Concurso Ler Lousada 2016-2017

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© Texto Vários © Ilustrações Vários Design e Paginação Fedra Santos Revisão de texto Adelaide Pacheco © Propriedade e Edição Câmara Municipal de Lousada Direção editorial Manuel Nunes Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em partes, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização escrita da Câmara Municipal de Lousada. Este livro respeita as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.




“Ler Lousada” não é apenas o nome de um concurso literário, que envolve os alunos do 4.º e do 6.º ano de escolaridade. Ou melhor, é realmente um concurso de escrita, mas, através dele, procura-se, sobretudo, desafiar novas perspetivas, ideias e emoções acerca do nosso concelho. Seja a partir dos contos do rio que corre ou de um caderno perdido pelo JB na Biblioteca Municipal, seja a partir de acontecimentos, de sítios, de pessoas ou de situações que nos marcam e caracterizam. Sendo Lousada uma permanente redescoberta, que um olhar mais atento e entusiasmado ajuda a desvendar com ainda mais clareza, lançámos novamente o convite para exprimirem a beleza de viverem num concelho encantador. Agradeço a todos os participantes e felicito especialmente os vencedores, com a certeza de que o fascínio pela vossa terra vos irá sempre acompanhar.

O Presidente da Câmara Municipal Dr. Pedro Machado


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A REVOLTA DAS LETRAS Turma: 4.ยบ A_SO Professor Titular: Sara Pinto Estabelecimento de Ensino: Escola Bรกsica de Sousela

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stávamos a caminho da Biblioteca Municipal. A professora tinha-nos dado um trabalho para fazer: “conhece melhor o teu concelho”. Para isso tínhamos agora a tarefa de consultar os livros aí existentes e recolher a informação necessária. Já na Biblioteca e divididos em grupos, a turma deitou mãos à obra e começou a árdua tarefa de procurar os livros adequados ao trabalho proposto. Algum tempo depois já tínhamos recolhido mais informações do que imagináramos: sabiam que a Câmara Municipal nem sempre foi no local em que se encontra agora? E que só por volta de meados do século XVIII foi transferida de Pias para a vila de Lousada? Que o nosso concelho tem uma variedade de monumentos como alminhas, cruzeiros, fontanários, capelas, igrejas, pontes, solares e casas apalaçadas? E que alguns destes monumentos fazem parte da Rota do Românico como por exemplo a Ponte de Vilela, a Torre de Vilar ou a Igreja Sta. Maria de Meinedo? Estávamos dedicados a esta tarefa quando ouvimos barulho na rua e nos apercebemos de alguma agitação. Curiosos dirigimo-nos às janelas para perceber o que se passava. Como a visibilidade não era a melhor, resolvemos sair da Biblioteca. Nem queríamos acreditar no que estávamos a ver! Pelas ruas de Lousada desfilavam letras! Sim, letras! Letras de todos os tamanhos e feitios, maiúsculas e minúsculas… O nosso espanto foi ainda maior quando as vimos segurar cartazes que diziam: “Usem-nos bem!”, “Queremos Respeito”, “Greve!”, “Sem Erros”.

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– O que se passa? O que é isto? – Perguntou o Gabriel. Foi então que algo ainda mais extraordinário aconteceu: a letra E dirigiu-se a nós e, indignada, exclamou: – Ainda perguntam?! Vocês são os causadores do que está a acontecer. – Nós?! Porquê? O que fizemos? – Perguntámos. – Vocês passam a vida a usar-nos mal, de forma incorreta, a colocar-nos fora do lugar. Estamos fartas! Já chega de tanto disparate e de tanta falta de cuidado. Percebemos que aquilo era uma “Manifestação das Letras”. Elas estavam ali para nos chamar à atenção sobre a forma como as usávamos e para pedir respeito, acima de tudo. Assim ficámos, largos minutos, a ver todas aquelas letras a desfilar perante os nossos olhos incrédulos. Quando reentrámos na biblioteca ouvimos a bibliotecária exclamar para o leitor que atendia: – O que se passa com o computador? Não consigo escrever uma só palavra! Não consigo fazer a requisição do livro que pretende. Só um momento, por favor. A bibliotecária levantou-se, dirigiu-se a uma estante atrás de si e retirou um caderno de capa dura. – Já que não conseguimos fazê-la no computador, vamos experimentar aqui. – Explicou ela. Depois, pegou na caneta e começou a escrever, mas nem uma letra se viu naquela folha de papel. – Também tu?! Está difícil a sua requisição…

