ensino, por exemplo, uma faculdade pode dar mais ênfase ao exercício de projeto, enquanto outra pode dar mais ênfase ao urbanismo ou até mesmo às artes em geral.” arquilab | tfg

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“Trocar conhecimentos pode enriquecer nosso repertório e, inclusive, nos ajudar a desenvolver nossas habilidades pessoais/profissionais.” “É importante para que eu saiba como os futuros arquitetos estão se formando, tanto para me dar esse panorama quanto para me fazer buscar outras informações que posso não estar tendo contato o suficiente onde estudo.” “Falar sobre outras faculdades que ministram arquitetura amplia o conhecimento e absorção do mesmo, como ele é passado, outras visões acadêmicas etc.” “Para conhecer e ter contato com outros métodos de projeto, outras formas de trabalhar, outras visões de mundo. Às vezes, quando se fica somente dentro de sua própria faculdade, você acaba assimilando somente uma visão de mundo (ensino, trabalho, filosofia).” “Pois é possível analisar e compreender outras realidades de ensino e aprendizagem absorvendo pontos positivos e refletindo sobre os aspectos negativos.“ “Acho importante discutir arquitetura com alunos que tenham outras visões e linhas de ensino afinal não trabalhamos sozinhos (ou só com alunos FAU) no mundo real.” “Sinto que as faculdade de arquitetura da cidade de São Paulo tem visões diferentes sobre o ensino e a forma de ensinar. Acho importante o contato para poder conhecer um pouco mais sobre outros métodos de trabalho e pensamento. Por ampliar os pontos de vista e ter um parâmetro do ensino que nos é passado na faculdade.”

workshops? 86.1% sim

não 13.9%

27. Discorra sobre o que pensa a respeito de um espaço como o proposto no item anterior: “Incrível. Especialmente se funcionasse aos sábados e domingos e pudesse ficar aberto 24h. A faculdade fecha às 23h e muitas vezes precisamos de mais tempo para fazer maquete, trabalho em grupo, etc.” “Penso que sendo São Paulo a metrópole que é, e a metrópole em si, ser um material riquíssimo de estudo, todo estudante de arquitetura deveria respeitar, conhecer, ver e viver o centro de São Paulo tanto quanto puder.” “O estudante que não convive no centro da cidade e cursa arquitetura perde muito.” “Se a sua proposta e o intuito desta pergunta é argumentar a localização do projeto, ser no centro é a justificativa em si.” “Acredito que seria de imensa ajuda a estudantes, pois ao meu ver a interação entre alunos de universidades diferentes só tem a acrescentar a formação de alunos.”

“Porque traz outras visões de curso, mostra como a profissão pode ter vieses práticos diferentes.” “Porque o papel do arquiteto é ser ativo na cidade, mais do que tudo. Como fazer isso sem a discussão de o que é esse papel e sem formar uma rede de pessoas pensantes?”

“Espaços como esse são imprescindíveis. Nós estudantes de uma área que necessita um estudo focado, um lugar calmo e espaçoso, precisamos de espaços como esse.”

“Com esses contatos o seu repertorio sempre é complementado em debates e conversas. Cada faculdade tem uma linha de ensino e com a troca de conhecimentos de cada aluno obtêm uma analise de como a arquitetura atua realmente e trata certos assuntos de forma diferente, tendo uma nova forma de imaginar e pensar aquilo que normalmente era discutido isoladamente.”

“Sobre tal local, eu usaria ele frequentemente pois sinto muita falta de um espaço 24 horas, 7 dias da semana para fazer trabalhos e afins. O Mackenzie fica aberto apenas de sábado até as 17 horas e não abre de domingo e adoraria dispor do espaço dele, sobretudo de madrugadas em véspera de entrega de projeto.”

para utilizar um espaço público com toda a infraestrutura necessária para atender às demandas do curso de tfg | arquilab

ria, laboratórios, etc.) além de exposições, palestras e

“De certa forma, democratizaria o estudo da arquitetura. Precisamos de materiais e infraestrutura muito específica e, infelizmente, cara. Nem todas faculdades disponibilizam para seus alunos. Além disso, reuniria alunos para debates sociais, cada um com sua experiência proveniente de sua escola e realidade.”

