Aventuras dos Trappisongos Agrupamento de Escolas de Sever do Vouga Professores e alunos dos 3.ยบ e 4.ยบ anos 2016/2017
Autores Alunos e professores titulares das turmas dos 3.º e 4.º anos do Agrupamento de Escolas de Sever do Vouga do ano letivo 2016/17 sob a orientação dos professores Maria Alice Araújo Marques e Nélson Fernandes Figueiredo. Ilustradores Alunos das turmas envolvidas no projeto. Parcerias Bibliotecas Escolar e Municipal Câmara Municipal de Sever do Vouga Dedicatória Este livro é dedicado a todos os alunos e professores envolvidos no projeto e a toda a Comunidade Escolar do Agrupamento de Escolas de Sever do Vouga. Arranjo gráfico Maria João Rocha
Índice
Capítulo I - Os Bitsongos - Pag. 6 Professores Alice Marques e Nélson Figueiredo Capítulo 2 - Mudança de Mentalidades - Pag. 8 elaborado por T4 de Sever do Vouga Capítulo 3 - Missão Salvar o Planeta - Pag. 14 elaborado por T2 de Senhorinha Capítulo 4 - A Poluição das Águas - Pag. 21 elaborado por T1 de Rocas Capítulo 5 - A União faz a Força - Pag. 26 elaborado por T3 de Sever do Vouga Capítulo 6 - O Poder da Felicidade - Pag. 30 elaborado por T1 de Dornelas Capítulo 7 - Um Aroma Transformador - Pag. 34 elaborado por T1 de Cedrim Capítulo 8 - Operação Famílias Unidas - Pag. 38 elaborado por T1 de Paradela Capítulo 9 - Missão Ativar o Modo Pacífico - Pag. 42 elaborado por T3 de Pessegueiro Capítulo 10 - Os Trappisongos vão à Escola - Pag. 49 elaborado por T2 de Silva Escura Capítulo 11 - Missão de Verão - Pag. 52 elaborado por T2 de Pessegueiro
Introdução Esta obra nasceu duma constatação discutida em Departamento: todos os projetos desenvolvidos pelos professores e alunos do 1.º CEB têm um cariz comum, são propostas de outras entidades e departamentos, alguns dos quais de interesse pouco relevante para os alunos deste nível de ensino. A situação faz-nos refletir: não seremos nós capazes de criar um projeto focado em problemáticas reais com que nos deparamos no dia-a-dia e que seja abrangente, transversal às várias disciplinas e significativo para alunos e professores? Depois de uma discussão participada, surgiu a ideia que aliava a leitura, a cidadania e a escrita: “Pela mão da leitura… na ponta do lápis”. Posteriormente, colocámos a professora bibliotecária ao corrente do nosso propósito que, apoiando a iniciativa, procurou elucidar-nos sobre a importância de incluir a ideia num projeto mais abrangente. Pesquisando projetos do Plano Nacional de Leitura para elaboração de candidatura, selecionámos “Leituras que Unem”. O projeto foi elaborado para ser desenvolvido nas turmas dos 3.º e 4.º anos, também com a colaboração do 2.º CEB. Definida a temática a desenvolver, temática essa que se prende com o facto de estarmos a assistir a uma perda/inversão progressiva de valores e princípios básicos de educação cívica que se reflete na forma de ser e estar nos variados contextos da sociedade, incluindo particularmente a escola, partimos para uma exaustiva seleção de obras literárias a explorar. Para a primeira fase do projeto foram escolhidas obras para leitura orientada em todas as turmas envolvidas e programado todo um conjunto de estratégias e atividades, visando uma mudança de comportamentos e atitudes e a formação de cidadãos informados, conscientes, críticos e mais responsáveis, quer pessoal, quer socialmente. Passando à fase da escrita, para garantir sequência e coesão, optou-se pela apresentação e ilustração de dois seres dotados de conhecimentos e capacidades do tamanho da imaginação dos alunos. Como personagens principais dos capítulos, irão intervir na Terra para resolver problemas que cada turma escolheu por considerar de relevada importância. Com a ajuda dos trappisongos e o intuito de, pondo em prática valores e atitudes já abordados na leitura, vão trabalhar para solucionar ou minimizar os problemas mais graves da Terra. 5
Aventuras dos Capítulo 1 – Os Bitsongos Num exoplaneta distante, que orbita à volta da estrela Trappist-1, situado a quarenta anos-luz da terra, vivem os trappisongos. São seres curiosíssimos, tanto pelas suas características físicas, como psicológicas. Os trappisongos não precisam de qualquer meio de transporte, conseguem deslocar-se a grandes velocidades em qualquer ambiente, seja terrestre, aquático ou aéreo. É a razão por que não precisam de pontes, estradas, linhas férreas, … Como não gastam o tempo na invenção de máquinas poluidoras e destruidoras, desenvolveram capacidades extraordinárias que usam para seu próprio benefício e para o bem de tudo o que os rodeia. Só recentemente os humanos descobriram este exoplaneta. No entanto, a Terra era já conhecida por aqueles seres desde os tempos primitivos. A sede de conhecimento de tudo quanto se passa e existe, aliada à facilidade de se deslocarem, contribuíram para que as viagens espaciais fizessem parte das suas rotinas. O planeta Terra tornou-se o destino mais apetecível pelos encantos que a sua natureza possuía.
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s Trappisongos Com o passar dos tempos, a constante azáfama dos humanos, que deixaram de ter tempo para si próprios e, menos ainda para os outros, tornou-se motivo de preocupação para os trappisongos: a Terra tornou-se um lugar perigoso e cheio de problemas. O sofrimento, gritante ou calado, era o sentimento generalizado… O desencanto, a tristeza que sentiam pelo que viam e ouviam deram lugar a desconforto, medo, angústia… O governo do quinto planeta do sistema Trappist-1 resolveu intervir, proibindo os seus habitantes, os trappisongos, de se deslocarem ao planeta Terra por este correr o sério risco de se autodestruir devido às atitudes irresponsáveis dos humanos. Mas dois amigos de longas e múltiplas viagens à Terra discordaram e não deram a causa como perdida: nela havia ainda belas paisagens, boas pessoas, plantas e animais raros… Não podiam desistir de ajudar! Usando múltiplas capacidades, Bitsongo e Bitsonga decidiram partir, rumo à Terra, com o firme propósito de fazer o bem e minimizar o sofrimento.
