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Associação Avícola de Pernambuco faz balanço de suas ações durante o

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Matérias-primas

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Associação Avícola de Pernambuco faz balanço de suas ações durante o ano de 2020 e projeta 2021

A avicultura colabora com o crescimento do PIB no estado de Pernambuco

Oestado de Pernambuco está entre os estados brasileiros com o maior número de produção de aves e ovos do país, sendo o maior do nordeste. Ao todo são mais de 1.500 produtores. Atualmente são mais de 17 milhões de aves de postura (02 milhões deem recria e 15 milhões em produção e 14 milhões de aves de corte por mês).

Para promover e organizar do setor, existe a Associação Avícola de Pernambuco – AVIPE. A associação oferece aos seus associados uma estrutura diferenciada e serviços, sempre pronta para atender as demandas dos avicultores do estado.

A AVIPE é associada e caminha com a Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA e, ao Instituto Ovos Brasil. As duas principais instituições que atuam a nível nacional e internacional, promovendo, articulando, realizando um forte trabalho para o setor de proteína animal no país. O Ricardo Santin (presidente da ABPA e do IOB) e a Tabatha Lacerda (diretora administrativa do IOB), são pessoas dedicadas à nossa causa e agradecemos sempre, toda a dedicação.

Sempre sob o comando da ABPA, a AVIPE participa de reuniões em Brasília, apresentando pautas que contribuem para o desenvolvimento do setor.

Algumas das demandas que foram discutidas durante as reuniões: – Revisão da Portaria n.º 01/1990 (portaria de ovos); – Fiscalização (aprimoramento da verticalização);

– Restruturação da CONAB (criação de estoque regulador; ampliação de volume na venda de milho/balcão); – Retomada dos leilões de estoque de milho; – Demanda do setor avícola nos ministérios da economia e fazenda: isenção de PIS e COFINS na importação de milho por produtores rurais (P.F); – Inclusão do ovo na cesta básica (com a reforma tributária, os produtos integrantes da cesta básica terão tratamento tributário diferenciado).

Promoção do Alimento Ovo

Em 2020, a AVIPE realizou ações de promoção do alimento ovo, através de investimento feito por associados do setor de avicultura de postura. As campanhas foram desenvolvidas pela Avesso Comunicação e Marketing, indo ao ar em emissoras de rádio e televisão, e ações na internet. Devido ao trabalho de investimento em mídia para promover o consumo de ovos, o consumo per capta do alimento em chega as 300 unidades, um marco histórico, ultrapassando a média nacional que é de 250 unidades per capta.

O trabalho de promoção ao consumo do ovo sempre está alinhado aos conteúdos produzidos pelo Instituto Ovos Brasil, que é referência quando o assunto é ovo.

Avicultura colabora com o crescimento do PIB no estado de Pernambuco

Atualmente são mais de 17 milhões de aves de postura (02 milhões deem recria e 15 milhões em produção e 14 milhões de aves de corte por mês).

A Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – Condepe/Fidem, divulgou nesta sexta-feira (19), os dados do Produto Interno Bruto de Pernambuco (PIB-PE) do 1º trimestre de 2020. Segundo a entidade, a preços de mercado houve um crescimento de 0,8% em relação a igual período em 2019.

Dados – Na comparação do primeiro trimestre de 2020 com o primeiro trimestre de 2019, o Setor Agropecuário apresentou variação de 0,4%. A Pecuária cresceu (3,9%), com destaque para o aumento na produção de ovos e da avicultura, suinocultura e bovinocultura de corte. Houve redução nos números de dois segmentos agrícolas no período: as lavouras permanentes (-19,5) e as lavouras temporárias (-18,0%).

Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA, em seu relatório anual, o estado de Pernambuco tem 7,29% do plantel da produção de aves de postura do Brasil. Ficando em quarto lugar na produção nacional em postura.

Já no frango de corte, tem 1,10% do plantel de aves nacional. Ficando em sétimo no ranking nacional.