26. Você se deslocaria até a região do centro de São Paulo

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arquitetura (biblioteca, estúdio de projeto, maqueta-

“Seria um espaço publico para atendar a demanda de estudantes de arquitetura que sentem falta de elementos na estrutura de suas faculdades. Interessante!” “Acho excelente. Como dito na resposta anterior, arquitetura se faz através de estudo e da troca de informações. Quanto


mais se souber, falar e discutir sobre arquitetura, mais se aprende sobre.”

outros arquitetos com quem poderiam se associar em certos projetos e com troca de conhecimentos.”

“Seria muito relevante a criação desse espaço, por diversos motivos, mas penso, principalmente, nas possibilidades de transmitir conhecimento sem a intervenção de figuras de autoridade. Poderia também aproximar as pessoas da arquitetura, dar oportunidade para quem quer cursar, mas não tem familiaridade com a área.”

“Já me formei e sinto imensa falta de um espaço como este, visto que o Mackenzie já fechou as portas para mim.”

“Ótima ideia, porém é preciso que o local seja de fácil acesso por meio do transporte público.” “Durante a faculdade, nosso grupo fez muito isso no Centro Cultural, porém mais para trabalhos menores, já que lá não tinha espaço adequado para isso. Usávamos devido ao não funcionamento da faculdade durante o final de semana.” “Ótima opção como ambiente de encontro e de estudo, estimulando o contato com a própria cidade e o centro de SP.” “Imagino um espaço multifuncional, aberto não apenas aos estudantes de arquitetura mas sim a todos, porém com pessoas capacitadas a nos ensinar a usar os equipamentos. Um espaço estilo Centro Cultural Vergueiro que é aberto a todos e ótimo para estudos.” “Dependendo de como seria a administração de uso e manutenção do lugar eu com certeza frequentaria e faria reuniões de trabalho nesse local. Aliás, já até pensei em realizar um projeto do tipo. Local para estudos, encontro e troca de informações, com suporte para as áreas de arquitetura, design e artes plásticas.” “Fiquei encantada só de imaginar, com certeza seria muito útil e agradável para todos os estudantes.” “A região central dispõe de muitos equipamentos a serviço da população, além da facilidade de acesso. Outro fator, é estar em contato direto com os acontecimentos e o dinamismo presente na região. Isso ocorre em menor grau em outros bairros da cidade.” “Acho um espaço bacana e de grande valor para nós da área, pois muitas universidades não possuem todas essas possibilidades de infraestrutura.”

“Seria interessante ter alunos de várias universidades trabalhando no mesmo espaço.” “Um grande espaço, com muitas mesas, sofás, internet de qualidade e oferecimento de restaurantes, ou até mesmo uma cozinha comunitária com microondas, para quem quiser trazer lanche de casa.” “Adoro a ideia!! Precisaria de bastante espaço para acomodar muita gente, mesas grandes onde pudessem ser feitos trabalhos em grupo e mesas individuais.” “Além de possuir todos os equipamentos necessários, seria interessante se ele fosse agradável e tivesse diferentes tipologias de espaços, que me atraísse também pelo projeto, como o Centro Cultural São Paulo na Vergueiro.” “Muito interessante porque o curso de arquitetura demanda um espaço de trabalho, que muitas vezes não pode ser encontrado em casa. A faculdade também muitas vezes não satisfaz as necessidades de materiais e outras coisas.” “Extremamente pertinente e enriquecedor, possibilitando trocas entre diferentes alunos e profissionais.” “Seria muito interessante um espaço assim na área central porque estudantes de arquitetura se mantêm fechados em suas próprias faculdades devido a falta de tempo e vemos pouquíssima interação com alunos de outras escolas, o que julgo importantíssimo para a nossa formação. Além disso, a área da arquitetura é muito pouco entendida e investigada pelo cidadão comum e um espaço aberto seria uma ótima forma de instigá-lo a pensar mais na cidade e seu uso.” “Penso que um espaço na região central permitiria o aluno estar integrado espacialmente no espaço urbano que vai intervir. A interação entre o aluno e a cidade é essencial.”

“Acho importante um lugar que todos possam frequentar para conviver ao máximo possível. Fazer trabalho em estúdio é a melhor opção pois você está sempre rodeado de gente que pode dar opinião, inspirar e etc.

