MATERIAS
red hot
chili
peppers SAIBA TUDO SOBRE O NOVO CD
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PITTY GREEN DAY NIRVANA
Ano 1 nº1 • out/nov/dez 2016 • R$15,00
TOVE LO
ANÚNCIO
só quer saber de ficar (em) alta
ENTREVISTA
ROBERTO MEDINA
“Não faço festival para crítico” FESTIVAIS
ROCK IN RIO LOLLAPALOOZA
CARO leitor(a),
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Este é um projeto feito com fins acadêmicos para a disciplina Projeto de Design Editorial Impresso II do curso de Especialização em Design Gráfico da Unicamp em 2016. Todas as matérias que você vai ler nessa revista provém de blogs, portais de notícias e redes sociais e seus direitos autorais pertecem aos autores indicados no início de cada matéria. Portanto, a criação de nosso grupo limitou-se ao projeto gráfico editorial e diagramação das matérias e não ao conteúdo em si. Boa leitura!
TOVE LO SÓ QUER SABER DE FICAR (EM) ALTA 36
NOSTALGIA: 10 ANOS DOS HITS 40
EXPEDIENTE
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PITTY
ATRAÇÕES LOLLAPALOOZA 2017
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NOVA YORK VAI GANHAR UMA RUA COM O NOME DOS RAMONES Alexandre Ferreira
Paula Bianchi
Paulo Latancia
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Professores orientadores:
Tereza Bettinardi
Rubia Bataglia 4
Maiara Schiasse
‐ ALIVE ‐ OUT/NOV/DEZ 2016
Fabiana Grassano
ENTREVISTA COM ROBERTO MEDINA
SUMÁRIO
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RED HOT CHILLI PEPPERS REVIGORADO
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NEVERMIND, DO NIRVANA, COMPLETOU 25 ANOS 43
ANGIE BOWIE CAUSA CAOS EM REALITY SHOW 08
PREPARANDO PARA O SHOW
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EXPOSIÇÃO DOS BEATLES 34
07
06
SOFÁ, PIPOCA E NETFLIX 5 LIVROS OBRIGATÓRIOS PARA OS AMANTES DO ROCK’N’ROLL GREEN DAY REVOLUTION RADIO
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DESCUBRA A ORIGEM DOS NOMES DAS MAIS FAMOSAS BANDAS DE ROCK OUT/NOV/DEZ 2016 ‐ ALIVE ‐
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QRCODE APP play.google.com
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‐ ALIVE ‐ OUT/NOV/DEZ 2016
itunes.apple.com/br
SOFÁ, PIPOCA E NETFLIX
THE GETAWAY Red Hot Chilli Peppers 2016
NOSTALGIA: 10 ANOS DOS HITS JUSTIN TIMBERLAKE SEXYBACK (FEAT. TIMBALAND)
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The Getaway
4:10
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Dark Necessities
5:02
3
We Turn Red
3:20
4
The Longest Wave
3:31
5
Goodbye Angels
4:28
6
Sick Love
3:41
7
Go Robot
4:23
8
Feasting on the Flowers
3:22
9
Detroit
3:46
10 This Ticonderoga
3:35
11 Encore
4:14
12 The Hunter
4:00
13 Dreams of a Samurai
6:09
SHINE A LIGHT
THE FUTURE IS UNWRITTEN
AMY WINEHOUSE REHAB
MIDIAS SOCIAIS
THE OTHER ONE
HISTORY OF THE EAGLES
THE KILLERS WHEN YOU WERE YOUNG RIHANNA UNFAITHFUL
DON’T STOP BELIEVIN’
BIG STAR
PLAYLIST DO LOLLAPALOOZA NO SPOTIFY.
REVOLUTION RADIO Green Day 2016
RED HOT CHILI PEPPERS DANI CALIFORNIA MY CHEMICAL ROMANCE WELCOME TO THE BLACK PARADE NX ZERO ALÉM DE MIM ARCTIC MONKEYS WHEN THE SUN GOES DOWN LILY ALLEN SMILE
OUT/NOV/DEZ 2016 ‐ ALIVE ‐
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DICAS
Entre várias opções de filmes disponíveis na Netflix, separamos uma lista de filmes documentários sobre rock que você não pode deixar de assistir. POR GABRIELLE TELES
THE FUTURE IS UNWRITTEN
SHINE A LIGHT
DURAÇÃO 2h 1min
DURAÇÃO 2h
8
Shine a Light é um filme sobre a banda da Inglaterra The Rolling Stones durante um incrível show da turnê A Bigger Bang Tour.
DURAÇÃO 2h 4min
Joe Strummer foi a voz de uma geração com a banda britânica The Clash e o documentário narra sua vida com entrevistas e performances.
HISTORY OF THE EAGLES
DON’T STOP BELIEVIN’
Integrantes do The Eagles e nomes da indústria da música contam a história da banda que tornou-se patrimônio do rock’n’roll americano.
Documentário de 2012 que mostra a história de Arnel Pineda, vocalista que se tornou frotman da consagrada banda de rock californiana Journey.
‐ ALIVE ‐ OUT/NOV/DEZ 2016
DURAÇÃO 1h 45min
THE OTHER ONE
DURAÇÃO 1h 24min
Neste filme produzido pela própria Neflix, o expectador conhecerá mais sobre a história do guitarrista Bob Weir e da banda americana Grateful Dead.
BIG STAR
DURAÇÃO 1h 51min
Documentário sobre a história da banda Big Star, que apesar de ter sido um fracasso comercial, influenciou outras grandes bandas, como REM.
DICAS
POR LAILA PERDIGÃO
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O LIVRO DOS MORTOS DO ROCK
O Livro dos Mortos do Rock é a primeira obra a comparar em profundidade as vidas conturbadas e as mortes trágicas dos sete maiores ícones do rock ‘n’ roll: Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morisson, Elvis Presley, John Lennon, Kurt Cobain e Jerry Garcia. O autor apresenta fatos reveladores e surpreendentes sob um ponto de vista inédito, analisando as ambições e lutas que estes artistas tinham em comum. GUNS AND ROSES: A BANDA QUE O TEMPO ESQUECEU Biografia não autorizada da banda Guns N’ Roses - Eles já foram considerados “a banda mais perigosa do mundo”. Após a separação de sua formação clássica, Axl Rose mantém vivo o legado do Guns N’ Roses excursionando pelo mundo após o lançamento do controverso
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álbum Chinese Democracy. Neste livro você irá saber tudo sobre a história e a carreira do Guns N’ Roses e seus integrantes. Com entrevistas exclusivas, histórias e casos sobre seus ex-membros, amigos e companheiros de trabalho, aqui está a verdade sobre esta que é uma das maiores bandas da história do rock ‘n’ roll. KEITH RICHARDS: VIDA O que o mito do rock Keith Richards revela em livro Vida surpreende até quem conviveu com ele, verdades até hoje não ditas. Imagina para os fãs do Rolling Stones? Em Vida, Keith Richards conta, de maneira crua e feroz, sua história, vivida de forma intensa no meio do fogo cruzado até unir forças a Mick Jagger para formar os Rolling Stones. Com honestidade rasgada, Keith revela altos e baixos do rock’n’roll, a subida meteórica para a fama, as notórias prisões, as mulheres que teve, o vício em álcool e heroína. É a história da jornada de um artista que vive sem temores e sem limites.
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THE DOORS POR THE DOORS
A banda de rock The Doors atuou no meio musical na segunda metade do século XX, e sua influência permaneceu em grupos musicais contemporâneos.Nesta obra, os membros que ainda estavam vivos do The Doors abriram seus arquivos e contaram a história desse grupo musical. Com depoimentos reveladores, entrevistas e textos do guitarrista Ray Manzareck, esta biografia busca abrangir tudo o que se há para saber dessa banda.
