& ARQUITETURA AÇO
ARQUITETURA AÇO Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 38 junho de 2014
Mobilidade Urbana Aço contribui para soluções criativas e eficazes em diferentes sistemas de transporte urbano
CURSOS ONLINE Introdução à Construção em Aço
Sistemas Estruturais em Aço Dimensionamento de Estruturas de Aço (básico) Dimensionamento de Estruturas de Aço (avançado) Mais informações:
www.cbca-acobrasil.org.br 4
ARQUITETURA&AÇO
editorial
Aço: solução para diferentes modais de transporte O crescimento da urbanização é cada vez mais acelerado em todo o planeta. No Brasil, cerca de 85% da população já vive em áreas urbanas. À medida que as cidades crescem, vemos um grande aumento nas demandas por infraestrutura e serviços para atender a seus moradores. Entre elas, a busca por soluções para melhoria da mobilidade urbana aparece como um dos mais relevantes e polêmicos desafios a enfrentar, indicando aos governos a necessidade urgente de priorizar os investimentos no setor. Sabemos que a opção pelo transporte individual, além de não ser acessível a todos, é inadequada na maioria dos casos, com impactos negativos sobre o ambiente, aumento de congestionamentos e outros. Mas, então, qual o melhor meio? Metrô, ônibus, trem? Todos são úteis e trazem benefícios onde são bem implantados, mas os especialistas da área não hesitam ao afirmar que não há solução ideal única. A melhor abordagem, explicam, está na concepção de sistemas integrados e articulados de transporte, combinando os diferentes modais para melhor atender a cada necessidade específica. Assim, nesta edição de Arquitetura&Aço, apresentamos exemplos importantes de obras realizadas por todo o Brasil para melhorar os serviços de mobilidade urbana, contemplando diversos modais e diferentes concepções. Não se tratam apenas de sistemas de transporte, mas também, principalmente, das estações de embarque e desembarque que permitirão o acesso da população a esses serviços. Em todas elas, fica evidente a contribuição do aço para viabilizar os mais diferentes projetos. A versatilidade, o menor prazo de execução ou, ainda, as propriedades estéticas, a leveza e a resistência do material estão entre os muitos benefícios citados nos diversos casos, onde a construção em aço aparece como importante aliada nos projetos de infraestrutura.
Marcelo Scandaroli
Boa leitura!
04.
08.
22.
24.
Marcelo Scandaroli
sumário Arquitetura & Aço nº 38 junho 2014
entrevista
22
O arquiteto Jaime Lerner fala sobre as soluções para o transporte urbano acontece
Foto da capa: Terminal Pinheiros, São Paulo, SP
33
Aço é protagonista nas estações do novo monotrilho de São Paulo e no BRT da cidade de Recife ENDEREÇOS
35
04. Estação
12.
14.
18.
26.
30.
33.
Uruguai, RJ:
árvores de aço na estrutura da plataforma de embarque.
08. Terminal
12. Pátio Vila Sônia, SP: estrutura em aço na cobertura e fachada do espaço destinado à manutenção de trens. 14. BRTs no Brasil: estações com estrutura em aço marcam a paisagem no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. 18. VLT de Fortaleza, CE: beleza e conforto para usuários do novo sistema de transporte. 24. Estações-tubo, PR: sistema pioneiro de estações tubulares em aço segue eficaz e em expansão. 26. Estação de Estrasburgo, França: estrutura em aço viabiliza expansão e preservação de estação do século XIX. 30. Pontos de ônibus, SP: modernos, Pinheiros, SP:
cobertura estaiada para vencer vãos de 24 m.
novos abrigos têm o aço e o vidro como protagonistas.
Árvores de açO Estação Uruguai do metrô, no Rio de Janeiro, ganha mais espaço com 23 pilares de aço que substituíram os 138 das antigas estruturas feitas em concreto Inaugurada em março deste ano na
4
ao lado da Casagrande Engenharia & Consul-
zona norte do Rio de Janeiro, a estação Uruguai
toria, responsável pelo projeto estrutural, a
do metrô, na Tijuca, impressiona por sua histó-
estação Uruguai foi implantada em um espaço
ria e técnicas construtivas aplicadas. Desejada
conhecido como Rabicho da Tijuca, que no pas-
pela população desde o final da década de
sado abrigava um pátio de manobras da Com-
1970, a obra pôde, enfim, ser entregue após o
panhia do Metropolitano do Rio de Janeiro e um
uso de soluções inovadoras.
estacionamento de automóveis subterrâneo.
De acordo com a JBMC Arquitetura e Urba-
Por se tratar de uma área pequena e com
nismo, idealizadora do projeto de arquitetura
uma estrutura já existente, sua concepção não
ARQUITETURA&AÇO
foi nada fácil e exigiu muito dos envolvidos no
ao sistema de ventilação, e outro para abrigar
projeto em questão. “O processo de implanta-
a plataforma de embarque e desembarque,
ção foi complexo e dinâmico, pois tínhamos
além das salas técnicas.
imensas limitações de espaço que precisavam ser contornadas para evitarmos desapropriações, bem como a interrupção do tráfego da
Pilares em aço
Mas o principal diferencial e grande desafio da
Rua Conde de Bonfim”, explica o arquiteto
obra, que faturou o Prêmio Talento Engenharia
João Batista Corrêa, da JBMC, que teve como
Estrutural na categoria Infraestrutura, em 2013,
fator condicionante de projeto o menor incô-
são as árvores estruturais em aço, que substi-
modo à vizinhança.
tuíram os antigos pilares em concreto na pla-
O trabalho de remodelação começou com
Divulgação
Divulgação
Estação com capacidade para 50 mil usuários por dia é a 36ª a entrar em operação na capital do Rio de Janeiro
taforma de embarque e desembarque.
a análise do espaço e da estrutura sob o ponto
A troca foi definida para conferir mais leve-
de vista arquitetônico. Assim, dividido em
za à estação e, principalmente, liberar uma área
dois níveis, o local, com aproximadamente 12.500 m2, foi concebido com um mezanino,
maior para a mobilidade dos usuários, facili-
destinado aos acessos, salas operacionais e
Segundo o escritório de arquitetura, ao
tando a operação de entrada e saída dos trens.
Pilares de aço substituíram os pilares em concreto para contornar a falta de espaço na plataforma de embarque e desembarque ARQUITETURA&AÇO
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Corte Transversal 1
Corte Transversal 2
Foram instalados 23 pilares metálicos, com seis hastes cada, em substituição aos 138 pilares em concreto que existiam na plataforma
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ARQUITETURA&AÇO
Fotos divulgação
Legenda 1 Acesso A 2 Acesso B 3 Mezanino | Área pública 4 Área operacional 5 Área de ventilação 6 Torre de resfriamento 7 Plataforma
Ricardo Werneck
Ricardo Werneck
Fotos divulgação
A substituição da estrutura foi feita em duas etapas. Novos pilares foram colocados primeiro para garantir a transferência de cargas e, só depois, os antigos foram retirados
todo, 138 pilares de concreto da plataforma,
o arquiteto, que explica que, usualmente no
espaçados entre si a cada 2 m, foram substi-
metrô, a área sob as plataformas costuma ser
tuídos por 23 pilares de aço em forma de
reservada para os dutos e sistemas de ventila-
árvore – estes com hastes radiais responsáveis
ção. “Por se tratar de uma edificação existente,
por direcionar a carga estrutural da laje supe-
não houve espaço para isso e as instalações
rior para um eixo central.
foram transferidas para o espaço do mezani-
“A escolha pelo aço foi natural, pois se adapta bem ao processo gradual de transferência de cargas. As árvores chegaram pré-fabricadas
e
des-
montadas devido às suas dimensões e à dificuldade de acesso ao local da obra”, avalia Corrêa. A substituição foi feita em duas etapas: primeiro foram localizados os novos pilares, fazendo a trans>
Projeto arquitetônico: JBMC
ferência de cargas para
Arquitetura e Urbanismo
não prejudicar a estrutura
>
Área construída: 13.773,96 m2
existente, e, posteriormen-
>
Aço empregado: ASTM
te, foram retirados os anti-
A572 GR 50 ou similar. Tensão de escoamento superior a 345 MPa. >
Volume de aço: 350 t
>
Projeto estrutural: Casagrande Engenharia & Consultoria
>
vado pela solução estrutural.” Para minimizar os problemas de altura do
Estruturas pré-fabricadas em aço chegaram à obra desmontadas para serem finalizadas no local, contribuindo para minimizar os impactos no entorno
pé-direito, a laje de concreto aparente foi mantida, mas em uma nova configuração: associada a um forro metálico vazado que, em pontos estratégicos, abrigaram o sistema de iluminação e ventilação. “A estratégia conferiu uma sensação de amplitude e ajudou a chamar a atenção do usuário para as paredes laterais coloridas. Com isso, permitimos que o público diferenciasse com mais facilidade quais eram
plataforma, onde os pilares originais foram
as estruturas já existentes e quais foram as
mantidos, localizam-se os elevadores, as esca-
intervenções na estação”, explica o engenhei-
das de acesso ao mezanino e as salas técnicas.
ro Robson Nelson da Silva, sócio da Casagran-
“As árvores tornaram a estação possível.
de Engenharia.
