SOU ANO I >>EDIÇÃO I >>REVISTA DA CATEDRAL R$ 10,00
ESPERANÇA
editorial>>>>
SOU AMOR
SOU RAZÃO, SOU FAMÍLIA, SOU FÉ
SOU O QUE SOU O corre-corre da vida cotidiana acaba por transformar o ser humano em um executador de funções e as vezes acaba por não ter tempo para si e muito menos para criar laços de aproximação, de amizades e assim pouco a pouco acaba perdendo laços consigo próprio. Cada vez mais o desafio é firmar, criar uma opinião pessoal dentro da história individual de cada um e que por conseqüência reflete na vida social que estamos inseridos. Nesta dinâmica a SOU está nascendo... começa respirar entre nós. Uma proposta diferenciada de ser informação. Uma equipe de profissionais que oferecem em um conjunto de páginas e conteúdos com o objetivo de levar a informação a tua casa, ao teu consultório, ao teu local de trabalho para te convidar a viver esta dinâmica diferenciada de SER. A SOU jamais quer criar uma tendência ou uma única linha de vivencia da fé, mas apenas ela quer ser um canal de comunicação que proporcione ao leitor protagonizar uma reflexão crítica diante de fatos e argumentos que circulam em nosso ambiente social e fazem parte do nosso dia a dia. Nas páginas da SOU o amigo leitor irá encontrar matérias atuais e que pedem uma tomada de posição individual e que com certeza terá um reflexo na vida coletiva dentro da sociedade. SOU pessoa, SOU indivíduo e SOU chamado a participar ativamente do mundo que vivo. Mergulhe em cada página e descubra você mesmo o universo que a SOU preparou para você em uma Revista que chegou fazer parte de tuas escolhas. Cônego Emerson Rogério Anizi
índice>>>>
Maioridade Penal
Suicídio Drogas
AIDS
Esperança Amizade Fé
MANIFESTAÇÃO
Inclusão Social
Prostituição
DEMOCRACIA
PAPA FRANCISCO
SOLIDARIEDADE
Foto: Malu Ornelas
ENTRE 4 MAIORIDADE PENAL
Nosso desafio hoje está sempre girando em encontrar
respostas
a
problemas
que
se
apresentam aos nossos olhos a cada instante que evoluímos em nossa trajetória de vida. A variedade de problemas é enorme e a diversidade chega até assustar diante de soluções que parecem distantes de serem encontradas. A sensação é que quanto mais buscamos, mais distanciados ficamos de encontrar algo satisfatório e eficiente para a vida cotidiana. Um dos grandes desafios sociais é a questão da violência, atos violentos que nos apavoram, pois o requinte de crueldade e frieza parece não ter limites. Acompanhamos perplexos assaltos em ônibus, prática de violência sexual, espancamentos por preconceitos raciais, assassinatos, corrupção descarada com abuso de poder, enfim tudo envolvendo uma banalização do valor da vida. Certamente um esquema que representa que o homem se tornou lobo de si mesmo, onde para atingir os próprios interesses o homem não se Foto: Malu Ornelas
importa com os meios utilizados e sim alcançar
PAREDES seus objetivos.
em sua totalidade, que nos envergonha a cada dia com
Dentro deste desafio começa uma busca incansável
roubos descarados e ainda são protegidos pela própria
de soluções, culpados e cria-se uma mentalidade de
lei, com ‘celas especiais”. Imaginemos um sistema legal
transferências de culpas, tentando sempre achar um
que protege pessoas com nível acadêmico superior
culpado. Dentro desta busca surge a proposta de
diante de crimes cometidos, não deveria ser ao
revisar a Maioridade Penal, reduzindo a culpabilidade
contrario...por serem formados academicamente, não
de atos para a idade de 16 anos, pois muitos
deveriam sofrer uma medida mais firme, pois se
“adolescentes” já cometem atos infracionais com
pressupõe que a pessoa tenha um grau maior de
requintes
muitos
compreensão??? Quem é chamado para defender a
aproveitam desta situação, pois a medida aplicada é
sociedade e bem comum do cidadão, não é estranho
variável de 6 meses a três anos em uma diversidade
que se envolvam em crimes de assassinatos por
de alternativas de cumprimento da mesma.
encomenda para ajudar a “despoluir” o ambiente social
Problema sério e realmente concreto, mas ao mesmo
e ainda são tratados em cadeias especiais???
tempo a questão está enraizada em razões mais
Creio que a Lei da Maioridade Penal deva ser aplicada
intrínsecas a realidade aparente, ou seja, a pergunta a
sem dúvidas, mas não como um meio paliativo para
ser feita deveria ser o “por quê” que estamos vivendo
tentar camuflar uma resposta ao cidadão, mas existe
um momento tão violento? Somente desta maneira
uma necessidade maior por detrás dos bastidores, o ser
poderíamos achar uma solução. A lei da Maioridade
humano precisa ser colocado no centro, realmente ser
Penal sem dúvida pode ser uma resposta concreta,
pensado como pessoa e não como estatísticas, todas as
mas não reduzir a idade, se torna imprescindível
classes profissionais deveriam ser valorizadas e
estudar verdadeiramente a raiz do problema, não
justamente
podemos mais achar resposta paliativas, conhecemos
possibilidade de um padrão digno de vida. Não
o sistema penal brasileiro, onde se tornou uma escola
podemos banalizar o funcionário e nem tão pouco os
de profissionais do crime, não existe reeducação na
detentos
maioria dos presídios. Qual a oferta feita a pais
penitenciário. Gostaria de saber se estão pensando na
trabalhadores diante da infra-estrutura que vivem?
Equipe que trabalha diretamente no sistema em
Qual o nosso sistema educacional atual...onde
oferecer condições mínimas para poderem trabalhar e
professores se tornam reféns dos próprios alunos?
cuidar de suas famílias, dando salário digno e ambiente
Olhemos o nosso sistema judicial diante da
saudável e seguro de trabalho? Aos internos se existe
morosidade de aplicar a lei. Uma classe política, não
um programa concreto e não teórico de reeducação e
duríssimos
de
violência
e
equiparadas
que
convivem
para
no
dentro
mínimo
do
ter
sistema
ressocialização onde se possa produzir, trabalhar e realmente provocar uma mudança? Afinal é muito prático “limpar” o meio social e colocar tudo dentro de quatro paredes de concreto e esperar alguns anos para termos tudo novamente no convívio social, porém com um índice agravante de violência.