Em Pernambuco a avicultura emprega mais de 150 mil pessoas, é emprego e renda gerado para milhares de famílias. Além de levar alimentos de qualidade e que fazem bem a saúde das pessoas.

Articulação

O trabalho de articulação com instituições governamentais e privadas, existe. Sempre com o intuito de trazer benefícios e solucionar possíveis problemas e dificuldades do setor. O Governo do Estado de Pernambuco, através do governador Paulo Câmara e do Nilton Mota (atual presidente da Perpart) que são grandes incentivadores e apoiam o setor. A AVIPE também conta com o apoio das Secretarias de Desenvolvimento Agrário, Dilson Peixoto e Desenvolvimento Econômico,(ex-secretário Bruno Schwambach), da Agência de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – AD Diper Roberto Abreu, Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Per-

nambuco – ADAGRO, Paulo Lima, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da superintendência regional, Carlos Ramalho e do Deputado Federal Augusto Coutinho, dando todo o suporte necessário em Brasília.

Câmara Setorial de Avicultura

Outra vitória para a avicultura de Pernambuco foi a criação da Câmara Setorial de Avicultura, idealizada pela AD Diper, reunindo produtores, diversos setores dos governos estadual e federal, universidades, bancos públicos e privados, entre outros órgãos que compõe o setor ou que podem colaborar com o melhoramento e desenvolvimento da avicultura no estado. Instituições que integram a câmara setorial: representantes da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de PE (Adagro); da Universidade Federal Rural de Pernambuco; da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH); da Secretaria da Fazenda; do Banco do Nordeste; da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa); da Associação Avícola de Pernambuco (Avipe); do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); da Cooperativa dos Avicultores de São Bento do Una e da Cooperativa de Pecuaristas e Agricultores do Vale de São Francisco (Coopavasf).

Setor de Frango de Corte

Reuniões de articulação com os associados do setor de frango de corte também ocorreram durante o ano. Um trabalho que merece destaque, foi o de articulação entre os governos dos estados de Alagoas e Pernambuco, com o objetivo de construir um entendimento entre os estados para a comercialização do frango.

Projeto Grãos de Pernambuco

Outro marco histórico foi criação e lançamento da pedra fundamental do projeto Grãos Pernambuco, trazendo uma grande oportunidade de novos negócios para a agricultura do estado.

Devido à crise vivenciada no setor de grãos no Brasil fez com que a AVIPE passasse a ter um olhar mais regional, analisando as regiões com solo e topografia adequadas para a possibilidade de plantar milho e sorgo, e até mesmo a soja. O projeto está sendo desenvolvido pela AVIPE — Associação Avícola de Pernambuco, com o apoio da Sec. Estadual de Des. Econômico de Pernambuco, AD Diper, MAPA, Governo do Estado de Pernambuco e Banco do Nordeste e Banco do Brasil.

Para o atual presidente da AVIPE, Giulliano Malta, 2020 foi um ano cheio de adversidades. A avicultura de Pernambuco conseguiu manter a produção de aves e ovos, garantindo alimentos com qualidade e segurança para os consumidores.

Um grave problema são os custos elevados para a produção – soja e milho, os dois principais componentes da ração tiveram aumentos exorbitantes.

Finalizamos 2020 com um saldo positivo com relação às ações promovidas pela AVIPE. Como já apresentando aqui, a AVIPE trabalhou dobrado, buscando sempre atender e solucionar todas as demandas existentes.

Em 2021 continuemos de mãos dadas enfrentando todas as adversidades.

O trabalho de articulação com instituições governamentais e privadas, existe. Sempre com o intuito de trazer benefícios e solucionar possíveis problemas e dificuldades do setor

A Avipe em 2021

O estado de Pernambuco está entre os estados brasileiros com o maior número de produção de aves e ovos do país, sendo o maior do nordeste. Ao todo são mais de 1.500 produtores. Atualmente são mais de 17 milhões de aves de postura (02 milhões deem recria e 15 milhões em produção e 14 milhões de aves de corte por mês).

