© Xavier Martins
U-Map
Um programa europeu para classificar as universidades. P. 04
Emprego precário Directora: Laura Alves | Segunda-feira, 24 de Outubro de 2011 | N.º 191 | Quinzenal | Distribuição gratuita | www.mundouniversitario.pt
Entrevista com Ana Filipa Pinto, autora de ‘À Rasca – Retrato de uma geração’. P. 07
festas
festas do caloiro e de halloween para todos os gostos. P. 12
A escadaria das lamentações Na manifestação de 15 de Outubro, em Lisboa, fomos ao encontro de alguns estudantes universitários para saber de que se queixam e o que desejam mudar no País. P.08 e 09
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edição 191, 24 de Outubro de 2011 | próxima edição: 7 de Novembro | edição online em www.mundouniversitario.pt
FLASHADAS Menos dinheiro para a Educação Editorial
Laura Alves • Directora editorial lalves@mundouniversitario.pt
«Se a violação é iminente... relaxa e desfruta.» Não há propriamente maneira de te dar a notícia de forma suave, sem te causar uma daquelas arritmias cardíacas lixadas que causam falta de fôlego, tonturas e suores frios. Portanto, aqui vai: basicamente, os próximos dois anos vão ser tramados. Tramados porque os ordenados vão ser mais pequenos, os cortes orçamentais vão ser gigantes em todos os sectores – e a educação é um dos que mais vai sofrer – as contas dos serviços básicos para sobreviver aumentam mais vezes do tu que trocas de peúgas... Não te vamos explicar mais nada sobre as medidas de austeridade que o Governo irá adoptar para os próximos tempos e que, quer queiramos, quer não, irão interferir na vida de cada um de nós. Bastará dares uma olhadela à reportagem das páginas centrais desta edição para perceber que outros estudantes, tal como tu, se sentem preocupados, frustrados e inseguros quanto ao que vai acontecer à economia e ao bem-estar psicológico do País. Portanto, citando Henry Harrisson, uma das personagens principais de ‘O Acompanhante’, livro de Jonathan Ames que li recentemente: «Como dizia Napoleão, ‘Se a violação é iminente... relaxa e desfruta’.» É, claro, uma coisa horrível de se dizer se levarmos as palavras à letra. Mas basta pensar na violação constante que representa irem-nos ao bolso sem sequer pedir ‘com sua licença’. Ora, se nada podemos fazer contra isso, mais vale encarar um dia de cada vez e tirar o melhor partido possível dos tempos que correm. Se a crise é iminente e a depressão começa a tomar conta de ti... relaxa e desfruta. Eis alguns conselhos para te levantar a moral e esqueceres que o céu está prestes a cair-nos na cabeça: • Sempre que possível, vai de bicicleta para a faculdade. Poupas no passe e na mensalidade do ginásio e vais sentir-te muito mais feliz. • Procura envolver-te em actividades de voluntariado nos teus tempos livres. Valorizas-te enquanto pessoa e há sempre quem precise de ajuda. • Participa em projectos da tua universidade ou associação de estudantes. Quanto mais interessado fores, mas interessante serás. • Lê jornais e revistas. Não te fiques apenas pelo que vês no Facebook. Informação é cultura e conhecimento. • Por último... Adopta o princípio KISS (Keep It Simple, Stupid!) e salpica a tua vida com uma certa dose de humor parvo. Verás como ao descomplicar tudo te irá correr melhor.
WWW.FACEBOOK.COM/JORNALMU
A despesa pública com a Educação em percentagem do PIB prevista para 2012 será a menor da União Europeia. De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, a descida será de 5 por cento (o valor de 2010) para 3,8 por cento, o que representa uma redução de cerca de 1,5 mil milhões de euros. O valor médio da UE é de 5,5 por cento. Questionado sobre o desinvestimento na Educação, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, considerou que as opções do Orçamento do Estado para 2012 são «as melhores» perante o «momento difícil» que o País atravessa.
Primeira Feira do Livro Universitário em Aveiro A Livraria da Universidade de Aveiro promove, até 28 de Outubro, a primeira Feira do Livro Universitário. Além de publicações da Universidade de Aveiro estarão representados livros editados pelas principais editoras de ensino superior português, como a Universidade de Coimbra (Imprensa da Universidade de Coimbra), do Porto (Editora da Universidade do Porto, FEUP Edições), Instituto Superior Técnico (IST PRESS),Universidade Fernando Pessoa Edições e Universidade Católica Editora, bem como do Instituto Nacional de Administração (INA Editora), do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Estarão ainda representadas as edições da Oxford University Press e da Cambridge University Press. Mais informações em www.facebook.com/livraria.ua.
Muito humor na 22.ª edição do Amadora BD Já está a decorrer mais uma edição do Festival Internacional de BD da Amadora. Este grande encontro, que celebra há 22 anos o que de melhor se faz na banda desenhada nacional e internacional, pode ser visitado até 6 de Novembro. Este ano, o tema central das exposições é o humor. Além do Fórum Luís de Camões, o Amadora BD terá outras exposições que serão descentralizadas por outros espaços da Amadora: Centro Nacional de BD e Imagem (, Galeria Municipal Artur Bual Casa Roque Gameiro, Recreios da Amadora, Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, Escola Superior de Teatro e Cinema e Museu Municipal de Arqueologia. Mais em www.amadorabd.com.
Os usos que fazes do telemóvel em livro
Dia Mundial das massas também nas universidades
‘Geração Extreme’ é um livro de Inês Teixeira-Botelho que estuda a forma como os jovens usam o telemóvel no dia-a-dia. A obra decorre de uma investigação da autora, inserida no Mestrado em Comunicação, Organização e Novas Tecnologias, da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. Inês Teixeira-Botelho explica o impacto do uso do telemóvel no universo dos jovens entre os 18 e os 24 anos e conclui que grande parte deles vê o aparelho com uma extensão de si próprios. O livro é das Edições Sílabo.