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MICK JAGGER E OS ROLLING STONES
Neste livro, Willi Winkler conta como Mick Jagger e sua trupe ficaram conhecidos pelo mundo inteiro e transmite em revista sua história peculiar. Longe de ser uma biografia (já que nem é a intenção do autor), esta obra trata de sexo e de drogas, mas principalmente de rock’n’roll. OUT/NOV/DEZ 2016 ‐ ALIVE ‐
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DICAS
DICAS
PREPARANDO para o SHOW Veja algumas dicas para aproveitar melhor a sua experiência e não ter motivo para se arrepender do que não fez.
POR TATIANA LOPES
Q
uem já foi em algum festival de rock sabe que enfrenta diversas situações nada dignas pela frente, desde usar banheiro químico, até sentar na calçada, passando por chuva, frio e calor insuportável, excesso de contato com outras pessoas, muito suor e lágrimas. Por isso separamos algumas dicas manjadas que valem para todos: O MELHOR PARA VESTIR E CURTIR Deixe a calça jeans, jaqueta e sapato de couro em casa, não é nem de longe o melhor lugar para usar estes ítens; Use um tênis reforçado e confortável. Não invente de estrear um sapato novo no dia, opte por aquele que está quase indo para o lixo, se possível. Você não faz ideia das coisas em que podemos pisar em um show;
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‐ ALIVE ‐ OUT/NOV/DEZ 2016
Escolha uma blusa confortável, e larga para ir ao show. De preferência para um tecido que seque rápido. PREPARAÇÃO DA CASA PRO SHOW Faça um lanche leve e rico em fibras, que saciam por mais tempo e não deixará você com mal estar durante o show; Capa de chuva, se você não gosta de se molhar. Não deixe para comprar na porta, pois a mesma capa que custa R$2,00 na loja da esquina custa R$10,00 lá na porta; Papel higiênico, mas não o rolo todo. Confira se as ruas na região estão com seu funcionamento normal, e as linhas de transporte público também.
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3
Marque um lugar de encontro para caso você se separe do seu grupo. Use lugares como o posto dos bombeiros, a entrada do banheiro. Reforce isso logo que entrar no local do show; Ao acabar o show, espere um tempo antes de sair, ou saia antes de acabar, para evitar a muvuca, principalmente quem tem crianças.
SHOWS 4
DURANTE O SHOW Leve um celular antigo, não o seu modelo de última geração, você não quer se preocupar;
NUNCA, JAMAIS, SE ESQUEÇA DISSO! Confira a bolsa de documentos, deve-se levar: RG, carteirinha de estudante, entradas, bilhetes de transporte, telefones importantes. E principlamente os ingressos!!! Já ouvi várias histórias de gente que perdeu o show por ter esquecido os ingressos em casa, ou não pode entrar pois estava sem o documento comprovando ser estudante ou até mesmo sua maioridade.
ANÚNCIO
Cantora conquistou o pop com seu primeiro disco solo e composições para famosos. POR MARINA FILIPPE
FORA DA CAIXA
posta do ano, sucesso em pistas de indie pop, uma personalidade que não passa despercebida, carreira com trilha sonora em filmes como Cinquenta Tons de Cinza e Jogos Vorazes – esse após convite de Lorde, que realizou a curadoria da trilha. Assim é Tove Lo, cantora e compositora Sueca, que veio ao Brasil no último dia 27 para se apresentar no evento fechado que marcou o acordo entre Deezer e Tim, com organização da sua gravadora, a Universal Music. Antes de fazer carreira como cantora solo, Tove foi vocalista da banda de rock Tremblebee entre 2006 e 2011, ano em que assinou contrato com a Warner por conta de suas composições, interpretadas por Hilary Duff, Ellie Goulding, Icona Pop e mais. Sua voz só se tornou famosa no final de outubro do ano passado, quando o álbum Queens of the Clouds, que vendeu cerca de 1,3 milhões de cópias por todo o mundo, estreou na 14ª colocação da Bilboard 200 e emplacou Habit (Stay High), na posição número três na Billboard Hot 100. O hit não fez sucesso apenas na sua versão original, “Eu sou uma garota pop rock do norte da Europa (não a lua de Jupiter) e minhas habilidades de hip hop não são as melhores, mas eu estou em um monte deles. Hippie Sabotage, por exemplo, encontrou minha música Habit (Stay High) e criou o remix que coloquei no meu EP. A versão que estava recebendo muitos acessos e nós três ficamos muito animados!”, conta Tove que ainda não encontrou a dupla para comemorar o sucesso do remix. Seja pela fase de ex-roqueira (se é que isso existe) ou não, Tove mostra muita atitude, uma tatuagem no braço, na qual uma menina – ela na época da banda – está sentada em uma abelha e mostra até os
“Enquanto eu não for porra louca e/ou morrer vocês terão músicas novas e shows ao vivo!” peitos em sinceras e desinibidas apresentação como na do Brasil e no Rock in Rio Lisboa. A naturalidade para agir e cantar é tanta que as músicas usadas em gravações são, no máximo, a terceira tentativa. “Isso acontece quando você descobre como quer cantar. Além do mais, assim você não está muito consciente sobre o que está fazendo e oferece a emoção mais crua”, revela. A espontaneidade está também nas letras que faz para ela mesma ou para outros artistas. Afinal, que tipo de gente bomba uma música chamada Stay High sem estar numa viagem nada consciente? “Eu amo escrever para os outros e, provavelmente, eu faça isso pelo tempo que puder escrever, mas agora estou me concentrando em mim, pois não há tempo para as duas coisas”. Suas influências musicais são variadas, mas ao escolher apenas uma artista ela cita Sia. “Ela tem uma voz notável e proporciona muita emoção, é uma compositora incrível que escreve com dor e paixão”. Além do mais, não se pode negar que Tove bebeu na mesma fonte de Caroline Hjelt da dupla Icona Pop. As duas estudaram juntas no colegial, sempre apoiando os projetos uma da outra. “Nós suecos temos uma grande presença na música mundial e a maioria de nós nos conhecemos nesse país tão pequeno. De certa forma, é um jeito de ter apoio”, fala.
A cantora aproveitou a oportunidade para tocar no Rio de Janeiro em um show fechado sem descartar a possibilidade de voltar em breve. “É sempre emocionante tocar para muitas pessoas, mas este show me deu uma primeira oportunidade de trazer minha equipe ao Brasil e isso é ótimo! Estou tentando passar pelo mundo todo, eu quero isso, mas é difícil”. Podemos esperar ainda um novo álbum e surpresas! “Enquanto eu não for porra louca e/ ou morrer vocês terão músicas novas e shows ao vivo! Talvez eu apareça em um filme estranho em algum ponto”, encerra. Os fãs – Eu disse aqui que Tove Lo encanta pela postura e pelas letras e isso é comprovado em qualquer conversa com um fã dela. É como se eles vissem nela aquilo que gostariam de ser: uma pessoa espontanea, liberta, que diz o que pensa. “Gosto do jeito sincero dela e do discurso, algo muito necessário”, diz Mariana Moreira, 24, que foi ao show da cantora no Brasil e é completada por Isabela Bianchini, 23, da equipe Tove Lo Brasil “Admiro muito a atitude, o modo como ela se comporta em meio a uma sociedade machista. Gosto muito do estilo e das letras das músicas, pois mesmo ela dizendo que são muito pessoais me identifico bastante”. Talvez mais do que aumentar em número, mas sim expandir. Afinal, a Isabela me comprovou na sua fala uma coisa que eu já tinha imaginado. “Foi incrível, porque eu não esperava que ela viria ao Brasil tão rápido e o show foi maravilhoso! Não imaginava que os cariocas a amavam tanto. Eu faria qualquer coisa MESMO para estar lá (risos)”. Tove é para dançar, sentir e se expressar e tem tudo para continuar estourando hits por aí, seja na sua voz ou de outros famosos. Ela tem espaço quase que garantido nos próximos festivais do mundo inteiro e pode estar só começando a subir os degraus para ficar cada vez mais alta.