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A bibliotecária experimentou várias canetas, mas nenhuma delas escrevia. – Oh! Se calhar as letras estão em greve! – exclamou a Leonor. – Elas recusam-se a aparecer nas palavras que escrevemos! – És capaz de ter razão, elas ameaçaram fazer greve… – concordou a bibliotecária. – Mas se isso acontecer…vai ser um caos! – continuou a Leonor. – Porquê? Assim não temos que escrever mais textos, nem fazer mais trabalhos. Isso até é “fixe”. – comentou outro colega. – É verdade, mas também significa não termos livros novos, não haver mais jornais ou revistas, não termos legendas nos filmes… nem sequer um e-mail vamos poder enviar! – acrescentou a Maria Beatriz. – Pois… não tinha pensado nisso… – refletiu ele. – Temos de fazer alguma coisa! – exclamámos, pois apesar de ser muito atrativa a ideia de não fazermos mais textos, percebíamos que as letras são demasiado importantes. – Venham comigo – pediu a bibliotecária. Seguimo-la até uma sala habitualmente fechada. Lá dentro estava um livro muito grosso e velho, com um ar mágico e misterioso. – Este livro é muito antigo, tem poderes mágicos e soluções para situações extraordinárias. Pode ser que nos ajude com o que se está a passar.

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Assim que o livro se abriu vimos, maravilhados, como por magia, as suas páginas ficarem suspensas no ar à nossa frente. Aquele era realmente um livro mágico! O seu conteúdo elevava-se diante dos nossos olhos para que todos o pudéssemos ler. Tinha, de facto, soluções para tantas coisas! Faltava-nos, agora, descobrir uma para o problema que tínhamos em mãos. Horas depois, desanimados por nada encontrarmos, reparámos numa página que tinha como título “Revolta das Letras”. Ficámos todos em silêncio e lemos tudo o que aí estava com a maior das atenções. A solução para o problema que invadia Lousada estava à nossa frente… e não ia ser nada fácil… Para que tudo voltasse ao normal, teríamos de dizer, em uníssono, a frase “Lerper Loupousapadapa” e as letras regressariam àquele livro mágico e misterioso e só depois voltariam a poder ser usadas por todos. No entanto, tal só aconteceria se todos os habitantes de Lousada lessem um livro. Esta era a tarefa mais difícil! Como íamos convencer todas as pessoas a ler um livro? Como fazê-las compreender a importância das letras na nossa vida, no nosso dia a dia? – Temos de falar com todos os habitantes! – exclamou a bibliotecária. – É uma tarefa… épica!... – Falar com todos os habitantes!? Mas… isso é quase impossível! – comentámos. – Sim, não vai ser fácil, mas as pessoas têm de compreender o que está em causa. Temos de encontrar uma forma…

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– E se todos ajudássemos? – sugeriu a Inês. – Como? – questionou a Diana. – Falamos com os nossos pais e familiares, com os nossos vizinhos… – continuou a Beatriz. – Boa! Podíamos falar também com as outras crianças, das outras escolas e elas podiam fazer o mesmo! – acrescentou o Rodrigo. – Sim! Se todas as crianças de todas as escolas fizerem o mesmo, podemos fazer chegar a mensagem a mais pessoas! – disse a Clara com entusiasmo. – E como vamos fazer isso? – quis saber a Gabi. – Dividimo-nos em grupos e falamos com todos os colegas das escolas, claro! – sugeriu o João. – Boa ideia! Temos de o fazer rapidamente. – concordou a Mariana. Começámos a discutir a melhor estratégia e colocámos o plano em prática. Era necessário agir com urgência. Em três dias já todas as escolas tinham recebido a nossa visita e já tínhamos garantida a colaboração de todos os colegas, professores e funcionários. A mensagem iria passar facilmente e iríamos ter a colaboração de todos os habitantes… assim esperávamos. Já tinham passado algumas semanas, estava na altura de regressarmos à Biblioteca para lermos a frase mágica que permitiria que tudo voltasse ao normal. Assim o fizemos. Concentradíssimos dissemos em conjunto: – Lerper Loupousapadapa.

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Agora era esperar que os lousadenses cumprissem a parte que lhes competia. Infelizmente, nada aconteceu e as letras continuavam a não aparecer. – Parece que há gente que ainda não fez o que devia… – comentou o André. – Pois… não está a ser fácil… – acrescentou a Lara. – Temos de dar mais tempo. As pessoas têm de perceber como as letras fazem falta. Quando não conseguirem registar uma propriedade, um carro, quando não conseguirem registar um filho, quando não tiverem acesso às receitas médicas, quando perceberem que as crianças que entram para a escola não vão conseguir escrever, elas certamente irão ajudar. – afirmou a bibliotecária. Entretanto a vida quase parara. As finanças fecharam, nas escolas quase só trabalhávamos matemática (os números não aderiram à greve), os quiosques deixaram de vender revistas e jornais… Dias depois, resolvíamos um problema de matemática na escola, quando: – Olhem! – exclamou o Rui. – As letras! Elas estão a flutuar!... – explicou o Renato. A cara dele era um sorriso só, enquanto apontava para a janela. Como se fossem bolas de sabão brilhantes e transparentes, as letras flutuavam no azul do céu, em direção à vila. Elas regressavam ao livro mágico que se encontrava na Biblioteca. Todos juntos tínhamos conseguido!