Seu formato veio da necessidade de receber,
O mezanino, dividido em Sul e Norte, está
em cada pilar de aço, cargas anteriormente
localizado nas extremidades da estação, abai-
distribuídas em seis pilares. Elas também
xo da Rua Conde de Bonfim. Já os acessos,
Construtora OAS
impediram grandes intervenções estruturais,
implantados na mesma rua, foram executa-
Fornecimento da estrutura de aço: Usiminas Mecânica
>
gos. Nas extremidades da
no, sobre a plataforma, inteiramente preser-
Execução da obra: Local: Rio de Janeiro, RJ
tais como vigas obstrutivas que pudessem
dos em estacas-prancha metálicas, método
>
Data do projeto: 2009-2014
inviabilizar o uso do piso intermediário da
construtivo utilizado para minimizar desapro-
>
Conclusão da obra: 2014
estação para as instalações de ventilação”, diz
priações e reduzir custos. (E.Q.) M
>
ARQUITETURA&AÇO
7
Marcelo Scandaroli
Integração completa Para vencer vãos com 24 m, terminal de ônibus urbano conta com estrutura em aço e cobertura estaiada
8
Parte do conjunto de projetos que
em grande parte, têm como parada final a
compõem a Reconversão Urbana do Largo
Avenida Brigadeiro Faria Lima. A estimativa
da Batata, no bairro paulistano de Pinheiros,
é que o local possa receber cerca de 80 mil
o terminal intermodal foi implantado junto
passageiros por dia.
às estações homônimas do Metrô e da CPTM
O projeto foi desenvolvido pelo escritó-
(Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)
rio Tito Lívio Frascino Arquitetos Associados
para atender a 27 linhas de ônibus municipais
em parceria com a Sistran Engenharia e a
e intermunicipais – 123 ônibus por hora – que,
SPTrans (São Paulo Transporte). No total, o
ARQUITETURA&AÇO
Acima, detalhe da estrutura da cobertura, com sistema de estais em tubos de aço. Na página ao lado, vista geral do terminal e do conjunto que integra as estações do metrô, à esquerda, e de trem da CPTM, ao fundo, com o terminal de ônibus
Fotos Marcelo Scandaroli
Com poucos apoios de pilares, vãos necessários às vias de passagem dos ônibus têm entre 22 m e 24 m
ARQUITETURA&AÇO
9
Marcelo Scandaroli
A ilha de embarque fica na projeção do rasgo de iluminação natural. Nota-se, do lado esquerdo da foto, o balanço do último módulo da cobertura
>
Projeto arquitetônico: Tito Lívio Frascino Arquitetos Associados
>
>
Área total do terminal:
terminal tem 500 m lineares de plataformas de ônibus, o que resulta em uma cobertura de aproximadamente 8 mil m2. Sob o terminal
rea da cobertura Á metálica: 8 mil m² de
com capacidade para 403 veículos e um bici-
lidar, simultaneamente, com parâmetros como
cletário que recebe até 100 bicicletas.
a redução do número de pilares, os grandes
Aço empregado: patinável corrosão atmosférica
Volume de aço: 860 t
curvatura da cobertura. “Fizemos várias simu-
Como era necessário ter vias de passagem
lações em relação às condições de vento”, conta
livres para os ônibus, foi essencial conceber
ao explicar que a estrutura também está sujeita a esse tipo de carga de sucção. A solução foi ado-
capacidade para vencer vãos de mais de 20 m.
tar estais tubulares em aço – e não cabos. “São
Projeto estrutural:
“Para a cobertura do terminal, não houve
rígidos, não flexíveis. Isso evita que o material
dúvida quanto à utilização do aço, material
levante com o vento”, pontua Hamazaki.
ornecimento e montagem F da estrutura de aço: Usiminas Mecânica
>
vãos, a necessidade de iluminação natural e a
uma estrutura com poucos pilares de apoio e
Engenheiro Alberto Hamazaki >
Grandes vãos
projetos em que ele mais teve trabalho por
toda a obra)
(cobertura) e 1,4 mil t (em >
Alberto Hamazaki, afirma que esse foi um dos
9 mil m²
de maior resistência à >
O engenheiro responsável pela estrutura,
há, ainda, um estacionamento de 11.750 m2
telhas metálicas zipadas >
Soluções em aço
que permite vencer grandes vãos com leve-
A estrutura do terminal é formada por 14
za”, lembra Tito Lívio Frascino, arquiteto res-
torres de aço independentes, que nascem em
ponsável pelo desenvolvimento do projeto. “A
quatro bases de apoio inclinadas. Elas chegam
Consórcio Largo da Batata
solução também contemplou ampla ilumina-
ao topo com duas colunas em perfil caixão
Execução da obra civil: Local: São Paulo, SP
ção natural dos espaços internos”, afirma o
quadrado, com 30 x 30 cm, onde foram apa-
>
Data do projeto: 2010
profissional, que se refere à composição da
rafusados os estais – tubos de aço de 20 cm
>
Conclusão da obra: 2013
cobertura com estrutura em aço.
de diâmetro. A ligação com a cobertura em si
>
10 ARQUITETURA&AÇO
é feita por meio de vigas mestras treliçadas curvas, o que proporciona, segundo Hamazaki, excelente estabilidade horizontal. O aço foi utilizado nos pilares, no vigamento longitudinal, nas vigas curvas de suporte da cobertura, nas terças, calhas, claraboias e na cobertura zipada. “O uso da estrutura em aço e demais complementos metálicos foi primordial neste caso, com expressiva leveza na estética da obra”, explica o engenheiro. De acordo com a SPObras (São Paulo Obras), “além de ser bonita, economicamente viável, fácil e rápida de ser instalada, a cobertura metálica é, também, adequada ao uso e à infraestrutura existente no local”. (B.L.) M
Fotos Marcelo Scandaroli
À direita, torres de aço independentes chegam ao topo com duas colunas em perfil caixão quadrado. Abaixo, continuidade da estrutura mostra o ponto onde foram aparafusados os estais
ARQUITETURA&AÇO
11
Cristiano Mascaro
Oficina de aço Com vãos de até 26 m, pátio de manutenção da Linha 4 do metrô de São Paulo utiliza cobertura tipo shed com estrutura e telhas metálicas
O Pátio Vila Sônia fica na extremidade
total – deverá ser entregue junto com as esta-
oeste da Linha 4 do metrô de São Paulo. É lá que
ções Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire
os trens recebem manutenção quando não estão em operação. O terreno de 118,8 mil m2
e Higienópolis, ainda em processo de execução.
tem cerca de 10 km de vias férreas para a
grandes destaques.
A cobertura e os brises da fachada são os
manobra e armanezamento das composições.
“Preferimos as estruturas metálicas na
O empreendimento abriga torre de controle
cobertura por sua leveza, para não sobrecar-
e equipamento para a lavagem dos vagões
regar as fundações”, explica a coordenado-
e uma oficina destinada à manutenção dos
ra de projetos básicos de estruturas civis da
trens – a obra foi projetada pelo arquiteto João
empresa, Audrey Gregori, que entre outras
Walter Toscano, que faleceu em junho de 2011.
vantagens defende que o aço também traz
A implantação do edifício-oficina, dividida
racionalidade construtiva em canteiros com
em duas fases, acompanha a inauguração da
menores dimensões.