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PARTY HARD
ATRAÇÕES
Lolla 2017 palooza Confira o lineup do festivel Lollapalooza 2017 que acontece nos dias 5 e 26 de março POR KAIO FERREIRA
Loolapalooza Brasil 2017 já tem datas confirmadas: 25 e 26 de março. Durante dois dias de programação, os amantes do Lolla poderão curtir shows internacionais e também nacionais. Em 2017, o festival Lollapalooza será novamente realizado em São Paulo, no Autódromo de Interlagos. A pré-venda dos ingressos já começou e as atrações do lineup já foram divulgadas e estão fazendo sucesso. Para os grandes fãs da música indie, a banda clássica The Strokes é um dos headliners do festival. Também estarão presentes as bandas Two Door Cinema Club, The XX, Cage The Elephant e The 1975.
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Já os fãs do heavy metal também poderão curtir um show histórico do Metallica, uma das maiores bandas de rock do mundo. A banda Rancid também é uma boa para aqueles que curtem punk rock. Para quem curte um pouco mais de pop e música eletrônica, as atrações Martin Garrix, The Weekend, Duran Duran, Victor Ruiz, Vintage Culture e MØ. Resumindo: o Lollapalooza 2017 vem com tudo. E fica ligado que os ingressos já estão disponíveis. Porém neste ano há novidade, o público não receberá um ingresso físico para participar do festival, mas uma pulseira com tecnologia RFID, que também será usada para compra de alimentos e bebidas, entre outros serviços. Elas serão distribuídas a partir do dia 25 de fevereiro de 2017.
INGRESSOS: LOLLA PASS E LOUNGE As vendas do Lolla Pass e Lolla Lounge Pass já começaram. INGRESSO LOLLA PASS 2° LOTE (2 DIAS): INTEIRA: R$920,00 | MEIA: R$460,00. INGRESSO LOLLA LOUNGE PASS 2° LOTE (2 DIAS): INTEIRA R$1.920,00 | MEIA R$1.460,00. A compra pode ser feita pelo site oficial do evento (www. lollapaloozabr.com/tickets). Lá, você também pode conferir os benefícios de cada modalidade. Censura: 15 anos. Jovens de 5 a 14 anos só podem entrar acompanhado dos pais. A programação completa do Lineup do Lollapalooza Brasil já está confirmada. Confira abaixo as atrações do festival. ACESSE AQUI A PLAYLIST DO LOLLAPALOOZA NO SPOTIFY.
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FOFOCAS E PIPINGUINS
FOFOCAS
NOVA YORK RAMONES vai ganhar uma rua com o nome dos
POR CYRO HAMEN
partir do dia 23 de outubro, uma rua que fica em frente à Forest Hills High School, onde os quatro membros originais dos Ramones estudaram, será chamada de Ramones Way. A proposta foi feita pela vereadora Karen Koslowitz e aprovada pela câmera municipal pouco tempo atrás.
O local que marcou a história de Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy Ramone não é a primeira homenagem à banda na principal cidade americana. Em 2003, Joey Ramone foi homenageado com uma placa no centro de Manhattan (Joey Ramone Place), onde funcionava a casa de show CBGB, onde os Ramones começaram e outras bandas famosas também tiveram seu espaço.
RAMONES
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NO ESTÚDIO
CRIADOR DO ROCK IN RIO DISSE QUE QUER DIMINUIR A CAPACIDADE E TRAZER BRUCE SPRINGSTEEN POR LUCCAS OLIVEIRA
pós uma breve coletiva de imprensa para anunciar a renovação com alguns dos patrocinadores, o presidente do Rock in Rio, Roberto Medina, falou sobre o futuro do festival, que tem mais duas edições confirmadas para o Rio de Janeiro (em 2017 e 2019), e deve chegar a pelo menos dois países asiáticos (Emirados Árabes e Catar) em breve. O publicitário afirmou ainda que pretende reduzir a capacidade das edições cariocas para 80 mil pessoas por dia, cinco mil a menos que a atual, confirmou seu desejo de trazer Bruce Springsteen mais uma vez e disparou: "Não faço festival para crítico". Leia alguns pontos da entrevista coletiva com Roberto Medina:
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PROPOSTA DA CHINA "Fui procurado, a gente chegou a ir até a China, mas ali tem um problema político. Quer dizer, eles querem que a gente garanta que o artista não faça nenhum pronunciamento político. E isso é impossível. Então para aí. Creio que mais para frente isso vai ter que mudar para conseguirmos levar o Rock in Rio para lá".
CRÍTICAS SOBRE O LINE-UP "MENOS ROCK" "Vejo muita gente falando que o festival era mais rock, mas isso é mentira. Nunca foi mais rock, pelo contrário, é mais rock agora. Ele era jazz, MPB, tinha Elba Ramalho, tinha Al Jarreau com jazz, tinha James Taylor com um pop rock balada, tinha metal. Essa era a ideia inicial".
EMIRADOS ÁRABES/CATAR "Estamos negociando, sim. É um projeto diferente, mais simbólico e conceitual, um projeto arquitetônico muito avançado, por esse motivo estamos conversando. Nosso próximo passo é consolidar a marca nos Estados Unidos, fazer o evento de Portugal em maio e parar pra conversar um pouquinho. Quero que a marca Rock in Rio esteja fisicamente presente em todos os cinco continentes".
ATRAÇÕES REPETIDAS "Olha só: o cara que quiser ver o Metallica ou o Iron Maiden ama repetição. Não faço show para o crítico, faço para as pessoas gostarem. Quando o público me dá nota 9,3 na avaliação que estamos fazendo, quer dizer que acertei muito. Lembro-me de quando trouxe o Sinatra, que era o maior cantor da história para várias gerações. Quando divulguei isso no Brasil, teve gente falando 'mas o timbre de voz
NO ESTÚDIO
"Não faço festival para crítico."
ROBERTO MEDINA, CRIADOR E PRESIDENTE DO ROCK IN RIO.
dele não está tão bom'. Só que se ele sentar na cadeira e contar uma história está ótimo. Porque isso é a mágica da música". SUCESSO DE VENDAS "Se eu fizesse cinco edições do Rock in Rio aqui, neste ano, uma ao lado da outro, eu lotava as cinco. Todo ano você tem 2,2 milhões de pessoas na fila on-line para comprar bilhete para o festival, e cada um deles compra 1,7 ingresso. Ou seja, poderia fazer cinco. Isso é incrível em um ano de crise". OUTRAS ATRAÇÕES PARA 2017 "Através de pesquisas de campo, pergunto ao público quem eles querem ver. Na semana que vem, vou receber os resultados disso e, a partir daí, pensar nas atrações, ver se faz sentido para os dias que estamos pensando. E depende também de o cara estar livre. Este ano eu queria muito trazer o
AC/DC, que tocou em 1985, mas não consegui, porque a banda não poderia vir neste ano, só no outro. Mas eu tento ir atrás da mistura da opinião pública com um pouco do meu gosto pessoal, opinião da crítica de música, das gravadoras. Hoje, para um artista tocar aqui, é uma honra. Isso não existe em outros festivais do mundo". SHOW DO QUEEN "Foi muito emocionante, porque eles lembravam de tudo o que rolou em 1985. Eles me ajudaram muito a fazer o primeiro evento. Chorei vendo o Queen, claro. Antes, inclusive. O Brian May também. Eles lembravam que, na véspera do início da primeira edição, eu tinha dado um jantar para todos os artistas. E foi tão bacana. George Benson e Ivan Lins no piano que eu comprei para o Sinatra, os caras do Queen... Nem eu me lembrava de tanta coisa. E
o show foi maravilhoso. O Adam Lambert estava sendo ele mesmo no palco. Não tentava imitar o Freddie Mercury, porque isso é impossível. Ele foi incrivelmente bem". TAMANHO DA CIDADE DO ROCK E MUDANÇA DE LOCAL "Sonho, num futuro distante, fazer o Rock in Rio num espaço maior, para abrigar mais gente, e para ter mais espaço. As pessoas gostam de festival com piquenique. Vi isso muito em Las Vegas, porque o espaço é maior. Eu já diminuí a capacidade de 100 mil para 85 mil e sempre apanho da área financeira. Mas eu queria diminuir mais um pouquinho. É algo extremamente complexo, porque quando você reduz o número de pessoas, é inevitável e acaba impactando no custo do ingresso, mas eu gostaria de reduzir o número para 80 mil pessoas". OUT/NOV/DEZ 2016 ‐ ALIVE ‐
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ANÚNCIO
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RED HOT CHILLI PEPPERS EM 2016, ANO DE LANÇAMENTO DO ÁLBUM THE GETAWAY
MATÉRIA DA CAPA
A banda mudou o produtor com quem trabalhava desde 1990 e se reinventou sem perder a essência POR JOSÉ TELES
Red Hot Chili Peppers chegou ao 11º disco de estúdio como quem passa de um primeiro álbum estourado para o desafio de uma sequência que pode lhe decidir a carreira. I’m With You, o álbum anterior, de 2011, e estreia do guitarrista Josh Klinghoffer em lugar de John Frusciante, teve uma acolhida fria por parte da crítica e morna dos fãs. The Getway, o novo disco que lançam em 2016 (Warner Music), traz o grupo revigorado, com o pique que faltou a I'm With You. Se o vocalista Anthony Kiedis destilasse a mesma adrenalina dos tempos de Blood Sugar Sex Magik (1990) ou Californication (1999), seria um disco comparável a estes dois clássicos.
