Roda do Leme nº103

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ANOS 15 Nº 103

SEMESTRAL DEZEMBRO

3ª SÉRIE 2010

Conselho de Administração

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Assinatura do Auto

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COORDENAÇÃO Vítor Calçada REDACÇÃO Alfredo Silva Carlos Balio Fernando Silva Manuel Cadilha COLABORAÇÃO DESTE NÚMERO Américo Marques Fabíola Sousa Francisco Baptista Gonçalo Fagundes Jorge Lima Joaquim Ventura Leonel São Gil Manuel Ramos Paulo Lopes Rep. Trab. SHST Rui Alpuim

Contrato de dois navios asfalteiros para a Petróleos da Venezuela

PROPRIEDADE Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A. Apartado 530 Av. Praia Norte Telef. 258 840 100 - 258 840 293 Fax. 258 840 385 4901-851 Viana do Castelo Fotos da capa Vítor Roriz Fotos dos conteúdos ENVC, GDCTENVC e Roda do Leme Execução gráfica TwoDesign - Soluções Gráficas Impressão e Acabamento OFILITO Tiragem 1500 exemplares

POSIDONIA 2010

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Um importante evento internacional

Editorial.............................................................03 Novo Conselho de Administração .............04 Entrevista ao Dr. Carlos Veiga Anjos ...........05 | 06 Dois navios asfalteiros para Venezuela........07 | 08 Visita do Presidente da Venezuela................09 Novas perspectivas e reparação naval........10 Eventos ..............................................................11 | 13 Actividade formativa.......................................14 Segurança e higiene no trabalho ..................15 | 16 Cultura e desporto .........................................17 | 19 Social ..................................................................20 | 25 Artes e letras....................................................26 | 27


“…Vamos refundar estes estaleiros e transformá-los numa empresa competitiva…” As palavras do Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, proferidas durante a cerimónia de assinatura do auto de entrada em vigor do contrato de construção dos navios asfalteiros para a PDVSA Naval, têm implícito o anúncio do fim de um ciclo cinzento na vida dos ENVC e um apelo claro à união e esforços de todos para trazer a empresa de volta à prosperidade. A empresa tem enfrentado, talvez, a crise mais grave de toda a sua existência. Às problemáticas próprias do sector da construção naval, associaram-se políticas desajustadas das exigências de um mercado competitivo e as contrariedades de uma crise sem paralelo nos últimos oitenta anos, em que a maioria das economias do ocidente estagnaram, o que levou o sector dos transportes marítimos a reduzir drasticamente a sua actividade, devido ao estrangulamento dos fluxos das importações e exportações e, por via disso, o congelamento de investimentos nas frotas por parte de empresários armadores. Tempos difíceis têm marcado a vida das pessoas e das economias de todos os países, nomeadamente os inseridos no velho continente. Sabemos que existem ciclos económicos, uns de prosperidade e outros de estagnação e mesmo de retracção, onde estes últimos desferem duros golpes sobre as empresas e famílias, mas nunca adivinhamos, por muita experiência e conhecimento que tenhamos, a duração da sua permanência, nem o nível do impacto nas sociedades e nas suas estruturas. São tempos que exigem esforço, perseverança e inteligência para enfrentar desafios, especialmente as empresas, que estão mais sujeitas ao livre arbítrio dos mercados. Embora ainda não haja sinais claros de inversão deste ciclo, o ânimo poderá estar de volta aos ENVC e, com ele, uma motivação mais forte para vencer esses desafios. O contrato com a empresa estatal venezuelana Petróleos da Venezuela, SA para a construção de dois navios de transporte de asfalto traz uma nova esperança ao colectivo de trabalhadores e à economia da região, evidenciado pela cerimónia ocorrida em 12 de Outubro, quer nos discursos proferidos, quer pela presença das diversas entidades e individualidades nacionais e regionais, e dos trabalhadores da empresa que na sua maioria desejaram testemunhar o acto. A relevância do acto viria a ser confirmada pela visita do Presidente da Venezuela e do Primeiro-ministro de Portugal aos ENVC para formalização desse contrato, o que pode significar, para além da objectiva importância do reforço das relações comerciais e bilaterais com a Venezuela, uma expressa vontade de dinamização da indústria da construção naval e, cremos nós, destes emblemáticos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Neste contexto, surge também o manifesto interesse da Venezuela pelo navio Atlântida e a possibilidade de futura negociação com vista a adquirir o navio Anticiclone, ainda em fase de construção. A confirmar-se a venda destes dois navios, a Empresa melhorará substancialmente a sua situação económico-financeira e põe um ponto final num caso lamentável

do percurso e da história recente destes estaleiros. Pode ainda contribuir, para o clima de motivação colectiva, o desfecho favorável do contrato com o armador grego para a construção dos dois navios Fast Ferry Ropax, contrato do qual já fizemos referência na edição anterior e para um dos quais já foi adjudicada a construção de um bloco de 53 toneladas de aço. Também, tal como previsto, o NPO “Viana do Castelo” realizou testes e provas no mar. Desenvolve-se agora os trabalhos e preparativos para a entrega à Armada Portuguesa; segundo apuramos, estão a ser envidados todos os esforços para que aconteça ainda durante o mês de Janeiro de 2011. Serviu também, para o reforço deste ambiente de esperança, a nomeação dos restantes membros do Conselho de Administração, que completaram uma equipa de profissionais bastante experientes, quer no domínio da gestão, quer nos sectores da construção e reparação naval. Lamentamos, no entanto, a demissão recente do Eng.º Vítor Gonçalves de Brito da administração onde exercia o cargo de Presidente da Comissão Executiva, para a qual não se conhece razões objectivas, a julgar pelo comunicado divulgado pelo Sr. Presidente do Conselho de Administração. Apesar de esta demissão constituir para todos uma preocupação, não podemos deixar de confiar no futuro desta unidade industrial, contando com o esforço das entidades competentes para encontrarem, tão breve quanto possível, um profissional com perfil semelhante para o cargo. No cenário actual existem fundamentadas razões para acreditar que os ENVC, sendo a única unidade de média dimensão no ramo, constituem também a uma via indispensável para a uma estratégia nacional direccionada para a necessária aposta na economia do mar, nos recursos marítimos, na dinamização do sector e da tradição da construção naval em Portugal. No entanto, saliente-se que não podemos ser embalados apenas por esta onda de optimismo. O momento é de expectativa e de apreensão para os trabalhadores e para todos quantos, de alguma maneira, se preocupam com os destinos dos ENVC, já que o passado recente, marcado por sucessivas promessas de viabilização da empresa, conduziu à situação insustentável em que hoje se encontra. Todos conhecem os seus responsáveis e espera-se que não sejam os trabalhadores agora os únicos a ter de pagar pelos danos da tragédia. Deseja-se que o actual plano de viabilização/reestruturação a apresentar à tutela, e de que nos fala o Sr. Presidente do Conselho de Administração em entrevista concedida à Roda do Leme para esta edição, seja finalmente o virar de uma página cinzenta na história desta Empresa, que todos esperamos continue a escrever no futuro, mas com marcas de sucesso. Que esta quadra natalícia que vivemos sirva para fazer esta reflexão e reforce também a harmonia e a coesão social. São estes os votos sinceros que fazemos a todos quantos vivem e sentem o pulsar dos Estaleiros! A Redacção

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Conselho de Administração para o futuro… de novo incompleto! Na edição anterior da nossa revista, demos a conhecer os três membros da Comissão Executiva do Conselho de Administração da Empresa, em cujas funções foram investidos pela AssembleiaGeral da Empresa no dia 5 de Julho. Posteriormente seriam nomeados os dois restantes membros não executivos, o Presidente do Conselho de Administração Dr. Carlos Veiga Anjos e o Vogal Eng.º Óscar Filgueiras Mota, tendo ambos iniciado funções no passado dia 8 de Setembro. Também agora, damos igual conhecimento dos aspectos mais importantes das suas carreiras profissionais, grande parte delas dedicadas à gestão de empresas, incluindo na actividade da construção naval. Carlos Alberto Veiga Anjos

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Tem 68 anos, é natural de Viana do Castelo e Licenciado em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa. A sua carreira profissional tem sido dedicada à Administração e Gestão de Empresas. Do seu currículo destacam-se as funções de Presidente do Conselho de Administração da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (19992003), da Siderurgia Nacional, SGPS e empresas do grupo (1994-1999); durante este período ocupou o lugar de representante de Portugal no Comité Consultivo da CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço e no IISI – International Iron and Steel Institute. Exerceu também cargos de Administrador em várias outras empresas: da Soponata - Sociedade Portuguesa de Navios Tanques, S.A.; da CIVE - Companhia Industrial de Vidros de Embalagem, S.A. (1992-1993); da Companhia de Celulose do Caima, S.A. (1998-1991), sendo simultaneamente no mesmo período, Presidente da ACEL- Associação Portuguesa de Produtores de Celulose, representando também Portugal no “board” da CEPI- Confederation of European Paper Industry; da EDM- Empresa de Desenvolvimento Mineiro, S.A. (19851988); da Ferrominas, EP (1977-1981); e da LUSALITE – Sociedade Produtora de Fibrocimento, S.A. (1968-1977). Actualmente, para além de Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, é também Presidente do Conselho de Auditoria e Administrador não executivo da Empordef – Empresa Portuguesa de Defesa (SGPS), S.A. e Conselheiro do Conselho Geral e de Supervisão da TAP- Transportes Aéreos Portugueses. Óscar Napoleão Filgueiras Mota Tem 79 anos, é Licenciado em Ciências Militares pela Escola Naval (1952) e em Engenharia Naval e Mecânica pela Universidade de Génova (1960), obtendo em ambos os cursos distinção e mérito académico. Da sua formação fazem parte outros cursos e especializações na área da gestão, naval e ambiente como: Operação de Estaleiro Naval, no U.S. Navy

