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EDIÇÃO 05 - AGOSTO 2014

Mais de 400 anos depois, os passos de São José de Anchieta

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N

esta edição da Revista Digital Lumen, falamos sobre São José de Anchieta, pa-

trono dos catequistas e apóstolo do Brasil. Desfrute da edição e nos escreva, partilhando conosco suas sugestões, para o email redacao@arquidiocesecampinas. com

Óleo sobre tela “A Visão de Anchieta”, 1955, na entrada da Biblioteca Padre Antônio Vieira, em São Paulo (SP). Por ser a única obra do artista Albino Menghini, não integra o acervo do Museu de Anchieta, também no Pateo do Collegio. Foto de Carolina Grohmann.

Boa navegação! DO SETOR IMPRENSA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS Revista Digital Lumen

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PASSOS DE ANCHIETA percorremos o caminho feito pelo santo SÃO JOÃO BATISTA anunciar a vinda de Jesus CONDIÇÃO HUMANA e teologia moral CONCILIAR ou reconciliar? MILAGRE DO PATO crença capixaba ENFIM SANTO um resumo do longo processo até o decreto

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PAI NOSSO a oração que Ele nos ensinou O LADO A São José de Anchieta LINHA DO TEMPO vida de Anchieta MUSEU DE ANCHIETA resgate da História EM CAMPINAS paróquia dedicada ao santo se alegra AS CIDADES vistas do alto HOSPITAL DA PUC traz avanços

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teologia moral

A CONDIçÃO HUMANA e a teologia moral

Padre José Antônio Trasferetti

A

Teologia Moral é uma ciência prática que está direcionada

“A educação moral é tarefa de todos e deve estar incluída em nossos trabalhos pastorais, sociais e litúrgicos”

à vida concreta. Trata-se de

compreender como os cristãos podem agir de forma profunda, norteando suas ações nos valores e princípios oriundos do Evangelho. O agir moral possui uma teleologia, ou seja, a sua finalidade é viver a santidade e a perfeição, chamados à concretização da verdade em Jesus de Nazaré.

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“o homem é ‘um caniço balançado pelo vento’” Evidentemente, não é uma tarefa fácil mesmo sabemos, porque estão guarno contexto de uma sociedade cada dados no fundo do nosso ser, em nosso vez mais excludente e neoliberal. A teologia moral se pauta pelo rigor

inconsciente. O ser humano não é fácil, mas, ao mes-

das sagradas escrituras, a tradição mo tempo, é belo e também carrega apostólica, o magistério eclesiástico, coisas boas, como bondade, generoa palavra dos teólogos e a vida em sidade, amor, complacência, compacomunidade. A partir destas fontes te- nheirismo, solidariedade e tantas ouológicas, elabora suas leis morais que tras. orientam a conduta humana, visan-

Na verdade, o ser humano vive ba-

do sempre levar as pessoas mais pró- lançando entre as realidades da sua ximas de Deus. Ela apresenta um ideal vida. Para o filósofo Pascal, o homem de vida inspirado no Evangelho de Je- é “um caniço balançado pelo vento”. sus. Entretanto, a nossa vida concreta Ele fala de uma antropologia negativa, é marcada pelas limitações e fragilida- que só poderia ser redimida pelo amor des próprias do ser humano. Só Deus é de Deus. Quando converso ou mesmo perfeito, nós somos imperfeitos e carre- confesso as pessoas, sinto a fragilidade gamos em nossos corações e mentes humana, a pequenez enraizada numa ódio, vingança, rancor, mágoa, inveja, alma que busca Deus, mas sente sua ciúmes e tantas outras coisas que nem limitação.

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“o estado de anomia moral não ajuda em nada” Estamos vivendo uma crise social pro- pelos instrumentos sociais que, na sofunda que prejudica a vida em socie- ciedade atual, influenciam o compordade. A Teologia Moral compreende tamento moral. Em situações de crise, a crise em relação com a pessoa no como estamos vivendo, é necessário contexto de uma crise individual e ao muita calma e prudência para julgar mesmo tempo coletiva. Ela afeta

as pessoas. Elas estão cada

“A vez mais fragilizadas pelos razão tem constantes apelos geraprofessor, médico etc.), bem como as instituições dos pelos meios de cosido uma morais (família, igreja, esmunicação de massa, aliada importante incluindo as redes socolas etc.). na luta por uma ciais. A vida moral numa sociedade caracterizada sociedade mais Vivemos numa sociepor um ambiente de crise dade cujas bases sociais justa” social constante deixa as pesestão destruídas. São muios agentes morais (pai, mãe,

soas perplexas e perdidas. Vive-

tas as informações, mas nem

mos num ambiente complexo, cujos sempre são transformados em educavalores e princípios geradores de vida ção que produza consciência crítica são constantemente postos em xeque necessária.

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“O ser humano não é fácil, ao mesmo tempo, é belo” Os novos comportamentos, sobretudo as sábias, que utilizem a racionalidaaqueles que são inspirados nas novas de como arma contra a ignorância e tecnologias de comunicação, tam- o medo. A razão tem sido uma aliada bém estão deixando as pessoas cada importante na luta por uma sociedade vez mais confusas e perdidas.

mais justa, cujos valores sejam respei-

Neste ambiente, a teologia moral pode tados. O estado de anomia moral não exercer uma influência muito grande, ajuda em nada, pelo contrário, cria um ao recolocar as questões e apresentar desrespeito e um relaxo moral. Viveum sentido para a vida. A tarefa da Te- mos num país cuja presidenta é vaiada ologia Moral é orientar as pessoas para e xingada quando presente em evenque tenham discernimento moral, sai- tos sociais de porte internacional, cujas bam fazer suas escolhas movidas por pessoas escondem o rosto e quebram uma consciência clara e lúcida diante instituições tradicionais. Que a Teologia da realidade social.

Moral compreenda a condição huma-

A educação moral é tarefa de todos na no mundo atual e seja uma luz para e deve estar incluída em nossos tra- todos os que se sentem perdidos e debalhos pastorais, sociais e litúrgicos. A sorientados.

Padre José Antônio Trasferetti Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo em Campinas, SP

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condição humana atual exige pesso-

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Notre Père qui es aux cieux, que ton nom soit sanctifié, que ton règne vienne, que ta volonté soit faite sur la terre comme au ciel. Donne-nous aujourd’hui notre pain de ce jour. Pardonne-nous nos offensés, comme nous pardonnons aussi à ceux qui nos ont offensés. Et ne nous soumets pas à la tentation, mais délivre-nous du Mal. 10

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Padre nostro, che sei nei cieli sia santificato il tuo nom

A ORAÇÃO que o Senhor nos ensinou

Padre Reginaldo Manzotti

A

oração é uma recordação

narração. Lucas, de forma mais breve,

de Deus, como um desper-

com apenas cinco petições (Lc 11,1ss)

tar frequente da “memória

e Mateus, de forma mais longa, com

do coração” (CIC 2697). A oração é

sete petições (cf. Mt 6,9ss). Este último

fruto da vida, é um filho que fala com

é a que usamos para a nossa oração.

seu Pai dos cansaços, das conquistas

O “Pai Nosso” é chamado oração

e frustrações, alegrias e tristezas, êxitos dominical e oração do Senhor, porque e fracassos. E, o elemento essencial

não foi feita por mãos humanas, mas

para a oração é um coração humilde revelada pelo próprio Nosso Senhor e contrito.

Jesus Cristo. A primeira parte do “Pai

Quando os discípulos pediram: “Se-

Nosso” é na verdade um pôr-se na

nhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1),

presença de Deus nosso Pai. A segun-

Jesus ensinou-lhes a oração do “Pai

da são as petições em relação às nos-

Nosso”. Dois Evangelistas fazem essa

sas necessidades.

