Publicidade
Magic Defenders na Apple Videojogo de estudantes do Minho conquista o mercado internacional. P06
Working Class Heroes
Directora editorial: Laura Alves | Segunda-feira, 10 de Outubro de 2011 | N.º 190 | Quinzenal | Distribuição gratuita | www.mundouniversitario.
Alunos do IADE expõem no Museu das Comunicações. P12
Bolsas de estudo com novas regras Descobre o que vai mudar e de que forma o novo regulamento de bolsas para o ensino superior interfere na tua vida académica. P04
Publicidade
2 | a abrir
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
edição 190, 10 de Outubro de 2011 | próxima edição: 24 de Outubro | edição online em www.mundouniversitario.pt
FLASHADAS Experimentadesign procura voluntários Editorial
Laura Alves • Directora editorial lalves@mundouniversitario.pt
Sobre os ‘quereres’ Quando eu era pequena, na altura em que as minhas preocupações se limitavam a jogar às escondidas com os amigos da aldeia onde cresci e apanhar grilos atrás da escola, havia algo que o meu pai me dizia e que, honestamente, me deixava furiosa. Uma fúria em ponto pequeno, obviamente, de beicinho e braços cruzados num amuo que durava até começar mais um episódio do ‘Dartacão’ ou d‘As Misteriosas Cidades de Ouro’. Perante uma vontade qualquer da minha parte, um pedido daqueles que fazem brilhar os olhos de expectativa e de ansiedade, o meu pai dizia-me amiúde: «Tu não tens quereres». E uma pessoa cresce com este recalcamento, com esta coisa de, aparentemente, não dever ou não poder ter ‘quereres’, como que uma aniquilação da vontade e da ambição. Não me levem a mal. Eu gosto muito do meu pai e ele, à sua maneira, gosta muito de mim. Contudo, serve este momento de regresso ao passado para demonstrar que nem sempre a forma como vemos o Mundo está de acordo com a forma como os outros – normalmente mais poderosos e detentores da palavra final – vêem o mesmo Mundo. Não importa se nos valemos de todas as razões, argumentos e fundamentos. Quanto mais crescemos e nos iludimos com a sensação de independência, mais nos apercebemos que os «tu não tens quereres» não desaparecem da nossa vida. Se antigamente nos eram negadas umas sapatilhas novas ou mais uns minutos na borga com os amigos, a vida adulta traz-nos uns «tu não tens quereres» mais pesados, mais difíceis de digerir, mais complicados de ultrapassar, porque não nos atrevemos a medir forças com quem nos nega os ‘quereres’. Ou atrevemos? E com que custo? Para quem só agora descobriu este jornal, recordamos aqui o essencial a reter. O Mundo Universitário é uma publicação quinzenal gratuita, distribuída em diversas universidades do país. Pretendemos levar a actualidade académica aos nossos leitores, entremeando as notícias de ensino superior, emprego e empreendedorismo com actualidade social e cultural. Fazêmo-lo com a criatividade, isenção e objectividade possíveis nos dias que correm, com os poucos meios disponíveis, cientes de que cada palavra ou tema escolhido em detrimento de outro implicam, desde logo, tomar um partido, escolher um ângulo, ceder à subjectividade. A nível editorial é a mim que cabe responder pelo projecto, num estado de consciência, abertura de espírito, tolerância e respeito pela grande diversidade de opiniões dos nossos leitores. Mas uma publicação faz-se de muitas partes. Reforço a ideia inicial deste parágrafo: procuramos que o Mundo Universitário seja uma publicação isenta, sem partido nem credo, aberta às mais diversas vozes. E há partes nas quais a postura editorial do projecto não se reflecte. Isto de ‘não ter quereres’ tem destas coisas.
WWW.FACEBOOK.COM/JORNALMU
A experimentadesign, entidade organizadora da EXD’11 Lisboa, está à procura de mais jovens voluntários para integrar a equipa do evento até 27 de Novembro. A organização elege como critérios o dinamismo e a motivação, e preferencialmente uma licenciatura em Design, Arquitectura ou Artes Plásticas. Se achas que te enquadras no espírito e gostavas de contactar com a EXD’11 pelo lado dos bastidores e ajudar nas exposições, debates, workshops e intervenções urbanas, envia o teu CV e um breve texto sobre as tuas motivações para edu@experimentadesign.pt.
Três mulheres, três prémios Nobel da Paz A iemenita Tawakul Karman e as liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee (na foto) foram distinguidas com o Nobel da Paz, atribuído pelo Instituto Nobel norueguês. Leymah Gbowee é uma militante pacifista que contribuiu para pôr fim às guerras civis que devastaram o seu país até 2003. Ellen Johnson Sirleaf tornou-se, em 2006, a primeira Presidente eleita em África, à frente dos destinos da Libéria. Por sua vez, Tawakul Karman teve um importante papel de liderança na luta pelos direitos das mulheres e pela democracia e paz no Iémen. Diz o comunicado do comité norueguês que «não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo a menos que as mulheres tenham as mesmas oportunidades do que os homens.»