Linha 4 – Amarela do metrô. Assim, quando foi
A escolha é justificada, ainda, pelo arqui-
liberado ao público o trecho que liga o Butantã
teto Guilherme Toscano. “Entre os vários moti-
ao centro da cidade, em 2011 – estações Butan-
vos para a escolha do material está a necessi-
tã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República
dade de vencer grandes vãos, assim como sua
e Luz –, foi também inaugurada a primeira fase do bloco, totalizando 4.128 m2 de área
rapidez e precisão.”
construída. A segunda etapa do projeto, que irá dobrar a capacidade da oficina com mais 3,8 mil m2 – aproximadamente 8 mil m2 no 12 ARQUITETURA&AÇO
Fachada colorida
Na fachada oeste do prédio onde se localiza a oficina, brises verticais coloridos feitos de
Fachada conta com brises coloridos fixados sobre estruturas metálicas que protegem o edifício do sol e trazem um aspecto particular ao projeto arquitetônico
argamassa armada são fixados com parafusos
cinza e miolo em poliuretano com espessura
sobre estruturas de aço para proteger o edifício
de 3 cm, que garantem propriedades termo-
da incidência solar. Já na lateral leste, os bri-
acústicas relevantes. O fechamento lateral do
ses são fixados na horizontal acompanhando o
shed é feito em painéis duplo-térmicos em
movimento do sol ao longo do dia.
chapas de aço lisas com 4 cm de espessura,
As cores, que misturam tons de laranja ao
>
Projeto arquitetônico: João Walter Toscano Arquitetos Associados
>
Área construída: 118,8 m²
>
Aço empregado: perfis ASTM A572 e 36 GR 50 (cobertura) e parafusos A325. Nas vigas mestras treliçadas, perfis 200mm x 19,3kg/m; terças, U 150 x 60 x 304 mm e pilaretes nos nichos de manutenção perfis 200 mm x 46,1 kg/m; vigas – e HP 310 mm x 79 kg/m. Aço: ASTM A572 GR 50
também na cor cinza.
amarelo, são mérito da artista plástica Odiléia
Segundo Pimentel, o peso reduzido do
Helena Setti Toscano, também responsável
material facilitou a logística da obra na medi-
pelos painéis das estações Paraíso e São Bento
da em que o uso de equipamentos de grande
(1990/1991).
porte para o içamento das estruturas foi dispensado. “Isso viabilizou a montagem das
Luz e conforto térmico
telhas”, conta.
Do tipo shed, a cobertura do pátio localiza-se
No total, a cobertura, as pontes rolantes
a 10 m de altura do piso, propiciando a ilumi-
e as valetas inferiores para a manutenção de
nação zenital, conforme explica Mário Sérgio
trens consumiram 350 toneladas de aço.
Pimentel, diretor de produção da Setepla Tecnometal Engenharia, empresa responsável pela execução da obra.
> >
Projeto estrutural: Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projetos
>
Aço sob trilhos
Além da cobertura, o aço também está pre-
Volume de aço: 350 t
ornecimento da estrutura F de aço: Jocar Estruturas Metálicas
>
Execução da obra: Setepla
da parte de baixo dos trens. Audrey Gregori
>
Local: São Paulo, SP
turas por permitir a entrada de luz natural e
conta que, ao avançar sobre tais nichos, os
>
Conclusão da obra: 2011
proporcionar, além de conforto aos usuários
trilhos passam a se apoiar sobre estruturas
da edificação, economia de energia elétrica.
compostas por pilaretes e vigas em aço.
De acordo com o profissional, esta solução
sente nas valetas destinadas à manutenção
é adequada para locais com grandes cober-
A estrutura da cobertura é em aço e conta
Para as quatro vias já construídas na ofi-
com vigas em perfis laminados, vigas mestras
cina, foram utilizadas 67 toneladas de aço na
treliçadas e terças em perfil U.
forma de perfis 200 mm x 46,1 kg/m nos pila-
Trapezoidais, as telhas metálicas possuem
retes e 310 mm x 79 kg/m nas vigas. O aço usado foi o ASTM A572 GR 50. (B.L.) M
Pátio destinado ao armazenamento e manutenção dos trens conta com cobertura do tipo shed que viabiliza a iluminação natural do conjunto
Cristiano Mascaro
Divulgação
40 mm de altura de onda, pintura eletrostática
Tecnometal Engenharia
ARQUITETURA&AÇO
13
Ricardo Werneck
Rápido e eficiente
Divulgação
No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transit) traz soluções em aço em suas estações e promete reduzir o tempo de deslocamento da população nas cidades
14 ARQUITETURA&AÇO
Versão moderna e muito melhorada dos
iluminação natural. O beiral lateral, que
BRT Rio de Janeiro
corredores de ônibus, o BRT (Bus Rapid Transit)
avança 3 m sobre a pista, propicia sombra e
>
Projeto arquitetônico: ZK Arquitetos Associados (antiga JC&S Arquitetos Associados)
>
Área construída: 59 estações, de 380 m² cada
>
Aço empregado: aço
tem sido uma opção atrativa para muitas cida-
proteção da incidência solar. No forro, foram
des. O prazo e custo para implantação e opera-
instalados captadores eólicos, que direcionam
ção do sistema, menores na comparação com
o vento dominante da região para dentro
outros meios de transporte público de massa, além da possibilidade de aproveitar alguns recursos da infraestrutura já existente, estão entre as principais vantagens desta alternativa. Em cidades como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a implantação do sistema de BRT promete contribuir para uma significativa melhoria na qualidade dos serviços de mobilidade urbana. Parte integrante de um amplo programa de investimentos na infraestrutura de transportes do Rio de Janeiro, a Transoeste foi o primeiro corredor de alta capaci-
A Transoeste beneficiará cerca de 120 mil passageiros por dia e conta com 59 estações ao longo de seus 60 km de extensão
dade para BRTs a ser inaugurado na cidade. A Transoeste beneficiará cerca de 120 mil
da estação. A vedação lateral é feita
laminado A36 250 MPa/perfil I, aço dobrado A26/tubos pilares e perfil U
com painéis termoisolantes revestidos por chapas de aço pré-pintadas e por esquadrias
>
Volume de aço: 16 t por
>
Projeto estrutural: Leonardo
estação
com chapas de aço perfuradas estruturadas em molduras
Perazzo
metálicas, que propiciam a ven-
>
tilação cruzada nas estações.
>
O trecho reservado à parada
Fornecimento da estrutura de aço: Projetec e MBP Execução da obra: Odebrecht e Sanerio
dos veículos recebeu portas de vidro com proteção solar e acionamento automático. À noite, a iluminação artifi-
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
>
Data do projeto: 2011
>
Conclusão da obra: 2014
cial em painéis e réguas de LED é acionada por sensores.
Cobertura da estação no Rio de Janeiro traz telhas em aço com proteção termoacústica. Abaixo, esquadrias em chapas perfuradas e modo de colocação do telhado propiciam a ventilação natural
“O objetivo é a execução de um espaço confortável e esteti-
camente agradável, pois sua inserção repetida em diversas regiões do Rio de Janeiro o torna
passageiros por dia e conta com 59 estações ao longo de seus 60 km de extensão. “As unidades foram concebidas buscando-se racionalizar a construção, por isso utilizamos estrutura em aço, cobertura feita por telhas de aço com isolante termoacústico e vedações pré-fabricadas, sendo instaladas sobre uma base em concreto em forma New Jersey, que servirá ao mesmo tempo de proteção e fundação”, destaca o arquiteto Joze Candido Sampaio de Lacerda, do escritório ZK Arquitetos Associados. linhas paralelas de pilares de aço tubular, os quais ultrapassam a cobertura e recebem tirantes no topo, com vigas em perfil do tipo I, para auxiliar na sustentação. A cobertura calandrada forma uma grande asa, configurando um elemento for-
Fotos Ricardo Werneck
A estrutura metálica é composta por duas
mal e funcional marcante da estação. Composta por telhas metálicas, recebeu abertura zenital central para a passagem da ARQUITETURA&AÇO
15
Jomar Bragança
A cobertura, com estrutura em aço e bordas em curvas variadas, recebeu revestimento de alumínio e vidro. Seu design leve e fluido marca as estações da área central de Belo Horizonte
um marco referencial na cidade. A edificação atende aos conceitos de sustentabilidade, com
BRT BH – Área Central >
rojeto arquitetônico P e de design: B&L Arquitetura
>
Área construída: 585 m² (área da plataforma) e 1.082 m² (por estação). São seis estações no total
>
Volume de aço: 360 t (estruturas) nas seis estações
>
Execução da obra: Consórcio Tratenge e Cetenco
>
Local: Belo Horizonte, MG
>
Data do projeto: maio de 2011
>
Conclusão da obra: 2014
rojeto arquitetônico e P de design: Gustavo Penna Arquiteto & Associados
>
>
Área construída: 11 mil m²
>
>
natural, sistema de forro mais cobertura, iluminação por LED, e cria um ambiente confortável ao usuário”, destaca o arquiteto.