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EPÍLOGO

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avia passado muito tempo desde que as letras tinham feito greve. Tudo tinha voltado ao normal... Bem, nem tudo. Agora, quando íamos à Biblioteca, esta estava sempre cheia de gente. As pessoas tinham percebido como eram importantes as letras, os livros, a leitura. Era frequente vermos pessoas a ler nas paragens de autocarro, nas salas de espera, nos jardins, nas ruas. Líamos cada vez mais, cada vez melhor…

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uma aventurA na quinta da tapada Turma: 4.º Ano Professor Titular: Carlos Matias Estabelecimento de Ensino: Escola Básica de Santo António –Casais 17


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turma de 4.º ano da escola de Casais estava muito entusiasmada. Era a hora de partir para a Quinta da Tapada, onde os alunos iam aprender a fazer

queijo! – Não se esqueçam de levar bloco e lápis para registarem tudo o que virem! – lembrou o professor, também ele muito animado. – É para levar lanche? – perguntou o Diogo já pensando na hora do intervalo. – Também estás sempre cheio de fome… – disse a Ariana muito risonha. – Sim, levem a lancheira! – respondeu o professor. Ou estão a pensar em esgotar o armazém do queijo? A turma respondeu com uma risada. O percurso foi feito pelos campos verdejantes naquela tarde primaveril, com as andorinhas a voar e os pássaros a chilrear. Junto à igreja, o Martim lembrou: – É aqui que está sepultado Manuel Peixoto de Sousa Feire, senhor da Quinta da Tapada. – Pois é! Foi ele que mandou construir o primeiro hospital de Lousada e que organizou a festa ao Senhor dos Aflitos – acrescentou a Joana muito orgulhosa por viver na terra de uma pessoa tão ilustre. O rio Mezio deslizava calmamente e quando atravessámos a ponte o Nuno afirmou: – Até apetece dar um mergulho.

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– Só pensas em aventuras – disse a Soraia, a mais sossegada da turma, mas que naquele dia estava a sair da casca. A Quinta da Tapada estava lá em cima à nossa espera. Entrámos pelo portão principal que levava a um pátio onde nos esperava uma senhora simpática que nos encaminhou para a sala onde íamos aprender a confecionar queijo. Lavámos as mãos, vestimos uma bata branca e pusemos uma touca transparente. Ouvimos atentamente as explicações e estávamos prontos a iniciar a oficina de queijaria! Em panelas grandes deitámos leite pasteurizado que depois foi aquecido. A seguir, misturámos um líquido para o

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leite coalhar. Formou-se uma pasta que retirámos para formas e acrescentámos sabores de maçã e canela. Nessa altura o Nuno viu um frasco que dizia “Poções do Passado” e perguntou à senhora se podiam misturar aquelas ervas com o queijo. Ela respondeu que eram saborosas, mas que nunca as tinha misturado com queijo e era boa altura para experimentar. Acrescentámos o novo ingrediente e esperámos algum tempo. Aproveitámos para tirar apontamentos e fotografias. O queijo estava pronto para ser apreciado. – Vou deixar-vos à vontade para provarem o queijo. O vosso professor vem comigo buscar ofertas. Às quatro horas em ponto encontrámo-nos todos aqui – disse a Dona Teresa, a senhora que sempre nos acompanhou. O queijo estava delicioso e ao mesmo tempo começámos a sentir um efeito mágico! A nossa cabeça pareceu rodar e quando abrimos os olhos tudo se tinha transformado! Estávamos no antigo salão de baile da Quinta, com muitos pares a dançar ao som da música que Manuel Peixoto de Sousa Freire tocava no seu violino. Quando acabou, começou a declamar um dos seus poemas. Depois recomeçou o baile. A sua irmã Dona Albina dançava com o grande Capitão António Couto Vasconcelos, e Henrique Leite com a sua amada esposa. De repente, a música parou e Sousa Freire exclamou: – Parece que temos visitas! Apontando para nós, perguntou:

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– Quem são vocês? Todos nos olharam. Ficámos muito envergonhados e com medo porque não sabíamos se alguma daquelas pessoas era má. Pensámos em fugir, mas parecia que não tínhamos forças. O Rogério ganhou coragem e respondeu: – Somos alunos da escola de Casais e viemos hoje visitar a sua Quinta… – E vindes vestidos assim porquê? – Nós vivemos no ano 2017, mas acho que viajámos no tempo depois de comermos queijo – explicou a Letícia um pouco corada.