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Capítulo 2 - Mudança das mentalidades Bitsonga e Bitsongo, habitantes do planeta Trappist-1, são seres curiosos com grandes capacidades de deslocação. Eles utilizam a mente e os seus superpoderes para ações de proteção universal. Muito ágeis, elegantes, estranhos seres alados, deslocam-se com rapidez e eficácia. Trappisongos, assim chamados, usam roupas coloridas com cores vivas e a sua pele é esverdeada. Bitsonga tem o cabelo em forma de raios de Sol enquanto o cabelo do amigo é parecido com o cálice de uma flor. Os seus olhos são grandes, dando-lhes possibilidades de ver a grandes distâncias. Apesar dos orifícios dos ouvidos serem pequenos, têm uma grande capacidade auditiva. Cada um tem uma varinha mágica: a Bitsonga, uma flor e o Bitsongo, um lápis, cada uma com o seu significado: a flor da Bitsonga tem o poder da criação e comunicação com a Natureza; o lápis do seu companheiro transforma as máquinas destruidoras e reescreve palavras que mudam as más ideias dos humanos. Eles não precisam de meios de transporte pois conseguem deslocar-se em vários ambientes, seja o aéreo, o terrestre ou o aquático. Um dia, com os seus superpoderes, os trappisongos detetaram uma grande explosão no planeta Terra. Imediatamente se dirigiram para o planeta Azul como também era conhecido. Eles sabiam que neste planeta nem tudo corria bem. Alguns Homens, por vezes, não se entendiam nem se controlavam. São gananciosos e invejosos não se importando em destruir a Natureza e a humanidade. Os governantes de alguns países têm grande poder de decisão mas nem sempre decidem da melhor forma e os trappisongos sabem disso. Quando chegaram à Terra, com os seus superpoderes, descobriram que a explosão se deveu a um atentado terrorista. Viram casas destruídas, aflição e famílias desesperadas. A seguir veio a vingança, mais ataques, mais explosões, mais destruição. A Natureza estava triste e doente. Uma plantinha chamou pela Bitsonga e falou-lhe da sua dor e da dor de todas as plantas porque o que sentia uma, sentiam todas. Com tanta destruição e a Natureza a sofrer, Bitsongo e Bitsonga, pediram ajuda ao seu amigo Bistaing. Este trouxe consigo mais as ajudas do Bitseco e Bitseca que eram responsáveis pela proteção da Natureza. 8
Quando os seus amigos chegaram, reuniram-se para discutir a estratégia da ação. Infiltraram-se na reunião que os governantes tinham organizado. O Bitsongo, com o seu lápis mágico, modificou o discurso que passou a defender o ambiente. Enquanto isso, a Bitsonga, com a sua varinha mágica, atraiu algumas plantas e animais para a reunião, a fim de dar a oportunidade aos governantes de ouvirem as vítimas dos seus atos. Quando o governante começou a ler o discurso, verificou que não era aquilo que tinha escrito e começou a ficar atrapalhado e incomodado. Será que alguém tinha trocado os papéis onde estava o discurso que tanto trabalho lhe tinha dado a elaborar? E logo acontecer uma coisa daquelas perante a Assembleia formada pelos representantes dos mais poderosos países do mundo? O governante já transpirava e até gaguejava por não saber o que se estava a passar. Como iria explicar uma confusão daquelas?
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Então, a Bitsonga apresentou o representante do reino animal, o mocho, símbolo da sabedoria. De seguida, apresentou também o carvalho, representante do reino vegetal, símbolo da tradição e da resistência. Foi nesse momento que os governantes ficaram espantados. O que estariam aqueles seres ali a fazer? Tomando a palavra, o mocho disse: - Meus senhores e minhas senhoras. Há muitos anos temos sofrido com as vossas atitudes. Somos perseguidos, chacinados, ficamos sem as nossas casas, andamos sempre a fugir dos bombardeamentos e outros perigos, não conseguimos ter paz! Por sua vez, o carvalho falou: - Eu posso ser resistente, mas também sofro, tal como todas as árvores e plantas. Por isso, peço-vos para parar com a poluição, com os incêndios e com a devastação das florestas. E a água? Nem fazem ideia! Suja, com os esgotos das grandes fábricas poluentes, peixes mortos e outros que, apesar de não morrerem, ficam contaminados prejudicando a alimentação das pessoas. E as plantas aquáticas? Tudo contaminado! Façam leis adequadas e imponham regras! Orientem as populações para cumprir essas regras! Não pensem só no vosso bem estar e nos vossos lucros, lembrem-se também dos outros, de todos os que vos rodeiam! As palavras do mocho e do carvalho tocaram no coração dos governantes. Perante tanta tristeza, um dos governantes disse: - Vocês fizeram-nos aperceber dos nossos erros. Com tanta distração da nossa parte, nem demos conta dos vossos problemas. Prometemos mudar a nossa atitude e ajudar a tornar o mundo num lugar melhor. No final da reunião, o Bitsongo e a Bitsonga, agradeceram a colaboração dos governos por terem tomado a melhor decisão para o bem de todos. Os governantes foram, cada qual para o seu país, trabalhar no sentido de salvar a Natureza preservando o ambiente e contribuindo, assim, para o bem estar de todos. Após esta grande aventura, os trappisongos sentiram-se felizes e partiram satisfeitos por terem feito uma boa ação de ajuda à Humanidade.
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Capítulo 3 - Missão Salvar o planeta Na sua passagem pela Terra, Bitsonga e Bitsongo começaram a estar atentos a certos pormenores da Natureza e à tristeza de alguns animais. Como seres especiais, eles liam “os pensamentos” dos animais, entendiam o que diziam e comunicavam com eles. Junto ao Círculo Polar Ártico, no Pólo Norte, encontraram um urso polar em cima de um bloco de gelo que andava à deriva. Não se podia chamar iceberg, porque era demasiado pequeno, tinha fundido quase por completo. O urso estava tão triste, tão infeliz, porque estava a deixar de ter onde viver! O seu habitat natural estava a desaparecer devido ao aquecimento do planeta. Os dois amigos sabiam que o Homem era o grande responsável por esta destruição, ao cortar ou queimar as florestas sem as replantar, ao abusar do uso de combustíveis poluentes como a gasolina e o gasóleo,… Mais à frente, encontraram algumas raposas-do-ártico que vagueavam num grupo muito pequeno. Contaram que, de vez em quando, apareciam pessoas que as caçavam para lhes tirarem a pele para fazer casacos. Estavam preocupadas, porque o grupo estava a ficar cada vez mais reduzido, estavam a desaparecer. Desceram até à Península Ibérica, no continente Europeu, onde encontraram um grupo de apenas quatro linces ibéricos, uma espécie já muito enfraquecida, quase extinta. Caminhavam lado a lado, já velhos. Contaram que quase todos os familiares portugueses tinham desaparecido. Queixavam-se da caça ilegal e da destruição do seu habitat natural com os incêndios florestais. O Homem, mais uma vez, como o grande culpado… Ainda na Península Ibérica, chegaram ao estuário do Tejo, onde habitam milhares de espécies animais (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, moluscos, répteis e insetos). A reserva natural do estuário do Tejo encontra-se em risco de perder muitas delas, devido à poluição lançada pelas fábricas que ficam à beira do rio e à falta de limpeza do lixo sólido das suas águas. Isto foi-lhes contado por alguns dos flamingos e gansos-bravos que também começavam a sentir-se ameaçados. Exploraram bastante o planeta e chegaram à Austrália onde um grupo de koalas dizia estar a perder muitos dos seus elementos. Os incêndios florestais, alguns ateados pelo Homem, e os lenhadores eram os principais causadores da 14
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destruição do seu habitat e da falta de alimentos. Em busca de alimento, alguns koalas deslocam-se para as cidades mais próximas, correndo o risco de serem atropelados e caçados. Bitsonga e Bitsongo estavam tristes e cada vez mais preocupados. Será que os humanos, habitantes da Terra, não viam o que estava a acontecer no seu planeta? Será que os humanos não se apercebiam que eles próprios estavam a causar a sua destruição e de todas as espécies que nele habitam, aniquilando-se a si próprios, também? O Homem é o seu maior inimigo! Os nossos amigos, Bitsonga e Bitsongo, tinham que pensar rapidamente numa forma de salvar a Terra e protegê-la do descuido do Homem. Os dois decidiram percorrer a Terra, passando por todos os continentes, por todos os países, e chegar a toda a população, a todos os governantes, a toda a Humanidade… O seu objetivo era usar um dos seus “poderes”, aquele que nunca tinham usado: conseguir que, por onde passassem, todos vissem aquilo que eles queriam.
