N ยบ 1 0 1
D E Z E M B R O
2 0 0 9
S E M E S T R A L
ANOS 14 Nº 101
SEMESTRAL DEZEMBRO
3ª SÉRIE 2009
“NPR Viana do Castelo”
5
Cerimónia de baptismo COORDENAÇÃO Vítor Calçada REDACÇÃO Eng.º Alfredo Silva Carlos Balio Fernando Silva Manuel Cadilha Gonçalo Fagundes COLABORAÇÃO DESTE NÚMERO Eng.º Santos Lima Eng.º Francisco Baptista Eng. Cristóvão Bento Eng.º Jorge Lima Gonçalo F. Meira Vítor Calçada Fabíola Sousa Rui Alpuim Paulo Lopes Manuel Ramos Américo Marques Comissão de Trabalhadores União dos Sindicatos de V. C. Leonel São Gil PROPRIEDADE Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A. Apartado 530 Av. Praia Norte Telef. 258 840 100 - 258 840 293 Fax. 258 840 385 4901-851 Viana do Castelo Fotos da capa Carlos Vieira e Vítor Roriz Fotos dos conteúdos ENVC, GDCTENVC, Roda do Leme e Arnaldo Silva Execução gráfica TwoDesign - Soluções Gráficas Impressão e Acabamento OFILITO Tiragem 1700 exemplares
Portugal Tecnológico
8
Mostra o que de melhor se faz na área tecnológica nacional
Trabalhadores dos ENVC
23
Plenários Gerais
Editorial.............................................................03 Mensagem .........................................................04 Baptismo NPR “Viana do Castelo” .............05 “Industrial Edge”..............................................06 Reparação Naval..............................................07 Portugal Tecnológico 2009 ...........................08 DSEI Londres ...................................................09 Entrevista a Camilla Olsen ............................10 | 11 Qualidade, factor de competitividade ........12 | 13 Segurança e Higiene no Trabalho................14 | 15 Actividade Formativa......................................16 Cultura e Desporto ........................................17 | 20 Viagens de Culto (Roteiro I) ........................21 Humor ...............................................................22 Plenários Gerais...............................................23 CGTP-IN - 39 anos de existência ...............24 Social ..................................................................25 Artes e Letras ..................................................26 | 27
A mudança não se faz sem iniciativa
Há um ano atrás, fizemos votos no sentido de que 2009 fosse um ano de esperança. Feito o balanço, face à evolução verificada durante os últimos 12 meses, constata-se que ficamos longe do que seria desejável e que se mantêm nuvens escuras a pairar sobre o nosso futuro imediato. O navio Atlântida, que deveria estar a navegar nas águas dos Açores, continua encostado ao cais em Viana do Castelo. Para o substituir, são fretados outros ferrys no mercado internacional, com a agravante de, em alguns casos, terem de sofrer obras de adaptação para se ajustarem aos portos açorianos. O cidadão português, que conhece demasiado bem as dificuldades financeiras por que passa o país, terá imensa dificuldade em compreender como é que um navio de dezenas de milhões de euros está parado e, por outro lado, se gasta milhões em navios obsoletos, para fazer o que devia ser feito com este navio novo. Paradoxos, coisas próprias dos portugueses. Acresce que há, ainda, um segundo navio contratado, cuja fabricação, em estado avançado, foi igualmente parada, agravando todo este quadro de prejuízo económico-financeiro. E, é tanto mais incompreensível que não seja encontrada solução para os problemas, considerando que, quer o construtor quer o cliente, são empresas de capitais públicos, e os governos nacional e regional são oriundos do mesmo partido político. Entretanto, a crise económica e financeira internacional demora a iniciar uma recuperação sustentada, com reflexos muito negativos na economia portuguesa. Continuam a verificar-se encerramentos de empresas e os níveis do desemprego continuam a subir. Tal como dizíamos há um ano, esta crise afecta também, seriamente, a indústria naval e, obviamente, os ENVC, com consequências nos processos negociais em curso. Daí
que não tenha sido possível concretizar-se com êxito as negociações com a empresa estatal “Petróleos da Venezuela” para a construção dos navios asfalteiros; e que o processo para um contrato de dois ferrys não deva estar concluído até ao final do ano. Aspecto altamente positivo e compensador foi o sector da reparação, que teve no ano de 2009 “o segundo melhor ano de sempre”, esperando-se que possa repetirse em 2010. Objectivamente, neste momento, são os contratos de construções militares que nos dão alguma garantia, de acordo com declarações do Presidente da Empresa, em texto publicado nas páginas seguintes. Projectando o próximo ano, com o desenvolvimento dos contratos das construções militares, em que é necessário colocar todo o rigor e controlo de execução, e admitindo que o volume de reparações possa manterse, será insuficiente para a capacidade instalada da empresa. Os momentos de crise podem ser transformados em oportunidades de mudança, e as dificuldades em alavanca para implementar novos projectos. Por conseguinte, existe a expectativa de que mudanças estruturais aconteçam, de acordo com as palavras proferidas pelo Presidente da Administração, no passado mês de Setembro. Há um sentimento de adiamento de uma reestruturação efectiva há muito anunciada. Naturalmente, o espírito com que desejamos entrar em 2010 é de esperança no futuro da Empresa. No entanto, esperança e boa vontade não bastam. São necessárias iniciativas e decisões, com responsabilidade e competência. A Redacção
3
“Os objectivos traçados para esta fase foram cumpridos e devemos estar todos optimistas” Dr. Jorge Rolo Presidente do Conselho de Administração
4
No passado dia 10 de Novembro os ENVC assistiram a um momento importante na sua história recente. O primeiro dos dois Navios de Patrulha Oceânicos navegou pela primeira vez, ainda em testes para o Estaleiro. Este momento simbólico assinala o culminar de um esforço conjunto com o cliente Marinha Portuguesa que, nos últimos meses, tem permitido avançar decididamente com a conclusão deste primeiro Navio. A expectativa, neste momento, é a de que no início do próximo ano possam decorrer as provas de mar para o cliente. As indicações recolhidas pelo Estaleiro são de molde a deixar-nos a todos optimistas quanto ao estado de maturidade do Navio, que cumpriu os objectivos que tinham sido traçados nesta fase. Importa salientar que a prioridade à conclusão dos dois primeiros NPO tem também em conta que os programas de construção naval militar representam uma fatia importante da actividade dos ENVC e do próprio Grupo EMPORDEF (Empresa Portuguesa de Defesa, SGPS, SA), envolvendo também a EID (Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica, SA), a EDISOFT (Empresa de Serviços e Desenvolvimento de Software, SA) e, desejavelmente, o AA (Arsenal do Alfeite, SA). Existem actualmente adjudicados e contratualizados com os ENVC três programas: 1) 2) 3)
2 Navios de Patrulha Oceânica (NPO) 2 Navios de Combate à Poluição (NCP) 5 Lanchas de Fiscalização Costeira (LFC)
Encontram-se em fase de “pré-adjudicação”, e ainda não contratualizados: 1) 2) 3)
4 NPO 3 LFC 1 Navio Polivalente Logístico
Considerando apenas os programas já adjudicados ou comprometidos, estamos perante uma carteira de encomendas que rondará os mil milhões de euros e que garante trabalho pelo menos para os próximos 5 anos para os ENVC e, simultaneamente, a renovação há muito necessária da esquadra da Marinha.
Ademais, este é um mercado menos cíclico e em que a Europa vem focando a sua actividade de construção naval, a par de outros navios de elevada complexidade (e valor acrescentado), em que os concorrentes asiáticos ainda não têm capacidade para competir com base nos custos muito baixos que conseguem apresentar. Isto significa também que o tempo da construção de grandes séries de navios relativamente simples (que mantiveram os ENVC durante os anos 80 e 90 do século passado) terminou. O futuro da construção naval na Europa e em Portugal passa por navios costumizados face aos requisitos de cada cliente e de elevada complexidade. Os programas militares permitirão, em teoria, que os ENVC e o Grupo Empordef, SGPS se capacitem para este tipo de mercado, que exige elevada capacidade e adaptabilidade mas que tem um potencial importante para o País, permitindonos exportar bens de elevado valor acrescentado e tecnologicamente relevantes. Este é um objectivo fundamental não só por motivos de curto prazo (necessidade de melhorar a situação financeira do Estaleiro) como, e mais importante ainda, pelas implicações de longo prazo que tem, desde logo porque o atraso deste programa tem atrasado a construção dos NCP’s e do segundo conjunto de NPO’s. Todos sabemos o quanto foi difícil este ano. Infelizmente sucederam-se vários acontecimentos que condicionaram a actividade da nossa empresa, desde a crise mundial que afectou a construção naval, ao cancelamento de encomendas dos mega iates, ao litígio com a Atlanticoline, ..., mas tal como disse no Plenário, e com base nos diagnósticos e outros documentos, vemos luz no fundo do túnel. Para tal será necessário avançar-se para o Plano de Reorganização/ Reestruturação, que proximamente será partilhado com os órgãos competentes. Vamos com certeza ultrapassar o impacte da baixa ocupação que se avizinha nos primeiros meses do próximo ano. Obrigado mais uma vez pelo esforço feito ao longo do ano de 2009, nomeadamente no empenho demonstrado na construção dos navios militares. Desejo a todos e às vossas famílias um Feliz Natal e um próspero Ano Novo de 2010.