Plataformas pré-fabricadas
A capital mineira, Belo Horizonte, também
Aço empregado: aço de
investiu fortemente na implantação do siste-
Volume de aço: 28l t em cada estação
>
utilização de iluminação zenital, ventilação
(todas as plataformas) maior resistência mecânica e à corrosão
Projeto estrutural: MV Projetos via Cosórcio Consol/ Enecom
>
>
Aço empregado: perfis soldados tubulares; ASTM A36 nas chapas; ASTM A570 GRC nos perfis dobrados; ASTM A572 GR50 nos laminados; SAE 1020 na barra redonda
>
BRT BH – Corredores das Avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos Pedro I e Vilarinho
Projeto estrutural básico:
ma de BRT. Lá, o projeto recebeu o nome de MOVE e foi configurado por um conjunto de corredores de tráfego articulados entre si nas Avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos,
UFMG/ Prof. Francisco Carlos Rodrigues
Pedro I, Vilarinho e na área central.
Projeto Executivo: PI
da uma solução moderna e funcional para
Engenharia
Para os quatro primeiros, foi desenvolvias estações de transferência instaladas ao
>
Fornecimento da estrutura de aço: Techneaço e Ralmec
>
Execução da obra: Constran
pré-fabricados, com estrutura executada em
>
Local: Belo Horizonte, MG
perfis de aço formados a frio que depois recebe
>
Data do projeto: 2012-2014
revestimento metálico.
>
Conclusão da obra: 2014
longo dos percursos, que resultou em módulos
“Queríamos uma construção limpa, e por isso optamos pela estrutura modular metálica feita em fábrica e apenas montada em campo”, informa em nota a Prefeitura de Belo Horizonte.
16 ARQUITETURA&AÇO
Cada módulo tem 2,4 m de comprimento e seu conjunto resulta em uma estação de embarque e desembarque com rampas de acesso para pedestres feitas em laje pré-moldada, bilheteria e catracas que permitem o pagamento antecipado da passagem, agilizando o acesso aos veículos. As estações têm sistema de informações sobre o tempo de viagem, chegada e partida de cada linha. Todas serão monitoradas por câmeras de segurança.
Naves na área central
Outras seis modernas estações, mas desta vez na região do hipercentro, chamam a atenção por seu design. Abrigos que mais se parecem naves recebem 135 mil pessoas por dia ao Paraná e Santos Dumont. No projeto arquitetônico, desenvolvido pela B&L – Beggiato e Leal Arquitetura, a transparência e a leveza são destaques. "Ela foi projetada em forma de curva livre, prevendo balanços em locais estratégicos para proteger o usuário das intempéries no embarque e desembarque. O formato também confere movimento à estação”, informa a arquiteta Edwiges Leal, que explica que o aço se faz presente nas fundações, estruturas, pilares, vigas transversais e longitudinais, bem como nas terças e grelhas de sustentação da cobertura. “Usamos esse material por sua leveza, rapidez de instalação e para ampliar os vãos do local. Temos vãos de 12 m e pilares a cada 6 m de forma alternada”, diz Edwiges. Os fechamentos laterais são em vidro e a cobertura recebeu revestimento em alumínio composto. (D.P. e E.Q.) M
Acima, estação realizada a partir módulo pré-fabricado com estrutura em aço e revestimento metálico, padrão adotado na maioria das estações do BRT de Belo Horizonte. Ao lado, detalhe das belas estações da área central: estrutura com pilares em aço sustenta cobertura com curvas em balanço para maior proteção aos usuários. A colocação dos fechamentos laterais, soltos da cobertura, garante a ventilação natural
Fotos Jomar Bragança
longo de 1,2 km de extensão entre as Avenidas
Júlio Martins/divulgação
Mobilidade sobre trilhos VLT de Fortaleza atravessa a cidade e marca a paisagem com estações feitas em aço e vidro. Transporte atenderá cerca de 100 mil passageiros por dia
Os veículos leves sobre trilhos, mais
tral da cidade, a Mucuripe, na zona portuária.
conhecidos por VLTs – uma versão moderna
Passa por 22 bairros, incluindo o aeroporto,
dos antigos bondes –, são apresentados como
a Arena Castelão e o setor hoteleiro da orla
uma alternativa mais barata e sustentável do
marítima. Ao longo do trajeto, a nova linha
que outros meios de transporte coletivo, como
conta com dez estações e beneficiará cerca de
os ônibus e o metrô. O sistema pode trans-
100 mil passageiros por dia.
portar até quatro vezes mais pessoas do que
As estações de embarque e desembarque
o primeiro e sua implantação custa menos
foram concebidas em três diferentes tipologias,
e é mais rápida que a construção de linhas
conforme sua utilização. O modelo-padrão
de metrô. Justamente por isso foram escolhi-
segue a configuração da estação Borges de
dos para melhorar a mobilidade urbana na
Melo, localizada na região do Aeroporto, e será
capital cearense, uma das sedes da Copa do
adotado em oito delas. A estrutura em aço da
Mundo de 2014.
cobertura recebeu fechamento de telhas de
O ramal do VLT de Fortaleza , com 12,7 km
aço com proteção térmica e nas laterais, pla-
de extensão, liga Parangaba, na região cen-
cas de policarbonato. Além da modernidade e
18 ARQUITETURA&AÇO
A estação Borges de Melo, na região do aeroporto, segue o padrão que será adotado em oito das dez estações do VLT da capital do Ceará
Fotos Júlio Martins/divulgação
leveza das instalações, a transparência obtida
Já em Papicu, uma estação de superfície,
com essa configuração garante luz natural
a integração será com a futura Linha Leste do
durante o dia e viabiliza um belo efeito com
metrô e com o terminal de ônibus. No local,
a iluminação noturna. A Borges de Mello foi
três acessos distintos feitos por meio de pas-
a primeira estação do VLT a ficar pronta, em
sarelas em aço e rampas sobre a Via Expressa
dezembro de 2013.
farão a conexão da população com o terminal
As outras duas estações, Papicu e Paran-
urbano, que terá piso monolítico antiderra-
gaba, seguem tipologia diferenciada e terão
pante e fechamentos com guarda-corpos em
maior porte, pois fazem integração com
aço e vidro em sua composição.
outras linhas e modais que compõem o sistema de mobilidade urbana de Fortaleza. A estação Parangaba está em um trecho
Referência em aço
A estação Parangaba é uma das principais
de via elevada e faz a conexão entre o ramal
marcas do novo VLT. Seguindo a mesma lin-
do VLT, a Linha Sul do metrô e o terminal de
guagem definida para todas as estações, o pro-
ônibus do Sistema Integrado da cidade.
jeto traz uma impactante estrutura em aço.