Para assinalar o Dia Mundial das Massas, que se celebra a 25 de Outubro, a Milaneza está a promover um vasto conjunto de actividades em mais de 500 escolas portuguesas. Ao longo das próximas três semanas a marca vai estar em mais de 30 escolas do 2.º e 3.º ciclo e também em várias universidades, a fim de sensibilizar os jovens para uma alimentação equilibrada e um consumo saudável de massas e hidratos de carbono. Neste roadshow pelo país estará presente um nutricionista, poderás medir o teu índice de massa corporal e ainda aprender alguns truques de culinária com massas em demonstrações de ‘live cooking’.
ficHa TécNicA: Título registado no I.C.S. sob o n.º 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa n.º 223575 | Matrícula n.º 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão, Francisco Pinto Barbosa, Gonçalo Sousa Uva | Directora: Laura Alves | Colaboradores: Andreia Arenga, Emanuel Amorim, João Tomé, Renata Lobo, Xavier Martins | Paginação: Filipa Andrade | Revisão: Catarina Poderoso | Publicidade: Tel: 21 416 92 10 | Distribuição: José Magalhães | Sede Redacção: Estrada da Outurela n.º 118 Parque Holanda Edifício Holanda, 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 420 13 50 | Periodicidade: Quinzenal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Grafedisport; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646-1649.
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ISPA com nova imagem O ISPA apresentou recentente a sua nova imagem, a juntar a uma nova designação – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida. Esta mudança vai ao encontro da diversificação em que a instituição está a apostar, nomeadamente alargando a sua oferta formativa a novas áreas do conhecimento. De acordo com Rui Oliveira, reitor do ISPA, «a nova imagem traduz a excelência do nosso corpo docente, alunos e investigação, e posiciona-nos no caminho certo para enfrentar os desafios que se colocam neste início da segunda década do século XXI.»
Estudantes de Aveiro ganham prémio com portal sobre a doença de Alzheimer Um grupo de cinco alunos da Universidade de Aveiro venceu o prémio Angelini University Award 2010/2011, com um projecto inovador de um portal para familiares de doentes de Alzheimer. Este portal, disponível em http://cuidadores-alzheimer. web.ua.pt, foi concebido e realizado por cinco alunos do Mestrado em Biomedicina Molecular na Secção Autónoma de Ciências da Saúde e teve em especial atenção as dificuldades com que se deparam os cuidadores das pessoas afectadas com Alzheimer. O projecto, que recebeu da Angelini Farmacêutica uma bolsa no valor de seis mil euros, surgiu como resposta à falta de informação em Portugal direccionada para o cuidador informal.
Universidade Autónoma e Politécnico de Tomar em cooperação A Universidade Autónoma de Lisboa e o Instituto Politécnico de Tomar assinaram protocolo de cooperação tendo por base o estudo e a preservação do património arqueológico terrestre e subaquático. As duas instituições pretendem reforçar a cooperação pedagógica, científica e tecnológica, como mais-valia para os estudos levados a cabo. No seguimento deste protocolo, a Autónoma e o IPT irão desenvolver em parceria uma nova pós-graduação em Arqueologia Subaquática, um mestrado em História, Arqueologia e Património, e ainda uma intervenção arqueológica nas cavidades naturais do rio Nabão.
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Católica do Porto avança com MBA Atlântico No próximo mês de Abril, a Universidade Católica do Porto arranca com a terceira edição do MBA Atlântico, um curso com aulas em três continentes. Portugal, Angola e Brasil são os países de expressão portuguesa onde as aulas serão ministradas. As inscrições estão já a decorrer e, este ano, os três candidatos com melhor classificação no processo de candidatura têm acesso a uma bolsa de estudo. Promovido pela Business School, o MBA visa a formação de gestores de topo, através da vivência plena em diferentes realidades internacionais.
Programa ‘Study in Portugal’ apresentado na FLAD A Fundação Luso-Americana (FLAD), o Conselho de Reitores das Universidades Portugueses, a Comissão Fulbright Portugal, o Turismo de Portugal e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal vão apresentar publicamente o programa ‘Study in Portugal’. A sessão de apresentação está marcada para esta quarta-feira, dia 26, pelas 10h00, no auditório da FLAD. O programa ‘Study in Portugal’ tem como objectivo promover, nos Estados Unidos da América, as universidades e centros de investigação portugueses e aumentar o número de alunos norte-americanos que escolhem Portugal como destino de formação.
Três décadas de TUT com ‘Comédia de Insectos’ O TUT – Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa – está a comemorar 30 anos de actividade e, nesse sentido, associou-se à Fundação INATEL para apresentar a sua mais recente peça, ‘Comédia de Insectos’, no Teatro da Trindade, no dia 30 de Novembro. Além da peça de teatro, será organizado um evento com referências aos espectáculos apresentados durante três décadas, incluindo uma exposição fotográfica e a reposição de peças antigas, assim como uma homenagem ao Professor Jorge Listopad, fundador do TUT.
Candidaturas ao Prémio Ramos Catarino Inovação até final do mês Até 31 de Outubro estão abertas as candidaturas ao Prémio Ramos Catarino Inovação, cujo tema deste ano é ‘Independência Energética em Edifícios’. Este prémio tem o objectivo de distinguir propostas de investigação, desenvolvimento e inovação com aplicação no sector da engenharia e construção, sendo uma iniciativa da empresa Ramos Catarino. Um júri constituído por investigadores irá avaliar os projectos em função de quatro critérios – potencial de criação de valor, carácter inovador, sustentabilidade ambiental e motivação e empenho dos promotores. O projecto vencedor será conhecido no início do próximo ano e receberá um prémio monetário no valor de 10 mil euros, além de um compromisso de apoio por parte da Ramos Catarino na implementação prática. Toda a informação em www.premioramoscatarinoinovacao.com.
Metade dos estudantes do superior já plagiou trabalhos A conclusão é do estudo ‘Integridade Académica em Portugal’ desenvolvido por Aurora Teixeira, docente da Universidade do Minho. De acordo com a investigadora, o plágio entre os estudantes portugueses é hoje uma prática ‘generalizada’ e facilitada pelo acesso às novas tecnologias. Aurora Teixeira coordenou este estudo sobre a fraude académica no País, tendo concluído que metade dos alunos do ensino superior admite já ter recorrido a este género de práticas. A estratégia mais comum entre os universitários é a ‘reciclagem’ de um ensaio ou trabalho feito anteriormente para outra disciplina e entregue como se de material original se tratasse. Entre as práticas mais comuns encontram-se ainda a submissão de artigos com citações que não surgem discriminadas na bibliografia ou a citação inadequada de fontes bibliográficas.