A ‘cabeça’ do Director-geral do Ensino Superior Em comunicado, as associações académicas e de estudantes que estiveram reunidas no Encontro Nacional de Direcções Associativas a 3 Outubro, pedem a ‘cabeça’ do Director-geral do Ensino Superior. Os estudantes acreditam que a Direcção-Geral do Ensino Superior deve ser conduzida de forma diferente e apontam erros de gestão e má distribuição de verbas. No mesmo comunicado, o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Luís Rodrigues refere que «o ministro prometeu que os alunos do 1.º ano teriam um novo prazo de candidatura à bolsa de estudo e, efectivamente o prazo não abriu», o que é para o estudante «um sinal claro da incoerência da DGES.»
Protesto programado para 15 de Outubro Depois da manifestação de 12 de Março, em que milhares de pessoas saíram à rua motivadas pelos organizadores de um protesto «apartidário, laico e pacífico», está marcado para o próximo dia 15 uma nova movimentação em Lisboa, com réplicas em várias outras cidades. A ‘Geração à Rasca’ volta a invadir as ruas e podes saber mais no Facebook, pesquisando por ‘15 de Outubro a Democracia sai à rua’.
Steve Jobs, 24 de Fevereiro de 1955 – 5 de Outubro de 2011 Aos 56 anos, o génio visionário por detrás da Apple fechou os olhos para sempre. Steve Jobs afirmou, em 2005, perante uma plateia de estudantes da Universidade de Stanford, que «a morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida». «Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida», concluiu. Steve Jobs fundou a Apple aos 21 anos. O seu espírito empreendedor e criativo mudou incontestavelmente o mundo tecnológico e a forma como comunicamos hoje em dia.
ficHa TécNicA: Título registado no I.C.S. sob o n.º 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa n.º 223575 | Matrícula n.º 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão, Francisco Pinto Barbosa, Gonçalo Sousa Uva | Directora: Laura Alves | Colaboradores: Andreia Arenga, João Tomé, Magda Valente, Mónica Moitas, Renata Lobo | Paginação: Filipa Andrade | Revisão: Catarina Poderoso | Marketing: Vanda Filipe | Publicidade: Margarida Rêgo (Directora Comercial) | Distribuição: José Magalhães | Sede Redacção: Estrada da Outurela n.º 118 Parque Holanda Edifício Holanda, 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 420 13 50 | Periodicidade: Quinzenal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Grafedisport; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646-1649.
PUBLICIDADE
4 | campus
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
BOLSAS. Ministério de Educação anuncia cortes que podem chegar aos 400 euros
Menos financiamento no superior O novo regulamento para atribuição de bolsas, apresentado há cerca de duas semanas, baixa em cerca de 400 euros o valor da bolsa. O administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC), Jorge Gouveia Monteiro, teme que os alunos mais carenciados saiam prejudicados com as novas medidas. Para breve espera-se a abertura de um novo concurso para bolsas de estudo para os alunos que entraram, pela primeira vez, no ensino superior.
Depois de analisarem uma amostra de 20 agregados familiares, com rendimentos e dimensões bastante diversos, os SASUC concluíram que o novo regulamento resulta, no entanto, numa pequena baixa do valor médio da bolsa atribuída, que passa dos 2.750 para os 2.729 euros anuais. Mas Jorge Gouveia Monteiro diz que são os agregados familiares mais numerosos que saem beneficiados. «Nos agregados maiores, a tendência é de subida do valor da bolsa já que no rendimento familiar é tido em conta o número real dos elementos que o compõem», explica. Por sua vez, o ministro da Educação, Nuno Crato, garantiu que o novo regulamento de bolsas de estudo para o ensino superior não prejudica os alunos mais carenciados. «É evidente que há casos e
casos, e privilegiamos os estudantes com mais baixos recursos», afirmou o ministro. Caloiros em apuros Outro problema que está a dificultar o acesso às bolsas por parte de centenas de novos alunos é o facto de desconhecerem que, para se candidatarem à bolsa, deveriam tê-lo feito no momento da matrícula, e não o fizeram. Quanto a isso, Nuno Crato diz que o ministério da Educação está a fazer os possíveis para contrariar esta situação e vai criar um novo período de candidaturas para estes alunos que será anunciado em breve.
• Andreia Arenga
Roberto Bento Informática e Gestão de Empresas, ISCTE Qual era o valor da tua bolsa no ano passado? Sou bolseiro desde o primeiro ano e sempre num valor que ronda os 120 euros/mês. Este ano vai haver alguns cortes que podem atingir os 400 euros. O que pensas destes cortes? Na minha situação, se cortarem 400 euros na totalidade do que recebo por ano deixa de chegar sequer para pagar as propinas! Achas que a tua bolsa este ano também vai sofrer esses cortes? Este ano espero receber mais porque a minha irmã também entrou na universidade e a minha mãe ganha pouco mais que o ordenado mínimo.
Cátia Gomes Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico, Escola Superior de Educação do I. P. de Coimbra Qual era o valor da tua bolsa no ano passado? 150 euros/mês. Este ano vai haver alguns cortes que podem atingir os 400 euros. O que pensas disto? Considero um exagero os cortes poderem chegar até aos 400 euros, pois fará com que muitos estudantes fiquem fora da “corrida” por não terem como pagar as propinas, por exemplo. Achas que a tua bolsa este ano também vai sofrer esses cortes? Tal como no ano passado, presumo que este ano o valor da minha bolsa seja reduzido.