Para a AVIPE – Associação Avícola de Pernambuco, o setor avícola continuará colaborando com o crescimento do PIB do estado de Pernambuco. Segundo dados divulgados ano a ano pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – Condepe/Fidem, colabora em média 0,10% ao ano.

O ano de 2021 continuará sendo um ano cheio de adversidades e desafios. A avicultura de Pernambuco conseguirá manter a produção de aves e ovos, garantindo alimentos com qualidade e segurança para os consumidores.

Um grave problema que ainda assola o estado, são os custos elevados para a produção – soja e milho, os dois principais componentes da ração tiveram aumentos exorbitantes.

Devido à crise vivenciada no setor de grãos, fez com que a AVIPE passasse a ter um olhar mais regional criando o projeto Grãos Pernambuco, que fez a analise de regiões com solo e topografia adequadas para a possibilidade de plantar milho e sorgo, e até mesmo a soja. O projeto está sendo desenvolvido pela AVIPE — Associação Avícola de Pernambuco, com o apoio da Sec. Estadual de Des. Econômico de Pernambuco, AD Diper, MAPA, Governo do Estado de Pernambuco e Banco do Nordeste e Banco do Brasil.

Vamos continuar trabalhando, unidos com todos os avicultores do nosso estado e também de todo o país.

Cooperação integrada auxilia a agropecuária brasileira

A reboque da interligada globalização comercial, nossa agropecuária, justamente reconhecida como “de mercado”, contou com a indispensável retaguarda do Ministério da Agricultura

Por Ariovaldo Zani Presidente do CBNA e CEO do Sindirações

Oremédio administrado pelas interfaces da cadeia produtiva agropecuária brasileira teve como principal elemento de composição a cooperação integrada, na dose que preveniu quaisquer interrupções no trânsito dos insumos e dos alimentos, assegurou distribuição e abastecimento aos mais vulneráveis, preservou a renda dos produtores rurais e permitiu a continuidade das cadeias produtivas que mantiveram empregos e prosseguiram contribuindo com tributos que viabilizaram as políticas de saúde pública. O efeito foi capaz de estimular uma ampla e inédita abertura comercial e contribuiu para arrefecer qualquer caótico impulso do eventual protecionismo populista ultraconservador. Caso contrário, a convalescência seria dolorosa e a eventual cura, acompanhada das piores sequelas, à exemplo da crise alimentar de 2008, quando o impedimento no comércio global privou milhões de consumidores. O Brasil continuou ocupando o pódio do protagonismo nesse planeta com comida suficiente para satisfação da humanidade, embora as adversidades globais de caráter estruturante (logística de distribuição regional, sistema geopolítico e sócio econômico de cada país) e conjuntural (autoritarismo exacerbado, corrupção generalizada, subsídios que premiam a ineficiência) continuaram atribuindo o DNA da insegurança alimentar à quase um bilhão de pessoas.

A reboque da interligada globalização comercial, nossa agropecuária, justamente reconhecida como “de mercado”, contou com a indispensável retaguarda do Ministério da Agricultura, cuja primazia abonou oficialmente o cumprimento dos acordos firmados e, em consequência contribuiu decisivamente para a satisfação e encantamento dos tradicionais compradores. Essa invejável disposição voltada à pavimentação da imagem de um celeiro para abastecimento confiável (reconhecido por uma agropecuária fundamentada na SUSTENTABILIDADE/preservação do meio ambiente, SANIDADE/biosseguridade dos rebanhos e granjas, e SAÚDE do consumidor/rastreabilidade dos produtos) apesar de compulsória, traduziu grande vantagem para esse Brasil exportador, em consonância com o vindouro pacote de atributos exigidos na pós-crise, principalmente por tantos outros potenciais clientes de interesse. Importante salientar também que a competitiva agropecuária verde-amarela acertou ao mirar com atenção a Ásia, pois percebeu que a conjuntura contemporânea vai deslocando seu eixo para um novo ordenamento demográfico e econômico, centrado naquela região, sobretudo por conta da trivial preocupação com a segurança alimentar, porém exponencialmente amplificada a partir da aleatória Covid-19.