A estrutura em aço, com fechamento em policarbonato e telhas de aço, garantem leveza à instalação, além de iluminação natural e conforto aos usuários
ARQUITETURA&AÇO
19
Divulgação >
Projeto arquitetônico: Daniel Hopp Fernandes
>
Projeto executivo: Setec Hidrobrasileira
>
Área construída: 10.112,09 m²
>
Aço empregado: perfis de
> >
Júlio Martins/divulgação
chapa dobrada, tubos de aço (fy=300 Mpa), perfil soldado e chapas aço (fy=300 Mpa), perfis laminado ASTM A572 GR 50, barras redondas ASTM A36, parafusos para ligações principais ASTM A325, parafusos para ligações secundárias ASTM A307 e soldas eletrodo AWS-E7018-W
Nesta página, Estação Parangaba que faz integração com outros modais do sistema de transporte da cidade
Volume de aço: 470 t Projeto estrutural: Rui Jorge de Oliveira Alves
>
ornecimento da estrutura F de aço: Hispano
>
Execução da obra: Consórcio CPE-VLT Fortaleza
> >
Local: Fortaleza, CE Início do projeto: junho de 2011
>
Conclusão da obra: segundo semestre de 2014
A estrutura em pórticos de aço envolve a via elevada, liberando maior espaço na plataforma de embarque
De acordo com Rodrigo Moraes Leme, coordenador de projetos da Setec Hidrobrasileira, empresa responsável pela elaboração do projeto executivo do ramal, “uma característica importante do projeto foi a introdução dos pórticos metálicos que sustentam a cobertura da estação, liberando a plataforma de pilares – o único elemento que transpassa a estação é o elevador para deficientes e idosos”.
20 ARQUITETURA&AÇO
O projeto da estação, além de garantir maior espaço para as operações de embarque e desembarque, traz, ainda, outros benefícios: possibilita ampla visão do trajeto dos trens, bem como uma excelente ventilação. “Sua dupla abertura lateral garante a passagem do ar de forma permanente e, somada às telhas metálicas com isolamento termoacústico, protegem os usuários do calor característico de Fortaleza”, comenta Leme. A implantação do VLT teve início em 2012 e deverá estar totalmente concluído e entreDivulgação
gue à população no segundo semestre deste ano. (D.P.) M
Acima, a Estação Papicu, com estrutura da cobertura em aço. Três passarelas em aço fazem a conexão com o terminal de ônibus urbano
Aço: uma solução urbana
Jaime Lerner é arquiteto e urbanista e foi, por três vezes, prefeito da cidade de Curitiba, e por duas vezes governador do Estado do Paraná. Em seus mandatos municipais implantou mudanças profundas no sistema de mobilidade da capital paranaense, sendo um dos responsáveis pela criação do BRT (Bus Rapid Transit), sistema que torna o desempenho dos ônibus semelhante ao do metrô. Lerner foi por diversas vezes reconhecido internacionalmente, com destaque para os prêmios internacionais Liderança em Transporte, concedido pelo Fórum Internacional da OCDE (Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico) e o Prêmio Mundial Tecnologia para Transportes, de 2001. Nesta entrevista, ele fala sobre tendências em mobilidade urbana e também sobre sistemas construtivos em aço AA – Parte dos investimentos em mobilidade
AA – E, hoje, o BRT curitibano é considerado
to de Curitiba, o sistema de BRT (Bus Rapid
JL – Atualmente transportamos no BRT de
realizados durante suas gestões como prefei-
Transit) é considerado umas das principais
uma rede?
Curitiba cerca de 2,8 milhões de passagei-
contribuições à cidade. Como ele surgiu?
ros por dia. Como comparação, o metrô de
Jaime Lerner – O sistema de Curitiba, que mais
Londres transporta 3 milhões. Desde que foi
tarde foi batizado de BRT, começou em 1974,
criado, o sistema cresceu e chegou a uma
época em que era comum dizer que, quan-
rede integrada. A partir daí, muitas cidades
do uma cidade chegasse perto de 1 milhão
começaram a adotar sistemas semelhantes.
de habitantes deveria ter um metrô. Àquela
Hoje são cerca de 200 no mundo, incluindo
época, estávamos chegando a 700 mil habi-
Bogotá, a Cidade do México, Seul, Istambul,
tantes e sabíamos que não haveria recursos
Rio de Janeiro e outras nos Estados Unidos,
para construir um sistema de metrô. Não
na Europa e na China.
adianta projetar uma linha, tem de ser uma rede completa. Daí, buscamos o conceito do metrô: um meio de transporte eficiente, com frequência e embarque rápido. Pensamos: por que não na superfície?
AA – Quais são as características principais do BRT? Em quais casos ele é competitivo?
JL – BRT é um sistema que precisa de cana-
leta exclusiva; e não falo de faixa pintada. A Divulgação
faixa pintada, ainda mais do lado direito, não é BRT. Para ser tem de ter canaleta exclusiva, embarque rápido, com pagamento antecipado, e frequência – em que o passageiro não espera mais do que 1 minuto. Nesta condição, ele sempre vai ser atraente. Pode-se trabalhar com linhas que param mais e outras mais diretas. AA – E por que, comparativamente ao metrô, o BRT é competitivo?
JL – A vantagem principal é que uma rede pode ser criada em menos de três anos. E
leva-se dez anos para fazer uma linha de metrô, sem falar nos custos. É muito difícil construir uma rede completa de metrô. As cidades que têm metrô o fizeram há 100, 150 anos, quando não existia ônibus e era muito 22 ARQUITETURA&AÇO
mais fácil trabalhar no subsolo. Hoje em dia é muito difícil construir um metrô. O BRT dá ao ônibus a mesma performance que o metrô, mas precisa ser muito bem operado. O importante é a construção de uma rede. AA – O senhor acredita que grandes cida-
des, com problemas crônicos de mobilidade, deveriam abandonar a ampliação do metrô?
JL – O metrô não é um mau sistema em si. A
grande diferença é que o custo é elevado na diada. Já no BRT a operação se paga. Não tem comparação. Muitas cidades terão linhas de metrô, mas eu diria que, em muitos casos, não é a melhor solução. São Paulo, por exemplo, tem cinco linhas, mas 84% da população
Lucas Roni de Lacerda
implantação e a operação precisa ser subsi-
se desloca na superfície. Então, é a superfície que precisa ser melhorada.
tados rapidamente. E soluções industrializadas permitem usar espaços alternativos, com soluções elevadas. Daí, a vantagem é que a
velocidade de construção?
estrutura metálica não pesa.
respondido com muita rapidez. Não podemos
AA – Quais outras tecnologias podem aten-
JL – O problema de mobilidade tem de ser ficar sacrificando gerações e gerações à espera de uma linha de metrô. Neste sentido, as soluções em BRT ajudam muito.
der à ampliação da rede de forma rápida e com custos competitivos?
JL – A tecnologia que vai avançar muito é a
do BRT elétrico, com cargas rápidas e com AA – Portanto, soluções industrializadas, como
supercapacitores. Costumo dizer que o futuro
JL – Uma estrutura metálica possibilita res-
uma energia limpa e de fácil carregamento.
sistemas construtivos em aço, podem ajudar?
está na borracha e na eletricidade, no uso de
postas rápidas, ou seja, fazer em dois anos
O avanço das baterias e dos supercapacitores
uma ampliação significativa da rede. A grande
vai fazer com que o BRT tenha melhor perfor-
vantagem do aço na mobilidade é sua rápida
mance. A tendência é avançar neste sentido.
montagem. Precisamos de soluções e execuções rápidas, pois não podemos esperar a vida toda. Como exemplo, temos a proposta de Curitiba, que utiliza muito a estrutura metálica em praticamente todos os projetos. É um material que possibilita criatividade, rapidez.
AA – E quanto às ciclovias, qual o papel delas numa rede de transporte público?
JL – Ciclovia é um dos modos de transporte, uma alternativa boa e limpa. Não exige gran-
des investimentos, mas não é um transporte de massa. Sempre que possível, é importante
AA – Em quais aplicações o aço tende a ser
ter as ciclovias até para aproveitar melhor
JL – Para plataformas, principalmente, mas,
pessoas possam ir de bicicleta até um ponto
mais atraente?
o transporte público. Ou seja, para que as
às vezes, há traçados que precisam ser mon-
do sistema. (B.L.) M
“ Uma estrutura metálica possibilita respostas rápidas, ou seja, fazer em dois anos uma ampliação significativa da rede. A grande vantagem do aço na mobilidade é sua rápida montagem.