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24 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
AVALIAÇÃO. O U-Map é um programa europeu de classificação das instituições do ensino superior
Universidades vistas à lupa Depois de todas as instituições de ensino superior terem sido submetidas a avaliação, são agora classificadas através do U-Map. O projecto europeu desenvolvido no âmbito do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida pretende classificar as melhores universidades da Europa e será implementado em três mil universidades europeias.
O U-Map está a ser testado e desenvolvido pelo Center for Higher Education Policy Studies (CHEPS), da Universidade de Twente (Holanda) e conta com a participação de todas as instituições portuguesas de ensino superior públicas e privadas. O projecto foi apresentado na Universidade de Aveiro no passado dia 10 de Outubro. O reitor Manuel Assunção acredita que esta pode ser uma forma de analisar e reflectir sobre o sistema de ensino superior português face às instituições de ensino europeias. «Acho que isto pode ser um instrumento muito útil para ajudar na reflexão sobre a racionalização do sistema do ensino superior português», disse à Agência Lusa. Um mapa para a diversidade Mas, ao contrário do que se possa pensar, o U-Map não
é um ranking das melhores universidades. Tal como o nome indica, o projecto pretende disponibilizar diversas informações detalhadas sobre cada instituição e desenhar um perfil de cada universidade, de modo a criar um mapa sobre as universidades europeias. As instituições de ensino superior serão classificadas tendo em conta vários pontos como: ensino e aprendizagem, troca de conhecimento, os estudantes, orientação internacional, investigação e envolvimento regional. Preparar o futuro do ensino superior português De acordo com Manuel Assunção, da Universidade de Aveiro, estas informações podem ajudar a compreender o funcionamento das universidades e politécnicos portugueses no contexto internacional e ajudar as instituições de
ensino superior portuguesas a preparem-se para o futuro. «O objectivo é estabelecer uma fotografia de cada instituição, que posteriormente pode ser usada para pensarmos sobre aquilo que estamos a fazer e também como um instrumento de gestão estratégica, que nos permitirá melhorar no futuro.» Para saberes mais sobre o U-Map vai a www.u-map.eu.
Andreia Arenga • editorial@mundouniversitario.pt
breves Candidaturas ao Prémio Universidade de Coimbra
Estão abertas, até 30 de Novembro, as candidaturas para o Prémio Universidade de Coimbra 2012, um dos mais prestigiados galardões nas áreas da ciência e cultura. O prémio distingue todos os anos uma personalidade portuguesa cujo trabalho seja relevante e inovador nas referidas áreas. O valor do prémio ascende aos 25 mil euros e as propostas de candidatura devem ser remetidas à Reitoria da universidade.
Associação para Educação em Ciências na UMinho
Foi recentemente criada, na Universidade do Minho, a Associação Portuguesa de Educação em Ciências (APEC). Esta entidade tem como propósito impulsionar a defesa do ensino e da aprendizagem das Ciências, bem como promover o desenvolvimento profissional, contínuo, dos professores de Ciências. O núcleo fundador da APEC integra representantes de instituições de ensino superior e de escolas básicas e secundárias, sendo que a presidência está actualmente atribuída a Fátima Paixão, do Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Bolsas de estudo para criar moda em Itália
A NABA - Nuova Accademia di Belle Arti Milano, uma prestigiada escola italiana de design, pretende cativar os estudantes de outros países. Nesse sentido, a escola criou 42 bolsas de estudo para os programas de pós-graduação, com início em Janeiro de 2012. Os estudantes interessados no programas ‘Two-year Master of Arts Degree Programs’ e ‘One -year Academic Masters Programs’ podem participar e ganhar um desconto de 25 por cento nas propinas do programa escolhido. Mais informação em www.naba.it.
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24 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
ENTREVISTA. Jovem recém-licenciada edita livro sobre Geração à Rasca
«Tal como eles, ando a tentar desenrascar-me» São jovens qualificados, muitos deles sem contrato de trabalho e com poucas perspectivas de futuro. É sobre a tão falada ‘Geração à Rasca’ de que trata o livro ‘À Rasca – Retrato de Uma Geração’. A autora, Ana Filipa Pinto, tem apenas 22 anos, é licenciada em Ciências da Comunicação e também está a aprender a desenrascar-se. O MU conversou com ela para tentar perceber o que é que caracteriza esta geração e que futuro lhe está reservado.
No teu livro tens testemunhos de profissionais de diversas áreas. Quais são as que se deparam com maiores dificuldades? Conseguiste perceber isso? Tentei diversificar ao máximo e, infelizmente, todas as áreas com que fui confrontada encaram dificuldades. Tentei não me focar apenas em pessoas com um curso superior, procurei pessoas que também tivessem optado por outra via, uns que ficaram por cá, outros que saíram. As áreas vão das Artes às Ciências, passando pelas Letras, bolseiros, não bolseiros, pessoas a recibos verdes, a contrato de todos os tipos e mais alguns. Acho que o curioso foi perceber que não há quem esteja melhor. Todos eles têm um entrave ou um obstáculo por ultrapassar. O que é que caracteriza a ‘Geração à Rasca’? É difícil definir, e eu própria fui confrontada com isso. Falei com alguns especialistas precisamente para tentar responder a essa questão e cheguei à conclusão de que é um fenómeno que ainda está a desenvolver-se e a assumir-se. Não tem balizas etárias nem um perfil fechado, abrange várias camadas da sociedade. É muito complexo e, como disse
Machado Pais [sociólogo], «esta é uma geração que nasce do rumo da História». É algo que surgiu porque o contexto social assim o ditou. É uma geração que está a encarar um contexto em que não cabem realmente os objectivos, os sonhos e as metas que se tinham delineado há uns anos e que está a tentar reinventar esse caminho que parecia tão linear. É verdade que as oportunidades também se criam, mas eu fui confrontada com muitos casos de jovens que não pararam de tentar, que estão a tentar implementar o seu negócio exactamente para fugir a essas propostas. Mas será que o País sabe receber esses projectos? Também é uma questão que se coloca e muitos dos jovens que tentaram fazê-lo não dizem que sim. Revês-te nesta geração? Encarei também bastantes dificuldades quando saí da faculdade, quando tive que procurar trabalho. É complicado gerir essa situação, não saímos propriamente preparados para encarar o mercado de trabalho. É realmente frustrante optar por aquela via de enviar currículos e nem a resposta automática de ‘foi recebido com sucesso’ chegar. É complicado receber propostas constantes de estágios não remunerados. Sim, faço parte dessa ‘Geração à Rasca’ e, tal como eles, também ando a tentar desenrascar-me. Fala-se muito de uma falsa expectativa que se foi criando de que com um curso superior na mão seria possível vingar na vida. Achas que isso é uma das causas para este problema?
