LER LOUSADA
IV CONCURSO LITERÁRIO 2019
© Texto Vários © Ilustrações Vários Design e Paginação Fedra Santos Revisão de texto Adelaide Pacheco © Propriedade e Edição Câmara Municipal de Lousada Direção editorial Manuel Nunes Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em partes, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização escrita da Câmara Municipal de Lousada. Este livro respeita as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
IV CONCURSO LITERÁRIO 2019
Ler Lousada Apreciar o concelho de Lousada é descobrir sempre novos aspetos, novos olhares, novas ideias, novos desafios. É descortinar lugares e pessoas, o passado e o futuro, tradições e projetos. São formas de “Ler Lousada”, transpostas a concurso com base nos livros “Cartas à minha terra”, de José Fanha”, “A incrível história dos bacalhaus voadores”, de António Torrado, e “Agá – A Cura”, de Vítor Oliveira, oferecidos aos alunos do 4.º, 6.º e 9.º ano de escolaridade, em sugestivos textos e ilustrações em que a criatividade e a imaginação se combinam para colorirem os sonhos. Parabéns a todos os alunos por acreditarem que a leitura e a escrita são os melhores caminhos para todas as viagens no admirável mundo da fantasia.
O Presidente da Câmara Municipal Dr. Pedro Machado
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CARTA A' ' MINHA AVO ' que nos ' avos Homenagem As
trazem todos os dias A' escola.
Turma: 4.º A SO Professor Titular: Luís Marinheira Estabelecimento de Ensino: Escola Básica de Sousela, Agrupamento de Escolas Dr. Mário Fonseca
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o caminho diário para a escola, na companhia da minha avó, tínhamos sempre longas e interessantes conversas. Um dia disse-lhe que estava a ler “Cartas à Minha Terra”. Ela reagiu de uma forma estranha dizendo que vinha aí mais uma modernice. No início não percebi. É um livro com cartas dirigidas à nossa terra! Mas ela continuou dizendo que cartas só conhecia as que encontrava na caixa do correio. E dessas não gostava nada. Eram as faturas da luz, da água, “dessa coisa da internet”… todas para pagar. Eu fiquei admirado porque não sabia que a minha avó tinha internet. Mais admirado fiquei quando me disse que o meu avô era um viciado. Ela continuou: cartas, cartas, só gostava daquelas que o meu avô lhe escrevia quando eram solteiros. Estava sempre ansiosa à espera do correio. Eram cartas de amor! Diz a minha avó que eram verdadeiros poemas. Faziam-na sonhar acordada. Adorava abrir o envelope e ler aquelas longas cartas escritas à mão. – Nessa altura o tempo corria devagar – dizia ela. E fazia uma pausa no caminho para saborear o que estava a pensar. Depois continuava: – Pensávamos muito antes de escrever e de meter a carta no envelope. Quando acabava de escrever, respirava fundo, dobrava muito bem as folhas e metia-as dentro do envelope. Colocávamos o endereço, colávamos o selo com a lín-
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gua e deitávamos numa caixa de correio. Os carteiros lá se encarregavam de as levar ao seu destino. Voltava a parar, passava a sua mão pela minha cabeça e dizia, mas agora com um ar mais triste, que o meu avô só queria internet. Era uma tristeza. Tinha um monte de amigos no Facebook … mas não conhecia nem um! Eu ia ouvindo aquilo, absorvia cada palavra e cada gesto que a minha avó fazia, às vezes admirado, outras vezes encantado. Foi aqui que percebi a reação da minha avó. Se andarmos uns anos para trás, houve um tempo em que nem havia luz elétrica em Lousada. Nem em Lousada, nem em lado nenhum. – Para nos iluminarmos tínhamos de usar velas ou candeeiros a petróleo. Tenho saudades do tempo em que não havia televisão, telemóvel, computador e essa coisa da internet. Eram tão bons os serões que passávamos no inverno em frente à lareira ou junto ao rio nas noites de verão. As pessoas conversavam muito umas com as outras. O tempo parecia que não passava. As pessoas eram mais amigas e mais generosas… Eu continuava de boca aberta pensando como era possível alguém ter vivido assim! Os tempos mudaram muito, dizem. O meu avô, por exemplo, parecia passar os dias em frente ao computador. Era o seu habitat natural, reclamava a avó. Por sua vez o avô dizia que era um avô moderno. A avó estava farta de lhe dizer
