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J U N H O
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S E M E S T R A L
ANOS 15 Nº 102
SEMESTRAL JUNHO
3ª SÉRIE 2010
Conselho de Administração
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Construção 257
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COORDENAÇÃO Vítor Calçada REDACÇÃO Alfredo Silva Carlos Balio Fernando Silva Manuel Cadilha COLABORAÇÃO DESTE NÚMERO Américo Marques Carlos do Carmo Comissão de Trabalhadores Cristina Malhão Fabíola Sousa Fernando Silva Francisco Baptista Gonçalo Fagundes Jorge Lima Leonel São Gil Manuel Ramos Paulo Ribeiro Rep. Trab. SHST Rui Alpuim Sérgio Fonseca PROPRIEDADE Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A. Apartado 530 Av. Praia Norte Telef. 258 840 100 - 258 840 293 Fax. 258 840 385 4901-851 Viana do Castelo Fotos da capa Vítor Roriz Fotos dos conteúdos ENVC, GDCTENVC e Roda do Leme Execução gráfica TwoDesign - Soluções Gráficas Impressão e Acabamento OFILITO Tiragem 1500 exemplares
“Industrial Echo”
Trabalhadores Unidos
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Na defesa da empresa e do emprego
Editorial.............................................................03 Novo Conselho de Administração .............04 Ferries para a Hellenic Seaways...................05 | 06 “Industrial Echo”..............................................07 ENVC e Navios Militares ..............................08 Reparação Naval..............................................09 | 10 Entrevista...........................................................11 | 12 Opinião: Eng.º Sergio Fonseca......................13 | 15 Actividade Formativa......................................16 | 18 Segurança e Higiene no Trabalho................19 | 20 Cultura e Desporto ........................................21 | 24 Humor ...............................................................25 Social ..................................................................26 | 28 Artes e Letras ..................................................29 | 31
As Dificuldades geram Oportunidades! Nas páginas seguintes damos conta da entrega do último navio ao armador Jungerhans Maritime Services, tratando-se simultaneamente de uma boa e menos boa notícia. Com a entrega desta construção n.º 257, encerrou-se o contrato com este excelente cliente alemão, sem que nova encomenda fosse possível concretizar, facto lastimável na presente conjuntura da empresa. Entretanto, este armador tem algumas construções contratadas e em execução com um estaleiro chinês. Mesmo assim, registamos com apreço a forma satisfatória como o acontecimento foi descrito na página Internet do armador, onde recordam as três dezenas de navios construídos em Viana do Castelo nas últimas duas décadas. Esta satisfação não nos pode levar a esquecer as dificuldades, antes pelo contrário, deve funcionar como estímulo para as ultrapassar. Em matéria de dificuldades, em editoriais de edições anteriores abordámos algumas em que a mais imediata e visível se relaciona com o navio “Atlântida”, sendo para o cidadão comum um autêntico enigma e imbróglio, sobre o qual não serão apuradas responsabilidades. Na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, e pelo que é noticiado na comunicação social, mais uma vez se perdeu tempo e dinheiro dos contribuintes para nenhuma conclusão relevante, ficando a ideia de que ninguém pretende apurar a verdade e responsabilidades, quer nos Açores, quer em Lisboa. Sobre o navio “Atlântida”, surgiram entretanto em Maio notícias animadoras na comunicação social, aquando da visita do Primeiro-Ministro Português, dando conta do eventual interesse de entidades venezuelanas neste ferry, o que está por confirmar até ao momento do fecho desta edição da revista. Das dificuldades e dos problemas existentes, relacionados com os ENVC, muito tem sido dito nos media, por vezes com informação deturpada, imprecisa ou retirada de contexto, e lamentamos que, frequentemente, os responsáveis pela administração da empresa não respondam de forma esclarecedora e defendendo o nome dos ENVC. Estando os problemas identificados, interessa que se passe a implementar as soluções, que estarão previstas no Plano de Reorganização/Reestruturação citado na nossa edição de Dezembro passado pelo anterior Presidente do Conselho de da Administração, bem como na comunicação proferida por este, aos trabalhadores no plenário geral realizado em Setembro de 2009. Dessa reestruturação organizativa, associada à parceria estratégica empresarial nacional e internacional, não há ainda sinais visíveis. A propósito, torna-se pertinente uma leitura atenta à reflexão feita pelo Eng.º Sérgio da Fonseca, publicada nesta edição, que num país e terra de marinheiros evoca a paixão pelo mar, para abordar importantes questões em torno da cultura da empresa (ou falta dela); da atitude individual dos profissionais na perspectiva da interacção em equipa; da missão dos ENVC e sua envolvente externa, incluindo a competitividade
no mercado; e ainda, sobre as responsabilidades do accionista Estado na gestão. Não devemos escamotear os problemas e vicissitudes da nossa realidade, mas sim enfrentá-los com coragem e determinação, construindo uma cultura organizacional competitiva, onde imperem a motivação e capacidade para vencer desafios e adversidades. A crise económico-financeira à escala mundial veio reduzir a procura no mercado da construção naval, desde há muito bastante competitivo, devido à forte concorrência asiática, dificultando à empresa a angariação de contratos para a construção de navios mercantes. A carteira de encomendas resume-se apenas aos contratos firmados com a Marinha Portuguesa para a construção de 2 Navios de Patrulha Oceânica (NPO), 5 Lanchas de Fiscalização Costeira (LFC) e 2 Navios de Combate à Poluição (NCP), com a possibilidade de no futuro serem contratados 4 NPO, 3 LFC e 1 Navio Polivalente Logístico. Mas a carteira de encomendas dos ENVC não pode estar limitada à construção militar, sendo insuficiente para ocupar a capacidade produtiva instalada, pelo que urge conseguir novos contratos no mercado civil. O contrato para a construção de dois ferries para um armador grego estará em vias de entrar em vigor, podendo ser relevante para os ENVC o acesso ao mercado do segmento das embarcações de luxo na Europa. Trata-se do armador Hellenic Seaways que é o principal transportador marítimo operando com mais de três dezenas (3) de navios no tráfego inter-ilhas na Grécia. Em situação semelhante de vir a efectivar-se, estará também o processo negocial de contrato para a construção de dois navios de transporte de asfalto, com a empresa estatal venezuelana Petróleos de Venezuela, S.A., de acordo com declarações do Vice-Ministro dos Hidrocarbonetos da Venezuela, Ivan Orellana, publicadas na comunicação social também no contexto da visita acima referida no passado mês de Maio. Entretanto, já se encontram em funções os membros executivos da nova Administração, que irá ser composta por 5 pessoas, sendo 3 residentes. E, de acordo com a informação conhecida acerca de vários dos seus membros, quanto à experiência de gestão e ligações ao ramo naval no passado, é expectável que a prazo sejam apresentadas medidas visando ultrapassar as principais dificuldades conhecidas, embora a crise económico-financeira internacional crie constrangimentos na implementação de algumas medidas em determinadas áreas da gestão. Portanto, há razões para acreditar estarmos perante novas oportunidades de mudança e esperança, tanto mais que, segundo informação pública, o novo Conselho de Administração terá de apresentar ao Governo um plano de viabilização da Empresa nos próximos meses. Com nova Administração e, simultaneamente, também uma nova Comissão de Trabalhadores que se afirma disposta a “Mudar, Defender e Consolidar a Empresa”, será possível criar um clima e relação laboral propiciadores das soluções que garantam um futuro sustentável ao principal empregador da região, e principal construtor naval do País, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo. A Redacção
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“…Contribuir para o sucesso empresarial” Novo Conselho de Administração dos ENVC O Contra-Almirante e Engenheiro Construtor Naval Vítor Manuel Gonçalves de Brito, o Engenheiro Naval Francisco Gallardo Duran e o Economista Dr. José Luís Serra Rodrigues constituem a equipa executiva do novo Conselho de Administração. Foi com o propósito referido em título que se apresentaram à Empresa, através de uma comunicação/saudação que publicamos na caixa ao lado. A eleição destes administradores executivos por proposta do accionista Estado teve lugar na Assembleia Geral dos ENVC, S.A., realizada a 5 de Julho de 2010, em que foram eleitos os novos titulares para os órgãos sociais da Empresa para o mandato no triénio 2010/2012. Pelo que apuramos, do Conselho Administração farão parte 5 administradores, dos quais ainda falta nomear dois (2) com funções não executivas, o Presidente, Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos, licenciado em finanças, e um Vogal, o Engenheiro Naval e Mecânico Óscar Napoleão Filgueiras Mota. Quanto aos administradores já em exercício, apresentamos a seguir alguns dos aspectos mais relevantes dos seus currículos profissionais: Eng.º Vítor Manuel Gonçalves de Brito
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Tem 63 Anos, concluiu em 1967 o Curso de Engenheiro Maquinista Naval na Escola Naval, ao qual se seguiram mais tarde os Mestrados em Arquitectura Naval e Engenharia Marítima e Ocean Enginner (1976) pelo MIT em Bóston, nos EUA. Nos últimos 39 anos, a sua actividade profissional ligada aos navios e indústria naval esteve virada para áreas tão diversas como operação, manutenção, estudos e projectos de navios, direcção técnica e gestão da produção de estaleiro naval. Foi, ainda, Director do Projecto de Aquisição dos Submarinos para a Armada Portuguesa (1995-2001), docente convidado do IST (Instituto Superior Técnico (19812007) do Curso de Engenharia Naval, exerceu funções de consultoria em engenharia, manutenção industrial e peritagem marítima, formador em gestão e planeamento da produção industrial, Presidente do Conselho de Administração do Arsenal do Alfeite (2002-2009), e é actualmente e desde 2007, Vice Presidente da Ordem dos Engenheiros. Dr. José Luís Serra Rodrigues Tem 43 Anos, concluiu a Licenciatura em Economia em 1993 na Universidade de Évora, é membro da Ordem dos Economistas e da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas. Consta do seu curriculum experiência profissional nas áreas da economia e gestão, em particular funções no domínio do serviço público. Foi Presidente do Conselho de Administração da INTERMINHO - Sociedade Gestora de Parques Empresariais, Empresa resultante da parceria estratégica estabelecida pela Associação de Municípios do Vale do Minho com a AEP - Associação Empresarial de Portugal e a Câmara de Valença, para desenvolver a actividade de construção e gestão de espaços industriais (1999-2002); Presidente da Câmara Municipal de Valença, assumindo, entre outras, a gestão das finanças municipais e dos contratos públicos; Presidente da Assembleia Geral da empresa Águas do Minho e Lima, S.A, com actividade centrada na concepção, construção e exploração dos subsistemas de abastecimento de água e saneamento do Distrito de Viana do Castelo e por fim Presidente da Assembleia Geral da empresa MINHOCOM - Gestão de Infra-estruturas de Telecomunicações, EIM, actividade de construção e exploração, em regime de serviço público, da rede comunitária de transmissão de dados de alta disponibilidade, na região do Vale do Minho.
Ao iniciar funções, O Conselho de Administração dos ENVC saúda todos quantos exercem funções profissionais no Estaleiro e afirma o propósito de contribuir para o sucesso empresarial desta importante unidade económica. Iniciaremos de imediato um período de levantamento da situação para podermos fixar um programa de acção destinado a gerir os recursos disponíveis face aos compromissos assumidos com todas as entidades envolvidas: Trabalhadores, Estado Accionista, Clientes, Fornecedores e Prestadores de Serviços, Entidades Credoras, etc. É legítimo esperar de todas essas entidades alguma compreensão no sentido de ser possível ultrapassar situações conjunturais difíceis. Sabemos que os ENVC se debatem com dificuldades de diversa ordem e tentaremos identificar as melhores soluções, cientes que o esforço colectivo de todos quantos trabalham na Empresa deve ser orientado numa única direcção que tem de ser clara e objectiva e, acima de tudo, tem de ser compreendida e aceite. Os ENVC têm um passado prestigiante que serve de referencial e de estímulo. Mas é também de realismo e de procura de novas soluções para os novos problemas que a nossa acção será orientada.
Eng.º Francisco Gallardo Duran Tem 59 Anos e, quanto à sua formação académica, concluiu o Curso de Engenheiro Técnico Naval na Escola Universitária de Engenharia Técnica Naval (1973) e mais tarde (1979), o curso de especialidade em Arquitectura Naval, na Escola Superior de Engenharia Naval de Madrid, tendo também participado em vários cursos de formação na área técnica. Possui um vasto curriculum profissional na direcção de produção e gestão dos sectores da construção e reparação naval. Exerceu funções em estaleiros navais espanhóis, dos quais se destacam, desde 1981, os IZAR/NAVANTIA. Foi responsável pela gestão de Doca Seca do Puerto Real Shipyard (1981-1990), com responsabilidade pelas áreas de Curved Block, Cutting Shop, Supervisão da Produção e Fitting. Para além disso, foi membro do Comité de Direcção, com responsabilidade na negociação com sindicatos. Ascendeu a Director de Produção destes Estaleiros (19901994), com funções específicas de supervisão na produção de navios Containers, Ro-Ro e Ferries, com responsabilidade sobre cerca de 2000 pessoas, sendo por inerência membro do Conselho de Directores. Mais tarde (1994-1997) viria a ocupar o cargo de Director Geral nos Estaleiros de Cadiz (Cadiz Shipyard), cujo negócio estava relacionado com a actividade de reparação e reconversão de todo o tipo de navios. Ocupou também neste período funções de liderança de projectos de Plataformas para a Petrobrás (off-shore). Entre 1997/2000 o cargo de Director Geral no Cadiz Shipyard tornou-se extensível aos Estaleiros de Puerto Real, onde, tendo atingido o topo na Empresa, foi convidado a exercer funções corporativas na sua Sede em Madrid (2000). Depois, também como Director Geral (2000-2007), assumiu responsabilidades na gestão da AINTEC, Cádiz, grupo de sub-empreiteiros a operar essencialmente em estaleiros navais. Este grupo é formado por oito empresas, que prestam serviços nas áreas de electricidade, acomodação, hidráulica, tubagem, aço, hidráulica e engenharia, onde supervisionava o controlo da planificação do trabalho e geria a negociação com os sindicatos. Desde 2007, igualmente como Director Geral, era responsável pela gestão dos Estaleiros de Sevilha (Sevilla Shipyard), especializados na construção de navios Ro-Ro, Ferries, Supply e Ro-pax’s, que empregam cerca de 275 trabalhadores do quadro e 1500 sub-contratados. Pelos dados biográficos e curriculares, estamos perante profissionais muito experientes, quer nas áreas da engenharia, quer da gestão, e que conhecem muito bem os sectores da construção e reparação naval. Sabemos que o mercado destes sectores é muito difícil e competitivo, mas com uma equipa conhecedora do mercado e experiente, ENVC, S.A. poderão adquirir as tão esperadas condições de estabilidade, viabilidade e sustentabilidade. A Roda do Leme expressa aqui, em nome da sua redacção, os votos de, muito sucesso e felicidades no exercício do cargo, a todos os elementos nomeados para a Comissão Executiva do Conselho de Administração dos ENVC.
Ferries para a Hellenic Seaways Novo Contrato, Novo Desafio! Eng. Moreno de Sousa (Gestor do Projecto)
“Conseguiu-se assim abrir uma porta no difícil mercado dos navios ferry para a Grécia...”
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Três dezenas de navios para um cliente Fernando Silva
Construção 257 "Industrial Echo" Último heavy-lift a navegar desde Viana do Castelo
Realizou-se no passado dia 13 de Janeiro de 2010 a Cerimónia de Bênção do "Industrial Echo", designado Construção 257, sendo o último navio da última série de 4 encomendada aos ENVC pelo Armador Jungerhans Maritime Services Gmbh & Co. KG., cuja partida de Viana do Castelo ocorreu dois dias depois, no dia 15. Ficou sempre patente, ao longo do período de construção desta e das outras séries de navios para este Armador, o seu real contentamento com a qualidade do nosso produto e com o eficaz desempenho destas unidades no cumprimento das suas missões. Este navio foi mais um fretado à companhia norte-americana Intermarine Inc., e segundo informação pública deste operador, o navio partiu para Hamburgo, Bilbao e Gijon, onde efectuou cargas com destino ao Brasil e Uruguai. É interessante recordar algumas palavras proferidas há três anos atrás pelo então Presidente desta companhia, Sr. Roger Kavanagh, que afirmou “…nós encontramos neste versátil projecto e construção do tipo heavy-lift o navio ideal para as viagens em que nos especializamos. Cinco anos decorridos, esta classe de navio transformou-se no workhorse da nossa frota, especialmente no comércio entre os EUA e o Brasil”, acrescentando ainda que “Estes novos navios marcam apenas uma outra etapa de um programa continuado de modernização da frota ao serviço da Intermarine.” Estas declarações revelam a satisfação do fretador cliente da Jungerhans Maritime Services. Registe-se que no conjunto das várias encomendas deste cliente alemão, entre os anos de 1990 e 2010 foram entregues 30 navios porta contentores. Será de esperar que, a partir da recuperação do mercado naval internacional e da situação financeira global, as relações da Jungerhans com os ENVC possam ser retomadas através de novos contratos. Supervisor Homenageado Cmdt. António Curto No mesmo dia em que partiu o "Industrial Echo", e numa iniciativa da Direcção do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC conjuntamente com a Comissão de Trabalhadores, entenderam ser de justiça prestar uma singela mas merecida homenagem ao Comandante António Curto, que foi supervisor residente dos navios em construção para este cliente alemão. A Roda do Leme associou-se naturalmente a esta acção, quer pela cordial relação existente com este representante do cliente, quer pela sua colaboração com a Revista, prestando esclarecimentos relacionados com os navios quando era solicitado. No acto de homenagem e entrega de uma lembrança (foto), para além de membros do GDCT, da Comissão de Trabalhadores e da redacção da Roda do Leme, estiveram ainda presentes elementos representantes da estrutura sindical dos ENVC.
António A. Cosme Curto é Capitão da Marinha Mercante, e do seu percurso profissional consta a prestação de serviços para vários armadores: Companhia Nacional de Navegação, Portline, Secil Marítima, Naveiro, Hermann Buss e Juengerhans Maritime Services. Por outro lado, desde 1987 que desempenhou funções de Comandante a bordo de vários tipos de navios, essencialmente porta contentores, nas mais diversas rotas. Desde 2005, desempenhou a função de supervisor de novas construções ao serviço da empresa Juengerhans Maritime Services. E foi ao serviço desta companhia que, em Fevereiro passado, voltou ao mar para comandar um navio porta contentores. Na edição n.º 97, de Dezembro de 2007, e a propósito da entrega então de mais um navio ao cliente, publicámos uma entrevista com o Cmdt. António Curto, em que este referia “…É de realçar o bom desempenho técnico-profissional por parte dos trabalhadores do Estaleiro nos vários sectores e nas diversas fases da construção do navio.” E afirmou ainda “…Quero aproveitar esta oportunidade para deixar uma palavra de agradecimento a todos os trabalhadores e funcionários deste Estaleiro, sem excepções, com quem contactei ao longo do período de construção dos navios da série D, pela forma única como fui recebido, como se relacionaram e mostraram a sua arte e saber, da maneira honesta e sincera com que ultrapassamos dificuldades e problemas no quotidiano, dando forma ao aço e expressão ao empenho de todos, na concretização de um projecto com sucesso.” Também agora nesta homenagem, o Cmdt. Curto renovou os seus agradecimentos de forma simples como era seu timbre, e mesmo emocionado pela iniciativa de gratidão também manifestada pelos representantes dos trabalhadores, que através dele agradeceram igualmente à Juengerhans Maritime Services. Nesta oportunidade, aproveitou para fazer um balanço breve à sua presença nos ENVC, dando ainda uma perspectiva sumária das dificuldades que atingem o mercado naval, deixando o seu desejo e esperança de que os ENVC se manterão como estaleiro de referência nacional, e com novos contratos.
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ENVC e Navios Militares Despertam Interesse! Fabiola de Sousa
Durante o primeiro semestre do ano de 2010, os ENVC receberam algumas visitas importantes, não só pelo prestígio da nossa Empresa, mas também pelo interesse crescente que os Projectos Militares em curso tem suscitado em diferentes entidades e instituições ligadas ao Mar e à Actividade Marítima, pelo que consideramos justificar-se a sua publicação. Adido Militar do Brasil, CMG Fernando Costa Em 27 de Janeiro, o Comandante de Mar e Guerra Fernando Costa, na qualidade de Adido Militar do Brasil acreditado em Portugal, visitou os ENVC com o objectivo de conhecer a nossa Empresa e, mais especificamente, os Projectos Militares em curso. Delegação Líbia da área das Indústrias de Defesa
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Tratou-se de uma visita a Portugal de uma delegação do Comité Geral de Defesa da Líbia, a 4 de Fevereiro. De acordo com a agenda proposta, foram realizadas visitas a centros de treino, centros de reparação e manutenção, Indústrias de Defesa e Instituições de ensino militar. Nesse sentido, a Delegação Líbia visitou os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, SA, focando o seu interesse nos navios militares actualmente em construção. Embaixador da Grécia – Sr. Vassilios Costis Também em Fevereiro, no dia 18, verificou-se uma visita de cortesia do Embaixador da Grécia à nossa Cidade, organizada pela Câmara Municipal de Viana do Castelo e motivada pela vontade demonstrada pelo Senhor Embaixador em conhecer o tecido industrial da região. Nesta visita aos ENVC o Embaixador Vassilios Costis veio acompanhado pelo Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Governador Civil do Distrito, Presidente da Assembleia Municipal e Vereadores. Para além de uma Apresentação da Empresa, liderada pelo
Presidente do Conselho de Administração, Sr. Dr. Jorge Rolo, e de uma visita detalhada às instalações da Empresa houve, ainda, um almoço de trabalho promovido pela Câmara Municipal, que contou também com a presença de outras entidades locais. Capitão de Fragata da Marinha de Angola, Augusto Alfredo Lourenço No dia 14 Abril, na qualidade de Auditor do Curso de Defesa Nacional, o Capitão de Fragata da Marinha Angolana Augusto Alfredo Lourenço mostrou, naturalmente, grande interesse em conhecer os Projectos Militares em curso nos ENVC, levando para o seu País toda a informação relevante sobre os NPO e as outras unidades militares em carteira. Nas suas palavras, o Capitão de Fragata Augusto Alfredo Lourenço considerou “muito proveitosa e útil a visita aos ENVC e aos NPO; toda a informação recolhida será divulgada, pessoalmente, junto das Autoridades Angolanas”, e também através da “Revista da Marinha”, órgão de comunicação angolano, de que também é Director. Adido de Defesa da Argélia, Coronel Mustapha Harrate. Sendo o primeiro Adido de Defesa designado pela Argélia para o nosso País, o Coronel Mustapha Harrate mostrou grande interesse em visitar as empresas do Grupo EMPORDEF, designadamente os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, o que aconteceu no dia 19 de Abril. O CADM, na pessoa do Sr. Engº Delgado Araújo, acompanhou o Adido de Defesa da Argélia numa visita detalhada às instalações da Empresa, e o Engº Domingos Moreira e a Engª Camilla Olsen encarregaram-se de mostrar a Construção Nº 238 – NRP “Viana do Castelo”, em todo o seu detalhe técnico e logístico. No final da visita, COIC (Comunicação e Imagem Corporativa) teve ocasião de colher o testemunho do Coronel Mustapha Harrate, que nos transmitiu “ter apreciado o Navio de Patrulha Oceânica, considerando-o excelente para o desempenho da sua missão”.
Navio-Escola “Sagres” efectua Volta ao Mundo O Navio-Escola Sagres largou, no passado dia 19 de Janeiro, de Lisboa rumo a uma viagem de Volta ao Mundo, com duração de cerca de 11 meses. Esta é a terceira vez que a Sagres realiza uma Circum-navegação, tendo as últimas viagens ocorrido em 1978/79 e em 1983/84. Durante esta viagem a Sagres irá visitar vários países. São eles o Brasil, o Uruguai, a Argentina, o Chile, o Peru, o Equador, o México, os EUA, o Japão, a China (incluindo Macau), a Coreia do Sul, a Indonésia, Timor-Leste, Singapura, a Tailândia, a Malásia, a União Indiana, o Egipto e a Argélia. A EMPORDEF e as suas subsidiárias - ENVC, Arsenal do Alfeite, Naval Rocha, EDISOFT, EID, ETI, OGMA e IDD decidiram patrocinar este mega-evento: A “ SAGRES” VOLTA AO MUNDO – 2010.
De entre os objectivos da sua missão, aos quais a holding da Indústria da Defesa dá assim uma forte dinamização, destacam-se: • A formação de cadetes da Escola Naval; • A promoção da imagem de Portugal no mundo; • O apoio à Diplomacia, Económica e Cultural; • A participação na SUDAMÉRICA; • A participação na EXPO 2010 em Xangai; • A comemoração dos 500 anos do tratado com o Japão; • O estreitar das relações com os Países Asiáticos; • O contacto com os portugueses na Diáspora. A bordo da “Sagres”, viaja também o modelo do “NRP Viana do Castelo”, Navio de Patrulha Oceânica construído nos ENVC. Como manda a Tradição, continuamos a mostrar ao Mundo a qualidade do produto dos nossos Estaleiros.
REPARAÇÃO NAVAL OS ENVC enfrentam a crise e um mercado difícil, mas apesar disso mantêm docas ocupadas!
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Em primeiro plano “Umiavut”, navio de carga geral
A crise económico-financeira à escala mundial afectou drasticamente a indústria da Construção Naval, que já sofria de enormes problemas estruturais, distorções do mercado, muitas provocadas pela concorrência desleal, nomeadamente, oriunda dos países do Continente Asiático. Apesar dos ENVC estarem vocacionados e dimensionados para a actividade construtora e reparadora, a ausência de contratos nos últimos anos para a construção de navios civis tem relevado a nossa vertente da reparação. Temos efectivamente enfrentado esta crise persistente da construção, tirando o máximo partido das oportunidades do mercado da reparação, rentabilizando ao máximo os recursos estruturais e humanos existentes. É oportuno referir que em termos de valor acrescentado nacional, a actividade de construção representa cerca de 40%, ao passo que, a da reparação pode atingir cerca de 85%. Isto porque uma é caracterizada pela incorporação de matéria-prima e equipamentos, adquiridos em grande parte no mercado internacional (bens importados) e a
segunda, caracteriza-se essencialmente por uma prestação de serviços (mão-de-obra) e alguns materiais em grande parte adquiridos no mercado interno. Nesta lógica, as duas são importantes tendo em conta a necessidade de revalorização da tradicional indústria naval portuguesa, mas mais do que isso, numa estratégia de exploração dos maiores recursos nacionais que têm origem no mar. Recursos que, para além de explorados, devem ser protegidos e aos quais devemos afectar maior vigilância. Neste sentido, o “hipercluster do mar” adquire aqui especial relevo no contexto actual, pois deve ser entendido como uma oportunidade para sectores de indústrias a montante, que irão criar sinergias entre elas e lhe servirão de apoio, como entende também o Prof. Ernâni Lopes, e citamos: “As actividades de construção, reparação e manutenção devem ser entendidas como actividades de apoio aos outros componentes do hypercluster do mar”. Para além disso, quer o mercado da construção quer o da reparação, dependem do tráfego marítimo que varia de acordo com
os ciclos económicos, o que reforça mais a necessidade de implementação de medidas ajustadas à viabilização desta plataforma para a manutenção e criação de emprego. Actualmente, e apesar de alguma estagnação económica, os ENVC têm conseguido manter uma considerável actividade reparadora, fruto da procura persistente no mercado nacional e internacional, da parte do sector responsável na empresa pela reparação naval. A esta actividade e especialmente aos ENVC, faz referência a revista Motorship de Junho de 2010, salientando a total ocupação do cais e das duas docas existentes, bem como a plataforma das novas construções, actualmente também rentabilizada com a reparação de navios. A notícia publicada naquela edição da revista referia ainda os principais navios reparados no mês anterior, e o essencial desse texto é o seguinte. “A reparação do navio “Orange Sky”, transportador de sumos de fruta, com 26,863 tdw, no qual, para além dos normais trabalhos de reparação, está ainda a ser executada a decapagem e pintura dos tanques de lastro; trabalhos de reparação nos tanques em aço do navio de carga geral “Umiavut”, com 9,682 dwt, e também decapagem e pintura dos tanques de lastro; docagem de rotina e trabalhos de mecânica do navio tanque “Bow Braccaria”, de 5,846 dwt.
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Recentemente o Estaleiro terminou a reparação do navio tanque “Multitank Badenia” de 5,846 dwt (construído nos ENVC), o último de uma série de 5 navios químicos, nos quais se instalaram sistemas de geradores N2 (sistema de gás inerte para os tanques de carga), para além de outros trabalhos de reparação. Os ENVC finalizaram também recentemente trabalhos de reparação no “Aurora” (navio de transporte de enxofre
“MARIE O” Intervenção velha por método novo!
líquido com 24.668 dwt construído nos ENVC), que incluíam a instalação de 3 escotilhões dos tanques de carga, em aço inoxidável, e muitos outros trabalhos importantes de reparação. Outros trabalhos de reparação foram realizados em dois navios porta-contentores do armador Português S&C, Lda.: o “Lagoa” com 5,003 dwt e o “Ilha da Madeira” com 3,178 dwt. E ainda o “Peter Ronna”, com 4.326 dwt e o “BBC France” com 4.310 dwt, ambos navios de carga geral de propriedade do Armador Briese Schiffahrts, que docaram para reparação de rotina. Os ENVC afirmam que, embora o negócio tenha vindo a desenvolver-se de forma pacífica, existe uma grande pressão para cortar nos preços, uma vez que os armadores se encontram numa situação em que, claramente, evitam os trabalhos de manutenção e as grandes reparações.” Após esta notícia da Motorship, mais cerca de outra dezena de navios entraram nos ENVC para reparação, permitindo manter uma considerável ocupação dos recursos.
Navio Químico “Aurora”
Entre os diversos navios reparados na primeira metade do ano, entrou nos ENVC em 26 de Janeiro e partiu a 10 de Fevereiro de 2010, o navio graneleiro “Marie O” do armador Meridian Marine Management, do Reino Unido, e com as dimensões de 168,6 x 26 metros. Entre os trabalhos de reparação realizados, merece uma referência concreta a substituição dos vedantes exteriores do veio propulsor através do processo de vulcanização ou, dizendo de forma mais simples, por colagem, e que, por solicitação do armador, contou com a supervisão e assistência técnica de pessoal da empresa fabricante dos vedantes. O sistema de vedação é constituído por um conjunto de vedantes especiais que têm como principal função garantir a estanquicidade na zona do veio propulsor, não permitindo a entrada de água do mar para o interior do navio. Sendo uma intervenção frequente nas actividades de reparação naval realizadas na nossa empresa, habitualmente é realizada com o navio em doca seca, e pela primeira vez foi efectuada na bacia de aprestamento, isto é, com o navio a flutuar. Para essa circunstância houve necessidade de criar condições adequados no lastro do navio levando-o a mergulhar mais a vante para que o veio propulsor na ré ficasse fora de água e acessível à intervenção a realizar, como se pode verificar pela foto junta.
PROM XXI: Conclusão da 1.ª Fase “Obra fundamental à Produtividade” Depois de, em Dezembro de 2008, a Roda do Leme, através de entrevista ao Eng. Sérgio Fonseca ter dado informação sobre o desenvolvimento do Programa de Modernização dos ENVC – PROM XXI 1.ª Fase, será oportuno agora dar conhecimento do estado da construção da Nova Oficina de Blocos, ouvindo o Sr. Carlos do Carmo, responsável pelo Serviço de Montagem e Instalação, recentemente nomeado coordenador da fase de conclusão desta importante infraestrutura produtiva. RL: Sabendo da importância do programa de modernização dos ENVC, para sua estratégia futura e competitividade no mercado, a Roda do Leme tem acompanhado a sua implementação. A Oficina de Blocos será porventura uma das mais importantes infra-estruturas que integram a 1.ª fase do programa. Para quando a conclusão da Nova Oficina de Blocos? C. Carmo: Quando assumi a coordenação desta obra no início de Abril, após a aposentação do Director de Produção Eng.ª Manuel Castro iniciador da mesma, foi-me solicitado que estivesse concluída no final de Setembro. Essa data correspondia ao início previsto da nova encomenda dos navios ferry para a Grécia. O programa destes navios sofreu atrasos, pelo que o respeitante à oficina deverá ser ajustado a fim de evitar sobrecustos uma vez que também sofre alguns atrasos na sua execução. Irei colocar esta questão aos novos responsáveis da Administração em breve. RL: Tivemos conhecimento de alguns constrangimentos durante o processo de construção. Quais os que do seu ponto de vista interferiram mais e dificultaram o bom andamento dos trabalhos? C. Carmo: Os constrangimentos foram muitos e variados aumentando o grau de exigência do desafio, mas à medida que se ultrapassavam contribuíram para melhorar a nossa determinação e motivação. O principal mantém-se desde o início, devido ao facto de se ter pensado que a firma que desmontou a oficina em Lubeck seria a responsável pela montagem em Viana. Esta alteração criou-nos dificuldades acrescidas porque não ficámos com elementos de detalhe fundamentais. A nível de estrutura existem desenhos do projecto original mas a nível de redes de fluidos, electricidade, cobertura do telhado, etc., existe mesmo muito pouco, pelo que exigiu um grande esforço para compreendermos a forma do seu funcionamento. Muitos dos casos foram deslindados com o único recurso disponível, ou seja, algumas fotografias tiradas por colegas que a tinham visitado. Outro aspecto relevante deu-se com a transferência do material do parque fechado organizado pela ENDEL para outro menos resguardado e acessível, perdendo-se alguma lógica que tinha presidido à sua organização e também algumas perdas de materiais. Esta mudança foi originada pela necessidade de
início da obra das fábricas da ENERCOM. As condições climatéricas adversas, com um ano muito chuvoso, também não permitiram lançar em devido tempo o revestimento do telhado que é constituído por lã de rocha e tela impermeável sobre chapa canelada em forma de ómega. Esta etapa aconteceu somente em Junho, atrasando significativamente o início de outras actividades como a montagem de equipamentos sensíveis e os respeitantes à área de electricidade. RL: A modernização das infra-estruturas produtivas pode ser factor diferenciador no desenvolvimento dos processos e no incremento do índice de produtividade. Julga, na sua opinião, que a nova oficina estará em condições de funcionar plenamente no âmbito das novas construções, ao que tudo indica a iniciarem o corte ainda este semestre? C. Carmo: O funcionamento da Nave de Blocos na construção dos navios para a Grécia foi o desafio que me lançaram, aceitei e penso ser possível de concretizar. Como atrás referi deverá ter ajustamentos no planeamento, que permitam absorver o atraso verificado e evitar alguns custos adicionais, uma vez que o corte de material dessas construções já não será no 2º semestre deste ano mas sim no 1º trimestre do próximo. RL: As mudanças constituem desafios que raramente devemos desperdiçar. A nova estrutura pode constituir um factor determinante para a melhoria ou mudança do nosso processo produtivo. Qual o impacto, na sua opinião, desta nova infra-estrutura na dinâmica e na logística/planeamento de novas construções? C. Carmo: O impacto vai ser grande, sem sombra de dúvidas, porque esta unidade tem uma área coberta de cerca de 6000 m2, com meios de apoio à produção muito racionalizados e acessíveis, desviando a maioria dos trabalhos executados ao tempo para o seu interior e aliviando a pressão da oficina de Pré-montagem onde normalmente existe concentração excessiva de blocos.
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A nível tecnológico não se vão produzir nela alterações no processo construtivo dos blocos. Estes serão construídos da forma convencional, só que executados em melhores condições. A novidade desta oficina reside no facto de possuir uma ponte rolante de 130 tons de capacidade e com a possibilidade de virar os blocos no interior da mesma. Esta facilidade é muito importante para a execução de trabalhos de soldadura na posição ao baixo, evitando as manobras de exterior com necessidade de coordenação de meios de elevação com vários guindastes. RL: Esta oficina, para além de constituir uma alteração na dinâmica dos processos produtivos, vem dotar a Empresa de uma significativa área coberta, importante para enfrentarmos algumas vicissitudes provocadas pelo microclima. Em que medida estas duas variáveis podem influir na batalha da produtividade e competitividade?
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C. Carmo: A produção de blocos em área coberta é fundamental no que se refere à produtividade. Um simples chuveiro de alguns minutos pode estragar todo o dia de trabalho até que se reponha as devidas condições, para além de implicar trabalho que não acrescenta nada ao produto como sejam as remoções de águas e limpeza, com custos acrescidos na obra. Quando falamos em condições climatéricas adversas nesta actividade, temos tendência para pensar somente na chuva, mas acontece que existem outros factores importantes que vale a pena referir. O vento tão característico da nossa região afecta seriamente a actividade de soldadura que na sua maioria é executada por processo semi-automático com recurso a gás de protecção. Dificulta a execução, produz defeitos que é preciso reparar e obriga a gastos desnecessários na execução de protecções para evitar os seus efeitos. Os efeitos da exposição directa ao Sol no Verão torna os Blocos autênticas salas de sauna com os reflexos inevitáveis nos índices de produtividade. RL: Para a 2:ª fase do PROM XXI estavam previstas também uma nova linha de montagem de painéis e perfis e um novo parque de laminados. Considera estes investimentos necessários e relevantes no curto prazo ou acha que a nova oficina resolverá os problemas mais urgentes no processo produtivo?
C. Carmo: Eu não chamaria linha de montagem de painéis e perfis mas sim montagem de blocos planos. Para além de achá-la necessária e relevante, acrescentaria a palavra imprescindível para caracterizar a sua importância se quisermos ganhar a batalha da competitividade. Para além de produzir todos os painéis necessários ao navio, esta linha evolui em três sentidos diferentes acrescentando a montagem e soldadura de outros elementos estruturais dos blocos sobre os referidos painéis. Os seus postos de trabalho são fixos, sendo essa uma das grandes vantagens sobre o processo tradicional com a grande mobilidade conhecida e os tempos mortos que origina. Esta linha sim, provoca alterações tecnológicas significativas pois dispõe de postos de trabalho pensados e equipados para a realização de tarefas específicas e, como linha de montagem que é, exige uma programação muito forte para não bloquear, imprimindo uma dinâmica muito propícia a ganhos de produtividade que tanto precisamos. Outro aspecto relevante é o facto de, quer esta Linha quer a nova Nave de Blocos, por si sós, não resolverem o problema mas antes se complementarem. Na primeira iniciase a montagem com introdução de grande número de peças graças aos meios estudados para o efeito e à sua quantidade, na outra completa-se os blocos com os seus forros, etc., e constroi-se os Blocos atípicos de proa e popa, mais curvos e morosos. Para melhor ilustrar o atrás referido lembro que nos 200 metros de comprimento de Nave só dispomos de 3 pontes rolantes como auxiliar de montagem, o que é manifestamente pouco se quisermos fazer dela uma utilização intensiva na montagem de componentes. Quanto ao novo parque de laminados creio não estar calendarizado devido às restrições financeiras que atravessamos. Para finalizar gostaria de aproveitar esta oportunidade que me deram para agradecer a todos que têm colaborado nesta obra, têm feito um trabalho excelente, executando tarefas fora da sua esfera normal de competência, têm contribuído com ideias e sugestões que permitiram ultrapassar um grande número de obstáculos. Estão de parabéns. Quem tiver dúvidas sobre esta matéria passe pelo parque onde está ainda por montar a Oficina de Módulos e veja como um amontoado de ferro dá origem a uma oficina de semelhante envergadura.
ENVC: Yes, we can? Eng. º Sergio Fonseca
Recorro ao tema de campanha de Barack Obama no seu percurso mobilizador para a Presidência dos EUA. Adaptando para o nosso micromundo: podemos nós, ENVC, ser uma empresa competitiva? Ou será que não podemos? O nosso colega Vítor Calçada propôs-me escrever um artigo para a Roda do Leme. Questionei-o sobre o tema pretendido. Disseme que escrevesse sobre o que entendesse. Respondi com hesitação. Que talvez viesse a escrever um texto mais tarde. Mas o Dr. Vítor Calçada insistiu e quebrou a minha hesitação ao afirmar que não apreciava aqueles que dizem o que têm a dizer do lado de fora. Entenda-se, quando um dia estiver fora da empresa, quando ocorrer. Decidi, portanto, escrever para a Roda do Leme e escolhi para título aquela célebre frase mobilizadora da campanha eleitoral do actual Presidente dos EUA. O que também poderia ser na versão shakespeariana: ENVC: “to be or not to be…competitive”.
Encontro quatro ingredientes para dar resposta à questão formulada: Paixão pelo mar. Cultura de empresa.Atitude. Missão. E dois elementos de contexto: Mercado. Accionista. 1)
Os ingredientes
- Primeiro ingrediente: paixão pelo mar. O que tem esta indústria de particular? A paixão pelo mar e pelos navios. Quem, de entre nós, não sentiu uma pontinha de emoção quando, finalmente, uma nova construção parte rumo ao mar aberto, assinalando com apitos o seu adeus ao estaleiro, para marear os cantos do mundo? Estou certo que muitos de nós já partilhámos este mítico sentimento, ao vermos reflectido naquele navio um pouco das nossas ambições e frustrações, sucessos e insucessos, ilusões e desilusões. É este ingrediente que une muitos de nós, marinheiros de terra construindo para os marinheiros do mar, e que interessa preservar e reforçar: a paixão partilhada pelo mar e pelos navios. - Segundo ingrediente: cultura de empresa. Começo por uma pequena história. A primeira reunião a que assisti nos ENVC como quadro deixou-me perplexo. Foi por altura de 2001 ou 2002 e estava previsto debater 2 ou 3 pontos da agenda, numa reunião coordenada pelo Presidente na época. Pois bem, passámos uma manhã inteira e não concluímos nenhum ponto da agenda. Apesar dos esforços do Presidente, não se passou de uma sessão de recriminação mútua entre os quadros presentes sobre algo que tinha corrido mal na empresa. Como acima referi, fiquei perplexo por saber que a empresa, já nessa época, tinha assuntos relevantes a tratar e contrariamente ao que esperava ser um debate aprofundado dos assuntos da agenda, os presentes insistiam na recriminação mútua. É certo que sendo um novato chegado à empresa poderia ter aterrado num mau momento. É verdade, mas o tempo veio confirmar-me a noção de que se recrimina demais dentro da empresa em vez de se ir ao fundo dos problemas com sentido de responsabilidade. Este sim, um valor que importa valorizar/aprofundar em qualquer organização. Os japoneses, por exemplo, procuram debater os problemas que vão surgindo nas suas empresas através do que designaram por “círculos de qualidade”, esforçando-se de uma forma organizada e estruturada na identificação de um problema, as
suas causas e as soluções para o remediar ou para o evitar no futuro. Método aplicável a um grupo de trabalhadores, ou um grupo de quadros ou de chefias. Repito: responsabilidade. Peter Drucker, um dos fundadores da moderna ciência de gestão, no seu livro ainda hoje referência mundial “Management: tasks, responsabilities and practices”, aborda o tema responsabilidade de uma forma magistral e identifica-o como um elemento central de uma organização. Responsabilidade, enquanto elemento gerador da autoridade ou da execução de tarefas que cada elemento da organização está investido ou designado. Este, portanto, o segundo ingrediente que teremos de reflectir: menos recriminação e mais responsabilidade entre todos nós. Errar é dos humanos. É também muito mais frequente do que se poderá fazer crer, em organizações orientadas para a tecnologia como a nossa. O importante é nunca perdermos a noção da responsabilidade de uma forma salutar, e de procurarmos identificar a tempo problemas, causas e soluções. Responsabilidade, Profissionalismo e Ética – Uma Nova Cultura! - Terceiro ingrediente: atitude. Nesta vertente o que importa relevar é uma atitude virada para o profissionalismo e para a ética profissional. Quanto ao profissionalismo, tenho a noção de que os ENVC dispõem de elementos de muita elevada qualidade e profissionalismo quando vistos na óptica individual. Mas tê-la-ão quando vistos na óptica organizativa? Será que cada um contribui para que sejamos uma organização mais eficiente e mais eficaz? Organização mais eficiente para os processos e mais eficaz para os objectivos da empresa? Quando assumi outras funções na empresa constatei que duas construções em curso já tinham ultrapassado largamente o orçamento inicial. Um dos navios, cujo contrato havia sido iniciado há mais de 3 anos, acabou por ser entregue com mais de 60% acima do orçamento inicial. Isto para além do largo atraso na entrega que acarretou penalidades para a empresa. Também acompanhei sucessos quando muitos afirmavam que não era possível. Refiro-me a duas construções que foram concluídas no prazo e com resultados. O que me surpreendeu acima de tudo foi, por parte de alguns, a falta de autocrítica
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ao que tinha corrido mal no primeiro caso e, no outro caso, a desvalorização do sucesso. Para sermos mais profissionais teremos de premiar e valorizar mais os sucessos e, nos insucessos, avaliar se não poderemos melhorar este ou aquele aspecto da organização, que compreende os nossos métodos de comunicação interna, de delegação de tarefas e responsabilidades, de novas respostas organizativas, ou seja, não só “o que se faz” mas também “o como se faz”. Por exemplo: alguns na empresa sabem que sou um adepto da separação das tarefas funcionais das de “project management”, alocando àquelas as questões técnicas e às últimas as questões de cumprimento de prazos e de orçamentos. Não teremos aqui um longo caminho a percorrer?
“Para sermos mais profissionais teremos de premiar e valorizar mais os sucessos e, nos insucessos, avaliar se não poderemos melhorar…”
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Uma outra vertente da atitude é a de sermos humildes em reconhecer que há muitos aspectos que ainda não sabemos ou não dominamos o suficiente. Por exemplo: estávamos preparados para assumirmos plenamente a execução desta ou daquela construção que parecia, mas não era, uma extensão do que estávamos habituados a fazer? Porque humildade também é profissionalismo, isto é, reconhecermos em cada momento os limites das nossas capacidades como empresa e de, em conformidade, recorrermos àqueles que de fora nos possam auxiliar. Nunca esqueçamos a frase de Einstein: “quanto mais sei e estudo, mais me apercebo da dimensão da minha ignorância”. Em matéria de atitude cabe também referir a ética profissional. Sermos exigentes connosco não basta. É essencial assumirmos a ética como um elemento chave do dia-a-dia e de sabermos estabelecer limites do aceitável quando os nossos valores da ética profissional são postos em causa. Por exemplo: estamos dispostos a aceitar que as nossas responsabilidades sejam ultrapassadas por imposição arbitrária de escolhas, principalmente quando estão em causa pessoas com quem trabalhamos e a nós reportam? Ou quando estão em causa princípios que julgamos não aceitáveis quando um qualquer elemento é injustamente tratado? A minha resposta é um rotundo não. Cada um assumirá a sua posição mas creio que ninguém aceita um prato maior de lentilhas em troca dos nossos valores éticos. - Quarto ingrediente: a missão. Missão no sentido da lógica a prazo de uma organização, ou seja a descrição do que se quer fazer hoje e no futuro, para quem e qual o significado do resultado final. No caso de a organização ser uma empresa é indissociável a referência aos produtos e tecnologias usadas, o mercado que se quer servir e ser-se competitivo (o resultado final). Não basta dizer-se que se quer produzir o que quer que seja para um certo mercado. É fundamental ser-se competitivo, condição essencial para a sobrevivência de uma empresa. Estaremos cientes de que não o temos sido há mais de 15 anos com sucessivos prejuízos acumulados e que conduz a que sejam os contribuintes a assumir as consequências? Queremos ser uma organização social ou uma empresa de facto? Sendo a resposta esta última, então isso significa que todos teremos de assumir na nossa missão um resultado final. Por exemplo, faria sentido dizer-se que a missão dos ENVC é construir navios porque é importante para a região em que
se insere? Esta formulação seria um erro, porque só se contribui para a região ou para o país, se se for competitivo enquanto resultado final. Em conclusão, temos que ser competitivos para preenchermos a nossa missão. E para isso temos, por exemplo, de ser menos virados para o interior e mais geocêntricos, no sentido de estarmos abertos às ideias, às pessoas e às organizações exteriores aos muros da empresa e da região. 2)
Os factores de contexto.
Primeiro factor de contexto: o mercado. Há muitos anos que a Europa está ameaçada pela concorrência asiática no mercado da construção naval. Depois da crise dos anos 70 a indústria naval europeia entrou de forma indiscriminada numa rota descendente da sua capacidade competitiva em relação a outros espaços económicos. É isso uma razão de preocupação a ponto de imaginarmos que não há saída? Há duas formas de responder a esta questão. A primeira é afirmativa, mas ao mesmo tempo ineficaz porque derrotista e conformista. Por isso, não deve merecer muito a nossa atenção. A segunda resposta possível é que não o será se soubermos compreender o fenómeno, ajustar o nosso posicionamento e actuar em conformidade. Logo, apesar de ser muito mais difícil de apreender e de efectivar, merece um esforço. Qual é, portanto, o diagnóstico e quais as soluções para que na Europa se mantenha uma indústria naval competitiva? Coloco estas questões no plano mais vasto da Europa, porque as soluções em Portugal não são diferentes das do espaço europeu. Recorrendo aos dados da presente década observamos que a quota de mercado europeia (EU 27) no contexto mundial tem continuado uma evolução descendente quando expresso em volume (cgt). De uma quota de mercado de 23 % em termos de novas encomendas em 2000, a Europa evoluiu para cerca de 5% em 2008 e 2009. No entanto, se medirmos a quota de mercado de novas encomendas expressa em valor, a posição europeia é bastante mais favorável. Embora decrescente na década ainda alcança valores da ordem dos 15% da quota mundial em média nos últimos 3 anos. Quer isto dizer que a resposta que a indústria europeia tem dado é a da evolução na sofisticação dos navios construídos, isto é, concentrando-se nos navios mais complexos e de maior valor acrescentado. Este esforço requer inovação nos produtos, inovação e ajustamento organizacional, sendo largamente consensual na indústria. Significa que é suficiente e que os estaleiros europeus estão no bom caminho? Aqui as opiniões não serão todas concordantes. O elemento chave adicional é o de se saber como se vai estruturar a indústria naval europeia. Deixo aqui expressa a minha opinião, que partilho desde há longo tempo: se a indústria naval europeia prosseguir com conceitos de estrutura exclusivamente nacionais terá sérias dificuldades em se manter competitiva no médio/longo prazo. Isto não tem nada de novo. Já aconteceu com outras indústrias tecnologicamente maduras tais como a aeronáutica e o sector automóvel. Só que souberam a tempo encontrar formas estruturais de dimensão europeia adequadas para operar no mercado mundial de forma competitiva. No caso da aeronáutica através de fusões e de cooperação estratégica que deram dimensão ao sector, permitindo desenvolver e partilhar tecnologias, efectuar o “pooling” de aquisições, a dispersão da produção por vários países, etc. O mesmo no caso do sector automóvel embora a evolução tenha sido de forma diferente.
O grande desafio que se coloca à indústria naval europeia é o de encontrar formas organizativas de cooperação transfronteiriça, seja pela via da cooperação estratégica em termos de desenvolvimento de tecnologias, de sinergias nos aprovisionamentos, de abordagens comerciais conjuntas, ou mesmo de fusões. Se não o fizer e, de novo, aqui deixo claro que se trata de matéria opinativa, a indústria naval europeia evoluirá para patamares de sucessiva vulnerabilidade no contexto global. O que de algum modo já está a acontecer com o fecho de unidades produtivas nalguns países europeus e com a entrada de outras lógicas empresariais. É o caso da empresa coreana STX que hoje, com estaleiros navais na Noruega, na Finlândia e em França, controla mais de 30 % da indústria naval europeia no segmento dos navios de cruzeiro. A dúvida que persiste é a de saber se veio para ficar (e isso é positivo) ou se se trata de uma operação de transferência de tecnologia de um segmento chave para a Ásia.
“É fundamental ser-se competitivo, condição essencial para a sobrevivência de uma empresa. Estaremos cientes de que não o temos sido há mais de 15 anos com sucessivos prejuízos acumulados e que conduz a que sejam os contribuintes a assumir as consequências?” As questões que acabo de enunciar aplicam-se mutatis mutandis aos desafios futuros dos ENVC, enquanto pequena/média empresa do sector naval à escala europeia. Porventura com maior acuidade porque de menor dimensão que muitas das suas congéneres europeias e porque se encontra mais atrasada no seu ajustamento às exigências do mercado. A resposta é por consequência: maior especialização e sofisticação nos produtos (navios), ajustamento organizacional e cooperação estratégica com outros parceiros europeus. Reestruturação e Estratégia de Gestão, Necessidades Urgentes! Segundo factor de contexto: o accionista. Decorre do que acima referi que não sou apologista de estruturas eternas de accionistas estatais exclusivos na construção naval. Isto não tem nada de ideológico, é apenas uma questão pragmática que decorre da leitura que faço das respostas que a Europa, Portugal incluído, tem de dar para manter uma indústria naval competitiva em termos globais. A permanência exclusiva do Estado na estrutura accionista nas empresas de construção naval na Europa fragmenta a indústria, confere uma visão excessivamente nacional e dificulta a cooperação estratégica a que acima aludo. No última década, tomou o accionista as medidas de fundo necessárias para que os ENVC se orientem para uma empresa competitiva? Admitamos que essa intenção tem presidido desde sempre. No entanto, para lá da intenção, podemos interrogar-nos se ela tem produzido os resultados pretendidos. Em minha opinião tem estado aquém do que seria necessário fazer. Quando, em Abril de 1998, foi publicada uma Resolução do Conselho de Ministros a definir um plano para a viabilização dos ENVC, fiquei, devo dizê-lo, esperançado que se estaria no bom caminho. À data não me encontrava nos ENVC mas,
noutras funções, acompanhava o esforço de adaptação da indústria naval na Europa e em Portugal. Foi por essa altura que se operou, por exemplo, a reestruturação da Lisnave, na altura com graves problemas de viabilidade e que, com o tempo, se afirmou não apenas viável mas também próspera. Porque razão não se implementou nos ENVC o plano descrito em linhas gerais na referida RCM? Desconheço, mas não tenho dúvidas de que, se implementado, estaríamos hoje em situação bastante mais confortável. Recordo que já nessa época o plano previa o início da privatização dos ENVC com vista a encontrar um parceiro estratégico para o seu futuro. Mais tarde, o accionista entendeu que poderia resolver os problemas de viabilidade dos ENVC através da adjudicação de construções para a Marinha e beneficiar do programa de contrapartidas para a sua modernização. Ou de proceder a um aumento de capital isolado. No entanto, não preenchiam a condição básica de preparar os ENVC para esses desafios. A deficiente estrutura de capitais, sempre prevalecente, dificultou a modernização e a preparação da empresa para os novos desafios, e nada foi feito em termos de negociação para a entrada de um parceiro estratégico que auxiliasse a empresa a operar a sua actualização tecnológica, necessária para as exigentes novas contratações (navios militares, navios mercantes complexos). Os problemas já complicados agravaram-se e hoje temos uma situação mais crítica. Os leitores poderão questionar que é fácil defender estas teses no presente momento. Pela minha parte posso, no entanto, afirmar que desde os fins dos anos 90 os defendo e que, sempre que me foi possível, os transmiti aos decisores, e publicamente. 3)
Epílogo
Deixei propositadamente para o fim uma última questão: a gestão. Abstenho-me de opinar sobre esta matéria, embora esteja convicto de que a visão e a estratégia integrando muitos dos elementos acima descritos são factores determinantes para o sucesso. Referir-me-ei apenas ao período em que integrei funções naquele âmbito. Um ou outro ponto já o mencionei no texto. Tenho ouvido de muitos que nunca houve uma estratégia na empresa. Será que é conhecido que, há meia dúzia de anos, foi elaborado um plano estratégico para a empresa? Porque é que, à época, não foi implementado ou sequer dado a conhecer na empresa? Outra questão pertinente: tendo em conta as dificuldades já emergentes e previsíveis para alguns da execução do projecto e construção dos patrulhas, será que é conhecido que foi proposta outra abordagem para a sua execução baseada numa cooperação estratégica com um parceiro potencial? Voltando ao presente, quero dizer aos leitores que não deveremos nunca desanimar. Tudo indica que, a fazer fé em notícias publicadas ultimamente, as orientações para o futuro dos ENVC voltaram a deixar uma esperança. Saibamos, portanto, aguardar e confiar, não esquecendo o nosso contributo que passa pela reflexão sobre os quatro ingredientes que acima referi: paixão pelo mar, cultura de empresa virada para a responsabilidade, atitude orientada para o profissionalismo e a ética, missão de empresa competitiva e aberta ao mundo. Espero firmemente que possamos num prazo tão curto quanto possível responder ao título deste artigo: Yes, we can. Nota – Subtítulos da responsabilidade da Redacção.
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Bolsa de Estudo para Engenharia e Arqitectura Naval “Os ENVC continuam a apostar na formação técnico-profissional de jovens de Viana do Castelo”
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Os ENVC instituíram uma bolsa de estudo na década de 80, com o objectivo de promover a formação técnico-profissional de jovens de Viana do Castelo e da região e no sentido de motivar opções de estudo, pela área de Engenharia e Arquitectura Naval. Ao longo do tempo tem mantido esta política, despertando e orientando vários jovens para esta área vocacional, numa perspectiva de manter viva a actividade de Construção Naval, com tradição local e nacional. A bolsa de estudo no ano lectivo de 2008/2009 foi atribuída ao jovem Tiago Silva Rodrigues Castilho, o melhor aluno do 12.º ano, dos Estabelecimentos de Ensino Secundário da região de Viana do Castelo, que numa visita no âmbito da “Semana Europeia da Indústria Naval”, agarrou o desafio feito pelos ENVC a todos os jovens participantes. Tem 20 anos, é natural de Cardielos e frequenta o 2.º ano do Curso de Engenharia e Arquitectura Naval no Instituto Superior Técnico em Lisboa (I.S.T.). O Tiago visitou de novo a Empresa, no passado dia 7 de Abril, agora na condição de bolseiro e passou o dia no SEPB (Serviço de Projecto Básico) para familiarizar-se com esta área complexa e tão crucial para o desenvolvimento da actividade numa empresa de construção naval. Neste contexto, quisemos ouvir o jovem Tiago para saber da sua satisfação sobre o curso e das suas expectativas para um futuro que desejamos risonho. RL: Antes da visita aos ENVC em 2008, durante a “Semana Europeia da Indústria Naval”, alguma vez tinha pensado em seguir os estudos na área da Engenharia e Arquitectura Naval? Tiago: Não. Acontece que na altura dessa visita aos ENVC, no final do 12º ano, me encontrava ainda na dúvida sobre qual o curso que ia seguir. Tinha várias opções, todas elas no ramo das engenharias, mas o curso de Engenharia e Arquitectura Naval não fazia parte delas, talvez por falta de informação. RL: Aquela data parece que foi decisiva para o seu futuro profissional. A palestra e a visita então realizadas proporcionaram uma reflexão sobre a actividade de construção naval e percepcionar o que significava abraçar o desafio lançado pelos ENVC a todos os jovens presentes? Tiago: Exactamente. Através dessa visita, ficámos a conhecer melhor alguns aspectos da construção naval nos ENVC, assim
como dificuldades e perspectivas de futuro. Aceitar o desafio dos ENVC, pareceu-me, acima de tudo, contribuir para que a construção naval em Portugal não desapareça, para que Portugal continue a ser um país voltado para o mar. RL: Uma Bolsa de Estudo é sem dúvida um grande incentivo. O que pesou mais na decisão da candidatura foi o aspecto monetário, ou as perspectivas de formação superior? Tiago: Em primeiro lugar, foi a perspectiva de formação superior numa área pela qual comecei a sentir maior interesse, e que revela alguma escassez de quadros com qualificações superiores. No entanto, o factor monetário da bolsa também ajudou na tomada de decisão, em relação a seguir o curso de Engenharia e Arquitectura Naval. RL: Em visita mais recente passou no Projecto Básico, área extremamente vital para o negócio dos ENVC. Nesta curta permanência foi possível percepcionar a complexidade técnica e a sua integração nas aprendizagens no I.S.T., com os conhecimentos e competências exigidos naquela área? Foi esta visita uma experiência positiva? Tiago: Sim, a visita foi sem dúvida uma experiência positiva. Foi possível ter uma melhor ideia sobre as tarefas que cabem ao engenheiro naval, do seu grau de complexidade e responsabilidade. Em relação aos conhecimentos adquiridos no IST, penso que sejam os adequados à futura vida profissional, principalmente os conhecimentos adquiridos nos dois últimos anos do curso. RL: Está a frequentar já o 2.º ano e pressupõe-se que os estudos estejam a correr bem. O curso está a corresponder às expectativas? Tiago: Sim, é verdade. Tenho conseguido acompanhar o programa do curso com aproveitamento razoável, e espero continuar a fazê-lo. Quanto às expectativas iniciais, acho que foram superadas. Apesar dos primeiros três anos terem uma componente de ciências de base, com pouco ênfase para a construção naval, penso que os alunos que acabam o curso saem bem preparados para o mundo de trabalho, o que não acontece com outros cursos. RL: Mesmo à distância de três anos para conclusão do curso, e sendo conhecida a carência de técnicos nesta indústria, quais as suas perspectivas futuras em termos de emprego? Tiago: As perspectivas futuras, em termos de emprego, são boas. A carência de técnicos na indústria naval, aliada ao facto de abrirem poucas vagas anuais para este curso, faz com que os alunos finalistas não tenham grande dificuldade em encontrar emprego em Portugal.
ENVC: cultura solidária e cidadania activa cimentam “Novas Oportunidades” Dr. Paulo Ribeiro – CNO IEFP de Viana do Castelo
Desde há algum tempo que alimentava alguma curiosidade por conhecer os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, em concreto, saber como seria o trabalho nesta empresa, e em especial, qual o tipo e natureza de relações laborais que existiriam entre os trabalhadores. A possibilidade de participar na implementação do Processo RVCC de Nível Básico (Grupo 83) revelou-se uma oportunidade para poder ficar um pouco mais consciente da importância da empresa na economia da cidade e constatar a partilha de alguns valores humanos de que tanto me falavam (união, solidariedade). Aliás, parece-me ser importante referir que, apesar de ter trabalhado directamente com um grupo restrito, os elementos que o constituíram foram testemunhos desses valores de cidadania, numa atitude que se estendeu por toda a Equipa Formativa. Gostaria de aproveitar este espaço para lançar um apelo: Nos tempos que correm, deparamo-nos com uma progressiva tendência para a regulamentação e certificação profissionais, sendo que, neste contexto, não poderá ficar alheia a realidade do trabalho nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Refiro-me em concreto a algumas saídas profissionais, relativamente às quais os processos de certificação poderão obrigar à conclusão do 9 º ano de escolaridade (como é o caso do operador-manobrador de equipamentos de elevação). Assim sendo, e em especial para aqueles profissionais, a possibilidade de frequentar um Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências servirá não só para
Responsáveis pelo projecto com os formandos certificados.
concluir o Ensino Básico, como também é a via de obtenção de um dos objectivos terminais na actual certificação profissional de nível 2 da EU: o 9 º ano de escolaridade. Gostaria de, deste modo, apresentar os meus parabéns a todos os adultos do Grupo 83, pelo facto de terem concluído o 9 º ano de escolaridade. Em especial, aos que, neste momento, frequentam o Processo RVCC de Nível Secundário, sob o acompanhamento da colega Dra. Cristina Malhão. Pessoalmente, com estes resultados, é muito reconfortante reconhecer a qualidade do trabalho realizado pela Equipa Formativa, a dedicação e o empenhamento de todos.
Formação: um desafio que vale a pena!
O então administrador dos ENVC Dr. Faria Luciano e o Director do Centro de Formação do IEFP entregam os Diplomas.
A cerimónia de entrega de diplomas de RVCC (9.º Ano) ao Grupo 83 realizou-se no dia 1 de Julho de 2010 no Serviço de Formação dos ENVC, onde decorreu todo o processo formativo destes colaboradores, com as presenças do Dr. José Monteiro Matos, Director do Centro de Formação do IEFP de Viana do Castelo, Dr. Faria Luciano, membro do então Conselho de Administração da Empresa e responsável pelo pelouro dos Recursos Humanos. O Dr. Faria Luciano louvou, felicitou e reconheceu o esforço do grupo, recordando que, apesar de muitas vezes não vermos o nosso esforço no imediato recompensado materialmente, ele vale sempre a pena, pois ter um diploma poderá ser importante, sobretudo se pensarmos numa perspectiva de empregabilidade. Por conseguinte, lançou-lhes o desafio de continuarem a sua formação e concluírem agora o 12.º ano. Neste sentido, desejamos-lhes muito sucesso para os que já aceitaram esse desafio, e que a formação e os conhecimentos adquiridos se reflictam nos desempenhos, comportamentos e atitudes, materializadas na actividade profissional e no diaa-dia da organização.
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ENVC: Reconhecer o Adquirido Dra. Cristina Malhão - CNO do IEFP de Viana do Castelo
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É inevitável, presentemente, face ao crescente desejo de tentar nivelar os índices de desenvolvimento económico e social dos países da União Europeia, estabelecer um paralelismo entre os níveis de escolarização do nosso país e os demais parceiros comunitários. Neste contexto, atendendo ao significativo atraso que Portugal apresenta neste domínio, tem sido desígnio nacional aumentar os níveis de qualificação dos portugueses. A iniciativa Novas Oportunidades, orientada para jovens e adultos, abrange um conjunto de medidas e ofertas ao nível da formação e (re) qualificação escolar e profissional. Utiliza metodologias pedagógicas inovadoras que partem do sujeito e o tornam (co) autor do seu percurso educativo. O processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, quando aplicado à formação de adultos, pretende ser (ou deveria ser) um corte com os métodos utilizados pela escola tradicional, na medida em que se aproxima das teorias preconizadas pelos pensadores críticos do processo educacional, próximas das linhas de argumentação de Paulo Freire e outros. No RVCC, o adulto é o centro de todo o processo formativo. A riqueza do processo reside na riqueza de vida do adulto e é o próprio que (re) orienta a linha condutora do seu percurso formativo, que se mistura com o seu processo de vida. A utilização pragmática destas metodologias na educação de adultos tem sido materializada pelos Centros Novas Oportunidades que se têm dedicado ao incentivo da qualificação escolar e profissional de adultos menos escolarizados. Estes centros formados por equipas multidisciplinares têm chamado a si o desafio da motivação e envolvência dos adultos candidatos à frequência do RVCC e respectivo encaminhamento para formação complementar. Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo estiveram desde o primeiro momento neste grande projecto, através da assinatura de um acordo de colaboração tripartido entre ENVC, Instituto de Emprego e Formação Profissional e Direcção Geral de Formação Vocacional. Com a abertura do Centro Novas Oportunidades do Centro de Formação Profissional de Viana do Castelo, no dia 01 de Junho de 2006, iniciou-se a operacionalização desse acordo, desenvolvendo processos de reconhecimento, validação e certificação dos trabalhadores dos ENVC. O Centro Novas Oportunidades do Centro de Formação Profissional de Viana do Castelo tem pautado a sua actuação, orientando-se pelas linhas mestras que subjazem à concepção de todo este processo, mas tem-se distinguido pela política de proximidade que tem adoptado junto dos adultos alvo da sua intervenção. Sob o signo do aumento da produtividade e competitividade do tecido empresarial português, princípios que estão na base da criação da iniciativa Novas Oportunidades, a nossa estratégia tem residido num entrosamento mútuo entre empresa e adulto como uma equipa interessada no mesmo resultado. O ponto de partida é sempre a empresa, uma das principais interessadas na qualificação e formação dos seus colaboradores que se torna parte activa e colaborante no sucesso de todo este percurso orientado pela equipa técnico-pedagógica. Neste sentido, todo o processo se tem desenrolado no contexto empresarial dos ENVC, nas próprias instalações da empresa, entre pares e em estreita colaboração entre os diferentes intervenientes. Os ENVC são uma empresa com 66 anos de existência, cujo domínio de actividade se centra na construção e reparação naval. Conta actualmente com cerca de 800 trabalhadores e é seguramente a principal empresa do distrito de Viana do Castelo, justificação que pode ser encontrada no seu historial, bem como na sua visibilidade nacional e internacional. Os trabalhadores actuais, bem como todos aqueles que da história desta empresa fazem parte foram, outrora, crianças que foram obrigadas compulsivamente a entrar no mercado de trabalho. No seu tempo, a escola, infelizmente, era só para alguns, pois as parcas condições de vida das famílias não permitiam o prosseguimento de estudos, sendo a saída provável a prematura entrada no mercado de trabalho. Muitas destas crianças, penso que posso utilizar o termo crianças, pois a média de entrada no activo rondava os 11-14 anos, ingressaram nos ENVC, continuando o seu percurso de aprendizagem na empresa. Muitos tiveram
Responsáveis pelo projecto com os formandos certificados.
a oportunidade de frequentar cursos de formação profissional preparatórios para a profissão ou função que viriam a desempenhar, mas outros há que fizeram o seu percurso pela prática, pela aprendizagem com os mais velhos, cuja experiência fora já adquirida com outros que também os ensinaram. Aprender Compensa Podemos afirmar que os ENVC para estas crianças e jovens foram mais do que o local do seu trabalho. Assumiram-se, com efeito, como a sua escola. Foi na empresa que continuaram o seu percurso: continuaram o processo de aprendizagem interrompido pela saída da escola, aprenderam e passaram a exercer uma profissão e tiveram ainda oportunidade de ir adquirindo todo um conjunto de competências pessoais, profissionais, sociais e cívicas que caracterizam de uma forma específica os trabalhadores dos ENVC. Ser trabalhador desta empresa é estar imbuído de uma consciência crítica, quer de si, quer da sociedade e comunidade que o rodeia. É participar nos diferentes órgãos associativos que fazem parte da empresa e noutros que a ela estão associados. É chamar a si a responsabilidade de decidir e fazer mais pela comunidade e ser voz activa na produção e reprodução de cultura. Todas estas crianças, hoje cidadãos activos e interventivos cresceram para e com a empresa, tornando-se co-autores no seu desenvolvimento. É com estes trabalhadores que temos tido a oportunidade de trabalhar ao longo destes últimos 4 anos. Fazer o processo de reconhecimento de competências, para os diferentes níveis de ensino (básico e secundário) com estes colaboradores é isso mesmo: reconhecer. Reconhecer as aprendizagens adquiridas pela escola da vida, reconhecer o seu posicionamento crítico e a sua participação cívica, reconhecer que a sociedade evoluiu e eles evoluíram com ela. Mas não é este o desígnio maior da iniciativa Novas Oportunidades? Reconhecer as competências adquiridas ao longo da vida a todos aqueles que não tiveram oportunidade de continuar o seu percurso escolar, prosseguindo estudos? Os profissionais do Centro Novas Oportunidades do Centro de Formação Profissional de Viana do Castelo têm tido a oportunidade de orientar muitos destes colaboradores desta empresa. Em articulação com a empresa, fomos construindo uma parceria saudável e de confiança, materializada nos muitos processos concluídos e em curso. Consideramos que o balanço é extremamente positivo. Por um lado, a satisfação e a auto-realização visível em todos aqueles que conseguem a certificação, pelo nosso lado, o dos técnicos a sensação de missão cumprida, que sentem no momento de certificação o culminar de um longo trabalho de acompanhamento e monitorização de histórias de vida e experiências díspares e vastas que a nós cabe orientar e convergir para os referenciais de competências-chave que caracterizam os processos de reconhecimento e certificação escolares. Não obstante a aparente atractividade do processo e os benefícios óbvios que constituem para cada um que nele participam, a adesão por parte dos trabalhadores dos ENVC ainda está um pouco aquém do esperado. Este processo é ainda encarado com alguma relutância por parte de alguns interessados, na maioria das situações por motivo de desconhecimento das linhas orientadoras que constituem o rumo de acção das equipas destes Centros. Temos ainda muito caminho a percorrer, da parte do CNO do Centro de Formação de Viana do Castelo e da sua equipa fica a disponibilidade para dar continuidade ao trabalho já realizado e a intenção de fazer chegar uma Nova Oportunidade a todos os trabalhadores dos ENVC, que não possuem a certificação de nível básico e secundário.
Trabalhos de Manutenção Seguros Eng.º Francisco Batista
No âmbito da campanha “Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis 2010-2011”, coordenada pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho ( EU – OSHA )(1) está a desenvolver-se uma série de actividades e iniciativas destinadas à promoção da segurança dos trabalhos de manutenção e reparação, a nível nacional e europeu. O sucesso destas campanhas depende muito da divulgação, o mais generalizada possível, dos seus objectivos e da informação que é disponibilizada sobre o assunto. É necessário o apoio activo e colaborante de um vasto grupo de intervenientes e parceiros: • entidades empregadoras dos sectores público e privado; • sindicatos e representantes de entidades ligadas à SST; • associações patronais e profissionais: • instituições e profissionais ligados à SST; • formadores e comunidade educativa; • serviços locais, regionais e nacional no domínio da SST Nesse sentido, consideramos oportuno aproveitar este texto para divulgar os aspectos que nos pareceram mais relevantes sobre esta matéria. A reparação e a manutenção são essenciais para prevenir os riscos no local de trabalho, mas constituem actividades de elevado risco para os trabalhadores que as executam. Estimase que na Europa, 10 a 15% dos acidentes de trabalho mortais possam ser atribuídos a operações de reparação e manutenção e que em alguns países europeus, 20% dos acidentes de trabalho estão associados a trabalhos de reparação e manutenção, ascendendo esta percentagem a 50% em alguns sectores de actividade(2). É, pois, fundamental que estes trabalhos sejam realizados em boas condições e que tenham em conta a saúde e segurança dos trabalhadores. Manutenção De acordo com a norma europeia EN13306, a manutenção é a “combinação de todas as acções técnicas, administrativas e de gestão durante o ciclo de vida de um objecto, com a finalidade de o manter ou restaurá-lo para um estado em que seja capaz de executar a função exigida”. Genericamente, o termo Manutenção é utilizado para uma variedade de tarefas em sectores diversos e para todos os tipos de ambiente de trabalho. As actividades de manutenção incluem: inspecção, ensaio, medição, substituição, ajustamento, reparação, detecção de avarias, substituição de peças, revisão (lubrificação, limpeza, etc.). Manutenção significa, pois, conservar o local de trabalho, as suas estruturas, equipamentos, máquinas, mobiliário e instalações em condições de funcionar com segurança, garantindo, simultaneamente, que não se deterioram. Manutenção preventiva e correctiva Apesar dos conceitos, práticas e métodos da manutenção terem sofrido uma profunda evolução ao longo das últimas
décadas, podemos referir que há duas possíveis abordagens da manutenção: Manutenção preventiva ou proactiva: Prevenir antecipadamente a falha, normalmente através de uma acção planeada e calendarizada em conformidade com as instruções dos fabricantes dos equipamentos e a política de gestão. Manutenção correctiva ou reactiva: Actuar em caso de falha ou avaria súbita. Este tipo de manutenção é normalmente mais perigoso do que a manutenção preventiva. Efectivamente, estudos realizados revelam que a maior parte dos acidentes ocorridos na actividade de manutenção ocorrem durante operações de manutenção correctiva. Impacto da manutenção na segurança e saúde dos trabalhadores A manutenção é essencial para manter a segurança e fiabilidade do equipamento, das máquinas e do ambiente de trabalho, condições fundamentais para garantir a qualidade, produtividade e competitividade de uma empresa. Porém, também tem um impacto na segurança e saúde no trabalho. A manutenção (de fábricas, oficinas, equipamentos, máquinas ou locais de trabalho) é essencial para eliminar os perigos e riscos no local de trabalho e criar um ambiente de trabalho seguro. Mas, por sua vez, a manutenção é uma actividade de risco, pelo que tem de ser efectuada em segurança, com a protecção adequada dos trabalhadores que a realizam e das restantes pessoas presentes no local de trabalho Perigos e Riscos associados à manutenção Dado que a manutenção é feita em todos os sectores e locais de trabalho e envolve várias tarefas, está associada a um grande número de perigos. É, pela sua natureza, uma actividade de risco. Os trabalhadores que realizam trabalhos de manutenção têm mais probabilidade de ficarem expostos a um nível de risco superior aos dos outros trabalhadores. Os perigos e riscos são de vários tipos podendo ser físicos, químicos, biológicos e psicossociais. Perigos físicos: • ruído, vibração; • temperaturas extremas (calor e frio excessivos); • radiação (radiação ultravioleta, Raios X); • carga de trabalho físico elevada; • trabalhos em altura e espaços limitados. Consequências potenciais para a saúde: Surdez, lesões músculo-esqueléticas. Perigos químicos: • vapores, fumos, poeiras; • tintas, solventes;
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Consequências potenciais para a saúde: problemas do foro respiratório, asma profissional, alergias, amiantose. Perigos biológicos • Bactérias (legionella, salmonella) • Bolor e fungos Consequências potenciais para a saúde: Problemas de respiração, asma, alergias, doença do legionário. Factores de risco psicossocial: • Pressão de tempo; • Trabalho por turnos, trabalho nocturno e ao fim de semana; • Trabalho com pessoal subcontratado / problemas de comunicação Consequências potenciais para a saúde: Stress relacionado com o trabalho, fadiga, risco de acidentes aumentado.
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Para além dos riscos associados a todos os ambientes de trabalho, as operações de manutenção envolvem riscos específicos. Estes incluem trabalhar com um processo em funcionamento e em contacto próximo com a maquinaria. A manutenção envolve frequentemente trabalhos pouco habituais, tarefas não rotineiras e é frequentemente executada em espaços limitados ou confinados. As operações de manutenção incluem a desmontagem e remontagem de equipamentos complexos, aumentando o factor de risco de erro humano. A manutenção envolve mudar tarefas e o ambiente de trabalho. Isto é especialmente relevante nos casos dos trabalhadores contratados. A subcontratação é um factor agravante em termos de segurança e saúde e vários acidentes e incidentes estão relacionados com a manutenção subcontratada. Trabalhar com pressão de tempo também é normal nas operações de manutenção, especialmente quando estão envolvidos períodos de paragem e reparações de alta prioridade. Os acidentes verificados nos trabalhos de manutenção estão relacionados com as ferramentas / equipamentos de trabalho, os processos e métodos utilizados e com as máquinas / sistemas em manutenção. Originam, geralmente, os seguintes tipos de lesões: • Traumatismos, fracturas e esmagamentos por ferramentas e equipamentos em movimento, ou arranque inesperado; • Quedas em altura, acidentes que envolvem queda de objectos ou carga; • Electrocussão, choques eléctricos, queimaduras; • Explosão, incêndio Manutenção – Princípios comuns Apesar dos trabalhos de manutenção variarem entre os diversos sectores de actividade e de acordo com a especificidade de cada tarefa, existem cinco regras básicas para uma manutenção segura: - Planificação A manutenção deve começar por um planeamento adequado que deverá incluir a obtenção de informações sobre as máquinas,
a realização de uma avaliação de riscos e a definição das medidas necessárias para os controlar. A informação e formação dos trabalhadores, a qual tem particular relevância, quando a manutenção é efectuada por subcontratantes. - Tornar a intervenção segura Os procedimentos definidos na fase de planeamento têm, necessariamente, de ser aplicados. A área de trabalho tem de ser sinalizada ou vedada a pessoas estranhas. Há que definir trajectos seguros para os trabalhadores entrarem e saírem do local de trabalho. Se necessário obter as autorizações de trabalho, garantir o corte de energia e impedir o arranque ou accionamento involuntário das máquinas durante a manutenção, etc. - Utilizar o equipamento apropriado Os trabalhadores devem estar munidos de ferramentas e equipamentos apropriados e devem usar equipamentos de protecção individual adequados. - Trabalhar de acordo com o plano Respeitar o plano de trabalho, mesmo nas situações de aperto de tempo. Não ultrapassar os limites das suas qualificações e competências. - Fazer as verificações finais. O processo de manutenção termina obrigatoriamente com verificações que confirmem a conclusão, com êxito, da tarefa, a segurança da máquina ou equipamento sujeito a manutenção e a limpeza dos resíduos gerados durante a operação. Em conclusão, as regras comuns a uma boa manutenção consistem na necessidade de se começar por um bom planeamento, abrangendo os aspectos ligados à prevenção e segurança, com uma definição clara das funções e responsabilidades dos trabalhadores de manutenção, directrizes claras, formação e equipamentos adequados e inspecções regulares para atestar que o trabalho está a ser devidamente executado e que não surgiram novos riscos.
Notas: (1) A Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho ( EU – OSHA) é um organismo da União Europeia, sedeado em Bilbau, Espanha, que tem por missão promover a melhoria da qualidade de vida no trabalho e o intercâmbio de informação de carácter técnico, científico e económico entre todos os implicados nas questões de segurança e saúde no trabalho. Ao reunir os representantes dos governos, das organizações de entidades patronais e de trabalhadores, bem como peritos na área de SST de cada um dos 27 Estados – Membros da UE, a Agência é uma fonte fiável, equilibrada e imparcial sobre SST. http://osha.europa.eu (2) Maintenance and OSH: a statistical picture. UE-OSHA, 2010 Referências - Folhetos e documentos disponibilizados pela Agência Europeia para a SST. http://hw.osha.europa.eu
Máquinas e Ferramentas do Passado Nos antigos Paços do Concelho, na Praça da República, de 19 a 31 de Julho, esteve patente ao público em geral uma exposição temática sobre máquinas e ferramentas, que desde a fundação da Empresa há 66 anos foram utilizadas na concepção e fabrico de navios. A iniciativa, organizada pelo Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC, contou com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo e outras entidades, tendo merecido o interesse de mais de quatro mil visitantes. Na sessão de abertura, estiveram presentes representantes de diversas entidades convidadas, nomeadamente, o Eng.º José Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal e o Eng.º Victor Manuel Gonçalves de Brito, Membro do Conselho de Administração dos ENVC, S.A. “Quantos rostos, quantas mãos, quantos braços!” São palavras de Maria José Ribeiro, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Viana do Castelo, incluídas no catálogo de apresentação da exposição, onde se pode ler: “As fotografias desfilam perante os nossos olhos e vão-nos revelando momentos captados à plenitude de uma vida dedicada à construção naval. Desde o desenho de peças quase artísticas, passando pelos moldes em madeira ou papel, o corte preciso, a moldagem em aço, a ligação dos materiais, a calafetagem, até aos complementos e retoques finais. E eis que surge, imponente, bravo, desafiador, o navio! Quantos rostos, quantas mãos, quantos braços! Aguçamos o olhar e descobrimos mais um pormenor da máquina, uma expressão do operário. São imagens do passado, de um passado – presente, de um passado ainda vivido, ainda sentido! É um desfilar de memórias, em cada gesto, em cada objecto, em cada peito! É Viana do Castelo quem lá está!” Com esta breve e bela descrição, Maria José Ribeiro resume e exprime o sentimento que a exposição pretende transmitir aos visitantes. Por seu lado, o Presidente da Direcção do GDC, Bernardo de Sousa, fundamentou esta exposição sobre ferramentas que fizeram história, da seguinte forma: “As unidades industriais, como tudo na vida, estão sujeitas a constantes mudanças, tendo na devida conta o princípio do
ajustamento à evolução da sociedade, já que nesta vão marcando presença novas culturas e novos conceitos de funcionamento das actividades, em função dos novos saberes e do progresso tecnológico. Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, desde que foram fundados em 1944, jamais deixaram de percorrer o caminho do desenvolvimento, apostando na formação permanente do seu colectivo de trabalhadores e recorrendo a novos processos de fabrico, novas ferramentas e novos equipamentos para a construção dos navios que os Armadores lhes adjudicam. E foi este permanente progresso que ditou o afastamento de instrumentos de trabalho que, na altura própria, se revelaram de saliente importância, mas em relação aos quais se impunha o desuso, por força do surgimento de novas máquinas e novas técnicas que, para além de contribuírem para o aumento dos níveis de produtividade, facilitaram e amenizaram o trabalho duro e áspero da indústria naval. Algumas dessas ferramentas são agora expostas. Através delas e dos registos fotográficos que as acompanham é possível compreender quão difícil era construir um navio, apesar do saber alargado que sempre existiu sobre construção naval nos ENVC. No tempo presente, outros desafios e outras exigências se colocam, dada a complexidade tecnológica de que são dotadas as construções. Porém, heróis eram os homens que moldavam e ligavam o aço por processos quase manuais, construindo navios que ainda são dignos da nossa admiração.”
Primeira construção a sair dos ENVC, em 10 de Julho de 1948
O GDCTENVC agradece o apoio a todas as entidades, que tornaram possível a realização deste evento: CÂMARA MUNICIPAL DE VIANA DO CASTELO; ENVC, SA; CERTUGAL; INTERNATIONAL PAINTS; MONTACO; O2; PT/PRIME; VIANADECONAVAL; VIANANDAIMES e HEMPEL.
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Visita ao Navio Gil Eannes Manuel Ramos
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Integrada no plano das actividades culturais, a nossa colectividade levou a efeito uma visita guiada ao emblemático navio Gil Eanes, que muita história tem para contar a todos quantos o visitam. O encontro ocorreu no Domingo 13 de Junho à entrada do navio, onde após as boas vindas aos visitantes, todos subiram a bordo. À nossa espera estava a simpática Guia, trabalhadora local, disponibilizando parte do seu dia de lazer, lá teve ainda tempo para nos acompanhar e explicar todos os sectores do navio. Fomos então guiados para a sala de reuniões, localizada na antiga sala de jantar dos oficiais e convidados a ver um filme com cerca de 30 minutos, apresentado pelo Prof. José Hermano Saraiva, o qual narrava a história do navio até ao seu final antes de receber as profundas obras a que foi sujeito nos ENVC. Findo o visionamento do filme, os visitantes continuaram com o seu trajecto, percorrendo os vários locais do navio. Da casa das máquinas à ponte de comando, das enfermarias à renovada capela, cozinha, padaria, consultório médico, sala de tratamentos, gabinete de radiologia, diversos camarotes e salas de exposições, da proa à ré do navio, pudemos observar as pessoas deslumbradas com o que presenciavam. Da história deste navio muito haveria que contar, no entanto, interessa referir algumas das funções importantes que desempenhou. Foi construído em 1955 nos ENVC, com a missão de apoiar a frota bacalhoeira nos mares da Terra Nova e Gronelândia. Embora a sua principal função fosse
43.º ANIVERSÁRIO DO GDCTENVC
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prestar assistência hospitalar a todos os pescadores e tripulantes, a embarcação foi também navio capitania, navio correio, navio rebocador e quebra gelos. A partir de 1963 passou a fazer viagens de comércio como navio frigorífico e de passageiros. Depois de terminar a sua actividade em 1984, andou de cais em cais no porto de Lisboa, até ser vendido a um sucateiro para abate no ano de 1997. Perante este inglorioso destino, a comunidade Vianense, apoiada por várias instituições, pelos ENVC e outras empresas da região mobilizou-se para o trazer em 1998 à cidade e aos estaleiros onde nascera, com o intuito de o reabilitar e transformar no navio com valências de museu e pousada, que vemos actualmente. Pela notória satisfação dos associados visitantes registada no final, com certeza que daremos continuidade a este tipo de iniciativa cultural e de lazer.
No dia 05 de Fevereiro de 2010, na Sede Social da Colectividade, realizou-se a apresentação do Sítio na Internet do GDCTENVC, após reestruturação da imagem e conteúdos. A apresentação deste importante meio de comunicação e informação electrónica, para além do seu carácter social e cultural, que tem como objectivo aproximar cada vez mais os sócios da sua Associação Desportiva e Cultural, visou também assinalar de forma simbólica o seu 43.º aniversário que teve lugar no dia 9 de Fevereiro de 2010. Para os associados e leitores que ainda não conhecem o sítio da Internet, ou ainda não o visitaram, poderão aceder através do endereço: http://www.grupoestaleirosviana.com/, onde podem encontrar toda a informação relativa a esta colectividade, desde a sua localização, órgãos sociais, contactos, historial, até às suas actividades recreativas, editoriais, culturais, desportivas e de lazer. Inclui, ainda, a designada Comunidade do GDCT dos ENVC http://grupoestaleirosviana.ning.com/, que permite aos utilizadores registados a comunicação em rede nos termos das redes sociais conhecidas na Web.
Passeio a Barcelona Com partida dia 3 e regresso no dia 6 de Junho passado, o Grupo Desportivo levou a cabo mais um passeio anual. O destino desta vez foi Barcelona. Saiu-se de Viana do Castelo de autocarro, para apanhar o avião em Vigo e rumar á capital da Catalunha. Nesta cidade esperava pelos passeantes outro autocarro, que iria proporcionar uma visita estudada pelos lugares mais belos e emblemáticos desta cidade. Desde o Parque Guell, Casa Milá, Casa Batló e todos os majestosos e fascinantes edifícios de Gaudí, a vista do Tibidabo deu-nos uma fantástica panorâmica de Barcelona! A Praça de Espanha com o chafariz (fonte luminosa de Montjuic), à noite com o jogo de luzes foi deslumbrante! Ninguém ficou indiferente a tanta beleza arquitectónica! Os visitantes ainda se passearam pelas Ramblas, onde o aglomerado de gente facilmente se confundia com a Srª d’Agonia! Uma visita à cidade de Figueres permitiu-nos conhecer o museu SALVADOR DALI. O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras com excelente qualidade plástica. A visita a Empuriabrava foi uma surpresa para todos! Nesta localidade as principais artérias são canais de água onde os residentes têm á sua porta um barco. Foi de espantar, pois configurava Veneza! Depois de visitas após visitas, sempre acompanhadas pela guia Silvia Oliveira, que, demonstrando sempre boa vontade em esclarecer as várias dúvidas que se iam pondo, denotava bom conhecimento e profissionalismo. No último dia a visita esperada: a catedral inacabada, a Sagrada Família! Obra de deixar qualquer um de boca aberta, pela arte que ainda hoje se impõe, para terminar o trabalho que Gaudi não conseguiu acabar, mas que no final será mais um monumento que a humanidade herdará para assim relembrar os grandes homens. Depois de todas estas visitas, ainda foi possível passar junto ao Camp Nou, para ver este magnífico e mítico estádio. Entretanto o regresso acontecia e deixava-se a cidade! Muito mais haveria para ver, ela é fascinante e atractiva, mas o avião esperava para o transporte de volta e já alguns diziam: Barcelona é cidade para
Dia Mundial da Criança
Museu Salvador Dali
voltar! Era a partida triste mas inevitável e num pulo estávamos de novo em Vigo. Mas antes de voltar a Viana “O Braseirão do Minho” foi paragem obrigatória para um jantar leve, pois as horas já iam adiantadas. Uma vez mais imperou a boa disposição para fazer o último percurso até casa com a promessa de para o Ano, “CÁ ESTAREMOS PARA, SE CALHAR, TERRAS DE ÁFRICA…”
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Templo da Sagrada Família (Antoni Gaudi)
No dia 30 de Maio o Grupo Desportivo e Cultural assinalou este dia com mais uma iniciativa muito especial, dirigida a todas as crianças. Foram cerca de 50 crianças e outros tantos pais e acompanhantes que nos brindaram com a sua presença para participar nas muitas actividades disponíveis. Desta vez foi o jardim público o local escolhido para presentear todos os miúdos com os jogos tradicionais, que muito os entusiasmaram, como aliás se pôde constatar por todos os presentes. Do jogo da garrafa ao jogo do copo, da corrida de sacos à corrida da colher, do salto à corda, à corrida do arco e motas, até ao jogo da pilha, este último terá porventura despertado um interesse e uma competitividade ainda maior, a julgar pelos vários pedidos de muitas crianças ao júri para repetir as participações. A alegria reinava entre todos, sendo patente nos rostos muito infantis de alguns, bem como uma enorme vontade de receber as medalhas, simbolizando a participação nos jogos tradicionais e na brincadeira. Por fim foi distribuído um lanche a todas as crianças e a promessa de que para o próximo ano outras surpresas surgirão, desejando a direcção do Grupo ainda uma maior participação.
Torneios de Inverno 2009/2010 Depois de algumas noites de convívio no bilhar e na sueca chegaram ao fim os torneios, em que a presença dos associados animou o ambiente da Sede. As classificações, que não eram o mais importante, ficaram assim ordenadas: Torneio de Bilhar
Torneio de Sueca
1.º Manuel Araújo
1.º Carlos Xavier e Manuel Soares
2.º Carlos Brito
2.º Bernardo Sousa e Sérgio Xavier
3.º Joaquim Costa
3.º José Teixeira e João Gonçalves
4.º Joaquim Silva
4.º Joaquim Costa e Carlos Brito
ENTREGA DE PRÉMIOS A entrega dos prémios realizou-se numa noite de convívio familiar, com a animação do amigo Tinó, que declamou alguns versos, e acompanhado pela concertina cantou as marchas da Rua da Bandeira. No passado dia 11 de Junho, fez-se o fecho oficial da época, numa Noite de Fado, com participação musical de Rui Cunha e da fadista Maria Cunha, que foram acompanhados à guitarra pelo Francisco Vieira, tendo na viola o Costa Pereira e no baixo acústico o Henrique Rabaçal. Foi mais uma noite aprazível e a repetir no futuro.
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Atletismo A equipa veterana de atletismo deu continuidade ao seu trabalho de promoção da modalidade e do nome do Grupo Desportivo, e durante o primeiro semestre do ano em curso participou nas seguintes provas:
DATA 24 Janeiro
PROVA 12ª Meia Maratona Manuela Machado – Viana do Castelo Cidade Saudável
14 Fevereiro
1ª Corrida Cidade de Braga
14 Março
Corrida do Dia do Pai - Porto
18 Março
20 ª Meia Maratona de Lisboa
1 Maio
Grande Prémio 1º de Maio em Viana do Castelo
16 Maio
Grande Prémio da Marginal Póvoa de Varzim / Vila do Conde
12ª Meia Maratona Manuela Machado
23 Maio
5ª Meia Maratona do Douro Vinhateiro
20 Junho
11ª Corrida Festas Cidade do Porto
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22º Grande Prémio de S. Pedro – Póvoa de Varzim
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Trabalhadores Unidos – Na Defesa da Empresa e do Emprego
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No passado dia 14 de Abril, teve lugar o acto eleitoral que levou à eleição dos membros da Comissão de Trabalhadores (CTRA) para o biénio 2010/2012, que após publicação oficial do acto no Boletim do Trabalho e Emprego n.º 20, de 29/05/2010 viria a tomar posse em 02 de Junho. Apresentaram-se a sufrágio duas candidaturas. A lista A sob o lema “Consolidar a Unidade, em Defesa do Futuro”. Por seu lado, a lista B apresentou-se com a insígnia “Mudar, Defender e Consolidar a Empresa”. Nas linhas programáticas de ambas, incluíam um aspecto relevante em comum, quanto à preocupação na defesa da empresa e sua viabilização futura. De um total de 801 trabalhadores naquela data, que poderiam votar, exerceram esse direito 703, registando-se o seguinte resultado: lista A – 287 votos; lista B – 369 votos; brancos – 29 votos; nulos – 18 votos. Consequentemente, a CTRA ficaria constituída por 3 eleitos da lista A e 4 da B. Aquando da tomada de posse em 2 de Junho, António Gomes Barbosa, primeiro eleito pela lista B, proferiu algumas palavras enaltecendo os 66 anos da história dos ENVC, e agradeceu o trabalho da Comissão Eleitoral, bem como a presença dos convidados, nomeadamente dos representantes das estruturas sindicais regionais e das Comissões de Trabalhadores de outras instituições e empresas da região. Salientou ainda o empenho no acto eleitoral do colectivo de trabalhadores, traduzido na participação responsável de cerca de 90 % de votantes, que demonstra a sua vontade de vencer as dificuldades presentes, para garantir o futuro.
“…rumo ao sucesso dos ENVC…” Após iniciar funções a nova CTRA desejamos saber, do seu novo coordenador eleito, quais as principais preocupações e linhas de orientação que nas circunstâncias actuais irão marcar a acção deste órgão, e que no essencial citamos: “Sabemos que os problemas a enfrentar são difíceis, as dificuldades enormes, mas também sabemos que com inteligência, transparência, informação e esperança, vamos assertivamente ultrapassá-las. Todos são necessários. Somos tripulantes do mesmo navio que
Comissão de Trabalhadores em Reunião de Trabalho
só pode ter um rumo. Não pode navegar em duas direcções. Temos de em conjunto trabalhar o rumo do Sucesso. Estamos dispostos a tudo fazer, no sentido de contagiar a nossa comunidade laboral para, juntos, Mudar, Defender e Consolidar a Empresa. O que nos une é, sem dúvida, mais forte do que aquilo que nos separa. Pelos ENVC, temos de trabalhar em conjunto. A defesa e sucesso dos ENVC, é nossa preocupação constante, que temos permanentemente em cima da mesa. Igualmente a reestruturação da empresa, tantas vezes adiada, é outra das grandes preocupações que devido à delicadeza do assunto vamos acompanhar com muita atenção. Desejamos que não se limite à simples dança de cadeiras, que a lado algum tem levado, tendo sido já ensaiado em outras alturas. Não acreditamos nas pessoas que tendo sido parte do problema, possam agora ser parte da solução. Outro ponto de honra da CTRA é, sem dúvida, a relação de compra e venda. Nos últimos anos, nas relações comerciais dos ENVC com clientes ou fornecedores, temos saído muitas vezes a perder enquanto a outra parte ganha no negócio. Surpreende ver os ENVC, possuindo condições para produzir navios, disponibilizando também financiamento ao cliente, ficar dependente deste quanto à definição do prazo de entrega, assim como dos fornecedores do projecto, do aço, dos equipamentos principais e de outros subcontratos. Outro processo que vamos acompanhar com atenção especial é o cumprimento de todos os compromissos assumidos e acordados, que honramos, não aceitando decisões unilaterais em nenhuma situação.”
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho Representantes dos Trabalhadores para SHST Decorrido um ano após a data do último acto eleitoral, onde foram eleitos os representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde no trabalho (RT-SHST), a equipa eleita empenhada em defender melhorias nas condições de trabalho, de forma a prevenir acidentes de trabalho e doenças profissionais, entende o balanço da sua intervenção positivo. Feita uma análise do trabalho efectuado neste curto intervalo de tempo, este órgão congratula-se pela forma realista como abordou várias questões que se encontram menos bem na empresa, às quais corresponderam a abertura e resposta positiva do órgão de gestão, no sentido de minimizar os problemas apresentados. Para reforçar todo este trabalho conjunto, mas num âmbito mais abrangente, verificamos que ultimamente em
todo o espaço europeu têm surgido alterações dos aspectos legais, que visam a defesa das condições nos locais de trabalho, alterações que a empresa deve acompanhar e implementar. Sendo o trabalho a forma nobre de ganhar a vida e não o veículo para a perdermos, os trabalhadores têm um conjunto de “ferramentas” ao seu dispor, cuja divulgação tem crescido, mas a sua aplicação deve ser um trabalho da responsabilidade de todos e participado por todos. Vamos intensificar a acção dos RT-SHST, no sentido de tornar os locais de trabalho mais seguros e saudáveis, pois sabemos que a construção e reparação naval são actividades de risco e muito agressivas para quem as desenvolve. Com a colaboração de todos, podemos colocar os ENVC numa posição de destaque, promotora da segurança e saúde dos seus colaboradores, empresa referência nesta actividade.
Reformaram-se
Mário Augusto Silva Barros 60 Anos – Empregado Balcão, 35 anos de Empresa. Reformado em Junho 2010
João Teixeira Elias 59 Anos – Montador de Construções Metálicas, 44 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2010
Fernando Rodrigo Araújo Fontinha 65 Anos – Prof. Engenharia, 37 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2010
José Manuel Casanova Cambão 56 Anos – Soldador, 39 anos de Empresa. Reformado em Dezembro 2009
Marcelino Natálio Martins Mendes 59 Anos – Agente de Produção, 43 anos de Empresa. Reformado em Março de 2010
José Augusto Dias Sousa 57 Anos – Montador de Construções Metálicas, 43 anos de Empresa. Reformado em Maio de 2010
Vítor Manuel Alves Oliveira Dantas 57 Anos – Serralheiro Mecânico, 40 anos de Empresa. Reformado em Fevereiro de 2010
Manuel Enes Marques 60 Anos – Serralheiro de Tubos, 37 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2010
27 António Manuel Miranda Sousa 52 Anos – Operador Máquinas Reprografia, 36 anos de Empresa. Reformado em Novembro de 2009
Marinho Lima Costa Carvalho 60 Anos – Raspador-Picador, 36 anos de Empresa. Reformado em Fevereiro de 2010
José Carlos Batista Oliveira 59 Anos – Operário Limpezas Industriais, 35 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2009
Rafael Domingos S. A. Freixo 60 Anos – Técnico Industrial, 34 anos de Empresa. Reformado em Abril de 2010
Ilídio Silva Vaz 52 Anos – Técnico Fabril, 33 anos de Empresa. Reformado em Março de 2010
José Miguel Alves Dantas Couceiro 60 Anos – Técnico Administrativo, 45 anos de Empresa. Reformado em Janeiro de 2010
José Manuel Almeida Silva 60 Anos – Bombeiro Naval, 28 anos de Empresa. Reformado em Março de 2010
José Fernando Silva Martins 58 Anos – Serralheiro de Tubos, 24 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2009
José Rui Gonçalves Costa 59 Anos - Técnico Fabril, 44 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2010
Fernando Lima Mendes 50 Anos – Escriturário, 36 anos de Empresa. Reformado em Abril de 2010
Armando Pires Rodrigues Cunha 53 Anos – Condutor Máquinas Elevação, 27 anos de Empresa. Reformado em Dezembro de 2009
Manuel Lima Castro 58 Anos – Prof. Engenharia, 43 anos de Empresa. Reformado em Março de 2010
Joaquim Carlos Amorim Almeida Costa 59 Anos – Assentador de Isolamentos, 37 anos de Empresa. Reformado em Março de 2010
Manuel Luís Fernandes Nunes Silva 58 Anos – Serralheiro de Tubos, 33 anos de Empresa. Reformado em Janeiro de 2010
Carlos Alberto Vaz Cunha 58 Anos – Serralheiro de Tubos, 32 anos de Empresa. Reformado em Janeiro de 2010
Avelino Dias Barros 57 Anos – Técnico Fabril, 40 anos de Empresa. Reformado em Fevereiro 2010
José Carlos Lima Mendes 56 Anos – Prof. Escritório, 42 anos de Empresa. Reformado em Junho de 2010
Agostinho Machado Vieira 58 Anos - técnico Fabril, 34 anos de Empresa. Reformado em Abril de 2010
Viagens de Culto (Roteiro II) Américo Marques
Vá lá Viajante, upa! Que o acordar é chegado! Pois nas frinchas das janelas já espreitam centelhas de sol, a anunciar a alvorada. Casa do Paço (Lanheses)
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Por conseguinte, o viajante vai deixar de estar posicionado na horizontal, preso a sonhos clandestinos. Porém, como o sonho comanda a vida, o viajante sente desafio perante tão profunda proposição. Por isso, bem desperto tem que estar – para assumir comando e dar início a nova jornada, rumo a uma viagem que o surpreenda. Em que irá recolher representações e sensações, que lhe alimentem o modelo estético. Provocando-lhe um espanto, que o impulsionará para o lado de lá do domínio dos sentidos, gerando um poente de novos horizontes do lado de cá! Com esta maneira de estar, o viajante será cúmplice da irreverência do pensamento. Que é libertino antes de tudo. Sem ter vocação para a libertinagem. Todo este intróito serve para recordar ao viajante que já é tempo de arrancar, com uma atitude audaz, para arredar sortilégios, que se possam cruzar nos seus caminhos. Caminhos que na realidade deve utilizar (para tonificar músculos e as articulações dos pés), em detrimento do asfalto. Então, se no fim da primeira etapa o viajante se quedou por Cardielos, agora, reinicia o segundo roteiro – com o ir tomar o pequenoalmoço às revigorantes Terras de Torre. Com a vontade de querer estar bem, aonde não está… como alguém disse cantando – a olhar o poisar do sol, na linha indelével do mar. Torre (S. Salvador) tem desde sempre associado à sua identidade o Convento Beneditino de S. Salvador, fundado nos finais do século IX ou início do seguinte (cuja regra manda Orar e Labutar), e era a entidade administrativa ou orientadora do modo de vida e de ser das gentes desta Terra. Terra que tem campos abertos e lavrados com gosto, que mais parece estarem penteados. Fazendo singular contraste com as gotas prateadas de orvalho, que bordam a renda verde da margem do rio – parecendo este, não querer ser castelhano, dada a pressa com que corre a resmungar com os escolhos. Devido a estes vislumbres, sons e muito mais, se sentia cativado Frei Bartolomeu dos Mártires por estas paragens, que frequentemente visitava, para levar pedaços de humanidade e sobre o Homem reflectir. E reflectindo estará também o viajante, sobre o que viu e o que poderá descobrir a seguir, como por exemplo – observar a técnica generosa e paciente, aplicada na construção de Palmitos! Outrora manifestação artística relacionada com a comemoração da Páscoa. Mas como no momento, o viajante não quer cumprir com a regra Beneditina, sente estar na hora de marchar à porfia com a sua própria argúcia, para atingir a meta seguinte. Que será Vila Mou. Em Vila Mou, o viajante não pode entrar como invasor, como o fez um tal Paio Bermudes no IX século, que vindo da Galiza lhe deitou a unha. Portanto, o viajante deve no muito,
ser um visitante, e no pouco um estranho – sem no entanto, deixar de ser um montanhista e um explorador, para tirar bom proveito da missão – que consta primeiramente, da subida ao Alto do Lombo, para abarcar quanta paisagem possa, e não se deixar confundir com miragens. Então, para manter o discernimento há que cuidar de se alimentar! Para isso, basta consumir alimentos leves e energéticos. E uma dose de Sarapatel vinha mesmo a calhar, pois é de digestão pacífica. Bom, voltando ao andamento – após a descida da elevação atrás nomeada, o viajante deve caminhar com passo estudado, porque o chão que irá pisando pode ser o caminho (medieval) que serviu peregrinos, e na mesma o levará a minas que romanos escavaram. Minas que têm nomes e lendas, tecidas em redor de serpentes guardiãs! Enigma que durante séculos animou serões conversados, e regalados em frente de lareiras com fogo estaladiço e com cheiro a enchidos. Esta lenda, também o viajante vai querer ouvir narrar, pelo contador de histórias e fábulas, que sempre aparece. Se o ouvinte ficar a pedir mais…só tem que meter pés ao carreiro ou rodas à estrada e ir depressa devagarinho, ao encontro de outro povoado, para provavelmente escutar versão diferente e novos enredos! O que só poderá acontecer quando chegar à elegante e empreendedora freguesia de Lanheses. Lanheses nem sempre foi freguesia! Em tempos do século XIX tivera o estatuto de Vila e pelos vistos bem fidalga! Como atesta o magnífico palácio ou Casa do Paço, que deslumbrantes e artísticos jardins tem e cujos Senhores desta Casa, tinham posição próxima do Monarca. Por isso não é de estranhar, que um dos referidos fidalgos tenha desempenhado funções de 1º Ministro do Rei João V. Nessa época, o nome desta povoação era composto por Santa Eulália de Lanheses. Ora, perante estes e outros pergaminhos, o viajante (se ainda tem a companhia do sol) não pode arrumar já a mochila. Antes, aventure-se a descobrir o local onde se localiza uma capela exteriormente magnífica, de nome Capela do Senhor do Cruzeiro e das Necessidades. O seu estilo artístico e formato não se descrevem aqui. Só sei que a mesma, é uma imitação duma outra, existente numa localidade a norte da cidade. Ou seja, a Capela em questão tem uma irmã gémea, meia dúzia de anos mais velha e existe a vinte km de distância. Quanto ao local onde está erigido o monumento inspirador da arte e da forma – será actividade a enfrentar para a próxima demanda. Necessitando o viajante de se aplicar com engenho de investigador, pois terá canseira abundante! Porque, todos os grãos de informação que a mente obtém têm que passar primeiro pela peneira dos sentidos.
José Saramago está “vivo”!
“Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia”
Esta frase do "Memorial do Convento" estará inscrita em pedra de Pero Pinheiro, no Campo das Cebolas, onde José Saramago repousará, após remodelação no local, em frente à Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago, à sombra de uma oliveira centenária que será transplantada da sua aldeia natal, Azinhaga, para Lisboa, segundo informação da Fundação. Nesse local, um banco de jardim possibilitará que os seus amigos leiam fragmentos da sua obra ou observem a paisagem que o Escritor teria da sua janela. José Saramago está em Lisboa, nos seus livros, mas, sobretudo, nos nossos corações. Também assim, pretenderá a Fundação atrair visitantes e manter viva a obra do Homem. José Saramago nasceu a 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga, Golegã, e faleceu a 18 de Junho de 2010 aos 87 anos, em Tías, na ilha espanhola de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, Província de Las Palmas, onde residia com Pilar del Rio sua companheira e tal como o nome indica e Saramago assumia-a como um pilar na sua vida. Saramago foi um escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português, e para além do conjunto e qualidade da sua obra, foi premiado em 1995 com o Prémio Camões, e em 1998 a Academia Sueca atribuiu-lhe o Prémio Nobel da Literatura. É inevitável uma referência nestas páginas ao desaparecimento físico deste intelectual, que para além da controvérsia que suscitava na abordagem de alguns temas, e pelo tipo de escrita, ficará na memória e no coração dos portugueses como um humanista inconformado e justo. Mas, ao nos associarmos à homenagem realizada, a primeira ideia foi publicar um texto do homenageado,
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sendo difícil escolher um poema ou parte de texto necessariamente curto para este espaço, dada a qualidade da sua obra. Então, pela importância e representatividade institucional, transcrevemos em seguida o discurso da Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, na cerimónia de homenagem a José Saramago, que antecedeu o seu funeral.
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Sr. Primeiro-Ministro Senhores membros do Governo Sr. Presidente da Câmara de Lisboa Sra. Vice-Presidente do Governo de Espanha Ilustres individualidades presentes Caras Pilar Del Rio, Violante Saramago, e seus filhos, Senhoras e Senhores, Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra, um soldado maneta, uma mulher que tinha poderes, e um padre que queria voar numa Passarola e que morreu doido; Era uma vez Jesus, que disse a Maria Magdalena - “quero estar onde a minha sombra estiver, se lá é que estiverem os teus olhos”; Era uma vez um cão que lambeu as lágrimas a uma mulher desesperada num mundo de cegos, desejando também cegar para ser poupada aos horrores que a vista lhe trazia; Era uma vez a morte, que tinha um plano e que o cumpriu – abraçou-se ao homem sem que ele compreendesse o que lhe estava a suceder, e ela, a morte, que nunca dormia, deixou descair suavemente as pálpebras enquanto adormecia; no dia seguinte, ninguém morreu; Era uma vez um homem, que quando morreu, partiram 2 pessoas: saiu ele, de mão dada com a criança que foi – tal como o próprio José Saramago previu, nas suas próprias palavras. Era uma vez e tantas outras vezes, o respeito à terra e aos homens, a luta contra as injustiças, a defesa dos direitos humanos, a denúncia contra a guerra do Iraque ou contra a ocupação palestiniana, as causas dos Sem Terra, do movimento anti-globalizante, da preservação do ambiente, ou do anticlericalismo desassombrado. Estas e tantas outras, foram as histórias com que o ateu místico, religioso laico, interrogador de Deus e dos homens, José Saramago, “comunista hormonal” nas suas palavras, questionou Portugal e o mundo incessantemente, directa ou metaforicamente. A liberdade do pensamento define o criador: Saramago foi voz lúcida, inconformada, firme, insubmissa na luta contra a desigualdade entre os homens – esta sim “a verdadeira miséria”, dizia. Parte da imensa receptividade que as suas obras têm merecido em todo o mundo, e que a atribuição do Nobel cimentou e glorificou, deve-se a esse carácter humanista, à esperança que a sua obra impõe ao Homem. Recebeu o Prémio Nobel da Literatura «...pela sua capacidade de tornar compreensível uma realidade fugidia, com parábolas sustentadas pela imaginação, pela compaixão e pela ironia», segundo a Academia Sueca. Fiel ao seu compromisso com a consciência, usou a escrita
para uma reflexão sobre as grandes causas da humanidade, edificando uma obra coerente, ousada, sólida, moldada pela ética, visando, sempre, a dignificação do Homem. E fê-lo por vezes subvertendo normas - quer de narrativa (o seu estilo é inconfundível, nas suas frases longas e de pontuação singular), quer enfrentando dogmas - não tinha fé em Deus (mas certamente Deus teve fé nele). Para ele a escrita, enquanto forma de expressão do pensamento e de intervenção intelectual, foi instrumento, foi arma, foi agente provocador e plataforma de interrogação permanente do indivíduo e da sociedade. Com a sua actividade cívica aliada à criação literária, cumpriu aquilo que é mais caro aos criadores e aos artistas – conseguiu com a sua obra fazer pensar os destinatários, perturbar os conformados, incomodar as consciências e aguçar a lucidez. Deixa a Fundação José Saramago, à qual se dedicará a companheira e musa da sua vida, Pilar Del Rio, força inabalável que foi determinante na sua alma e na sua obra, a quem também prestamos aqui homenagem. Fundação José Saramago que assume, entre os seus objectivos principais, a defesa e a divulgação da literatura contemporânea, a defesa e a exigência de cumprimento da Carta dos Direitos Humanos e o cuidado do meio ambiente. Enquanto escritor português, José Saramago deu um incontestável contributo para a afirmação e difusão da Língua Portuguesa, para a divulgação da Literatura Portuguesa e para a união do mundo lusófono. Embaixador da cultura portuguesa no mundo, a influência da sua obra estendeu-se a um amplo espectro de outras expressões artísticas - na ópera, no cinema, nas artes visuais, sublinhando a universalidade da sua linguagem. A Literatura Portuguesa, as Literaturas em Português, com Saramago, adquiriram ressonância internacional e prestígio global, pela universalidade das questões que o Escritor agarra e reflecte com tenacidade e vigor, e pelo génio sísmico com que as dá a ler, a pensar, através da sua escrita. Portugal homenageia hoje o homem, simples, sensível e corajoso; Portugal celebra em Saramago, a sua humanidade, grandeza e universalidade; Portugal orgulha-se do Escritor e engrandece-se com a sua obra, poliédrica, ímpar e seminal. Portugal agradece, sentida e sinceramente, o encontro mágico de Saramago com a Literatura, e o lugar único e perene que José Saramago ocupará para sempre na Literatura e na Cultura do mundo. Como escreveu ontem um amigo a Pilar, - Não há palavras. Saramago levou-as todas… Obrigado José Saramago.
Concluímos tal como no início, com palavras do homenageado que perdurarão na nossa leitura, no caso um poema.
POEMA A BOCA FECHADA Não direi: Que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado estou, calado ficarei Pois que a língua que falo é doutra raça. Palavras consumidas se acumulam Se represam, cisterna de águas mortas, Ácidas mágoas em limos transformadas, Vasa de fundo em que há raízes tortas. Não direi: Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, Palavras que não digam quanto sei Neste retiro em que me não conhecem. Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, Nem só animais bóiam, mortos, medos, Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam No negro poço de onde sobem dedos. Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quanto me calei, Não poderá morrer sem dizer tudo.
Os Poemas Possíveis, 2ª edição, Editorial Caminho, Lisboa, 1982
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