É consenso que a pandemia de COVID-19 continuará afetando profundamente inúmeras atividades econômicas (aviação comercial e turismo, automobilística e construção civil, varejo e serviços, etc.) por conta da capacidade do SARS-CoV-2 se espalhar tão rapidamente e da sua letalidade determinar compulsória quarentena e indistinto isolamento social. Apesar do status aparentemente refratário da cadeia agropecuária, vários sinais continuarão exigindo a mais apropriada terapia de mitigação do fenômeno que compromete indistintamente os fundamentos da oferta (parada por afastamento dos colaboradores contaminados, etc.) e da demanda (fechamento de bares e restaurantes, etc.) dos alimentos por aqui e mundo afora. A lição que ficou é que a pandemia da COVID-19 asseverou que o ativo mais importante do setor é a pessoa humana, fato comprovado pela mobilização coletiva dos empreendedores, que não economizaram esforços na elaboração e implementação imediata de protocolos específicos para prevenção da exposição e contágio, na aquisição de EPIs, na orientação profissional aos colaboradores e suporte à saúde e tratamento das respectivas famílias.

Há praticamente um ano (janeiro/20) em Davos, o idealizador do Fórum Econômico Global, Klaus Schwab, ranqueou o pagamento justo de impostos e o estímulo à qualificação dos empregados; a tolerância zero com a corrupção e a remuneração responsável dos executivos; o uso ético das informações privadas na era digital e a vigilância dos direitos humanos em toda a cadeia de fornecedores; e finalmente a PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE, como as mais importantes premissas do tradicional Manifesto, atualizado de acordo com os principais riscos, desafios e oportunidades que modulam o propósito universal das empresas locais ou transacionais. A comunidade internacional já esperava que a MUDANÇA CLIMÁTICA fosse ranqueada como um dos fatores de maior risco para a estabilidade econômica do planeta, superando a influência das migrações, das guerras nucleares e até mesmo do colapso da internet. Tamanha a importância e preocupação com a emissão dos gases e seu potencial de aquecimento, que aquele encontro na Suíça, reservou duas vezes mais sessões relacionadas à preservação ambiental do que sobre o incremento macroeconômico. Contrariando a crítica de que a elite empresarial vive desconectada do mundo real e prega mais virtudes do que de fato pratica, o agronegócio brasileiro, e sobretudo, os empreendedores da alimentação animal vem exercitando a nutrição responsável e contribuindo com o meio ambiente desde o final do século passado, através de práticas cujos resultados científicos aplicados à campo, compuseram o trabalho intitulado “Environmental impact of using Specialty feed ingredients in A competitiva agropecuária verdeamarela acertou ao mirar com atenção a Ásia, pois percebeu que a conjuntura contemporânea vai deslocando seu eixo para um novo ordenamento demográfico e econômico, centrado naquela região, sobretudo por conta da trivial preocupação com a segurança alimentar, porém exponencialmente amplificada a partir da aleatória Covid-19

swine and poultry Production: A life cycle assessment”, publicado no Journal of Animal Science, 2016.94:26642681. Em continuidade e mais recentemente, o Sindirações convenceu outras interfaces brasileiras da cadeia de produção animal aprimorar ferramentas para Análise do Ciclo de Vida/ ACV do milho, da soja e do farelo, à exemplo da iniciativa do Global Feed Lifecycle Assessment Institute/GLFI, com modelagem alinhada àquela da Livestock Environmental Assessment and Performance Partnership/LEAP. Vale lembrar que esse referido consórcio é financiado pelas associações das indústrias produtoras de alimentação animal da União Europeia, dos Estados Unidos e do Canadá, conta com representante da International Feed Industry Association/IFIF (da qual o Sindirações é filiado), além de observador da FAO/ONU.