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MATÉRIA DA CAPA
CAPA DO NOVO ÁLBUM THE GETAWAY.
No auge da banda, Kiedis cantava como quem socava o microfone, sua interpretação suavizou-se, a ponto de se encaixar facilmente numa balada rock, Sick Love, impensável parceria do RHCP com dois dos maiores baladistas do rock, Elton John e Bernie Taupin. As lapadas no baixo desferidas por Flea seguem
como uma das marcas que identificam o Red Hot Chili Peppers, já que Klinghoffer é de sutilezas na guitarra, embora The Getway tenha faixas ruidosas e pesadas. O disco é o caso de um time que voltou a jogar bem pela mudança no técnico. Há anos com Rick Rubin, um produtor que se notabilizou, nos anos
80, por discos de rappers como LL Cool J e Run-D MC, e dos Beasties Boys de Licensed to Ill, Rubin também amaciou e contribuiu para Adele virar a maior vendedora de álbuns das últimas décadas. Rick Rubin trabalhava com o RHCP há 25 anos, produziu todos os discos desde Blood Sugar Sex Magik.
A BANDA PRODUZIU UM ENSAIO FOTOGRÁFICO EXCLUSIVO PARA O LANÇAMENTO DO NOVO ÁLBUM.
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MATÉRIA DA CAPA
Danger Mouse, nome de guerra do produtor americano Brian Burton, está por trás de The Getway. É como se tivesse pedido a Kiedis, Flea, Chad Smith e Klinghoffer que não se preocupassem em inovar, se reinventar, apenas fizessem música como nos anos 90, e deixassem com ele dar uma atualizada na sonoridade. É o que ocorre, por exemplo, com a faixa final, que lembra as canções lentas de Californication (1999), mas recheadas de “desandamentos”, como uma guitarra nervosa, a bateria batendo descompassada, e uma parede sonora que, em dados momentos, soa como krautrock, o rock progressivo alemão. Não por acaso é a faixa mais longa do disco, com seis minutos. Não esquecendo que para mixagem o grupo foi buscar outro nome de peso, Nigel Godrich, produtor do Radiohead.
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FUGA Sexo e Califórnia, nem sempre nesta ordem, são os temas recorrentes na música do RHCP, sintetizado em Californication. Ambos os temas estão em The Getway, canção que abre o repertório do novo álbum. Num bate-papo online, há dois dias, Flea, Kiedis Klinghoffer e Chad Smith conversaram bastante sobre a banda e o novo trabalho (entrevista disponível no site do RHCP). Para Flea o título é algo complexo para ele: “Porém me faz pensar sobre o grupo, que tem sempre sido um verdadeiro santuário para mim, no caos deste mundo, me fazer capaz de manter estes laços de amizade, ter um lugar onde me sinto seguro”. Nem parece o músico que lembra, na aparência, o infame Charles Manson, e que é recordado no Brasil
no palco do Hollywood Rock, chapado, dando uma canja, no show do Nirvana, com o trompete mais desafinado da história do rock and roll. Assim como Flea, a banda não mostra mais aquele ímpeto de quem tocava como se o mundo estivesse prestes a acabar. A faixa Goodbye Angels é uma das mais interessantes do álbum, porque começa como a banda parece estar agora com 33 anos de estrada. Do meio para o final, O grupo soa como era 25 anos atrás. Com Kiedis soltando a voz, e Flea atacando o baixo, em slaps furiosos. O tempo e os excessos deixaram suas marcas no grupo, em todos os sentidos (dias atrás Anthony Kiedis foi internado com problemas nos rins), porém isso não impediu que o Red Hot Chilli Peppers fizesse um de seus melhores discos.
CONFIRA MAIS SOBRE O ENSAIO FOTOGRÁFICO:
Esse é o primeiro álbum desde “Blood Sugar Sex Magik” (1991) a não contar com Rick Rubin na produção. Também é o segundo com o guitarrista Josh Klinghoffer como membro oficial. POR MARCOS GONÇALVES
GAROTINHAS ACOMPANHADAS DE ANIMAIS SELVAGENS: A MARCA REGISTRADA DO PINTOR HIPERREALISTA KEVIN PETERSON, ARTISTA RESPONSÁVEL PELA CAPA DO ÁLBUM THE GETAWAY.
MATÉRIA DA CAPA
primeira faixa, que leva o nome do próprio álbum, “The Getaway”, é bem experimental, apesar de as letras e melodias de Anthony Kieds soarem familiares, a música se direciona para um território distante do que a banda já fez. “Dark Necesseties” foi oficialmente o primeiro single. Ela é bastante melódica em seu início, com o baixo e a guitarra fazendo uma bela introdução, ela progride para um ritmo bem Funk com um refrão pegajoso. A terceira canção do disco se aproxima bastante dos antigos trabalhos da banda, “We Turn Red” tem a bateria em destaque, com versos cantados bem no estilo clássico mesmo, lembrando músicas do “Blood Sugar Sex Magic” (1991). Vai agradar os fãs mais antigos. Em “The Longest Wave”, parece que temos uma música feita para se ouvir bem calmo em uma praia. A guitarra dá o tom com um belo dedilhado, e Kieds nos entrega belas melodias em uma letra que fala sobre relacionamentos. Um refrão memorável faz com que seja um dos pontos altos do álbum. “Goodbye Angels” é outra canção que fala sobre relacionamentos, parece até uma continuação direta da canção anterior. Segue na mesma pegada da mesma até o refrão que é mais forte. Ao fim temos um solo de baixo do ótimo Flea que nos conduz até um solo de guitarra de Josh. Também um dos pontos altos do álbum. A próxima faixa se chama “Sick Love”, que é bastante experimental, até porque, conta com Sir Elton John no piano. Essa parceria se encaixou perfeitamente. O refrão tem uma pagada nostálgica e sem dúvidas será uma das favoritas dos ouvintes. “Go Robot” é a mais dançante do álbum, com clara influência do produtor Danger Mouse. Flea e Chad Smith ditam o ritmo com uma cozinha muito bem feita. A mixagem
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da bateria está um pouco diferente do restante do álbum, o que torna a música bem “anos 80”, alguns elementos eletrônicos lembram o Daft Punk em seus clássicos. “Feasting On The Flowers” é outra música experimental, lembra bastante o R&B dos anos 90, essa é uma que pode passar despercebida pelos ouvintes. Parece ter influência do último álbum, pois lembra um pouco “Even You Brutus?”. A faixa mais “Rock” do álbum sem dúvidas é “Detroid”. Essa muda o ritmo quanto todas as anteriores, claramente tem influências de bandas dos anos 90. Kieds canta com uma pequena distorção na mixagem e Flea mais uma vez se destaca no baixo. A letra obviamente fala sobre a cidade de Detroid. Sem dúvidas entrará no repertório dos próximos shows. “This Ticonderoga” é uma música cheia de distorções, talvez a mais rápida do álbum, até que chegue seu refrão que é bastante melódico e mais lento que o restante da canção. A próxima música é uma balada. “Encore” traz uma melodia bastante nostálgica e uma letra que faz referência aos Beatles. Vai agradar os ouvintes e nos shows vai ser uma boa para as partes mais cadenciadas. “The Hunter” também é outra balada. Aqui temos Flea tocando piano e Josh tocando baixo. Kieds explora temas mais abstratos, algo que não é tão comum, já que suas letras em sua maioria são confessionais. Pra fechar o álbum, temos “Dreams of a Samurai”, música que começa com uma bela introdução de piano, acompanhada de um solo vocal de Beverley Chitwood. Após isso Flea ataca com seu baixo. A música é bem psicodélica e deve ser bem aproveitada ao vivo. Foi uma boa escolha pra fechar o álbum em grande estilo. A mistura de Funk e Rock está presente em “The Getaway”, sem dúvidas, porém com muitos elementos de bandas Indie e do Pop, isso faz
o álbum se distanciar dos clássicos e até mesmo do seu antecessor, alguns elementos são eletrônicos demais, não que isso seja ruim, mas às vezes é preciso uma coisa mais crua e menos artificial. “The Getwaway” é o álbum mais desafiador do RHCP. É um álbum que precisa de mais de uma ouvida para que seja digerido pelos fãs, principalmente os antigos e até mesmo pra quem gosta da banda em sua fase mais comercial do início dos anos 2000. Não vejo nenhuma canção com potencial imediato para se tornar um clássico, mas vejo sim ótimas músicas que serão poderosas nos shows da banda. O Chili Peppers nos entrega algo que reinventa seu som e mostra que não teve medo de mudar. FAIXAS DO NOVO ÁLBUM.