Shipyard de Filadélfia (1971); Actualização e Desenvolvimento em Administração de Empresas (CIFAG 1986/1987); Avaliação de Riscos de Poluição (GAN Industries Services 1994); Auditor Chefe do Sistema de Gestão Ambiental (SGS International Certification Services 1998). Actualmente faz parte do Grupo de Trabalho da Indústria Naval (GTIN) que é uma estrutura informal integrada no Fórum Permanente para os Assuntos do Mar, que teve origem numa iniciativa da Associação das Indústrias Navais (AIN). Da sua carreira profissional destacam-se sobretudo, os cargos de administração e gestão nos principais estaleiros navais nacionais, o Arsenal do Alfeite, ENVC (1976-1980 e 1981-1984), Lisnave, Setenave, Solisnor, bem como na indústria metalomecânica (Empresas como Sorefame, Metalsines, Metalgeste), durante mais de 20 anos. Dedicou ao mar, ao ambiente e às problemáticas a eles associadas o maior empenho e as suas melhores competências, assumindo cargos na sociedade de classificação de navios (RINAVE), na Associação das Indústrias Marítimas e na TA – Tecnologias Ambientais. Desempenhou funções na seguradora Império, como Chefe de Departamento de Ambiente e como Chefe da Divisão de Novas Construções da Inspecção-geral de Navios (actual Direcção de Segurança Marítima) e, também, como profissional liberal na área naval, auditorias e gestão ambiental e certificação de qualidade. No domínio associativo destaca-se também a sua condição de membro activo de várias organizações profissionais, na Ordem dos Engenheiros como conselheiro e membro da Comissão de Admissão e Qualificação; Academia da Marinha; Associação Portuguesa da Qualidade e American Society of Naval Engineers (EUA). Nos vários trabalhos publicados, na sua maioria apresentados em congressos e seminários, subordinados aos temas transportes por rio e mar, ambiente, qualidade e segurança, o Eng.º Óscar Mota tem revelado a sua posição face às problemáticas do ambiente, da qualidade e, em particular, da Industria Naval, apontando caminhos e soluções para os problemas existentes e emergentes, que passam pela implementação de uma estratégia de dinamização da economia do mar. Com estas duas personalidades nomeadas, ficaria completa uma equipa de cinco gestores com uma larga experiência, nomeadamente na actividade de construção naval, trazendo aos ENVC, aos seus trabalhadores e à economia local uma esperança redobrada no futuro da Empresa. Entretanto, tomámos conhecimento em 18 de Novembro através de comunicação do Presidente do Conselho de Administração, de que o Eng.º Vítor Gonçalves Brito tinha renunciado em 15 de Outubro ao cargo de Administrador, tornando-se a sua demissão efectiva a partir de 1 de Dezembro e tendo permanecido em funções durante cinco meses como Presidente da Comissão Executiva do Conselho de Administração. Não sendo uma boa notícia, deseja-se que tão rápido quanto possível seja encontrado outro gestor de nível semelhante para preencher o Conselho de Administração, ou sejam feitos os ajustamentos de atribuições para assegurar as funções de gestão do anterior administrador. Esperando que, no momento em que sair esta edição da Roda do Leme possa ter sido ultrapassada esta situação na composição da Administração, a Redacção endereça a toda a equipa de administradores votos de muito sucesso e felicidades no exercício dos cargos em que foram investidos.


O plano de Reestruturação e Viabilização... e o Futuro dos ENVC! Declaração do Dr. Carlos Veiga Anjos, Presidente do Conselho de Administração, que define a determinação que transparece na entrevista seguinte, acerca do futuro da empresa que resultará do Plano de Reestruturação e Viabilização em fase de elaboração. Roda do Leme: Conforme comunicação formal do Conselho de Administração, e diversas declarações do Dr. Veiga Anjos divulgadas em órgãos de comunicação social, para além da normal gestão da Empresa está em elaboração um plano de reestruturação e viabilização dos E.N.V.C., que, no final do ano, será apresentado à tutela governamental, para vir a ser implementado em 2011, e que se aguarda com expectativa. Para além de aspectos concretos desse plano (ainda não conhecido), primordialmente pretenderá retirar a Empresa da situação difícil em que se encontra há vários anos e traçar um caminho de prosperidade e sustentabilidade económico-financeira para o futuro. Considera que estas metas serão atingidas e o plano garantirá o futuro da Empresa a médio prazo? 5

“Mas não haja dúvidas que o estaleiro que irá resultar deste plano, para que possa perdurar, será um estaleiro muito diferente do actual, em estrutura, organização e meios, tendo em vista responder aos mercados-alvo.”

Veiga Anjos: O Plano que está a ser elaborado e que esperamos entregar ao accionista até final do corrente ano, tem por objectivo encontrar os caminhos de viabilização económica e financeira da empresa. A viabilização económica pretenderá equacionar o rumo que a empresa terá de seguir em termos de custos e de proveitos, tendo em vista o retorno a uma situação consistente de rentabilidade - há muito tempo ausente - compatível com o esforço que tem sido pedido ao accionista que, no fundo, são todos os portugueses contribuintes. A viabilização financeira terá de, a partir de um levantamento exaustivo da situação de desequilíbrio existente, encontrar soluções para a respectiva reestruturação e consolidação a longo prazo, tendo em consideração os meios que a futura actividade da empresa poderá libertar e outros contributos que se mostrem vir a ser necessários. As duas situações estão interligadas e têm de ocorrer em simultâneo, para que a empresa seja viável. Todos quantos vivem e lidam com a empresa terão de estar dispostos a dar o contributo que se mostrar necessário e lhes for pedido. RL: Os ENVC foram fundados em 1944, tendo 66 anos de idade e uma vida que todos admiram e consideram rica pela intensa actividade desenvolvida neste ramo, e em prol da economia nacional, regional e local. Nas primeiras três décadas essa actividade foi direccionada essencialmente para o mercado nacional, e nas últimas três foi mais para o mercado internacional, sem contudo ter existido uma estratégia de especialização. Será que a futura estratégia empresarial passará por uma especialização em determinado mercado e tipologia de navios? E o plano de viabilização/reestruturação incluirá essas opções?


VA: É importante e digna de realce, sem dúvida, toda essa actividade desenvolvida. Todavia, uma empresa, mesmo que pública, não é uma repartição (com todo o respeito que me merecem), sobretudo se actua em mercados competitivos. Tem de ser lucrativa do ponto de vista económico, sob pena de se negar a si própria. E isso é um aspecto muito importante quando se fala desse passado, que não tem criado condições para um futuro independente. E o que os vianenses e os portugueses esperam é, também e sobretudo, isso. Quanto aos mercados, a época dos mercados nacionais, muitas vezes protegidos, acabou. A internacionalização é o mercado natural das empresas de construção e reparação naval, sem perder de vista as oportunidades que surjam no mercado interno. Para ser competitivo, este estaleiro terá de deixar de ser generalista, tenderá para alguma especialização e elevação do nível tecnológico e para a exploração de parcerias que se venham a revelar interessantes. O plano dará respostas adequadas a estas questões.

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“Para ser competitivo, este estaleiro terá de deixar de ser generalista, tenderá para alguma especialização e elevação do nível tecnológico e para a exploração de parcerias que se venham a revelar interessantes.” RL: A actual estrutura orgânica foi inicialmente projectada e dimensionada para a construção naval, e ao longo dos anos foi-se ajustando às necessidades do mercado da reparação. Os dois sectores têm-se complementado e os recursos foramse adequando a esta realidade. Sem que tenha existido uma especialização, a vocação foi direccionada para o mercado dos navios civis. Em função das opções em ponderação no plano de viabilização/reestruturação, que implicação terá na afectação de recursos humanos e materiais? VA: Não quero adiantar-me às conclusões do plano de viabilização. Mas as duas actividades poderão continuar a subsistir, veremos. Talvez com diferentes modelos empresariais. Mas não haja dúvidas que o estaleiro que irá resultar deste plano, para que possa perdurar, será um estaleiro muito diferente do actual, em estrutura, organização e meios, tendo em vista responder aos mercados-alvo. RL: Muito se tem falado sobre as dificuldades que atravessamos, concretamente das fragilidades da Indústria Naval em Portugal, como de resto na generalidade dos países da União Europeia nas circunstâncias actuais, em que a crise desta indústria está associada à crise financeira internacional e da estagnação de praticamente todas economias, as ditas ocidentais. Acredita que o futuro da Indústria Naval e dos Estaleiros de média dimensão está assegurado sem políticas de protecção a esta actividade? Ou acha que o futuro depende mais da diversificação e segmentação da actividade?

VA: Tudo devemos fazer para que a actividade de construção naval nacional, de que os ENVC são o maior expoente, perdure e se desenvolva, agora que tanto se fala do retorno às actividades ligadas aos recursos do mar. E devemos fazê-lo com modernidade e competitividade, para que acreditem em nós. Não acreditamos em medidas proteccionistas, normalmente geradoras de ineficiências e desperdícios. Mas não se pode negar que, nas construções militares, há por todos os países alguma preferência pelas capacidades nacionais. O que se compreende, por se tratar da produção de armamento. Por isso, para nós, a produção de navios militares deve assumir a natureza de estratégica, pela melhoria tecnológica a que nos obriga e pelos horizontes de mercado que nos abre. Mas temos de o fazer com competência e com exigências de clara definição, antecipada, do que os clientes pretendem, para se evitar surpresas nos resultados. Respondendo à questão, sou por alguma diversificação orientada e pela segmentação de mercados. As aptidões dos produtores asiáticos a isso nos obrigam. A maior parte dos nossos concorrentes europeus já o fez há muitos anos e, os que não fizeram, desapareceram.

“…a produção de navios militares deve assumir a natureza de estratégica, pela melhoria tecnológica a que nos obriga e pelos horizontes de mercado que nos abre. Mas temos de o fazer com competência e com exigências de clara definição, antecipada, do que os clientes pretendem, para se evitar surpresas nos resultados.” RL: O Estado, a Comunidade Local e em particular os colaboradores dos ENVC desejam a viabilidade e a sustentabilidade desta grande Empresa na Região de Viana do Castelo, importante para a Indústria da Construção Naval em Portugal. Como Presidente do Conselho de Administração, e tendo em conta a quadra natalícia que se avizinha, que palavras gostaria de deixar ao colectivo de trabalhadores e aos nossos leitores em geral? VA: O país, a comunidade local e os colaboradores dos ENVC devem estar cientes das mudanças que serão necessárias nos ENVC para garantir a sua continuidade. O modelo e a organização existentes levaram à situação actual, que não desejamos nem será possível manter. Temos esperança de que, em diálogo com todos os interlocutores importantes mas, também, com determinação, será possível criar um horizonte mais prometedor de realização empresarial e profissional. Mas isso não dependerá só de nós. Aproveito ainda a oportunidade para, em meu nome e do Conselho de Administração a que presido, formular votos de Bom Natal e de um Feliz Ano Novo a todos os trabalhadores e suas famílias.