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Geef ons heden ons dagelijks brood en vergeef nos onze schul

“Ele verbaliza aquilo que a sua filiação sentia” Rezar: “Pai nosso que estás nos céus,

o filho não tem medidas: ele pede,

santificado seja o Teu nome; venha a

implora, chora, grita e esperneia, mas

nós o Teu reino, seja feita a Tua von-

não desiste. Somos autorizados por

tade, assim na terra como no céu” é

Jesus a ter essa ousadia, pois não es-

pôr-se na presença de Deus Pai para

tamos nos relacionando com um Deus

adorá-Lo, amá-Lo e para bendizê-Lo.

abstrato ou distante. Jesus estabelece

Essa primeira parte é uma louvação,

uma relação íntima entre nós e o Pai.

adoração e declaração de amor. Ao ensinar os Apóstolos a rezarem,

“Santificado seja O Vosso Nome”, significa: santificada seja a Vossa pater-

Jesus começa com “Pai”. Isso demos-

nidade. Santificar o Nome de Deus é

tra que essa palavra já tinha sido ela-

antes de mais nada um louvor que re-

borada, fazia parte do cotidiano e

conhece a Deus como Santo. “Venha

havia sido internalizada. Ele verbaliza

a nós o Vosso reino”, porque que o

aquilo que a sua filiação sentia. Cha-

reino é o de Nosso Senhor, somos cha-

mar Deus de Pai é uma ousadia filial e

mados a antecipar o Reino, de fazê-lo

Ele quer que sejamos ousados, porque acontecer aqui e agora.

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para mostrar o quanto é misericordioso.

respeito à nossa vida, seja no alimen-

A sexta e a sétima petições dizem res-

to material e espiritual ou para pedir

peito ao combate espiritual que somos

a cura do pecado. “O pão nosso de

chamados a travar, cuja vitória é de

cada dia nos dai hoje” diz respeito ao

quem permanece na oração. “Perdoai

alimento, mas em não armazenar, por-

as nossas ofensas assim como nós per-

que o que acumulamos em nossa dis-

doamos a quem nos tem ofendido”.

pensa, na nossa avareza, é a fome do

Rezar e perdoar, na verdade, requer

nosso irmão. Então, como rezar o “Pai

de nós um exame de confiança per-

Nosso” com tanta gente de barriga

manente. Quem eu ainda não per-

vazia? Como rezar essa oração quan-

doei? Quem ainda me falta perdoar?

do há tanto desperdício de alimento e

Nós sabemos que Deus perdoa, mas só

Perdona nuestras ofensas, como tambien nosotros perdonamos a los que nos ofenden;

A quarta e a quinta petições dizem

com tanto consumismo? Como pedir o conseguiremos ser perdoados por Ele pão de cada dia e sermos idólatras do

na medida em que perdoarmos os nos-

dinheiro? Jesus não disse somente “dai- sos irmãos. -nos o pão nosso”, Ele incluiu “de cada

A partir do momento que perdoamos

dia”. Um grande santo disse que deve-

e temos nossa memória purificada, o

mos pedir o pão de cada dia para nos

que era motivo de sofrimento transfor-

lembrar do quanto somos necessitados ma-se em motivo de intercessão, em de Deus. Ele nos dá o pão de cada dia oração por aquela pessoa. como outrora no deserto deu o Maná,

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Geef ons heden ons dagelijks brood en vergeef nos onze schul

“Não nos deixeis cair em tentação,

Deus para fazer esta oração, a faça-

mas livrai-nos do mal” é uma afirma-

mos calmamente, refletindo sobre o

ção que a tentação faz parte de nos-

seu significado e os compromissos que

sa vida, não mandada por Deus, mas

estamos assumindo.

permitida por Ele. Nossos pecados são

Rezemos: “Pai Nosso que estais no

frutos da nossa fraqueza diante da

céu, santificado seja o Vosso nome,

tentação e essa petição é um pedido

vem a nós o Vosso reino, seja feita a

de discernimento, de fortaleza para

Vossa vontade, assim na terra como

vencermos as tentações, vigiando e

no céu. O pão nosso de cada dia

orando. Pedimos que Deus nos livre do nos dai hoje, perdoai-nos as nossas

mal do presente, do passado, do futu- ofensas, assim como nós perdoamos

ro e nos afaste de tudo aquilo que nos a quem nos tem ofendido, e não nos faz perder a salvação.

deixei cair em tentação, mas livrai-nos

Proponho que, depois de ler este arti-

do mal. Amém”.

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go, a próxima vez que nos dirigirmos a

Padre Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso – Obra considerada benfeitora nacional que objetiva a evangelização pelos meios de comunicação – e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta diariamente programas de rádio e TV. www.padrereginaldomanzotti.org.br. www.facebook.com/padrereginaldomanzotti. Twitter: @padremanzotti

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O exemplo de

São João Batista Monsenhor Jonas Abib “ O Batismo de Cristo” de Pietro Perugino

J

oão Batista não teve medo de

preparar o caminho para Jesus, deu a vida na missão que o Senhor lhe confiou. E quando Jesus chegou, João dizia que não era a Ele a que o povo deveria seguir, mas ao Mestre, pois Ele era o Cordeiro que tiraria o pecado do mundo. E naturalmente, os que eram discípulos de João acabaram se tornando discípulos de Jesus. O mundo de hoje precisa ser preparado para a segunda vinda de Jesus. A descrença está aumentando cada dia mais, e a fé está se esgotando.

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Nós percebemos que não só aque-

Diante do desamor, que vai tomando

les que não são cristãos, mas também

as pessoas, o único antídoto é a efu-

nós, que nos entregamos ao Senhor,

são no Espírito Santo, algo crescente

estamos sendo minados na fé, por isso

e que precisa ser renovado todos os

sentimos um espírito de incredulidade

dias. Precisamos ser cada vez mais

nos rodeando.

homens e mulheres cheios do Espírito

Precisamos ter a coragem de João Batista. Assim como o Senhor escolheu

Santo. É o momento de você e eu assumir-

um João para preparar o caminho

mos essa realidade, a missão que o

para a vinda de Jesus, agora Ele con-

Senhor nos confiou, sem receio, con-

voca não um homem, mas um povo

tando com as forças do Senhor.

para preparar o caminho da segunda vinda de Cristo. Este “João Batista” de hoje somos nós!

Jonas Abib é Fundador da Comunidad e Canção Nova e presidente de honra da Fundaç ão João Paulo II, mantenedora do Sistema Canç ão Nova de Comunicação, em Cachoeira Paulista (SP). Autor de 48 livros, Cd´s e DVD´s, além de várias palestras em áudio e vídeo.

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espiritualidade

CONCILIAR OU RECONCILIAR?

Evaristo Eduardo de Miranda

O

Concílio Ecumênico Vaticano II aproximou a Igreja dos céus e dos infernos. Esse Concílio de vocação pastoral e não dogmática se transformou naquilo que o Papa Bento XVI qualificou de um super-

dogma. Vive-se entre certas lideranças eclesiais, uma idolatria do Concílio Vaticano II, sem que seja feita, nesses 50 anos de sua história, uma análise crítica de seus impactos negativos e positivos na Igreja brasileira e universal. Pode-se interrogar meio século depois: o que foi conciliado, reconciliado ou malquistado na Igreja, na Sociedade e entre as duas como resultado do Vaticano II? Bento XVI, que viveu como jovem protagonista os anos do Concílio e, depois, como Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, pode avaliar a profundidade e a extensão da crise pós-conciliar. Ele conhecia a dramaticidade do problema. Em célebre discurso feito à Cúria Romana (22/12/2005), Bento XVI evocou os efeitos do Concílio de Nicéia e interrogou os cardeais e prelados sobre os do Concílio Ecumênico Vaticano II: “Qual foi o resultado do Concílio? Foi recebido de modo correto? O que, na recepção do Concílio, foi bom, o que foi insuficiente ou errado? O que ainda deve ser feito?”.