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que ali não é o melhor sítio para viver. Mas ele mandava-a dar uma volta. E ela ia… ia, mas é para a beira do rio Mezio. Gostava de o ver correr. – É como se as suas águas levassem o nosso pensamento e as nossas chatices a passear até ao mar. Esse sim transmite-me uma enorme paz. Ainda me lembro quando vínhamos para aqui lavar a roupa. Era uma festa. Cantávamos, tomávamos banho… e o teu avô e os outros rapazes acabavam por se juntar e também tomarem banho connosco. Foi assim que começámos a namorar – explicava. Agora isso não é possível, pensei eu, e ainda bem! Aprendi na escola que é importante protegermos os rios, as árvores e os animais, porque estamos a proteger a Natureza. E assim o futuro será melhor para todos. Quando a minha avó tinha a minha idade não gostava de ir à escola. Passava a vida de castigo. Não tinha tempo para estudar porque tinha de ir ajudar nas tarefas do campo. Era muitas vezes castigada por dar muitos erros no ditado ou não saber a tabuada. Levava reguadas nas mãos com uma régua de madeira com cinco olhos (bem, olhos é como quem diz, a mãe já me explicou que eram pequenos buracos). As mãos ficavam muito vermelhas e inchadas. Eu quase que não acreditava! A escola da minha avó tinha uma sala de aulas para os rapazes e outra para as raparigas. Iam para a escola a pé, chovesse ou fizesse sol. Quando chovia chegavam todos
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molhados. Havia uma braseira na sala para se aquecerem, mas ela pouco aquecia. Ficavam molhados várias horas. A maioria dos meninos andava descalça porque os pais não tinham dinheiro para lhes comprar umas botas. As carteiras (mesas) tinham um tampo inclinado com uma ranhura para meter os lápis e um buraco para colocar o tinteiro das canetas. Escreviam em lousas e ter uma sebenta (caderno sem linhas, imaginem!) era um luxo. Nas paredes havia um retrato do Salazar e um crucifixo. Todos os dias tinham de rezar e cantar o hino nacional. Os professores eram muito respeitados… “outros tempos”, como desabafava a avó. A maior parte das crianças abandonava a escola após a quarta classe (que é o mesmo que dizer 4º ano). Foi o que aconteceu com a minha avó e com o meu avô. Os seus pais precisavam deles para trabalhar no campo. Agora é tudo bem diferente. As escolas em Lousada são todas modernas. A minha escola tem espaços enormes, tem uma biblioteca extraordinária e cheia de livros que eu ainda hei de ler todinhos. Gosto muito da minha escola porque é um sítio cheio de meninos e professores que, como eu, gostam muito de livros e de “viajar” com eles. Os livros conseguem transportar-nos para qualquer lado sem sairmos da biblioteca da escola. Viajamos com a imaginação e com as palavras. Não é maravilhoso? Voltei às memórias da conversa…
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A minha avó voltava a parar no caminho e olhava para mim fixamente. – Eu conheço esse escritor de que falas! – dizia ela. – Tem óculos redondos, um bigode farfalhudo e anda sempre de suspensórios. É bonacheirão e tem um ar de bem-disposto. Parece o teu avô quando não passava os dias em frente a um computador. Voltei a ficar surpreendido. A minha avó sabia quem era José Fanha! Atenção muita atenção! É preciso ter cuidado com o cão! É preciso ter cuidado com o quê, com quê, com o quê? É preciso ter cuidado com o c de cão. E foi dizendo o poema como se fosse uma cantilena. – É preciso ter cuidado com a corda, com um cardo, com a queda e com o calo, o costado do camelo, o cabrito e o cavalo, a quina do cotovelo, a cabeça, a cabeçada, o cachucho, a caldeirada, o caldinho, o caldeirão!