Dois navios asfalteiros para a Petróleos da Venezuela

Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, durante a sua intervenção na cerimónia de assinatura

“É com muito gosto que estou presente nesta cerimónia hoje aqui, que constitui mais um passo decisivo para a execução de um importante contrato celebrado entre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e o armador venezuelano PDVSA Naval. Este contrato, com um valor superior a 128 milhões de euros, constitui uma oportunidade de grande alcance para o processo de internacionalização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e tem uma grande importância para o seu futuro.” Foi com estas palavras que o Secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, iniciou a sua intervenção com a qual se encerrou a cerimónia ocorrida em 12 de Outubro de 2010, onde foi assinado o auto de início da gestão do contrato para a construção de 2 navios asfalteiros destinados à Empresa Petróleos da Venezuela, SA (PDVSA Naval, SA). Este contrato foi celebrado em 29 de Maio deste ano, em Caracas, capital da República Bolivariana de Venezuela, tendo sido objecto de uma alteração em 3 de Agosto passado. Para os ENVC serão as construções C263 e C264, e o contrato estabelece que o primeiro navio será entregue dentro de 36 meses e o segundo 9 meses depois. Estes navios para o transporte de asfalto terão 188 metros de comprimento, 27.000 toneladas de porte bruto e um calado de 9,5 metros. Para o acto formal de assinatura do Auto, foram subscritores pela empresa venezuelana o Eng.º Domingo Vacca e pelos ENVC o Eng.º Joaquim Ventura, responsável do Serviço Comercial de Construções. A cerimónia de 12 de Outubro decorreu na nova oficina de Blocos “… que constitui uma importante melhoria na produtividade e qualidade do fabrico e aprestamento dos blocos dos navios em construção, permitindo que o trabalho seja feito numa nave coberta, com excelentes meios de elevação…”, como referiu no início da cerimónia a D. Fabiola de Sousa, responsável pela comunicação no Serviço Comercial de Construções dos ENVC. Estes navios asfalteiros serão dos primeiros a ter a sua fase inicial de construção nesta nova oficina. A mesa deste evento foi presidida pelo Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, Dr. Marcos Perestrello, contando ainda com o Secretário de Estado do

Comércio, Serviços e Direitos do Consumidor, Dr. Fernando Serrasqueiro; o Presidente do Conselho de Administração da Empordef, Dr. Jorge Rolo; o Eng.º Domingo Vacca, representante da PDVSA Naval; e o Dr. Veiga Anjos, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, SA. Encontravamse presentes diversas personalidades em representação de entidades convidadas, entre as quais o Governador Civil do Distrito, o Presidente da Câmara Municipal, da Administração dos Serviços Municipalizados, Comandante da Polícia de Segurança Pública, Director do Porto de Viana do Castelo, Deputados e uma enorme plateia de trabalhadores da Empresa. O Presidente da Administração dos ENVC proferiu o discurso inaugural da sessão, não deixando desde logo de agradecer o empenhamento do Primeiro-ministro de Portugal e do Presidente da República da Venezuela para a concretização deste contrato. Aliás, o orador seguinte alargaria estes agradecimentos ao Presidente da Administração da Empordef e a todos os que estiveram directamente envolvidos no processo negocial da parte dos ENVC. Referindo-se ao contrato diria o Presidente dos ENVC “… tem a particularidade de representar a entrada na lista de clientes da Empresa de uma participada da Petróleos de Venezuela, uma das maiores empresas petrolíferas do mundo com uma vasta frota de navios mercantes, muitos deles com dimensões e características técnicas ao alcance da capacidade dos nossos estaleiros. As características do transporte a que o navio se destina, o asfalto, obrigam a cuidados especiais de projecto e de execução que constituirão uma preciosa mais-valia técnica, num portfolio já muito vasto das variedades de navios construídos pelos Estaleiros de Viana.” Acrescentando em seguida “… a formação e transferência de tecnologia nele previstas, que levarão a um maior estreitamento dos laços entre fornecedor e cliente criando mais-valias para os dois, permitindo melhor satisfazer o cliente e podendo abrir portas para futuras construções. É, por isso, um desafio interessante, enriquecedor e aceite com entusiasmo por todos quantos trabalham nesta casa; tudo faremos para honrar uma vez mais a excelente tradição da construção naval portuguesa e, em particular, dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.” “Vamos refundar os Estaleiros” Reportando-se à presença dos membros do Governo Português, interpretou-a “… como um sinal inequívoco da aposta na construção naval portuguesa. Um elemento muito importante

Da esquerda para a direita: Presidente da Empordef; Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Direitos do Consumidor; Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar; representante da PDVSA Naval; e Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, SA.

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Uma Perspectiva: Atlântida a caminho da Venezuela?

Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, SA. durante o discurso inaugural da cerimónia

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nos novos ventos que correm a favor do desenvolvimento dos negócios do mar, e onde os Estaleiros Navais de Viana do Castelo podem desempenhar um papel de fundamental importância. Por isso, temos que nos preparar, entrando num novo ciclo de refundação dos nossos Estaleiros que terá de passar por uma visão muito clara do seu futuro e pela definição de estratégias agressivas, de adaptação às previsões de evolução do mercado certamente fracturantes com alguns aspectos do passado recente, mas indispensáveis à viabilização do percurso sustentável que é necessário percorrer.” A seguir exporia resumidamente algumas das ideias que deverão estar presentes no processo de mudança da Empresa classificado de refundação, fazendo referências ao empenhamento do accionista Estado; à dedicação, empenhamento e responsabilização de todos; à simplificação da estrutura; à satisfação do cliente; à qualidade e competitividade; à modernização do aparelho técnico e industrial dos ENVC. Esta foi a expressão utilizada por Veiga Anjos, que no final da sua intervenção e aludindo aos tempos difíceis para a Empresa expressou esta mensagem “… eu tenho muita esperança e muita fé, que com a contribuição de todos colocando-se cada um no seu posto em que tem que estar, estou convencido que congregando toda a nossa força cumpriremos o nosso dever, e o nosso dever é de transformar este estaleiro numa empresa competitiva, numa empresa que tenhamos orgulho de legar aos nossos filhos e aos nossos conterrâneos.” O Secretário de Estado do Comércio inventariou sumariamente as relações recentes em vários domínios com a Venezuela, envolvendo mais de 40 empresas portuguesas, referindo que “Os resultados da cooperação económica que tem vindo a ser desenvolvida entre Portugal e a República Bolivariana da Venezuela são muito positivos. A Venezuela evoluiu da 60ª posição no ranking das nossas exportações em 2007 para a 26ª posição em 2009, em resultado directo de um relacionamento estreito a nível de governos. Se considerarmos apenas os mercados extra comunitários a Venezuela é hoje o nosso 14º mercado extra comunitário. Entre Janeiro e Agosto deste ano o crescimento homólogo das exportações portuguesas para a Venezuela foi de 63 % atingindo o valor de cerca de 100 milhões de euros. Este relacionamento entre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a PDVSA permitirá melhorar ainda mais este desempenho.”

Concluiria afirmando “Neste contexto a contratualização da construção e manutenção de dois navios asfalteiros assume diferentes significados. Desde logo, tendo significativa importância para os Estaleiros no actual contexto de recessão de procura de mercados, a perspectiva de contratualização da venda do ferry Atlântida, em avaliação, irá acrescentar ainda mais a esta relação económica. Dentro de poucos dias, autoridades venezuelanas visitarão este estaleiro com esse objectivo. Mas mais do que um contrato entre as duas empresas é o relacionamento entre Portugal e a Venezuela que se vem reforçando. A toda equipa que se verá envolvida na sua concretização, em muito particular aos trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo quero por isso dar nota da satisfação do Governo Português pelo início da execução deste contrato. Tudo continuaremos a fazer no sentido de continuar e promover, e a facilitar a dinamização desse projecto.” Como referido no início desta notícia, a encerrar usou da palavra o Secretário de Estado da Defesa, que é quem directamente tem a tutela governativa em relação à gestão dos ENVC, que para acentuar a importância deste contrato indicou que o mesmo “… significa mais de um milhão e duzentas mil (1.200.000) de horas de trabalho e cerca de setenta mil (70.000) empreitadas. Para além disso, que é já imenso, os navios serão construídos com base num projecto desenvolvido pelos Estaleiros Navais e este contrato prevê ainda a formação de técnicos venezuelanos e a transferência de tecnologia, o que é já por si um bom e eloquente sinal, da capacidade dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo também nestas áreas: formação, inovação e desenvolvimento.” Abordou em seguida, sumariamente, as dificuldades por que têm passado a actividade de construção naval e o sector do transporte marítimo afectados pelas crises económicas, o que atingindo igualmente o comércio marítimo repercutese na reparação naval. Mas, sendo as crises momentos difíceis, são também oportunidades de iniciativa e aperfeiçoamento, sendo “sobretudo um tempo para agir”. E, partindo das mudanças que serão implementadas com o plano de viabilização e reestruturação, esta acção deverá voltar-se para uma maior internacionalização dos ENVC e procura de novos nichos de mercado, segundo a perspectiva indicada por Marcos Perestrello. Numa outra referência ao contrato com este cliente venezuelano, afirmaria que “… é a primeira oportunidade e o primeiro teste sério para esta nova fase da vida dos Estaleiros, empresa de enorme importância económica e social para toda esta região mas também para o País. Estou certo que será um teste passado com sucesso. Esse é o voto que aqui deixo em nome do Governo Português. Este voto é também um sinal de confiança nesta nova Administração e muito em especial nos trabalhadores dos Estaleiros, e para os trabalhadores dos Estaleiros dirijo uma palavra especial de reconhecimento pela forma como têm procurado ajudar esta empresa a ultrapassar as dificuldades por que passa há muitos anos. De responsabilidade pela forma como vão certamente contribuir para reerguer estes Estaleiros e confirmá-los como uma peça decisiva na recomposição do sector da construção e reparação naval em Portugal. E por fim, uma palavra de estímulo para se empenharem com a nova Administração no processo de viabilização e internacionalização destes Estaleiros, que só é possível fazer-se ao lado dos trabalhadores.”


Visita do Presidente da Venezuela aos ENVC

Presidente da República Bolivariana da Venezuela e Primeiro-Ministro de Portugal na cerimónia de assinatura de acordos comerciais entre os dois países

Depois de um périplo oficial por vários países da Ásia, África e Europa, com vista a reforçar as relações económicas e comerciais, o Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, a convite do 1.º Ministro esteve também em Portugal no passado dia 24 de Outubro para assinar acordos de cooperação com o Governo Português. Durante essa permanência, para além dos acordos assinados com outras empresas para o fornecimento de equipamentos informáticos, construção de habitações na Venezuela, salientamos a sua presença em Viana do Castelo acompanhado de alguns dos seus ministros, onde visitou com o Eng.º José Sócrates e os Secretários de Estado da Defesa, do Comércio e dos Transportes e alguns deputados, a fábrica do ramo da energia eólica ENERCOM com vista a futuros acordos nesse domínio, à semelhança de outro assinado no âmbito da cooperação

Comitiva durante a visita aos ENVC

energética com a GALP para o transporte e liquidificação de gás natural e, muito em particular, os ENVC, S.A., para assinar um contrato para a construção de dois navios asfalteiros, cujo valor ronda os 130 milhões de euros, que como referiu o Primeiro-ministro “ são navios da última geração, de grande exigência tecnológica e este contrato é da maior importância para os estaleiros e para a economia portuguesa". Para além da realização deste negócio, Hugo Chavez quis também aproveitar a oportunidade para visitar o navio Atlântida, embarcação na qual o Presidente mostrou bastante interesse, conforme revelam as suas palavras proferidas no momento da chegada à empresa: “Disseram-me que é um barco bom, bonito e barato”, afirmação que indica uma abordagem estabelecida, segundo o próprio, em Maio do corrente ano pelo Primeiroministro de Portugal na sua visita à Venezuela. Depois do contacto com a embarcação o Presidente da Venezuela afirmou que o navio interessava ao seu país e que talvez viesse a adquirir também o Anticiclone, outro navio encomendado pela Empresa Açoriana Atlanticoline, que como é sabido já se encontrava em construção aquando da rescisão do contrato pelo armador açoriano. Durante a sua intervenção, e também falando aos jornalistas, o 1.º Ministro José Sócrates afirmou que a visita do Presidente Venezuelano aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo constituía “um contributo para a economia e emprego”, pois a cooperação económica entre Portugal e a Venezuela é já “muito intensa” e “evoluiu muito nos últimos anos” e esse dia constituía “um grande dia para as relações entre os dois países”. Sem dúvida que a visita revestiu-se de singular importância para os ENVC, para os seus colaboradores e para os agentes económicos de Viana do Castelo, já que os negócios concretizados e em vias de concretizar são determinantes para a sobrevivência futura dos Estaleiros e para a manutenção e criação de emprego na Região.