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rosseguiu o Papa: “Ninguém pode negar que, em vastas partes da Igreja, a recepção do Concílio teve lugar de modo bastante difícil, mesmo que não se deseje aplicar àquilo que aconteceu nestes anos a des-

crição que o grande Doutor da Igreja, São Basílio, faz da situação da Igreja depois do Concílio de Niceia: ele compara-a com uma batalha naval na escuridão da tempestade, dizendo entre outras coisas: ‘O grito rouco daqueles que, pela discórdia, se levantam uns contra os outros, os palavreados incompreensíveis e o ruído confuso dos clamores ininterruptos já encheram quase toda a Igreja falsificando, por excesso ou por defeito, a reta doutrina da fé...’ (De Spiritu Sancto, XXX, 77; PG 32, 213 A; Sch 17 bis, p. 524). Não queremos aplicar exatamente esta descrição dramática à situação do pós-Concílio, todavia alguma coisa do que aconteceu se reflete nele” (Discurso de Bento XVI aos cardeais, arcebispos e prelados da Cúria Romana na apresentação dos votos de Natal).

“Qual foi o resultado do Concílio? Foi recebido de modo correto? O que ainda deve ser feito?”

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ara avaliar a situação pós-concílio, Bento XVI propôs utilizar o método da hermenêutica da continuidade oposta à da descontinuidade e da ruptura. Ele encaminhou a discussão do Concílio Vaticano II tanto à re-

flexão teológica quanto à discussão histórica. No estudo do Concílio, ao lado da hermenêutica dos teólogos, é necessária a reconstrução dos fatos, das suas raízes e de suas consequências pelos historiadores (Discurso de Bento XVI. Ibidem).

Por aqui, ainda aguarda-se essa dupla discussão e avaliação.

O Concílio Vaticano II não foi uma Assembleia Constituinte que eliminou uma antiga constituição da Igreja e criou outra. Existem pessoas que, face aos resultados decepcionantes para elas do Concílio Vaticano II, defendem uma refundação da Igreja, muito além de uma reforma. No Brasil, todo dia fundam-se igrejas em nome de Jesus, dos apóstolos e com base em interpretações criativas dos textos bíblicos. O Concílio Vaticano II realmente não refundou a Igreja porque não ele era uma Constituinte, como de certa forma foi o primeiro concílio, o de Jerusalém, o dos apóstolos e discípulos de Jesus (At 15, 19-29), convocado e presidido por S. Pedro.

“O Concílio Vaticano II não foi uma Assembleia Constituinte que eliminou uma antiga constituição da Igreja e criou outra”

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ualquer Constituinte tem um mandante: o povo. É ao povo que ela deve servir. Durante o Concílio Vaticano II “os Padres não tinham tal mandato e ninguém lhos tinha dado; ninguém, afinal, podia dá-lo

porque a constituição essencial da Igreja vem do Senhor e nos foi dada para que pudéssemos chegar à vida eterna e, partindo desta perspectiva, conseguirmos iluminar também a vida no tempo e o próprio tempo. Os Bispos, pelo Sacramento que receberam, são fiduciários do dom do Senhor” (Discurso de Bento XVI. Ibidem).

Quem interpreta o ConcílioVaticano II na linha da descontinuidade pode terminar numa ruptura entre a Igreja pré-conciliar e a pós-conciliar. Para alguns, mesmo os textos do Concílio, ainda não representam a verdadeira expressão do espírito do Concílio. Para quem defende essa ideia, o espírito do Concílio estaria nos trechos subjacentes de seus documentos que impulsionam rumo ao novo. Seria necessário partir deles e em conformidade com eles, para avançar. Como os textos refletiriam de modo imperfeito o verdadeiro espírito do Concílio e a sua novidade, seria preciso ir corajosamente para além dos textos. A recomendação é de seguir não os textos do Concílio, mas o seu espírito. Como e quem, definiria este espírito? Com isso se concede espaço a toda deriva e inconstância, afirmou Bento XVI.

“Seria preciso ir corajosamente para além dos textos” Revista Digital Lumen

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A

juventude de hoje nasceu 20, 30 anos após o Concílio Vaticano II. A maioria da fração de jovens que se dizem católicos não tem a menor ideia do que foi o Concílio. Poucos brasileiros têm presente as esco-

lhas feitas pela Igreja do Brasil, a partir do Concílio Vaticano II, e suas consequências. O que seria relevante relembrar, rememorar sobre esse Concílio no Brasil, meio século depois? A crise atual da Igreja é consequência da forma radicalmente insuficiente de conceber sua missão. A missão espiritual e humana que lhe é própria. Não cabe reprovar o passado da Igreja. Ele não poderia ter sido sensivelmente diferente. Mas seremos imperdoáveis de não levarmos em conta os fracassos ocorridos nos últimos 50 anos e de perpetuarmos esse passado no futuro. Isso acentuaria os fracassos e a conduziria inelutavelmente a um desastre. Meio século após o Concílio Vaticano II cabe a pergunta: Quem é mais fiel? Aquele que só tem seu foco no que foi feito no passado ou aquele que busca o melhor, partindo do que já foi atingido? Seria relevante preservar uma religião de autoridade, que toma a si mesma como seu próprio objetivo? Ou preparar, graças a essa religião e indo além de suas circunstâncias, a vinda de uma religião de chamado, tão necessária para a Igreja ser digna da missão que herdou de Jesus?

Imagens: ACI Digital

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Igreja é o ambiente favorável e necessário para que os homens, graças ao aprofundamento da vida espiritual a que cada um é chamado, possam entrar na inteligência do que é Jesus para eles. A Igreja

ajuda a enxertar a missão de cada pessoa na própria missão de Jesus. E por esse caminho, pela Igreja, cada um faz a aproximação de seu mistério pessoal e do mistério de Deus, pelo seguimento de Jesus que é de Deus. A Igreja não existe para o conforto religioso dos cristãos, mas para sua realização espiritual. Os cristãos não existem para servir a Igreja, mas para fazê-la viver. Se alguém é de Jesus, ele é da Igreja. E se ele é da Igreja, ele deve permanecer nela, em nome de sua fé em Jesus, e ser fiel em seu caminho espiritual e em seus engajamentos comunitários e sociais (Légaut, Marcel. Patience et passion d´un croyant. Cerf. Paris, 2000).

Evaristo Eduardo de Miranda Ministro das Exéquias, autor do livro “Eu vim para servir – Comunidade, Igreja e Sociedade” (Loyola)

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Foto: Arquivo

“A Igreja ajuda a enxertar a missão de cada pessoa na própria missão de Jesus”

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Apóstolo do Brasil, São José de Anchieta!

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Os Passos de Anchieta 100 Km de fé e história Carolina Grohmann

Este ano, a 17ª edição do caminho que refaz os passos de São José de Anchieta atraiu 4.000 andarilhos. O caminho, no Estado do Espírito Santo, era feito duas vezes ao mês pelo padre jesuíta.

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elos índios, Anchieta era conhecido como abarebebe que, em tupi, significa “padre voador”, em referência às peregrinações que ele realizava, principalmente a pé. Uma dessas rotas foi resgatada em 1988 e atrai até

4.000 andarilhos por ano, sendo o primeiro roteiro cristão das Américas. Os Passos de Anchieta, como é conhecido, refaz os caminhos do santo durante seus últimos anos de vida no estado do Espírito Santo. A trilha, de 100 km, era percorrida por Anchieta duas vezes ao mês, na companhia dos índios temiminós, entre a Vila Nossa Senhora da Vitória, onde lecionava no Colégio São Tiago (atual sede do Governo, em Vitória), e a antiga Vila de Reritiba (atual Santuário Anchieta), onde se encontrava com os índios.