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Atenção, muita atenção! É preciso ter cuidado com o cão! É mesmo uma avó fantástica! E continuava: – Eu também leio muito! Passo muitas horas na biblioteca municipal. Sempre que vou à feira, lá estou eu. É uma boa biblioteca. Sempre achei que brincar com as palavras é como brincar com uma bola ou com um pião. Mas com uma pequena diferença, a bola e o pião ficam gastos e velhos. As palavras não. Quanto mais se brinca com elas mais novas elas se tornam. Desta vez, quem parava no caminho era eu. Ela sorria, dava-me a mão e puxava-me dizendo que íamos chegar atrasados à escola. Na minha escola temos muitos professores. O nosso professor ensina-nos português, matemática, ciências… Também temos outro que nos ensina inglês. Temos aulas de música, de natação, ioga, patinagem e até robótica! E ainda participamos em muitos projetos relacionados com o ambiente, pois o Município de Lousada preocupa-se muito connosco e com o planeta. Vamos muitas vezes para o campo plantar árvores. Já construímos um charco na escola para os anfíbios e até fizemos casas ninho para os passarinhos. Agora, quando chegar a primavera, vamos ser guarda rios e vamos limpar o nosso rio! Vai ser uma aventura!
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Com um ar mais cansado, pois estávamos quase a chegar à escola, a minha avó acrescentava que antigamente não havia tanta poluição. Só o senhor padre e o senhor presidente é que tinham carro! E o autocarro só passava na aldeia no dia de feira! Mas havia comboio. Comboio??! Pensei que a minha avó estava a brincar. Não era dia de enganos, nem a minha avó costumava mentir. Mas ela continuava dizendo que era uma linha que atravessava o concelho. Era um comboio rebocado pela máquina "Lousada", também conhecido por «Dona Joaquina» ou «Dona Chocolateira». Dele ficaram somente as fotografias. – Foi com o empenho de uma população que se concretizou esse sonho. – disse a minha avó. – Um sonho que nasceu de uma ideia no tempo dos reis. Penso que esse mesmo empenho leva Lousada a concretizar os seus projetos. Lousada é já um exemplo para muitos na cultura e na preservação do ambiente. Por isso é que eu gosto de viver aqui. Acho que se saísse daqui iria andar para trás no tempo.
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Hoje continuo a caminhar para a escola todos os dias. Mas agora sozinho… recordo as fantásticas conversas que tinha com a minha avó. Paro, olho para trás e sorrio …. Tinha tanta coisa para lhe contar…
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Cartas sobre o que nos rodeiA... Turma: 4.º D Professor Titular: Carla Faria Estabelecimento de Ensino: Escola Básica de Caíde de Rei, Agrupamento de Escolas de Lousada Este
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Carta sobre o ambiente em Lousada
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a minha terra preocupam-se com o ambiente. Há muitos debates sobre a conservação da natureza e sobre soluções para os problemas ambientais presentes, pensando no futuro. Discutem-se temas como a energia, a água e os resíduos. Todos sabemos que devemos preservar o ambiente e deixar a Terra em boas condições para as gerações futuras. Começando pelas árvores que são um local de abrigo e alimentação para muitos animais como pica-paus, corujas, salamandras, escaravelhos, vacas-louras… que precisam dessas árvores para sobreviver. Sem esquecer que elas nos dão sombra e oxigénio. Em Lousada existem muitos projetos ligados ao ambiente. O projeto “Gigantes Verdes” no qual todos podemos participar, ao procurar árvores grandes e informar a Câmara Municipal da sua existência, pretende dar mais valor e preservar essas árvores.