Joana Cardoso Licenciatura em Educação Básica, Escola Superior de Educação de Setúbal Qual era o valor da tua bolsa no ano passado? 90 euros/mês. O que pensas destes cortes anunciados nas bolsas de estudo? Conheço imensas pessoas deslocadas de casa, que vivem na Madeira e estão em Setúbal, sem qualquer tipo de ajuda monetária por parte do Estado. Por outro lado, as que não precisam tanto são as que têm uma bolsa anual relativamente boa. Achas que a tua bolsa este ano também vai sofrer esses cortes? Sinceramente acho que vou ficar sem bolsa.
breves Nova pós-graduação em Espaços de Saúde e Bem-Estar
A Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE) em parceria com o Grande Real Villa Itália Hotel & Spa (GRVI) dispõe de uma nova pós-graduação em Espaços de Saúde e Bem-Estar – SPA. A pós-graduação arranca este ano lectivo e destina-se a licenciados em turismo, a técnicos de diagnóstico e terapêutica, quadros técnicos e colaboradores de empresas que pretendam aprofundar o conhecimento sobre a actividade turística. Para mais informações: www.eshte.pt.
Primeira Cátedra da Dor em Portugal
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e a Fundação Grünenthal assinaram um protocolo pioneiro para a criação da primeira Cátedra em Medicina da Dor em Portugal, destinada a apoiar a investigação e a formação nesta área do conhecimento médico. «A ligação da FMUP às empresas é um objetivo estratégico que perseguimos», explicou José Agostinho Marques, director da FMUP. «Este protocolo representa o reconhecimento do impacto da Dor e coloca a FMUP na vanguarda da formação em Medicina da Dor, no nosso país».
Estudantes da Nova destacam-se em competição europeia de empreendedorismo A equipa Biotech Medical Solutions da Universidade Nova classificou-se entre as seis semifinalistas da UNICA Competition, um concurso que visa promover a cultura de empreendedorismo entre estudantes e jovens investigadores. A equipa portuguesa da Nova – composta por Hussein Cassamo, Nuno Ferreira, Joana Mendonça, Sofia Esteves, Tiago Cunha Reis – apresentou o seu ‘business plan’ com o foco tecnológico no desenvolvimento de produtos hemostáticos, que visam estancar hemorragias massivas durante cirurgias.
PUBLICIDADE
6 | iluminados
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
CASO DE SUCESSO. Videojogo de estudantes do Minho destaca-se no mercado internacional
Poderes mágicos conquistam a Apple Controlar acções através do ecrã pareceu-lhes desde cedo algo apaixonante. Tinham o sonho de criar um jogo próprio, o Magic Defenders, que já está a fazer sucesso além-fronteiras. Dois alunos da Universidade do Minho fundaram a Clueless Ideas, que chegou e vai dar que falar.
Manuel Costa e Ricardo Graça são dois alunos da Universidade do Minho que criaram um videojogo para o iPad, iPhone e iPod da Apple. O jogo ‘Magic Defenders’ é sobre um herói com poderes mágicos que defende a sua aldeia de várias invasões de ‘orcs’. A narrativa fantasista do género ‘castle defense’, o aspecto cartoonesco das personagens e a jogabilidade simples foram os ingredients certos para que fosse premiado mal chegou ao mercado. «Nós começámos por apontar para um género que apela a muita gente. Além disso fizemos alguma investigação sobre quais as características comuns aos jogos de sucesso deste mercado. Concluímos que há factores muito importantes como sejam o aspecto visual e os controlos intuitivos. Mesmo pessoas que não são
jogadoras assíduas e até nem possuem dispositivos do género, quando lhes pomos o jogo nas mão elas desenrascam-se perfeitamente e adoram a simplicidade de todo o conceito», contam. Aposta bem feita O jogo está a ser usado como imagem de marca da empresa norte-americana de software Apple que, na estreia, o distinguiu como ‘Aplicação da Semana’ e está a utilizá-lo para sua própria promoção entre milhares de títulos. «Temos uma paixão por videojogos e a criação destes para plataformas móveis está agora aberta a todos. Por isso, quisemos arriscar com um projecto próprio. O nosso primeiro jogo foi feito em três meses intensos. Acima de tudo é um jogo ao qual conseguimos voltar vezes sem conta e nunca aborrece.