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São José de Anchieta, rogai por nós!

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H

oje, a rota é organizada pela ONG Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta (ABAPA) e ocorre anualmente no feriado de Corpus Christi, a fim de facilitar a participação de andarilhos do país inteiro. São

quatro dias de caminhada com o apoio da Polícia Militar do Espírito Santo, do Corpo de Bombeiros, atendimento médico e o auxílio das prefeituras. Pontos de paradas com frutas e água recebem o andarilho durante todo o trajeto. A venezuelana Terry González Bordas mora no Brasil há 14 anos. Este ano, ela completou a nona participação na caminhada. O interesse nasceu pela vontade de conhecer a cultura do país e de fazer novos amigos. Leu sobre Os Passos de Anchieta numa reportagem e, incentivada por uma amiga, que conhecia o roteiro, fez a inscrição. “Parti sem nunca ter feito uma caminhada desse tipo. Achei os amigos que queria, mas também encontrei uma motivação fortemente espiritual que me acompanha. Falam que quando alguém começa a caminhar, não consegue parar – uma grande verdade. Liguei para vários amigos, pegamos nossas mochilas e fomos para Vitória, cheios de uma emoção ante uma nova rota, de refazer os passos feitos pelo Apóstolo do Brasil”, conta.

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à espera , o d r a n r e B , rido Terry e o ma o início da a c r a m e u q o da bênçã dia de o ir e c r e t o n y rr caminhada. Te ntos de o p s o d m u caminhada em Moreno. Na o d o r r o M , o parada. Abaix Penha, a d o t n e v n o C r, página anterio uma das , ) S E ( a lh e V em Vila darilhos. n a s o d s n e g a pass

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erry já cumpriu os 100 km em diferentes meses e afirma que, a cada vez, a experiência é nova. “Cada ano renovo a minha fé. Adoro rever amigos, experimentar uma rica moqueca capixaba, caminhar em silêncio e olhar

belíssimas paisagens”. Devota de São José de Anchieta, Terry diz que, este ano, a caminhada foi emocionante, por ser a primeira a cumprir após a canonização. “Ele foi uma pessoa iluminada por Deus, que amou a todos por igual sem se importar com diferenças culturais. Sua vida é apaixonante, foi o primeiro a se preocupar com a linguística indígena. Foi médico, engenheiro, poeta e pai da literatura brasileira”. Durante os quatro dias, além dos pontos de apoio organizados pela ABAPA, moradores se preparam para receber os andarilhos. Preparam canjica, lanches, leite quente, café e, como sempre, muita fruta.

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Coordenador da ABAPA, Carlos Magno de Queiroz, o “Lilico”, diz que o caminho já foi percorrido por pessoas de todos os países. “O caminho ficou internacional. Ao longo desses 17 anos, já tive-

mos a participação de pessoas de todos os estados do Brasil e também do mundo. Os Passos de Anchieta é muito conhecido pelo mundo todo nesse segmento de caminhada”, explica. “Já disseram que é o caminho mais bem sinalizado do mundo; 70 mil pessoas já passaram por ele”, pontua.

Mapa da rota. Abaixo, Terry e Lilico durante a concentração em frente à Catedral de Vitória.

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Dia 1

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ecebidos ao som do tradicional Curva do Saldanha, os andarilhos percongo capixaba, os andarilhos correm, de ônibus, a Terceira Ponte, se concentram na Catedral Me- que tem o tráfego de pedestres proibi-

tropolitana de Vitória (ES), logo às 6h30 do. São deixados no Convento da Peno feriado de Corpus Christi. Ganham nha, marco da colonização do Estado a Credencial do Andarilho, com 16 es- e, depois, percorrem o Morro do Morepaços em branco, para serem carim- no. Após o trajeto pelas praias urbanas bados durante o trajeto. Após a missa e de Vila Velha, atravessam toda a reserbênção do pároco, Padre Paulo Régis va de Jacarenema, grande área de Silvestre, os 4.000 andarilhos caminham proteção ambiental. Depois de 23 km, em direção ao Palácio Anchieta, onde chegam à Barra do Jucu, destino final o santo começava seus passos. Após a do primeiro dia.

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CORPUS CHRISTI ão dos A tradicional confecç te a festa de n ra u d a ru e d es et tap endeu os Corpus Christi surpre am para andarilhos, que parav m 1 km de apreciar as artes. Co reuniu extensão, a montagem toda crianças e adultos em a Praia da Costa, em Vila Velha.

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Dia 2

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o segundo dia, o trajeto é feito praticamente na areia. Este ano, o comentário geral entre os andarilhos veteranos era de que o dia foi “o mais difícil de todas as edições”. Com chuva, vento e

frio, os andarilhos atravessam a praia Ponta da Fruta e entram no Parque Estadual Paulo César Vinhas. O atrativo principal do dia está no Parque: a Lagoa dos Caraís, que oferece um banho de água doce e um momento para descansar. O pernoite é feito em Setiba.

Lagoa dos Caraís

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Mala Filatélica desenvolvida pelos Correios em homenagem aos Passos de Anchieta. Fonte: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O segundo dia de caminhada é considerado o mais difícil pelo andarilho.

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Dia 3

C

om saída em Setiba, o caminho passa por praias particulares e uma trilha, onde é possível contemplar a beleza da Mata Atlântica. Todo o trajeto do dia é em Guarapari, cidade fundada pelo santo. Ao entrar

na praia dos Jesuítas, os andarilhos encontram um poço, aberto por Anchieta em 1585. Depois da praia, chega-se à Igreja Nossa Senhora da Conceição, construída pelo santo. Ela foi o marco da fundação da cidade de Guarapari e era usada como igreja-residência dos jesuítas. O fim do terceiro dia ocorre no quilômetro 77, na cidade de Meaípe.

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da A Igreja Nossa Senhora Conceição foi construída pelo santo e foi usada também como residência dos jesuítas. Andarilhos seguem na caminhada. Na praia dos Jesuítas, o andarilho passa por um poço aberto por Anchieta.

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ta, Santuário de Anchie acima. Abaixo, escadaria da chegada, ao fim da rota.

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VEJA MAIS IMAGENS DO ROTEIRO “OS PASSOS DE ANCHIETA”!

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Dia 4

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última etapa é percorrida em rodovia, praias e estrada de terra. Os andarilhos chegam em Anchieta e passam pelo município de Ubu, uma pequena vila de pescadores. O nome faz menção à

última passagem do santo no local. Carregado pelos índios, o corpo de Anchieta tombou do caixão e os índios exclamaram aba ubu – o padre caiu. O quilômetro 100 está no fim da escadaria que leva ao Santuário de Anchieta, uma construção de 1597. Os andarilhos recebem o último carimbo,

Fotos: Carolina Grohmann

tiram foto na placa do número 100 e participam da missa de boas-vindas. Carolina Grohmann e Mariana Maia, do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas, participaram da última edição da rota e refizeram os passos do Padre Anchieta. Elas recomendam a caminhada como uma experiência de fé e superação, a exemplo do santo.