THE GETAWAY Red Hot Chilli Peppers 2016
1
The Getaway
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Dark Necessities
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We Turn Red
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The Longest Wave
3:31
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Goodbye Angels
4:28
6
Sick Love
3:41
7
Go Robot
4:23
8
Feasting on the Flowers
3:22
9
Detroit
3:46
10 This Ticonderoga
3:35
11 Encore
4:14
12 The Hunter
4:00
13 Dreams of a Samurai
6:09
A entrevista a seguir foi feita durante a passagem dos Peppers pelo New Orleans Jazz Festival, que aconteceu do dia 22/04 ao dia 01/05 de 2016. Mike McCready (guitarrista do Pearl Jam) entrevistou Flea, POR ANA BEATRIZ BARATA Josh e Chad para o Pearl Jam Radio.
cCready entrevistou os três separadamente, dividindo essa entrevista em três blocos. O primeiro foi Flea. McCready perguntou a ele sobre suas primeiras memórias musicais. Flea disse que tinha algumas memórias “falsas”, pois quando era pequeno algumas crianças o enganaram querendo mostrar que tocavam instrumentos, mas estavam apenas brincando com vassouras e tampas de lixeiras, com um rádio tocando ao fundo. Sua primeira memória musical de fato tem relação com seu padrasto. Seus pais se separaram quando ele era bem jovem e eles haviam se mudado da Austrália para os EUA (o pai de Flea era um funcionário do consulado australiano e, nas palavras dele, “um cara quadrado”). Sua mãe se casou novamente com um músico de jazz que morava no porão da casa dos pais e logo ele, seus irmãos e sua mãe estavam morando 30
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lá também. Eventualmente, eles se mudaram para uma casa própria e o padrasto de Flea recebia vários de seus amigos (também músicos de jazz) com todo tipo de instrumentos e ele diz que tinha 7 anos na época e ficou fascinado por isso. Segundo ele, “chegou a um estado de iluminação”. Flea começou a tocar bateria aos 9 anos, aos 12 começou a tocar trompete e sua intenção era se tornar um músico de Jazz. Apenas no segundo ano do ensino médio ele começou a tocar contrabaixo, quando conheceu Jack Irons, Hillel Slovak e Alain Johannes, que tinham uma banda chamada “Anthym”, e não gostavam do baixista, então pediram a Flea para aprender a tocar. Duas semanas depois, ele estava no palco com a banda, sempre tocou com pizzicato e não com palheta. McCready fala sobre a importância dos Red Hot Chili Peppers para o Pearl Jam e sua existência. Jack Irons (que foi baterista dos Peppers até a morte de Hillel, em 1988) apresentou
Eddie Vedder ao resto da banda, e em 1992 o Pearl Jam participou da turnê de Blood Sugar Sex Magik junto aos Peppers e Smashing Pumpkins. Eddie e o resto da banda sempre agradecem muito aos Chili Peppers, que segundo McCready foram muito generosos e amáveis com eles durante a turnê, cedendo tempo de passagem de som e equipamentos de iluminação. Ele afirmou que o Pearl Jam deve o sucesso aos Peppers. Flea diz que aquele tempo era muito excitante e que ele vê o rock hoje como uma “forma morta” de certa maneira. Ele afirmou que, em sua época, querer entrar para uma banda e viver de música era considerado loucura e que sua atitude era de não se importar e ir atrás disso, e que ele era “o cara que você xinga na escola” e que ele acabou por construir uma carreira dessa vontade. “Mas hoje em dia, você decide que vai entrar em uma banda de rock, e as pessoas falam ‘Ótimo! Vamos arranjar um consultor de imagem, advogado e um empresário e vamos ver o que podemos
MATÉRIA DA CAPA
fazer aqui. É uma boa chance de fazer dinheiro para você.’ “ Flea afirmou que sempre soube que iria viver da música, dadas as circunstâncias (sorte e capacidade de se manter) e deu um pequeno conselho para os que querem viver de música: ter em mente que é possível fazer isso, mesmo que você não se torne um membro de uma grande banda de rock. A seguir, Flea fala sobre o tempo em que tocou na banda californiana de punk rock Fear, na qual ele estava quando a banda em que ele estava (“What is This?”) se tornou Red Hot Chili Peppers. Ele diz que foi uma época intensa, e que na primeira vez em que viu Fear tocar estava completamente louco de ácido e gostava mais de rock progressivo como Yes, por exemplo. No entanto, ele teve uma epifania durante o show (que talvez possa ser atribuída ao ácido), e diz que se deu conta de que não importa o quão bem você toque, ou quanto conhecimento tenha, que é sobre a motivação e a intenção emocional e o que se quer passar como músico. Duas semanas depois, ele ficou sabendo que o baixista da banda havia saído, então fez uma audição e entrou para a banda, onde ficou até 1984. Isso causou mágoa aos seus companheiros na então What Is This, Hillel, Jack e Alain. Especialmente Hillel. Sobre Slovak, ele diz que os dois e Anthony Kiedis passavam praticamente todo o tempo juntos na adolescência e se chamavam “The faces”. Usavam drogas, ouviam música, iam a shows, procuravam garotas e dormiam na praia. Todos vieram de famílias disfuncionais, então se tornaram as famílias uns dos outros. Havia uma grande irmandade e cumplicidade entre eles, muitas piadas internas e referências também. Ao fim da entrevista, McCready cita que o Pearl Jam gostaria de fazer um show para o Conservatório Silverlake (fundado por Flea em 2011), como agradecimento por tudo que os Peppers fizeram por eles.