“
AA – Então, tem a ver com custos e com a
ARQUITETURA&AÇO
23
Transporte eficiente Pioneiro no Brasil, o sistema BRT (Bus Rapid Transit) de Curitiba é referência no deslocamento de passageiros e conta com estações-tubo feitas em estrutura metálica
O sistema BRT (Bus Rapid Transit),
Leste, Oeste, Boqueirão e Linha Verde Sul), há
conhecido no passado como sistema Expresso,
81 km de canaletas e outros 15 km estão em
começou a ser implantado em Curitiba, em
construção – 11 km na Linha Verde Norte e
1974, com a criação da primeira via segrega-
quatro no extremo sul da Linha Verde Sul, que
da exclusiva para ônibus – corredores cha-
está sendo ampliada. Nas canaletas, trafegam os ônibus do
corredores foram implantados em avenidas
BRT, os quais são biarticulados, com capaci-
estruturais, formando eixos compostos por
dade para até 250 passageiros, com embar-
canaletas e pistas laterais. Atualmente exis-
que e desembarque em nível, o que é feito
tem seis eixos e o sétimo (Linha Verde Norte)
nas plataformas dos terminais de transporte
está em obras. Nestes seis eixos (Norte, Sul,
e nas estações-tubo. Além do BRT, existem os
24 ARQUITETURA&AÇO
Pedro Sunye
mados pelos curitibanos de canaletas. Estes
Referência em Curitiba, estações protegem os usuários das intempéries e ainda garantem uma boa iluminação natural
>
>
Projeto arquitetônico:
ônibus Linha Direta, que os curitibanos
base com isolamento para evitar a corrosão.
IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Autores: Carlos Eduardo Ceneviva, Osvaldo Navarro e Jaime Lerner
conhecem como “ligeirinhos”. Eles fazem a
As pontes de embarque e desembarque, por
ligação entre os bairros, com paradas a cada
sua vez, são de chapas de aço galvanizado,
3 km, e trafegam nas vias de trânsito normais,
com espessura de 3 mm e revestimento em
Adaptação de projetos: URBS
mas também têm embarque e desembarque
elastômero de poliuretano tipo poliéster.
em nível, parando em estações-tubo.
(Urbanização de Curitiba S/A) >
Aço empregado: aço carbono 1020
>
olume de aço (estação com V sete módulos): 2,4 t
>
Projeto estrutural: Ieklo Estruturas Metálicas
>
>
Fabricação das estruturas de aço: Fabsteel Estruturas
Referência em aço
O atual desenho das estações do BRT da Linha
Feitas de aço, as estações-tubo começaram a
Verde se caracteriza por dois tubos gemina-
ser implantadas em 1991. Atualmente exis-
dos, que permitem a circulação dos usuários
tem 359 unidades. Elas têm tamanho, lar-
entre as duas vias do sistema. As plataformas
gura, extensão e área interna diferentes, de acordo com o
Metálicas Ltda. e Brafer
número de módulos – há uni-
Local: Curitiba, PR
dades com cinco, sete, treze e vinte. Cada módulo tem 1,4 m de largura e sua extensão determina o tamanho da estação. Ou seja, uma com sete módulos possui cerca de 10 m de área total. Numa estação-padrão, de
Corredor criado em 1974 atualmente passa por ampliação
dessa linha são diferenciadas no formato, desenho, tamanho e funcionamento em relação às demais. Para os fechamentos laterais dessas unidades de embarque e desembarque de passageiros, a opção foi pelo uso de vidros com película interna capaz de reduzir a incidência de luz solar, aumentando, assim, o conforto térmico. O projeto arquitetônico das estações-tubo é do IPPUC (Instituto de Pes-
sete módulos, 2,4 toneladas de aço são utiliza-
quisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Já
das, informa a URBS (Urbanização de Curiti-
o projeto estrutural foi feito pela Ieklo Estru-
ba S/A), empresa municipal responsável pelo
turas Metálicas e é adaptado pelas equipes de
planejamento, gerenciamento e fiscalização
arquitetura e engenharia da URBS, de acordo
do transporte coletivo e comercial, e pelo uso
com a estação.
comercial de equipamentos urbanos.
Sempre que houver a necessidade de
Os anéis tubulares em aço, que formam a
ampliação, uma licitação será feita. As obras
estação, são soldados em chapas chumbadas
atuais de reforma e implantação das estações
em sapatas de concreto. O piso é em alumí-
estão sendo feitas pela Fabsteel Estruturas
nio e tem espessura de 3 mm. As chapas são
Metálicas Ltda., e a manutenção é de respon-
assentadas sobre uma estrutura tubular da
sabilidade da Barkoski & Zukovski. (R.F.) M
Fotos Jaelson Lucas/SMCS/divulgação
BRT conta com 359 estações-tubo feitas em aço. Implantação começou em 1991. Plataforma-padrão, com sete módulos, utiliza 2,4 toneladas do material
Por dentro da obra
ARQUITETURA&AÇO
25
26 ARQUITETURA&AÇO
A vitrine de Estrasburgo Fotos Michel Denancé
Bolha de vidro, com moderna estrutura em aço, amplia estação e respeita construção histórica do século XIX
Poucas vezes o diálogo entre o antigo
da histórica e da praça adjacente. A estrutura,
e o moderno se mostra tão natural como na
leve e eficiente, modula a “bolha” com impac-
estação central de Estrasburgo, França. A bela
to mínimo na visão através da pele de vidro,
construção, datada dos anos 1870, recebeu
e funciona como uma espécie de vitrine para
uma ampliação com projeto dos arquitetos
antiga estação.
Jean-Marie Duthilleul e François Bonnefille, do grupo francês AREP, com estrutura projetada pelo escritório RFR, de modo a comportar
Arcos em aço instalados a cada 9 m, seguindo a mesma modulação do prédio original, compõem a estrutura principal da nova instalação
Estrutura revelada
De acordo com arquiteto e engenheiro Jean-
o crescimento no fluxo de público, que foi
-François Blassel, diretor do escritório RFR e res-
multiplicado em até três vezes desde a chega-
ponsável pelo projeto estrutural, a base geomé-
da de uma nova linha do TGV – trem de alta
trica do anexo reproduz, de forma suave, uma
velocidade – para servir a cidade.
estrutura toroidal. A repetição dos raios do toro
A obra, uma espécie de “bolha de vidro”
em sequência gera uma superfície duplamente
com estrutura em aço colocada em frente ao
curva e cilíndrica, com raio mínimo de aproxi-
antigo edifício, foi concebida como uma área
madamente 11 m.
de circulação para a estação, que serve de cone-
Perfis de seção tubular e elementos de ten-
xão a todos os meios de transporte da cidade. Com 3 mil m2 de extensão, o volume ofe-
são, como roldanas e cabos em aço estrutural,
rece abrigo e conforto aos passageiros em
que utiliza, ainda, chapas e barras metálicas,
trânsito, mas mantém a percepção da facha-
além de cabos em aço inoxidável.
estão presentes na concepção da estrutura,
ARQUITETURA&AÇO
27
Divulgação
Esquema da estrutura, com os arcos principais nas laterais, as vigas secundárias entre eles, os pilares de apoio e os cabos tensores
O esquema estrutural foi estudado a partir de análises do terreno, sua função de uso,
durante a fase de projeto, mas ao longo de toda a execução”, conta Blassel. No projeto da fachada de 120 m de com-
o prédio histórico e a possível incidência de
primento, a estrutura primária, que gera a
abalos sísmicos, resultando em uma forma
curvatura da bolha, é composta por arcos de
arquitetônica apta a resistir a cargas verti-
aço colocados a cada 9 m, seguindo a mesma
cais, radiais horizontais e esforços ortorradiais
modulação da fachada da estação. Estes se
horizontais – sem desconsiderar o estresse
apoiam em uma viga tubular triangular de
gerado por processos de dilatação e contração
250 mm x 350 mm e são sustentados por pila-
devido à variação térmica. “Cálculos estáticos
res tubulares inclinados – fabricados em peças
e dinâmicos se arrastaram ao limite, não só
únicas medindo de 20 a 25 m. Já os arcos prin-
David Iliff / wikipedia
necessidade de diálogo arquitetônico com
cipais, em função de seu comprimento que chega a 40,5 m, são pré-fabricados em três ou quatro partes e são compostos de dois tubos de 168 mm de diâmetro, unidos por uma chapa de aço que preenche a distância de 40 cm entre eles. "Tensores que radiam dos arcos e são fixados aos pés dos pilares conectam os elementos da estrutura primária e dão estabilidade lateral ao fechamento de vidro, suportando esforços gerados até mesmo em casos de movimentação sísmica", explica o diretor do RFR. A estabilidade de todo o sistema, por sua vez, é assegurada pela presença de uma terceira estrutura composta por vigas secundárias que utilizam perfis metálicos curvos e, por fim, recebem folhas de vidro de 12 mm em toda a sua composição. “O acabamento em vidro é composto por folhas temperadas extrabrancas, frita cerâmica e folhas bicromáticas de densidade variável. Dependendo da posição do material na bolha, laminados e filme de proteção solar também se fazem presentes.” (G.G.) M
28 ARQUITETURA&AÇO
A nova estrutura é mais alta do que fachada em pedra para permitir a saída de ar; os túneis preexistentes também favorecem a ventilação e, em conjunto com os filtros de proteção aplicados nos vidros, garantem o conforto térmico
Fachada curva recebeu delicada estrutura em aço, projetada para garantir estabilidade à instalação com mínimo impacto visual
Urbano e moderno Consórcio liderado pela Odebrecht Transport vai trocar, até 2015, 6,5 mil pontos de ônibus da cidade de São Paulo. Novos modelos são assinados pelo escritório Indio da Costa A.U.D.T.