SOU
Foto: Malu Ornelas
MURO DO SILÊNCIO
Foto: Malu Ornelas
Prostituição: foco na mulher e um muro de silêncio em torno do homem que paga e, portanto, mantém o comércio do sexo.
P.R.O.S.T.I.T.U.I.Ç.Ã.O
Minha infância foi difícil do ponto de vista
fim das contas, é um dinheiro que eu não ganharia
econômico, pois mal tínhamos dinheiro para comer
se dependesse do governo ou se trabalhasse como
e nos vestir. Em um certo momento da minha
doméstica.
adolescência, tive uma oportunidade de ganhar
Quanto aos estudos, tenho esperança de um dia
esse dinheiro que faltava, de uma maneira mais
fazer uma faculdade, ser alguém importante profis-
fácil, e daí em diante, não parei mais.
sionalmente, e ter meu sustento de uma forma
Percebi que com esse dinheiro que ganhava, eu e
onde todos possam ter orgulho de mim. Eu sempre
minha mãe conseguimos sobreviver.
fui muito esperta, era bem aplicada na escola, e até
Minha mãe sabe desta vida paralela que levo. Não
sei falar em inglês também.
é o caminho que ela sonhou e imaginou pra mim,
Tive alguns namorados, mas os relacionamentos
mas também nunca me repreendeu ou proibiu que
não duraram muito tempo. Eles sabiam da vida que
eu continuasse.
eu levava e não gostavam. Tive um namorado que
No começo, eu me sentia mal com isso, mas depois
até dizia que não ligava, pois gostava de mim do
fui me acostumando, e agora até gosto do que faço.
jeito que eu sou, mas infelizmente também não
Como este é único caminho que enxergo no
deu certo.
momento, procuro tirar o lado bom. Pois através
Eu ainda sonho em ter uma família. Sou bonita,
desse trabalho, consigo me sustentar, bem como a
inteligente e acho que vou conseguir isso. Quero
minha mãe. Compro minhas roupas e faço algu-
encontrar meu príncipe encantado, casar na igreja
mas coisas que gosto.
e ter filhos. Que menina não sonha com isso?
Faço, normalmente, 5 programas por dia, mas não é sempre. Depende muito da situação. No meio da semana, faço de 2 a 3 programas por dia. No final de semana, faço de 3 a 4, chegando até 5 por dia. No
Clarice Chanelzinha Garota de Programa
Foto: Malu Ornelas
“Quero encontrar meu Príncipe encantado, casar na igreja e ter filhos. Que menina não sonha isso ?”
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Foto: Léo Cavalcante Foto: Léo Cavalcante
SEM
VOLTA
Foto: Malu Ornelas
VIAGEM
Procurar uma resposta para os desafios que
SOU – Onde a Fé entra para minimizar ou até
encontramos no decorrer de nossa história de
mesmo acabar com dependência das drogas ?
vida sempre foi e sempre será o destino de todos
FKC – Mais do que a Fé, destaco as pessoas que
nós. Cada um experimenta superar seus traumas,
cumprem as obrigações impostas pela Fé. São
suas dores e decepções de maneiras diversas, mas
muito mais protegidos das drogas os indivíduos
no fundo todas as respostas são esperadas como
que vão duas ou três vezes à igreja por semana e
definitivas para aliviar ou mostrar uma solução
que oram todo dia. No Brasil a religião se mostra
concreta e as vezes imediata para nossos
como fator de proteção.
problemas. Enfrentar nossa realidade de vida
Digo no Brasil, pois pesquisas indicam que na
nem sempre é fácil, mas fugir não é a melhor
Europa ou América do norte, essa porcentagem é
saída.
pequena. Digo Fé, mas uma Fé verdadeira, não apenas no discurso. A pessoa precisa participar.
DROGAS, para muitos o grande mal da
SOU – Existe predisposição genética para as
humanidade.
drogas ?
A
Dra.
Florence
Kerr-Corrêa,
psiquiatra e professora na Unesp em Botucatu fala
FKC – Tem, para o álcool está bem determinado,
sobre
mas responde entre 17 % e 20 % dos casos. A maio-
dependência
química,
tratamentos,
comportamentos e prevenção.
ria dos usuários de álcool e drogas não encontram
“Quando se fala em drogas, deixam o álcool de fora,
familiares que fazem uso ou que fizeram uso exag-
e o álcool é a droga mais devastadora”. Ela também
erado e dependente.
afirma que a fé é fator de proteção e que isso está provado em pesquisas.” – diz Dra. Florence.
SOU – É possível dominar as drogas ? Ou seja, experimentar e ter a certeza de que não vai se
SOU – o que leva ao consumo dependente de
tornar um viciado?
drogas ?
FKC – O jovem muitas vezes é muito onipotente,
FKC – Muitas vezes vulnerabilidade social, um lar
então ele acha que pode correr com o carro que
desajustado, sem regra, onde os pais não têm
nada vai acontecer e com as drogas é a mesma
controle
o
coisa. É importante salientar que muita gente
desconhecimento de que o álcool não é droga. São
experimenta e não gosta, ao passo que muitas
fatores que favorecem o uso de drogas.
pessoas experimentam e ficam dependentes, e não
Mas também podemos encontrar fatores da
era esse o desejo dela.
sobre
os
filhos,
e
também
personalidade, como aquelas pessoas que vivem em risco constantes, que minimizam um possível impacto, que não observam limites, e por ai vai. Veja que é um conjunto de fatores.
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L.Almeida
O caminho Concreto se conquista na busca de um mundo melhor.
SOU
feliz
Foto: Malu Ornelas
As experiências que envolvem a vida cotidiana nos dias atuais provocam buscas e conquistas onde cada ser humano traz em si o desejo e a necessidade de realização. Certamente todos querem acertar na vida e torcem para que suas escolhas possam sempre dar certo. Trabalhar com a frustração ou até mesmo com resultados não esperados provocam nas pessoas uma série de reações que podem variar de um extremo ao outro e uma destas reações é o
SUICÍDIO, como uma forma de fuga, ou talvez como uma resposta que
Foto: Malu Ornelas
possa transparecer “alívio imediato”.