Manuel Costa e Ricardo Graça, criadores do ‘Magic Defenders’
Como a dificuldade vai aumentando à medida que o jogo progride não se torna avassalador logo à partida», explica Manuel Costa. «Outro aspecto muito interessante é o facto de o jogo parecer agradar às pessoas que lhe dedicam alguma atenção, independentemente do sexo e da idade. Ficámos muito surpreendidos por tan-
tas amigas nossas adorarem ‘matar orcs’!» O futuro começa agora A dupla iniciou o projecto da produtora de aplicações de entertenimento para dispositivos móveis aquando da passagem pelo IdeaLab, o laboratório de ideias de negócio da TecMinho-UMinho. «Ambos quería-
mos criar um negócio próprio, e até há pouco tempo estávamos a tentar fazê-lo separadamente. Entretanto a ideia foi evoluindo e tornando-se mais madura e a certa altura as nossas intenções deixaram de ser apenas criar um jogo por satisfação própria mas fazer mesmo disto um negócio, incluindo a criação de uma produtora de jogos. A receptividade no mercado tem sido bastante interessante e dá-nos confiança para seguir com o projecto para a frente.» No futuro pretendem estabelecer a produtora e começar a contratar mais pessoas para a equipa. «Queremos especializar-nos em software de entretenimento, é nesse sentido que iremos prosseguir. Não pretendemos ter uma produtora de grande dimensão, uma vez que gostamos de manter o espírito ‘indie’ no que toca à
produção de software. Isto dá-nos mais liberdade e facilidade de adaptação às condições sempre em mutação do mercado», explica a dupla. Trabalhar em equipa Manuel Costa e Ricardo Graça lançam ainda um desafio aos jovens estudantes interessados na área: «Para os que estiverem mais receosos de se lançarem sozinhos, mas acharem que têm uma ideia com valor, falem connosco. Podemos conversar sobre o assunto e se calhar chegar a um acordo de um projecto conjunto para um futuro grande sucesso no mundo dos videojogos.» Sabe mais em http://cluelessideas.com.
• Magda Valente
breves Prémio Secil Universidades para aluno do ISCTE
Ricardo Carreiro, aluno do ISCTE-IUL, foi galardoado com o Prémio Secil Universidades Arquitectura 2010, pelo seu projecto para um mercado multicultural na Cova da Moura. Este prémio, promovido pela Secil com o apoio da Ordem dos Arquitectos, tem como objectivo incentivar a qualidade do trabalho académico e o reconhecimento público de jovens das escolas de Arquitectura e Engenharia Civil. Nos últimos três anos, o prémio foi atribuído a estudantes do ISCTE-IUL.
Financial Times destaca mestrados de Gestão da Nova e Católica
Os mestrados de gestão da Universidade Nova e da Universidade Católica estão entre os melhores do mundo. Quem o diz é o ranking do Financial Times recentemente divulgado. O CEMS - Master in International Management, uma parceria internacional da School of Business and Economics da Universidade Nova de Lisboa com escolas de topo em 25 países, é o segundo melhor mestrado do género no mundo, de acordo com o ranking mundial. Na lista dos melhores do mundo entrou este ano também o mestrado de gestão da Católica-Lisbon School of Business & Economics, ocupando o quarto lugar.
Universidade de Coimbra é a Melhor Universidade Portuguesa
De acordo com a avaliação do QS World University Rankings 2011, que avalia as 700 melhores universidades do mundo, a Universidade de Coimbra é a melhor instituição nacional. Com uma avaliação global de 29.77 pontos, a Universidade de Coimbra surge na 394.ª posição, revelando-se assim a única instituição de ensino superior portuguesa a constar da lista. Os critérios de elegibilidade são: reputação académica, empregabilidade, citações científicas, desempenho dos estudantes, presença de corpo docente internacional e número de estudantes internacionais.
PUBLICIDADE
8 | grande plano
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
REPORTAGEM. Fomos à descoberta das expectativas e so Cardo Filipe aria h n e Eng e 1.º ano , Universidad a ic n c té a Electro e Lisbo Nova d s coleido pelo o norlh o c a m bem aram co tativa e muito ão abus sentiu-s n s pec e x e ip x e il a ra F O Nas p enho « T . . s a o ç lh te e v o estudo on gas mais e espera que ac e vai exigir muit m s u q te . També malmen em, é um curso ai valer a pena» ue q s a b o v s a e as pes e que corr o, mas acho qu u q r e o a diz çã uand e dedica , mas foi pronto ao ponto de, q z is u ois e d v n e á ». E d p pons não co «são res r o carro oas da e e z c a e tr h n o ã s co beber, n procura de pes querem à tinha te o n ã e n fr a m d seguiu e rsidade que ain e ado. sua univ encontr
Caloiros sóbrios, é da praxe Tradições há muitas, e algumas delas saudáveis. Falamos, por exemplo, do lema que tem vindo a acompanhar a Mega Festa do Caloiro nos últimos anos: «don’t drive drunk». Para Paulo Vicente Ribeiro, um dos organizadores da iniciativa, a festa apresenta dois pilares essenciais: «um lado pedagógico ao tentar fazer entender que quando bebem não podem conduzir, e que quando bebem não devem fazer misturas explosivas. E outro lado é o da diversão», acrescentando que os estudantes acorreram em massa aos transportes públicos. Polícia Marítima, Bombeiros, PSP e segurança privada lá estavam para proteger os mais incautos e controlar os menos cumpridores. Os mais belos estudantes Entre as novidades deste ano estavam o Palco Mega Hits
com mais música e o concurso de DJ. Três estudantes foram pré-seleccionados para actuar no Palco Super Bock, com o objectivo de apresentar novos valores nesta área. Já a Eleição Miss e Mister Caloiro, à semelhança de anos anteriores, deu a oportunidade a 14 estreantes na vida académica de brilharem na escadaria destinada para o efeito. «Tira o cabelo dos olhos», foi um dos conselhos maternais vindos de alguns apoiantes dos concorrentes. Festa para todos os gostos Na zona das barraquinhas, que ficaram à mercê do talento decorativo das AE, as músicas que saíam das colunas de cada uma confundiam-se numa mistura entre ‘pimba’ e ‘house music’ a cada passada. No recinto encontrámos estudantes com chapéus feitos de papel, perucas cor-de-laranja, futuros médicos fardados a rigor,
O que vai na cabe
Mais de 30 quiosques de Associações de Estudantes e de tunas académicas. Mais de 20 mil pessoas por dia e mais e que apesar de ter revelado algumas novidades, manteve as suas tradições. Aproveitámo
danças e rituais estranhos, gritos de guerra, secundaristas e estrangeiros, capas e batinas... A festa era de todos! Até um karaoke havia para os rouxinóis (ou alguns corvos) presentes. Beber para esquecer a crise? Mas se a festa fazia a apologia de uma semi-sobriedade, fomos descobrir barraquinhas que vendiam mesmo bebidas brancas: shots, ginja, moscatel, vodka, amêndoa amarga e outras que tais. Quisemos saber se não haveria consequências para este ‘quebrar das regras’ e ficámos esclarecidos: as AE que optassem por vender bebidas além das autorizadas perderiam uma caução de 500 euros. Em tempos de crise ainda há quem goste de arriscar.