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Nas férias de Natal fui às compras com os meus pais e, numa loja, ofereceram-nos um cartão para trocarmos por uma árvore no Ecocentro Municipal de Lousada. Quando chegamos a casa fomos logo plantá-la no quintal. Que bonita que ficou! No Ecocentro tinham-nos dito que, se não tivéssemos jardim ou quintal poderíamos juntar-nos às plantações do programa “Plantar Lousada”. Os rios têm sofrido com a construção de barragens, extração de água, poluição e destruição de habitats. Em Lousada, além dos rios Sousa e Mezio, há outros mais pequenos que ajudam a regar os campos e são espaços de lazer. O projeto “Lousada Guarda-Rios” procura envolver a comunidade na limpeza e melhoria dos rios e na plantação de árvores. Que bela iniciativa!
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Todos sabem que devem reciclar, mas se houver um incentivo para o fazerem ainda melhor. A pensar nisto, em Lousada, a população tem descontos na fatura dos resíduos urbanos se entregar produtos recicláveis como o cartão, o plástico ou o vidro. Um dia, ouvi, numa notícia que vários habitantes de Lousada entregaram tantos desses produtos que, no mês seguinte, receberam faturas de zero euros ou de poucos cêntimos. Vamos todos proteger o ambiente, para termos um futuro melhor!
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Carta sobre os parques de Lousada
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odos nós gostamos de passar momentos de descanso, lazer, alegria ou convívio num lugar calmo e em contacto com a natureza. Nos últimos anos foram construídos vários parques em Lousada. Um dos mais conhecidos é o Parque Urbano Dr. Mário Fonseca. Neste parque fui feliz a baloiçar e a escorregar no parque infantil que lá existe. Joguei à bola com os meus amigos ou outras crianças que lá estavam. Vi muitas pessoas a caminhar, correr ou a fazer exercício ao ar livre. Com a minha escola fui várias vezes ao Parque de Vilar, onde visitei a Torre Medieval, fiz jogos tradicionais como corrida de sacos, escondidas, apanhada, colher com batata e outros jogos divertidos. Também já lá fui com a minha família fazer piqueniques à sombra das várias árvores que lá se encontram, andar de bicicleta, jogar à bola e brincar até me cansar.
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Um dia encontrei lá um cãozinho perdido e assustado no canto do parque e fiquei a olhar para ele para ver se tinha sido abandonado. Estava tão triste! Mas logo apareceu o seu dono e ele saltou e ladrou de alegria. Ao ver isto compreendi melhor que não se deve abandonar os animais. Além destes parques também conheço o Parque de Lazer e Merendas de Casais que é atravessado pelo Rio Mezio e rodeado por árvores que os meus pais disseram que se chamavam choupos. Este parque tem uma zona de merendas com mesas e bancos e uma zona de jogos. É um lugar ideal para conviver e caminhar. Lá perto visitei o Engenho do Linho de Casais e o Moinho. Estive neste parque num dia de Verão e tomei banho no rio porque tinha pouca água e não era perigoso. No Parque de Sousela há também um Parque de Merendas, um parque infantil, um parque de jogos tradicionais e uma praia fluvial. Este parque está ligado ao ciclo do pão e, por isso, tem um campo para sementeira, uma eira, um espigueiro, um moinho de água e um forno.
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O Parque de Lazer Domingos Ferreira, em Meinedo, traz-me boas recordações, pois era ao lado deste parque que se localizava o meu Jardim de Infância. Neste lugar brinquei muito com os meus amigos, fiz trabalhos manuais e fiz piqueniques debaixo da videira que dá muita sombra. Foi lá o magusto escolar, a festa de final de ano e outras atividades muito divertidas. Ao escrever esta carta fiquei cheio de vontade de descobrir outros espaços maravilhosos desta minha terra.