Contrução Nº 238 – NRP “Viana do Castelo” Cerimónia de baptismo Fabíola Sousa - COIC
A bênção
No passado dia 24 de Julho de 2009, realizou-se a cerimónia de bênção e baptismo da C.238, Navio Patrulha Oceânico – NRP “Viana do Castelo”. Esta cerimónia foi presidida pelo bem conhecido, e Amigo, Dr. Monsenhor Sebastião Ferreira. Por sua vez, a embarcação teve como madrinha a Dra. Manuela Ramalho Eanes. Assistiram a este acto solene, de grande relevância para os ENVC, um conjunto de personalidades representativas dos diversos órgãos de soberania, da Marinha e do corpo técnico da Empresa. Assinalou-se, assim, o fim de um período de construção e, simultaneamente, o início da fase de testes dos equipamentos e de desempenho da embarcação no mar, bem como a execução do plano de formação e treino da sua guarnição, a qual se concretizará com a entrega desta unidade à Marinha Portuguesa, em Janeiro de 2010. Desta forma, celebramos o regresso dos ENVC à construção de navios militares, que já não se verificava desde 1968, ano em que foi entregue a última unidade à nossa Armada, o
A madrinha
Escoltador Almirante Magalhães Corrêa. Não admira por isso que, neste importante acto, estivesse presente o então Ministro da Defesa Nacional, Prof. Dr. Nuno Severiano Teixeira. Este aproveitou para presidir também à assinatura de um Memorando de Entendimento entre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo SA e a empresa europeia – Damen Schelde Naval Shipbuilding BV. 5 Este memorando, de expressiva importância para a Empresa, estabelece e define os termos de uma futura parceria estratégica, que permitirá aos ENVC aceder a um conjunto de benefícios decorrentes da colaboração com uma rede empresarial internacional, que certamente contribuirá para potenciar o desenvolvimento de capacidades e competências estratégicas no domínio da engenharia naval, mais concretamente na direccionada para a construção naval militar. Desta forma, os ENVC e os seus colaboradores devem congratular-se pelo início de mais uma etapa no seu longo trajecto, que se espera bem sucedida, para bem do país, da economia nacional e regional.
Assinatura do protocolo
Industrial Edge “Navio…tecnicamente perfeito” Fabiola de Sousa - COIC
6
Vigário Geral da Diocese e Cmdt. Cvijeto Bozovic
No passado dia 1 de Julho de 2009, realizou-se a Cerimónia de Bênção do Navio “Industrial Edge” – nossa Construção Nº 256 – que, uma vez mais, por indicação expressa do Armador e à semelhança de ocasiões anteriores, se tratou de uma cerimónia muito simples. A Bênção do “Industrial Edge” foi presidida pelo Vigário Geral da Diocese de Viana do Castelo, Monsenhor Sebastião Ferreira, e contou com a presença das Administrações da Empordef e dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, SA, Comissão de Trabalhadores dos ENVC, representantes do Armador MS “CASTOR J” Schiffahrtsgesellschaft mbH & Co. KG, do Comandante do navio e sua tripulação, para além de outros Trabalhadores dos ENVC mais directamente envolvidos na construção desta fantástica unidade. De salientar que esta série de navios “heavy-lift” tem merecido os maiores elogios não só do seu Comandante Sr. Cvijeto Bozovic, que com a sua já longa experiência afirma “serem estes navios extraordinários, tecnicamente perfeitos”, como também por parte de outros profissionais e técnicos desta área de actividade nos portos internacionais onde têm operado. Após a sua viagem inaugural, este navio passou para o serviço do operador de carga INTERMARINE, LLC agente da “Industrial Maritime Carriers (USA)” & (Worldwide), US Ocean, and West Coast Industrial Express (WCIE).
Reparação Naval 2009 foi mais um bom ano para os ENVC Eng.º Santos Lima
O ano 2009 foi, por larga margem, o segundo melhor ano de sempre. Conseguimos o dobro da facturação dos anos anteriores a 2008 (que foi um ano absolutamente excepcional). Estes resultados são ainda mais significativos, se considerarmos que os nossos principais concorrentes tiveram quebras da ordem dos 50%. 7
No primeiro semestre mantivemos o bom ritmo que vinha do ano anterior e alcançámos resultados semelhantes. No segundo semestre a situação agravou-se muito a nível internacional; nós conseguimos, mesmo assim, resultados muito bons graças à situação privilegiada que tivemos com as docagens antes de entrega dos navios do H.J.Barreras.
NAVIOS E ORIGEM País de Origem
Face à conjuntura internacional actual no mercado das construções e às previsões para médio e longo prazo, a aposta no reforço da capacidade de reparação, aproveitando mãode-obra disponível e materiais de stock para investir na criação de condições de maior capacidade, apresenta-se como uma opção óbvia. É claro que a crise internacional continua a afectar também fortemente as reparações, já que o preço dos fretes caiu para menos de metade dos praticados anteriormente. Longe vão os tempos em que se previa um crescimento continuado do comércio internacional, que ainda há um ano era de 40%. Apesar de tudo, prevê-se o início da recuperação a partir de meados do próximo ano, já que os armadores não vão poder adiar mais as reparações e não irão reparar os navios em países asiáticos, tal como fazem nas construções. Para nos mantermos competitivos, temos que reduzir custos e melhorar os prazos, praticando horários compatíveis com esta actividade, uma vez que os concorrentes habituais também o estão a fazer e há novos estaleiros no mercado, alguns, dos sobreviventes da crise das construções.
Dinamarca
N.º Navios 10
Espanha
9
Alemanha
4
Portugal
4
Holanda
3
Inglaterra
2
Rússia
1
Suíça
2
TOTAL
35
E.N.V.C. com Grupo EMPORDEF no Portugal Tecnológico 2009 Fabiola de Sousa - COIC
“PORTUGAL TECNOLÓGICO” MOSTRA O QUE DE MELHOR SE FAZ NA ÁREA TECNOLÓGICA NACIONAL
8
O maior evento nacional de tecnologias e inovação. Um espaço onde convergem empresas de pequena, média e grande dimensão, Instituições e Administração Pública, tendo como base a sua matriz de criação e utilização tecnológica. A Mostra “Portugal Tecnológico 2009” reuniu cerca de 700 empresas e instituições geradoras de novas tecnologias que, dia-a-dia, vão transformando as nossas vidas: a das Pessoas e a das Empresas. A Exposição esteve patente na FIL, no Parque das Nações em Lisboa, entre os dias 7 e 10 de Outubro 2009, e recebeu cerca de 22.000 visitantes. Paralelamente à Mostra, desenvolveu-se também um programa de outras actividades, incluindo demonstrações, apresentações e conferências. O Grupo Empordef fez-se representar com um Stand também “Inovador”, representando o Navio de Patrulha Oceânico, construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo que, para além de ter conquistado a atenção e interesse do público em geral, “constituiu um elemento agregador do Grupo Empordef, ao conseguir interligar, de um modo muito feliz, o Pólo Naval com o Pólo Tecnológico” *. Lá dentro, conseguimos recriar o ambiente do interior de um navio, a imagem realista de uma ponte de comando em operação durante a noite. E, nesse mesmo espaço, lado a lado, as várias competências das Empresas do Grupo foram detalhadamente explicadas ao inúmero público que nos visitou, sobretudo na vertente que consideramos mais importe: a sua Interligação, Cooperação e Sentido de Objectivo Comum. As fotografias legendadas darão, de certeza, uma imagem mais elucidativa do que “uma dezena de palavras”.
Dr. António Rolo, Presidente da Empordef e dos ENVC, entrega modelo NPO ao 1º Ministro à entrada do Stand, na Inauguração da Feira
Vista exterior do Stand
* Citação da mensagem do Sr. Presidente Dr. Jorge Rolo Vista parcial do interior do stand
Navio de Patrulha Oceânico (NPO) elogiado em Londres Fabiola de Sousa - COIC
Portugal estreou-se na FEIRA INTERNACIONAL DE SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE DEFESA (DSEI) de Londres, com a presença de empresas de alta tecnologia militar. O certame, instalado na nova zona de expansão da capital inglesa nas Docklands, esteve patente entre 8 e 11 de Setembro de 2009. Com mais de 1300 expositores, representando 40 países, a DSEI, considerada a maior exposição mundial de equipamentos de segurança global, contou, pela primeira vez, com a representação de empresas de segurança e defesa de Portugal, constituindo cenário de privilégio para a divulgação das empresas Portuguesas da especialidade, nomeadamente dos ESTALEIROS NAVAIS DE VIANA DO CASTELO. A EMPORDEF (Empresa Portuguesa de Defesa) fez-se, assim, representar pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), que apresentaram na exposição de Londres a sua última criação, o Navio de Patrulha Oceânica (NPO), e pela EID – Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica, SA – empresa líder em sistemas de comunicações navais e terrestres, responsável pelas comunicações dos navios militares em construção nos ENVC. O NPO chamou a atenção de representantes e armadores de vários Países, que elogiaram esta unidade militar, afirmando “nunca terem visto um design tão bem conseguido” (sic), para além do interesse manifestado nas suas capacidades técnicas e operacionais (missão e conceito de utilização). Presentemente, o NRP “Viana do Castelo” – o primeiro NPO construído pelos ENVC – encontra-se em fase de realização de Provas ao Cais, seguindo-se um período de cerca de 4 meses dedicado a Provas de Mar e à formação e treino da sua guarnição, estando a entrega definitiva à Marinha Portuguesa prevista para 22 de Janeiro de 2010. A carteira de encomendas dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, no que concerne a navios militares, inclui ainda: o 2º Navio de Patrulha Oceânico (NRP “Figueira da Foz”); 2 Navios Patrulha Oceânicos e de Combate à Poluição; e 5 Lanchas de Fiscalização Costeira (com opção para mais 3).
Imagem do espaço representado pelos ENVC
Outro aspecto do Pavilhão ENVC
9
Arquitecta Naval Camilla Olsen Da Suécia para Viana do Castelo!
“…sinto-me adaptada e integrada nesta grande família…”
Camilla, na sua área funcional, em pose para a RL
10 No âmbito de uma política de rejuvenescimento de recursos humanos, mas sobretudo de reforço da eficiência técnica de áreas cruciais para o negócio de construção naval, como é o caso do Serviço de Projecto Básico, a nossa Empresa admitiu nos seus quadros, no passado mês de Fevereiro, a Arquitecta Naval Camilla Irene Elisabeth Olsen, natural da Suécia. A aposta nessa área será, porventura, um dos factores relevantes para responder aos desafios futuros do mercado da indústria naval, mas, nomeadamente, permitir-nos-á ser mais competitivos e eficientes em mercados mais atractivos, de segmentos de maior complexidade do projecto (ex. navios militares, passageiros, químicos, etc.). Nesta perspectiva, e sendo uma jovem quadro superior, entendeu o Conselho de Administração convidá-la a estar presente na cerimónia de baptismo da Construção n.º 238 “NRP Viana do Castelo”, aquando da visita do então Ministro da Defesa Nacional, Dr. Nuno Severiano Teixeira. Pelo facto, resolvemos ouvir a Arquitecta Camilla sobre a sua integração nos ENVC, suas expectativas, motivações e o sentimento com que recebeu o convite para essa cerimónia e o espírito com que viveu o momento. RL: Camilla, passado cerca de um ano ao serviço dos ENVC, como tem vivido a sua integração no seio desta grande família que é a comunidade de trabalho dos ENVC?