• Renata Lobo • Fotos: Mónica Moitas
Discípulo da barraquinha ‘A Laranja Mecânica’ da Faculdade de Psicologia
AE da Faculdade de Medicina da UL, dizem eles «a única de Lisboa». Pois, pois...
Inês Sou 1.º ano de Ciên cia Universidade Lu
«É ‘equi’ de cava lo!», explicou quando a indagá mos em mod arregalados. No ano passado es tev semelhante em Elvas, mas parece e desistiu.«“Sou de cá, fui para El vas Espero que dest a vez corra bem , porq quero e é uma coisa bastante sin gu superiores nest a área e pode se r qu lidade de arranj ar emprego». Ap es lado para o outro a Inês não con carro vinha de co mboio que fic E com os transpo rtes aqui ao aproveitar», suge riu
João Careto eorologia, Duas alunas da Lusófona e do ISEL a dançar ao som do pimba 1.º ano de Met culdae Geofísica, Fa Oceanografia de de Lisb da Universida de de Ciências r isso negou tro no, mas nem po O João é tacitur co. Quando no lavrinhas connos uma ou duas pa ar soou-nos a qu o que estava a tir o nome do curs pera é mesmo co icado e o que es io, mas com coisa de compl estou com rece ão «N o. an de passar e facilitem. Já tou à espera qu es o nã e ad sid univer ondem ao que algumas corresp s, la au de a an sem que vem à Me É a primeira vez . o» nã s tra ou va ores, este rap as e meus senh e, minhas senhor conduzir . Quanto ao ‘se consome álcool e ha ptico e ac qu não bebas’ é cé r… la co i o va a mensagem nã
o rdos o lo Ca , Institut a ç Gon Gestão o e Gestã no d 1.º a perior de , diz, Su spera i pelo e e u q o ». É o ida. F r mais s da sua v de dizer, a e b e o vez b brou alena co an «Cada ximos cin que se lem ida, a Mad ano v ó a r sp sua ve no cois para o primeira o amor da to). Já este e caloiro. d sa en m meno asar-se co de casam qualidade e entrou c a a t a n s q o ir ra u ão segu ca a prop ar, e n -a para ago mas não d fi ju ( a s rro, Nune na festa a ssa, deixou de ca em-dispos io o e e d , v a o b ã lo ç a o a ç pass it a n ír emor O Go iro de esp a. «A minh A com aculdade. s lo a a c c o é t e f a t na lev dal a e es la que m qu no pe pense i carregar o bebe, é e ? to va orada nã Madalena . nam carro»
grande plano | 9
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
e ansiedades dos estudantes para este ano académico
eça da caloirada
do que muita animação. Foi assim a última Mega Festa do Caloiro, que decorreu no final de Setembro em Lisboa, os a rentrée académica para sondar a caloirada quanto ao ano lectivo que agora arrancou.
usa as Equinas, usófona
Nunca é tarde para pôr a conversa em dia.
Ana Lourenço 1.º ano de Gestão de Transportes e Logística, Escola Superior Náutica Infante D. Henrique A Ana já tinha entrado na faculdade o ano passado, mas como aconteceram «várias coisas», está a repetir o ano. Ainda pensámos que teriam sido as saudades da vida de caloira que a fizeram voltar atrás, mas não. «No ano passado nem fui às praxes, este ano é que quero fazer tudo como deve ser. Este ano vai ser a bombar e vou fazer as cadeiras todas». Já conhecia a Mega Festa do Caloiro desde o ano passado e é um pouco céptica quanto ao lema da festa ‘Don’t Drive Drunk’. Não tem carta, mas tem uma opinião: «Já sabem como são os jovens, existe ainda muita gente que conduz bêbeda e eu pessoalmente acho que não deve ser assim».