A seguir, Josh Klinghoffer foi o entrevistado. Josh e Pearl Jam têm uma ligação em comum: o baterista Matt Chamberlain. Ele foi baterista da banda por algum tempo, antes de ir para a banda do Saturday Night Live (programa de comédia dos EUA) e fez algumas jams com Josh, que acabaram se tornando um álbum instrumental. Josh conta como entrou para os Red Hot Chili Peppers. Ele os conheceu por causa de sua conexão com Bob Forrest (Thelonious Monster), com quem formava a banda Bicycle Thief ainda na adolescência e que conhecia os RHCP. Acabou se tornando amigo pessoal de John Frusciante e colaborou com ele em alguns projetos. (Curiosidade: Em 1988, John Frusciante fez audição para o Thelonious Monster, mas ficou na banda por apenas três horas e foi chamado para o RHCP porque eles ficaram tão impressionados com a habilidade musical dele.) Em 2007, Josh se tornou músico de backup para a banda, para músicas ao vivo que necessitassem de duas guitarras. Assim, quando John resolveu deixar a banda, Josh foi chamado para fazer parte do grupo. Ele afirmou ainda que infelizmente não teve mais contato musical com John desde então, e que ele “está fazendo as coisas dele”. Josh é um multi-instrumentista: toca bateria, guitarra, baixo, teclado,
entre outros. Apesar de ser principalmente guitarrista no momento, seu primeiro instrumento foi a bateria, a qual o ajudou muito em questões de ritmo. Ele só começou a tocar guitarra de fato quando foi para o Bicycle Thief e afirmou que quando conheceu a música dos Peppers (por volta de 1996) só tocava bateria, então teve que aprender as músicas na guitarra depois, e aprendeu rápido. Sobre o Pearl Jam, disse ter ficado emocionado por Eddie Vedder ter citado seu nome nos agradecimentos durante o Jazz Festival, apesar dos dois não se conhecerem pessoalmente. Mike fez novamente um comentário sobre a relação entre as duas bandas, e falou sobre um evento em que RHCP, Pearl Jam e Nirvana tocaram juntos em San Diego e que havia uma tensão boba entre PJ e Nirvana na época. Em relação à produção de The Getaway, Josh comentou sobre sua relação com Brian (Danger Mouse). Ele trabalhou por dois anos como músico de apoio do Gnarls Barkley (duo composto por Danger Mouse e CeeLo Green) e já conhecia Brian antes por ter trabalhado em uma de suas produções. Afirmou que a abordagem do produtor em relação à guitarra era bastante livre, ele tinha uma série de efeitos à disposição e liberdade para criar. Havia uma ordem para os instrumentos na hora da composição, primeiro Chad com a batida, em seguida Flea e após, Josh. Ele conta que “Algumas vezes eu estava afinando ou esbarrava com a guitarra em algo e ouvia: ‘Ei, o que é isso? Faça isso de novo’”. O processo de produção foi bastante abstrato por vezes e nada ortodoxo, bastante diferente do que os Chili Peppers estavam acostumados a fazer. Foi bastante experimental e construtivo, porque as músicas foram compostas parte por parte, e não fazendo jams no estúdio como sempre faziam. A produção do disco levou 14 semanas (dividida em blocos de duas semanas).
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Spencer Elden, bebê que estampou a capa do disco, presta homenagem. POR MARCEL HARTMANN
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ãs de música em todo o mundo comemoraram os 25 anos de "Nevermind", um dos álbuns mais importantes da história do rock, lançado pelo Nirvana em 1991. Mas uma comemoração em especial chamou a atenção: a de Spencer Elden, um rapaz que muita gente pode não conhecer pelo nome, mas certamente sabe quem é. Elden era o bebê que estampou "Nevermind" em 1991. Na foto da capa do disco do Nirvana, ele tinha quatro meses de idade e aparece nu dentro de uma piscina nadando atrás de uma nota de dinheiro que representa uma isca. O disco da banda americana alcançou o número de 30 milhões de cópias em todo o mundo. Originalmente, a banda de Kurt Cobain queria que a imagem fosse de
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uma mulher dando a luz sob a água, mas a gravadora não aprovou a decisão. Eles se comprometeram a ter um bebê na piscina e uma nota de dólar. Cada pessoa interpreta de uma maneira diferente, na opinião de Elden, a imagem significa o abandono da inocência e todo mundo correndo atrás de dinheiro, mais cedo e mais rápido.
“Eu disse ao fotógrafo que queria fotografar pelado, mas ele achou que seria estranho, então usei shorts.”
Para comemorar o aniversário de 25 anos do disco, o americano recriou a foto, mas com uma importante mudança: desta vez ele não está nu. "Eu disse ao fotógrafo que queria fotografar pelado, mas ele achou que seria estranho, então usei shorts", confessou Elden, que hoje tem 25 anos. Spencer também questiona sua fama e acha estranho ser reconhecido por fãs da banda: “Quando eu vou a um jogo de baseball eu penso ‘cara, todo mundo aqui já provavelmente viu meu pênis de bebê’. Eu sinto como se meus direitos humanos tivessem sido revogados“, explicou. Ele também não acha justo não ter ganhado dinheiro com a fama: “É difícil não ficar triste quando você ouve o quanto de dinheiro estava envolvido“, revelou. Já que seus pais não ganharam quase nada pelo icônico registro. Na época, eles receberam apenas 200 dólares pelos direitos de uso da imagem, cerca de 647 reais atualmente.
BEBÊ DA ICÔNICA FOTO DO ÁLBUM NEVERMIND JÁ ESTÁ COM 25 ANOS. POIS É, VOCÊ ESTÁ FICANDO VELHO.
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DESCUBRA A ORIGEM dos nomes das mais famosas
BANDAS de rock POR THAMYRIS FERNANDES
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o longo das décadas, o rock tem se mostrado um estilo musical imortal. Isso porque desde os anos 60, quando os Beatles começaram a surgir nas paradas de sucesso, as bandas desse ritmo não par aram de surgir. Foi assim que o cenário musical dos anos 80 e 90 se tornou tão rico e cativou gerações sem dificuldade.
Mas, mesmo com tanto sucesso, é possível perceber que os grupos de rock têm os nomes mais engraçados possíveis. Qual foi o fã que nunca se perguntou de onde surgiu a inspiração para tanta nomenclatura bizarra? Para te ajudar a resolver esse mistério, nós fizemos uma lista com a origem de alguns dos nomes mais estranhos que os roqueiros já batizaram seus grupos. Confira:
NOME DAS BANDAS
Guns n’Roses O nome da banda que detonou nos anos 80 e 90 foi uma mistura entre os nomes de Axl Rose e o guitarrista Tracii Guns. Os dois vinham de projetos diferentes e, assim que firmaram a união musical, batizaram o grupo de Guns n’Roses (ou Guns and Roses). Mas, Tracii só serviu mesmo para dar nome à banda, pois logo deixou o grupo para dar lugar ao tão famoso guitarrista Slash.
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Rolling Stones Conforme contam, a banda se inspirou na música de Muddy Waters, um blues chamado Rollin’ Stone. O guitarrista Brian Jones, que era fã do estilo, decidiu colocar o nome da música na banda. O “g”, de Rolling, veio anos depois, à pedido de um empresário, para que a grafia em inglês ficasse correta.
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Foo Fighters Foo fighters era a forma como os soldados americanos, na Segunda Grande Guerra, diziam as palavras francesas feu (“fogo”) ou fou (“louco”). Essa era a expressão usada por eles, especialmente entre os pilotos, para nomear as bolas de fogo e os objetos não identificados que viam às vezes, enquanto sobrevoavam a Europa.
Beatles
NOME DAS BANDAS
AC/DC
A história da banda é bem incomum. Isso porque Angus e Malcolm Young se inspiraram na máquina de costura da irmã deles, que tinha as inscrições AC/DC. Aliás, a sigla quer dizer “corrente alternada/corrente contínua” e indica que o aparelho pode ser usado a partir de bateria ou eletricidade. Naquela época, eles não sabiam que a sigla também é uma gíria para bissexuais.
John Lennon sempre respondia a essa pergunta de formas diferentes, no entanto, o mais certo é que o primeiro nome da banda dos garotos de Abbey Road, The Beetles (“Os Besouros”), foi inspirado em The Crickets (“Os Grilos”), uma outra banda da época. A letra “a” veio depois, para incrementar o nome e foi ideia de Lennon, que gostou do trocadilho com a palavra “beat” (ritmo, batida) e ficou “The Beatles”.
Led Zeppelin O baterista do The Who, Keith Moon, disse a Jimmy Page, certa vez, que sua banda iria voar tão facilmente como um balão de chumbo. Foi assim que eles escolheram o nome “zepelim de chumbo”, ou lead zeppelin. Um tempo depois, a letra “a” foi tirada do nome (que passou de Lead para Led), para que os fãs não dissessem “lid”, afinal, esse é o som que “lead” tem quando significa liderança.