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E, afinal, o que é que todos viram? Os nossos amigos fizeram com que os humanos “viajassem no tempo” mostrando-lhes como estará a Terra daqui a alguns anos, não muitos, se não mudarem os seus hábitos e não cuidarem dela. Ficaram a conhecer não um planeta azul, mas um planeta cinzento, onde o verde das florestas estava transformado em cinzas e carvão; onde o branco dos glaciares se transformou em água e o azul do mar e dos rios passou a castanho e negro devido à poluição; onde os passarinhos deixaram de cantar e desapareceram pela tristeza de perder o seu lar; onde as espécies animais se extinguiram pela destruição do seu habitat e pela falta de alimento... Foi este o planeta que todos viram e que não reconheceram como sendo a sua Terra, o seu planeta azul. Esta visão “abriu os olhos” aos homens e obrigou-os a pensar nas asneiras que têm vindo a fazer e na forma como têm maltratado o seu planeta. Acima de tudo, o Homem chegou à conclusão que está nas suas mãos preservar a vida na Terra, incluindo a sua própria vida.
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Capítulo 4 - A poluição das águas Todos os Homens da Terra, sem dar conta, poluem o ambiente, e mais grave, os cursos de água. Assim, matam a sua comida do dia-a-dia (seres vivos aquáticos) e algumas pessoas também morrem com doenças causadas pela poluição. No planeta Bits, onde não há poluição nem máquinas, vivem dois trappisongos que querem ajudar a população da Terra. Nesse planeta azul e distante moram dois irmãos gémeos que, a cada dia que passa, sofrem com a poluição. Esses terrestres são muito sensitivos, e por conseguinte, durante a noite, tinham pesadelos. Os trappisongos sentiam cada um desses pesadelos através de ondas cerebrais à velocidade da luz, como se fosse um apelo. Mas estas ondas, ao contrário de todas as outras, eram muito negras.Tão negras, que os trappisongos mudavam de cor de cada vez que as sentiam. Devido à ânsia de tentar ajudar os seus amigos gémeos, decidiram ir ao planeta Terra. Mas no planeta Bits reinava um problema: havia um rei chamado “Cabeça de Alho Chocho” que, com medo, não deixava ninguém abeirar-se da Terra. Quando chegaram, abraçaram os amigos terrestres como se de velhos amigos se tratassem. Após um breve convívio, os trappisongos perguntaram- lhes porque 21
os tinham chamado, os quais responderam: - Vocês tinham de vir porque, a cada segundo, a poluição aumenta. Na verdade, quando pousaram os pés na terra, os trappisongos ficaram espantados com a poluição que os terrestres faziam. Tanto, que acharam que deveria ser proibido lançar lixo em rios, praias, lagos,…, despejar óleos na rede de esgotos… que não se deviam utilizar agrotóxicos em fontes hídricas nem desviar esgotos domésticos e industriais para os rios, além de que se deveria fiscalizar e adotar medidas corretivas nas fábricas que lançam resíduos tóxicos nos meios aquáticos. Então a Bitsonga teve uma ideia e disse: - E se trouxéssemos a nossa alga verde, grande e sugadora? - Boa ideia! - exclamou o Bitsongo. Foram a Bits e voltaram à Terra em 5 minutos, percorrendo 8993773,400 km (299792458 m/segundo - velocidade da luz), atiraram a alga sugadora para os cursos de água para que ela deglutisse a poluição. Mas tal não resultou porque, quando a alga ficou cheia, explodiu e espalhou o lixo de novo pelas águas. Então o Bitsongo pensou e teve outra ideia: - E se nós criássemos vários “outdoor’s” a dizer para não poluírem os cursos de água e fôssemos colocá-los em todos as praias do mundo? Os trappisongos tinham observado que se deveria separar, reciclar e reaproveitar tudo aquilo que fosse possível, andar mais a pé e de bicicleta, não desperdiçar água e fechar sempre as torneiras, não introduzir novas espécies de peixes num rio para assim preservar o equilíbrio ecológico, reduzir o consumo de energia elétrica, ensinar os mais novos a amar e a respeitar a natureza, não maltratar animais domésticos ou selvagens, nunca atirar lixo para o chão... Os trappisongos repararam que, se tudo continuasse como estava, no futuro faltaria água potável. Seria difícil encontrar terras livres de poluentes para a agricultura, animais pertencentes à cadeia alimentar humana extinguir-se-iam, fazendo com que o ser humano passasse dificuldades que poderiam até causar uma crise mundial. - Talvez resulte!!! – respondeu a Bitsonga. Eles lá foram criar os “outdoor’s”. No entanto, voltou a não resultar, as pessoas não ligavam a nada do que eles diziam. - Bitsongo, Bitsongo! – entusiasmou-se a Bitsonga – Que tal utilizarmos 22
aquela poção azul, brilhante e límpida chamada “Limpa Tudo”? - Tem lá calma… mas é uma excelente ideia! – respondeu orgulhoso o Bitsongo. Lá foram eles ao planeta Bits e voltaram com a poção “Limpa Tudo”. Espalharam-na por todo o lado mas, passado pouco tempo, os cursos de água começaram a ter um cheiro nauseabundo. - Ora bolas… ainda não foi desta!!! – exclamou a Bitsonga. - Eu acho que já tenho uma ideia que vai resultar… - disse o Bitsongo a tentar acalmar a Bitsonga. - Qual é?... Qual é?... – perguntou a Bitsonga toda entusiasmada. - A separação, a reciclagem, a reutilização e a redução dos lixos! – Continuou o Bitsongo. - Como é que se faz isso? – interrogaram-se os gémeos. - A reciclagem serve para diminuir a produção de lixo... - respondeu o Bitsongo. - Como assim? Explica melhor. – pediu-lhe a Bitsonga. - Devemos colocar o papel e o cartão no ecoponto azul, o plástico e as latas no amarelo … e o vidro no verde; tudo de forma organizada e não misturado e espalhado por todo o lado, incluindo nos cursos de água… Além de que existem outros depósitos para as pilhas, para os óleos domésticos, para as lâmpadas e para os eletrodomésticos. A redução serve para reduzir o que utilizamos no dia a dia, e a reutilização é para transformar o lixo em coisas novas que precisamos. - continuou o Bitsongo. - Depois de ouvir a tua explicação, acho que é uma excelente ideia! - respondeu-lhe a Bitsonga. Mas antes, o Bitsongo pegou no lápis e desenhou um estendal de roupa, no qual começou a pendurar a poluição que encontrava. Com o estendal, as pessoas reconheceram os seus lixos, o que as deixou extremamente envergonhadas e deram conta da enorme quantidade existente nas águas. Com tudo isto, ensinaram as pessoas da Terra a fazer a separação e reciclagem e também começaram a reutilizar e a reduzir os seus lixos. Foi assim que conseguiram limpar os cursos de água e todo o ambiente.