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A crença capixaba no “milagre do pato”

Carolina Grohmann

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urante os festejos de 24 de junho, na Aldeia de São João (atual Carapina, na Serra), o padre José de Anchieta restituiu a fala de uma criança muda. Os capixabas orgulham-se da história, que aconteceu em 1569 e é uma forte crença popular. A Igreja de São João, onde teria acontecido o milagre, tornou-se um ponto turístico no município de Serra, a 80 km de Vitória. Construída no século XVI, em 1584. Desprotegida de qualquer muro e de fácil acesso, a Igreja continua em pé graças aos fieis, pois sofre a ameaça de grandes empresas que instalam suas indústrias por perto. Estrategicamente construída em um local alto, onde é possível ver o Convento da Penha, hoje, a Igreja de São João de Carapina comemora a festa do seu padroeiro sempre com a presença do padre Anchieta. Na parede,

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é possível ler a placa de divulgação da “Festa de São João e de São José de Anchieta”. A motivação, além do milagre, é pelo reconhecimento da atuação do Santo no estado. “Essa igreja foi fundada pelo Anchieta e os outros jesuítas, num tempo em que não havia infra-estrutura. Anchieta antecipou os tempos, foi um herói”, pontua o pároco da Paróquia São José Operário, Padre Elio Savoia. Conhecido como “milagre do pato”, a história está presente em diversos livros do Espírito Santo, como no História da Serra, do historiador capixaba Clério Borges, quem conta como foi o milagre: “Durante a festa, vários cavaleiros disputavam um pato. Na disputa, houve um empate e pediram ao padre Anchieta resolver a questão. O padre chamou um menino, mudo de nascimento e conhecido por todos, e pediu

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Savoia o i l E e r Pad Igreja à e t n e r em f de São João Carapina, (ES). a r r e S m e ecipou t n a a t e i “Anch s”. os tempo

Fotos: Carolina Grohmann

que ele dissesse de quem era o pato. Quando todos estavam surpreendidos com a solução do padre, o menino respondeu: ‘o pato é meu e eu vou levá-lo para a minha mãe’. Maravilhados, entenderam que era a resolução de

Deus e aclamaram o padre Anchieta. Três padres presentes testemunharam o milagre. Anos mais tarde, o menino, Estevão Machado, depôs em inquérito formado pela Igreja Católica, relatando o milagre”.

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O Lado A do Santo José Antonio Jorge Teologia e doutor em Agronomia e autor do Dicionário Informativo Bíblico, Teológico e Litúrgico

P Em artigo, o Diácono José Antonio Jorge, da Arquidiocese de Campinas, aborda a vida e o legado de São José de Anchieta, que o fizeram santo. Ele se opõe a outro artigo, em que o autor questiona a elegibilidade à santidade de Anchieta.

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eço ao Correio Popular a oportunidade de discordar, respeitosamente, do que a dra. Lídice Meyer Pinto Ribeiro (Correio,14/4/14), escreveu sobre um homem extraordinário,o padre José de Anchieta que exerceu entre os índios as tarefas de médico, sacerdote jesuíta e professor. No processo de catequização utilizou o teatro e a poesia para ensinar a fé cristã; ensinou latim e aprendeu o tupi-guarani. Em 1595, publicou a “Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil”. O terceiro grupo de missionários que chegou ao Brasil, acompanhado do segundo governador geral, Duarte da Costa, em 13 de julho de 1553, na Bahia de Todos os Santos incluía o irmão José de Anchieta com 19 anos de idade, sob a chefia do padre Luís da Grã. Este, em 1560, convocou uma reunião de chefes indígenas e os fez jurar quatro compromissos cristãos: não ter senão

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LEIA A MATÉRIA DE O GLOBO, “ANCHIETA: O SANTO QUE INVENTOU RIO E SÃO PAULO”

uma mulher; não se embebedar; não dar ouvidos aos pajés; não matar nem comer carne humana. Com o corpo frágil, portador de enfermidade crônica na espinha dorsal e dotado de um senso crítico pode observar, desde logo, como os indígenas admiravam o canto, a música e a dança. Esta conclusão pode ter mudado o curso de seu futuro relacionamento com os nativos – sua maneira de agir e evangelizar. Anchieta aproveitou a melodia das canções que estavam na moda na Espanha e Portugal para adaptá-la nos cantos religiosos em tupi, português, latim e espanhol, propagando os fundamentos da doutrina cristã. Em São Paulo de Piratininga, Anchieta ensinava latim aos estudantes jesuítas e, em seu convívio com índios, aprendeu e escreveu a gramática tupi. Em seguida, Anchieta redigiu em tupi o Diálogo da Fé e várias instruções para a catequese batismal dos indígenas. As dan-

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Obra de Benedito Calixto, “O Evangelho nas Selvas”, 1893.

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Ao lado, relíquia do Padre José de Anchieta doada ao Governo do Estado do Espírito Santo pela Companhia de Jesus, em 2007. Foto de Alair Caliari/Divulgação. Obra de Oscar Pereira da Silva, “Fundação de São Paulo”, 1909. Clique no ícone para ver a imagem ampliada!

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ças eram um componente inseparável dos povos nômades e semi-nômades, sendo realizadas para saudar os deuses e os astros e servem para comemorar todos os acontecimentos importantes. Além do aspecto religioso significava a celebração da vida. Neste mesmo ano, após o naufrágio dos Abrolhos, teve em Caravelas o primeiro contato com índios, passando nove dias com eles. Funcionou como intérprete na negociação de paz entre os tamoios e tupiniquins. A partir de 21 de julho deste mesmo ano ficou 4,5 meses como refém entre os primeiros povos, período em que seus sentimentos indianistas cresceram. No campo espiritual, José de Anchieta dedicava uma grande veneração por Maria Narrando a vida de Maria, na forma de um poema, Anchieta divide sua obra em cinco cantos, incluindo: a infância de Maria, a Encarnação, a natividade de Jesus, a Paixão e a glória do Filho e da Mãe.

Em 1581, o jesuíta canário fundou o Hospital de Misericórdia, no Rio de Janeiro, para acolher grande número de enfermos e feridos, tendo em vista as expedições militares portuguesas e espanholas estabelecidas no litoral brasileiro. Numa espécie de sínodo dos bispos, realizado em 1583 na Bahia, resolveu-se enviar à sua majestade uma resolução propondo que doravante nenhum índio do Brasil pudesse ser escravizado. Pelas obras e milagres, foi cognominado o Apóstolo do Brasil. Além de poeta, seus biógrafos se referiam a ele como professor, epistológrafo, enfermeiro e muito mais… Pessoalmente, Anchieta impressionou seus interlocutores por sua “brandura” e simplicidade: um corpo mutilado e vencido pelo missionário, sempre em busca de almas. Sua lealdade aos indígenas foi sempre inabalável! Para Anchieta, a salvação das almas sempre foi prioridade absoluta.

“Pelas obras e milagres, foi cognominado o Apóstolo do Brasil”

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São José de Anchieta: enfim santo

Mariana Maia

A

espera de 417 anos após o primeiro pedido de canonização do Padre José de Anchieta terminou em abril deste ano: em decreto assinado por Papa Francisco, o padre jesuíta é agora proclamado São José de

Anchieta. O Pontífice atendeu ao pedido solicitado em outubro de 2013, pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de que fosse retomada a análise do processo de Anchieta. Devido ao avançado tempo, com o processo iniciado no ano da morte do santo, dificultando a verificação, o jesuíta não precisou ter os dois milagres comprovados, o da beatificação, decretado pelo papa João Paulo II em 22 de junho de 1980, e outro para a canonização, realizada pelo Santo Padre Francisco no dia 03 de abril de 2014. “São José de Anchieta soube comunicar aquilo que tinha experimentado com o Senhor, aquilo que tinha visto e ouvido d’Ele; e essa foi e é a sua santidade”, ressaltou o Papa Francisco durante homilia na missa de Ação de Graças pela canonização de Anchieta.

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A santificação de Anchieta se deu pelos trabalhos missionários no Brasil, como catequização dos índios, durante o período colonial, e das fundações de missões jesuíticas nas diversas regiões do país. Esse procedimento é chamado de canonização equipolente e só é realizada após o Papa verificar três condições: a incidência de antigo culto, atestação histórica de fé católica e de uma vida de martírio, e a popularidade por intermediar milagres a pedidos de fiéis. De acordo com relatos da época, Anchieta amava viver no Brasil, por isso, mesmo de nacionalidade espanhola, foi considerado o terceiro santo brasileiro. Em 19 de maio de pelo Papa João Paulo é o único santo que

2002, a italiana Madre Paulina recebeu o título II, após 60 anos de sua morte. Frei Galvão possui nacionalidade brasileira e, depois segundo nomeado santo no país, pelo

Papa Bento XVI

no, dia 11 de maio de 2007.