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– Queijo?! – perguntou a Dona Albina admirada e abanando o leque. – Esta Quinta tornou-se muito famosa pelo seu queijo, compotas e vinho. Ao ouvir isto, Henrique Leite aproximou-se e disse: – Fico muito orgulhoso por saber isso e que a minha empresa teve continuidade! A festa continuou ainda mais animada. O grande relógio da sala bateu as quatro badaladas e nós atravessámos a correr a porta do salão.

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Com a pressa, a Margarida deixou cair o lenço mas não houve tempo para o apanhar. Como por magia, estávamos novamente na sala onde estivemos a preparar o queijo. Logo a seguir entraram a Dona Teresa e o nosso professor, que nos disseram: – Parecem muito estranhos. O que se passou?! – Gostávamos de ir visitar o antigo salão de baile – respondeu o Martim piscando o olho aos colegas. Fizeram-nos a vontade. Quando lá entrámos, sorrimos uns para os outros e a Dona Teresa afirmou: – Era aqui que os donos da casa reuniam os amigos em bailes e convívios. – Acho que sonhei que estive aqui… – exclamou o Diogo para os colegas, sabendo que todos estavam a pensar o mesmo. Apontando para o grande relógio da sala, a Ariana afirmou: – O relógio parou nas quatro horas! Os alunos olharam novamente uns para os outros, recordando a aventura que tinham tido pouco tempo antes. – Este lenço não é teu, Margarida? – perguntou o professor apanhando-o do chão. Como é que ele veio aqui parar? Quem salvou a situação sem saber foi a dona Teresa que nos convidou a conhecer os jardins e uma pequena gruta. Tirámos mais apontamentos e fotos em grupo junto ao busto de Sousa Freire. Lanchámos, despedimo-nos da Dona Teresa e regressámos à escola. Já na sala de aula, o professor perguntou:

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- Gostaram da visita? Mas ainda estou para saber essa história do lenço que apareceu no salão… – disse o professor intrigado. A campainha tocou. Era hora de ir para casa. A tarde tinha muito que contar...



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A lenda dos sete cruzeiros Turma: 4.ยบ B Professor Titular: Matilde Paula Pinto Estabelecimento de Ensino: Escola Bรกsica de Lustosa

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ara já com isso! Não vês que a professora quer falar? – Emprestas-me o telemóvel? Anda lá… é só para tirar uma foto ao Tiago. Foge, Mara, és cá uma chata. – refilou o Rui. – Tu só podes estar a ouvir mal! A professora já disse que o autocarro só arranca depois de estarmos todos quietos e com os cintos de segurança. Quando chegarmos ao Porto eu empresto-te. Ou queres ficar aqui o dia todo? Depois é sempre a mesma coisa, a professora chateia-se com todos. Alguns pais ficaram a acenar até a autocarro desaparecer. O dia ia ser diferente e prometia muita animação. O tempo tinha mudado e o sol estava agora cada vez mais forte, os raios batiam nas janelas e aqueciam ainda mais todo o ambiente neste passeio. – Oh professora! Vamos primeiro ver os monumentos dos Clérigos ou vamos já para o Estádio do Dragão? – Perguntou a Rita que era uma portista ferrenha. – Ai Rita, que ansiedade! Primeiro vamos até à Baixa e à tarde é que vamos ver o teu estádio! – E quando é que vamos subir aquela torre que tem muitos degraus? – quis saber a Mara. – Essa torre é a Torre dos Clérigos. Tem 240 e tal degraus. Vai ser o primeiro monumento a visitar. É um ex-libris da cidade, por isso quero todos os meninos organizados e muito atentos ao que o guia vai explicar. – Mas vamos também visitar a livraria que serviu de ins-

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piração aos livros do Harry Potter, professora? A minha avó deu-me dinheiro para o passeio! Se formos lá, eu gostava de comprar um livro para ler nas férias! – É claro que vamos visitar a livraria Lello, João! Já está tudo combinado. Acho que é boa ideia, gastares esse dinheiro que a tua avó te deu num bom livro para as férias. Eu também vou aproveitar para comprar um para mim. Há muito tempo que ando à procura de um livro que havia na biblioteca da minha escola, quando tinha a vossa idade e que nunca mais o encontrei…era espetacular! Tinha sempre a sensação que era teletransportada para outros sítios.