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Catítulo 5 - A união faz a força Mais uma vez, Bitsongo e Bitsonga viajaram até à Terra porque sabiam que o planeta corria risco de se autodestruir e a vida humana estava em risco. Chegaram a um local do planeta Terra, num verão muito quente, dias com muitíssimo calor e de enorme seca, e observavam que as pessoas, na sua vida de trabalho e de lazer, andavam aborrecidas devido ao imenso calor que se sentia. Ao sobrevoarem este pequeníssimo país, um retângulo à beira do Oceano Atlântico, num continente situado no Hemisfério Norte, foram atraídos pela enorme e densa fumaça que cobria aquele país. Levados pela sua curiosidade, Bitsongo e Bitsonga foram de imediato investigar o que se passava. Que criatura era aquela que aumentava a sua forma e se tornava cada vez maior? Apesar de estarem receosos, iniciaram a sua descida e foram “engolidos pelo monstro”, mas não tiveram qualquer problema porque o fumo não lhes fazia mal. À medida que se aproximavam da “barriga do monstro”, sentiam um grande calor, no entanto, não os prejudicava. Viram algo estranho, parecia que o Sol tinha caído na Terra e ficaram preocupados e espantados. - O que aconteceu ao Sol? Como veio aqui parar? – questionou Bitsonga. - Também estou tão espantado quanto tu! Precisamos descobrir o que se está a passar! – respondeu Bitsongo Aproximaram-se e aperceberam-se de que não era o Sol, mas “línguas de fogo” que costumavam ver nos seus dragões de estimação. Ambos pensaram que na Terra também existiam dragões. - Nada preocupante, os dragões são inofensivos – pensaram ambos. Estavam completamente equivocados. A vegetação, a floresta, as árvores, as plantas, tudo estava a mudar de cor! O verde e o colorido das flores transformava-se em negro, o ar ficava completamente irrespirável e o azul do céu passava a cinzento. Os animais fugiam dos seus habitats, estavam confusos, desorientados, desesperados, aflitos, porque não sabiam para onde ir, precisavam de um lugar seguro. Os humanos estavam nervosos, angustiados, gritavam por ajuda porque viam a destruição chegar às suas casas, aos seus terrenos, aos seus locais de tra26
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balho, aos seus animais… Corriam de um lado para outro, com baldes de água e mangueiras para tentar proteger os seus bens. Observaram que a Terra já era conhecida e habitada por outros seres diferentes. Usavam fatos vermelhos, capacetes com proteções, botas pretas resistentes, máscaras e usavam umas “armas” que deitavam água e os ajudava no combate às “línguas de fogo”. No meio da confusão, Bitsongo e Bitsonga ficaram surpreendidos com algo inesperado. Uma ave pequenina, com penas cor de céu, cor do pôr do Sol e um colarzinho cor da neve apareceu. Parecia uma ave frágil e indefesa mas, ao mesmo tempo, corajosa, determinada, que sabia o que fazia, ágil e destemida. Bitsongo e Bitsonga ficaram durante algum tempo a contemplá-la. Muito atarefada, a avezinha procurava água de um rio que por ali passava. Era um rio sinuoso, com um pequeno caudal e um leito pouco profundo, com margens ainda verdes. A avezinha esvoaçava de um lado para outro, vezes sem conta e, nas suas viagens, trazia água no seu pequeno bico, na esperança de salvar a Natureza daquelas “línguas de fogo” que teimavam destruir tudo o que estava ao seu redor. Bitsongo e Bitsonga ficaram espantados com a atitude daquele ser tão pequenino. Afinal, ainda havia seres na Terra com muita coragem para salvar o seu planeta. - Uau! Esta avezinha é extraordinária! É extraordipisttonga! – disseram os nossos amigos. - Obrigada pelo elogio, mas são horas de salvar este país! Ajudem-nos! – suplicou a avezinha. Os outros animais da floresta, ao verem a atitude da pequena avezinha, também quiseram ajudar, pois as suas “casas” estavam a ser destruídas.Todos saltavam, corriam, rastejavam, voavam, marchavam em direção ao rio para irem buscar água para combater as chamas que tudo destruíam. As outras aves seguiam o exemplo da pequena avezinha, transportando água. Os outros animais tentavam ajudar como podiam, mas tinham mais dificuldades em transportá-la. - Rapitrappist! Rápido! Temos de ajudar estes seres a transportar a água para conseguirem combater as “línguas de fogo”! – gritaram ambos. Bitsongo e Bitsonga, atentos ao que se passava, estavam muito admirados 28
com a preocupação daqueles seres tão pequenos. Os nossos amigos resolveram ajudar, recorrendo às suas capacidades extraordinárias de seres extraterrestres. Bitsongo, com o seu “lápis”, desenhou uma gigante esfera suspensa no ar, por cima do rio, e a Bitsonga, com a sua “flor”, retirava a água do rio que enchia a esfera. Unidos, empurraram a esfera de água que, ao aproximar-se do fogo, se desfazia indo cair nas chamas que se apagavam rapidamente. Bastaram algumas esferas de água para terminar com as “línguas de fogo”. No final do dia, todos descansavam, com sentimento de alívio e de felicidade, pois tinham salvado este pequeno e belo país. - Obrigado, estamos muito gratos. Não sei o que seria de nós, dos nossos habitats, sem a vossa preciosa ajuda – disseram os animais em coro. - De nadatrappist! Ajudar é o nosso lema. Estamos muito felizes por ver que na Terra ainda há seres que se preocupam com o meio ambiente – disse Bitsongo. - Estou trappisfeita! Os seres pequeninos têm muito valor, deram-nos uma lição de solidariedade, isto é, como se diz na nossa língua: solidariedatrappist! Bitsongo e Bitsonga partiram em busca de novas situações em que a sua ajuda seja imprescindível. 29