«Vem aí o doutor, estamos tramadas...»
u com um sorri so do estático de ol hos ve num curso ba stante que não correu bem s e voltei, sou m aluca! que é mesmo o que eu ular. Há poucos cursos ue haja mais po ssibisar de andar de um nduz. «Se tivesse ca mais barato. o lado é de u.
boa
ocar os disse ualquer onseguir mo é a á tive uma e esperaega Festa paz não res,
Caloiros em animada coreografia.
renga Alva magem, ia f m de er So e Enf nfermage d o n 1.º a rior de E pe a u r-se S la Lisbo dapta as a Esco r i u nseg ctativ m vai co ntes expe e s age r e a sab nferm bom, bast E o ã e m n d o da tes uito tá c de ain a Sofia es s estudan «Vai ser m s com r a s e Ap rso, ue o iro ano. armo o é o gio q ao cu e ra lid bem ão ao está de o prim e tudo pa icou. Já nã ava est laç xpl od des pouc ossível», e o passado edita em re azer logo m u r f p e an ze acr ra têm d mos de fa or manei Festa. No s, porque a de h r e nós t as da mel m à Mega u de ideia ua manei or s ve so do a op s u e ã e m u n m p o , q s as ano l, ma ais a ver c comboio esmo i o r v i i e C prim haria m tem m je veio de ue fica m ngen em E nfermage r carro ho mas porq festa, ape , E e s a t i e d a e u a d q m o lem bebe pesar pos a ser. A er uns co cho bem ém se em A b b o. « am ir be barat pessoas t cerveja». mais s m a o sar de darem c
Ó caras lindas! Olh’ó passarinho!
10 | emprego
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
ESTÁGIOS. Jovens recém-licenciados contactam com o mercado de trabalho através da Rede Contacto
Sonae aposta no talento jovem No final de Setembro, a empresa portuense recebeu 46 jovens recém-licenciados, com vista ao desenvolvimento de estágios. Os candidatos foram seleccionados no âmbito dos programas de estágio e selecção ‘Call For You’ e ‘Call for Solutions Universities’.
Mais informações em www.programacontactosonae.com
Descobrir o Crowdfunding
O ‘Call for You’ destina-se a recém-diplomados, que tenham até dois anos de experiência profissional, tendo a selecção sido feita através da Rede Contacto. O programa vai proporcionar a 26 jovens das áreas da Gestão, Economia e Engenharia a possibilidade de desenvolverem estágios de seis meses nas estruturas centrais e centro corporativo da Sonae. Já o ‘Call for Solutions Universities’ é um programa de Open Innovation para finalistas de
mestrado, existente há dois anos. O objectivo é chegar a soluções criativas para desafios lançados pelos negócios, identificando e detectando talento entre os participantes. O ‘Call for Solutions Universities’ realiza-se uma vez por semestre, e nesta nova edição conta com 20 participantes. Reforçar ligação das empresas à universidade Estes novos programas de estágio da Sonae vêm reforçar a aber-
breves Laboratórios Sapo abre candidaturas
Até 15 de Outubro o labs.sapo está a receber propostas de novos projectos. O labs.sapo foi criado pelo portal SAPO com o objectivo de aproximar a indústria e o mundo universitário. Assim, alunos e professores interessados em obter o apoio do SAPO para concretizar algum projecto devem submeter a sua proposta na plataforma online . Os projectos seleccionados serão desenvolvidos a partir de Janeiro de 2012. Mais informação e submissão de candidaturas em http://labs.sapo.pt/candidaturas.
tura à comunidade académica e complementar o Programa Contacto, uma iniciativa que a Sonae criou há 25 anos com o objectivo de levar jovens recém-licenciados a conhecer as estratégias e planos de desenvolvimento das empresas Sonae, e de virem a integrar as suas equipas. Para mais informações vai a www.programacontactosonae.com.
A Católica-Lisbon School of Business & Economics, em parceria com o PPL Crowdfunding Portugal e a Fundação Calouste Gulbenkian apresentaram recentemente o primeiro evento internacional em Portugal sobre o tema do Crowdfunding. Trata-se de um conceito inovador que visa apoiar ideias e projectos criativos que estimulem a economia nacional. Através da plataforma PPL Crowdfunding Portugal é possível promover projectos inovadores e receber financiamento de particulares com vista à sua concretização. De acordo com o Professor Pedro Oliveira da Católica-Lisbon, estamos perante «soluções inovadoras de financiamento que permitem dinamizar o pequeno e médio empreendedorismo». Ou seja, esta iniciativa «proporciona uma porta de entrada ao processo de financiamento, endereçando as primeiras necessidades de capital, visibilidade e credibilidade através de um apoio comunitário transparente». Sabe mais em www.ppl.com.pt.
Uma rede social para recém-licenciados
Foi recentemente lançada a MeJobU, uma rede social destinada aos jovens recém-formados que procuram emprego. A iniciativa, da responsabilidade da Fundação da Juventude, pretende combater o desemprego e colocar à disposição dos jovens uma ferramenta inovadora de procura de emprego. A rede pretende ainda potenciar a criação de auto-emprego e de novos negócios. Sabe mais em www.mejobu.com.