Dr. José Manuel Bertolote, docente da UNESP, no
indicam taxas médias de suicídio, e as que
Departamento
acreditam na alma e não na reencarnação mostram
de
Neurologia,
Psicologia
e
Psiquiatria nos fala com uma visão objetiva sobre o
percentuais mais baixos.
suícidio e suas várias facetas e a importância da fé
No
na prevenção.
fundamentalista, o suicídio é o pecado mais graves,
Islã,
por
ser
uma
religião
muito
pois é a destruição da obra suprema do criador. Recebi recentemente um estudo vindo da SOU – Como o senhor definiria o suicídio em
Austrália, mostrando que a relação, crença e Deus,
poucas palavras ?
é um fator de proteção onde as pessoas que crêem
J M B – É a morte que o individuo dá a sí mesmo.
em
Antes da palavra suicídio, existia a expressão
tratamentos para suas doenças.
Deus,
obtém
melhores
resultados
em
criminoso de si mesmo, e isso tinha um aspecto curioso, pois era passível de sentença. Na Inglaterra
SOU – E o suicídios entre jovens, qual a abordagem
até o século XVII, quando se comprovava o suicídio,
que o senhor faz ?
todos os seus bens eram repassados para a Coroa,
J M B – Algumas décadas para cá, o método
ou seja, a punição se estendia para a família toda.
utilizado é cada vez mais letal, com medicamentos mais letais, e obviamente isso influi na estatística.
SOU – É possível traçar um paralelo entre suicídio e
Há 30 ou 50 anos atrás seria tentativa de suicídio,
religião ?
e hoje se configura no fato, por isso vem
J M B – Do ponto de vista da saúde publica, que é
aumentando esse número entre os jovens.
minha abordagem atual, existe uma nítida relação. Eu fiz um trabalho simples, sem grandes
SOU – É possível analisar o suicídio além do campo
pretensões, mas que ganhou notoriedade por
da pesquisa ? É possível implícitar o suicidio em
conta dessa relação suicídio e religião. As taxas
questões onde nenhuma pesquisa pode chegar ?
mais altas de suicídios eram observadas nos países
Exemplo: Relacionar o fato a alma da pessoa.
oficialmente ateus, países que não existem mais
JMB – Eu vejo o suicídio talvez um pouco mais
praticamente, e as taxas mais baixas eram
amplo do que temos na cultura, e isso me fascina.
percebidas nos países muçulmanos, no lslã, onde
É uma questão que poucos pesquisadores podem
as taxas se aproximavam a zero.
abordar, mas o fato é que a permissividade em
O Cristianismo tem taxas relativamente baixas, mas
relação ao suicídio passa pela religião, e isso é um
dentro do Cristianismo, segundo a pesquisa, os
dado cultural muito forte.
Protestantes têm números ainda menores que os
A maior taxa das Américas é de Cuba, e isso vem
Católicos. Obviamente Budistas e Hinduístas
desde o século XIV. Eu estava uma vez em Cuba,
possuem taxas mais altas que os Cristãos.
justamente investigando isso, e me contaram uma
As religiões que acreditam em reencarnação
historia que se conta a todos as crianças na escola,
que é a seguinte: O indivíduo foi para o exército, e
ambiente e consequentemente vai desenvolver
alguém vem informar sua mãe que ele havia sido
uma “vacina” ao suicídio.
preso em combate. E a mãe diz não acreditar, pois,
Exemplos clássicos: Quase todos os pedófilos
segundo ela, o filho se mataria antes de ser preso,
foram abusados quando crianças, os violentos
pois sua honra não permitiria isso.
receberam agressões quando crianças, porém
Então percebe-se um dado cultural muito
quem recebeu amor, vai repassar aquilo que teve
importante, ou seja, uma pessoa de honra não se
na infância.
deixa prender, e isso se ensina na escola. Você
As relações sociais servem também como um fator
forma um conceito do que pode ser bom e do que
de prevenção. Algumas religiões proporcionam
pode ser proibido. Outro exemplo, é que um amigo
isso com suas experiências em comunidades,
meu Muçulmano me disse uma vez que as três
outras não dão essa opção, como o Hinduísmo,
coisas mais proibidas para um muçulmano era
onde não existem templos, tudo é feito a céu
ingerir bebida alcoólica, comer carne de porco e se
aberto, não existindo esse relacionamento comum.
suicidar.
Então o afeto, a vivência em sociedade, entre
Então percebe-se que em um local o suicídio é uma
outros aspectos, servem como esse remédio contra
possibilidade, em outro é uma recomendação e
o suicídio.
outro é uma proibição. Existem várias tribos na África onde não existe suicídio, pois essa palavra sequer existe, ou seja, a pessoa não sabe que isso existe, não faz parte do universo dele. Sou – Por fim, além da fé, qual seria outro ‘’remédio’’ para o suicídio ? JMB – A maioria das pesquisas trabalha com fator de risco, ou seja, o que leva ao suicídio? Eu tenho a satisfação de ter iniciado o trabalho inverso, que é investigar o fator de proteção, ou fatores que minimizam. Um desses fatores é a presença de vínculos afetivos, e isso é mais forte para mulheres do que pra homens, se a mulher tiver filhos então, melhor ainda, pois filhos formam um fator fantástico de proteção ao suicídio. Então isso é um remédio, ou seja, a criação de um ambiente afetivo, onde existe amor. E isso claro também serve para a criança, que vai crescer nesse
“É a morte que
o individuo dá a sí mesmo.”