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A carteira de encomendas e novas perspectivas Eng.º Joaquim Ventura

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1- Situação actual e perspectivas futuras A actual carteira de encomendas militares e os dois navios asfalteiros permitirá, para os anos de 2012 e 2013, uma considerável ocupação da capacidade produtiva dos ENVC. No entanto, esta situação de excepção, considerando o actual contexto de crise, não nos pode fazer esquecer o período difícil por que passamos (improdutivo em 2011), pelo que será necessário estabelecer a estratégia mais adequada para o futuro dos ENVC, melhorando assim a sua competitividade e que deve passar por: - redimensionar e requalificar a sua mão de obra. - melhorar a gestão das construções, em particular as militares. - apostar num “Projecto ENVC” para as novas construções, com a criação de um “projecto básico” com know-how e criatividade na elaboração de novas soluções técnicas. - apoiar a criação de pequenas empresas (subempreiteiros) no distrito de Viana do Castelo, especializadas nas várias actividades ligadas à construção e reparação de navios. - definir a estratégia quanto aos tipos de navios a construir: • militares: NPO e LFC; • navios ferries e passageiros de pequena dimensão; • navios especiais: offshore, LPG, cable layers, etc; • estruturas offshore.

2 - Angariação de novas construções Face à actual carteira de encomendas, os objectivos da área Comercial de Construções são os seguintes: - venda dos navios ferries C.258 e 259, tendo sido estabelecidas negociações directas com a Venezuela, que se iniciaram em meados deste ano; - continuação das conversações com um Armador Grego, no sentido da concretização da encomenda de dois navios ferries, tendo sido desde já adjudicada a construção de um bloco de 53 ton de aço; - incremento das relações com a Venezuela, tendo em vista o estabelecimento de uma parceria estratégica no âmbito da construção naval, quer na construção de novos navios, quer no apoio técnico e formação de técnicos em estaleiros Venezuelanos; - acções de marketing junto de Armadores com frotas de navios offshore; - reactivação do mercado russo, procurando restabelecer contactos com ex-clientes, oferecendo condições de financiamento atractivas; - continuação da “monitorização” do mercado, através de contactos directos com Armadores e Brokers, respondendo a todas as consultas recebidas e visitando os clientes.

Reparações Apesar da crise económico-financeira sem paralelo nos últimos 80 anos e em que a indústria naval Europeia vive uma situação depressiva, em virtude de uma acentuada redução do comércio internacional, os ENVC têm conseguido dinamizar minimamente o seu sector de reparação naval. No primeiro semestre de 2010, como referimos na edição anterior, a actividade de reparação foi considerada praticamente normal, face à desenvolvida em períodos homólogos. O segundo semestre, não sendo tão positivo, pois reflecte já uma contracção mais drástica da procura, regista na última metade algum movimento positivo de entrada de navios para realizarem diversos trabalhos, ao nível de aço, mecânica, encanamentos e pintura, a seguir indicados: NAVIO

TIPO

EMPRESA / PAÍS

DIMENSÕES

“SILVAPLANA”

Graneleiro

Suisse Atlantique /Suíça

170,7 X 27

“POLAR KING”

Rov Supply

CNP Freire SA / Espanha

110 X 20

“BBC NORDLAND”

Cargueiro

Da Briese Schiffahrts / Alemanha

107,7 X 18,2

“VASADIEP”

Cargueiro

Feederlines / Holanda

118,5 X15,4

“EDDA FIDES”

Hotel

H.J. Barreras / Espanha

130 X 27

“DRAVO COSTA DORADA

Draga

Dravosa / Espanha

85,8 X 14

“ATLANTIS”

Cimenteiro

S&C, Lda. / Portugal

105,9 X 17,5


POSIDONIA 2010 - Um dos mais importantes eventos marítimos internacionais Fabíola Sousa

A POSIDONIA Exhibition 2010 realizou-se em Atenas (Grécia) de 7 a 11 de Junho 2010 e, como sempre, ali estiveram presentes importantes amadores gregos, assim como armadores da grande maioria das outras nações de tradição e vocação marítima. Esta mostra reuniu cerca de 1.850 expositores, representando 87 países e contou com cerca de 18.000 visitantes. Trata-se de um ponto de encontro com novas tecnologias e equipamentos, com potenciais clientes e prestadores de serviços, com as ferramentas e as personagens que podem ajudar a planear o futuro a todos os que operam e actuam na área da Indústria Naval. Os ENVC também se fizeram representar, aproveitando, assim, a oportunidade para novos contactos e mostrando, de novo, a grande qualidade e excelente performance dos seus navios.

Em exposição no painel à direita na foto: O modelo dos Navios PortaContentores de Cargas Pesadas

SMM Hamburgo 2010 - Feira Internacional “Shipbuilding Machinery & Marine Technology”

Maqueta do Ferry “Lobo Marinho” construído nos ENVC

“A Construção Naval é estrategicamente vital para a Europa”, são palavras de Bernd Aufderheide, Presidente e CEO da “Feiras e Congressos de Hamburgo”. A SMM Hamburgo, que decorreu nesta cidade alemã entre os dias 7 e 10 de Setembro passado, revelou-se um sucesso, imprimindo um forte estímulo à indústria naval, com os seus 2.000 expositores de 58 países e 50.000 visitantes vindos de todo o Mundo, afirmando-se, uma vez mais, como o principal evento mundial da Indústria de Construção Naval. Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo marcaram a sua presença com um Stand partilhado com mais 2 empresas do Grupo Empordef (O Arsenal do Alfeite e a Edisoft), mostrando ao Mundo a sua capacidade técnica e produtiva, assim como o seu compromisso com a Qualidade e Inovação Tecnológica. Foram efectuados diversos contactos, não só com os nossos Clientes tradicionais, que nos visitaram (dos quais destacamos a Jungerhans Maritime Services, Ahrenkiel Group e a Aghro Shipping de Israel), como também com novos potenciais Clientes, nomeadamente, da Rússia, Brasil e Singapura. Também na área da Reparação Naval, tivemos a oportunidade de reunir com diversos armadores, com resultados bastante promissores, que esperamos ver materializados num futuro breve.

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“Portos e Transportes Marítimos" Com mais de mil pessoas inscritas, decorreu no Centro de Congressos de Lisboa, em 21 de Setembro de 2010, o Congresso "Portos e Transportes Marítimos" que foi organizado pela Associação Comercial de Lisboa (ACL), em parceria com as confederações patronais. Em debate estiveram as potencialidades dos investimentos no sector marítimo: "O objectivo [do congresso] é trazer à consciência dos empresários portugueses que tanto os industriais, como os prestadores de serviços, como os exploradores dos recursos da terra podem fazer os mesmos investimentos a nível do mar e tornar as empresas maiores, mais rentáveis, contribuindo para o desenvolvimento económico do país", declarações do presidente da ACL, Bruno Bobone. O Congresso, que teve como ponto de partida o estudo "Hipercluster do Mar", coordenado pelo economista e exministro das finanças Hernâni Lopes, pretendeu alertar os empresários para a importância do mar. "O mar tem de estar na cultura empresarial portuguesa", disse ainda o presidente da ACL, acrescentando que "é fundamental olhar para um recurso que tem sido mal utilizado e que é o mais rico da economia portuguesa não explorado". O congresso contou com as presenças do Presidente da República, Cavaco Silva, e do Ministro das Obras Públicas,

Transportes e Comunicações, António Mendonça. Estiveram também presentes o presidente da Mota-Engil, Jorge Coelho, a presidente da Administração do Porto de Lisboa (APL), Natércia Cabral, bem como o economista António Nogueira Leite.

Os ENVC marcaram também a sua presença: O Mar é o nosso Mundo, o nosso Maior Desafio

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Tecnologia, Inovação, Demonstração e Internacionalização são as palavras-chave que caracterizaram o “Portugal Tecnológico 2010”

A maior mostra nacional de tecnologia e inovação realizouse entre os dias 22 e 26 de Setembro na Feira Internacional de Lisboa (FIL) - Parque das Nações. Sob o tema “A liderar o futuro”, foram apresentadas soluções inovadoras, com destaque para os projectos de índole tecnológica e de inovação: uma contribuição para o sucesso do País, para o bem-estar das populações e para o aumento da capacidade exportadora da economia portuguesa Previsto para uma área de cerca de 40.000 m2, abrangendo pela primeira vez os quatro pavilhões da FIL e envolvendo mais de uma centena de empresas tecnológicas e entidades com projectos inovadores, o Portugal Tecnológico 2010 deu a conhecer as melhores soluções em áreas tão distintas como a Mobilidade Eléctrica, Energias Renováveis, a Educação, a Saúde, as Comunicações, os Transportes e a Segurança, entre outras.

“Um contributo inovador para a energia e mobilidade”, foi como a EMPORDEF definiu a sua presença na Mostra Portugal Tecnológico 2010, com um stand que no dia 24 Setembro receberia a visita do SEDAM (Secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar), Dr. Marcos Perestrello. A visita ocorreu logo após o Presidente da Holding ter proferido uma conferência subordinada ao tema "A Contribuição do Espaço para a Energia". O Dr. Jorge Rolo sublinhou as mais-valias das empresas do Grupo, no que respeita a uma indústria mais inovadora e capaz de gerar um Portugal cada vez melhor, cada vez mais tecnológico, respondendo assim, de forma mais eficaz, aos problemas do mundo de hoje, e onde se incluem os Estaleiros Navais de Viana do Castelo.


I Congresso de Segurança e Defesa Nacional Fabíola Sousa

O I Congresso de Segurança e Defesa Nacional, organizado conjuntamente pela AFCEA Portugal e pela Revista Segurança e Defesa, realizou-se no Centro de Congressos de Lisboa nos dias 24 e 25 de Junho de 2010. Este Congresso foi uma iniciativa da sociedade civil que pretendeu abrir um espaço de debate e discussão acerca de importantes questões de segurança e defesa, visando também identificar contributos para um renovado conceito de “Estratégia de Segurança Nacional”. O evento ultrapassou todas as expectativas, quer no número de participantes quer no elevado interesse demonstrado ao longo dos debates. A organização do I Congresso Nacional de Segurança e Defesa, subordinado ao tema “Para uma Estratégia de Segurança Nacional” teve em vista os seguintes objectivos principais: • Fomentar a reflexão e o debate sobre as questões da segurança nacional; • Sensibilizar os cidadãos e a opinião pública para a importância dos novos conceitos e das novas perspectivas da segurança e da defesa; • E identificar contributos para a definição de uma Estratégia de Segurança Nacional. Os ENVC estiveram presentes, ao lado das empresas do Grupo Empordef, tendo o Sr. Dr. Jorge Rolo – Presidente do

Grupo – participado, como orador, na 1ª Sessão Plenária, apresentando o Tema “O Conhecimento e a Inovação na Segurança e Defesa Nacional”, tendo caracterizado, detalhadamente, a Missão / Principais Objectivos, Capacidades e Valências Específicas, Áreas de Actividade e até a História de toda as Empresas do Grupo, numa excelente demonstração de que “Fazemos porque Sabemos”.

À esquerda na foto o Ministro da Defesa Nacional, tendo em fundo as bandeiras da Empordef e dos ENVC

No decurso de uma visita aos ENVC ocorrida no dia 12 de Outubro de 2010, o Ministro das Obras Públicas de Moçambique manifestou o interesse do seu país em reforçar a frota da marinha mercante e de fiscalização da zona costeira.