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Todos gostaram da experiência de subir a antiga Torre dos Clérigos. Lá de cima, as pessoas que passavam na rua pareciam tão pequeninas e avistava-se o mar. Era uma bela vista sobre a cidade do Porto. Depois da visita guiada à torre dos Clérigos, a turma dirigiu-se calmamente até à livraria Lello. – Estou tão cansado! – disse o Rui. – Ainda bem que a livraria fica perto. – respondeu a Rita. Os alunos ficaram deslumbrados com a beleza da livraria. Havia livros espalhados por toda a parte. Também repararam na escadaria enorme que dava acesso à parte superior, onde se encontravam ainda mais livros. A descoberta do espaço e dos recantos tornou- se quase uma aventura. A dada altura, um dos alunos chamou a atenção da professora para um livro que estava no chão a um canto, com uma capa de coiro, castanha e já muito gasta. A professora, que também tinha reparado, pegou no livro, abriu-o e encostou-o ao peito. – Vejo que este livro lhe interessa! É curioso, já cá está há tantos anos e nunca ninguém o quis. Parece que as letras estão desfocadas e não se consegue ler. – observou o dono da livraria. – Nem sabe há que data de tempo ando à procura dele. Vou levá-lo! No fim da visita, todos estavam satisfeitos por terem conhecido uma livraria bem invulgar que atraia tantos turistas de todo o mundo.

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– Adorámos, professora, esta nossa visita de estudo. A livraria Lello, é sem dúvida, um lugar magnífico. No dia seguinte, já na aula, os alunos mostravam-se impacientes porque a professora tinha-lhes prometido ler um excerto do livro que lhe fazia lembrar a sua infância. – Professora sempre vai ler uma parte do livro? – Claro que sim, o prometido é para cumprir. Como este livro está cheio de histórias, vou escolher uma à sorte. Olhem, pode ser esta, “A lenda dos sete cruzeiros”. A turma ficou em silêncio. E à medida que a professora ia lendo sentia-se um clima de arrepio e fascínio na sala. – Conta a história que há muitos anos, quando os pais eram velhinhos, um dos seus filhos levava-os a um monte deserto e deixava-os lá com uma manta e uma broa de pão à espera da morte. Um dia, um rapaz levou o seu pai para monte e quando se preparava para regressar sozinho. O pai

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disse-lhe que o que ele estava a fazer também lhe iria acontecer a ele quando fosse velho. O filho ficou muito pensativo e como não queria que isso lhe viesse a acontecer, levou novamente o seu pai para casa e fez uma promessa a Deus: se a tradição acabasse, mandaria edificar cruzeiros nos locais mais altos da freguesia. Como a tradição acabou, o homem cumpriu a promessa e mandou construir os cruzeiros em sete locais espalhados pela localidade. Ainda hoje se podem encontrar os sete cruzeiros nos lugares de Talhos, Pereira, Requeixos, Cruz Nova, Cruz Vermelha, São Roque, Várzea, São Mamede e São Gonçalo. No fim da história todos estavam admirados por terem encontrado um livro que falava precisamente da localidade de onde todos moravam. A coincidência foi tão estranha que até parece que o livro estava à espera que alguém dessa freguesia de Lousada o comprasse e o levasse para a terra de onde nunca deveria ter saído. Mais estranho foi que, à medida que a professora ia lendo a história, a sua voz ia mudando, ora tinha uma voz de

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um homem jovem, ora tinha uma voz de um velho, o que tornou tudo ainda mais misterioso. Há livros que nos marcam para a vida e este é um deles. Mas ele é especial por outra razão, pois é o V volume de uma coleção. Trata-se de um conjunto de 5 livros que falam das lendas de uma terra e de um povo, das suas histórias, crenças e medos. Os outros quatro estão na Biblioteca Municipal de Lousada e há muito que se procurava o último volume. Só alguém que se deixa encantar por estas histórias e conhece as suas origens é que é capaz de o ler. – Percebem agora o que o dono da livraria queria dizer com aquilo de as letras parecerem desfocadas? É uma espécie de magia que este e os outros livros da coleção têm. Por isso, ele tem de voltar para junto dos outros. – Professora, podemos ir todos levá-lo? – E os olhos da Mara brilhavam de ansiedade de entusiasmo. – Claro que sim, deem-me só uns dias para tratar do autocarro. Umas semanas mais tarde, a turma do 4º ano deixava na Biblioteca Municipal aquele livro tão especial. Ficaram tristes, como se fica em qualquer despedida, mas todos sabiam que ele ficaria ali, ao dispor de quem tivesse alma de criança e o quisesse ler, deixando-se levar pelo encantamento das histórias. Sabiam que tinham cumprido a sua missão.

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o caderno de JB 2 Autor: Ana Rita Moreira Machado Pedrosa Estabelecimento de Ensino: Escola Bรกsica e Secundรกria de Lousada Oeste

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Capítulo 1: O reencontro Olá, outra vez, caderno. Senti muito a tua falta, ainda bem que em casa da tia Ester há muitas folhas no escritório, assim enquanto não tenho um caderno novo, posso continuar a escrever até a dúzia de folhas que te acrescentei acabe, espero que dê para o resto das minhas férias em Lousada. Eu pedi aos meus pais para me deixarem ficar aqui mais duas semanas e eles deixaram, por isso é que preciso de ti para acabar de relatar as minhas aventuras. Queria pedir-te imensa desculpa por te ter deixado na Biblioteca Municipal, eu sei que te prometi que não o iria fazer, mas a minha conversa com a Luísa prolongou-se e... acabei por me esquecer de ti, mas consegui recuperar-te. A Luísa veio cá a casa entregar-te, mas eu não estava em casa, tinha ido com o Rúben dar um passeio pelo parque urbano, eu só espero que não te tenha lido, se ela o fez não sei... será que falará para mim na mesma, ou começar-se-á a rir como fariam os meus colegas? Bem, não sei as respostas às minhas perguntas, mas tenho a certeza de que vou descobrir tudo hoje. Ela marcou um encontro comigo no café, junto às Piscinas Municipais e, falando nisso, tenho de ir, já estou atrasado. Quando voltar conto-te como correu.

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Capítulo 2: Fui descoberto O meu encontro com a Luísa correu como eu suspeitava: ela respondeu-me a todas as perguntas que fiz a mim próprio. Ela confessou-me que realmente tinha lido uma parte do meu caderno e que até acha fixe a ideia de eu ter um “diário”. A Luísa foi muito compreensiva, não gozou comigo e disse-me que não ia contar a ninguém sobre ti. Também me pareceu que ela tem um diário, tal como eu, pois esteve a maior parte do tempo a perguntar-me desde quando é que te tinha, o que escrevia em ti, e muitas mais coisas. Posso dizer que o assunto do nosso encontro foste tu!

Capítulo 3: Será que lhe devo contar? Sei que não tenho escrito muito em ti, porque tenho passado muito tempo com a Luísa e eu quero aproveitar o resto das minhas férias com ela. Sabes, acho que me estou a apaixonar, sempre que estou com ela tenho “comichões na barriga”, já procurei na biblioteca muitos livros que falassem sobre o amor, a paixão e todos eles dizem que a paixão são “comichões na barriga”. A maior parte dos livros tinha respostas muito complicadas e depois de as ler todas consegui resumir um texto com 20

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linhas em 11 palavras: “Ninguém sabe o que é o amor” e “O amor é incerto.” E com isto tudo quero dizer que estou a pensar se devo, ou não, contar à Luísa que gosto dela. Ontem estive a pensar: “E se a Luísa também gostar de mim?” Não sei como seria a nossa amizade daí para a frente e também pensei: “E se eu e a Luísa namorássemos?” Iríamos ter uma relação à distância? Será que isso iria resultar? Mais uma vez eu ponho-me a fazer perguntas para as quais não tenho, nem sei como obter resposta. Pensando melhor, posso obter resposta a uma delas, só tenho de ganhar coragem e dizer-lhe que gosto dela e saber se ela também gosta de mim. Mas isso fica para outro dia, porque já é tarde e também porque acho que um assunto desta importância deve ser tratado cara a cara.

Capítulo 4: O dia da verdade Tomei uma decisão, finalmente vou-me declarar à Luísa. Não faço a mínima ideia de como ela vai reagir, mas já pensei numa maneira simples para lhe dizer aquilo que sinto: “Luísa, tenho pensado muito nisto e chegou a hora de te dizer que desde o primeiro dia em que te vi soube que eras a rapariga ideal para mim, por isso mesmo estou aqui para te perguntar: “Luísa, tu gostas de mim?”.

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Eu acho que se calhar vou ter de ser mais direto, deixar as lamechices e digo-lhe: “Luísa, eu gosto de ti. E tu, gostas de mim?”. Pensando bem, acho melhor adiar isto, porque estou com algumas difículdades. Quando tiver o meu discurso bem ensaiado trato do resto.

Capítulo 5: Lendas das freguesias de Lousada Ontem, eu e a tia Ester fomos visitar várias freguesias do concelho de Lousada e a primeira foi Caíde de Rei. A minha tia Ester contou-me a lenda daquela terra. Diz a lenda que na casa de Quintã, que um dia pertenceu à família Caíde, passava junto dela um rei a cavalgar no seu cavalo e que tropeçou numa pedra e caiu, daí surgiu o nome daquela freguesia, juntando o rei que caiu em frente à casa dos Caíde. Também fomos visitar Cristelos, e sinceramente foi a lenda que mais gostei, pois reza a história que naquele local há uma grande fortuna de ouro deixada pelos mouros, com a esperança de um dia voltarem a reconquistar Portugal. Mas como eram muito calculistas, no mesmo sítio em que deixaram o tesouro também deixaram encantamentos de monstros e ainda hoje há relatos sobre “ o terrível monstro de Cristelos” que muita gente afirma ter visto antes de fugir a sete pés.

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Visitamos também a freguesia de Silvares, a lenda que se ouve por aquelas rondas é que a Nossa Senhora de Silvares, apareceu num monte que faz fronteira com a freguesia vizinha, por esse mesmo aparecimento esse tal monte chama-se “Monte da Nossa Senhora de Silvares”.

Capítulo 6: O início da despedida Acabei de saber que a minha estadia em Lousada só durará mais dois dias e que segunda-feira às 12 horas, voltarei para minha casa. Saber desta notícia deixou-me muito triste e para juntar a esta tristeza descobri que só tens mais três páginas e ainda não sei se comprarei um novo caderno ou se deixo de escrever. Hoje, combinei encontrar-me com a Luísa nas piscinas, vou finalmente dizer-lhe o que sinto por ela e também vou anunciar a minha partida. Posso dizer que todos os anos venho a Lousada passar férias, mas estas foram as melhores de sempre!

Capítulo 7: Fica para a próxima O encontro com a Luísa correu bem, mas não tive coragem de lhe dizer que gosto dela, por isso fico para a próxima. Eu notei que a Luísa ficou um pouco triste, quando lhe

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contei que ia para casa. Ontem, foi a última vez que nos vimos, só a volto a ver daqui a um ano. Parece-me uma eternidade, só espero que passe rápido. Continuo a não saber o que farei contigo, hoje fiz as malas e amanhã, antes da hora do comboio, vou passar pela biblioteca municipal e escrever na tua página como prometi da última vez.

Capítulo 8: Volto para o ano Aqui estou eu, como te prometi. Eu, José Bonifácio, sentado numa cadeira a escrever. Vou sentir a tua falta, foste um grande amigo, um amigo como nunca imaginei ter, sempre me ouviste e nunca te ouvi queixar. Pensei muito e cheguei a uma conclusão, o teu destino é a biblioteca, vou-te colocar numa prateleira, para que toda a gente te possa ler e conhecer as nossas aventuras. NUNCA TE ESQUECEREI, QUERIDO DIÁRIO!!!

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A vida de DJ Autor: Rafael da Silva Dias Estabelecimento de Ensino: EB23 Lousada Centro

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Acho que a melhor maneira de começar este caderno dado pela minha avó Maria é apresentar-me. Meu caro diário, o meu nome é Duarte Josefino. Sim, Duarte Josefino, um nome muito estranho para um rapaz que faz anos no dia dezasseis de julho às dezassete horas e trinta e cinco minutos. É o meu pai que gosta de me lembrar pormenores desnecessários. Antes pensava que me chamava Rafael, um nome de que gostava por causa da letra R. Às vezes dizia que me chamava “Rrrrrrafael”. Mas descobri o meu verdadeiro nome da pior maneira: à frente dos meus colegas. Prefiro não falar muito disso, pois tento esquecer. Com o passar dos anos, descobri uma maneira de ficar popular e ninguém saber o meu nome. Tornei-me o “D.J.” da minha escola. Bastava abreviar os dois primeiros nomes. E assim fiquei conhecido até hoje.

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Infelizmente é verdade, caro diário. Na minha escola, sou o que tira melhores notas, no último período tive cinco a todas as disciplinas, exceto a Educação Física na qual tive quatro. Por eu ganhar muitos concursos de matemática e de português, noventa e oito por cento dos rapazes e também três por cento de raparigas gozam comigo. Tenho sorte ao ter, pelo menos, alguns rapazes com quem desabafar, como estou a fazer contigo querido diário. Os outros rapazes, por causa de me chamarem D.J., dizem que eu ponho músicas de bebé, aquelas que as nossas mães cantam até nós termos cinco anos. Em duas palavras, o que eles me fazem é “bullying” verbal. Quando eu levo livros para ler nos intervalos, eles pegam neles e fogem. Antes, tinha referido que só tirava quatro a Educação Física, pois, não sou muito veloz, e então eles aproveitam isso. Estou à espera que tudo mude, um dia…

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Tive a melhor novidade da minha vida! Vou mudar de escola! Estou contente por saber que vou para uma turma onde avançam na matéria a “mil à hora”. É difícil pensar que vou sofrer de “bullying”, pois devem dedicar mais tempo a estudar do que a insultar-se. Ainda por cima, um amigo meu desta escola, no ano passado, foi para a escola para onde eu vou.