A identificação, por parte do Sindirações, dos pressupostos empregados pelo GFLI e a observação atenta dos mais de mil inventários dos principais ingredientes usados nas rações na Europa e nos Estados Unidos (incluídos também alguns cultivados no Brasil), permitirá revelar as possíveis inconsistências métricas e justificar as necessárias correções, sem as quais, não será possível firmar justa e equilibrada comparação dos insumos brasileiros e as particularidades dos processos produtivos aplicados em nosso território nacional. Outra constatação apontou flagrantemente para o dilatado tempo de amortização (horizonte temporal dos últimos vinte anos), referente ao tempo de mudança de uso da terra (Land Use Change/LUC), que proposital ou coincidentemente, prejudica sobremaneira os países em desenvolvimento e de fronteira agrícola ainda em expansão (no caso, o Brasil) quando comparados àqueles desenvolvidos (Estados Unidos, por exemplo). A recente cooperação firmada, que se estende do “campo à mesa” (APROSOJA, ABIOVE, SINDIRAÇÕES e ABPA, respectivamente), sustentada pela inquestionável competência técnica da Embrapa Meio Ambiente e da Embrapa Pecuária Sudeste, tem permitido desmistificar a injusta imagem de um superlativo Brasil poluidor e servido de apoio ao continuado avanço das nossas exportações agropecuárias. Essa parceria público-privada revelou-se robusta, convergente e notadamente oportuna, principalmente frente à mais nova investida europeia, calcada na neutralidade nas emissões de carbono, além da compulsória taxação dos produtos externos que não respeitarem as mesmas exigências climáticas daquele bloco, ou seja, não emitir mais gases do efeito estufa do que são capazes de produzir. Ademais, o setor não pode ignorar o crescente interesse dos investidores que tem direcionado ativos ou fundos àquelas empresas alinhadas aos princípios “ESG/Environment, Social, Governance”, com prioridade aos aspectos de sustentabilidade, sociais e de governança, sobrepujando inclusive aqueles tradicionais indicadores econômicos e financeiros. Por preservar quase 70% das suas florestas e já alimentar 25% da população global, a agropecuária brasileira tem ocupado o protagonismo na agenda ambiental mundial, e por conta de interesses distintos, sofre a escalada de injustas acusações por parte dos ativistas radicais que teimam desdenhar da ciência e dos dados.

Num horizonte temporal de curto prazo, apesar da possível diminuição do ritmo da cadeia produtiva de proteína animal por conta do ambiente doméstico vigente que espelha um ciclo vicioso, torcemos para que a novíssima janela de exportações possa compensar em parte o retrocesso. O cenário macroeconômico estagnado, de precarização do emprego e com redução da renda das famílias se retroalimentam e apesar de não intencionais, continuam desafiando a confiança e comprometendo as prioridades e hábitos dos consumidores. O recrudescimento da pandemia da COVID-19, a descontinuidade do auxílio emergencial e o aumento dos impostos (ICMS em SP) antecipam um futuro de maior incerteza, onde é compulsoriamente desejável maior equilíbrio, discernimento e generosidade das interfaces da cadeia agropecuária. É oportuno ressaltar que recrudesce o rali pelos grãos (milho e soja para ração animal e alimentação humana, etanol e biodiesel) e tal cenário determina grande oportunidade para que os empreendedores privados e os agentes públicos se esforcem em dialogar cada vez mais, já que o elevado custo de produção inflado pela desvalorização cambial, invariavelmente continuará influenciando o interesse por alojar e confinar, ou mesmo reter ou abater animais mais precocemente e descartar aqueles menos produtivos, combinações tentativas para contenção das despesas, diante da flagrante corrosão da rentabilidade e em comparação aos preços recebidos pelos produtores que comercializam carnes, ovos e leite, predominante ou exclusivamente no mercado doméstico. Outrossim, embora o risco de desabastecimento inexista, preocupa o patamar de preço praticado, sobretudo do milho, que pode diminuir, em certa medida, a competitividade das exportações das carnes que alcançam os tradicionais destinos internacionais, e até eventualmente esfriar as negociações com quaisquer hipotéticos importadores.