Capítulo 6 - O poder da Felicidade Numa aldeia do planeta Terra vivia um menino triste porque, apesar de não se importar de se chamar Milo, que era o seu primeiro nome, já ficava angustiado por causa do seu apelido: Achado! Reza a lenda de que, na família de Milo, algures no Futuro, alguém haveria de ser achado para uma aventura muito importante. Essa mesma lenda dizia que, havia de ser no Lago das Lágrimas, na Fonte da Pedra Baixa que, quem fosse encontrado, reescreveria um novo destino para a vida. Milo era um rapaz solitário, porque não tinha amigos. A sua timidez não lhe permitia mostrar-se verdadeiramente aos meninos da sua idade. Como não tinha amigos, a sua mãe era a sua confidente. O Milo também era o confidente da sua mãe, porque o seu pai estava ausente no estrangeiro para ganhar algum dinheiro para sobreviverem. Era à noite, que depois do jantar e sentados à beira da lareira, o Milo e a mãe revelavam os seus segredos, sussurrando no silêncio noturno. Durante o dia, a sua mãe ia para a Quinta da Encosta dos Túneis onde se esforçava bastante para ganhar algum dinheiro a tratar da mesma e a limpar a casa dos donos. Todos os dias, o Milo ia para a Fonte da Pedra Baixa, onde se escondia para, juntamente com a nascente, derramar as suas lágrimas. Desta forma, ele procurava uma razão para o seu nome e para a sua vida. Foi então, que de repente, e com a vista turva do choro sentiu surgir com muita rapidez os dois trappisongos. Milo ficou assustado quando viu duas criaturas a voar à sua frente e escondeu - se atrás de uma árvore. De seguida, muito assustado e intrigado foi para casa. Depois de jantar, já sentado à frente da lareira, Milo estava tão murcho que a mãe lhe perguntou: - O que se passa filhote?... Milo respondeu abanando com os ombros, sem dizer nada. Foi então que a mãe lhe voltou a perguntar: - Estás muito estranho! De certeza que estás bem? O Milo, voltou a não dizer nada, afirmando somente com a cabeça. A mãe fingiu que acreditou e deixou-o em paz, tendo a certeza de que ele, mais tarde ou mais cedo, acabaria por lhe dizer. Mas o Milo não parava de pensar no que tinha visto. 30
No dia seguinte, preocupado com tais criaturas, o Milo pensou levar-lhes uma tablete de chocolate, e assim as conhecer melhor. Ele queria tornar-se amigo deles e saber quem eram e de onde vinham. O Milo chegou então à Fonte da Pedra Baixa, e gritou bem alto: - Quem são vocês? ... O que são? ... Os trappisongos não responderam. Como última tentativa, Milo deixou um pedaço de chocolate junto à fonte e aguardou escondido e encostado a uma árvore. Como eram muito curiosos, não resistiram e muito devagarinho, foram investigar. Depois de experimentarem, descobriram que aquela “coisa” castanha com pequenos retângulos desenhados, era afinal muito saborosa. No fim de provarem o chocolate, pensaram que o Milo até poderia ser de confiança e resolveram aproximar-se dele e trocar algumas palavras para se conhecerem melhor. Foi então, que nesse preciso momento, o Milo tossiu, e os trappisongos ficaram confusos. Preocupados, observaram-no e descobriram que, ao contrário dos trappisongos, que jamais adoecem, estava muito doente. Coisa nova para eles!!! Foi nesse momento que descobriram mais uma boa razão para desafiar o seu líder que não os queria deixar partir, e fazer esta viagem para este planeta. O Planeta Terra estava cheio de doenças... No dia seguinte, o Bitsongo e a Bitsonga foram a um laboratório abandonado. Eles ficaram lá a fazer várias experiências. Primeiro pegaram numa batata, espremeram-na e, com o seu sumo, fizeram uma mistura com um cabelo do Milo que tinham guardado num bolso dos seus fatos… Mas, depois de a darem ao Milo, a única coisa que causou foi uma careta feia na sua cara. Depois tentaram com musgo e saliva de rato e queriam dar a beber ao Milo, mas, como tinha visto aquela mixórdia a ser preparada, fugiu… Os trappisongos começavam a achar que não conseguiam produzir a substância milagrosa que iria curar o Milo. Mas não desistiram!... Passaram vários dias, e os trappisongos fizeram tantas experiências que acabaram por fazer explodir o barraco, quando tentaram misturar gasolina do carro velho com fogo. A explosão foi tão grande que as criaturas foram projetadas para um campo de flores. Quando aterraram, as flores criaram uma nuvem de pólen de várias cores tão bela, que lhes desenhou um sorriso nos lábios. Mas, quan31
do olharam para os destroços da explosão, desanimaram: - Estávamos quase a descobrir a cura, e a explosão deu cabo de tudo! desabafaram os trappisongos. De qualquer maneira, caso descobrissem a cura para todas as doenças do Planeta Terra, teriam de fazer em grande quantidade. Jamais conseguiriam curar todos os terrestres. Era algo quase impossível de conseguir! Assim sendo, a única possibilidade era utilizar a sua magia para tornar os terrestres mais felizes. Depois dessa observação, a Bitsonga lembrou-se da nuvem de pólen que criaram quando caíram após a explosão. Então, fez uma nuvem de pólen com a flor que nunca largou da sua mão desde que tinha aterrado pela primeira vez no planeta Terra. Por sua vez, o Bitsongo, com o seu lápis, escreveu a palavra “Felicidade”, lembrando-se da alegria que tiveram quando estavam mergulhados na nuvem colorida de pólen. Assim, continuaram, os dois juntos, com as suas asas, a espalhar a Nuvem Mágica pelo mundo inteiro. Os céus encheram-se do Pólen da Felicidade, e dessa forma, toda a gente ficou extremamente feliz. O Milo, intrigado, perguntou aos seus amigos: - Mas então, vocês não estavam à procura de uma cura para as doenças? - Sim!!! - responderam os trappisongos. - Então por que razão é que vocês se puseram a inventar um pó que faz as pessoas mais felizes???... - continuou o Milo - Isso não cura ninguém!!! Mas entretanto, os trappisongos já tinham voado para longe… Estranhamente, o Milo sentia-se mais feliz. O seu apelido já não o atormentava tanto, olhava para a vida de uma forma mais alegre e positiva. O que os terrestres não sabiam é que o pólen tinha um efeito placebo. As pessoas podiam não ter ficado curadas, mas passaram a viver de uma forma mais feliz, e essa era a forma mais saudável de enfrentar a tristeza e a doença.