CO: No serviço onde trabalho, os colegas e o Chefe de Serviço Manuel Barros tiveram comigo desde o início uma atitude de amabilidade, compreensão e ajuda e, portanto, sinto-me adaptada e integrada nesta grande família, graças a eles. Honestamente, nunca existiu nenhum mal entendido cultural. No projecto básico temos uma organização horizontal e de grande igualdade. Foi assim que fui habituada a trabalhar na Suécia. Todos nós nos esforçamos muito no sentido de conseguirmos o melhor resultado possível, e trabalhamos com aquilo que constitui o nosso maior interesse na vida: os navios. É isto que nos une. RL: Para além das diferenças geográficas e climatéricas da Suécia em relação a Portugal, difere, também, nos sistemas sociais e, concretamente, nos sistemas empresariais e da organização do trabalho. Tendo em conta estas referências, como se sente neste País e, mais precisamente, nesta cidade de acolhimento? CO: Sinceramente, fiquei muito surpreendida com a facilidade com que tudo se resolveu: conseguir o número de identificação fiscal, registo como cidadã estrangeira nos serviços da Câmara Municipal e cartão de saúde. Em apenas algumas horas, tudo se resolveu. Quando uma colega minha espanhola começou a trabalhar na Suécia, no Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença, teve que esperar cerca de 3 semanas para que as autoridades suecas lhe concedessem todos estes documentos. Quando decidi trabalhar no estrangeiro, enviei apenas uma
A crise provocou a reformulação total da economia global e das suas regras. Para conseguir sobreviver e crescer, a Empresa e os seus Trabalhadores têm que ser mais flexíveis, abertos a novas ideias e tentar resolver os problemas de outra forma.
Com os colegas do Serviço de Projecto Básico
candidatura e foi para trabalhar em Portugal. Todas as vezes que visitei o vosso país, fui sempre muito bem tratada pelos portugueses. Na minha opinião, os portugueses são muito educados e gostam de ajudar. E têm uma excelente comida! Tive muita sorte com as pessoas que conheci em Viana. Logo desde o início da minha estada nesta cidade, conheci gente muito simpática, graças ao meu colega João Vieira. Formamos um grande grupo de amigos, fazemos coisas muito interessantes, como caminhadas, assistir a concertos; jantamos juntos e viajamos para melhor conhecer Portugal; mas o mais importante é que eles me ajudam muito na resolução de coisas práticas essenciais para a minha vida. E, juntamente com os meus colegas Marise e Andomarc, comecei a ter lições de vela na Escola de Vela de Viana. RL: Tendo em conta a sua experiência profissional noutras empresas, enquanto arquitecta naval e, ainda, o curto tempo como colaboradora da Empresa, dê a sua opinião sobre os ENVC, mais concretamente, sobre uma área tão importante como é o Serviço de Projecto Básico, onde se integra. CO: O Projecto Básico é o coração da Empresa; é aqui que se faz a análise técnica, é aqui que se toma as decisões técnicas: se as consultas que o Estaleiro recebe são exequíveis ou não. E, caso se considere que uma determinada consulta é exequível, então um novo navio será construído no Estaleiro. Por isso, é muito importante que este Serviço disponha de software que seja o estado da arte, de modo a que possamos fazer análises
correctas, detalhadas e rápidas. Desta forma, o Estaleiro poderá ser mais competitivo em relação a outros estaleiros. RL: Enquanto jovem quadro dos ENVC, como sentiu o convite do Conselho de Administração para assistir à cerimónia de baptismo do NPO “NRP Viana do Castelo”, com a presença do Sr. Ministro da Defesa Nacional, e como viveu esse momento? CO: Claro que me senti muito honrada e feliz por ter sido convidada a participar num dia tão importante para o Estaleiro, pois, tanto quanto sei, o último navio militar entregue pelo estaleiro aconteceu já em 1969. Trabalho no mundo naval há cerca de 10 anos, mas nunca tinha tido a oportunidade de assistir a uma Cerimónia de Baptismo e, portanto, senti-me muito emocionada quando fui apresentada ao Ministro da Defesa e ao Chefe do Estado-maior da Armada. RL: Não só como técnica, mas na qualidade de colaboradora desta Empresa, qual a mensagem que gostaria de deixar a todos os colegas e leitores desta revista, em relação aos novos desafios e ao futuro dos ENVC? CO: Assim como a maioria das empresas em todo o mundo, também o Estaleiro enfrenta grandes desafios. A crise provocou a reformulação total da economia global e das suas regras. Para conseguir sobreviver e crescer, a Empresa e os seus Trabalhadores têm que ser mais flexíveis, abertos a novas ideias e tentar resolver os problemas de outra forma.
11
Qualidade, factor de competitividade empresarial Eng.º Cristóvão Bento
O desempenho das organizações influencia a competitividade
12
O principal problema da economia, actualmente, é a sua competitividade, que está directamente relacionada com a competitividade das empresas, dependendo o sucesso desta, na grande parte dos casos, da qualidade do desempenho da gestão de topo. Alguns modelos de gestão estão ultrapassados ao nível das políticas comerciais e de marketing, já que não apostam em novos segmentos de mercado, não utilizam as melhores práticas de recrutamento e motivação de pessoal, esquecem o investimento e a inovação, constituindo assim, alguns exemplos de políticas que conduzem à tomada de decisões não sustentadas e que não promovem a melhoria contínua das organizações. As empresas lutam pela competitividade, e nesse sentido, urge melhorar o aproveitamento dos recursos das mesmas. Para se obter resultados satisfatórios, é necessário investir na qualidade dos profissionais, melhorar os processos de trabalho e fazer investimentos que potenciem o aumento da produtividade, vector que reflecte a relação entre o resultado obtido e os meios utilizados para o obter.
A qualidade potencia a competitividade Actualmente, a qualidade deixou de ser um problema de conformidade do produto ou da responsabilidade apenas de um departamento específico, passou a ser um problema da empresa, abrangendo, como tal, todos os aspectos da organização. Neste mundo global onde vivemos, onde as barreiras sócioeconómicas não existem, ou tendem a desaparecer, cada vez mais os clientes procuram produtos e serviços com qualidade, o que obriga as empresas a adequar-se a este cenário e, por conseguinte, a adoptar estratégias viradas para a satisfação das necessidades desses mesmos clientes. Consequentemente, a qualidade é uma ferramenta importantíssima utilizada pelas empresas para melhorar os processos da organização e com isso ampliar ou manter a sua competitividade no mercado.
Os custos da não qualidade afectam as margens de lucro O custo da qualidade pode ser definido como o custo resultante da afectação de recursos empregues para a obtenção da qualidade. Os custos da qualidade dividem-se em: • Custos de prevenção, que resultam das despesas com as actividades desenvolvidas para prevenir a ocorrência de falhas; • Custos de avaliação, que englobam todas as despesas durante o processo produtivo para garantir a aceitabilidade do produto ou serviço; • Custos de falhas internas, que representam as despesas inerentes à sua detecção durante o processo produtivo e antes da entrega ao cliente; • Custos de falhas externas, que compreendem todas as
despesas motivadas por produtos ou serviços reclamados pelo cliente após a sua entrega. Os custos de falhas internas deverão, idealmente, apresentar valores nulos ou muito reduzidos. Nos ENVC, em 2008, na área do projecto, as alterações de desenhos, quer as alterações, correcções e aprovações na produção, representaram valores significativos no conjunto das horas trabalhadas. Estes valores requerem ponderação séria, no sentido de serem adoptadas acções correctivas que conduzam à redução dos mesmos. As empresas devem apostar mais nos custos de prevenção e avaliação (inspecção e detecção de erros antes da entrega ao cliente), pois só assim se pode evitar ou minimizar a má qualidade dos produtos e serviços. Num mercado de forte concorrência comercial, o acréscimo dos custos de não qualidade são efectivamente perdas financeiras, pois reduzem a margem de lucro inicialmente projectada. Consequentemente, a empresa tem de fazer com que as perdas tendam para zero, e os montantes recebidos representem os custos reais directos e indirectos na fabricação dos produtos, acrescidos das margens de lucro que permitam o desenvolvimento sustentado da empresa.
Vantagens da certificação da qualidade O que é a certificação da qualidade? É o processo no qual uma entidade certificadora, devidamente acreditada para esse efeito, emite um certificado que atesta a conformidade do sistema da qualidade da organização com os requisitos da norma ISO 9001. A certificação passa, todavia, por uma opção estratégica de desenvolvimento das organizações, no sentido de quererem evoluir, melhorar processos e ganhar mercados. A certificação é válida por ciclos de três anos e está sujeita a auditorias anuais de acompanhamento. As principais vantagens da certificação são: a melhoria do prestígio e da imagem da empresa; o aumento da competitividade e entrada em novos mercados; o aumento da confiança dos Clientes e Trabalhadores e a cultura da melhoria contínua.
Os ENVC, empresa certificada pela Bureau Veritas Certification, renovaram em Julho/2009 a certificação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) para o triénio 2009-2012. A manutenção da certificação da empresa é indispensável
para os ENVC continuarem a competir no mercado. E se o seu custo é algo inevitável, as vantagens devem constituir um factor mobilizador para a mudança comportamental no sentido da melhoria contínua.
Esquema do conceito do ciclo PDCA (inglês), traduzido para ciclo de melhoria contínua (português): P = Plan (Planear) – estabelecer os objectivos e os processos necessários para apresentar resultados de acordo com os requisitos do cliente e as politica da organização; D = Do (Executar) – implementar os processos; C = Check (Verificar) – monitorizar e medir processos e produtos em comparação com políticas, objectivos e requisitos para o produto e reportar resultados; A = Act (Actuar) – empreender acções para melhorar continuadamente o desempenho dos processos.