«Não há quem esteja melhor. Todos têm um entrave ou um obstáculo por ultrapassar», afirma a autora © Xavier Martins
Porquê escrever este livro? A oportunidade surgiu de um convite do jornalista José Vegar, que me fez essa proposta de escrever um livro acerca da ‘Geração à Rasca’, curiosamente, no dia 12 de Março, aquando da manifestação. O porquê, foi a História que o ditou. Era o momento certo, e deixando passar esta época achámos que ficaria fora de tempo.
Workshops para licenciados desempregados
Sem dúvida. Nós crescemos num contexto em que nos incutiram aquela ideia de que um curso superior era a saída. E efectivamente isso não é uma certeza neste momento. As ilusões, os sonhos, os planos não resultaram naquilo que seria suposto. A maioria das pessoas delineou um percurso e agora está a ir pelos atalhos (risos).
mocráticas que existem para se fazerem ouvir e alcançar alguma coisa. O próprio contexto político, económico e social também justifica isso. Portugal está em crise, estamos num momento de aperto e a sofrer consequências dessa crise exterior também. Isso contribui para o alastrar desta reivindicação e está a ter um efeito dominó.
Mas este é um problema que já existe há muito tempo. Porque é que só agora é que se começa a debater sobre isto a sério? O fenómeno sempre existiu, mas agora está a tomar uma dimensão realmente assustadora, porque as pessoas também estão a tomar consciência de que não é isso que querem, e estão a tirar partido das ferramentas de-
Achas que as manifestações podem ter resultados efectivos na criação de emprego e melhores condições para os jovens? Resultados directos não terão com certeza; pelo menos desde o 12 de Março não houve grandes alterações. No máximo poderão chamar um pouco a atenção da sociedade civil e dos governantes e tentar fazer o país pensar.
Uma série de 25 workshops vai percorrer as cidades de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Coimbra, no âmbito de um concurso nacional de vídeo com recurso a plataformas como o Facebook, o YouTube e nos ‘webcasts’. O projecto chama-se ‘Estratégia Europa 2020’, decorre até Fevereiro do próximo ano e é dirigido a jovens licenciados e a licenciados desempregados. O projecto é promovido pelo Centro e-Learning da TecMinho/Universidade do Minho e é composto por cinco sessões em cada uma das cidades. Serão abordados temas como ‘Estudar e trabalhar no estrangeiro’, ‘Crescimento sustentável e energia’, ‘Empreendedorismo e criação do próprio emprego’. Mais informações em www.tecminho. uminho.pt/europa2020.
O que é que esta geração pode fazer, na tua opinião, para construir um futuro com mais sucesso? Em primeiro lugar, é não baixar os braços. O pessimismo por vezes é quase inevitável, mas não é solução. Mais vale tentar aproveitar as oportunidades porque, num cenário de crise, elas podem surgir, mesmo que não sejam logo na área de formação que sempre desejámos. Não somos um país com falta de recursos por explorar, portanto, é tentar investir na
inovação, na criatividade. É claro que passa também por decisões superiores, mil e uma políticas que poderiam ser revistas. Do ponto de vista das instituições de ensino seria desejável haver uma maior aproximação ao mercado de trabalho. Mas não podemos ver só culpados, todos temos uma responsabilidade, todos ainda temos algo nas mãos para fazer, e isso é positivo.
Andreia Arenga • editorial@mundouniversitario.pt
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PROTESTO. Têm a palavra os estudan
Os estudantes também
Esta manifestação já estava na agenda de muitos milhares de portugueses. Mas o anúncio apenas d Fomos à procura de estudantes universitários (aparentemente em menor número que no prote Texto: Renata Lobo |
João Alberto Estudante, 5.º ano de Medicina O João leu o manifesto da organização do 15.O (sigla que significa 15 de Outubro, data da manifestação) e resolveu marcar presença. «Isto não é uma democracia verdadeira. Deixa de ser uma democracia representativa na medida em que alguém tem de ser responsabilizado por isso, porque os políticos em quem votamos alteram a sua posição quando estão no Governo. Por isso, isto não nos representa, não representa o nosso voto.» Este aluno bolseiro que participou também na manifestação a 12 de Março viu a sua bolsa diminuir desde que entrou para o ensino superior: «Estou com a bolsa mínima e os meus pais têm grandes dificuldades em pagar para eu estar a frequentar o curso.» E sempre que houver um motivo para se manifestar estará presente, afirma.
Antonio Colagiovanni Estudante ERASMUS, Engenharia Informática Nem os alunos ao abrigo do programa ERASMUS faltaram à convocatória. Entre espanhóis e italianos – ainda com um português muito enferrujado – que seguravam um cartaz de tamanho considerável em que se lia ‘Erasmus Lisboa: together for a different future’, falámos com o Antonio que tinha acabado de conhecer os colegas do programa internacional. «Se estivesse em Itália estaria em Roma. Acho que estamos todos a lutar pela mesma coisa, mas acredito que em Itália a manifestação seja mais forte.» Apesar de tudo, está a gostar muito de Portugal e por aqui vai ficar até Julho de 2012.
Ana Britos Recém-licenciada, Design de Moda Preocupada com a sua situação no mundo do emprego, a Ana não quis ficar em casa. Mas defende que não é só o emprego que está precário. A educação também. «Acho que é um contributo estar aqui, tendo em conta a situação actual do País, que está mau para os estudantes e para os pais dos estudantes. Toda a gente com quem eu falo, quer esteja a estudar ou iniciar-se no mundo do trabalho, estão todos muito descontentes e sem perspectivas de inserção profissional.» De momento não procura emprego porque, diz, na sua área em Portugal praticamente não existe. E por isso mesmo está a ponderar ir para fora. «As pessoas têm dado o seu melhor, porque ninguém quer ficar desempregado, ninguém quer que os seus filhos não tenham acesso à educação, acho que as pessoas estão a fazer o que podem, mas a exploração tem limites.»
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ntes universitários e recém-licenciados
m marcham indignados
dois dias antes das novas medidas de austeridade deu razões de sobra para a participação em massa. esto de Março passado) e recém-licenciados para perceber o que mais motivou a sua presença. Fotos: Xavier Martins
Ana Marques Recém-licenciada, Relações Internacionais Estudante, Mestrado em Marketing Licenciou-se e não tem emprego. A Ana é o espelho de milhares de recém-licenciados que não conseguem entrar no mercado de trabalho. «Estou aqui a marcar presença contra uma série de medidas de austeridade. Mas acho que muitas pessoas se manifestam, não só pela sua situação pessoal, mas também pelo estado da economia mundial. Recebi as notícias dos cortes nos subsídios de Natal e de férias, infelizmente, com pouca surpresa.» Esteve também presente a 12 de Março, mas sente que desta vez é diferente. «É coordenada pelo mundo inteiro e acho que a maioria das pessoas vem não só pela situação do próprio país e pelas dificuldades pessoais, mas porque querem mostrar que há diferença na distribuição de riqueza e desigualdade no mundo. As manifestações não são consequentes no imediato, mas se as pessoas saírem à rua não valerá de nada? Vale alguma coisa.»
Miguel Mano Recém-licenciado, Direito Estudante, Mestrado Ciências Jurídicas Forenses O Miguel é um optimista. Disse que veio na mesma, apesar de ter perspectivas de um emprego, à partida… não remunerado. «Estamos descontentes com muita coisa que se está a passar, sobretudo a nível das empresas ligadas ao mundo financeiro. Não é tanto uma manifestação pelas medidas de austeridade agora aplicadas, mas também», defendeu.
Rui Costa Recém-licenciado, Relações Internacionais Acredita que não tem muitas razões para se queixar, porque conseguiu emprego num call-center de uma companhia de seguros e tem algumas perspectivas futuras. Mas não é isso que o faz ficar em casa: «Este capitalismo mais selvagem torna-nos um pouco descontentes. O poder das instituições financeiras ou dos bancos aumentou cada vez mais e no fundo foi a desregulação política que permitiu que isso acontecesse. E, como tal, acho que esta manifestação é uma demonstração popular para que os políticos voltem a pedir mais regulação como forma de controlar o sistema financeiro, para que esta situação que estamos a passar não se volte a repetir.»
Sara Solano Estudante, 3.º ano de Ciência Política Destas coisas a Sara percebe. E a razão mais próxima para ter vindo à manifestação foi mesmo solidariedade. «No meu caso tenho-me vindo a aperceber de muitos colegas que tiveram cortes na bolsa e alguns tiveram mesmo de desistir de estudar.» A Sara acredita que o Governo está a desistir das pessoas, dos estudantes e da sua formação. «Acho que é necessário virmos para a rua tentar mostrar o nosso descontentamento, precisamente para ver se temos a possibilidade de isto não piorar como está a acontecer e tentar melhorar a situação. As pessoas estão a fazer aquilo que podem, aquilo que lhes compete. Se calhar poderia ser feito mais em certos casos. Alguns podem ter receio de contestar, têm famílias para criar e têm receio de ser despedidos. Mas acho que não estamos a desistir do País.»
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10 | artes
24 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
MOSTRA. ‘A Arte da Guerra’ exibe uma série de cartazes de propaganda produzidos durante a 2.ª Guerra Mundial
A arte da propaganda À partida, pode parecer estranho transformar panfletos e cartazes propagandísticos numa exposição de arte. Mas mais do que transmitir mensagens políticas, a ideia é mostrar que os trabalhos expostos em ‘A Arte da Guerra’ no Museu Colecção Berardo, assumem uma verdadeira linguagem estética que vale a pena conhecer.
Ao todo, são mais de 200 peças entre cartazes, filmes, panfletos e até crachás produzidos em países que ficaram para a História da Segunda Guerra Mundial como os Estados Unidos da América, Alemanha, Inglaterra, França, Japão ou União Soviética. O Museu Colecção Berardo, em co-produção com o Museu do Caramulo, inaugura a exposição ‘A Arte da Guerra – Propaganda da Segunda Guerra Mundial’. A mostra temporária pretende reflectir sobre a propaganda como dispositivo usado para provocar emoções nas pessoas, tal como qualquer outra obra de arte.
A imagem ao serviço da guerra ‘A Arte da Guerra’ abre espaço à reflexão e ao conhecimento desta forma de arte, as circunstâncias do seu aparecimento e as diferenças entre cada uma das obras, tendo em conta a data e país da sua produção. Nesta exposição, a função do cartaz enquanto instrumento de propaganda é o mais destacado, não só por ter sido um dos mais utilizados por chegar a mais gente, mas principalmente pela sua linguagem estética. Ilustrações com forte teor emocional ou com imagens estilizadas criadas pela indús-
tria publicitária, acompanhadas por mensagens de texto simples e de forte impacto nas pessoas. Para ver até 8 de Fevereiro de 2012. Mais informação em www.museuberardo.pt.
‘A Arte da Guerra’, para ver até Fevereiro no Museu Berardo
Andreia Arenga • editorial@mundouniversitario.pt
breves Espacialistas na Red Bull House of Art
Até 10 de Novembro, a Red Bull House of Art, na Lx Factory, em Lisboa, acolhe a residência artística d’Os Espacialistas. Trata-se de um colectivo composto pelos arquitectos Luís Baptista, João Cerdeira, Diogo Castro e Sérgio Serol, que propõe uma viagem por um território situado entre a arte contemporânea e a arquitectura. A Open House pode ser visitada todas as quintas-feiras entre as 12h00 e as 19h00. A 11 de Novembro é inaugurada a exposição ‘O Piscochenho’, fruto desta residência artística. Mais info em www.redbull.pt/Houseofart.
Festival Temps d’Image celebra a arte
Entre 27 de Outubro e 23 de Novembro decorre mais uma edição do Festival Temps d’Image, um evento que se tem afirmado como um dos mais marcantes eventos artísticos de Lisboa. O festival estreia mais de uma dezena de novas criações nacionais, reunindo os artistas visuais Ricardo Jacinto e Dominique Gonzales Foerster, os encenadores Carlos Pimenta, Susana Vidal, o arquitecto Carlos Gomes, os performers Miguel Bonneville, Tiago Cadete e Sónia Baptista, ou os coreógrafos Paulo Ribeiro, Olga de Sotto e Márcia Lança. Será possível ver instalações, espectáculos e projecções no Centro Cultural de Belém, Culturgest, Teatro Maria Matos, Teatro S.Luiz, Teatro Camões, Museu da Electricidade e Faculdade de Belas Artes, entre outros. Mais em www.tempsdimagesportugal.com.
Jovens Criadores em Aveiro
Se tens entre 18 e 35 anos, ainda vais a tempo de te inscreveres no Concurso Aveiro Jovem Criador 2011. As inscrições estão abertas até dia 28 deste mês e podes concorrer nas áreas de pintura, escultura, escrita, fotografia e arte digital. A iniciativa é organizada pela Câmara Municipal de Aveiro. Vê o regulamenteo em www.cm-aveiro.pt ou contacta a Divisão de Juventude através do e-mail cmjuventude@cmaveiro.pt.
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12 | festas
24 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
CALOIROS. Festa de recepção do ISCSP no pólo Universitário da Ajuda
Festa do Caloiro… e da cerveja! Já têm fama de ser de arromba, as festas do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), para os lados da Ajuda, onde fica situado o Campus da Universidade Técnica de Lisboa. Com música, muita diversão e um bar aberto, só não vai quem não quer, uma vez que os preços ‘low cost’ são convidativos. É já no dia 27, próxima quinta-feira. Bar aberto, é destino certo E o que podemos esperar, então, desta Festa do Caloiro e da Cerveja? Bom, como o próprio nome indica, muita festa e... algumas bebidas alcoólicas. Mas o MU e a Associação de Estudantes do ISCSP apelam desde já ao teu bom senso. Nada de exageros, hã? Ainda que o principal atractivo do evento seja, como avança o Hugo, «o facto de ter bar aberto», lembra-te que depois ainda terás de ir para casa, e não vale rastejar nem ir a rebolar da Ajuda até ao rio Tejo.
De acordo com Hugo Serra Riço, da Associação de Estudantes do ISCSP, não há como perder esta festa, uma vez que a organização já tem uma larga tradição no que toca a criar noites memoráveis. Para caloiros, mas não só, ainda que esta seja uma festa especial para dar as boas-vindas à caloirada, estreante nas lides académicas. «Vamos oferecer uma experiência que vai ficar na memória para o resto das vidas deles. Eu também já fui caloiro e sem dúvida que estas festas são experiências que ficam.» Mas não se preocupem os novatos, que não haverá lugar a praxes durante a noite. Bom, pelo menos é o que ele diz, mas nunca se sabe...
Pimba, pimba! Certo também é que a animação será garantida pelos DJ de serviço – de entre os quais se
destaca o DJ Olivs – e ainda por quantidades consideráveis de música ‘pimba’, para «fugir ao típico ambiente de discoteca», diz Hugo. Algo que vais gostar de saber é que a Associação de Estudantes providencia transporte para a festa a partir de Santos, Bairro Alto e Alcântara. Queres melhor?
Laura Alves • lalves@mundouniversitario.pt
HALLOWEEN. Concerto exclusivo de Moonspell na Incrível Almadense a 29 de Outubro
Um Halloween como nunca viste Pensa em morcegos, em gritos a cortar a escuridão, em sombras e em seres de outros mundos. E pensa nisso tudo misturado com artes, cinema e com um concerto exclusivo de Moonspell. O ‘Incrível Halloween’ é isso tudo, e muito mais, numa comemoração da Noite das Bruxas que promete causar arrepios dos bons. Acontece em Almada, entre 29 e 31 de Outubro. O Conde Drácula que se cuide, que a festa promete ser de sugar o sangue e gritar por mais. O ‘Incrível Halloween’ integra o ‘Phantasticus’, Festival Internacional de Artes e Cinema de Terror, que tem lugar no Cine Incrível, em Almada, entre os dias 29 e 31. Este espaço, recentemente remodelado, irá acolher algumas das grandes obras de terror da sétima arte, com a projecção de cinco filmes por dia. Além disso, estarão em exposição alguns trabalhos de ilustradores e fotógrafos no âmbito do fantástico e do terror e haverá um concerto exclusivo dos Moonspell. Fimes que arrepiam Do programa do ‘Phantasticus’ constam curtas-metragens como ‘I’ll See You In My
Dreams’de Filipe Melo e ‘Papa Wrestling’, ‘BLARGHAAARHGARG’ e ‘Banana Motherfucker’, das produções Clones. No leque das longas, poderás deliciar-te com a nata dos filmes Clássicos, Gore e Terror com Comédia: ‘Silver Bullet’, ‘Zombieland’, ‘Hills Have Eyes’, ‘Frostbitten’ e ‘Nosferatu’ (projecção que será acompanhada com piano, guitarra clássica e percussão para recriar ao vivo todo o suspense e tensão da película). As sessões têm início às 13h e o ciclo de cinema conta com a participação de Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell; do actor, produtor e argumentista Filipe Melo; e de Sandra Almeida, coordenadora e responsável de comunicação do ShortCutz Lisboa, movimento internacional de curtas-metragens.
A Noite do Lobo Para completar a pintura tenebrosa deste ‘Incrível Halloween’, nada melhor que uivar à Lua. E eis que, na noite de 31 de Outubro, há um concerto exclusivo dos Moonspell, com um ‘after-show’ com os Opus Diabolicum, um quinteto de cordas e percussão de tributo aos Moonspell. «Vamos tocar na íntegra e por ordem todos os temas que fizeram o ‘Wolfheart’, o nosso primeiro álbum, editado em 1995», refere Fernando Ribeiro. «É com genuíno prazer que o apresentamos pela primeira vez desta forma no país que o inspirou e na sala que nos viu dar os primeiros passos exactamente nessa altura.»
Laura Alves • lalves@mundouniversitario.pt
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14 | música
24 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
ENTREVISTA. Doismileoito editam segundo disco e actuam em Dezembro no Mexefest
James Blake A Avenida da Liberdade a mexer no início de Dezembro Aquele que era outrora o Super Bock em Stock mudou de mãos e chama-se agora Vodafone Mexefest. Com a chancela da Música no Coração, o festival realiza-se a 2 e 3 de Dezembro na Avenida da Liberdade, recorrendo aos espaços já usados em anos anteriores – cinema São Jorge, teatro Tivoli e estação de metro dos Restauradores –, aos quais se juntam agora o Cabaret Maxime, a Casa do Alentejo e a Sociedade de Geografia de Lisboa. Eis os principais nomes que compõem o cartaz do Vodafone Mexefest Lisboa: Internacionais – James Blake, Bebe, Junior Boys, Toro Y Moi, Handsome Furs, Lindstrøm, Spank Rock, Foxes in Fiction Oh Land, Josh T Pearson, When Saints Go Machine, Beat Connection, Eleanor Friedberger, A Banda Mais Bonita da Cidade, S.C.U.M., Blood Red Shoes; Portugueses – Paus, Doismileoito, Old Jerusalem, You Can’t Win Charlie Brown, We Trust, Aquaparque, Capitão Fausto, Dead Combo, Macacos do Chinês. O preço do passe único para os dois dias é de 40 euros e, se fores cliente Vodafone, podes comprar o bilhete através do telemóvel. Toda a informação em www. vodafonemexefest.com.
Jameson Urban Routes no Cais do Sodré Já começou na semana passada mas, nos dias 28 e 29 de Outubro, o Musicbox, no Cais do Sodré, em Lisboa, continua a vibrar com o festival indoor Jameson Urban Routes. Esta é já a quinta edição deste evento que se propõe a reunir o que de melhor se faz na música de fusão e urbana. Programa: Dia 28 – Old Jerusalem, Tom Vek, Joakim e Rui Muka; Dia 29 – Tigrala, Owiny Sigoma Band, The Very Best (DJ Set Ft. MC Mo Laudi), Granada, Medásósangue. A entrada para cada dia custa 12 euros, com direito a oferta de um whisky. Mais info em www. musicboxlisboa.com.
Pés frios, canção quente ‘Pés Frios’ é o segundo disco dos doismileoito, banda que se havia estreado em 2009. Comparativamente com o anterior é um disco mais directo e maduro. Mostra-nos uma banda segura do que está a fazer e revela-nos um letrista que não tem medo de mexer, trabalhar e manipular a língua portuguesa. Com isso conseguiram fazer algumas das mais perfeitas canções pop que Portugal conhecerá em 2011. Falámos com Pedro Pode, vocalista e guitarrista, e Nicolau, baixista e teclista.
‘Pés Frios’ é o vosso segundo álbum. Antes de falarmos dele, gostaria que fizessem o balanço do vosso primeiro disco. Pedro: Correu bem. Num espaço de quatro meses tocámos mesmo muito. Uma média de três ou quatro concertos por semana. Nicolau: Por outro lado, a recepção foi muito boa e não conhecemos ninguém que não gostasse do disco. Isso deixou-nos apreensivos porque até é bom sinal quando há alguém que não gosta. Quer dizer que o que tu estás a fazer tem uma força própria. Esperamos que nesta vez apareçam mais críticas más [risos]. Como correu a preparação deste novo disco? Foram preparando nos concertos, ou na sala de ensaio? Pedro: Fizemos um interregno nos concertos para preparar este disco. Não foi propriamente um retiro, mas quase. Ensaiámos com bastante afinco e quase diariamente durante três
As várias facetas de Darko em concerto
meses para depois chegarmos a estúdio e gravar da forma que gravámos, que foi uma forma mais ‘light’. O outro disco foi gravado por camadas, tivemos três meses para gravar e para este tivemos apenas oito dias. O essencial (guitarra, baixo e bateria) foi gravado ao mesmo tempo e as vozes e teclados é que foram adicionados depois. Foi um processo completamente diferente e acho que trouxe uma sonoridade diferente ao disco.
doismileoito doismileoito
‘Pés Frios’ é um disco mais directo e respeita o habitual formato canção. Essa alteração de sonoridade foi natural? Nicolau: Queríamos que as músicas fluíssem melhor. Sentíamos que não havia naturalidade em algumas partes das canções do disco anterior. E mesmo ao vivo acabávamos por ter menos prazer em tocar, porque estávamos mais preocupados em respeitar essas variantes do que em gozar o momento. Quisemos relaxar mais um pouco e fazer uma música mais fluida.
Algumas das letras contam uma história, quase como se fossem pequenos contos. Concordam com esta ideia? Pedro: Eu gostava de poder contar mais histórias, mas nem sempre é fácil fazê-lo numa música de três minutos e em que eu canto, porventura, dois minutos. No outro disco havia muitas interpretações completamente diferentes daquelas que eu queria transmitir. Neste novo disco penso que a margem para interpretações díspares acaba por ser menor. Daí este disco ser, como disseste, mais directo.
De que forma é que o teu passado em bandas de hiphop influenciou a tua escrita de canções? Pedro: Por um lado, perdi a necessidade de rimar que sentia no hiphop. Aliás, no primeiro disco preocupei-me mesmo em não dar prioridade à rima, mas mais à musicalidade das palavras. Por outro lado, esse meu passado, ajudou-me não tanto na escrita das letras, mas mais na cadência das frases.
Darko é o mais recente projecto do ex-Fingertips Zé Manel que, há uns meses, se revelou ao mundo numa vertente mais introspectiva e intimista. O álbum de estreia, ‘Borderline Personality Disorder’, vai ser apresentado ao vivo em Lisboa, no Musicbox, a 3 de Novembro, e no dia seguinte, no Hard Club, no Porto. Falámos com Darko para conhecer melhor as várias facetas do jovem artista.
mais sóbrio à medida que envelheces? Digamos que se calhar, tal como todos os seres humanos atentos ao que se passa no mundo, me sinto mais desiludido com as escolhas que nos têm sido oferecidas. Não sou uma pessoa muito feliz com a minha geração, não me revejo na chamada ‘geração à rasca’, e penso até que se calhar foi a geração dos nossos pais que falhou ao nos educar sem objectivos. Por outro lado, creio que sou uma pessoa muito optimista e de bem com a vida.
E de que forma reflectes isso na tua música? Em termos musicais eu nunca fui muito alegre. Sempre tive uma escrita melancólica. Sou um falso extrovertido. E isso faz com que não saiba lidar muito bem com situações mais tristes, pelo que tento transformá-las em algo criativo e que me orgulho. O nosso melhor psicólogo somos nós próprios. Este é o meu primeiro projecto a solo e toda a gente reconhece, de facto, um amadurecimento.
Este teu trabalho a solo é mais melancólico. Sentes-te
Emanuel Amorim • editorial@mundouniversitario.pt
cinema | 15
24 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
Estreia da Semana. As Aventuras de Tintin
Tintin tal como Spielberg o sonhou O sonhador Steven Spielberg traz de volta as aventuras de Tintin nesta arrojada adaptação ao cinema, em que as personagens são virtuais e em 3D, num filme como nunca viste.
A primeira vez que Tintin chega com pompa e circunstância ao cinema é pela mão de dois magos do cinema contemporâneo: Peter Jackson e Steven Spielberg. Talvez assim os belgas, criadores da saga do jovem jornalista aventureiro, perdoem a ousadia dos norte-americanos em adaptar o seu filho pródigo ao cinema. Criado em 1929 pelo belga Hergé (nome real é Georges Remi), as aventuras em BD do jornalista aventureiro Tintin duraram até ao ano da morte de Hergé, em 1983. Tintin sempre foi um herói europeu e o realizador norte-americano Spielberg só o descobriu em 1981, logo após ter estreado o mítico ‘Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida’. Ideia com três décadas Foi depois de ter lido uma crítica que comparava o seu filme do arqueólogo aventureiro Indiana Jones com Tintin que Spielberg passou a conhecer a obra de Hergé. Gostou tanto que tinha planeado reunir-se com Hergé para adaptar Tintin para o cinema, mas Hergé morreu na semana do en-
se o tesouro é real. Para isso vão ter a ajuda de um fugitivo da prisão e dos detectives Thompson e Thompson (os britânicos Simon Pegg e Nick Frost). O filme tem recebido óptimas críticas por onde tem passado e promete ser um épico com várias sequelas, sendo que a segunda deve ser realizada por Peter Jackson.
Realizador: Steven Spielber Com: Jamie Bell, Andy Serkis, Simon Pegg, Nick Frost, Daniel Craig Género: Aventura Estados Unidos, 2011; 107 minutos contro, em 1983. No entanto, a viúva do autor decidiu dar os direitos a Spielberg. Foi preciso esperar quase 30 anos para Tintin ver a luz do cinema de uma forma global, depois de muitos atrasos, algo que Hergé sempre sonhou. Spielberg juntou-se a Peter Jackson neste processo de tornar BD em filme e, usando a tecnologia utilizada para criar Gollum, em ‘O Senhor dos Anéis’, fizeram todo o filme com interpretações de actores, captadas por sensores
que transformam os seus movimentos numa animação 3D muito próxima da realidade.
DocLisboa já anda a mostrar ‘estórias’ O DocLisboa já abriu, a semana passada, a sua nona edição. O festival dedicado ao melhor que se faz nesse género tão especial que é o documentário estará espalhado por várias salas lisboetas, do São Jorge até ao Cinema Londres passando pela Culturgest, e este ano pretende ser uma lição de história, recordando assim um cinema que tem sido raro nos últimos anos. Aproveitando a efeméride do 50.º aniversário do início da Guerra Colonial, a programação vai ter ciclos dedicados ao tema. Um deles será o ‘Movimentos de Libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974)’, que pretende mostrar não só um período histórico relevante como a forma de se fazer cinema da altura. O festival termina dia 30 de Outubro e convém ver o programa: www.docLisboa.org.
João Tomé • editorial@mundouniversitario.pt «Fizemos as personagens foto-realistas. As fibras da roupa, os poros da pele e cada cabelo, tudo parece de pessoas reais, mas numa realidade ao estilo Hergé», afirma Peter Jackson
Três livros num filme Juntando três livros de BD de Hergé, acompanhamos o primeiro encontro de Tintin (Jamie Bell dá movimentos e voz) com o Capitão Haddock (Andy Serkis, ele que foi Gollum). Quando descobre uma pista para um tesouro do seu antepassado Sir Francis Haddoque, o capitão junta-se a Tintin numa aventura para descobrir
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Estreia a 27 outu
O Meu Raul A filha de António Pedro Vasconcelos, Patrícia, especialista em juntar o elenco para filmes, faz aqui uma homenagem a Raul Solnado neste curto documentário (57 minutos). Esta é a história do comediante português já falecido, desde que sai da cama até quando se deita, à noite. E as recordações dos palcos, rádio, televisão e cinema que vai partilhando com amigos, família e colegas, entre riso e choro, alegria e tristeza.
A Lista dos Ex Esta comédia romântica conta a história de Ally (Anna Faris) que, depois de ler numa revista que as mulheres com mais de 20 namorados correm o sério risco de ficar solteiras para sempre, começa a perder a esperança. Com o objectivo de não fracassar novamente, pede ajuda ao vizinho para perceber porque é que os ex-namorados nunca foram ‘o tal’. Com Chris Evans, Ryan Phillippe e Zachary Quinto (o último Spock, em ‘Star Trek’).
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