Trata-se de embarcações que se enquadram na gama de construção dos ENVC, e em cima da mesa esteve, também, a possibilidade de constituição de uma parceria envolvendo os dois países, no sentido de promover a construção naval naquela ex-colónia portuguesa.

Conselho Económico e Social debateu apostas em Viana do Castelo O Conselho Económico e Social de Viana do Castelo (órgão consultivo da Câmara Municipal) reuniu no passado dia 3 de Novembro de 2010 para apreciar o ponto de situação da revisão do Plano Estratégico de Viana do Castelo e abordar, designadamente, as questões relacionadas com Viana do Castelo – Cidade Náutica. Para esta sessão, que se focou na temática Viana do Castelo: Centro de Mar, Porto de Mar e Estaleiros Navais de Viana do Castelo, foi convidado como orador o Sr. Dr. Carlos Veiga Anjos, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, que debateu o tema “A Construção Naval”, desenvolvendo, colocando à discussão e sensibilizando os presentes para temas tão importantes como: - A Indústria Naval Europeia: Principais Desafios;

- A Relevância Nacional, Regional e Local dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo; - Evolução Económica e Financeira dos ENVC: Análise da Estratégia e Rentabilidade passadas, Estratégia Futura e necessidade de um Plano de Viabilização. A Missão e Visão actual dos ENVC foram também matérias detalhadamente analisadas pelo Sr. Dr. Carlos Veiga Anjos, que terminou reflectindo sobre a mudança de ATITUDE perante o (actual) cenário de crise: “Somos a Memória que temos e a Responsabilidade que assumimos” “Sem Responsabilidade, talvez não mereçamos existir” “É melhor acender uma Vela do que amaldiçoar a Escuridão”

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Riscos emergentes - novas formas de prevenção Numa organização conjunta com os Órgãos Representativos dos Trabalhadores (CTRA, Comissão de Higiene e Segurança e União dos Sindicatos), a Empresa promoveu e realizou nas instalações do Serviço de Formação, no dia 22 de Junho de 2010, um Seminário subordinado ao tema Riscos Emergentes – “Novas Formas de Prevenção”. O programa foi elaborado e constituído por dois painéis, onde intervieram dois reputados especialistas, o Eng.º Mário Rebelo da área da Segurança no Trabalho e o Dr. Maurício Soares, médico de Medicina do Trabalho. A primeira intervenção foi marcada pelo alerta para os novos riscos e novos perigos no trabalho e a segunda para medidas de prevenção e promoção da saúde no local de trabalho, face à emergência desses novos riscos, finalizando o evento com as conclusões do nosso colega Sr. Martinho Cerqueira dirigente do STIMMDVC (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas do Distrito de Viana do Castelo). O evento, considerado pela Empresa de extrema importância, permitiu constituir um espaço de reflexão sobre os complexos

problemas de segurança no trabalho que afectam a saúde dos seus colaboradores. Foi também um modo de perceber a necessidade da sua intervenção através dos órgãos que os representam (Representantes dos Trabalhadores para a Higiene e Segurança e Sindicatos) e sobretudo revelou-se um sinal do empenho que se verifica hoje nos ENVC por parte de todos, em combater as causas dos novos e dos velhos riscos, que tornam determinados locais de trabalho perigosos. Sabemos dos condicionalismos existentes, dos limites que nos são colocados no campo da nossa intervenção, mas sabemos também que é com a persistência e a intervenção de todos que as causas se ganham e condições melhores se criam. Justamente por isso, saudamos todas as entidades que contribuíram para que este seminário fosse realizado, pois a sensibilização e a formação serão sempre os caminhos mais eficazes para a promoção de adequadas atitudes e comportamentos, que tornarão as situações de trabalho perigoso em trabalho seguro.

1.as Jornadas Técnicas de Soldadura 14

Realizou-se entre os dias 22 e 30 de Novembro as primeiras Jornadas Técnicas de Soldadura dos ENVC. Este evento, embora inscrito no plano de formação de 2010, foi promovido e organizado pelo Serviço de Soldadura, com apoio do Serviço de Formação. Do programa constavam temas de relevante interesse para o desenvolvimento da actividade de soldadura, nos domínios dos gases utilizados, das tecnologias e dos processos para o futuro, equipamentos, segurança e sinistralidade, entre outros. A abertura deste evento foi efectuada pelo Eng.º Francisco Gallardo (Membro do Conselho de Administração dos ENVC) e contou ao longo dos vários dias com excelentes painéis, constituídos por especialistas e técnicos de várias entidades, entre os quais Eng.º Juan Maestre e Eng.º José Luís Rivas (Air Liquide), Eng.º Jorge Lima (ESAB Ibérica), Eng.º Roberto Campo (CAYE), Eng.º Carvalho Dias (Electro-Portugal) e Eng.º Franscisco Batista, responsável pelo Serviço de Segurança e Ambiente dos ENVC. Esta iniciativa, participada por mais de uma centena de trabalhadores soldadores e outros profissionais da Empresa, foi um êxito e realçamos aqui a importância que iniciativas idênticas assumem num contexto de mudança, em que a partilha de conhecimentos e de experiências pode ser determinante para a renovação de técnicas, métodos e práticas dentro da organização. Neste âmbito, refira-se o Serviço de Soldadura pelo papel assumido na organização do evento, e, por outro lado, a organização agradece a todas as entidades externas e oradores que nele participaram, pois é esperado que estas jornadas se repitam, logo que o tempo e o avanço tecnológico o justifiquem.


Álcool e drogas no local de trabalho Perspectivas de prevenção Eng.º Francisco Batista

O álcool, conhecido desde a antiguidade, ocupou um lugar privilegiado em todas as culturas, tanto nos momentos de confraternização como nos rituais religiosos. Sempre envolto em simbolismo, à medida que as sociedades foram passando por transformações económicas e sociais, os consumos foram assumindo novas formas e envolvendo todas as classes sociais. A mesma substância que une para festejar passa a estar disponível em todos os momentos, sejam eles de alegria, de solidão ou de dor. Mas também estimula a agressividade, a discórdia e destrói os laços de família, de amizade e de trabalho. Até ao século XIX o fenómeno do alcoolismo não era reconhecido como doença, apenas como vício. Com o avanço da medicina, concretamente do conhecimento do efeito do álcool sobre o sistema nervoso, surge uma tomada de consciência dos perigos do alcoolismo para a saúde pública e assunção do conceito de alcoolismo como uma doença provocada pelo consumo excessivo e prolongado de bebidas alcoólicas. O alcoolismo, analisado na sua globalidade, é um fenómeno muito preocupante porque, para além de atingir os doentes, atinge as famílias, os amigos, os colegas de trabalho, as empresas, enfim, a sociedade. O consumo excessivo do álcool e outras drogas, além de prejudicar a saúde, está na origem de muitos acidentes de trabalho, alterações psicológicas e perturbações na relação com os outros trabalhadores. Trabalhar com álcool no sangue pode levar a falta de concentração, quedas, comportamentos violentos e conflitos no trabalho. Segundo a informação disponível, cerca de um quarto dos acidentes de trabalho têm na sua origem o consumo excessivo de álcool. O alcoolismo é mais frequente nos homens, principalmente a partir dos 30 anos de idade, mas há cada vez mais jovens e mulheres com problemas de dependência. Segundo uma estimativa da Organização Internacional do Trabalho ( OIT ) 70% das pessoas com problemas de consumo de álcool estão inseridas no mercado de trabalho. Em Portugal, o alcoolismo é a maior das toxicodependências estimando-se que o consumo de álcool per capita é dos mais elevados do mundo, situando-se em 11,2 litros de álcool puro por ano. Cerca de 40% dos acidentes de trabalho estão relacionados com consumo de álcool. Perante esta realidade, a política das empresas deve consagrar disposições claras relativas à promoção da prevenção do alcoolismo e de outras dependências. Prevenção do alcoolismo e outras dependências em ambiente de trabalho O índice da sinistralidade no trabalho mantém-se elevado e o consumo de álcool, tabaco e outras drogas está a aumentar, particularmente entre as camadas mais jovens. Estamos perante um fenómeno que resulta mais de estilos de vida do que das condições de trabalho. Na maioria dos casos o consumo de álcool, tabaco e outras drogas resulta de comportamentos sociais viciantes que se poderão agravar ou potenciar com outras exposições, em resultado de condições de trabalho deficientes. Existe legislação que proíbe o fumo nos locais de trabalho, mas o mesmo não acontece relativamente ao álcool e outras

drogas. Contudo, estas matérias têm enquadramento na legislação relativa à segurança e saúde dos trabalhadores. O Código do Trabalho estabelece a obrigatoriedade de o empregador identificar, avaliar e controlar os riscos garantindo a todos os trabalhadores condições de segurança, higiene e saúde em todos os aspectos relacionados com o trabalho e, ainda, a obrigação de planear as actividades, atendendo a todas as situações que coloquem em risco a segurança e saúde dos trabalhadores. A avaliação de riscos é a ferramenta essencial para identificar os trabalhadores que estão em risco e definir as medidas de prevenção e controlo adequadas. No caso do alcoolismo no trabalho os riscos podem ser minimizados, proibindo-se o consumo de bebidas alcoólicas no local de trabalho e implementando medidas de controlo, tais como o controlo de alcoolemia dos trabalhadores, acordadas em regulamentos internos das empresas ou em sede de negociação colectiva de trabalho. Assumem, aqui, um papel muito importante, os Serviços de Segurança e Saúde das empresas, particularmente através da Medicina do Trabalho, fazendo o diagnóstico da situação, aconselhando o trabalhador e acompanhando-o no respectivo tratamento. O local de trabalho é o contexto ideal para realizar programas de prevenção para detectar precocemente casos problemáticos e motivar a recuperação das pessoas afectadas promovendo e incentivando o seu tratamento. Torna-se necessário desenvolver e apoiar programas de promoção para a saúde na área da alcoologia, do tabagismo e do consumo de drogas ilícitas, que incluam campanhas de informação nas empresas chamando a atenção para os riscos destes consumos. Políticas nacionais de controlo do alcoolismo em ambiente de trabalho A Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008/2012 estabelece como objectivo estratégico a promoção da segurança e saúde nos locais de trabalho assente no desenvolvimento de medidas, tais como a dinamização e desenvolvimento, em articulação com o Plano Nacional contra a Droga e as Toxicodependências, de programas de prevenção em ambiente de trabalho para combater o alcoolismo e outras toxicodependências. Assim, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e o Instituto da Droga e da Toxicodependência assinaram um protocolo de colaboração nestas matérias. No seio das empresas deverá continuar a fazer-se a abordagem destas matérias na perspectiva de discutir a forma de pôr em prática medidas de gestão adequadas para o controlo de hábitos de consumo, dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais, e do desenvolvimento de políticas de promoção da saúde que envolvam os trabalhadores e os seus representantes na luta contra o alcoolismo e outras toxicodependências.