A qualidade dos nossos navios Os ENVC, desde a sua origem, sempre manifestaram uma grande preocupação com a qualidade. Reconhecidamente, os navios construídos são produtos que enchem de regozijo os trabalhadores da empresa, pois os seus proprietários vêem cumpridas as premissas de exigência, fiabilidade, funcionalidade e valências técnicas. São conhecidas as manifestações públicas de satisfação dos Armadores que receberam os últimos navios construídos nos ENVC, tais como a C. 206 (navio químico para os Estados Unidos da América), uma construção protótipo no transporte de ácidos sulfúrico e fosfórico; ou as C. 224/5 (navios químicos para a Finlândia), construções que operam com sucesso nas gélidas águas do Oceano Árctico; ou as dezenas de navios heavy-lift para a Alemanha (Grupo Jungerhans), construções que têm provas dadas no transporte de mercadorias nos EUA, graças à sua autonomia de meios de elevação. O índice médio de satisfação dos nossos Clientes nos últimos cinco anos foi de 67% no final da construção e de 65% no final da garantia (um ano após a entrega). Estes valores revelam que estão satisfeitos e gostam do nosso produto. Ainda assim estaremos a ser assertivos? Por vezes, questionase o porquê de apresentarmos padrões de qualidade muito superiores aos da concorrência, a qual obtém lucros e nós não. Também se comenta o porquê da exigência das Sociedades de Classificação nos ENVC em detrimento de menor exigência na concorrência. Estes factos, sendo verdadeiros, resultam ora da nossa cultura intrínseca de “fazer bem” e também por alguma insuficiência negocial nas fases comerciais e de aprovação.
• ao nível logístico, sendo evidente o rigor na recepção e conferência da documentação dos materiais e equipamentos; • ao nível do auto-controlo, onde teremos de ter maior atenção no acompanhamento da obra; • ao nível da relação com Fornecedores e Subempreiteiros, já que se exige cuidados redobrados no procurement, nas parcerias e na celebração de contratos. Este ciclo de exigência deverá merecer a maior atenção da gestão de topo dos ENVC, de modo a preparar a empresa ao nível humano e técnico. Para tanto, é necessário apostar em colaboradores competentes e responsáveis, numa estrutura organizacional adequada e eficaz, pois só desta forma poderemos estar à altura de enfrentar as novas solicitações do mercado. Para que possamos obter boas performances em ambos os vectores da empresa (refiro-me à competência humana dos colaboradores e à qualidade do nosso produto) será necessária a concertação de todos: • a comercial deve garantir os contratos exequíveis e financeiramente gratificantes; • a área técnica deve desenvolver o projecto, a logística e a documentação que promova uma viável execução da obra; • os aprovisionamentos devem comprar procurando conciliar o melhor preço com qualidade, e garantir a preservação dos materiais e equipamentos; • a produção deve fabricar o aço, proceder a aprestamentos com bons padrões de qualidade e testar a funcionalidade e interligação de todos os constituintes do navio.
A qualidade como factor de diferenciação A nossa organização: Competência humana e qualidade do nosso produto Os níveis de solicitação e exigência dos Clientes são cada vez maiores. É assim no presente e é expectável que assim continue a ser no futuro. Os requisitos regulamentares e contratuais das construções civis e militares exigem cada vez mais dos ENVC, nomeadamente: • ao nível técnico, com a nova regulamentação no âmbito da IMO;
A qualidade não é apenas visível no produto final, está latente em todas as actividades da empresa. A qualidade tornouse num dos maiores, melhores e mais eficazes factores de diferenciação das empresas neste mercado global. Só é possível sobreviver neste espaço competitivo se apostarmos na diferenciação positiva, isto é, na qualidade, que só se obtém se houver estratégia, liderança, competência e autoridade na gestão de topo, apoiada por trabalhadores competentes, criteriosos, responsáveis e organizados. Citando o escritor Eça de Queiroz “não falemos mais, façamos”.
13
Contaminantes e Ambiente de Trabalho Ideal Eng.º Francisco Batista
O ambiente laboral nas indústrias metalúrgicas e metalomecânicas é influenciado por um conjunto de agentes, tais como, iluminação, ruído, temperatura, humidade, poeiras, gases e fumos, que, de acordo com as actividades desenvolvidas, podem constituir-se agressivos, necessitando de uma competente avaliação e controlo, sob pena de influenciarem de forma negativa a saúde dos trabalhadores a eles expostos, com consequente redução da qualidade de vida do trabalhador e da produtividade da empresa.
Os contaminantes físicos, químicos e biológicos do ambiente dos locais de trabalho.
14
Um ambiente de um local de trabalho a que corresponderia uma composição atmosférica com cerca de 21% de oxigénio, 78% de azoto e 1% de outros gases inertes e isenta de poeiras; periodicamente renovada através de uma ventilação eficaz; a um ruído de fundo pouco significativo; a uma temperatura da ordem dos 20ºC; a uma humidade relativa de 60% a 70%; a um nível de radiação reduzido; a uma iluminação adequada ao tipo de trabalho a efectuar, constituiria, sem dúvida, um ambiente de trabalho ideal. Contudo, qualquer que seja o local de trabalho, este ambiente ideal será muito difícil de conseguir. Felizmente, o homem é um ser suficientemente adaptável para suportar, sem desconforto apreciável e sem riscos de lesões graves, determinadas variações à situação ideal. O que importa é determinar, para cada uma das condições que definem o ambiente de trabalho, se a saúde das pessoas afectadas é, de algum modo, sujeita a um risco não aceitável, o que implica que sejam conhecidas e dominadas as causas e as consequências da alteração de tais condições. Os diversos agentes que alteram o ambiente normal nos locais de trabalho consideram-se como contaminantes desse ambiente. Realmente, eles são, de facto, agentes agressores que afectam os trabalhadores e lhes podem causar danos graves. Os contaminantes, de acordo com a sua natureza e o modo como actuam, podem dividir-se em três grupos: • Contaminantes físicos. • Contaminantes químicos. • Contaminantes biológicos A acção dos contaminantes sobre o homem varia consoante a natureza do agente agressor e depende das concentrações ou níveis e do efeito fisiológico deste. Há casos em que os efeitos podem ser anulados por uma recuperação do organismo durante o período em que este não está exposto ao contaminante e, neste caso, devem ser definidos limites de exposição, expressos quer em valores médios, quer em valores máximos e referidos a um tempo médio de exposição. Noutros casos, a recuperação não existe ou não é suficiente e deve-se, então, estabelecer doses máximas, tendo em conta os valores acumulados.
Contaminantes físicos De entre os contaminantes físicos, caracterizados pelo facto de provocarem uma acção no organismo humano sem que haja contacto material com ele, poder-se-á citar como os mais comuns os seguintes: • O Ruído Presente em quase todos os postos de trabalho e, também, em muitos outros locais, o que o torna um agente agressor contra o qual é difícil conseguir medidas de prevenção/protecção eficazes. Para combater a contaminação sonora, antes de mais, devese procurar utilizar máquinas e equipamentos com o menor nível de ruído; depois, pode tentar-se o afastamento ou o isolamento dos equipamentos ruidosos ou a absorção dos ruídos através de revestimentos adequados; finalmente, há que recorrer à utilização de protectores auriculares. • As Vibrações Que normalmente têm origem em fenómenos puramente mecânicos (designadamente em órgãos móveis de máquinas) são contaminantes cuja acção no organismo humano se traduz pelo aparecimento de lesões directas e indirectas, muitas delas irreversíveis. As vibrações estão, de uma forma muito directa, relacionadas com o ruído. O controlo das vibrações contribui, em muitos casos, para uma redução significativa dos níveis sonoros ambientais dos locais de trabalho. A utilização de ligações elásticas na montagem de máquinas com peças em movimento e outras técnicas construtivas são alguns dos métodos aplicáveis para o controlo e redução das vibrações. • O Ambiente térmico Resultante de um conjunto de factores, entre os quais a temperatura do ar (máxima, mínima e média) e a sua curva de variação, a humidade relativa, a velocidade de deslocação do
ar (correntes de ar, ventilação, etc.) e/ou a presença de fontes de calor ou de frio. A correcção de ambiente térmico pode fazer-se utilizando técnicas de isolamento, ventilação (natural ou forçada) e ar condicionado e, em casos limite, com a utilização de equipamentos de protecção individual apropriados.
• Substâncias sólidas propriamente ditas, que são, também, agentes que podem provocar lesões mais ou menos graves. Penetrando no corpo humano, normalmente por via digestiva ou cutânea, os seus efeitos podem ser controlados pela utilização de fatos, luvas, aventais, óculos e viseiras.
• A Iluminação Constitui um dos factores principais do conforto do ambiente de trabalho. Uma iluminação incorrecta (fraca ou forte, produzindo sombras ou reflexos) está na origem de graves perturbações da visão. Todos estes aspectos devem ser tomados em consideração quando se procura a melhoria das condições de iluminação do local de trabalho.
• Líquidos que, quanto às dimensões das partículas, se podem dividir em:
• As Radiações Ionizantes e Não Ionizantes Integram-se na definição de contaminantes físicos e têm sido, ultimamente, objecto de estudos aprofundados. Há dois tipos de radiações: as radiações ionizantes, de que são exemplos os raios X, e as radiações gama provenientes de isótopos radioactivos; e as radiações não ionizantes, como sejam os infravermelhos, os ultravioletas, as microondas, as ondas hertzianas e as radiações laser. Filtros, óculos, protecções opacas, blindagens e, principalmente, a redução do tempo diário de exposição são alguns dos meios utilizados para combater os efeitos nocivos destes contaminantes.