Ramones O nome dos Ramones foi, literalmente, inspirado em Paul McCartney, dos Beatles, que usou o nome Paul Ramon durante muito tempo. O baixista Douglas Colvin gostou da ideia e acabou aderindo ao “movimento”: seu nome passou a ser Dee Dee Ramone. Depois disso, ele convenceu seus colegas de banda a fazerem o mesmo. Assim, fica fácil entender de onde veio o nome “Os Ramones” ou “The Ramones”, não é? OUT/NOV/DEZ 2016 ‐ ALIVE ‐
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NOSTALGIA
10 anos dos
hits
9 hits que já fizeram sucesso há 10 anos e nem percebemos.
POR ITAICI BRUNETTI
oje em dia é comum sintonizar em alguma rádio das grandes capitais e ouvir alguns hits como Dani California, do Red Hot Chili Peppers, ou Rehab, de Amy Winehouse, por exemplo. Músicas que – acreditem ou não – já completam dez anos de vida. Pois é, o tempo passa rápido e nem damos conta disso.
H
1
JUSTIN TIMBERLAKE
SEXYBACK (FEAT. TIMBALAND)
A música que consagrou Timberlake na fase pós ‘N Sync não pode ser esquecida. Certo? Quem imaginaria essa revelação!
2
Muitos artistas daquela época ainda permanecem de pé, outros se consagraram dominando as paradas, e alguns já se foram deste plano astral, infelizmente. Mas, a questão é que um hit de verdade nunca morre, ou não é esquecido. Por isso, quando entramos em nossa máquina do tempo e relembramos quais eram as canções que mais bombaram nas rádios, em nossos aparelhos de som, MP3 e pistas de dança de 2006.
AMY WINEHOUSE
REHAB
A canção que veio para mudar a música mundial (e conseguiu revolucionar) teve infelizmente um desfecho triste. Mas estará sempre em nossos corações.
3 38
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THE KILLERS
WHEN YOU WERE YOUNG Essa era presente nas pistas dos inferninhos indies brasucas. Um dos grandes clássicos!
4
RIHANNA
6
UNFAITHFUL
Rihanna já dominava o pop com a sofrida Unfaithful em 2006. Depois ela cansou de mágoas e agora só quer saber de work, work, work… A gente agradece.
5
RED HOT CHILI PEPPERS
MY CHEMICAL ROMANCE WELCOME TO THE BLACK PARADE
Ah, a banda mais emo das emos dominava as paradas com seu rock teatral e temático. Naquela época chorar era de boa.
DANI CALIFORNIA
A turma de Anthony Kiedis e Flea sabe fazer hits potentes. Nesse, ainda contava com o guitarrista John Frusciante, que deixa a maior saudade por ter saído da banda. Volta, Frusciante, nunca te pedimos nada!
7
NX ZERO
9
ALÉM DE MIM
Com um visual ‘emo’, os brasucas não paravam de tocar nas rádios. Depois Di Ferrero, Gee Rocha & Cia amadureceram (no visual e no som) e conquistaram de vez o seu lugar no rock nacional.
8
ARCTIC MONKEYS
LILY ALLEN
SMILE
A mais nova promessa do pop era a britânica Lily Allen. O vídeo da música é sobre uma mulher que foi traída e contrata pessoas para bater no ex. Quem não se identifica?
WHEN THE SUN GOES DOWN
Com o fim do Libertines, que acabou em 2005, a mais nova sensação inglesa que conquistou a internet foram os ‘ainda jovens’ Arctic Monkeys. Quem se lembra de Alex Turner com cabelinho no rosto e espinha na cara?
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CRÍTICA
GREEN DAY EM 2016, ANO DE LANÇAMENTO DO NOVO ÁLBUM REVOLUTION RADIO
GREEN DAY
Revolution
radio Banda presta homenagem aos seus bons tempos e acerta em novo disco. POR FELIPE COTTA
uatro anos após a ambiciosa trilogia ¡Uno! ¡Dos! ¡Tré! - e um hiato forçado devido aos problemas pessoais de Billy Joe Armstrong, envolvendo drogas e reabilitação - o Green Day volta à boa forma em Revolution Radio. Em meio ao caos que se tornou o dia a dia da banda nestes últimos anos, a única opção que sobrou para o Green Day foi parar, respirar e colocar o trem de volta nos trilhos. Deu certo. ¡Uno! ¡Dos! ¡Tré! foi um projeto ousado e super conceitual, mas por outro lado faltava foco. Agora, em Revolution Radio, eles apostam novamente num som mais básico, onde as músicas brilham individualmente e não precisam necessariamente fazer parte de uma grande história. E é aí que o álbum novo funciona. Traz de volta o Green Day pulsante, hitmaker, infalível em pequenas pérolas de 4 minutos.“Bang Bang” e “Troubled Times” são pequenos
Q
grandes protestos ao mundo conturbado no qual vivemos, simples e diretas ao ponto: dinâmicas, bem construídas e eficientes. Rock do bom, puro e empolgante. Mais do que isso, nota-se a energia dos velhos tempos nas novas músicas. “Say Goodbye” e “Youngblood”, por exemplo, são cheias de energia e peso, mas trazem uma leveza e aquela sensação boa de querer cantar junto, berrando com eles os refrões grudentos (no bom sentido) que ficam gravados na sua cabeça depois que o disco termina. E as grandes baladas também não ficaram de fora. “Ordinary World” tem tudo para virar um dos próximos hits do Green Day, com aquela sofisticação melódica que eles vinham esbanjando desde American Idiot. Revolution Radio soa bem porque é o trabalho mais espontâneo do Green Day em anos. Dá pra perceber que eles estão tentando um pouco menos. E, assim, conseguindo mais. É como um tributo da banda para ela mesma. Mais do que merecido.
REVOLUTION RADIO Green Day 2016 1
Somewhere Now
4:09
2
Bang Bang
3:25
3
Revolution Radio
3:00
4
Say Goodbye
3:39
5
Outlaws
5:02
6
Bouncing Off the Wall
2:40
7
Still Breathing
3:44
8
Youngblood
2:32
9
Too Dumb to Die
3:23
10 Troubled Times
3:04
11 Forever Now
6:52
12 Ordinary World
3:00
BONUS I’m Freaking Out
1:57
II A Better Way to Die
1:47
III Somewhere (Reprise)
3:08
I
MEGAFONE
PITTY depois da tempestade Cantora conta como é se superar dia após dia. POR NATACHA CORTÊZ
oram dois anos infernais, em que enfrentou uma doença, uma morte e a traição de um amigo. Passado o furacão, a estrela do rock brasileiro contemporâneo se diz novamente confortável consigo mesma. Mãe de Madalena, que nasceu em agosto e é fruto do casamento com Daniel Weksler, do NX Zero, a rockstar é conhecida por seu ativismo feminista nas redes sociais. Hoje, aos 37 anos, Pitty viaja o Brasil com a turnê de Setevidas, seu mais novo disco, lançado no começo do ano passado. Nos palcos, canta sua cura em letras autobiográficas.
F
PITTY EM ENSAIO FOTOGRÁFICO PARA A MATERIA PITTY DEPOIS DA TEMPESTADE
Todas as canções do álbum tratam dos anos que precederam sua produção. 2012 e 2013 foram anos de ruptura, de meses arrastados e acontecimentos encarrilhados, “um pior que o outro”, como ela conta. Doença, morte, traição, teve de tudo. E do enfrentamento, veio a reinvenção. “Na Bahia, a gente diz: ‘O que não mata engorda’. É um clichê, mas uma verdade. O que não me destruiu, me fortaleceu. É por isso que esse trabalho é uma espécie de vômito. Eu precisava expurgar tudo o que me aconteceu.” Pitty teve uma experiência de “quase morte”, como faz questão de ressaltar. A letra da canção “Sete vidas” fala de sua passagem pela UTI: “Era um mar vermelho, me arrastando do quarto pro banheiro’’. Foi uma semana internada. “Achei que era uma menstruação forte. Quando dei por mim, estava tendo um choque hemorrágico. Perdi muito sangue, tive que fazer transfusões e usar um cateter na veia do pescoço”, lembra. O verso “o que sobra é cicatriz”, da música “Serpente”, é literal.