Carta sobre o polo aquático
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u adoro praticar desporto e o meu favorito é polo aquático. Sou atleta do clube Lousada Século XXI mas comecei na modalidade natação pura, mas como a minha irmã jogava polo aquático eu também comecei a praticar e desde então também jogo polo aquático e adoro! Adoro não só pelo desporto mas também pelo companheirismo, a amizade, o espírito e união da minha equipa. A minha melhor amiga na equipa chamas e Beatriz mas eu trato-a por Bia, treinamos juntas e no fim dos treinos brincamos, lanchamos, e às vezes até dormimos em casa uma da
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outra. Quando vamos para os jogos estamos sempre uma ao lado da outra e apoiamo-nos uma à outra quando os jogos não correm bem, porque há jogos em que ganhamos, outros em que perdemos, mas o meu treinador diz que não faz mal porque o importante é participar e fazer desporto.O Lousada Secúlo XXI já foi campeão nacional da segunda divisão o que já não é nada mau.
Carta sobre a minha terra
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u nasci e cresci em Caíde de Rei, uma aldeia com cerca de 2500 habitantes, uma freguesia do Concelho de Lousada. Quando me perguntam de onde sou, é com um sorriso que respondo: de Caíde de Rei. Os mais curiosos perguntam-me também se Caíde de Rei foi onde o Rei caiu. E eu relembro a história que o meu bisavô me contava: “um belo dia, na casa da Quintã, o Rei ao passear no seu cavalo não evitou um tropeção e caiu”. Ao contar esta história o meu bisavô dava sempre uma gargalhada e dizia com um ar divertido: “também eu caí aí de amores pela tua bisavó”. À medida que eu fui crescendo, fui tendo curiosidade, e com a ajuda dos meus pais comecei a fazer breves pesquisas no Google sobre alguns autores que acham que o “de
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Rei” terá sido acrescentado para distinguir a nossa freguesia das de mais. Existem várias freguesias chamadas de Caíde. Nos tempos antigos, a “nossa” Caíde pertencia quase toda ao Rei. Em alguns documentos o Rei aparece como patrono da Igreja Paroquial, o que reforça o designativo “de Rei”. Continuando a percorrer os trilhos do passado, Caíde é especial porque por cá também permaneceram os Mouros. Prova disso, é o Lugar do Mouro. Ainda hoje, os mais velhos contam lendas dos Mouros e de tesouros escondidos. Mas falar de Caíde de Rei, sem falar do Zé do Telhado seria um erro! O “Robim dos Bosques” Português não nasceu em Caíde, mas viveu cá e casou na Igreja Paroquial. Já que estou a falar de Igreja, vou contar um pouco da sua memória… É de construção Românica e prova disso é uma bela Pia Batismal, que atualmente se encontra na Capela da Casa de Vila Verde. Nos dias de hoje, mistura o estilo Renascentista, do seu pórtico com traços góticos na fachada norte e por cima da porta principal e da rosácea está uma linda imagem do nosso padroeiro, São Pedro. A minha história termina a todo vapor na estação de caminhos-de-ferro de Caíde de Rei, inaugurada em 1875.
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CARTA ao Padre Santinho Turma: 4.ยบ F Professor Titular: Felismina Vieira Estabelecimento de Ensino: Escola Bรกsica de Figueiras, Agrupamento de Escolas de Lousada Este
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á ouvimos falar de sacerdotes que se tornaram famosos. O Abade de Baçal foi um importante arqueólogo e historiador; o Abade de Priscos é nome de um pudim; o Abade de Jazente foi um poeta muito apreciado; Abade de Vermoim e Abade de Neiva são nomes de freguesias.
Em Lousada também há um padre que ficou célebre. Chamava-se Francisco Barbosa de Queirós e era natural de Ancede (Baião), onde existe um grandioso mosteiro que faz parte da Rota do Românico.
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Em 1859 (faz agora 160 anos) veio para o nosso concelho, para a paróquia de Figueiras, e depressa se tornou muito conhecido em toda a região. Era um grande pregador: quando subia ao púlpito, os fiéis ficavam emocionados com as suas palavras de fé e de amor, os seus gestos expressivos e convincentes, a sua voz forte e corajosa. Por ser um grande animador das celebrações, era convidado para explicar a doutrina cristã nas principais festas das redondezas. Muitas pessoas iam de propósito para o ouvir e porque sabiam que ele era, também, uma pessoa muito bondosa, principalmente para os mais pobres e doentes, dando exemplo de uma vida justa e dedicada aos outros. A sua bondade e sabedoria a todos encantava.