Contaminantes químicos Os contaminantes químicos são caracterizados pelo facto de ser necessário ao agente penetrar no interior do organismo para provocar, neste, uma acção química ou química-biológica. Esta penetração pode ter lugar por diversas vias: • Por via respiratória ( por inalação ); • Por via cutânea ( através da pele ); • Por via digestiva ( por ingestão ); • Por via parentérica ( através das feridas ). No que respeita aos efeitos dos contaminantes químicos sobre o organismo, podem ser considerados de dois tipos de consequências cujas características dependem das quantidades absorvidas (concentrações ou doses) e do tempo de exposição. Os contaminantes químicos podem apresentar-se sob diversos aspectos. Uma forma simples de os classificar é segundo o seu estado físico e a sua dimensão. • Sólidos, podendo aparecer sob a forma de: • Fumos, contaminantes sólidos muito finamente divididos, em suspensão no ar. Para evitar a sua penetração no organismo, por inalação, devem ser utilizados sistemas de exaustão e, na sua falta, máscaras com filtros adequados. • Poeiras, isto é, partículas sólidas, maiores que as que constituem os fumos. Este tipo de agente agressor pode ter efeitos graves no homem, estando na origem de doenças irreversíveis agrupadas sob o nome genérico de pneumoconioses. Tal como no caso dos fumos, a extracção do ar contaminado e o uso de máscaras filtrantes são os métodos de prevenção/protecção a utilizar.
• Névoas e Aerossóis, constituídas por pequenas partículas líquidas em suspensão no ar ou noutros gases, cujas vias de penetração no organismo são, preferencialmente, a respiratória e a cutânea e que podem provocar reacções graves, do tipo tóxico ou alérgico. Também nestas situações se impõe o uso de sistemas de extracção do ar contaminado e a utilização de máscaras filtrantes. • Substâncias líquidas propriamente ditas são, elas próprias, agentes agressores, particularmente da pele. O uso de fatos, luvas, óculos e viseiras são meios de minimizar os seus efeitos. • Gasosos, sob a forma de gases ou vapores que, por inalação, podem provocar sérias lesões. Certos gases são tão tóxicos que concentrações mínimas (muito abaixo do limite de sensibilidade ao cheiro) dão origem a situações tão graves que podem levar, rapidamente, à morte. O controlo das concentrações de gases ou vapores na atmosfera é, assim, essencial em todos os locais de trabalho onde o processo produtivo faça prever a sua existência. Sistemas de isolamento do equipamento, exaustão do ar contaminado e a utilização de máscaras com filtros químicos adequados ou mesmo de aparelhos autónomos de respiração, podem (e devem) ser usados para prevenir acidentes com este tipo de contaminantes.
Contaminantes biológicos Os agentes agressores biológicos aparecem, apenas, em determinadas actividades (nomeadamente nos serviços ligados à saúde, na recolha e tratamento de lixos, em certas indústrias alimentares, de curtumes, de preparação de especialidades farmacêuticas ou de manuseamento deste tipo de produtos e, ainda, em laboratórios). A via de penetração preferencial dos contaminantes biológicos no corpo humano é a parentérica, sendo, de qualquer modo, importantes também as vias respiratórias e cutânea. Assim, os cuidados de higiene, as vacinações, os métodos de trabalho assépticos e as acções antisépticas são medidas preventivas a ter em consideração. De qualquer modo, o uso de fatos apropriados, de luvas e de máscaras contribui para uma maior segurança do trabalho de todos os que estão profissionalmente expostos a estes riscos.
Referências - Oliveira, Carlos; Macedo, Carlos. Segurança Integrada. Companhia de Seguros Bonança, 1996. - Miguel, Alberto Sérgio. Manual de HST. Porto Editora, 8ª edição, 2005.
15
ENVC Eleva Níveis de Competências e Qualificação Dr. Vítor Calçada
A aposta na qualificação dos portugueses deve constituir hoje, talvez, uma das maiores prioridades nas políticas a implementar pelos governos, tendo em conta que deve ser entendida como o principal factor impulsionador do crescimento económico e da coesão social. Sendo assim, esta importante batalha deve ser travada, não só pelos governos, mas também através da mobilização de um conjunto mais vasto de instituições da sociedade portuguesa, que conta com a participação activa das empresas, num esforço para o aumento da qualificação dos seus colaboradores. Nesta perspectiva, o programa “Novas Oportunidades” releva a importância da educação, qualificação e formação profissional de todos os portugueses, mas, mais do que isso, permite o reconhecimento, validação e certificação de competências adquiridas ao longo da vida para aqueles que estão há já muitos anos no mercado de trabalho.
16
Esta iniciativa tem vindo a ser dinamizada pelos sucessivos governos junto da sociedade portuguesa com bastante sucesso. Foi reforçada pelo Decreto-Lei 396/2007, de 31 de Dezembro, e, mais recentemente, pela Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro, com o objectivo central de qualificar, ainda, um maior número de portugueses na vida activa. Ao apostar na formação, no desenvolvimento pessoal e na melhoria dos conhecimentos dos trabalhadores, contribui, também, para a modernização das empresas, melhoria da sua competitividade e por consequência para o reforço da economia do país. Os ENVC têm vindo, igualmente, a implementar a medida junto dos seus colaboradores, proporcionando-lhes, nas
Evolução do Projecto 2005/2009
instalações da estrutura formativa da Empresa, a possibilidade de certificação, ao abrigo do “Protocolo de Cooperação” tripartido, celebrado em 5 de Novembro de 2005, entre a Direcção-Geral de Formação, o Instituto de Emprego e Formação Profissional e os ENVC. Ao promover a elevação dos níveis de qualificação dos seus activos, a partir do reforço das suas competências de base, a Empresa contribui em boa medida para o aumento da produtividade e competitividade, bem como para a manutenção do emprego e da empregabilidade. Este projecto, de substancial importância para os agentes envolvidos, tem sido executado lentamente, mas com resultados e casos bem sucedidos, onde atesta e certifica esta organização como uma escola para a vida. Dos colaboradores já certificados, alguns revelaram, na primeira pessoa, a enorme experiência que viveram e o orgulho do seu sucesso, como podemos comprovar pelos testemunhos expressos: [(“) tive o privilégio de ser orientado por óptimos profissionais, com uma atitude de grande sensibilidade, que me proporcionaram todas as condições de êxito que julgo ter alcançado (“).] (“) os Estaleiros Navais de Viana do Castelo estiveram desde início com este programa. Aos seus responsáveis cabe uma palavra de agradecimento, já que, desta forma, conseguiram melhorar o nível intelectual dos seus trabalhadores (”). (“) o processo de obtenção do 12.º ano através do RVCC é muito distinto do percurso habitual de um jovem no ensino secundário, pois não se obtém conhecimentos efectivos em matérias de determinadas disciplinas ministradas no ensino normal. No entanto, para um trabalhador activo e já com algumas dezenas de anos no mercado de trabalho, é uma forma de elevar o nível das suas habilitações escolares, através da validação de outras aprendizagens que o percurso de vida proporcionou, já que o conhecimento não se esgota nos currículos escolares (“). (“) para além da obtenção de um diploma de conclusão do 12.º Ano, o processo contribui para a elevação da auto-estima e motivação pessoal. Em termos profissionais, poderá vir a revelarse importante para a eventual progressão na carreira, inclusive para a possível participação em cursos de formação que incluem, entre os pré-requisitos, possuir este nível de ensino (“). Estamos convictos que o empenho dos ENVC na missão de gestão e qualificação dos seus Recursos Humanos, traduzido no apoio e nas facilidades concedidas aos seus colaboradores em matéria de formação, contribuíram para o sucesso que nesta matéria tem vindo a ser conseguido e, certamente, farão com que outros colegas adiram, no próximo ano, a tão importante projecto de qualificação, formação e desenvolvimento pessoal.
Ensino Secundário (12.º)
Ensino Básico (9.º)
Certificados
23
23
Em fase de validação
7
Em processo
17
Em processo (Sem actividade)
30
7
EQUIPA DIRIGENTE DO GDCTENVC No último número desta revista, na entrevista que nos concedeu, o Presidente da nossa Colectividade, Bernardo Sousa, deu-nos a conhecer os projectos que perspectiva levar à prática ao longo de um mandato de três anos (2009/2011), para o qual foi recentemente eleito. Para o efeito, o mesmo conta com uma equipa suficientemente experiente, que lhe dá plenas garantias de que será de sucesso este período em que presidirá aos destinos do nosso Grupo Desportivo e Cultural, uma Instituição de méritos suficientemente reconhecidos, à escala regional. Roda do Leme congratula-se com o entusiasmo dos nossos novos directores e aqui os dá a conhecer, incitando-os para um mandato de sucesso total.
Presidente – Bernardo Antero Nunes de Sousa Vice-presidente - Arnaldo António Pereira da Silva
A equipa directiva preparada para mais uma reunião de trabalho
Seccionistas Alberto Gonçalves Vieira António Oliveira Moura António Telmo Ferraz Meneses Botelho Franklim Gonçalves Borlido Carlos Alberto Moreira Balio Manuel José Gonçalves Pereira
Secretário - Manuel José de Freitas Cadilha Tesoureiro - João Francisco Salvador Vieira Pelouro da Cultura - Manuel Zeferino da Costa Ramos Pelouro do Desporto - Paulo Alexandre Figueiredo Lopes Pelouro da Sede - Carlos Alberto Peres Xavier
17
Roda do Leme Vítor Manuel Afonso Calçada José Fernando Silva Gonçalo Fagundes Meira Carlos Alberto Moreira Balio Manuel Alfredo da Silva Manuel José Freitas Cadilha
Torneio de Futebol de 7 Não faltaram torcedores e vencedores Paulo Lopes
Nos meses de Junho e Julho do corrente ano, o nosso Grupo Desportivo realizou o 3º Torneio de Futebol de 7, com a participação de sete equipas de outros tantos sectores da empresa. Verificou-se, assim, uma excelente adesão da parte dos associados. Daí que também se constatasse, durante os quatro fins-de-semana em que a bola correu, que havia atletas autênticos, mas que também lá estavam verdadeiros torcedores. Este ano o torneio realizou-se em moldes diferentes dos anos anteriores, com todas as equipas intervenientes a competirem entre si, sagrando-se campeã a equipa do SEMI (Serviço de Montagem e Instalação). É de realçar o desportivismo de todos os intervenientes nesta iniciativa. De reconhecimento são ainda merecedores os que voluntariamente colaboraram com a organização para que o torneio tivesse sucesso.
