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SELO DE MÉRITO PELA REDE DE AUTARQUIAS QUE CUIDAM DOS CUIDADORES INFORMAIS

A Câmara Municipal da Amadora acaba de ser reconhecida, com o Projeto ‘Apoio ao Cuidador’, para pertencer à rede de autarquias que adotam as melhores práticas e medidas de apoio em benefício dos cuidadores informais e cujo reconhecimento se materializa na atribuição de selos de mérito.

Este reconhecimento surge após a candidatura da autarquia à 2ª edição da Rede de Autarquias que Cuidam dos Cuidadores Informais (RACCI), um projeto do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, com o apoio institucional da Merck, que tem como missão reconhecer os municípios e as freguesias do território nacional com as melhores práticas e as medidas de apoio em benefício dos cuidadores informais.

Das 54, foram reconhecidas 42 candidaturas que, de acordo com os representantes das associações que compõem o Movimento e que as avaliaram, se destacam pelo cumprimento dos critérios definidos e a quem vai ser atribuído um Selo de Mérito.

Necessidades que, de acordo com o inquérito feito pelo Movimento, vão desde a falta de apoio emocional/psicológico (64,6%), apoios relacionados com Estado (59,1%), apoios financeiros (51,8%), até à necessidade de receber formação específica em algum aspeto do processo de cuidar (41,2%).

Em 2021, o Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais já tinha desenvolvido a mesma iniciativa, recebendo 50 candidaturas, das quais 24 foram reconhecidas com o selo RACCI uma vez que se destacaram pelo cumprimento dos critérios definidos.

Ver lista completa das autarquias que receberam o selo: https://movimentocuidadoresinformais.pt/racci/.

Informações: www.movimentocuidadoresinformais.pt.

SOBRE O MOVIMENTO CUIDAR DOS CUIDADORES INFORMAIS

Reconhecidos recentemente por um Estatuto que, apesar de um importante avanço social, continua incapaz de travar por completo o perpetuar de algumas injustiças, os cuidadores têm estado em destaque nos últimos tempos. E é porque, apesar de insubstituíveis, muitos continuam ainda invisíveis, que a Merck Portugal decidiu, no seguimento de um projeto corporativo global, o ‘Embracing Carers’, lançar, em 2020, no País um Movimento que tem como missão ‘Cuidar dos Cuidadores Informais’. Este movimento, apoiado pela Merck, conta com dezenas de associações portuguesas que têm como objetivo concretizar projetos capazes de ajudar, na prática, quem cuida, seja do marido, da mulher, de um filho, do pai, da mãe.

Sobre o projeto ‘Apoio ao Cuidador’, da autarquia da Amadora O município da Amadora foi pioneiro na intervenção na área do apoio ao cuidador. É reconhecida pela autarquia a importância de apoiar os cuidadores por forma a possibilitar o envelhecimento na comunidade, promovendo a permanência dos seniores e/ou pessoas em situação de dependência no seu meio natural de vida, com qualidade e conforto, retardando ou evitando a sua institucionalização.

O Projeto ´Apoio ao Cuidador´ pretende dotar os cuidadores de competências e conhecimentos específicos, na área dos cuidados à pessoa dependente, bem como contribuir para o aumento da qualidade de vida e bem-estar dos cuidadores de pessoas com doenças crónicas e incapacitantes que se encontram em situação de dependência, promovendo também uma melhoria nas relações entre cuidadores e pessoas cuidadas/beneficiários.

Com vista a atingir estes objetivos, a autarquia estabeleceu uma parceria com a Cooperativa LinQUE – Cuidados paliativos em casa, para a realização de sessões de informação e capacitação para cuidadores formais, dinamizadas por profissionais de saúde.

Informações:www.cm-amadora.pt/pt/intervencao-social/outros/4711-apoio-ao-cuidador.html

É com um brilho nos olhos que José Cardona fala da retrosaria onde nasceu. Literalmente, porque o pai tinha medo de que o trocassem na maternidade. Decidiu chamar a parteira e, há 73 anos, a Retrosaria Cardona viu nascer José. Desde então, foram milhares os botões que lhe passaram pelos mãos. Mas tem sido a capacidade de se adaptar e de variar a oferta o segredo para a Retrosaria Cardona continuar a receber clientes novos, 84 anos depois de ter aberto as portas.

A Retrosaria Cardona foi inaugurada em novembro de 1937. Qual a história desta loja que está há quase 85 anos na Amadora?

Os meus pais foram os fundadores desta loja. Não eram de cá – o meu pai era de Lisboa e a minha mãe de Alcochete –, mas escolheram a Amadora para viver e criar o negócio. Na verdade, aterraram aqui e abriram logo a retrosaria.

E passado uns anos nasce o José... Verdade e é engraçado porque nasci aqui na loja. Antigamente, o espaço era dividido em loja e habitação. Nós vivíamos aqui e tínhamos a loja. Como o meu pai tinha medo de que me trocassem na maternidade, decidiu que eu nascia na retrosaria. Foram chamar a parteira, que vivia a poucos metros de nós, e assim foi. Sou um filho da retrosaria.

É uma loja que se tem mantido na família.

Sim. Atualmente, vai na segunda geração. Depois da segunda passará para o meu filho, que será a terceira geração, se ele quiser continuar, claro. Mas o mais engraçado é que também os clientes passam de geração em geração. Já chegámos a juntar na loja bisavó, avó, filha e neto, todos clientes em simultâneo. Isso deixa-me muito feliz.

Qual o segredo para um sucesso de 84 anos?

A loja tem vindo a ser cada vez mais conhecida e tem muitos clientes. O segredo é termos um grande sortido de artigos. Sabemos que o cliente procura sempre o que não existe. Por isso, temos de garan- tir variedade. Por exemplo, temos as cores todas de um artigo. Mas o melhor desta casa são os clientes. E precisamos que continuem a aparecer.

Ainda recebem clientes novos?

Sim, quase todos os dias, muito graças à tecnologia. Agora a minha filha é que faz isso. Temos Facebook da loja. Os clientes consultam, pesquisam e vêm cá. Vão sempre aparecendo novos clientes, graças à evolução. 73 anos sempre na retrosaria fazem de si um dos comerciantes mais emblemáticos da Amadora...

Por vezes, vou na rua, como as pessoas me cumprimentam, julgam que sou o padre, porque falo a toda a gente. Claro que, antigamente, isso se notava muito mais, quando isto era mais pequeno, eu conhecia toda a gente e toda a gente me conhecia. Agora, a Amadora evoluiu e tornou-se muito maior.

E isso é bom?

Sim, claro. Antigamente, a Amadora era uma espécie de dormitório. As rendas eram mais baratas do que em Lisboa e as pessoas vinham viver para a Amadora. Trabalhavam em Lisboa e viviam aqui, saíam de manhã e só regressavam à noite.

Por isso, as condições não eram muito favoráveis para o comércio. Hoje, temos mais população e mais comércio. As pessoas fazem mais vida na Amadora. Há vários anos que a cidade tem melhorado nesse sentido. As pessoas estão radicadas aqui, na Amadora, vivem e trabalham cá.

Portanto, considera que houve uma evolução positiva?

A evolução é sempre boa e é sempre favorável, tanto para os habitantes como para nós, comerciantes. A Amadora era uma aldeia, quando eu era miúdo. Agora, é muito grande, uma cidade desenvolvida e com qualidade. A verdade é que precisamos que as pessoas tenham boas condições de vida, que gostem de viver na Amadora e que utilizem os serviços e comércios de cá. Sem isso, não conseguimos sobreviver. ◆

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