SOU Inclus達o
Fotos: Malu Ornelas
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Foto: Malu Ornelas
amizade A igualdade e a singularidade: traços da amizade sólida A pessoa, hoje, vive num ambiente de relações cada vez mais instantâneas. Esses relacionamentos acontecem, por sua vez, pela denominada “rede virtual”. Contudo, a maioria das pessoas perde a noção de confiança, uma vez que confiar no outro se torna algo desafiador e, inclusive, leva à responsabilidade de respeitar a dignidade da pessoa. A dignidade da pessoa implica o princípio da igualdade e da singularidade. A igualdade se demonstra pela capacidade das pessoas em buscar aquilo que corresponde de semelhante, tais como: esporte, música, trabalho e entre outros. A pessoa anseia pelo desejo de se completar e de se fascinar com o encanto do novo. Todavia, o encanto parece perder o seu sentido na “rede virtual”, porque as pessoas, muitas vezes, criam máscaras ao traçarem o perfil, de modo que a imaginação expõe fatos aos quais não correspondem ao critério de semelhança e sim de criar um cenário de caráter utilitário e de consumo do outro. A categoria do ato de pensar se dilui no cenário utilitário e entra em jogo a atitude de agradar e de sufocar o outro com uma série de informações que impossibilitam o acesso ao interior do outro. Quando se pensa na atitude a ser tomada pelo princípio da igualdade, a “rede virtual” pode se transformar num canal útil e, até mesmo, precioso à formação de amizades sólidas. Ser sólido significa a lealdade, o respeito e, principalmente o exercício da fraternidade. A pessoa pode tecer este caminho como meio de filtrar os relacionamentos instantâneos, a fim de não corromper a sua privacidade e o seu interior. A “rede virtual” conduz à capacidade de amizades sólidas, à medida que possa chegar ao encontro, propriamente presencial, marcado pela responsabilidade de conhecer o outro na sua integridade. O conhecimento do outro na sua integridade possibilita ver a singularidade num cenário de caráter humanizador. As relações precisam resgatar traços humanizadores capazes de reforçarem o encantamento com o que há de mais belo no outro, a vida. Viver
envolve o fato de brincar e jogar no campo da existência, de forma que a vida seja uma escola repleta de desafios que despertam a curiosidade de conhecer novas culturas. A “rede virtual” pode ser um canal ao desenvolvimento do jogo com a vida. Contudo, a pessoa precisa ir além dela e partir em direção à rua, à periferia e aos locais mais perdidos dos horizontes sedentários da tela virtual. O esporte pode ser um caminho para o exercício humanizador, pois ao praticá-lo presencialmente com os outros ou de forma individual, percebe-se novos sentidos da vida, porque se passa a admirar a natureza presente ao redor e a ver as preciosidades de cada coisa, como por exemplo, o calor do sol, o vento, os pássaros, as pessoas, o caminho de seus trabalhos e assim por diante. A “rede virtual” impossibilita o caráter humanizador quando a pessoa se fecha num mundo sedentário e que limita os seus horizontes, pois a vida não se limita à virtualidade e sim é dinâmica. A amizade sólida necessita da valorização da singularidade de cada pessoa, a fim de conhecer o outro passo a passo, sem pressa e na expectativa de que a vida se reveste do ato de jogar e brincar, de trazer à tona a criança muitas vezes adormecida no interior. Diante dos dados apresentados, cada um é convidado a fazer sua auto-avaliação. Como está a minha conduta? Procuro seguir o caráter utilitário ou o humanizador na construção de amizades sólidas? E mais, de que forma sair do mundo sedentário da “rede virtual” em direção à dinamicidade da vida? Nesta reflexão, destaca-se a prática do esporte como meio de jogar e brincar com a vida. Agora, você, no seu grupo de jovens, na sua pastoral, na sua pequena comunidade, poderá descobrir novos meios para que a vida humana não seja reduzida ao sedentarismo de ficar isolado diante de uma máquina. A vida é uma escola que provoca a capacidade de se relacionar com cada ser vivo presente ao redor na vontade de construir amizades sólidas. Pensar e vivenciar, eis a missão de cada pessoa que deseja marcar uma bela história no livro da vida com momentos alegres e tristes. Pe. Nelson Maria Brechó da Silva
SOU
Foto: Malu Ornelas
SOU dignidade
Foto: Malu Ornelas
Foto: Malu Ornelas
O
GRITO DAS RUAS
O povo acordou! As ruas ficaram movimentadas
É preciso vigiar!
em pouco tempo. Eu, como cidadão, juntei-me ao
O povo tem direito de saber o que passa, como se
movimento das ruas. Levei minha família. Quis
gasta o dinheiro público, se não sabe, se não está
que
contente, deve ir às ruas protestar e buscar o direito
meus
filhos,
ainda
adolescentes,
não
perdessem a oportunidade de marchar por um
de
todos
os
cidadãos,
pais melhor.
partidarismo,
Foi bonito demais ver e marchar com o povo pelas
determinação.
ruas de Botucatu por valores e direitos que há
A fé cristã não exclui e nem impede a livre
tempos lhe são negados. As manifestações
participação em movimentos populares legítimos
deixaram claro que embora o Brasil transpareça
que buscam melhorar o exercício da democracia.
estar melhorando, ainda há muito que fazer.
Pelo contrario, é também por causa do silêncio
Na verdade, as manifestações levantaram a
quase conivente de pessoas de fé, que aqueles que
pontinha do tapete da política, onde alguma
estão vestidos de autoridade, abusam do poder e
sujeira pode ser vista, mas o grosso do que está
fazem o que querem, muitas vezes, à benefício
escondido debaixo do tapete nem de longe ainda
próprio ou de um pequeno grupo de amigos e
foi visto.
partidários.
O grito nas ruas deixou claro que o povo não
A fé cristã na busca da justiça não pode ser pontual,
suporta mais a falta de investimento sério na
apenas eventos esporádicos, convocados pelas
educação, na saúde e no transporte público. O
redes sociais, mas tem de ser um estilo permanente
clamor do povo evidenciou que basta de tanta
de vida, fundamentado nas Sagradas Escrituras,
injustiça, de coisas atrapalhadas, de tanto dinheiro
que, a modo dos profetas, sempre denunciará as
público jogado no ralo da corrupção.
injustiças e buscará os valores do Reino de Deus
O marketing político produziu um Brasil muito
para todo o povo.
bonito por fora, mas, quem vive e depende de
Protestar de forma ordeira, pacifica, está na gênese
serviços públicos, sabe que o Brasil está feio por
do povo cristão. Há muitas coisas no nosso Brasil
dentro. Um país que gasta bilhões em eventos
que necessitam ser mudadas e nos convocam para
mundiais, mas, que joga seu povo doente nos
sair às ruas e protestar. Foi isso que fez o profeta
corredores dos hospitais, sem nenhuma digni-
Amos quando pediu em nome de Deus: “que corra a
dade e tratamento medico de qualidade. Sem
retidão como um rio e a justiça como um ribeiro.”
com
sem
reserva,
espiritualidade,
sem
ordem
e
falar na educação publica, com raras exceções, que é uma vergonha. As manifestações populares demonstraram a força que o povo tem quando esta unido em torno de objetivos comuns. Isso serviu para acordar e lembrar ao povo que a democracia não se realiza somente
no
dia
da
eleição,
quando
obrigatoriamente vai às urnas para votar e escolher as pessoas que comandam o pais. Quem entende e pratica a democracia apenas como um ato de votar, assemelha-se a quem dá um cheque assinado, em branco, para quem não conhece.