Arquivo

de 185 anos, foi o

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Apóstolo do Brasil

N

os dias 2 e 3 de abril, todas as Paróquias de São Paulo e do Rio de Janeiro tocaram seus sinos em homenagem à canonização de Anchieta, que construiu colégios e igrejas que foram marcos da fundação das tais capitais. O

mesmo o santo fez na Bahia e no Espírito Santo. O primeiro contato de Anchieta em solos brasileiros foi em Salvador, no dia 13 de julho 1553. Sofrendo de espinhela caída, chegou ao Brasil com 19 anos. Encontrou-se com o padre Manuel da Nóbrega, que o encarregou de dar continuidade à construção do colégio de São Paulo, no planalto Piratininga. Foi neste momento que Anchieta iniciou seus passos pelo interior e aprendeu a língua tupi com os índios. Voltou à capital baiana apenas três anos depois, sendo ordenado sacerdote, ocupando o cargo de superior de comunidades e provincial de toda a missão no Brasil. De acordo com o Cardeal de São Paulo Dom Odilo Pedro Scherer, no centro histórico da capital paulista, o Pátio do Colégio Piratininga memoriza que Anchieta foi um dos fundadores da cidade e também um dos iniciadores da Igreja na metrópole. Já no Rio de Janeiro, Anchieta ficou encarregado pela interlocução entre os portugueses e índios, que estavam em guerra com franceses que tentavam tomar as terras brasileiras. Mais tarde, assumiu a direção do colégio da Companhia de Jesus no extinto Morro do Castelo, derrubado no início do século passado. Foi com ele a construção da Santa Casa de Misericórdia que atendeu na época muitas vítimas das epidemias. Na capital do Espírito Santo, fundou e dirigiu o Colégio São Tiago, e onde passou seus últimos meses de vida: pelo prazer de caminhar, percorria 105 quilômetros, duas vezes por mês, entre Vitória e Reritiba, atual Anchieta.

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Patrono dos catequistas

U

m dos papeis mais importantes do santo no país foi a evangelização dos portugueses e principalmente dos índios. Conheceu a língua tupi-guarani e compôs a primeira gramática da língua tupi, escrevendo mais tarde um ca-

tecismo no idioma deles. O jesuíta adaptou a catequese para os índios com peças teatrais e hinos, feitos principalmente no interior do Colégio São Tiago (atual Palácio Anchieta, sede do governo). Na primeira visita ao Brasil, o Papa João Paulo II ressaltou na missa no Campo de Marte, em São Paulo, a grande missão que José de Anchieta teve entre o povo. “Anchieta veio para o Brasil

para anunciar Jesus Cristo e difundir

o Evangelho. Veio com o

único objetivo levar os homens a

Cristo”, pontuou. Ao mesmo tempo em

que ensinava aos nativos no-

ções básicas de higiene,

medicina, música e literatura,

fazia questão de apren-

der com eles suas culturas, cos-

tumes, seus conhecimen-

tos sobre a fauna e a flora. No

mesmo dia de sua

canonização, a CNBB

deu ao santo o

título de patrono dos

Arquivo

catequistas.

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O jesuíta na linha do tempo A vida do santo de seu nascimento na Espanha até sua morte em terras brasileiras

Mariana Maia

19 de março 1534 – José Anchieta nasce em Tenerife, nas Ilhas Canárias, arquipélago espanhol.

1548 – Aos 14 anos vai para Portugal para estudar Filosofia na Universidade de Coimbra, lá tem seus primeiros contatos com os jesuítas.

1 de maio 1551 – Aos 17 anos, Anchieta entra para a Companhia de Jesus. 13 de julho 1553 – Dois anos depois, é enviado como missionário ao Brasil por iniciativa do Padre Manuel da Nóbrega, que precisa de reforço para a evangelização no País. Ao desembarcar, Anchieta passa três meses em Salvador.

Fonte: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

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24 de janeiro 1554 – Chega à capitania de São Vicente e, juntamente com Nóbrega, funda nesse mesmo ano o Colégio de Piratininga, que dará origem à cidade de São Paulo. É onde seu trabalho missionário começa.

1563

– Ajuda na negociação de paz entre os portugueses e os tamoios.

Para dar uma prova aos índios de sua sinceridade, entrega-se como refém, ficando preso por um período de seis meses, enquanto seus companheiros negociam a paz. Nesse período, Anchieta escreve nas areias de uma praia de

Acervo do Museu de Anchieta

Ubatuba seu Poema a Virgem Maria.

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6 de junho 1566 – Retorna à capital baiana para informar ao governador Mem de Sá o andamento da guerra contra os franceses. Anchieta nesse mesmo ano ordena-se sacerdote, ocupando o cargo de superior de comunidades e provincial de toda a missão no Brasil.

1567 – Chega ao Rio de Janeiro com Nóbrega para fundar o colégio local. 1570 e 1573 – Anchieta assume a direção do colégio da Companhia de Jesus, no extinto Morro do Castelo, no Rio de Janeiro, derrubado no início do século passado.

1576 – Torna-se o quinto provincial da Companhia de Jesus no Brasil, ocupando esse cargo por 11 anos.

1582

– Inicia a construção da Santa Casa de Misericórdia, destinada a assistir

os doentes e as vítimas das frequentes epidemias.

1587 – Renuncia ao cargo de superior provincial para se tornar reitor do colégio São Thiago, em Vitória. Anchieta conclui a primeira ala do Colégio.

1588 – Foi destinado a superior das casas do Espírito Santo.

9 de junho 1597 – Aos 67 anos, o jesuíta falece em terras brasileiras, na aldeia de Reritiba, atual município de Anchieta (ES). Seu corpo é transportado pelos índios até a Catedral de Vitória, para ser ali sepultado. Logo após a sua morte, é qualificado como ‘Apóstolo do Brasil’ e também nesse ano começa o longo processo para sua canonização.

Arquivo

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1611 – Os restos mortais do Jesuíta são trasladados. Uma parte é levada para o Colégio São Thiago, fundado e dirigido pelo padre em Vitória. Hoje, atual Palácio Anchieta, sede do Governo do Espírito Santo. E outra parte é enviada a Roma.

1734

Foto de Alair Caliari/Divulgação.

– Seu túmulo no colégio São Thiago é aberto novamente, tendo sido re-

tirados os últimos restos mortais de Anchieta.

1736

– Sem nenhum desfecho do processo para se tornar beato, o Vaticano

reconhece as virtudes e sua vida de martírio. Recebe então o título como venerável. Os fiéis puderam rezar em seu nome, mas não podem ainda ser construídas Igrejas ou ser rezadas missas em seu nome.

22 de junho 1980 – O Papa João Paulo II beatifica José Anchieta.

03 de abril 2014

– Depois de 417 anos o Pontífice Fran-

cisco, assina o decreto que torna Anchieta santo.

Selo comemorativo em homenagem à beatificação de Anchieta, lançado pelos Correios em 1980. Arquivo. Revista Digital Lumen

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Museu de Anchieta

Carolina Grohmann

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e uma simples cabana surgiria uma vigorosa cidade. A previsão foi de Anchieta, ao chegar à região do planalto de Piratininga. Junto com o padre Manoel da Nóbrega, subiu a Serra do Mar em busca de um

local seguro para catequizar os índios. Por ter “ares frios e temperados como os da Espanha”, o planalto de Piratininga foi o local escolhido para se instalar. Imortalizada na única tela de Albino Menghini, “A visão de Anchieta” (1955) ilustra a capa desta edição e reflete o que é São Paulo hoje: um horizonte de prédios composto de cores diferentes, simbolizando o pluralismo cultural da metrópole. No centro da tela está a cabana de noventa metros quadrados coberta por folhas de palmeira – onde, em 25 de janeiro de 1554, foi realizada a missa que oficializou o nascimento do colégio jesuíta e da cidade de São Paulo. Denominado Pateo do Collegio, ainda hoje pode ser escrito com grafia arcaizante para efeitos turísticos.