A cidade de São Paulo vem ganhando
novos pontos de ônibus desde o ano passado. Até 2015, serão trocados 6,5 mil abrigos e 12,5 mil totens existentes na capital paulista, com um investimento de cerca de R$ 636 milhões. A instalação e a manutenção dos novos pontos são de responsabilidade da Otima Concessionária de Exploração de Mobiliário Fotos divulgação
Urbano, criada em 2012 a partir do consórcio formado por Odebrecht Transport, Rádio e Televisão Bandeirantes, APMR Investimentos e Participações e Kalítera Engenharia. Ao longo da concessão de 25 anos, outros mil abrigos e 2,2 mil totens serão implan-
Segundo o escritório Indio da Costa
tados, atingindo um total de 7,5 mil pontos
A.U.D.T., se São Paulo fosse uma estrutura
e 14,7 mil totens. O novo mobiliário repre-
não seria ortogonal. E dessa premissa surgiu
senta uma alternativa de mídia, com a possibilidade de exploração dos espaços publicitários em painéis instalados junto aos abrigos. Foram
desenvolvidos
quatro modelos de pontos de ônibus: Caos Estruturado, Brutalista, Minimalista com Ginga e Hi-Tech. Todos foram criados considerando-se diferentes condições urbanísticas
específicas
de cada local, com atenção
Em vidro temperado e aço de maior resistência à corrosão, abrigo Caos Estruturado é feito com chapas de 8 mm
especial às questões de aces-
a ideia da tipologia batizada como Caos Estruturado, em aço e vidro. “Espontânea, irregular, contemporânea, contrastante e heterogênea, esta cidade nos inspirou a criar um abrigo onde nenhum dos pilares é vertical
>
espaços vazios é igual ao outro”,
>
A estrutura desse modelo >
Volume de aço: 1,5 t por abrigo, no modelo Caos Estruturado
>
ornecedoras das F estruturas de aço: Coesa
maior resistência à corrosão, que prescinde de pintura e facilita a manutenção.
Guto Indio da Costa, foi um dos vencedores
“Essa estrutura, ao mesmo tempo delicada e
do prêmio IDEA/Brasil 2013, edição nacional
rústica, contrasta com a leveza dos vidros, do
do International Design Excellence Awards,
banco flutuante de granito e com a sofisticação
dos Estados Unidos.
da serigrafia da cobertura e iluminação a LED”,
ipos de aço T empregados: Inox e SAE1020 de 8 mm de espessura com galvanização eletrolítica
explica o escritório. é em chapas e perfis de aço de
Instalação e manutenção: Otima Concessionária de Exploração de Mobiliário Urbano
dinâmica, assimétrica e surpreendente, em que nenhum dos
Projeto: Guto Indio da Costa
e a estrutura cria uma malha
sibilidade. O projeto, de autoria do designer
30 ARQUITETURA&AÇO
>
e Sinalmig >
uantidade de novos Q abrigos: 6,5 mil até 2015
Fotos divulgação
Modelo mais comum na cidade, o Caos Estruturado (acima) estará presente no entorno do Parque do Ibirapuera e na Avenida Faria Lima. Já o High-Tech (abaixo) terá iluminação noturna e telas sensíveis ao toque
ARQUITETURA&AÇO
31
A Estrutura Minimalista (acima) será instalada no centro histórico de São Paulo, em regiões como os arredores do Teatro Municipal e da Estação da Luz. Já o conceito Brutalista, em concreto (abaixo), será implantado em vias de tráfego intenso, como as marginais
resume o escritório. Este será o modelo mais
touchscreen com informações adicionais
utilizado e estará presente em diversas vias
sobre itinerários e pontos turísticos da região.
da cidade.
Segundo o autor do projeto, este é um “modelo
Os demais pontos foram planejados para utilização em contextos urbanos específicos. O chamado Hi-tech, também com estrutura em aço de maior resistência à corrosão, estará
diferenciado e altamente tecnológico”.
Caixa transparente
Já nos pontos chamados Minimalista com
em regiões como as Avenidas Paulista e Ber-
Ginga, a proposta foi maximizar a transpa-
rini. Ele disponibilizará ao público um painel
rência. Uma delgada estrutura de aço inox cria
Fotos divulgação
uma caixa de vidro. Um banco suspenso entre os dois pilares e em duas alturas distintas traz a assimetria desejada e viabiliza o assento ou apoio dos passageiros. O escritório explica que o uso do aço inox, além de suas qualidades e resistência, também reflete os constrastes da cidade, pois dá um aspecto moderno que difere do patrimônio histórico existente. Por fim, há a configuração Brutalista, que segue conceitos de dinamismo, assimetria e não ortogonalidade, e conta com abrigos de concreto reforçado com fibras estruturais. Será utilizada em vias de tráfego pesado, como as Avenidas Bandeirantes e Radial Leste e Marginais dos Rios Tietê e Pinheiros. (R.F.) M 32 ARQUITETURA&AÇO
Fotos MetroSP / divulgação
acontece
“Em ambas as estações são utilizadas soluções tendo o aço como protagonista. Destaque para os mezaninos com estruturas metálicas e fechamento em vidro.” Engenheira Debora Gramani, coordenadora do projeto da linha 15-Prata do metrô
Vila Prudente e Oratório também em aço Com obras já em fase de conclusão, as Estações Vila Prudente e Oratório do novo monotrilho de São Paulo – trem com tração elétrica que trafega sobre pneus em via elevada – são as primeiras que serão entregues, das 18 previstas para a Linha 15 - Prata do metrô paulista. Com cerca de 26,5 km de extensão, a linha conectará o bairro do Ipiranga, na zona sul, à Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital. A presença do aço é marcante no projeto das estações. Apenas na Vila Prudente, mais de 1,1 mil toneladas do material foi utilizada, entre o mezanino, passarelas e coberturas, viabilizando soluções para os acessos e nas plataformas de embarque e desembarque.
O aço aparece com destaque também na estação Oratório, localizada no canteiro central da avenida Prof. Luis Ignácio Anhaia Mello, com 5.400 m² de área construída. “O emprego do aço permitiu soluções estéticas e funcionais. O conjunto em metal e vidro nas passarelas, por exemplo, viabilizou a execução de vedações transparentes que ampliaram os níveis de iluminação da obra. A medida trouxe um ganho energético significativo”, diz a engenheira Debora Gramani, que coordena o projeto da Linha 15 - Prata. As estruturas em aço permitiram vencer vãos de até 30 m. A cobertura recebeu telhas trapezoidais de aço galvanizado, tipo sanduíche, com proteção termoacústica.