Reverendo Clayton Leal da Silva Igreja Presbiteriana Independente Catedral Evangélica de Botucatu
DEMOCRACIA A importância da representatividade política no estabelecimento da democracia A grande onda de manifestações populares vividas no Brasil nos últimos meses gerou uma série de expectativas sobre a participação de nosso povo na vida política do país que, infelizmente, parece não ter se concretizado. Para que a democracia possa ser, de fato, representativa, o engajamento civil é parte fundamental nesse processo. Os representantes políticos devem trabalhar de modo a ouvir as demandas do seu público, os cidadãos, de quem se espera sempre um retorno. Porém, sem a devida organização, qualquer movimento pode acabar enfraquecido, conduzindo a representação popular a um nocivo retrocesso democrático. Os manifestantes tiveram determinação e ousadia para expressar uma incutida indignação com o momento vivido pelo país. Mas não tiveram voz. A chamada voz das ruas, aludida durante o período de revolta, por lá permaneceu. Isso nos faz refletir que de pouca eficácia duradoura adianta criar um movimento, se ele não tem rosto, nem bandeira. O povo precisa sim ir às ruas, mas precisa também combater toda a sua insatisfação pelo lado de dentro, de forma preparada, onde as coisas acontecem. Não se pode ignorar, como vem ocorrendo entre os recentes manifestos, a relevante presença dos partidos políticos nos movimentos reivindicatórios. Como afirma o Papa Francisco, em seu livro de diálogos com o Rabino Abraham Skorka, Sobre o Céu e a Terra, “o desprestígio do trabalho político precisa ser revertido, porque a política é a forma mais elevada de caridade social”. Peças indispensáveis no diálogo entre governo e cidadãos, os partidos políticos detêm, em seu histórico, um grandioso número de lutas a favor das causas populares e do estabelecimento e permanência da democracia. Além da organização e filiação partidária, existem também outros caminhos para se chegar à participação efetiva na vida política, que levam a resultados objetivos desde que tratados com responsabilidade. Vão desde o voto que é dado a cada representante escolhido, de forma consciente, ao acompanhamento do que por ele é feito durante o seu mandato. São de cada cidadão o direito e o dever de cobrar. O que se espera e se faz necessário nesse momento de mudanças é que, unidos de modo organizado e partidário, cidadãos e representantes possam fazer cada vez mais pelo nosso país. Deputado Federal Milton Monti
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OS OLHOS DA ALMA Na simplicidade de traços arquitetônicos, na expressão
necessário, pois quando somos tocados pela beleza,
de fé de um povo, exala como que um perfume sutil, a
percebemos que apenas o ato de olhar, muitos já o
beleza escondia nas formas, cores, texturas, ações e cren-
realizam, no entanto somente ver, fazem aqueles que
ças. Uma beleza que muitas vezes tornou-se quase que
realizam de fato esta experiência transformadora,
despercebida, por uma cultura imediatista e artificial,
deixando de ser meramente um olhar estático para
onde o amor, a caridade e a fé deixaram de ser aspectos
tornar-se um ser dinâmico em meio a realidade. Não se
importantes, pois foram gradativamente perdendo seus
trata de relativizar a arte, mas sim de compreender a
valores. Tão sutil, como uma brisa que não vemos, mas
realidade a partir de uma nova visão, fornecendo um
sentimos o frescor de sua visita, assim acontece com a
caminho para que os valores possam se tornar um
beleza que percorre o nosso ser, transformando lacunas
patrimônio público, ou seja, estar sujeito a todos. A arte
vazias em espaços preenchidos por valores que nutrem o
critica a realidade, desenvolvendo caminhos para que o
bem viver tão almejado na contemporaneidade.
homem reveja seus valores e atitudes diante de tudo
Símbolos e representações transmitem a paz, o amor e a
aquilo que a sociedade lhe oferece. Assim, o silêncio
fraternidade em meio ao caos vivido nos dias atuais.
aparente das imagens, formas e expressões de fé,
Crenças e expressões de fé que transcendem valores já
transmitem um estímulo à emancipação do homem, que
degradados pelo individualismo encontrado neste
muitas vezes vive uma pseudo liberdade. Desta forma, a
tempo hodierno. Assim, tão suave como o bater das asas
arte torna-se libertadora, pois ela foge de padrões
de um pássaro, a beleza penetra na vida do homem
previamente estabelecidos, permitindo ao homem
promovendo o exaurir das dores, angustias, decepções,
buscar a verdade por meio deste exercício filosófico de
incredulidades, desamores e frustrações, enfim seu
socialização de valores éticos e morais, exercendo assim,
poder transformador carece ser percebido e aplicado,
um compromisso com a verdade. Por isso, a arte não
traduzindo na vida, a mola propulsora de um novo agir,
representa a realidade, mas sim uma crítica, onde aquilo
ser e viver diante da sociedade. Abrir os olhos para a
que muitas vezes pode nos parecer utópico tornar-se
beleza, pode impulsionar o homem à uma nova reflexão,
realidade de amor, de fraternidade e de igualdade.
possibilitando que o ser não caminhe para um esvazia-
Cabe-nos como seres criados pela beleza, transformar
mento de fé, de esperança e de amor entre os demais.
por meio dela, tudo aquilo que divide que separa e que
Mudar é preciso! Pois, quem tiver olhos que vejam.
exclui, em uma ação de unidade, caridade e amor.