Os vencedores apresentam-se
Torneio “Sábados a Nadar”
O Atletismo do GDCTENVC
Foram tantos a paticipar
Veteranos em boa forma
Na piscina Municipal Frederico Pinheiro, no dia 18 de Julho, teve lugar o 1º Torneio de Natação Inter-Grupos, designado “Sábados a Nadar”. A iniciativa envolveu as duas associações desportivas com âmbito de empresa mais relevantes na cidade: o Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC e Grupo Desportivo Cultural e Recreativo da Portucel, e contou com a participação de cerca de 150 atletas, devidamente acompanhados pelos respectivos monitores. Foi uma iniciativa com grande sucesso, demonstrativa de que, no desporto, também vale a pena trabalhar em parceria. A iniciativa teve epilogo feliz com a distribuição de um diploma de participação a todos os nadadores e um merecido lanche pelo empenho e esforço dos participantes. Um diploma para todos
A secção de atletismo da nossa colectividade, na vertente de veteranos, continua a dignificar o bom-nome da Instituição, participando por todo o país nas mais diversas e variadas provas, obtendo excelentes resultados. Pelo entusiasmo demonstrado, estamos convictos que os nossos atletas manterse-ão, de redobrado empenho, a contribuir para o sucesso desta modalidade e para a visibilidade da nossa Associação. De entre as provas em que a equipa veterana marcou presença, durante o ano 2009, o coordenador da secção de atletismo destacou a Meia Maratona de Ovar como aquela que apresentou a melhor organização. O quadro abaixo indica as principais presenças da equipa.
18
Concurso de Pesca Desportiva de Mar do GDCTENVC A equipa de veteranos em momento de pose
Uma iniciativa que ultrapassou fronteiras Foi no passado dia 8 de Novembro que se realizou o 10º Concurso de Pesca Desportiva de Mar, organizado pela secção de pesca do nosso Grupo Desportivo. Esta iniciativa trouxe até Viana do Castelo 80 pescadores, representando diversos clubes da zona prémios para os vencedores. norte e também da Galiza. É de realçar o ambiente de festa que esta competição proporcionou, dentro e fora das instalações da nossa Colectividade. O concurso terminou com a entrega de prémios aos que mais se destacaram na competição, que decorreu na sede Social, com a presença de todos os participantes e representantes dos clubes, bem como grande parte da direcção da nossa Colectividade. Foi mais uma iniciativa da secção de pesca que, naturalmente, está de parabéns por esta realização de muito sucesso, assim dignificando o nome do GDCTENVC.
Aquando do fecho desta edição da Roda do Leme, estavam ainda programadas duas participações: na 52.ª Volta a Paranhos no Porto, no dia 8 de Dezembro, e na Corrida de São Silvestre,também na cidade do Porto, tradicional prova de passagem de ano, no final de Dezembro. A direcção GDCTENVC tudo fará para que esta tão simpática prática desportiva se mantenha com este brilhante enquadramento. Data
Prova
6 Janeiro
10 Km de Santo Tirso
25 Janeiro
Meia Maratona Manuela Machado em Viana do Castelo
13 Fevereiro
10 Km de Avintes
12 de Março
Prova integrada em comemorações do Dia do Pai no Porto
12 Março
Prova da Associação Cego do Maio na Póvoa de Varzim
22 Abril
7.ª Corrida da Liberdade em Gondomar
10 de Maio
Prova em Calheiros, Ponte de Lima
17 Maio
10 Km Póvoa de Varzim/Vila do Conde/Póvoa de Varzim
28 Maio
Meia Maratona Douro Vinhateiro na Régua
29 Maio
Corrida de São João no Porto
27 Junho
Corrida de São Pedro na Póvoa de Varzim
7 Julho
Meia Maratona de Matosinhos (internacional)
11 Setembro
Meia Maratona de Ovar
Viana Monumental e Artística Conhecendo a cidade Manuel Ramos
Dentro das actividades culturais e lúdicas, o GDCT continua a dar especial atenção ao património histórico, monumental e ambiental de Viana do Castelo. No passado dia 20 de Junho, essa atenção concentrou-se em dar a conhecer aos associados e seus familiares parte importante da monumentalidade da nossa cidade. E, para tal, em visita guiada, contou com o Professor Francisco Carneiro Fernandes, que, de forma exemplar, soube fazer bom uso dos seus extraordinários conhecimentos. Das Almas, “Matriz e Adro de Viana” até ao perfil do casco Medieval, foi um passo, seguindo pela Rua da Piedade”Malheiras” e Muralha Fernandina até à Sé e Burgo Medieval. Cursámos, depois, pelo Campo do Forno ”Praça da República”, Igreja da Misericórdia e Bandeira, Avenida dos Combatentes, S. Sebastião e S. Domingos, para visitar a magnífica igreja, terminando aí um dia diferente, mas memorável. E porque o tempo urgia, era então chegada a hora de regressar a casa, agora mais conhecedores de Viana Monumental e Artística, do que observámos e ouvimos do nosso amigo, Professor Francisco Carneiro, cujo texto escreveu em folhetos distribuídos a todos os participantes e que a seguir reproduzimos: “Viana é um centro urbano muito antigo, sendo Vila e sede do Município, há 751 anos, com a atribuição do Foral de D. Afonso III, outorgado em 18-1-1848. O topónimo Viana mergulha nas raízes da pré-nacionalidade e alvores de Portugal…“Sítio, com situação geográfica privilegiada, na remota”villa”agro-piscatória de Foz – Adro ou Átrio, no século XIII – numa reentrância aluvial com ancoradouro, onde se fazia a travessia do Lima e se cobrava a portagem. Espaço presidido pela igreja do Divino Salvador “do Adro” (primeira Matriz de Viana) e protegido a Norte pelo monte da Serra de Santa Luzia, posição favorável ao incremento da pesca, da construção naval e do comércio marítimo de longo curso e fluvial…”
Francisco Carneiro em minuciosa explicação ao grupo que conduziu
O grupo de visitantes e o seu cicerone
Com efeito, o centro Histórico de Viana do Castelo apresentase bem dimensionado à escala das cidades portuguesas e do Noroeste peninsular (pese a desertificação demográfica das ultimas décadas). Corresponde, essencialmente, a todo o aglomerado urbanizado entre a linha dos antigos conventos (hoje, como referência, a linha ferroviária) e o estuário do Rio Lima até à Foz. O núcleo mais antigo – “casco medieval” – corresponde ao burgo ou Póvoa, com honras de Vila e concelho que D. Afonso III mandou urbanizar a poente da Paróquia de S. Salvador do Adro, num afloramento granítico e declivoso, com quatro portas de acesso orientadas pelos pontos cardiais. O circuito amuralhado foi ampliado/completado no reinado de D. Fernando (1374). Nos primórdios do século XV (D. João I), iniciou-se a construção da “Matriz Nova” (Paroquial de Santa Maria Maior e actual Sé Catedral). Se, com o Foral Afonsino – integrado numa política descentralizadora e geoestratégica de Municipalismo e Autonomia dos principais aglomerados junto das fronteiras com Espanha – Viana atrai novos moradores e urbaniza-se, também é verdade que o crescimento urbano “extramuros” só se concretiza nos primeiros anos do século XVI – Foral Novo de D. Manuel – autorizando-se, numa primeira fase, a construção de encontro às muralhas medievais. Na época quinhentista reformula-se o sistema defensivo: “Torre da Roqueta” e fortim, na foz do Lima, para controlar a entrada da barra, posteriormente transformado em fortaleza e abaluartado. Viana floresce economicamente, com o impulso de famílias de mareantes e mercadores vianenses e da estranja, que prosperam na Ribeira Lima e por Terras de Vera Cruz, da época quinhentista à setecentista (“ciclos do açúcar e ouro brasileiros”, “ciclo dos vinhos verdes”, industria de construção naval). Expande-se assim, a malha urbana, enriquecendo-se de palácios e palacetes, solares, conventos, igrejas, capelas e confrarias, etc. Deste modo, se explica a notável riqueza patrimonial de Viana do Castelo. Acervo arquitectónico e artístico – Cantaria, Talha, Cerâmica e Azulejaria, Ferro Forjado com alma, Estuque Decorativo – que urge preservar e revalorizar. Património representativo de propostas estéticas, sociais e culturais, que sucederam através dos tempos: do Romântico ao Gótico e Manuelino; da Renascença e Maneirismo ao Barroco e Rococó; do Neoclassicismo e Romantismo à Arte Nova; Eclectismo, espírito Art Déco na senda da Modernidade, sem esquecer as novas propostas de arquitectura funcional e da Contemporaneidade. Saibamos contemplar Viana, nas pedras da nossa calçada!...”
19
Templo do Sagrado Coração de Jesus e Citânia Monumentos dignos de visita
20
Dando continuidade aos roteiros culturais para melhor conhecermos o nosso património, em 26 de Setembro passado, foi a vez de subir ao Monte de Santa Luzia. A nossa visita iniciou-se logo pela manhã, no agora renovado e moderno funicular, para dar início a uma viagem com um percurso de 650 metros, vencendo um desnível de 160 metros, proporcionando uma viagem deveras agradável. Concluída a viagem de acesso ao monte, rapidamente nos aproximámos do templo, onde nos esperava o simpático guia, que nos soube acompanhar a todos os locais, explicando pormenorizadamente toda aquela memória artística. Há mais de três séculos, naquele monte, existia apenas uma capelinha dedicada a Santa Luzia. Mas, nos finais do século XIX, o Arquitecto Ventura Terra projectou o Templo – Monumento, em estilo revivalista, que mecenas e devotos foram construindo, até meados do século XX, num trabalho em granito da região, artisticamente executado por canteiros vianenses. O Templo – Monumento do Sagrado Coração de Jesus é um testemunho da crença dos cidadãos de Viana. Neste Templo podemos observar a escultura em bronze de Aleixo Queirós Ribeiro, executada em Paris e inaugurada em 1898, e os dois querubins do Altar-Mor, oferecendo ao Sagrado Coração de Jesus os brasões de Viana e de Portugal. Os enormes vitrais fornecem luz e cor ao interior do Templo; e a pintura a fresco da via-sacra e a sua cúpula, conjugadas com as linhas ondulares de granito, os vinte e seis sinos do carrilhão, suscitam emoções a todos os que visitam esta verdadeira obra de arte. Por fim, a subida ao alto do zimbório, aonde contemplamos provavelmente o mais deslumbrante panorama de Portugal. Mas o roteiro deste dia prosseguiu, agora na Citânia de Santa Luzia, começando com a visualização de um pequeno filme explicativo sobre a Citânia.