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Mas os anos passaram, a velhice e a doença chegaram, e no dia da festa de Figueiras, ao final da tarde, quando a procissão acabava de recolher à capelinha da Senhora da Misericórdia, faleceu em paz e serenidade. A triste notícia rapidamente se espalhou e o povo chorou a morte daquele que já era conhecido por Padre Santinho.
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Sepultado na igreja paroquial, desde logo, começaram a acorrer peregrinos, pedindo ou agradecendo a sua ajuda. Traziam flores, velas e outros presentes. Muitos cantavam: Bom Abade de Figueiras Arrodiadinho de ciprestes Vimos hoje agradecer-vos O milagre que nos fizestes. Outros diziam: Santo Abade de Figueiras Nós cá estamos a chegar Deite-nos a sua bênção Lá de cima do altar.
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Enquanto ainda outros rezavam: Santo Abade de Figueiras Eu para vossa casa vou Venho-vos agradecer A vossa graça me curou. Aumentou cada vez mais o número de devotos e aflitos que acreditavam no seu poder milagroso para curar males, tratar doenças e resolver problemas que os afligiam. Muito tempo depois, resolveram transferir a sua sepultura. Abriram o soalho e retiraram o caixão. Diz a lenda que o corpo estava intacto e que as vestes libertavam um aroma agradável, confirmando a fama de santidade. Foi colocado numa urna à vista de todos, à entrada da igreja. Por cima, numa lápide, é recordada a sua fé e caridade. Hoje, passados tantos anos, continua conhecido e dá nome à avenida central da freguesia. De uma vida simples e bondosa também se pode escrever uma história exemplar.
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' A Incrivel ' Historia
do Cavaleiro do Mito Autor: Pedro Fialho Caldeira Dinis Lucas (Turma D) Estabelecimento de Ensino: Escola EB 2, 3 de Lousada Centro Agrupamento de Escolas de Lousada
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Estavam todos reunidos. O Lucas, o Dinis, a Sabrina e a Isabel. Os quatro irrequietos tinham ouvido falar das grandes aventuras do Lacerda e dos seus amigos. Eles também queriam um esconderijo mas tiveram de se contentar com a Biblioteca Municipal de Lousada. Estavam todos lá à procura de livros que contivessem lendas e mistérios para desvendar. Sabrina procurava na parte infantil até lhe ter caído um livro na cabeça. Sabrina chamou os amigos e leu em voz alta: – O Cavaleiro do Mito. Reza a lenda que nos tempos antigos, um cavaleiro, chamado Cavaleiro do Mito, ajudava as pessoas e ajudava na guerra. O seu maior inimigo era Carlos, o Bravo. Um cavaleiro espanhol que prendeu o Cavaleiro do Mito num cristal algures em Lousada. Depois desta página, estava tudo rasgado. E mais em baixo dizia “PS: deixei pistas pela Vila toda para encontrarem o Cavaleiro.” Os amigos acharam que aquilo era o ideal. Primeiro, suspeitaram, pois quem escreveu o tal PS podia ter escrito logo onde ele estava mas pronto, lá foram eles. A primeira pista dizia para irem onde os sons entram por um ouvido e saem pelo outro e para encontrarem o azulejo diferente. Logo descobriram onde era e foram a correr. Tinham chegado ao Conservatório do Vale do Sousa. Procuraram o tal azulejo diferente até o Dinis o ter encontrado. Puxou-o e, lá dentro, tinha uma peça de um puzzle em pedra e outra a pista que dizia para irem onde tem terra