Observar a realidade com um novo olhar torna-se Jorge Armando Pereira
Foto: Malu Ornelas
Foto: Eliete Soares
Fotos: Malu Ornelas
SOU
ESPERANÇA Foto: Eliete Soares
Fotos: Malu Ornelas
A Fazenda Esperança é uma das respostas concretas a
pedindo uma segunda chance via carta escrita de próprio
toda luta e tentativa de proposta de oferecer ao ser
punho para ser acolhido, explicando os motivos que o
humano uma possibilidade nova de vida. A Fazenda da
levaram a solicitar ajuda. Cada jovem é responsável por
Esperança acolhe jovens que desejam se libertar das
sua própria recuperação. A comunidade terapêutica só
drogas e do álcool, mas também aqueles que anseiam
acolhe as pessoas que pedem ajuda, pois os internos não
descobrir suas vocações.
ficam em locais fechados por muros ou portões. Tudo é
Os recuperantes vivem do seu próprio trabalho como
aberto e dá acesso a rua, ou seja, na liberdade de
fonte de auto-estima e auto-sustento. Nos 12 meses de
recomeçar e reconquistar a própria identidade a pessoa
recuperação, só a partir do terceiro mês o recuperante
vai aprendendo a trabalhar com os seus limites,
recebe visita dos familiares. A Fazenda da Esperança
conhecendo as suas fragilidades e criando identidade
acolhe pessoas, homens e mulheres, e lhes propiciam
com as suas próprias forças.
moradia, alimentação e outras necessidades básicas para
Toda família participa de todo o processo, como deveria
que continuem firmes em sua caminhada rumo ao
fazer em qualquer outra decisão de vida de seu ente
retorno à vida. A organização das casas baseia-se na famí-
querido, afinal é necessário envolver os familiares neste
lia a fim de provocar mudanças de valores, morais e
processo de recomeço. Reestruturar ou até restabelecer
princípios. Toda a convivência é apoiada nas Palavras de
laços rompidos, pelo fato que o jovem retorna para o seu
Deus tirada do evangelho e também se sustenta no
seio familiar. Por exemplo, os pais e irmãos são
carisma da unidade de Chiara Lubich e no carisma da
acompanhados e freqüentam reuniões separadas do
pobreza de São Francisco de Assis.
interno antes do primeiro encontro com o mesmo no
O dependente químico precisa desejar e manifestar a
terceiro mês da recuperação e durante todo o restante do
vontade de ter uma vida livre das drogas e do álcool,
processo de recuperação, os familiares são motivados a
Fotos: Malu Ornelas
participarem das visitas e formação oferecida aos
na cidade de Guaratinguetá interior de São Paulo. Ele foi
mesmos.
animado a dar esse passo por frei Hans Stapel seu pároco
Hoje a Fazenda está enraizada em 15 nações diferentes,
que o incentivava a viver concretamente a Palavra de
com 91 unidades, porém todas as unidades respeitando a
Deus.
cultura onde está inserida, mas realizando o mesmo
Nelson conquistou a confiança daqueles dependentes
programa e organização em todas elas. Um programa que
químicos. Um deles Antonio Eleutério foi o primeiro a ser
está embasado no tripé: espiritualidade, trabalho e
contagiado e pediu ajuda para se libertar das drogas, tudo
convivência, demonstrando que mesmo que a obra tenha
isso porque Nelson buscava colocar em prática a frase
crescido, pois este ano completa30 anos, a essência deve
“Fiz-me fraco com os fracos a fim de ganhar os fracos”
ser mantida, por saber que os frutos colhidos foram
(I Cor 9,22).
positivos para quem levou seriamente a proposta original
Frei Hans tornou-se pároco da igreja Nossa Senhora da
da Fazenda da Esperança. Esses 30 anos de existência
Glória em 1979. Ele nasceu no fim da segunda guerra
possui um começo simples, mas rico em unidade e
mundial, cresceu junto da reconstrução da Alemanha,
partilha, um sonho que se torna realidade porque um
orientado religiosamente na Igreja Católica por seus pais,
jovem acreditou que poderia fazer a diferença, acreditou
conheceu o carisma da unidade de Chiara Lubich e da
que seria possível iniciar uma nova realidade no desafio
pobreza de são Francisco de Assis, os quais divulgam em
de combater o mundo das drogas e provocar a Esperança
sua vida religiosa.
em quem desejava sair.
Foi liberado integralmente para a Fazenda da Esperança
Este jovem se chama Nelson Giovaneli que se aproximou
em 1992 quando seus superiores entenderam essa
de um grupo de jovens que consumiam e vendiam drogas
necessidade.
perto de sua casa. Isso em 1983, na esquina da rua
Os companheiros de Antonio notaram algo diferente em
Tupinambás com a Guaicurus, no bairro do Pedregulho,
sua vida. Isso os levou a buscar a ajudar do jovem
Foto: Malu Ornelas
Foto: Malu Ornelas
Fotos: Malu Ornelas
[Quem vive a palavra gera
esperança] paroquiano que os propõem viver radicalmente a Palavra
em cada coração, que revelou o SOU esperança de cada
de Deus e à noite encontrar-se na Igreja ao invés da
uma delas.
esquina para trocar as experiências vividas a cada dia.
A obra foi ganhando uma dimensão que não encontrava
Esse grupo sugeriu a Nelson alugar uma casa para viverem
fronteiras que pudessem neutralizar a mão de Deus, pois
junto. O aluguel e as despesas pagariam com seus
na percepção de encontrar uma face, uma vida que
trabalhos. As primeiras atividades foram a limpeza de
necessitasse de olhar diferenciado e da oferta de um
jardins enquanto Nelson continuava em seu emprego de
sorriso que criasse a Esperança de nova vida...ali estava a
“office boy”, na cooperativa de laticínio de Guaratinguetá.