Na Citânia. Um grupo ávido do conhecimento.
Acompanhados por um novo guia local, demos de seguida início à nossa visita a um notável exemplar de um povoado fortificado do Noroeste Peninsular, quer pela dimensão e pelo seu planeamento urbanístico, quer pela tipologia das suas construções e carácter defensivo. As ruínas, também designadas por “Cidade Velha de Santa Luzia”, são conhecidas pelo menos desde o século XVII. As primeiras escavações, levadas a cabo por Possidónio da Silva, datam de 1876, mas o conjunto urbanístico e arquitectónico visível actualmente deve-se aos trabalhos arqueológicos efectuados em 1902 por Albano Belino. As habitações visíveis são de planta circular, com ou sem vestíbulo, elípticas e rectangulares. As entradas das casas estão geralmente orientadas para Sudoeste – Sudeste, coincidindo com a pendente geral do terreno, de modo a protegê-las das águas pluviais e dos ventos da nortada. De referir que também aqui houve preocupações defensivas, uma vez que possuía três linhas de muralhas servidas por um caminho de ronda, reforçadas por fortes torreões e dois fossos que asseguravam a defesa da povoação. O acesso às muralhas era feito por uma escadaria, ainda presente na face interna da muralha. A visita terminou com nova viagem de regresso no elevador de Santa Luzia, com a convicção de que este roteiro satisfez e enriqueceu os que nele participaram.
Homenagem a Amadeu Costa FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOLCLORE Tributo merecido Integrado nas actividades de carácter musical, merece especial destaque a justa homenagem que o Grupo Desportivo e Cultural dispensou ao ilustre Vianense Amadeu Costa, em noites de Guitarra Portuguesa. O evento realizou-se nos dias 18 e 19 de Agosto, precisamente na praça que tem o nome do homenageado, e que foi pequena para acolher todo o público presente neste excelente espectáculo. A primeira noite foi preenchida com fado de Coimbra e a seguinte com fado de Lisboa. Nas duas noites de espectáculo, intercalando a actuação dos fadistas, tivemos uma narrativa de aspectos importantes da vida do homenageado em intervenções do Prof. Dr. José Escaleira. O momento alto da homenagem, que contou com a presença da neta do homenageado, registou-se junto ao busto/monumento de Amadeu Costa com a colocação de uma placa de agradecimento da nossa colectividade. Do Amadeu muito foi dito e muito mais haveria para dizer. No entanto, fiquemo-nos pelo seu exemplo, acima de tudo Nobre. Muito obrigado Amadeu Costa.
Desta vez tivemos um Grupo da Venezuela entre nós A exemplo de anos anteriores, em colaboração com a organização do Festival Internacional de Folclore do Alto Minho, no passado dia 1 de Setembro, nas instalações do nosso refeitório, na hora do almoço, tivemos novamente folclore. Souberam organizar esta iniciativa, conjuntamente, o nosso Grupo Desportivo e a Comissão de Trabalhadores. A Administração da Empresa não regateou, também, apoios. Desta forma, foi possível contar com a actuação de um Grupo Folclórico Venezuelano, que revelou profissionalismo e encanto. Prova evidente desse facto, foram os generosos aplausos dispensados pelos presentes. O Festival Internacional de Folclore é uma grande iniciativa que se vem realizando em cada ano, sendo os trabalhadores dos ENVC regularmente brindados com a presença de Grupos oriundos dos mais diversos países. É um evento que deve ser acarinhado, dado o êxito que até aqui tem alcançado.
Viagens de Culto (Roteiro I) Américo Marques
Viajar é uma necessidade e também uma vocação da dinâmica da vida. Castelo de Portuzelo
Viajamos para perto, para lá de qualquer montanha e para além do mar, quiçá cumprindo obrigações, procurando encontrar um destino, ou cedendo à aventura de descobrir para saber e conhecer como acontecem os diferentes modos de vida. E como se criaram todos os símbolos que identificam Gentes tão iguais e em paralelo tão distintas – nos ofícios e artes, na devoção, quando há infortúnio, e na paz. Em todos os tempos e em qualquer lugar. Então, será com espírito de aventureiro que o Viajante terá que se comportar, assumindo, a priori, que terá de desafiar qualquer roteiro e não procurar “roteiros a jeito” – reduzindo deste modo as hipóteses do uso do carro. Estando bem perto, contribuirá para, através de todos os sentidos, gozar da condição de imprevisibilidade e gravar os quadros que o roteiro contém e que a par e a passo vamos descrever. Após o inicio, que terá o ponto de partida na avenida, chegadinha ao local onde o rio Lima abraça o mar, com orientação para nascente, o viajante deve passar primeiro por cima da sombra da centenária Ponte Eiffel e só depois lhe passará por baixo – se acontecer o contrário o viajante partiu tarde para a jornada, e a Meadela (que no anteontem do tempo se chamou Ameidella), como uma das guardiãs da vida de Viana, não o deixará sair sem antes ele pedir boas graças nas inúmeras capelas como a da Senhora da Ajuda, Nossa Senhora da Consolação e Santo Amaro, que reúnem simplicidade em arte, razão acrescida para que, na sua contemplação, o viajante sinta que a fé não traz mais bem se orar numa catedral. Pois, o Criador está por igual nas Casas mais modestas – onde também existe fascínio pela criação artística em favor do Divino, que se humaniza na louça de Viana, cuja inspiração nas cores e formas é colhida nas margens do Ribeiro de Portuzelo. Ribeiro esse que deve ser passado, para que o viajante possa alcançar a posição seguinte (do roteiro), que se chama Santa Marta. Santa Marta está na memória colectiva de todos, devido à harmonia e elegância do dançar, num singular envolvimento com seus trajes de cerimónia, de simplicidade e de trabalho, conjugando arte e a alegria das cores, que se abraçam para fazer o tecido. Após esta volta ao passado das coisas, o viajante deve ir à praia da Preguiça e encontrar-se com o também viajante rio Lima, que nunca se engana no caminho. Como tal, será um apreciado ponto de referência para que o descobridor
que em Viana deixou vontades e promessas, não perca o rumo que o levará até ao retiro de almas e castelãos. Deste jeito, o viajante corporizará as lendas que ouviu e leu na infância. Estamos a referir-nos à bem-parecida Capela do Santo António e ao soberbo Castelo de Portuzelo. Sendo este último construído no século XIII, mas do século XIX é a sua traça actual. De acordo com as preferências do seu proprietário, que se chamava António Pereira Cunha, sendo bem provável que, do cimo da torre central, vislumbrasse a torre natural, que se chama Monte de S. Silvestre. Tipo guarda bandeira da freguesia de Cardielos e cujo sítio tem sombra larga, pois, para além de nos abrigar do calor, tem a protecção do Santo, que lá do alto serve de guia, a quem no rio pesca e por carreiras e congostas caminha, para a labuta nos campos ou montados. Agora, toca a descobrir as raízes, o tronco e os frutos deste Povo e desta terra, que, conta a quem gosta e sabe ouvir, que a Capela de S. Silvestre naquele lugar construída, devido ali ter caído o bordão do santo, que o “arremessou” da margem esquerda do rio – com o objectivo de impressionar os descrentes desta e outra terra que era Serreleis, e assim os motivar para a devoção. Devoção também este povo tem pela sua história, lendas e mitos, porque todos sabem relatar que a quinta/paço, de nome D. Sapo, tem na origem a alcunha que as gentes na época puseram ao senhor da casa, para deste modo denunciar a pessoa com comportamento repelente. Tendo como causa o facto do patife D. Florentim ser um cruel “depredador” de noivas alheias. Eis aqui um tipo terrivelmente gosma. Porque o culto do espírito e o sossego da mente não aconselha a interferência do cronómetro, o viajante continuará a jornada numa outra manhã e num outro sol. E nada mais sugestivo que reiniciar a partir da “Casa do Passadiço”, o novo roteiro em ambiente rústico e bucólico. No imediato, pensará no local para receber o necessário alimento. Finalmente, em excelente cama irá descansar, desejando que a lua passe pela janela, e lhe aconchegue o adormecer com a sua luz prateada, na noite que é sempre enigmática. Concluindo, no bornal do viajante também deve caber a fantasia. Para assim divisar no horizonte uma estrela que sempre nos aguarda, para nos guiar no texto das nossas vidas a conclusão dos nossos sonhos.