“Acho muito interessante, principalmente se fosse um local realmente frequentado por alunos de diferentes faculdades, uma vez que isso pode enriquecer o desenvolvimento dos trabalhos e nos dar, inclusive, novas soluções para problemas que não conseguíamos solucionar sozinhos - ou até mesmo problemas que não conseguíamos solucionar com a ajuda de pessoas do mesmo ambiente acadêmico.”

“Para recém formados, um espaço como esse é essencial. Poderia funcionar como um coworking, podendo conhecer

“Acho muito interessante. Na FAUUSP já temos esses espaços, mas penso que muitas outras faculdades não possuem arquilab | tfg

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um tão completo. Se houvesse um no centro poderia facilitar no deslocamento de estudantes, nesse caso inclusive os da própria FAU que moram longe. O horário de funcionamento acho é um ponto importante porque a FAU, por exemplo, não abre aos finais de semana e arquitetura é um

“Certamente, pois para mim o acesso para a região central

“Acredito que o maior atrativo seriam palestras e eventos, com mini cursos por exemplo, para ter justamente essa troca de informações. Um espaço onde o estudante possa se sentir em seu ateliê, com máquinas para realização de maquetes, sala para usar notebooks com disponibilização de wi-fi, iluminação adequada, que seja sustentável, lugar que possa acomodar escritórios compartilhados, um lugar que seja referência para os arquitetos... um clube de troca de experiências e conhecimentos.”

de São Paulo é mais fácil que para a cidade universitária.”

28. Comentários gerais sobre a pesquisa:

curso que demanda estudo fora do horário da grade, que acaba muitas vezes sendo no final de semana. Seria bom um espaço para grupos, já que muitos trabalhos dessa área exigem trabalho em equipe. Poderia ser interessante também ser um espaço um pouco mais abrangente, envolvendo mais áreas de artes e design, por exemplo, pra ter interdisciplinaridade e trocas de conhecimento.”

“Não realizaria o deslocamento mencionado, a não ser em casos de exposições, palestras e workshops por dispor da infraestrutura mencionada na própria faculdade.” “Penso que esse tipo de ambiente seria muito interessante, sobretudo para aquelas que não possuem toda a infraestrutura necessária em suas faculdades. Mas, mais importante que isso, será a possibilidade de troca de ideias e convivência com estudantes de instituições diferentes. Conhecer o modo de trabalho e o modo de pensar “moldado” por cada instituição de ensino pode ser muito enriquecedor, tanto para saber o que “não se deve fazer”, quanto para incorporar cada vez mais conhecimento e perspectivas diferentes.” “O grande desafio desse projeto é servir aos moradores e transeuntes da região central que não estão diretamente ligados à arquitetura.“ “Eu acho ótimo a possibilidade de um espaço público com infraestrutura para estudantes de arquitetura, porque

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infelizmente passamos horas fazendo trabalhos e precisamos de bastante espaço para utilização de computadores, pranchetas e confecção de maquetes. Além de poder ter ao alcance uma biblioteca de fácil acesso e amplo conteúdo.”

“Quando possível disponibilize os resultados com o pessoal do Mackenzie. Adoramos a ideia e estamos torcendo para seu trabalho ser um sucesso!!” “Algumas faculdades não estão prontas para receber o curso, tive a oportunidade de frequentar algumas aulas de arquitetura em outras instituições de ensino e pude ver que muitas não estão preparadas, desde espaço a mestres. Devemos exigir um ensino de qualidade e isso engloba: lugares para pesquisa e uso de aluno, lugares apropriados para maquetes, sala de informática.“ “Pesquisa importante para identificar a atual situação das faculdades de arquitetura e urbanismo. Dentre todas as adversidades ou dificuldades que possam existir, o mais crucial é criar espaços que promovam a troca de ideias através do contato com as pessoas.” “Gostaria de ter acesso aos resultados da pesquisa pois, como aluno, certamente despertou minha curiosidade.”


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“Posso afirmar (...) que sou o que sou como arquiteto e como pessoa, por ter tido o privilégio de habitar este edifício durante os sete anos de minha formação e os quinze de docência durante os quais todos os dias alguma coisa nova para mim no seu espaço me emocionou e ainda me emociona.”

Antônio Carlos Barossi




mariana panseri fauusp . tfg junho de 2016


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