À esquerda, já em fase de conclusão, a Estação Vila Prudente leva mais de 1,1 mil toneladas de aço entre o mezanino, acessos e cobertura. Já na Oratório (acima), estrutura nas passarelas favorece a iluminação natural
ARQUITETURA&AÇO
33
Fotos Secretaria das Cidades / divulgação
acontece
Estação, localizada no vão central entre as duas pistas do corredor, atende ao BRT em trecho de via elevada. Abaixo, estrutura em aço da cobertura das plataformas, que recebem revestimento em telhas de aço com proteção termoacústica
“O aço foi uma escolha acertada, uma vez que se adequou perfeitamente às necessidades do projeto.” Juliana Barreto, gerente dos projetos de mobilidade na Secretaria das Cidades de Pernambuco
Integração urbana no Recife A cidade do Recife, em Pernambuco, receberá dois corredores para BRT: o Norte-Sul, com 33,3 km de extensão, e o Leste-Oeste, com 12,3 km. Juntos fornecerão acesso a importantes polos turísticos e de serviços da cidade, passando pela Arena Pernambuco, pelo aeroporto, estações ferroviárias, além de prover integração com os sistemas de metrô e ônibus. A concepção das estações buscou garantir conforto e acessibilidade ao usuário, bem como rapidez no embarque e desembarque. A opção pela estrutura em aço ocorreu devido às suas características estéticas e versatilidade, que possibilita desenhos modernos e arrojados, aliados à rapidez na montagem e padronização das peças, além de uma execução mais rápida da estrutura. O material também foi adotado na cobertura das estações e, ainda, em toda a estrutura da cobertura dos terminais integrados. “O aço foi uma escolha acertada, uma vez que se adequou perfeitamente às necessidades de ajustes no projeto a partir do momento em que se definiu o modelo da carroceria do BRT que será utilizado, pois as aberturas de portas precisam ser simétricas com as entradas das estações”, explica Juliana Barreto, gerente de projetos de mobilidade na Secretaria das Cidades de Pernambuco. Para garantir o conforto dos usuários, telhas termoacústicas com manta asfáltica foram especificadas para a cobertura e vidro temperado foi utilizado para os fechamentos. A estação e os ônibus são todos climatizados e serão entregues aos usuários a partir do final de maio de 2014.
34 ARQUITETURA&AÇO
endereços
> Escritórios de Arquitetura AREP (Jean-Marie Duthilleul e François Bonnefille) www.arep.fr Indio da Costa A.U.D.T. www.indiodacosta.com IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) www.ippuc.org.br Jaime Lerner Arquitetos Associados www.jaimelerner.com JBMC Arquitetura e Urbanismo www.jbmc.com.br João Walter Toscano Arquitetos Associados joaowaltertoscano.blogspot. com.br Tito Lívio Frascino Arquitetos Associados www.titolivio.com.br URBS (Urbanização de Curitiba S/A) www.urbs.curitiba.pr.gov.br ZK Arquitetos Associados www.zk.arq.br
> Projeto estrutural
> Execução de obra
Alberto Hamazaki hamazaki@terra.com.br
Consórcio CPE-VLT Fortaleza www.passarelli.com.br
Casagrande Engenharia www.cagen.com.br
Consórcio Largo da Batata Carioca Engenharia www.cariocaengenharia.com.br
Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projetos www.ffcep.com.br
Consórcio Mendes Júnior www2.mendesjunior.com.br
Ieklo Estruturas Metálicas www.ieklo.com.br
Constran www.constran.com.br
PI Engenharia www.piengenharia.eng.br
Construbase www.construbase.com.br
RFR Group www.rfr-group.com
Construtora OAS www.oas.com
> Estrutura metálica
Odebrecht www.odebrecht.com
Brafer www.brafer.com Coesa www.grupocoesa.com.br Fabsteel Estruturas Metálicas Ltda. www.fabsteel.com.br Hispano www.hispanoestruturas.com.br
Otima Concessionária de Exploração de Mobiliário Urbano www.otima.com Sanerio www.sanerio.com Setepla Tecnometal Engenharia www.setepla.com.br
Jocar Estruturas Metálicas www.jocar.eng.br MBP www.mbp.com.br Projetec www.projetecguerra.com.br Setec Hidrobrasileira www.setec.fr Sinalmig www.sinalmig.com.br Usiminas Mecânica www.usiminas.com
ARQUITETURA&AÇO
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expediente Revista Arquitetura & Aço é uma publicação trimestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora CBCA: Av. Rio Branco, 181 – 28º andar 20040-007 – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br Conselho Editorial Fernando José Estrela de Matos – CBCA Roberto Inaba – Usiminas Ronaldo do Carmo Soares – Gerdau Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão
Roma Editora Rua Cônego Eugênio Leite, 623, térreo CEP 05414-011 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3061-5778 cbca@arcdesign.com.br Direção Cristiano S. Barata Coordenação Editorial Eliane Quinalia Redação Bruno Loturco, Deborah Peleias, Eliane Quinalia, Giovanny Gerolla e Romário Ferreira
Supervisão Técnica Arq. Silvia Scalzo
Revisão Deborah Peleias
Publicidade Ricardo Werneck tel: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br
Editoração Cibele Cipola (edição de arte)
Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA Av. Rio Branco, 181 – 28º andar 20040-007 – Rio de Janeiro/RJ cbca@quadried.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA. É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.
Impressão Silvamarts
números anteriores Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br
A&A nº 01 - Edifícios Educacionais A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 03 - Terminais de Passageiros A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais A&A nº 05 - Pontes e Passarelas A&A nº 06 - Residências A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas A&A nº 08 - Indústrias A&A nº 09 - Edificações para o Esporte A&A nº 10 - Instalações Comerciais A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções A&A nº 12 - Lazer e Cultura A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos A&A nº 15 - Marquises e Escadas A&A nº 16 - Coberturas A&A nº 17 - Instituições de Ensino II A&A nº 18 - Envelope A&A nº 19 - Residências II A&A nº 20 - Indústrias II
A&A Especial - Copa do Mundo 2014 A&A nº 21 - Aeroportos A&A nº 22 - Copa 2010 A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social A&A nº 24 - Metrô A&A nº 25 - Instituições de Ensino III A&A nº 26 - Mobilidade Urbana A&A nº 27 - Soluções Rápidas A&A nº 28 - Edifícios Corporativos A&A Especial - Estação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros A&A nº 29 - Lazer e Cultura A&A nº 30 - Construção Sustentável A&A nº 31 - Construções para Olimpíadas A&A nº 32 - Instalações Comerciais II A&A nº 33 - Hotéis A&A nº 34 - Shopping Centers A&A nº 35 - Hospitais e Edificações para a Saúde A&A nº 36 - Pontes e passarelas A&A nº 37 - Estádios da Copa 2014
Erratas ediçÃo 37 Arena Beira Rio – pg. 15, 3º parágrafo: ... foi executada uma estrutura de aço composta por 65 pórticos de aço em formato de folha. Parte da estrutura da cobertura foi revestida com chapas de aço pré-pintado (galvalume AZM 150), espessura de 0,65 mm, nas cores prata, vermelho e branco. Esse material foi fixado na forma de bandejas, em uma subestrutura auxiliar. A Sul Metais foi a empresa responsável pelo projeto, fabricação e instalação das bandejas e da subestrutura. Na ficha técnica: Volume de aço: estrutura da cobertura, 2.150 t; fundações (estacas de aço), 17.100 m; estrutura de aço interna, 752 t; revestimento em aço pré-pintado 60 t (Galvalume AZM 150) Projeto Estrutural: Simon Engenharia (concepção) e Andrade Rezende Engenharia (detalhamento da estrutura de aço) Fornecimento da subestrutura auxiliar: Sul Metais (www.sulmetais.com.br)
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Arena Pantanal – Pg. 18, na ficha técnica Fornecimento da estrutura de aço: MV Construções Metálicas (arquibancadas, cobertura e fechamento – 7.600 t); Entap Engenharia e Construções (estruturas espaciais) MV Construções Metálicas Estruturas: www.mvcm.com.br Arena de Brasília – Pg. 33, na ficha técnica: Fornecedor da estrutura de aço: MV Construções Metálicas (estruturas da cobertura translúcida em balanço e passarelas – 1.100 t ); Entap (estruturas espaciais – 2.000 t) Conclusão da obra: 2014 MV Construções Metálicas Estruturas: www.mvcm.com.br
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