21
22
Trabalhadores dos ENVC em Plenários Gerais Seriedade nos processos é apenas o que se exige Nos passados dias 17 e 24 de Setembro do ano em curso, os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram convocados para dois plenários gerais pelos Organismos Representativos dos Trabalhadores (ORT) da Empresa. Nestas assembleias de trabalhadores foram abordadas e discutidas questões que muito preocupam a comunidade laboral dos ENVC, com destaque para a sua situação económica e financeira. Os plenários tiveram uma elevada participação, numa demonstração clara de sentido de responsabilidade e de séria inquietação dos trabalhadores com o futuro da Empresa. No plenário do dia 17, foram sufragadas duas moções, sendo a primeira delas entregue no dia 18 de Setembro, pelas 12 horas, à Administração dos ENVC, com a presença da maioria dos trabalhadores, que, ordeiramente, se concentraram nas imediações do edifico técnico, demonstrando, com a sua comparência, total solidariedade com os seus ORT. No documento apresentado exige-se clarificação nas políticas a adoptar na Empresa, tendo em conta o estudo apresentado pela consultora “Eurogroup”, que aponta para alterações de variada ordem na organização dos ENVC. A Comissão de Trabalhadores (CTRA) lamenta que o Conselho de Administração não tivesse dado o devido acolhimento às propostas que, ao longo do tempo, lhe foram apresentadas por este Órgão. Se tal tivesse acontecido, seria bem diferente a conjuntura do momento. O que agora é apresentado como solução é até bem modesto e frouxo, comparado com as sugestões, muito avançadas, que a (CTRA) há anos vem fazendo. Esta Estrutura sempre se disponibilizou para colaborar nas alterações organizacionais, visando criar novas dinâmicas e procedimentos que solucionem os graves problemas com que os ENVC se debatem, desde longa data. Não conte agora o Conselho de Administração com a adesão dos trabalhadores em relação a medidas desgarradas e descontextualizadas, de duvidosa eficácia, que apenas parecem ter em vista atingir quem mais trabalha e mais produtivo é. Os trabalhadores saberão acatar todas as boas medidas que possam ajudar a tornar a Empresa mais dinâmica e com maiores valores de eficiência; e jamais se eximirão das suas responsabilidades. Basta, apenas, que sejam as mais indicadas
Os trabalhadores em plenário
e as mais respeitadoras dos direitos de quem trabalha. O plenário realizado no dia 24 de Setembro contou com a presença do Conselho de Administração (CA) da Empresa. Os trabalhadores foram informados pela voz do Presidente do CA do actual estado dos ENVC e das soluções preconizadas para ultrapassar os delicados problemas que os afectam. Foram avançadas medidas que se deseja sejam cumpridas, nomeadamente as relacionadas com os trabalhadores com contrato a termo.
23
Os trabalhadores concentrados para entrega da moção aprovada ao Conselho de Administração
A conjuntura que se vive parece pouco indicada para tal, mas a Empresa não terá continuidade sem a qualidade técnica que sempre teve e lhe deu prestígio internacionalmente. A Comissão de Trabalhadores
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho Mensagem dos Representantes dos Trabalhadores para SHST Datas como o Natal e o Ano Novo fazem-nos perceber o quanto a saúde é importante, já que a palavra está presente em muitas das mensagens trocadas nesta quadra. Os RTSHST têm vindo a desenvolver um intenso trabalho, com o qual se comprometeram ao apresentarem o seu programa de acção, cujo lema é “trabalhador seguro e saudável produz mais e melhor”!
Contudo, estamos conscientes de que há um longo caminho a percorrer pela via técnica e profissional, numa actividade tão complexa como são a construção e a reparação naval, trajecto que seguiremos com firmeza e determinação. Os RT-SHST dos ENVC desejam a todos os seus colaboradores um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de saúde e alegria.
CGTP-IN 39 anos de existência A organização como processo evolutivo
24
Desde os primórdios da revolução industrial que os trabalhadores compreenderam que, não possuindo os meios de produção, tinham de se organizar e lutar colectivamente para que uma parte da riqueza produzida revertesse, não só para a sua própria subsistência, mas também para garantir um nível de vida digno para si e para a sua família. Foi assim, à custa de muitas lutas e muitos sacrifícios, com muitos avanços e recuos, que os trabalhadores, organizados em associações de classe, foram conquistando, palmo a palmo, direitos tão importantes como a fixação do horário de trabalho e a sua redução progressiva face à evolução dos processos produtivos; o direito a férias pagas; os direitos ao emprego, à profissão e a um salário justo; a proibição do despedimento sem justa causa; os direitos de reunião, de organização, de contratação colectiva, de greve e direitos sociais, como a saúde, a segurança social, a educação e outros. Todos estes direitos, ajustados ao nosso tempo, não só continuam actuais como têm constituído o factor unificador e mobilizador das grandes jornadas de luta realizadas no últimos anos, para impedir o retrocesso social que o grande capital, pela mão dos seus governos, pretende impor na nossa sociedade. Mas, se a questão central da luta dos trabalhadores, assim como os princípios básicos da organização e da luta de massas não mudaram, já as formas e as dinâmicas que esta assumiu ao longo do percurso histórico variaram em função das condições políticas, sociais e económicas existentes e do nível de consciência e de envolvimento dos trabalhadores. Situando-nos apenas no percurso de 40 anos de acção e de luta da CGTP-IN, nunca é demais salientar que a Revolução de 25 de Abril de 74, ao instaurar a liberdade e a democracia e ao garantir o direito de reunião, de organização e de acção
nos locais de trabalho, a par de outros direitos fundamentais que a Constituição da República Portuguesa consagra, criou as condições para a existência de Sindicatos fortes, implantados nas empresas e com uma capacidade de mobilização que tornou a nossa Central a maior organização social do país.
A comemoração da efeméride Sempre com os trabalhadores Portugueses, a nossa Central Sindical, CGTP-IN, comemorou, no passado dia 01 de Outubro, 39 anos de vida e de luta. Em Viana do Castelo, no decorrer do dia, a União dos Sindicatos recordou esta efeméride realizando um plenário de sindicatos nas instalações do Auditório do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC, que contou com a presença de Maria do Carmo Tavares, da Comissão Executiva da CGTP-IN. À noite, na Quinta do Carvalho, em Santa Marta, houve tempo para a realização de um jantar convívio entre todos os sindicalistas do Distrito, onde se cantou os parabéns à nossa Central Sindical.
Encontro sobre a Construção Naval em Vigo No passado dia 20 de Novembro, sindicalistas metalúrgicos dos ENVC e a Comissão de Trabalhadores desta Empresa, estiveram presentes num encontro sobre construção naval, na cidade de Vigo (Galiza), a convite da CSI - Confederação Sindical Inter-Regional, GalizaNorte de Portugal, que é um organismo sindical com a participação da CGTP-IN, UGT Portugal, Comissões Obreras de Espanha e UGT-Espanha, na dependência da União Europeia em Bruxelas. No encontro, especialistas na matéria pronunciaramse acerca duma estratégia comum tendo em vista o
futuro da Construção Naval Europeia, concluindo-se que a actual crise desta indústria na Europa assenta, essencialmente, na liberalização e desregulamentação do mercado. Daí que se tenha proposto ao poder político, de acordo com as propostas da CESA e do estudo da “Mesa da Indústria Auxiliar Naval da Galiza” o seguinte: mercado leal na construção naval; sistema de garantias europeias; incremento à inovação; incentivo à construção; reforço do diálogo social, como instrumento de negociação entre os representantes desta indústria e os sindicatos.
Bispos preocupados com desemprego Visita aos ENVC, para melhor conhecimento das realidades
No passado dia 23 de Novembro, realizou-se em Viana do Castelo o encontro trimestral dos Bispos da Província Eclesiástica. Esta reunião, próxima de uma quadra Natalícia que se avizinha, permitiu aos responsáveis das diversas dioceses representadas partilhar opiniões e preocupações de natureza social, entre as quais, os direitos sociais fundamentais: direito ao emprego; à família; à habitação. O desemprego, que tem vindo a agravar-se, constitui, assim, uma das principais preocupações da Igreja em Portugal. Neste propósito, o digníssimo Bispo da Diocese de Viana do Castelo, D. José Augusto Pedreira, tendo consciência da importância que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo representam para a Região em matéria de emprego, entendeu oportuno enquadrar no programa deste encontro uma visita à nossa Empresa, organizada e coordenada pelo Vigário Geral da Diocese, Monsenhor Sebastião Ferreira. A comitiva, constituída pelos Bispos Diocesanos, Auxiliares, Coadjutores e Eméritos, e que contou também com a participação do Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, foi recebida pelo Conselho de
Foto: autoria de Paulo Gomes - Notícias de Viana
Administração, pelo Serviço de Formação e pela Comissão de Trabalhadores. Esta visita permitiu aos ilustres representantes da Igreja familiarizarem-se com o sucesso alcançado pelos ENVC ao longo dos anos, constatar a sua capacidade técnica e estrutural e percepcionar os problemas decorrentes da crise instalada nos mercados do sector, a qual tem contribuído para o acentuar das preocupações no seio desta comunidade de trabalho, que, de resto, têm sido partilhadas também pela Igreja Local. 25 Sentimo-nos, como é óbvio, honrados com esta visita e agradecemos a todos, muito particularmente à Diocese de Viana do Castelo, a atenção, simpatia e preocupação manifestadas, em relação aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a todos os seus colaboradores.
Reformaram-se
Alfredo José Santos Oliveira 58 Anos – Torneiro Mecânico, 39 anos de Empresa. Reformado em Outubro de 2009
Henrique Passos Pires Cambão 54 Anos – Técnico de Controle de Qualidade, 38 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2009
Arlindo Henrique Chaves C. Peixoto 50 Anos- Serralheiro Tubos, 32 anos de Empresa. Reformado em Setembro de 2009
José Manuel Xavier Lopes 51 Anos – Serralheiro Civil, 35 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2009
José António Esteves Ribeiro 60 Anos – Técnico Industrial, 40 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2009
Alípio José Rocha Pimenta 57 Anos – Serralheiro Mecânico, 33 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2009
José Alberto Fernandes Silva Lima 61 Anos- Técnico Fabril, 37 anos der Empresa Reformado em Julho de 2009
António Reina Morais 56 Anos - Verificador de Produtos Adquiridos, 33 anos de Empresa. Reformado em Julho de 2009.
Antonio Alberto Rocha Goncalves 55 Anos- Serralheiro Mecânico, 40 anos de Empresa. Reformado em Fevereiro de 2009
26
Ó QUÃO ADMIRÁVEL (Antífona)
Ó quão admirável é a presciência do divino coração, na qual previu toda a criatura. Pois quando Deus contemplou o rosto do homem, que formou, todas as suas obras divisou em sua forma inteiramente. Ó quão admirável é o sopro, que assim animou o homem.
Hildegard von Bingen Selecção de Maurício de Sousa (MS)
MS. O presente poema é uma antífona - versículo que se diz ou entoa antes de um salmo - traduzida directamente do latim por José Tolentino Mendonça. Faz parte da FLOR BRILHANTE da mesma autora (1098-1179), Edição da Assírio & Alvim, Novembro de 2004.
27