PITTY CANTA PITTY
A cantora saiu do hospital sem muitas respostas. No fim daquele ano, depois de meses de exames e de um tratamento disciplinado com um endocrinologista, recebeu o diagnóstico: hipotiroidismo. Isso ao menos explicava os quilos extras. Entre a internação e o diagnóstico, só tinha uma certeza, vivia uma doença autoimune. Pensou na hora: “O corpo fala. Doença autoimune é o corpo pedindo socorro, falando com você”. Pitty engordou com a disfunção hormonal causada pelos problemas de tireoide. Mas por causa dela também reaprendeu a comer, perdeu 10 quilos e se viciou em atividade física, “a tal da endorfina”, diz, rindo de si mesma. Recuperou seu próprio corpo e descobriu novos prazeres. Junto do tratamento com o endocrinologista, aconteciam sessões de
“Nunca deixei de me posicionar contra a submissão da mulher. Desde muito nova, todas as minhas atitudes diziam isso.” psicanálise junguiana. Na terapia pós-UTI, a cantora admite que aprendeu a lidar com suas fragilidades, seu perfeccionismo e o Transtorno de Ansiedade, diagnosticado há dois anos. “Não podia carregar o mundo nas costas, ou corria o risco de somatizar. A ansiedade, no meu caso, vem da obsessão pelo controle. Sempre tive que tomar as rédeas da minha vida e não pude contar com ninguém. Mas nem tudo está nas minhas mãos. Tive uma lição de humildade.”
BOCA NO TROMBONE Todos esses infortúnios mudaram alguma coisa em Pitty. “Agora, tenho mais empatia com o que não sou”, diz se referindo ao respeito às diferenças. O feminismo veio ao encontro da nova fase. Não que antes Pitty não brigasse pelos direitos das mulheres, porque sempre brigava. Ela sempre foi feminista, “claro que sim! Só não era um feminismo batizado como agora”, explica. “Nunca deixei de me posicionar contra a submissão da mulher. Desde muito nova, todas as minhas atitudes diziam isso.” Então qual a diferença? Agora Pitty grita e curte o megafone que a fama lhe deu. Quando berra no Twitter por direitos humanos não está de cabeça quente. “Penso dez vezes antes de falar ou postar qualquer coisa”, garante. Pitty quer direitos iguais e uma sociedade mais justa, como sabe que sua voz ecoa por muitos meios, não poupa seus fãs do que pensa.
E, quanto mais puder dialogar com outras mulheres, melhor. “Eu posso ser completamente diferente de outra mulher. Me vestir diferente, ser ideologicamente diferente, mas, se no final do dia, for julgada por gênero, ela também será. As pessoas não entendem como o machismo é nocivo pra sociedade”. Em dezembro de 2014, no programa Altas horas, ela se posicionou contrária a uma declaração da cantora Anitta. “Agora que ganhamos os mesmos salários que os homens…”, disse Anitta. “Pera lá, não é bem assim”, retrucou Pitty, lembrando a colega de que o mundo ainda é forrado de machismo. Ainda adolescente, quando adentrou o mundo do hardcore, Pitty percebeu isso. Para se proteger, usava a tática de se masculinizar. “Mais velha, descobri que não queria ser como eles, queria, sim, a liberdade deles.” No Twitter, a cantora tem mais de 5 milhões de seguidores. E, toda vez que toma partido na rede social, vira notícia. Foi assim com os protestos do dia 15 de março, quando foi alvo de ofensas preconceituosas e “xingamentos impublicáveis” após dizer que jamais marcharia ao lado de extremistas de direita, fanáticos religiosos e saudosos da ditadura. Um dos recados dizia: “Quando terminar o mimimi, volte para a cozinha”. A resposta foi retuitada mais de 27 mil vezes: “Pois eu não volto para a cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. O choro é livre, e nós também e ponto”. A artista não é otimista com o atual momento político do país. Confessa que já teve vontade de ir embora do Brasil, mas as coisas mudaram, e hoje isso está fora de cogitação. “Minha vida é aqui, meu trabalho também. Nesse momento, minha cidade é São Paulo. Gosto da cor, do cheiro. É uma escolha estar no lugar onde estou e quero que aqui funcione.”
FORA DA RÁDIO
EXPOSIÇÃO
the
beatles experience A maior e mais completa exposição já realizada no mundo sobre os Beatles chega em São Paulo
POR LAILA LAFLOUFA
A
nova exposição reúne itens raros e muitas imagens da carreira dos Beatles em um espaço com cerca de 2 mil m² no Shopping Eldorado de São Paulo. O objetivo é fazer com que os visitantes façam uma imersão total nos momentos mais importantes da biografia de John, Paul, George e Ringo, valendo-se de elementos capazes de levá-los a uma viagem no tempo e espaço. São vídeos, fotos, textos e totens interativos. Existem salas que se propõem a fazer o visitante se sentir como se
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estivesse em locais importantes da carreira do quarteto de Liverpool, como o The Cavern Club. Já o filme “Yellow Submarine” será revivido em uma experiência 4D para os visitantes, que serão conduzidos dentro de um submarino lúdico. A ideia da exposição começou no Rock in Rio de 2013, quando o produtor Carlos Gualberto, vulgo Branco, organizou a Rock Street que, naquela edição, era dedicada à Inglaterra. Desde então, juntou-se ao também produtor Christian Tedesco e, por meio de uma grande parceria com o governo inglês realizarão a maior exposição dedicada à banda.
O governo inglês ficou tão empolgado com o projeto que decidiu que ela rodará o mundo.
BEATLEMANIA EXPERIENCE THE BEATLES BIOGRAPHY SHOPPING ELDORADO AVENIDA REBOUÇAS, 3970 PINHEIROS. INGRESSO: R$ 25 (MEIA) R$ 50 (INTEIRA)
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FOFOCAS E PIPINGUINS
ANGIE BOWIE reality show provoca um caos confinada em
Acompanhe a confusão gerada pela ex de David Bowie.
POR RAPHAEL AMADOR
m simples mal entendido provocou uma tamanha confusão na casa do Reality Show “Celebrity Big Brother”. Tudo começou quando Angie Bowie, ex-mulher de David Bowie e uma das participantes do reality britânico, ficou sabendo de sua morte. Mas um caos se instalou na casa depois que Angie confidenciou à sua colega Tiffany Pollard que seu ex-marido havia falecido. O problema foi que Angie disse “David está morto”, sem especificar que se tratava de Bowie. Tiffany, então, achou que ela estava se referindo a outro
U
participante que está na casa, o David Gest. E aí, tudo desandou. “Você está brincando, né?“, desacreditou Tiffany. “Você é louca? Por que eu faria isso com você?“, retrucou Angie. “Ok, o que aconteceu?“, quis saber a atriz. “Aconteceu agora. Ele teve câncer“, explicou a ex-mulher. Angie havia pedido para Tiffany não contar nada a ninguém, mas ela não se segurou e espalhou a “notícia”. Obviamente, todos surtaram e foram atrás do David Gest, até que viram que ele esta vivíssimo. Daí, Tiffany pirou com Angie achando que ela tinha feito uma brincadeira de mal gosto e quis tirar satisfação.
FOTO: CHANNEL 5
O QUE VOCÊS ACHARAM DA ATITUDE DE ANGIE? SEI LÁ, NÃO CUSTAVA ELA APENAS TER DITO PARA TIFFANY QUE ERA O BOWIE, NÉ? E A TRETA ENVOLVENDO O PROGRAMA NÃO PARA POR AÍ, MUITOS JÁ CRITICARAM A ATITUDE DOS PRODUTORES DO REALITY EM CONTAR A ANGIE QUE SEU EX-MARIDO HAVIA FALECIDO, ACUSANDO-OS DE OPORTUNISMO COM A MORTE DO ASTRO.
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