PUBLICIDADE
MundoUniv 26x34cm(M)Jovens.indd 1
7/29/11 12:43 PM
12 | artes
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
MOSTRA. Alunos do IADE expõem trabalhos no Museu das Telecomunicações
Futuros heróis da publicidade mostram talento Chama-se ‘Working Class Heroes’ e reúne uma série de campanhas publicitárias desenvolvidas para diversas marcas pelos alunos da cadeira de Oficina de Portfólio do IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing. A exposição está patente no Museu das Telecomunicações de 13 a 28 de Outubro.
Pela quarta edição consecutiva, o IADE transformou-se numa pequena agência de publicidade e os alunos em criativos e marketeers profissionais. Durante seis meses, e sob a orientação de formadores especializados na área e em contacto com diversas marcas, os alunos da cadeira de Oficina de Portfólio do IADE pensaram, planearam e criaram campanhas de publicidade. Agora, estes trabalhos são apresentados ao público e a profissionais da área através de uma exposição interactiva no Museu das Telecomunicações, em Lisboa. Portfólio interactivo A mostra, cujo tema é ‘Working Class Heroes’, dá a conhecer a todos os visitantes através de ecrãs tácteis e
plasmas de grandes dimensões, cada uma das campanhas criadas pelos estudantes da Oficina de Portfólio do IADE. Desde o briefing inicial, passando pelas ideias até às campanhas publicitárias finais criadas para marcas como Pepsi, Espiga, Seguro Directo, Táxi Interactivo e Compal Vital.
‘Working Class Heroes’, para ver até 28 de Outubro
O objectivo é fazer a ponte entre o universo académico e o mercado da publicidade e da comunicação, para que estes futuros criativos possam continuar a desenvolver as suas ideias e aplicá-las no dia-a-dia real.
Missão: criar oportunidades A exposição é o fruto de uma parceria entre a Oficina de Portfólio e as marcas, que vão poder usar estas campanhas na comunicação dos seus próprios produtos. Todos os profissionais do mercado da comunicação e empregadores podem ter acesso ao portfólio de cada um dos participantes de forma inovadora.
• Andreia Arenga
VER E FAZER Cinema francês na universidade
A Reitoria da Universidade de Lisboa associa-se à 12.ª Festa do Cinema Francês com a exibição das quatro primeiras obras de quatro talentosas realizadoras premiadas internacionalmente. As sessões duplas realizam-se nos próximos dias 12 e 13 de Outubro, a partir das 16h30, na Sala de Conferências. No intervalo, passa também pela Feira do Livro e do Cinema Francês, no Foyer da Sala de Conferências. A entrada é livre.
‘Estocolmo’ no Porto
Com texto original de Daniel Jonas, o mito de Prometeu explorado pelo Teatro Bruto regressa aos palcos, desta vez com ‘Estocolmo’. A peça, com encenação, cenografia e figurinos de Ana Luena, e música original de Peixe (ex-guitarrista dos Ornatos Violeta e membro dos Zelig) está em cena no Teatro Carlos Alberto, no Porto, até dia 16 de Outubro, e explora a anatomia teatral. A não perder!
Dança e performances em Almada
Espectáculos de palco para diferentes públicos, mostra de vídeo-dança, workshops de dança (para profissionais e estudantes) ou ateliês de música, são os ingredientes da XIX Quinzena de Dança de Almada. Até 15 de Outubro, por vários espaços de Almada, Lisboa, Montijo, Sesimbra e Odivelas. Programa completo em www.cdanca-almada.pt.
PUBLICIDADE
AF-Anuncio-Pac4U-MU-26x34cm.indd 1
9/20/11 11:09 AM
14 | música
10 de Outubro | www.mundouniversitario.pt
DISCO. Tiguana Bibles editam ‘In Loving Memory Of…’
A bela e os músicos Depois do EP ‘Child of The Moon’ e de muito tempo a viver em Londres, os Tiguana Bibles mudam-se definitivamente para Portugal e editam o primeiro disco. ‘In Loving Memory Of…’ está recheado de bonitas canções e é uma homenagem ao falecido guitarrista da banda, Paul Hofner. Apesar do trágico evento, o colectivo está mais vivo do que nunca. O MU falou com Vitor Torpedo, membro fundador, na presença da bela Tracy Vandal, a voz doce dos Tiguana Bibles. ‘In Loving Memory Of…’ é o vosso primeiro longa duração. Estão orgulhosos deste trabalho, é o que sonharam? Sim, mas há uma mistura de emoções acerca disso. Este foi um disco difícil, foi gravado duas vezes. A primeira versão acabou por não ser gravada porque o nosso guitarrista morreu entretanto, e passado quase um ano tivemos que ir para estúdio outra vez. Eu acho que o disco está o máximo, de qualquer forma, mas essas músicas já estão quase com dois anos de batimento, por isso, quando temos oportunidade de tocar uma música nova, para nós isso é libertador.