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Capítulo 7 - Um aroma transformador Nas muitas viagens que tinham feito à Terra, Bitsongo e Bitsonga descobriram o sofrimento de muitas pessoas desfavorecidas. De todas elas, Bitsonga não conseguia deixar de pensar nas crianças. Aliás, nessa noite ela não conseguiu pregar olho. Bateu à porta do quarto de Bitsongo e entrou quase sem pedir licença. Aflita, mas decidida, disse: - Bitsongo! Temos que voltar à Terra. - Que chata! Deixa-me dormir, onde é que já se viu acordar-me a meio da noite para fazer uma coisa proibida!? – resmungou, sonolento. - Como é que consegues dormir sabendo que, no Sudão, há 10 milhões de crianças a dormir na rua; no Brasil, 7 milhões de meninos de rua; na Síria, por causa da violência, 8,6 milhões de crianças a viver em condições precárias; sabias que metade dos 60 mil sem abrigo de Nova Iorque são crianças? E que, numa cidade como o Porto, há 100 crianças a viver na rua? E que … - neste momento foi interrompida por Bitsongo: - Pronto! Pronto! Já percebi. Para de debitar. - Deixa-me concluir! - e continuou – a UNICEF alertou que cerca de 11 milhões de crianças na África oriental e meridional correm risco e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima que há 115 milhões de menores a trabalhar em condições de risco, no mundo – retorquiu Bitsonga. Enquanto Bitsonga acabava de falar, Bitsongo, com o seu lápis, fez rapidamente um holograma de si mesmo e outro da Bitsonga. Enquanto Bitsonga concluía, Bitsongo já estava vestido e já tinha terminado os hologramas. Colocaram um holograma no quarto de cada um para que Trappi-king não reparasse que eles se tinham ausentado de Trappist-1 para mais uma viagem proibida. - Pronto! – disse Bitsongo – Agora podemos ir à Terra teletransportados pelo meu lápis e a tua varinha. Ele fez um desenho da Terra para irem para lá rapidamente e assim não serem vistos pelas câmaras à saída de Trappist-1. Aproveitaram a parte escura do exoplaneta e partiram rumo à Terra. Bitsongo e Bitsonga aterraram no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Ficaram estarrecidos com o que viram. O que acabavam de ver era muito pior do que o que 34
tinham imaginado. Meteram conversa com um menino: - Olá! Eu sou o Bitsongo e ela é a Bitsonga. E tu, como te chamas? - Chamo-me Zacarias – respondeu o menino – tenho nove anos. Sabem, eu gostava muito de ir à escola mas não tenho ninguém que me leve e traga para casa ao fim do dia. - e desatou a chorar. - Não chores, - disse Bitsonga comovida - vamos tentar ajudar-te. Perceberam que ali não havia ninguém a preocupar-se com estas crianças. De seguida, teletransportaram-se para a Síria onde viram muitas pessoas em grande sofrimento. Era um sítio paupérrimo. Estava tudo destruído pela guerra. Bitsongo desenhou, com o seu lápis, uma janela para os vários lugares e países do planeta Terra e observaram os milhares de crianças em risco. Perceberam que muitos adultos poderiam acabar com este sofrimento mas faltava-lhes a vontade. Os Bitsongos entreolharam-se e ela disse, com um sorriso cúmplice: - Estás a pensar no mesmo que eu?!... Decidiram retirar-se e passar a noite no Mosteiro Trapista Nossa Senhora da Boa Vista, no Brasil. Uma vez aí, só descansaram quando concluíram o plano para o dia seguinte. - Testaste a tua varinha mágica? - perguntou Bitsongo. - Sim - respondeu Bitsonga. - Verificaste a intensidade do aroma? - inquiriu Bitsongo, ainda preocupado. - Sim. Nem mais nem menos, está na medida certa para o que vamos fazer. Ainda era de madrugada quando iniciaram o plano. Bitsongo, sem demora, desenhou uma janela para cada quarto de pessoas importantes nos países onde havia crianças desfavorecidas. Bitsonga entrou em cada quarto e lançou uma dose de aroma da sua varinha para cada uma dessas pessoas poderosas: homens ricos, políticos e governantes. Estas pessoas, ao inalar aquele aroma, viram-se instantaneamente transformadas em crianças a viver nas ruas dos seus países. Sofriam o frio e o calor, a fome, a guerra, a dureza do trabalho, a solidão e todas as tristezas que milhares de crianças desfavorecidas sofrem. - Esta experiência deve ser suficiente. – disse Bitsongo – Esperemos. 35
Os homens poderosos ficaram presos naquela situação durante meses. Quando voltaram ao seu estado normal, não conseguiam deixar de pensar no que tinham sofrido. Fizeram telefonemas e enviaram e-mails. Decidiram fazer uma grande reunião. Deixaram de ser do G8 ou do G20 e criaram o GH (Grupo da Humanidade). Ordenaram a construção de casas e escolas, providenciaram comida e roupa para todas as crianças; conseguiram até acabar com guerras. Os governantes decidiram fazer um discurso para toda a gente através dos meios de comunicação social: televisão, rádio, internet… Esta notícia correu 36
por todo o mundo e muitas pessoas ficaram sensibilizadas e decidiram contribuir para este projeto. A quantidade de crianças adotadas aumentou porque muitas pessoas quiseram dar um lar a estes meninos e meninas; outras pessoas decidiram ajudar, contribuindo com ajuda financeira ou oferecendo mão de obra; dedicando o seu tempo livre a fazer voluntariado; outras contribuíram com bens essenciais: alimentos, vestuário, produtos de higiene, medicamentos e material escolar. Bitsongo e Bitsonga voltaram teletransportados para Trappist-1, muito felizes por terem completado a sua missão. 37
Capítulo 8 - Operação Famílias Unidas Estavam os dois extraterrestres num momento de lazer, apreciando as belezas naturais do parque natural da Peneda Gerês quando, de súbito o céu escureceu. Poucos momentos depois, a chuva fez-se sentir e decidiram procurar um abrigo para se protegerem. Enquanto se teletransportavam, avistaram uma gruta que acharam ser o local ideal para se abrigarem. Durante a permanência na gruta, ouviram um barulho que lhes pareceu ser a chuva. Mas Bitsonga rapidamente percebeu que se tratava de um choro. Curiosos, quiseram indagar o que estava a acontecer. Saíram e seguiram o estranho som até chegarem a um carro que estava estacionado debaixo de um frondoso carvalho. No seu interior uma jovem mulher chorava desesperada. Ao vê-los, assustou-se e tentou arrancar com a viatura, mas desistiu pois eles teletransportaram-se para junto dela. - Não temas, estamos aqui para ajudar! – acalmou Bitsonga. - O que se passa contigo?- quis saber Bitsongo. - Saí de casa… e acho que ainda ninguém deu pela minha falta… - e soluçou profundamente. - Mas o que te levou a sair de casa? – perguntaram os dois em coro. - Hoje sentámo-nos à mesa para jantar, como habitualmente, e todos tinham um telemóvel na mão, freneticamente enviando mensagens. No final levantei a mesa e perguntei se tinham gostado da refeição. - E então? – perguntou Bitsongo. - Responderam que estava fantástica… – continuou ela. - Não me parece que isso seja mau… gostaram dos teus cozinhados… - Nem sequer provaram… pareciam hipnotizados… E os seus olhos ficaram ainda mais translúcidos. Próximo deles havia uma gigantesca e horrorosa antena de telecomunicações e, com o poder da mente, os dois bits desativaram-na. Em inúmeros lares, momentaneamente, saíram do estado de letargia famílias inteiras, que se abraçaram como se regressassem de uma longa viagem. - Volta para casa e manda notícias! – despediram-se eles. 38
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Ao abrir a porta, foi agradavelmente surpreendida com o melhor presente de sempre: a sua família unida e ansiosa por abraçá-la! Daí em diante, os telemóveis nunca mais foram usados para se distanciaram milhares e milhares de famílias. E assim se concluiu mais uma missão dos trappisongos.