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m 1556, o padre Afonso Brás, precursor da arquitetura brasileira, foi o responsável pela construção do colégio em taipa de pilão

e de uma igreja anexa. Hoje, o Pátio do Colégio abriga o Museu Anchieta, uma Igreja e a Biblioteca Padre Antônio Vieira. Todos os ambientes podem ser

“Pelas obras e milagres, foi cognominado o Apóstolo do Brasil”

visitados diariamente. De terça a sexta-feira às 12h00, e aos domingos às 10h00, são celebradas missas. Durante todos os dias, a Igreja fica aberta e o público pode visitar um oratório, onde estão expostos a vestimenta e o fêmur do santo. No museu, a visita inicia com uma maquete que apresenta as primeiras construções da cidade. Uma pia batismal, original da época do colégio dos jesuítas, é o elemento central do museu e está no segundo ambiente da visitação.

CONFIRA OUTRAS FOTOS DO MUSEU DE ANCHIETA! CLIQUE NO ÍCONE E FAÇA UM PASSEIO VIRTUAL PELAS SALAS E OBRAS

Fotos do Museu e das peças do acervo: Carolina Grohmann Revista Digital Lumen

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O

visitante segue para uma sala que reúne obras de artes que retratam a vida do santo. Em destaque, em cima da porta, está a conhecida pintura de Benedito Calixto que lembra o momento em que

Anchieta escreveu o Poema à Virgem. Em alguns quadros, muitos pássaros são retratados. A cena é uma lembrança a um dos milagres do santo: quando navegava com companheiros jesuítas, sob forte Sol, Anchieta chamava grupos de pássaros, como os guarás vermelhos, que atendiam ao chamado e voavam junto à canoa, oferecendo sombra aos viajantes. No andar superior do museu, várias obras sacras ocupam o espaço, como as imagens chamadas “paulistinhas”, reinterpretações de obras espanholas e portuguesas que não chegavam ao isolado planalto. O destaque da sala é um baldaquino, protegido por uma sala escura, com pontos de luz que representam estrelas. A peça simboliza a relação entre o terreno e o celeste, tendo Cristo como o elo entre as duas partes.

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O

horário de funcionamento do Museu Anchieta é de terça-feira a domingo, das 09h00 às 17h00, com monitoria. Os ingressos custam R$ 5,00 (inteira), R$ 2,50 (estudantes), R$ 1,00 (alunos de es-

cola pública) e gratuito para crianças de até sete anos e idosos acima de 60 anos. Todo terceiro domingo do mês, às 11h00, ocorre a atividade Vem pro Pateo no Domingo, em que são oferecidas atividades culturais gratuitas para todas as idades. A Biblioteca Padre Antônio Vieira também é aberta ao público e oferece consulta a livros, principalmente sobre a história da Companhia de Jesus e da cidade de São Paulo. O acesso é permitido de terça a sexta-feira, das 09h00 às 17h00, mediante apresentação de documento de identidade. O Museu fica na Praça Pateo do Collegio, 2, Centro, São Paulo. Tel.: (11) 3105.6899. Contato: www.pateocollegio.com.br

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Canonização alegra Paróquia da Arquidiocese de Campinas

Carolina Grohmann

P

adre José de Anchieta foi proclamado Santo na manhã do dia 03 de abril, em decreto assinado pelo Papa Francisco, durante reunião com o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação dos Santos, depois de

uma espera de mais de 400 anos após a abertura do processo que solicitava sua canonização. Apesar de não ter milagres comprovados devido ao avançado tempo, a canonização se deu pelos trabalhos missionários no Brasil, como catequização dos índios (durante o período colonial) e das fundações de missões jesuítas nas diversas regiões do Brasil.

Dona Linda e Dom Airton, Arcebispo de Campinas. Fotos: Carolina Grohmann

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Paróquia da Arquidiocese de Campinas que tem o Santo como padroeiro, na cidade de Valinhos, realizou, no dia 02 de abril deste ano, Missa para celebrar a canonização. Presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Air-

ton José dos Santos, a celebração reuniu cerca de 1500 fieis, de acordo com levantamento da paróquia. Na homilia, Dom Airton lembrou a importância também histórica do Santo, missionário jesuíta espanhol no Brasil e fundador da cidade de São Paulo. Durante a Missa, Dona Linda, paroquiana ativa na Paróquia desde a fundação, entregou a Dom Airton uma relíquia do Santo, um pedaço do fêmur doado pelos jesuítas que fundaram a comunidade, anos atrás. A relíquia foi colocada ao lado da imagem com cerca de um metro de altura.

O pároco, Padre Rogério Canciam.

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As CIDADES VISTAS DO ALTO Em mais duas igrejas, o mundo visto das torres

Bárbara Beraquet, Carolina Grohmann, Mariana Maia, Giovanna Lima e Marcela Rezende

I

ndaiatuba, “ajuntamento de indaiás” Já Vinhedo, conhecida hoje como a em tupi-guarani, recebeu seu nome

cidade da Festa da Uva, tem no culti-

pelo grande número de palmeiras in- vo das bagas, trazidas pelos imigrantes

daiá que exibia em sua paisagem. Lu-

italianos, a origem de seu nome, uma

gar de parada de tropeiros, a denomi- homenagem ao principal produto agrínação Indaiatuba tornou-se oficial em

cola local. A primeira Festa da Uva ofi-

1830. Também oficialmente, tornou-se

cial aconteceu na Praça Sant’Anna,

vila em 1859, mas antes disso pertencia em 1948, próxima da igreja, com ares à Freguesia de Vila de Itu. Uma ima-

de quermesse. O vinho esteve presen-

gem de Nossa Senhora da Candelária, te no crescimento e desenvolvimento como registra a tradição oral, encon-

do município.

trada na região, deu origem ao povo-

As duas cidades são parte da Arqui-

ado, que se formou no entorno da ca-

diocese de Campinas. Vamos conhe-

pelinha erigida para abrigá-la.

cê-las do alto de suas igrejas?

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N

a Matriz da Paróquia Sant’Ana, em Vinhedo, após subir 170 degraus, mesmo com certa dificuldade, podemos observar grande parte da cidade através da janela que se abre, no número 3 do grande relógio

em mosaico que fica no alto da torre. As pequenas janelas, nos números 3 e 9, existem para facilitar acertos ou concertos dos ponteiros. Na imagem que se avista, está, belo e de braços abertos, o Cristo do Mosteiro de São Bento. Os primeiros degraus levam a um hall com vista para o interior da paróquia; ali já foi usado para o coral, mas hoje se encontra desativado. Há 17 anos, o zelador, Seu José Honório Cardoso, é encarregado de subir os quase 40 metros de altura da torre. Ele cumpre essa rotina ao menos uma vez por semana, mas garante já ter subido até quatro vezes num só dia.

Fotos: Carolina Grohmann

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O

s últimos degraus da igreja, fundada em 1914, são de uma escada caracol que leva a três sinos elétricos programados para tocar das 7h00 às 17h00, de hora em hora, e às 18h00 o som do Ângelus

é emitido da parte mais alta da Igreja. Lá de cima, a vista frontal é da Praça Sant’Ana e do Mosteiro de São Bento. Atrás, passa a Rodovia Anhanguera e o Clube Sant’Ana. Do lado direito, fica a cidade de Louveira e do lado esquerdo, Campinas e Valinhos. A visita até a cúpula é aberta ao público, e muito solicitada pelas crianças da catequese. Mais informações pelos telefones (19) 3886.1972 ou (19) 3836.3430.