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Estou também triste, pois vou perder alguns amigos que eram de confiança, mas posso sempre ir visitá-los. Está a acontecer tanto em tão pouco tempo! A minha cara neste momento é esta J. A única vez que me senti assim na minha vida foi quando, finalmente, fui para escola com a minha mochila feita pela minha avó com muito amor e ainda com a lancheira mais sofisticada de todas. No primeiro e segundo ano nunca me insultaram. Só no terceiro ano é que descobriram o que significa insultar, e foi aí que descobri a dor.

Bem, meu amigo, como estás a acabar e eu gostei desta experiência, provavelmente comprarei outro diário, igual a ti, para recordar-te sempre.

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Vou descrever a minha nova escola: foi construída numa montanha, ou seja, tenho de subir muitas escadas todos os dias; os professores são muito divertidos e os que não são, pelo menos, ensinam bem; por a escola ser bem grande, tem um recreio “e peras”; a melhor parte é não ter ninguém a insultar-me. Já fui visitar os meus colegas que eram meus amigos na outra escola, e assim já não fico tão triste.

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3.ยบ PRร MIO 6.ยบ Ano

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O caderno de MJ e a viagem a madrid Autor: Beatriz de Seabra Abreu Estabelecimento de Ensino: EB23 Lousada Centro

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Olá, eu sou… Olá diário! Sempre te quis ter para desabafar e finalmente consegui! Eu chamo-me MJ, quer dizer, sou tratada assim, pois detesto o meu nome, Maria Josefina de Sousa Nunes. Sempre me trataram por Mariazinha, mas quando descobri, até chorei. A partir daí, pedi que me tratassem por MJ, então todos pensam que me chamo Maria João. Tenho 16 anos e vivo…não sei exatamente onde, pois a minha família pertence a um circo, e ando sempre a viajar pela Península Ibérica. Neste circo familiar eu sou acrobata.

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Portugal, a minha terra Natal! Neste momento estou em Portugal, mas, daqui a dois meses, vou para Espanha. Detesto sair de Portugal, pois português que é português não gosta de abandonar a terra onde nasceu. Vou falar-te um pouco da minha terra. Nós somos de um país amigável, conhecemos uma pessoa e esta torna-se desde logo um amigo, já a ser tratado por tu. Da nossa gastronomia típica fazem parte as tripas à moda do Porto, o folar transmontano, a feijoada à transmontana e, claro, a nossa francesinha. Temos vistas lindas, como as vinhas do alto Douro, o rio Douro, entre outras e monumentos de cortar a respiração como a torre dos Clérigos a Livraria Joanina da Faculdade de Coimbra, o Mosteiro dos Jerónimos, e outros que não vou referir porque são imensos e nunca mais sairíamos daqui.

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Uma das causas que mais me custou sair da minha terra foi o estar longe dos amigos e as saudades da famĂ­lia. A perda que me custou mais foi a da minha melhor amiga, Isabel Pereira da Mota, porque foi a que me apoiou nos tempos difĂ­ceis, mas hĂĄ algumas que nem me importei de perder, pois eram pessoas arrogantes e maliciosas.

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A minha viagem Infelizmente já passaram dois meses e vou ter de ir para Espanha. Neste momento, estou a colocar as malas na autocaravana, será aqui que irei passar as próximas cinco horas e vinte e seis minutos (sem trânsito) até chegar a Madrid. Será aqui que irei atuar. Olha! Agora estou a ver um autocarro com crianças. Parecia que estavam todas a pedir para ir ao circo. A minha vida é isto, representar e dar autógrafos.

Finalmente em Espanha! A viagem até aqui foi linda! Passei por uma cidade chamada Salamanca. Esta cidade é maravilhosa. Tem uma das universidades mais antigas da Espanha e do Mundo, tem lindos jardins, lagos e muitas actividades para fazermos ao ar livre. Mas entre todas estas magnificas coisas destacam-se as mais conhecidas, como a A Plaza Mayor, La Casa de las Conchas, La Catedral Nueva e La Clerecía. Agora que cheguei, aproveitei para dar uma volta por Madrid, pois os espectáculos só vão começar daqui a uma semana.

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Aqui também há sítios lindos, como o Palácio Real, Porta do Sol, Porta de Alcalá, Estádio Santiago Bernabéu, Parque de El Retiro, Templo de Debod, Museu Sorolla, Rastro de Madrid e, claro, a Praça Mayor, onde vamos montar a nossa tenda. Outra coisa espetacular em Espanha é que a maior parte das escolas não precisam de livros, porque cada aluno tem o seu próprio computador com tudo. Todas as escolas de-

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viam ser assim, e as costas dos alunos iriam agradecer. Há gente que pode levar por dia quinze livros. Agora tenho de ir treinar para os próximos espetáculos e provavelmente só volto a escrever-te, noutro caderno, porque este já só tem uma página, quando estiver em Portugal. Até lá, deseja-me sorte. Xau!!!!

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