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Capítulo 9 - Missão Ativar o Modo Pacífico Num belo dia de primavera, sob um sol ameno e uma paisagem deslumbrante, os trappisongos pousaram suavemente no terraço que fica por cima do portão da entrada da Escola Secundária de Sever do Vouga. - Que grande trappifício! Que será? – perguntou admirada a Bitsonga. - Não sei! Será um daqueles trappifícios onde os humanos ficam hospedados quando viajam? Ou um daqueles sítios onde vão buscar coisas a troco daqueles papéis ou chapinhas a que chamam dinheiro? – questionou pensativo o Bitsongo. - Só com seres humanos ainda jovens?! Com mochilas às costas?! Deve ser é um local onde se vai buscar conhecimento. Vamos usar o modo invisível e ver lá por dentro. Parece ser um sítio fixe. Tem muito movimento. Estes seres humanos ainda duram há pouco tempo, costumam ser mais felizes e alegres do que os que já duram há longo tempo e do que os que já duram há médio tempo. E os seus rostos, apesar de terem uma cor esquisita, parecem contentes. Então, já em modo invisível, pousaram à entrada daquela estrutura e entraram pelo portão. Acharam estranho que os seres ali presentes passassem um pedaço retangular de cartão numa ranhura da 42
entrada, que fazia aparecer uma foto num ecrã. Devia ser coisa de humanos, por isso não deram grande importância e entraram. Pararam um pouco, sem saber que rumo seguir. De repente, um ruído estridente fez-lhes doer os ouvidos e logo se instalou uma grande confusão. Os seres humanos, uns já com uma altura média para a sua espécie, outros ainda em fase de crescimento, circulavam em várias direções, mas grande parte dirigia-se numa determinada direção. Resolveram segui-los. Desceram umas escadas e entraram numa grande divisão cheia de mesas e cadeiras. Ao fundo estava um balcão onde alguns seres humanos fêmeas, serviam comidas estranhas, mas habituais para os humanos. Foram observando o que se passava à sua volta e aperceberam-se que, quando um grupo de jovens mais velhos chegaram à fila junto ao balcão, empurraram para o lado uns jovens mais novos e pequenos e tomaram o seu lugar. Os rapazes mais novos foram ficando para trás na fila, mas iam aparecendo sempre rapazes mais velhos que faziam o mesmo que os primeiros. Isso fez com que esses humanos mais jovens não fossem servidos antes de se voltar a ouvir aquele ruído estridente que os trappisongos deduziram tratar-se do toque de chamada, pois vários daqueles seres movimentaram-se e dirigiram-se 43
para as salas. - Estou cheio de fome! – dizia um dos rapazitos. - Esquece a fome. Já é para entrar. Já sabes que é assim quando eles aparecem - respondeu outro. E lá seguiram o seu rumo. Os trappisongos decidiram continuar a sua exploração ao local. Passaram por umas pontes brancas que lhes pareceram engraçadas. Cruzaram com um grupo de raparigas e ouviram uma a dizer, com ar de troça: - Sai daqui, ó gorda! Não tens capacidade para pertencer ao nosso grupo. Com esses óculos, pareces a tua avó. E dizendo isso deu um empurrão na colega que, deixando cair os óculos, se partiram. A rapariga apanhou-os e afastouse com os olhos cheios daquele líquido a que os humanos chamam lágrimas. - Que maldade! - exclamou a Bitsonga. - Realmente! - concordou o Bitsongo – Afinal estes seres, apesar de jovens, também sofrem. Há alguns que, efetivamente, apresentam um semblante triste e desanimado. E continuaram a sua visita.
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Ao passar junto dos cacifos, repararam que um grupo de três rapazes se preparavam para fazer qualquer mal-dade a um jovem que passava apressado. Um deles, com ar malvado, esticou o pé e passoulhe uma rasteira. O rapaz estatelou-se no chão e os seus livros espalharam-se pelo piso. O rapaz levantou-se, apanhou os seus livros e seguiu o seu caminho com o nariz a sangrar. O grupo seguiu o seu destino às gargalhadas. Os trappisongos acharam que tinham de fazer ver àqueles humanos que o que estavam a fazer era muito errado, pois estavam a tornar a vida de alguns, um verdadeiro inferno (que era a pior coisa para os humanos, segundo o que já tinham aprendido sobre a espécie). Com a sua capacidade de gravar todas as imagens que viam no seu processador, resolveram projetar, através dos seus olhos especiais, todas as cenas que consideravam erradas e negativas, nas paredes brancas daquele edifício. Ninguém sabia de onde tinham aparecido aquelas imagens… Só os trappisongos que continuavam em modo invisível! Durante um dia as imagens iluminaram as paredes. Os culpados, ao
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verem as imagens, tomaram consciência da gravidade das suas feias ações. Resolveram pedir desculpa àqueles a quem tinham magoado e foram perdoados. Os seus olhos e os seus corações deixaram entrar sentimentos mais positivos e tornaram-se mais felizes, conseguindo fazer os outros mais felizes também. Claro que ainda havia alguns daqueles humanos que continuavam com uma certa vontade irritante de fazer umas partiditas maldosas aos outros mais frágeis, mas o medo de que as imagens das maldades aparecessem nas paredes novamente, tornava-os mais humanos e simpáticos. Os trappisongos, satisfeitos pelo seu trabalho, decidiram continuar a sua visita exploratória em outro lugar. Foram voando e observando tudo. Aquele planeta era, realmente, encantador, apesar de aqui e ali existirem uns tubos virados para cima que largavam uns gases mal cheirosos que os faziam tossir. Acharam que deveriam ir investigar que trappifícios eram aqueles. Resolveram pousar no telhado de um deles e, em modo invisível, entrar. Lá dentro, viram objetos estranhos que não faziam ideia para que serviriam, mas ouviram um dos humanos que se encontrava junto de um deles a dizer para outro: - Cada um destes “meninos” é capaz de fazer ir pelos ares uma cidade! 46
- E arredores! – acrescentou. - Até me custa trabalhar aqui, sabendo que o que faço é tão destrutivo. – continuou o primeiro. - Pois é, mas precisamos do dinheirito do salário. – concluiu o colega. E seguiram para outra divisão do edifício. Os trappisongos não perceberam muito bem o que eles queriam dizer com aquilo, mas aperceberam-se que não era coisa boa. Investigaram na sua base de dados portátil, existente na cabeça de cada um, para que serviam aqueles objetos. Ficaram horrorizados com os danos que poderiam causar naquele planeta tão lindo. Como poderiam seres humanos querer fazer tanto mal a outros seres seus irmãos? Pensaram em agir e utilizar as suas armas secretas para reverter a situação. O Bitsongo, com o seu lápis mágico, apagou aquelas coisas perigosas e desenhou outras parecidas, mas sem os pós explosivos no seu interior. Então, a Bitsonga sacudiu a sua flor mágica e o seu pólen caiu no interior dos objetos. Era pó mágico do amor. Quando os objetos explodissem iriam espalhar pelo planeta bons sentimentos: amizade, carinho, fraternidade, ternura, alegria, solidariedade e muitos outros, que encheriam os corações dos humanos de felicidade. Satisfeitos, saíram dali em direção a outro local. 47