O que mudou desde a edição do EP ‘Child of The Moon’ até agora em termos criativos? A forma de construção e composição manteve-se. A grande mudança é que agora somos uma banda portuguesa, que vive em Portugal. Na altura do ‘Child of The Moon’ mandávamos as músicas por computador e eles aqui que se desenrascassem. Chegámos a fazer concertos sem nunca termos ensaiado juntos. Neste momento o processo é diferente. Ensaiamos juntos, estamos em estúdio e partilhamos ideias. Foi difícil regressar a Portugal? Ainda continua a ser difícil. Uma
das coisas boas de Londres é que a tua personalidade é mantida, ninguém te chateia, podes ser o que quiseres, e há mais interajuda entre os músicos e as bandas, não há tanta inveja. As bandas estão atentas ao que as outras bandas estão a fazer, assistem aos concertos umas das outras. Em Portugal é mais difícil isso acontecer. Falavas da perda do vosso guitarrista, Paul Hofner. De que forma esse acontecimento marcou este disco? Ele teve um papel fundamental na composição do disco. Apesar de as guitarras serem tocadas por Augusto Cardoso (Bunnyranch), foram tocadas e pensadas pelo Paul primeiro, já
Tiguana Bibles
tinham o cunho pessoal dele. E algumas das músicas foram mesmo gravadas no computador dele, em sua casa. Com a morte do Paul pensei duas vezes se havíamos de continuar ou não. Não só porque ele era um músico extraordinário, mas também pela relação muito íntima que mantínhamos com
ele. E essa também foi uma das razões pelas quais saímos de Londres, porque nós erámos como uma espécie de ‘Amigos de Alex’. Um núcleo de amigos que tinha uma banda, e esses amigos desmoronaram-se depois da morte do Paul. Foi muito difícil. Ele morreu duas semanas antes da nossa tournée, mas a
Tracy teve a coragem de dizer para continuarmos e para, pelo menos, fazermos o tributo. Agora estão a preparar as vossas apresentações ao vivo. Têm alguma surpresa preparada para os concertos de apresentação do disco? Vão ser mais vivos do que os concertos que fazíamos antigamente. Temos um ‘set’ mais ‘upbeat’. Tivémos uma fase em que estávamos mais abatidos. Vamos tentar trazer um pouco mais de cor.
• Andreia Arenga
FESTIVAL. De 13 a 23 de Outubro Sintra recebe Sintra Misty
Melodias místicas O Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, acolhe mais uma edição do Sintra Misty, o «festival da música e das palavras». O cartaz inclui nomes como Stuart A. Staples, The Legendary Tigerman, Jay Jay Johanson, Dead Combo, Mazgani e Sean Riley & The Slowriders. Antecipamos o festival com entrevista a Stuart A. Staples, carismático líder dos Tindersticks. O Festival Sintra Misty é o festival da música e das palavras. No seu caso, enquanto compõe, o que surge primeiro? Na realidade é um processo simultâneo. As palavras contêm melodia e a melodia constrói-se com palavras. Não costumo separar as coisas. Por vezes os pensamentos fluem em forma de canção e há como que uma ligação natural entre as duas coisas. E como é o processo de composição? Tenho a ideia romântica de que não somos nós que construímos as canções; são elas que nos encontram. Não tenho por hábito escrever ou compor em horas ou locais específicos. Limito-me a viver,
Tindersticks
a viajar, a colecionar experiências e esperar que as músicas venham ter comigo. No fundo sou um preguiçoso atento. Lord Byron era um profundo admirador de Sintra e muitos apontam-no como uma espécie
de profeta romântico. Gosta da designação? É difícil imaginar-me na pele de poeta. Sou um músico que trabalha com emoções e a verdade é que Sintra é um sítio fascinante e verdadeiramente inspirador, mesmo olhando para além da vertente turística.
No entanto a música que constrói é espirituosa e apela à sensibilidade. Mexer com as emoções dá poder? Não se trata de uma relação de poder, mas de partilha e de um sentimento forte de ligação. É nesta ligação que assenta o poder da música. Quando estou em palco é o esbater das barreiras que me preocupa e não a capacidade de manipular sentimentos. Procuro deixar-me levar, descer até às pessoas e partilhar sentimentos. A carreira a solo é um escape para um trabalho mais disciplinado enquanto parte de uma banda? É mais um homem abandonado à sua sorte com uma guitarra acústica (risos).
Ao fim de tantas passagens por Portugal, ainda há espaço para a novidade? Portugal é realmente um sítio especial para mim porque o público se liga de forma mágica e quase irracional à música. Isso obriga-nos a exceder os nossos limites. Não podemos simplesmente cantar as músicas antigas e esperar que o concerto acabe. O público português é entusiasta, mas exigente e essa exigência torna-o especial. O entusiasmo com que acolhem a nossa música e se deixam tocar por ela é a razão pela qual continuamos a dar concertos. Muitos jornalistas dizem que os portugueses gostam de Tindersticks porque, de alguma forma, se assemelha ao fado. O que eu sinto é que, em Por-
tugal, há um gosto pela tristeza semelhante ao gosto pela alegria. Há esta tendência de viver em função da emoção e expressá-la de forma quase barroca. Fado é destino e termino perguntando o que o destino nos reserva enquanto artista a solo ou membro dos Tindersticks? Os Tindersticks estão a trabalhar num novo álbum, com lançamento previsto para o início do próximo ano. Como estou empenhado a trabalhar em grupo e é algo que me tem dado enorme prazer, não tenho planos para editar nada a solo.
• Bruno Mano
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE