BANCO DE ENSÁIO
UM NOVO
PARA O
TEXTO E IMAGENS António Xavier
SURFCASTING
N
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PARADIGMA
A escolha de uma cana de surfcasting é cada vez mais difícil. Cada modelo possui características próprias que é necessário saber avaliar. A quantidade de factores técnicos que devemos considerar são muitos.
os últimos anos esta modalidade de pesca tem conhecido um desenvolvimento técnico verdadeiramente extraordinário. As canas são cada vez mais leves, mais potentes e mais sensíveis ao toque dos peixes. Os iscos utilizados e a técnica para os iscar também não parou de evoluir, as linhas, os carretos, enfim de um modo geral toda a panóplia de utensílios utilizados nesta pesca tem conhecido uma evolução
um diâmetro considerável. Para lançamentos violentos e com canas bastante “fortes”, fios com menos que 0.45 mm de diâmetro correm o risco de ruptura ao segundo ou terceiro lançamento. Para além disso as chumbadas a utilizar para fazer trabalhar as canas não podem ser muito inferiores a 150 grs. o que dificulta ainda mais a possibilidade de reduzir o diâmetro do fio de choque ou das baixadas. No entanto, há muitas situações em que a utilização de linhas
rabólica ou mesmo parabólica. Bom, comecemos pelo princípio, quais as características que devemos tomar em atenção ao comprar uma cana de surfcasting? A escolha de uma cana de surfcasting é cada vez mais difícil. Cada modelo possui características próprias que é necessário saber avaliar. A quantidade de factores técnicos que devemos considerar são muitos, mas entre eles devemos destacar alguns que nos parecem mais importantes:
desconfiar de uma cana muito leve e barata, pois, normalmente, a quantidade de carbono que as constitui é muito pouca, apresentando paredes muito finas, o que lhes diminui drasticamente a resistência. É difícil associar ligeireza e robustez. Apenas as canas de topo de gama conseguem reunir estas qualidades que são bem evidentes no preço. - Resistência; a resistência dos materiais que constituem a cana é fundamental. Simplificando
digma para a pesca desportiva na modalidade surfcasting e passo a explicar porquê.
espantosa. Podemos dizer que os pescadores de surfcasting mais conceituados são os melhores lançadores, e que para isso possuem canas de grande capacidade de lançamento, muito rijas no primeiro e segundo elemento e com o terceiro elemento hibrido, com uma ponteira “enxertada” muito sensível, mas que não retira á cana no seu todo, capacidade de lançamento. As canas mais procuradas têm sido as de acção muito forte, progressiva ou acção tipo A (normalmente dita de ponteira). Para pescar com estas canas e arremessar a chumbada a grandes distâncias é necessário a utilização de um fio forte, resistente ao choque e de certa forma com
mais finas no fio de choque e nas madres se torna indispensável para obter bons resultados. Por exemplo quando o mar está calmo sem vento, ou quando existe uma ligeira corrente paralela à linha de costa e as águas estão muito “abertas”. Assim coloca-se uma nova questão ao pescador desta modalidade: como chegar longe ou mesmo muito longe em dias de mar calmo, com linhas mais finas (por exemplo 0.35mm)? A resposta estará certamente na cana a utilizar e na técnica de lançamento. A cana terá que ter forçosamente uma acção mais distribuída por todos os elementos. Aquilo a que normalmente chama-mos de acção semi-pa-
- Capacidade de lançamento; aqui devemos ter em atenção não só o peso que a cana pode arremessar mas também a acção (progressiva, ponteira, semi-parabólica, etc.) e as técnicas de lançamento que queremos executar. - Preservação dos iscos no lançamento; se privilegiarmos uma pesca com iscos frágeis ou vivos teremos que eleger uma cana macia. A execução dos lançamentos é limitada e amortecida por uma acção parabólica, embora certas canas possam combinar qualidades de lançamento e utilização de iscos frágeis. - Equilíbrio, peso, porta-carretos, passadores e acabamentos; nem sempre uma cana muito leve é uma boa cana. Devemos sempre
podemos dizer que os carbonos de Alta Resistência, embora resistentes, são muito pesados e menos nervosos que os carbonos de Alto Módulo que são leves, nervosos mas mais frágeis. O nível de resistência do carbono determina-se da seguinte forma: Alta Resistência – 24 T a 30 T Alto Módulo - 40 T a 80 T Quanto mais elevado é o valor, mais nervoso, rijo, leve e caro é o carbono. Esta pequena reflexão serve para vos apresentar uma nova cana da Vega que temos vindo a testar há algum tempo e que nos tem surpreendido e até “ensinado” a ver o surfcasting de outra maneira. A Potenza Supercore 2337 representa um novo para-
utilizando na sua construção elementos de dimensões reduzidíssimas, resultando dai ligas mais flexíveis e resistentes. A Vega ao introduzir no mercado Nacional canas que utilizam esta tecnologia permite-nos conhecer novas possibilidades de encarar esta modalidade de pesca. Assim, nos seus lançamentos esta cana mostra-se muito flexível mas surpreendentemente rápida na sua resposta ao esforço, permitindo utilizar chumbadas muito leves linhas relativamente finas e utilizar iscos frágeis mantendo a sua apresentação na água em boas condições (apenas testámos o modelo 4,50 metros).
Características da cana Apresenta-se em dois tamanhos 4,25m e 4,50m, construída em Nanoflex Hi-Modulus Carbon. A nanotecnologia é utilizada em muitos ramos da indústria desde a acústica até à construção civil. No fundo esta tecnologia permite para as canas de pesca, produzir carbono muito flexível e simultaneamente muito robusto,
BANCO DE ENSÁIO
Ø 10mm
Ø 2mm
Ponteira Ø 15,2mm
Ø 10mm
2ª Secção Ø 20mm
Ø 20mm
1ª Secção
O primeiro elemento apresenta um porta-carretos Fuji, de rosca, invertido a uma distância de 76 cm da extremidade do cabo. A espessura do primeiro elemento é de 20 mm, o que permite uma pega firme na cana e, por isso, melhor manuseamento para lançar. O encaixe dos elementos é do tipo clássico e o primeiro e segundo elementos apresentam-se reforçados no encaixe com uma anilha metálica. O segundo elemento apresenta um passador série K da Fuji em Alconite a uma distância de 158 cm do porta carretos. A distância do 1º passador ao porta-carretos é de importância capital para uma boa saída de fio. Não deve ser nem demasiado
curta nem demasiado longa. A disposição dos passadores na cana deve depender do seu tipo de acção e do seu tamanho. Quanto mais rijos forem o primeiro e segundo elementos mais distante pode estar o primeiro passador, permitindo melhor saída de fio. Se a cana for parabólica ou semi-parabólica, o primeiro passador tem que estar mais perto do porta-carretos, para que a linha não bata na cana em acção de lançamento. Há ainda que considerar o tamanho da cana: canas maiores necessitam dos passadores distribuídos por toda a cana, enquanto nas canas curtas (3.60m a 4.20m) os passadores podem con-
centrar-se mais perto da ponteira. Cada caso é um caso, consoante a conjugação destes factores. Neste teste como estamos perante uma cana de acção progressiva ligeira, parece-nos uma colocação óptima. Nas várias sessões de ensaio da cana o fio sempre teve um comportamento impecável a passar pelos passadores, mesmo em situações de muito vento tanto lateral como frontal. O segundo elemento apresenta um diâmetro do talão de 15,2 mm
2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO
no encaixe com o primeiro elemento e de 12,5 mm no encaixe com a ponteira. A ponteira apresenta 7 passadores Fuji Alconite incluindo a ponteira, com uma distribuição equilibrada que permite um aproveitamento
máximo das capacidades da cana em acção de lançamento. A sua espessura no encaixe com o segundo elemento é de 10 mm e na extremidade da ponteira é de 2mm, apresentando uma maior conicidade neste ultimo elemento, o que lhe confere muito mais sensibilidade aos toques em acção de pesca, referir ainda a sua ponteira hibrida, com um acabamento perfeito, que lhe confere ainda mais sensibilidade. Vejamos agora como se comportou em acção de lançamento. Utilizámos duas técnicas, lançamento rotativo (“of the ground”) e o lançamento por detrás da cabeça (side cast). Em ambas as técnicas a resposta desta cana foi muito positiva conseguindo lançamentos
sempre acima dos +/-160 metros chegando algumas vezes aos +/-180 metros. No lançamento rotativo os melhores lançamentos realizaram-se com chumbadas
ta um primeiro elemento cilíndrico muito rijo (é a “alma” dos lançamentos mais violentos), o segundo elemento ligeiramente cónico, apenas uma diferença de 2,5 mm entre a base e o topo do elemento, o terceiro elemento com uma conicidade mais pronunciada 8 mm de amplitude, o que confere a este elemento grande sensibilidade e rapidez de resposta quando obrigada a esforços violentos. Isto quer dizer que em acção de lançamento esta cana tem uma acção/reacção muito rápida embora seja muito pouco cónica no primeiro e segundo elemento.
de 100 a 135 grs, no lançamento “side cast” os melhores resultados situaram-se entre as 130 grs e as 150 grs. Os maiores lançamentos foram conseguidos com chumbadas de 120 grs. Apresentamos de seguida um quadro resumo das características da Potenza Supercore: TAMANHO - 4,50 m; Ø 1º PASSADOR - 25 mm; Ø da ponteira - 6 mm; N.º de passadores - 8; Distância 1º passador ao porta-carretos - 158 cm; Distância do porta-carretos ao cabo - 76 cm; Ø do 1º elemento - 20 mm; Tipo de Passadores - Fuji K Alconite. Como podemos verificar no esquema representado acima, a Potenza Supercore apresen-
Concluindo, a Potenza Supercore é a minha cana para surfcasting ligeiro/médio a grandes distâncias, permite colocar a mais de 150 metros três anzóis com iscadas frágeis e fios sensíveis. Será a minha cana de eleição para as douradas, quando elas estiverem muito “finas”, ou para todas as pescas difíceis e a distâncias consideráveis quando estiver em competição. Exige muito treino para se chegar a lançamentos longos, pois os seus tempos de resposta, embora rápidos, não o são tanto como nas canas mais rijas. Tem como grande vantagem a preservação dos iscos durante o lançamento e a possibilidade de pescar com fios de diâmetros inferiores sem perigo de ruptura.
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