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Preocupações da Organização Internacional do Trabalho O envolvimento da OIT no combate ao abuso de substâncias baseia-se no consenso tripartido (governos, organizações de trabalhadores e de empregadores) que existe entre os seus membros de que o abuso de álcool e drogas tem graves consequências nas pessoas, nos locais de trabalho e na sociedade. Este consenso levou a OIT a reconhecer a prioridade de promover uma reflexão sobre os problemas relacionados com o álcool e drogas no local de trabalho, bem como a implementar e avaliar, no decurso dos últimos quinze anos, diversos modelos de intervenção integrada e preventiva. Estes programas integramse na Agenda do Trabalho Digno e convergem com os objectivos da Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008/2012. Recomendações práticas da OIT Pontos essenciais 16

• As políticas e os programas em matéria de consumo de álcool e de drogas devem promover a prevenção, a redução e o tratamento dos problemas relacionados com o consumo de álcool e de drogas que se coloquem no local de trabalho. • A legislação e a política nacionais relativas a estes problemas devem ser implementadas através de consulta às organizações de empregadores e de trabalhadores mais representativas. • Os problemas relacionados com o consumo de álcool e de drogas devem ser tratados como problemas de saúde e, por conseguinte, ser tratados sem nenhuma discriminação, como qualquer outro problema de saúde no trabalho. • Os empregadores, os trabalhadores e os seus representantes devem avaliar conjuntamente os efeitos do consumo de álcool e de drogas no local de trabalho e devem cooperar na elaboração de uma política para a empresa. • Os empregadores, em colaboração com os trabalhadores e os seus representantes, devem tomar medidas de prevenção relacionadas com o consumo de álcool ou de drogas. • O empregador deve aplicar restrições ou proibições relativamente ao álcool, tanto para o pessoal de direcção como para os trabalhadores. • Os empregadores devem estabelecer um sistema para assegurar o carácter confidencial de toda a informação relacionada com o consumo de álcool e de drogas. • As análises toxicológicas para determinar o consumo de álcool e de drogas no âmbito do trabalho colocam problemas fundamentais de ordem moral, ética e jurídica; por tal motivo há que determinar da justiça e da oportunidade da sua realização. • Deve reconhecer-se que o empregador tem autoridade para sancionar os trabalhadores cuja conduta profissional seja imprópria como consequência de problemas relacionados com o consumo de álcool e de drogas. Não obstante, deve ser dada preferência ao aconselhamento, ao tratamento e à reabilitação em vez da aplicação de sanções disciplinares. Se um trabalhador não colaborar plenamente com o tratamento o empregador poderá tomar as medidas

disciplinares que considere oportunas. • O empregador deve aplicar o princípio da não-discriminação no trabalho aos trabalhadores que consumam ou tenham consumido álcool ou drogas, em conformidade com a legislação e os regulamentos nacionais. A política de prevenção do consumo de álcool nos ENVC É com satisfação que se reconhece que a política de prevenção do consumo de álcool nos ENVC é pioneira no país, pois iniciou-se em 1985, abrangendo o universo dos trabalhadores da empresa, passando a partir de Julho de 1999 a envolver também o pessoal dos subempreiteiros. Efectivamente, reconhecendo que a actividade de construção e reparação naval é de elevado risco atendendo à especificidade do processo fabril, os responsáveis da empresa têm tido a preocupação de implementar políticas de prevenção visando melhorar as condições de trabalho e promovendo a vigilância e controlo da saúde dos trabalhadores. É pois, no âmbito destas políticas, que se insere a prevenção e controlo do consumo excessivo de álcool. Para isso, procurou-se envolver as estruturas representativas dos trabalhadores - Comissão de Trabalhadores, Comissões e Delegados Sindicais - na implementação, de forma sistemática, do controlo de alcoolemia, salientando-se as vantagens que tal medida preventiva tinha para a salvaguarda da integridade física dos trabalhadores e para preservação da sua saúde física e mental. A adesão foi total e sem reservas, tendo sido muito importante a forma como a questão foi colocada à apreciação, definindo-se claramente os objectivos e a metodologia, e salvaguardando sempre os seguintes princípios: • a universalidade e confidencialidade do processo • o processo aleatório de escolha • a prioridade da vertente pedagógica e profilática face à vertente sancionatória Como resultado deste empenhamento colectivo, foi possível estabelecer a partir de 01 de Janeiro de 1985 o controlo sistemático da alcoolemia aos trabalhadores da empresa. É também de realçar que os princípios orientadores do nosso programa de prevenção e controlo são os agora preconizados pela OIT e pela ACT. Ao fim de 25 anos de controlo de alcoolemia, podemos afirmar que o consumo excessivo de álcool não constitui, presentemente, um risco de agravamento da sinistralidade da empresa. Os resultados dos testes, de controlo diário, bem como o rastreio efectuado pela Medicina do Trabalho aquando dos exames médicos e da colaboração da Extensão de Saúde, permitem constatar que esta medida preventiva atingiu os seus objectivos, isto é, permitiu aos trabalhadores, de forma consciente, reduzir e, em grande percentagem, eliminar o hábito do consumo de álcool, pelo menos, durante o período de trabalho. Referências: - Gestão das Questões relacionadas com Álcool e Drogas nos Locais de Trabalho. OIT, 1ª edição, Genève, 1996, versão portuguesa 2008 - Problemas ligados ao álcool e a drogas no local de trabalho – uma evolução para a prevenção. OIT, 1ª edição, Genève, 2003, versão portuguesa 2008. - Álcool e Drogas no Local de Trabalho. Revista SEGURANÇA, Set/Out 2009, Suplemento Especial Sites de referência: - ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho - http://www.act.gov.pt - Organização Internacional do Trabalho - http://www.ilo.org/public/english/protection/safework/drug/index - Escritório da OIT em Lisboa - http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/index - Programa SafeWork/Solve - http://www.ilo.org/public/english/protection/safework/whpwb/solve/index - Agência Europeia para a SST - http://www.osha.europa.eu


TORNEIOS E CONCURSOS Paulo Lopes

Durante o segundo semestre deste ano o G.D.C.T.E.N.V.C. deu continuidade às actividades desportivas planeadas, destacando-se as que se seguem.

3º Torneio de Futebol 7 Realizou-se, nos meses de Junho e Julho, o 3º torneio de futebol de sete do G.D.C.T. Apesar de alguma da juventude desta vez não ter participado por estar ausente da empresa por motivos que todos conhecemos, o mesmo decorreu com forte espírito desportivo e de forma calma e ordeira, para satisfação de todos os intervenientes. Este ano o torneio realizou-se de forma diferente do habitual. Jogou-se um campeonato em duas mãos. No final, e pelo terceiro ano consecutivo, o sector da Instalação sagrouse campeão. A iniciativa terminou com a realização de um convívio na sede social para todos os participantes, onde teve lugar, também, a respectiva distribuição de troféus.

11º Concurso Desportivo de Pesca de Mar A secção de pesca esteve mais uma vez em festa no dia 19 de Setembro, ao realizar o 11º concurso de pesca desportiva de mar. Participaram na iniciativa aproximadamente 100 pescadores, representando diversos clubes da zona norte, que trouxeram cor e beleza às nossas praias. Este concurso finalizou na sede social com a presença de todos os atletas e representantes dos clubes para a entrega de prémios aos que mais se destacaram. Mais uma vez a secção de pesca está de parabéns pelo evento realizado, que ano após ano vem dignificando a imagem do G.D.C.T. E.N.V.C.

2.º Torneio Sábados a Nadar No passado dia 17 de Julho, realizou-se na piscina Municipal Frederico Pinheiro o 2º Torneio de Natação Inter-Grupos “Sábados a Nadar”. Nesta iniciativa estiveram envolvidas duas associações de grande importância da nossa cidade em todas as vertentes, o Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e o Grupo Desportivo Cultural e Recreativo da Portucel. Estiveram envolvidos nesta iniciativa cerca 150 atletas devidamente acompanhados pelos seus respectivos monitores. Tratou-se de uma realização conjunta de sucesso das duas colectividades, que terminou com a distribuição a todos os participantes do respectivo diploma, e um merecido lanche pelo empenho e esforço realizado.

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“24 Horas a Ligar Portugal por uma Vida com Emprego” Numa organização da Associação Empresarial de Viana do Castelo, no dia 16 de Outubro a nossa colectividade esteve presente num Torneio de Futebol de Rua. Este evento pela causa da inserção, integração, e pelo direito ao emprego contou com a presença de várias colectividades, que proporcionaram à comunidade uma manhã de sábado diferente no jardim público junto à marina. O G.D.C.T.E.N.V.C. participou com uma equipa neste torneio, associando-se assim a esta causa solidária. Aos participantes que se disponibilizaram a integrar a equipa, endereçamos os agradecimentos do Grupo.

Noites de Fado As noites que os vianenses não dispensam! Manuel Ramos

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Viana já se rendeu às noites de fado que a nossa Colectividade organiza em Agosto de cada ano. A assistência é cada vez mais numerosa e mais entusiasta. O Largo da Almas, um lugar excelente e acolhedor, tornouse uma referência para este tipo de iniciativas e para o seu público. O cenário e a acústica que a área proporciona permitem magníficos espectáculos, que são do agrado de artistas, público e organização. Este ano, as noites do fado realizaram-se nos dias 18 e 19 de Agosto. O primeiro dia contou com a presença de Elsa Gomes, Toni Reis e Alexandra Guimarães, que foram acompanhados pelos excelentes músicos, Márcio Silva na guitarra portuguesa, José Saraiva na viola e Torcato Regufe no contrabaixo. No dia 19, o espectáculo teve as vozes de Rui Cunha, Jorge

Nande e Marlene Rodrigues, na primeira parte, distintamente acompanhados por Francisco Vieira na guitarra portuguesa, Costa Pereira na viola dedilhada e Henrique Rabaçal no baixo acústico. Na segunda parte esteve presente a fadista Filipa Cardoso, que contou também com um magnífico acompanhamento, composto por Paulo Parreira na guitarra portuguesa, Carlos Leitão na viola dedilhada e Daniel Pinto no baixo acústico. O GDCTENVC agradece a todas as entidades que, com o seu patrocínio e apoio, tornaram possível a realização deste evento: Montaco, International Paints, O2, Certugal, Vianadeconaval, Tintas Hempel, Vianandaimes, Ofilito, Two Design, Câmara Municipal de Viana do Castelo, Paróquia de Santa Maria Maior e ENVC.


Conhecer Portugal Manuel Ramos

Ericeira, Mafra, Lisboa e Fátima, foi o roteiro escolhido e enquadrado na iniciativa “Conhecer Portugal”, para dar a conhecer aos nossos associados os melhores recantos do nosso país. A viagem realizou-se nos dias 2 e 3 de Outubro. Desde a Ericeira com o seu mar de azul profundo, ao Sobreiro, acolhedora aldeia, com a magnífica cerâmica da “Aldeia Saloia de José Franco”, a Mafra, com a sua monumentalidade e o seu bem conhecido convento, a Lisboa, uma das mais bonitas cidades do mundo, até Fátima com a sua mística e religiosidade, os locais que proporcionaram passeios descontraídos e de grande enriquecimento cultural. Iniciativas como esta servem também para estimular o convívio e o divertimento e, por isso, devem naturalmente repetir-se.