A lição que ficou é que a pandemia da COVID-19 asseverou que o ativo mais importante do setor é a pessoa humana, fato comprovado pela mobilização coletiva dos empreendedores

Perspectivas macroeconômicas para o agronegócio em 2021

O que se tem é um misto de muita incerteza e bastante receio quanto ao que nos espera

Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros

cepea@usp.br

Arespeito das perspectivas macroeconômicas para o Brasil e para o mundo em 2021, o que se tem é um misto de muita incerteza e bastante receio quanto ao que nos espera. É verdade que neste começo de ano começam a se descortinar os caminhos para a superação dos imensos obstáculos para o tão desejado crescimento, ainda que pequeno. Mas, um ano é, muito provavelmente, pouco tempo para a realização dos esforços que essa enorme tarefa demanda.

Há luzes ao final do túnel, mas este túnel é muito longo e pedregoso. O surgimento das vacinas mostra um dos caminhos para eventual controle da pandemia, fulcro da crise que assola terrivelmente o mundo todo. Outro caminho se abre com a eleição, nos Estados Unidos, de um presidente experiente, moderado, negociador, favorável à maior cooperação entre nações. Seu programa econômico, entretanto, um imenso pacote de bondades, mesmo para uma economia tão forte, parece excessivamente ambicioso, com riscos de impactos fiscais e monetários para o país e o mundo, que não devem ser subestimados.

De qualquer forma, é preciso, dar ao mundo e ao Brasil, em particular, tempo suficiente para que a sociedade se articule minimamente para a caminhada em direção à normalização – com previsibilidade e harmonia – das interações sociais, da atividade econômica, dos negócios. Em condições normais, a partir do momento em que esses caminhos se tornam visíveis, a economia – que se baseia essencialmente em expectativas - começa a responder positivamente. No entanto, no momento, no Brasil, falta confiança na capacidade organizacional e operacional dos dirigentes da administração pública brasileira. Sempre há um alto custo socioeconômico – aumentos da inflação, desemprego, pobreza, desigualdade e, porque não dizer, vidas perdidas – inevitável devido a uma pandemia como a atual; ele, porém, é tão maior quanto mais desorganizada a sociedade.

O combate à pandemia que atravanca o crescimento pelos lados da

oferta e da demanda conta agora com existência de vacinas, mas a multiplicação de sua produção – principalmente diante da dependência externa relativa a tecnologia e insumos – e sua aplicação na população em geral são processos demorados. Provavelmente, apenas no final do ano uma proporção relevante terá recebido as doses recomendadas. Antes disso, não será recomendado o encerramento ou mesmo a atenuação das medidas sanitárias.

Do lado da demanda, não há como supor que não sejam tomadas medidas de mitigação da pobreza e de socorro aos lançados para fora do mercado de trabalho – como feito em 2020. Será que desta vez serão mais bem calibradas? Valores excessivos tendem a produzir poupança e não consumo, além de sobreonerarem o orçamento público. Do lado da oferta, o socorro às empresas permanece indispensável, para que se sustentem naquele nível de produção compatível com as restrições sanitárias. De qualquer forma, desarranjos nas cadeias produtivas se repetirão, com correspondentes surtos inflacionários. Em algumas ocasiões, o agronegócio provavelmente vai ser tomado como vilão novamente. As indústrias, de modo geral, seguirão usando sua reserva de oxigênio, muito dependente das condições do mercado interno. Os serviços vão se recuperando aos espasmos, na proporção do afrouxamento ou da desconsideração das regras sanitárias.

Consideradas essas questões, como contar com o controle fiscal, fundamental para abrir as comportas do crescimento sustentável? Mais um ano de contas problemáticas é o que provavelmente nos espera. A ajuda da política monetária (juros baixos) poderá ser mantida? Tudo indica que não nos níveis atuais. Com o processo eleitoral tão antecipado e os choques ideológicos radicalizados, a coordenação entre (e mesmo dentro) do Executivo, Legislativo e Judiciário se complica. Como resultado, dificilmente em 2021 serão delineadas as condições básicas para uma retomada de investimentos, seja com recursos internos ou externos. O câmbio ficará em grande parte, de novo, à mercê dos desarranjos internos, com viés de desvalorização. Atuação contracíclica tempestiva é algo difícil de imaginar.