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Capítulo 10 - Os trappisongos vão à escola Contrariamente ao governo do seu planeta, os dois trappisongos, a Bitsonga e o Bitsongo, muito aventureiros e corajosos, decidiram partir de novo para o planeta Terra. Sem nenhuma ajuda dos companheiros e governantes, prepararamse para a sua longa mas rápida viagem. Levaram pouca coisa: comida saudável, produtos de higiene, roupa confortável, muita coragem e alegria. Ao chegar à Terra avistaram nuvens de fumo preto e cinzento que cobriam partes do planeta. Ao verificarem o estado dos vários países, observaram incêndios, poluição, lixo no chão,… andando mais um pouco, encontraram pessoas a pedir ajuda, com fome, outras que não tinham casa pois fora destruída e… viram uma escola com meninos a maltratar o ambiente e os colegas. A escola, como edifício, era linda mas, observada com atenção, era desagradável, pois tinha muitos problemas; poluição por todo o lado, os alunos não tinham respeito por nada, eram rebeldes, turbulentos, vandalizavam a escola e provocavam mau ambiente escolar. O trabalho escolar… que o fizesse quem quisesse…
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Depois de passarem alguns dias com os alunos, os trappisongos tentaram relembrar-lhes as regras de comportamento na escola e, ao mesmo tempo, demonstravam como se deveriam comportar em algumas situações. As regras de bom comportamento foram transmitidas através de filmes, de peças de teatro, jogos e da leitura de livros da biblioteca e dos alunos. Mas as regras nem sempre eram postas em prática… mesmo depois do visionamento de um filme sobre as consequências do bulling, que refletia os sentimentos das pessoas maltratadas, ainda piorou o ambiente escolar. Os trappisongos já não sabiam o que fazer… Mas, como tinham poderes mágicos, resolveram entrar na mente dos alunos mais “desordeiros” e o seu comportamento mudou radicalmente! Naquela escola todos ficaram mais felizes e os restantes alunos foram contagiados por essa alegria e compreenderam, finalmente, a importância e necessidade das regras. As teorias e técnicas que os trappisongos traziam nas suas mentes, conseguiram que todos se tornassem alunos aplicados e educados.
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Resolvido este problema, partiram para o de maior gravidade: a falta de respeito pelo ambiente. Os trappisongos começaram por educar os alunos a amar e respeitar a natureza. Fizeram-se várias visitas de estudo ao meio local, tudo com as regras estipuladas pela escola. Os alunos tomaram consciência do problema e, como uma chuva de ideias, surgiram várias propostas que, gradualmente, eram postas em prática com a ajuda dos trappisongos. Os alunos, agora preocupados, quiseram partilhar este fluir de ideias e ações. Para tal, convocaram uma reunião com governantes e algumas entidades representativas de organismos que defendem os direitos humanos e o ambiente. Foi assim que, aquela turma de meninos preguiçosos, mal comportados e sem respeito por nada, se tornaram cidadãos responsáveis e ativos, pois ajudaram muitas outras pessoas a mudarem as suas atitudes. Os dois heróis trappisongos partiram felizes para Trappist-1 pois conseguiram resolver mais um problema na Terra.
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Capítulo 11 - Missão de Verão Depois de tantas aventuras, Bitsongo e Bitsonga iniciaram uma nova história sobre a problemática do abandono de animais, no período de férias. À medida que iam conhecendo os hábitos dos humanos, verificavam que, nos meses de verão, muitos habitantes do planeta Terra deixavam os seus animais de estimação ao abandono. Bitsongo e Bitsonga nem queriam acreditar nas situações que iam vendo. Havia animais abandonados, mal tratados, esfomeados e até doentes pelas ruas, parques, jardins e junto às habitações. Eles estavam admirados e muito preocupados com a quantidade de animais deixados ao abandono no verão. Perante o que viram, Bitsongo questionou-se: - Mas será que as pessoas deixam de gostar dos seus amigos felpudos nesta altura do ano? - Será que estes seres sem coração esqueceram todos os momentos felizes que os patudos lhes proporcionaram durante o tempo que estiveram com eles? - acrescentou Bitsonga, entristecida. Os dois amigos, irritados, exclamaram: - Já chega! - Vamos resolver esta situação! 52
Então Bitsonga, com a sua varinha mágica em forma de flor, transformou os humanos que abandonaram os seus animais, em gatos e cães, fazendo-os passar pelo sofrimento por eles vivido. Após este feito, estes “animais” agora transformados, vivenciaram momentos de dor e muita tristeza. Pouco tempo depois, decidiram reunir-se num local secreto, nunca visto por nenhum ser terrestre, para mostrar o seu arrependimento e arranjar soluções para este problema. Puseram patas à obra e, com a ajuda dos amigos trappisongos, sensibilizaram todas as pessoas dos ramos de hotelaria e turismo, para a necessidade de construção de espaços adequados à receção dos seus companheiros de quatro patas. Após a construção dos edifícios, os animais foram devidamente instalados e tratados pelos veterinários. As pessoas que abandonaram os seus felpudos e peludos levaram-nos novamente para as suas casas, com a promessa de nunca mais os abandonarem. Os dois aliados conseguiram assim, como por magia, reescrever a história e tornar o planeta Terra num local mais feliz para todos os habitantes.
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Sinopse
O planeta Terra corre riscos catastróficos devidos a uma ambição desmedida do ser humano que, alheio a princípios, valores e atitudes fundamentais para a manutenção da sustentabilidade do planeta, o arrasta para a destruição. O Homem, como espécie dominante, é o responsável por todos os perigos a que se expõe, tal como por todos os seres vivos e seus habitats. Bitsongo e Bitsonga, extraterrestres que viajam pelo espaço à velocidade do pensamento e conhecem a Terra e os perigos que enfrenta, decidem intervir com as suas extraordinárias capacidades, para que a felicidade volte a reinar nesta bola azul de que tanto gostam. Os nossos dois amigos vão envolver-se em curiosas e diferentes aventuras ao longo dos capítulos desta obra, sensibilizando para valores e mudanças de mentalidades que visam minimizar o impacto catastrófico dos problemas que ameaçam o futuro da Terra.
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