Noite de S. Martinho Na noite do passado dia 19 de Novembro realizou-se a tradicional festa de S. Martinho. Como habitualmente, a sede social do GDCTENVC foi palco de mais um convívio entre associados, onde o fado marcou presença numa sala cheia, pelas magníficas vozes de Toni Reis e Alexandra Guimarães. Naturalmente, como manda a tradição, neste

19 dia não faltaram também as castanhas e o vinho da região, acompanhados de outros petiscos e iguarias, que juntamente com o fado fizeram a delícia do público presente. Foi assinalada mais uma data em que os sons e as iguarias tradicionais serviram de mote para um saudável convívio entre associados.


Formação SHST Realizou-se, nos dias 25, 26 e 27 do passado mês de Outubro, um curso de formação para “Representantes dos Trabalhadores para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho”, promovido e realizado pela FIEQUIMETAL em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos de Viana do Castelo, onde estiveram envolvidos 15 colaboradores dos ENVC, indicados pela referida estrutura sindical. É de salientar a importância da acção de formação realizada e de louvar mais uma excelente iniciativa de organismos

representativos dos trabalhadores. São eventos cada vez mais necessários para a aquisição e renovação de conhecimentos sobre prevenção, segurança e higiene no trabalho e, sobretudo, quando visam o desenvolvimento de relações e práticas de grupo, que favorecem o combate e prevenção de situações de perigo nos locais de trabalho que atentam contra a vida e saúde dos trabalhadores, e da melhor manutenção das estruturas organizacionais.

Segurança, higiene e saúde no trabalho Representantes dos Trabalhadores para SHST. O órgão representativo dos trabalhadores para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, ciente da importância que estes factores têm para a vida das pessoas e da Empresa, entende oportuno divulgar e dar a conhecer alguns dos aspectos mais relevantes enquadrados na legislação, concretamente pelo Decreto-lei nº 441/91, que constitui a lei quadro portuguesa para SHST:

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Artigo 9º Informação e consulta dos trabalhadores. 1- Os trabalhadores, assim como os seus representantes na empresa, estabelecimento ou serviço, devem dispor de informação actualizada. a) Os riscos para a segurança e saúde. Bem como as medidas de protecção e de prevenção e a forma como se aplicam, relativas quer ao posto de trabalho ou função, quer, em geral, à empresa, estabelecimento ou serviço.

quada e suficiente no domínio da segurança, higiene e saúde no trabalho, tendo em conta as respectivas funções e o posto de trabalho. Consciente da realidade da empresa em matéria de SHST, este órgão tem desenvolvido um trabalho conjunto com o órgão de gestão, no sentido de melhorar e minimizar alguns aspectos que afectam as condições de trabalho. Reconhecemos que, ultimamente, foram feitas algumas alterações na empresa, que visam a melhoria das nossas instalações. Vamos continuar a trabalhar no sentido de tornar os locais de trabalho mais seguros e promotores da saúde e bem-estar de todos. Riscos emergentes: Novos riscos, novos perigos. Implica novas formas de prevenção. Tenha sempre presente: Trabalhador seguro e saudável produz mais e melhor.

Artigo 12º Formação dos trabalhadores. 1- Os trabalhadores devem receber uma formação ade-

Os RT-SHST desejam a todos os trabalhadores e famílias Boas Festas e um Feliz Ano Novo.

Protocolos O GDCTENVC tem vindo a estabelecer protocolos comerciais com várias entidades dos ramos da Energia, Banca, Seguros, Fitness, Saúde, entre outros, com o objectivo de proporcionar aos seus associados condições mais vantajosas de aquisição e acesso a um conjunto de bens e serviços. Apesar de a colectividade os ter dado a conhecer pelos canais habituais, nem sempre a informação chega a todos os associados/

trabalhadores dos ENVC. Por isso, entendemos oportuno nesta edição da revista divulgar o conjunto de entidades com as quais existem protocolos de cooperação e que podem ser evocados pelos associados, sempre que visitem esses estabelecimentos, a fim de beneficiarem das condições e descontos acordados.

RAMO

BENEFÍCIO

ENTIDADES

ENERGIA

Cartões Combustível

-

GALP

SOLRED

BANCA

Descontos Spreads

-

SANTANDER TOTTA

BPI

SEGUROS

Desconto nos Prémios

-

VICTORIA

-

FITNESS

Descontos e Isenção de Jóias

-

AXIS

SOLINCA

SAÚDE

Descontos na Consulta

Gab. TERAPIA DA FALA

GABINETE DE PSICOLOGIA

CLÍNICA DENTÁRIA

SAÚDE

Descontos no tratamento

FISIOTERAPIA E TRATAMENTOS ANTI-STRESS

ÓPTICA

Desconto em Lentes e Armações

-

ALAIN AFFLELOU

CENTRO ÓPTICO DE VIANA

OUTROS

Descontos produtos e serviços

TINTAS ROBBIALAC

GETUR - Engenharia e Design

LENCASTER COLLEGE

DESPORTO

Cooperação com GDCTENVC

-

SPORT CLUB VIANENSE

-

Informamos ainda os associados, que para um melhor esclarecimento sobre estes protocolos, devem consultar o site do

GDCENVC: http://www.grupoestaleirosviana.com ou contactar a secretaria da sede social através do telefone 258823823.


Obras na Sede Social Remodelação da cozinha As anteriores equipas directivas do GDCTENVC fizeram, ao longo dos anos, um enorme esforço para proporcionar aos associados as condições adequadas ao seu bem-estar durante a permanência na Sede Social, quer realizando obras de renovação do espaço, quer dotando-o de equipamentos e valências mais modernos, com vista a satisfazer outras necessidades e promover um ambiente mais saudável e acolhedor. A Direcção actual tem desenvolvido também um excelente trabalho neste domínio, direccionando a sua atenção para a necessária remodelação da cozinha, com uma intervenção que passou pela beneficiação do espaço (revestimento das paredes), aquisição de balcões em aço inox, fogão, exaustor industrial e outros utensílios mais modernos e adequados ao grau de qualidade higiénica legalmente exigida. Com esta melhoria, acreditamos poder servir melhor os associados, pois terá naturalmente reflexo na qualidade dos alimentos e petiscos confeccionados e servidos no Bar.

D. Armindo Lopes Coelho

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Um amigo dos ENVC que desaparece Manuel Cadilha

Em Ermesinde, na “Casa da Mão Poderosa”, pertencente à Diocese do Porto, no passado dia 29 de Setembro de 2010, faleceu D. Armindo Lopes Coelho. Esta eminente figura da Igreja Católica foi Bispo da Diocese de Viana do Castelo, de 1982 a 1997, ano em que foi nomeado Bispo do Porto, cargo que exerceu até 2006, altura em que foi acometido por uma grave doença, que o viria a diminuir física e intelectualmente até à sua morte. D. Armindo, enquanto Bispo de Viana do Castelo, revelouse um Homem erudito, mas de grande afabilidade para com todos aqueles que com ele lidavam. Era muito discreto no exercício da sua função, facto que não o inibia, porém, de alertar para realidades que, em seu entender, não se coadunavam com a dignidade humana. Era um grande amigo dos Estaleiros Navais e dos seus trabalhadores, estando sempre pronto a interceder publicamente a favor das melhores causas para esta Empresa. Fica para a história a sua homilia do dia 20 de Agosto de 1995, dia da Padroeira de Viana do Castelo, na qual D. Armindo, de forma pedagógica, mas contundente, chamou a atenção para os graves problemas com que os ENVC se debatiam, alertando os governantes e as forças vivas da cidade para os perigos do encerramento da Empresa, do qual adviriam graves problemas sociais. Variadas vezes se deslocou à nossa Empresa, para proceder a cerimónias de baptismo de navios, destacando sempre

nos seus discursos o valor do trabalho e a capacidade construtora dos ENVC. Também durante largos anos, na nossa revista, na época natalícia, escreveu textos enquadrados no espírito desta quadra, que se revelavam mensagens de profundo alcance social e que a todos tocavam. D. Armindo partiu, mas Viana do Castelo jamais esquecerá a sua acção, que foi muito para além da prática religiosa. E os trabalhadores dos ENVC também o recordarão sempre como um bom amigo, de quem receberam tantas vezes provas de solidariedade. Descanse em paz D. Armindo.


Viagens de Culto (Roteiro III) Américo Marques

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Como o Verão foi generoso o Viajante deixou-se ficar à borda-d’água, recostado, numa boa almofada de areia macia e receptiva ao ócio de quem já tratou do negócio! E em cumplicidade com o Morfeu resgatou bom dormir. Para após, ter energia para o que der e vier. E o que vem a seguir, lembra ao viajante se fez a pesquisa que recomendei, para encontrar uma das Capelas (Senhor do Cruzeiro) existente em Lanheses e construída nos meados do século XVIII. Mas acho que tal desafio ficou em agenda, como manda umas férias bem gozadas! Por conveniência a tarefa transitou para a época de Outono? Muito bem! O viajante tinha de descobrir o monumento gémeo na forma e na arte, citado no roteiro anterior. Aqui fica de modo sintético a informação do local: estrada N13 – Carreço, do lado nascente. E é chamada Capela do Senhor do Bonfim. E para haver a hipótese de um bom fim do que quer que seja, o viajante tem que preparar um bom início! Ora, tendo em linha de conta que os roteiros anteriores envolveram o rio e o monte, agora, a busca para descobrir outros fenómenos, outras caras da paisagem e o porquê das coisas, que a visão aprecia e a mente anseia – decorrerá entre o monte e o mar! O que obriga o viajante a estar em forma para espevitar a motivação e a treinar a perseverança, necessária ao acto de procurar. O ponto de partida será na Terra que já se chamou de Ovínea e agora tem o nome fácil de Areosa. O nome actual tem conotação com areia, talvez deixada ficar pelo mar, há tantos e tantos centos de anos, que o Homem não deixou claro registo. Talvez porque ainda não sabia escrever. Nesta Terra, encontramos o modo perfeito de agarrar o tempo, devido ao balsâmico cheiro a iodo misturado com os perfumes de pólen da floração da planície multi-colorida, que ondula por efeito do vento corredor, vindo de norte. Mas este, no fim da tarde se transforma em brisa suave, mais parecendo sussurrar ao ansioso viajante, para seguir os caminhos lajeados que acompanham o Ribeiro do Pego, para os lados da nascente. Onde calhaus de formato amendoado, por serem rolados por milhentas águas, se dispõem travessos para arreliar os ímpetos da corrente borbulhante, do pequenote mas audaz rio. Assim, o viajante pode-se deslumbrar com as pequeninas cascatas de águas ora vagarosas ora bem rápidas, ou passeando na forma de lagoas. Servindo estas, de piscina a quem não a tem – e de zona de treino às carpas douradas, para um dia saberem estar num rio grande. Mas nestas águas muito oxigenadas devido a serem muito irrequietas, existe ainda uma “piscina vertical” que é um gozo para o corpo, em especial para quem gosta de se iniciar no Rapel. Porque, tem que ascender ao íngreme monte, sinalizado com cruzes de granito. Este promontório tem na forma de pedra sobre pedra vestígios de um crasto, do qual só há restos desordenados. São também bem visíveis na periferia deste local, as estruturas graníticas de moinhos, que por gravidade, a água os fazia moverem. Ah, se de movimento o viajante está animado, aproveite o bem andar nos arruamentos agora cobertos de