Fazenda chegando e assim uma das realidades
Tudo o que ganhavam colocavam em comum para se
comoventes e extremamente pedagógica para notarmos
sustentar.
o desejo de vida, o anseio de amor e uma oferta generosa
Iraci Leite e Lucilene Rosendo, conhecida por Luci,
de alegria e coragem é a Casa Sol Nascente, onde
iniciaram o trabalho de recuperação feminina em 1989, na
realmente brilha o sol da vida e da esperança.
cidade de Guaratinguetá / SP. Elas deixaram tudo para
Uma casa que acolhe homens, mulheres e crianças
seguir o exemplo de Nelson. Iniciando a vivência feminina
portadoras do vírus HIV/AIDS e/ou filhos de pais com
neste universo chamado Esperança, de ir ao encontro da
HIV/AIDS, em situação de orfandade e de precariedade
face feminina de Deus perdida entre tantas mulheres,
social e financeira, na faixa etária de 0 a 12 anos, cujas
mães, jovens machucadas pela dor da vida. Os relatos de
famílias, quando ainda as tem, não dispõem de condições
vida, os testemunhos experimentados pela SOU durante
emocionais e materiais para abrigar adequadamente a
um tempo de convivência entre a meninas fez nascer a
criança e proporcionar o acompanhamento específico
BELEZA DA ESPERANÇA...Faces transformadas, porém
adequado à problemática que apresentam. Uma casa que
com uma transformação que começou no interior de cada
se transforma em verdadeiro lar, laços familiares criados
uma delas, uma face que começou a nascer em cada alma,
pelo amor e pela solidariedade.
Foto: Malu Ornelas
Erika Silva natural de Minas Gerais, com 34 anos de idade e 13 meses vividos dentro da espiritualidade da Fazenda da Esperança. Uma jovem que relata sua vida e seus sonhos, sua história que mesclou alegria e momentos de desafiadores que fizeram em um determinado momento de sua vida, no ano de 2008, experimentar a cocaína. Uma experiência que iniciou com a dependência e uso de seu marido dentro do próprio lar e experimentado a primeira dose...gostou!!! No período de uso, o casal acabou engravidando da primeira filha, gravidez que foi vivida até o sexto mês sob o uso e efeitos da cocaína. Motivada pelo amor a filha e desejo de cuidar desta pequena vida, conseguiu se estabilizar, sem uso da droga, por um ano. Consequentemente os conflitos entre ela e o esposo aumentaram e os desafios de Erika se tornavam mais pesados, pois o uso do marido continuava dentro do lar. Confiando nas próprias forças tentou lutar sozinha e não resistiu, voltando ao uso da cocaína. Resolveu então pedir ajuda e foi o que fez. Durante dez meses se retirou na Fazenda da Esperança e após este período retornou para a casa e não demorou muito tempo “limpa” e acabou recaindo e cedendo a tentação do “pó”. Um período de desespero, fraqueza e ao mesmo tempo de superação, pois diante da dificuldade acaba reconhecendo que sem a “Fazenda” não conseguirá levantar e caminhar livremente, sendo mãe, sendo mulher e sendo pessoa.
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Marivalva Honorato Cardoso, 25 anos nascida no estado de Pernambuco e vivendo a 4 meses na Fazenda Esperança. “ Não tinha o Deus que tenho hoje aqui na Fazenda”...assim Marinalva começa a relatar sua história, demonstrando a importância de uma espiritualidade em seu novo estilo de vida. Durante um ano e onze meses viu sua vida desmoronar, onde foi perdendo amigos, casa e família, mesmo negando o uso e mentindo, as evidencias do comportamento apontava que algo estava fora do eixo. Ao presenciar a situação crítica de uma amiga, que quase falece em suas mãos, sente a urgência de pedir ajuda e acaba fazendo uma experiência por 15 dias em uma clínica que não responde a sua necessidade maoir: recuperação e autonomia de vida! Foi onde conhece, através do Grupo Esperança Viva, a vida da Fazenda Esperança, pois para se livrar das drogas, começa a usar medicamentos que praticamente a “dopam”. Marivalda é a caçula de 7 filhos e nestes quatros meses de Fazenda começa a sonhar com um novo retorno, realizar a sonhada Universidade de Engenharia Civil e começa a construir neste dia-a-dia da vivência da Palavra, no trabalho e na convivência com as outras meninas da Fazenda. “Não quero um certificado de 1 ano de internação, quero a mudança dentro de mim”.
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Rafaela Fernandes com seus 20 anos de idade, começa sua vida em Jacareí, interior de São Paulo e vive na Fazenda, buscando sua recuperação a 11 meses. Desde sua infância acabou experimentando a separação de seus, ainda quando era uma pequena bebe de 1 ano de vida. Desde sempre se classificou como uma menina agitada e sempre em busca, sempre teve tudo e não lhe faltava nada materialmente e aos 13 anos de idade esta agitação e suas escolhas acabaram por lhe apresentar a maconha, um desejo de ser “livre”, como geralmente acontece a maconha começou a não satisfazer suas buscas de “liberdade” e assim acaba por conhecer a cocaína, que lhe proporcinava uma sensação prazeirosa e eletrizante, mas no fundo era uma fuga. Praticamente chegou na Fazenda com a meta de permanecer 3 meses, com um acordo realizado com a mãe, pois no início era a vontade e imposição materna que fez com que Rafaela optasse pela internação...”cheguei autosuficiente...precisar quebrar muito a cara aqui dentro. Hoje tenho a maturidade que minha recuperação e para toda vida, percebo que estou aqui por mim mesma e não faço isto pelos outros...é porque acredito”.
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Camila C. B. Silva, nascida no interior de São Paulo, hoje com 35 anos e já vivendo concretamente a Fazenda por 3 anos. Uma jovem que optou pela espiritualidade e modo de viver a Fazenda por conviver com seu marido usuário de drogas. O marido escolheu buscar a recuperação para oferecer a Camila uma qualidade melhor de vida a dois. Durante a internação do marido, Camila, mesmo não sendo usuário, optou viver o mesmo estilo de vida proposto pela Fazenda e se doou como voluntária. Hoje vive, junto com o marido e filhos dentro Fazenda, fazendo uma experiência de viver providencialmente em conformidade com o Evangelho, como realmente a vida em família se tornasse uma missão guiada por Deus e segundo Sua vontade.
“A beleza mais rara pode ser externada com naturalidade ou lapidada com todos os artefatos da moda, mas certamente seu maior valor, a sua verdadeira raridade brota da sua alma e de toda dignidade plantada
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no interior do ser humano�
SOU
amor Foto: Malu Ornelas
Foto: Malu Ornelas
SOUlidariedade É o ato de bondade com todas as pessoas à nossa
contrário, é muito mais fácil e útil fazer brotar um
volta, independentemente de suas necessidades.
sorriso no rosto de uma pessoa.