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“E anjos de Deus subiam e desciam pela escada. No alto estava o Senhor” Gênesis 28:12

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Na Igreja Matriz de Vinhedo, uma bela vista da cidade se descortina. Na pr贸xima p谩gina, note: na torre, cogob贸s enfeitam, permitem a entrada de luz e, em cores claras, formam a Cruz do Senhor. Fotos de Carolina Grohmann.

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o alto da torre da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, em Indaiatuba, pode-se ver a Praça Leonor de Barros Camargo, bem arborizada e com o busto do patrono que nomeia

a Praça, tombado como patrimônio histórico de Indaiatuba. Do lado esquerdo, na direção de Campinas, está localizado o Colégio Candelária, fundado pelo Cônego Carlos Menegazzi, falecido em março deste ano e que era pároco da paróquia na época da fundação. A Igreja Matriz também é um marco importante no desenvolvimento da cidade. A fundação da Paróquia ocorreu no mesmo dia da fundação de Indaiatuba, em 9 de dezembro de 1830 e, a partir da sua construção, a cidade começou a tomar forma. É uma das poucas igrejas sobreviventes no interior do Estado de São Paulo construída em taipa de pilão. Na torre da paróquia contam-se 47 degraus, de difícil acesso. O zelador Helio Pavonelli, que trabalha na paróquia há sete anos, diz que sobe apenas quando precisa realizar alguma manutenção, mas que sempre acompanha as pessoas que querem ver a vista que o alto da torre oferece.

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“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” Salmos 19:1

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A fachada da igreja, seu interior e detalhes do que pode ser visto do alto do templo. Fotos de Giovanna Lima.

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hospital e maternidade celso pierro

“Ouvido Biônico”

implante coclear na reabilitação da audição

Hospital e Maternidade Celso Pierro

O

Serviço de Otorrinolaringolo- ser feito tanto no SUS, quanto no âmgia do Hospital e Maternida- bito privado. A única diferença é que de Celso Pierro realizou, no no SUS só pode ser realizado o implan-

dia 28 de junho, o segundo implante te coclear unilateral. No setor privado, coclear, em uma menina de 4 anos de o implante bilateral pode ser feito noridade, pelo convênio privado.

malmente e tanto a cirurgia quanto a

Em Campinas, há algumas clínicas pri- prótese devem ser cobertas pelas opevadas que realizam esse procedimen- radoras de saúde, desde que o paciento. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), te se enquadre nas indicações para o a cirurgia só pode ser realizada no Hos- procedimento. O valor aproximado de pital de Clínicas da Unicamp. O HMCP um implante coclear é de R$ 60 mil. já solicitou o credenciamento junto ao O alto custo se deve, principalmente, Ministério da Saúde para realização do pelo fato de todas as próteses disponíimplante coclear pelo SUS e aguarda veis serem importadas. Ainda não há aprovação.

nenhum implante coclear produzido e

Atualmente, o implante coclear pode fabricado no Brasil.

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N

as crianças que nasceram “Basicamente, os sons são captados com a surdez, a cirurgia visa pela parte externa e enviados para a proporcionar

o

estabeleci- parte interna por meio de sinais de ra-

mento da comunicação oral, que só diofrequência. A partir daí, esses sinais é possível por meio de uma audição são transformados em estímulos elétriadequada. Para os adultos, o retorno cos, sendo então carreados para dendo convívio social e melhora da quali- tro da cóclea por meio de um feixe de dade de vida são outros benefícios ge- eletrodos que, por fim, estimularão as firalmente trazidos com o implante.

bras do nervo auditivo”, explica o otor-

O implante coclear, mais conhecido rinolaringologista e médico assistente como ‘ouvido biônico’ é um dispositivo responsável pelo serviço de otologia, eletrônico que tem por objetivo reabili- João Paulo Valente. tar a audição por meio da estimulação elétrica direta do nervo auditivo. Ele é composto por unidade interna (que fica embaixo da pele e é colocada durante o procedimento cirúrgico) e uma parte externa, semelhante a um aparelho auditivo.

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S

egundo Valente, o implante coclear está indicado para pacientes com surdez severa ou profunda bilateral (ambos

ouvidos), que não apresentam benefício com o uso de aparelho auditivo convencional. Mais recentemente, o implante tem sido utilizado em caso de surdez unilateral, mas as indicações ainda são restritas e devem ser sempre individualizadas. “Apesar de teoricamente o implante estar indicado em todos os pacientes com surdez severa/profunda bilateral, não significa que todos terão o mesmo resultado e nem que todos devem ser submetidos à cirurgia. Vários fatores influenciam nos resultados. Dentre eles, destacam-se a idade em que é realizada a cirurgia (quanto mais precoce, melhores os resultados, particularmente nas crianças, nas quais o implante pode ser feito a partir dos 6 meses), tempo de surdez, uso prévio de aparelhos auditivos e terapia fonoaudiológica”.

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Fotos cedidas pelo Hospital

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“Para os adultos, o retorno do convívio social e melhora da qualidade de vida são outros benefícios”

A

cirurgia é normalmente feita Equipe envolvida: sob anestesia geral, poden-

Prof. Dr. Silvio Antonio Monteiro Maro-

do ser realizada em um ou- ne – chefe do Serviço de Otorrinolarin-

vido (unilateral) ou nos dois ao mesmo gologia do Hospital e Maternidade Celtempo (bilateral). A duração do pro- so Pierro e professor titular da disciplina cedimento é de cerca de 1 hora e 30 “Otorrinolaringologia” da PUC-Campiminutos quando se realiza o implante nas. unilateral e 3h se bilateral. Na cirurgia é

Dr. João Paulo Valente - médico assis-

colocado o componente interno do im- tente responsável pelo Serviço de Otoplante, composto pela unidade recep- logia do Hospital e Maternidade Celso tora e feixe de eletrodos. Usualmente o Pierro. paciente permanece internado por 1 Fonoaudióloga Karin Nivoloni – responou 2 dias e as complicações pós-ope- sável pelo Serviço de Fonoaudiologia ratórias são, geralmente, incomuns.

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do Hospital e Maternidade Celso Pierro.

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REVISTA DIGITAL LUMEN A Revista Lumen é uma publicação digital da Arquidiocese de Campinas - SP. Disponível gratuitamente nas plataformas web online, aplicativo para tablets e download para computadores no portal da Arquidiocese de Campinas. Seu formato, propriamente digital, favorece a leitura em telas de computadores e tablets: com tipos e espaçamento maiores, imagens tratadas para web e links para recursos multimídia. A pequena tiragem impressa serve para fins de arquivo, pesquisa e divulgação. Acesse e divulgue a Revista Digital Lumen!

EXPEDIENTE Arcebispo Metropolitano Dom Airton José dos Santos Direção Padre Rodrigo Catini Flaibam Editora chefe Bárbara Beraquet Mtb 37.454 Editora assistente Carolina Grohmann Jornalista e Assessoria de Imprensa Wilson Antonio Cassanti Mtb 32.422 Apoio Julia Maringoni Giovanna Lima Marcela Rezende Mariana Maia Rafaella Cassia João do Carmo Costa

Arte e design Bárbara Beraquet Interatividade Padre Rodrigo Catini Flaibam Distribuição Digital MAGTAB Tecnologia da Informação Projeto Minha Paróquia www.arquidiocesecampinas.com redacao@arquidiocesecampinas.com Rua Lumen Christi, 02 Jardim das Palmeiras 13092-320 Campinas - SP (19) 3794.4650

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