O Banco Mundial projeta um crescimento mundial de 4% ante 2020, quando retraiu 4,3%. Países emergentes e em desenvolvimento podem crescer neste ano 5%, tendo retraído 2,6% em 2020. Verificadas essas taxas, os países não terão até 2022 reestabelecidas as condições para recuperação do emprego e tampouco de sustentabilidade de suas dívidas. Seguirão de mãos atadas. Recursos terão de vir principalmente da China, que deverá ver a demanda interna praticamente liberada das travas da pandemia e contar com perspectivas favoráveis de exportações, no seu papel de locomotiva e grande supridor de insumos e produtos finais do mundo, em condições tecnológicas invejáveis. Uma retomada de 7,9% no seu PIB está prevista para 2021, depois de um crescimento de 2% no ano passado. Estará em condições de manter em alta suas importações e de investir onde sentir-se benvinda e segura num horizonte de longo prazo.

Entre as economias avançadas, os Estados Unidos rebaterão a queda de 3,6% em 2020 com um avanço de 3,5% neste ano. A Área do Euro, depois do tombo de 7,4%, promete um crescimento de 3,5%. Japão: -5,3% em 2020 seguidos de 2,5% neste ano. Há pouco a esperar dos países ricos exceto nos beneficiarmos de prováveis politicas expansionistas que vierem a adotar. Destaque-se aqui o caso dos Estados Unidos, com a ressalva já feita.

Para o Brasil, projeta-se crescimento de 3% em 2021 após uma queda de 4,5% no ano anterior. Uma taxa acima de 5% seria necessária para trazer o PIB de volta ao patamar (baixo) de 2019. O mesmo vale para a indústria e serviços (ambos com quedas estimadas de 5,3% em 2020). O Ipea projeta crescimento de 5% para indústria e de 3,8% para serviços. Projeta também aumento de 5% para as exportações.

Olhando para o agronegócio, na estimativa do Cepea, o volume do PIB da agroindústria também caiu em torno de 5% em 2020. A agropecuária, em 2020, cresceu 2,2% (em volume) na estimativa do Cepea e 2,3% na estimativa do Ipea. O Ipea trabalha com uma expectativa de crescimento agrícola de 1,5% para 2021. A Conab projeta aumento de produção de grãos de 3,1%, com destaque positivo praticamente só para a soja, com 7,1%. Feijão e arroz estão com previsão de queda de 2,5%. Para o milho, a Companhia prevê estabilidade. Algodão também vem com queda de quase 12%. Fora dos grãos, há queda prevista também para cana e café. Do lado da pecuária, a oferta de bovinos deve permanecer restrita; para aves, o setor espera aumento de 5,5% na produção e para suínos, de 3,5%. Para tomate e batata há otimismo, com recuperação em relação aos anos anteriores.

Com as perspectivas positivas para o crescimento mundial e, muito especialmente, chinês, é projetado aumento ou, pelo menos, sustentação nas exportações de soja e milho, de açúcar, café (os quatro com vendas já antecipadas), algodão, carne bovina, de suínos e de aves. Tem-se pela frente, portanto, um ano com oferta justa tendo em conta as demandas interna e externa. O comércio internacional, que havia regredido 9,5% em 2020, deve, este ano, avançar 5%, segundo o Banco Mundial. De acordo com o FMI, projeções de alta para preços em dólares de produtos agrícolas persistem: alimentos e bebidas podem se elevar em torno de 4%, as demais matérias-primas, 2%. Isso faz sentido num quadro de oferta global atingida por quebras de produção e demanda algo maior do que esperado. Com preços internacionais aparentemente firmes, pressões internas de preços poderão ocorrer principalmente se o câmbio sair do controle e/ou se os auxílios para mitigação dos efeitos da pandemia não forem bem planejados e executados – dois desafios bem grandes para o atual governo e o congresso federal, que deveriam atuar colaborativamente, em condições ideais.

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