Costumeiramente dizemos que não nos sobra
Para isso, é necessário compreender as atitudes
tempo em nosso dia-a-dia. Ao mesmo tempo, por
humanas e nunca recrimina-las.
conta desta difícil realidade, acomodamo-nos
Enxergar a alma do outro, ter sensibilidade para
diante
identificar suas necessidades, se doar sem esperar
das
mazelas
sociais
e
deixamos
a
benevolência quase sempre para depois.
algo em troca.
Será que nossa vida é realmente curta ou será que
A conduta em favor do semelhante traz Deus para
estamos administrando mal o nosso tempo a
junto de nós.
ponto de deixarmos nosso próximo sempre em
A humildade mexe com o coração de Deus e nos
segundo plano?
garante um final mais feliz nessa jornada terrena!
Neste
sentido,
devemos
estar
atentos
aos
A
vida
é
vivida
partir
de
reconfiguramos
parâmetros.
sofrimentos alheios, pois quem passa pela vida e
Configuramos
não sofre, passa pela vida e não vive!
conceitos ao sabor das linhas desenhadas no
Saiba que viver é um risco constante. Às vezes,
caderno de nossa existência.
causa medo e insegurança. Contudo, devemos ser
A solidariedade, sem dúvida, é amor. Aliás, o tipo
bravos nesse combate. Veja como uma simples
mais nobre, mais inesquecível e mais admirável
mudança de postura é capaz de transformar todo
deste.
um pensamento antiquado e preconceituoso
Posso dizer, convictamente, que ao longo de 13
contra si mesmo e contra os outros! Na vida o
anos em um trabalho árduo, porém, gratificante,
tempo é muito importante. É dentro dele que
sempre após a tempestade vem um arco íris e que
contaremos a nossa história e onde tudo acontece.
torna as nossas vidas coloridas. Digo isso,
Basta saber fazer as escolhas certas!
especialmente, sempre que uma criança volta ao
Que prêmio é tão importante que não pode ser
convívio familiar. Hoje posso dizer que aprendi a
compartilhado? E a alegria, deve ser só de alguns?
me colocar na situação do outro antes mesmo de
Parar o mundo não é possível. Mas temos, sim, a
julgá-lo.
oportunidade de fazer com que ele seja mais justo
A solidariedade é a certeza da presença de alguém,
e aconchegante. E para isso acontecer, é preciso
tomando chuva com você, ainda que nada ganhe
que sejamos mais solidários. Não é difícil,
com isso.
ao
e
a
valores
e
Leila Zorkot Coordenadora da Casa Santa Maria
Fotos: Malu Ornelas
O Brasil e o mundo se encantaram perplexos com a
para revelar toda pureza e beleza do rosto da Igreja
proximidade e a sinceridade, o calor humano, a
de Jesus Cristo.
simplicidade e o despojamento, a incansável
O Santo Padre, o Papa Francisco, deixou claro, tanto
alegria pura e irradiante, a ausência de medo e a
por meio de suas palavras quanto por meio de suas
vontade de abraçar a todos, abraçando a muitos,
atitudes que a missão da Igreja não é julgar quem
do Papa Francisco por ocasião da JMJ no Rio de
quer que seja. A missão da Igreja é simplesmente
Janeiro. Era como se o próprio São Francisco
amar como Jesus amou. Primeiro amar e só depois
estivesse nos visitando.
apresentar a proposta do Reino de Deus. Ou melhor,
Francisco dos franciscos pobres, dos franciscos
apresentar o projeto evangélico de vida por meio do
enfermos, dos franciscos vítimas das drogas, dos
amor incondicional. Porque só depois de se sentir
franciscos das periferias, dos franciscos crianças,
verdadeiramente amada e respeitada é que a pessoa
adolescentes e jovens, dos franciscos idosos.
encontra forças para se “converter” e mudar de uma
Francisco dos franciscos que desejam e trabalham
vida sem sentido - desfigurada e desfigurante – para
FRANCISCO dos FRANCISCO
uma
vida
com
sentido
–
transfigurada
e
transfigurante.
transparecesse nela sempre mais a Face de Cristo. Também hoje o Senhor continua precisando de
“Contemplando vocês que hoje estão aqui
vocês, jovens, para a sua Igreja. Queridos jovens, o
presentes, me vem à mente a história de São
Senhor precisa de vocês! Ele também hoje chama a
Francisco de Assis. Diante do Crucifixo, ele escuta a
cada um de vocês para segui-lo na sua Igreja e ser
voz de Jesus que lhe diz: «Francisco, vai e repara a
missionário. Hoje, queridos jovens, o Senhor lhes
minha casa». E o jovem Francisco responde, com
chama! Não em magote, mas um a um… a cada um.
prontidão e generosidade, a esta chamada do Senhor
Escutem no coração aquilo que lhes diz.”
para reparar sua casa. Mas qual casa? Aos poucos, ele
(Papa Francisco – Vigília – Copacabana 27.07.13 – RJ)
percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja; era colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que
Dom Maurício Grotto de Camargo Arcebispo Metropolitano de Botucatu
Fotos: Malu Ornelas
SOU
L.Almeida
Admistração de Condomínios e Terceirização de Mão de Obra Botucatu: Rua Prudente de Moraes, 845 | Centro | (14) 3811.1212 Bauru: Rua Caetano Sampieri, 7-85 | Jd. Panorama | (14) 3235.3555 www.totuscondominios.com.br
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SOU Revista da Catedral de Botucatu Ano I - Edição I - 2013
Publisher
Cônego Emerson Rogério Anizi
Fotos
Malu Ornelas Eliete Soares
Projeto Gráfico Lívia Almeida Eduardo F. Reibscheid
Jornalista José Roberto Quinteiro Júnior MTB - 40.493/SP
Maquiagem Maria Pia Ornelas
Assistentes Lilian Ornelas Murilo Murback Aline D’Luque
Impressão Grafilar - Lar Analia Franco
Agradecimentos Milton Monti Dr. Eduardo Zacharias Geraldo Couto Marcos Vecchio Bruno Giraldi
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Família