Portada da Quinta da Boa Viagem – Areosa

betume preto, para encontrar o Lugar do Fincão. Neste sossegado e elevado “condomínio” virado a largo poente, pode o viajante se é um pouco visionário, descobrir um mar com contrastes animados por cores que a imaginação ajuda a pintar, e ainda, vislumbrar cortinas feitas de nuvens, que aparecem no horizonte a tapar “o eterno lume” (com se referia Camões ao sol) para assim, este partir às escondidas. Porém, as imagens concretas estão em redor. Sendo assim, o viajante não deve divagar, para tentar perceber, a técnica dos arruinados moinhos de água, que têm um eixo com diversas pás (tipo hélice) em madeira, que teima em resistir ao tempo, porventura contribuindo para alimentar o momento de qualquer viajante pedagogo. Momentos que serão mais analíticos se o viajante transpor a sul (por baixo) os 2 diferentes Arcos graníticos de transporte de água, desde os lados de São Mamede (que tem muito que contar) até à cidade. Se ao passar neste local ouvir um toc toc, é mais que certo que seja um pica-pau a fazer pela vida. Antes de pensar fazer a imperativa pausa, encontre bem para norte e perto do monte, uma grande portada envolta em viva cor. Aqui o viajante será confrontado com soberba arte talhada na pedra, mas não sentirá incentivo para descodificar a heráldica do brasão cimeiro – devido à informação existente no local, “Quinta da Boa Viagem”. Deste modo, o forasteiro fica a saber que está em local de bom presságio. E como esta magnifica propriedade só é visitável sob determinadas condições, a curiosidade do viajante tem que se contentar com a “pinta” que do exterior apanha. Por falar em apanhar, talvez seja o momento do viajante ir para o Apeadeiro para tomar o comboio que o leve ao próximo ponto do roteiro. Que de próximo só o é na distância! Pudera, é a altaneira freguesia de Carreço. Então, como pista para avançar, o viajante terá que seguir pelo arruamento do lado ocidental, logo que esteja vencida a subida de Montedor – para ir ver o Farol. Cuja construção ocorreu em 1908. É possuidor dum potente luzir, pois os seus relâmpagos projectam-se até Vigo! Que privilegiado seria o viajante se pudesse entrar no interior, para admirar o seu aprestamento. Este será descrito na próxima crónica e a concluir este Roteiro, o viajante terá ensejo para traçar o próximo, que naturalmente irá envolver localidades que terão


geograficamente enquadramento comum. A propósito de comum, como o viajante está na orla do mar, não perca a oportunidade de apreciar as “eirinhas” de secar a água para obter sal, que o antepassado do pedreiro fez, (bem feito) nas rochas sobranceiras ao areal. O sal é matéria necessária à vida – apenas está com má fama, devido ao consumo exagerado, por vezes como um vício. Portanto, para reflectir sobre tentações e aliviar as pernas, nada melhor que fazer uma pausa em local com um silêncio, que vale mais que o ouro. Ao mesmo tempo que apoiará a memória, a compor tudo o que os sentidos prenderam e a sensibilidade caracterizou. Para tal, deve aconchegar-se na Igreja existente a nascente. Quando no interior, o viajante deve tentar ser um crente e visitante – para entender a arte (com distintas idades) esculpida e pintada no granito e na madeira. Não se deslumbre o viajante com o recheio artístico, porque a vida também é feita de momentos imprevisíveis de fascínio. E é claro, que o

esmero artístico da casa de Deus é um motivo maior. No entanto, outras artes cativam quem visita esta comunidade, como o cantar que esta Gente (sem ser cigarra) oferece, através de modinhas ou rimas alegres, que envolvem as emoções do seu viver e trabalhar. Cantigas estas que dão harmonia e excitação às suas danças – que rodam e viram, gerando ondas coloridas com os tons dos seus trajes. Por falar em trajes, seria acertado que o viajante atente na roupa que veste, pois o ar marítimo é bem fresco, e húmido. O que quer dizer, que vai sentir frio e o fará ter uma fome apressada. Condição não favorável para que o viajante possa com entusiasmo descrever as descobertas. Neste caso à família, que é o porto de chegada, de todas as ansiedades. De quem ao partir já queria estar de volta, como apanágio de que viajar não é ir embora! Muito pelo contrário, é um compromisso com o regresso, e com o desafio para uma nova jornada.

Ser e pretender ser o maior: jogos de Natal Um autor (René Girard) analisa com dados históricos da literatura geral e bíblica a teoria da mimética da aprendizagem ligada ao desejo de ser o maior. Todos desejam fazer como os outros e suplantá-los, ser maiores que eles. Vou deixar correr a imaginação sobre o tema sem me deter com esse autor. Fazer por imitar o outro e ser maior que ele é das maiores energias para aprender e se exercitar nos comportamentos humanos. É bom. Mas pode misturar-se aqui uma pitada de orgulho ou brio e outra de inveja. Os leitores façam observações simples quando duas pessoas discutem, quando duas crianças jogam, quando dois professores se confrontam, quando dois cristãos ou ateus fazem polémica religiosa, quando dois políticos da nossa praça estão frente a frente em tribuna. Pensas que és o maior? Subjacente ao que dizem e fazem, aos assuntos que trazem para a liça, há um jogo aberto ou disfarçado de quem é o maior, quem é que tem mais razão, mais conhecimentos. Bem, mas isso é banal, dirão. E até é. Em certos casos a manha e a mentira também servem para parecer o maior: noutros usa-se a violência nas palavras ou nas acções e aí temos comportamentos de guerras grandes e guerrinhas, violências domésticas e privadas. Os comportamentos de ser o maior associam-se com frequência a outros esquemas de pensar e agir. Temos por exemplo as conversas de machismo, de conquistas sexuais, de posse de títulos de glória, vitórias, sucessos; enfim mil e um truques para desafiar o parceiro e os interlocutores; às vezes com uma pingazita ajuda. É uma tendência universal de não ficar abaixo. Até pode vestir-se às avessas com comportamentos de exibicionistas de fraquezas pessoais. O leitor já observou certamente em discussões e diálogos de tertúlia, de cabeleireiro, de sala de espera de consultas médicas, cenas em que se jogam despiques de quem tem mais doenças, fez mais operações, passou por maiores penas, apertos. Coleccionar doenças e achaques e alardeá-los com certo orgulhozinho é uma forma de ser ou pretender ser maior, de ficar acima dos outros. Mais subtil é a colecção que algumas pessoas fazem de pedidos de ajuda devido a uma mazela ou perturbação, deixando transparecer subtilmente um orgulhozinho de que nenhum

dos especialistas consultados conseguiu remediar. E um certo sentimento da importância do seu caso e de como os especialistas ficaram abaixo dela e da fama que têm. Pode a pessoa doente ter uma dezena de doenças e problemas mas o que a anima a falar é que é mesmo muito especial pois, vejam vocês, ninguém consegue remediar os seus males. Este ser especial até pode virar depressãozinha de estimação. Tão à moda. Mas o Natal é um tempo muito adequado para se jogar o jogo de quem é o maior associado a certa ostentação no ter mais. Vêm então as conversas do jogo sobre receber, comprar e oferecer mais presentes, receber mais votos de boas festas e convites como sinal de que se é maior. Conversas de mais objectos e mais caros em lojas mais chiques vai no mesmo sentido. Mas também aqui o jogo pode ser jogado às avessas. A crise ajuda. Sempre com parceiros em sintonia ao desafio. E não estamos a falar de ser real ou não o que se diz. Neste jogo vale quase tudo. Importante é manter o desafio. Ser o maior porque recebe menos, ser mais esquecido, o que menos vai ter Natal. Porém impressionam mais aqueles e aquelas que mais aparecem com novidades, com roupas, jóias e berloques mais exóticos, último grito da técnica em telemóveis, computadores, ténis, mil e um artigos úteis ou inúteis. São sempre úteis para passar por maior que o vizinho. Nem há crise. Bem, agora alguns leitores dirão: ele pretende é ser o maior ao escrever estas banalidades. E embora eu diga que não é bem assim, até terão alguma razão; e se assim o dizem aos amigos também estarão a pretender passar por maiores que aquele que escreve. No fim de contas, só há UM QUE É O MAIOR mas não quis aparecer como o maior. E UMA que se declarou escrava do Senhor e é a sua Maior criatura. Na Gruta do Natal com José, nos convidam a entrar com a nossa pequenez de adoradores. Funchal, 9 de Dezembro de 2010 Aires Gameiro

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Reformaram-se

Domingos Amorim Martins Figueiras 58 Anos – Torneiro Mecânico, 43 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

Alcino Meixedo Soares Amado 57 Anos – Electricista, 41 anos de Empresa. Reformado em Setembro de 2010

Daniel José Gonçalves Cruz 57 Anos – Adjunto de Serviço, 42 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

João Luís Correia Carvalhido 58 Anos – Técnico Fabril, 40 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

Carlos Alberto Sampaio Rodrigues 54 Anos – Montador de Construções Metálicas, 36 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

Manuel Meira Dias Lopes 60 Anos – Operário de Limpezas Industriais, 36 anos de Empresa. Reformado em Novembro de 2010

Mário Brochado Almeida 61 Anos – Técnico Fabril, 35 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

Carlos Alberto Fernandes Arieira 56 Anos – Técnico Fabril, 34 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2010

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Francisco Manuel Santos Gonçalves 56 Anos – Montador de Construções Metálicas, 29 anos de Empresa. Reformado em Setembro de 2010

José Carlos Lemos Lima 58 Anos – Montador de Construções Metálicas, 29 anos de Empresa. Reformado em Setembro de 2010

José Artur Pires Viana 53 Anos – Serralheiro Civil, 29 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

José Joaquim Correia Dias 61 Anos – Adjunto de Serviço, 44 anos de Empresa. Reformado em Setembro de 2010

José Portela Viana 60 Anos – Profissional de Escritório, 35 anos de Empresa. Reformado em Outubro de 2010

Carlos Alberto Rodrigues Meira 60 Anos – Técnico Fabril, 44 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2010

Venâncio Barbosa Ferreira Carvalho 59 Anos – Adjunto de Serviço, 43 anos de Empresa. Reformado em Agosto de 2010

João Miguel Delgado Araújo 63 Anos – Profissional de Engenharia, 36 anos de Empresa. Reformado em Novembro de 2010

Manuel Passos Lomba Costa 60 Anos – Técnico Industrial, 34 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2010

Luís Baltazar Faria Oliveira Santos 56 Anos – Economista, 20 anos de Empresa. Reformado em Setembro de 2010

Amândio Lopes Puga 58 Anos – Técnico Industrial, 43 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2010

Fernando Vieitas Carvalhido 63 Anos – Técnico Fabril, 39 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2010


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POEMA

Não, não basta estar vivo. Há mais na vida do que viver. Nenhum não basta, quanto todos os sim não chega. Estar vivo é uma folha mortal à deriva no exacto das coisas imortais. É um nó cego para subir escadas surdas. É um fogo do destino escondido na garganta dos porquês inacabados. Viver é um adeus inalterável. É um chegar admirável. É chão de frutos apeados num canhão que nos dispara em frente. Vida não é só viver. Viver, é nada ficar por dizer. Vida, é nada ficar por fazer. Até sempre…

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