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batida e bolas amarelas. Descobriram logo e chegaram a correr ao complexo desportivo, aos campos de ténis. Ambos repararam que havia outra peça do puzzle presa numa bola de ténis. Pegaram na peça e leram a pista que dizia que era a última, que o Cavaleiro estava preso onde se reza, na figura do chão. Era muito óbvio, era a igreja do Senhor dos Aflitos. Foram até lá e tentaram encontrar figuras no chão. Viram uma figura no chão que formava a imagem de um losango. Era um losango de paralelos dourados, rodeados de paralelos normais e cinzentos como poeira. A figura tinha um buraco. Muito nervosos, lá encaixaram as duas peças do puzzle. Ouviu-se um ruído e… abriu-se uma porta, depois de se sentirem vários tremores. A porta, feita de ouro e rodeada de esmeraldas, safiras, rubis e quartzos, trazia um escorrega de pedra que levava a uma gruta magnífica, rodeada de todos os cristais. Ali estava o Cavaleiro do Mito preso dentro de um cristal maior que um carvalho. Os quatro libertaram o Cavaleiro do Mito, partindo o cristal com uma picareta. De repente, apareceu um homem nas sombras que disse: – Parabéns, chegaram aqui! Estou impressionado! Eu sou Roberto, o meu tetratetratetra avô é Carlos, o Bravo. Fui eu que fiz o livro da biblioteca e fiz estas pistas todas. Para quê, perguntam vocês? Porque vocês provaram que são heróis lousadenses e que querem salvar o meu inimigo. Pois eu
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quero prender todos os heróis lousadenses! Agora, eu vou prender-vos em cristais! Estavam apavorados, mas inesperadamente, o Cavaleiro enrolou Roberto num chicote e ficaram todos a salvo. Saíram dali a correr! Os quatro foram finalmente reconhecidos pela escola, por Lousada e até por outros países! Lousada tinha o seu herói e estava tudo bem. Mas, será que estava mesmo tudo bem? Isabel pensou: Quem terá rasgado o livro? Partilhou os pensamentos com os amigos. Porém, já era tarde e tiveram de ir para casa. Eram 8 da manhã e Isabel já tinha acordado, pois iam receber um prémio no parque urbano às nove horas, para celebrar a grande descoberta dos quatro amigos. Isabel já tinha chegado ao parque e estavam lá os seus amigos, um palco enorme, montes de gente e uma mesa com quatro troféus, que eram o planeta terra, mas pequeno e em ouro! Os quatro amigos foram chamados ao palco, receberam bonitas palavras e os troféus. Lucas, todo orgulhoso e contente, viu uma mulher com uma gabardine e um chapéu de coco que deixou cair uma folha velha no chão e foi-se embora sem reparar. Quando a entrega tinha acabado, Lucas foi com os seus amigos apanhar a folha. Não puderam devolver a folha, pois a mulher já se tinha ido embora. Não queriam ser cuscos. No entanto, sem querer, Lucas tinha avistado as palavras ”Carlos, o plano”. Tiveram de ler. No papel, dizia: ”Carlos, o plano. 1-
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apanhar o grupo dos quatro, 2- salvar Roberto, nosso irmão, e 3- aumentar a exploração dos cristais e escravos para riqueza.” Chocados, era como estavam! Começaram a pensar na possibilidade de Roberto ter irmãos, de que eles queriam destruir o grupo e que exploravam cristais com escravos! Contaram tudo ao Cavaleiro do Mito e ele também ficou chocado. Os amigos tinham uma ideia. Podiam contar ao pai de Dinis, que era um polícia e que tinha acesso fácil a uma máquina de alta tecnologia que permitia identificar impressões digitais. Lá foram eles e só foram precisos 30 minutos para saber quem teria escrito aquele plano. Os culpados eram, nada mais nada menos que, Andressa e Lorenzo Bravo, ambos irmãos de Roberto Bravo. Conseguiram descobrir a morada da casa onde os dois viviam. Tinham chegado. Era uma casa luxuosa e grande que parecia um castelo. O Cavaleiro arrombou a porta da casa e viu Andressa e Lorenzo a conversar. Mal eles viram o Cavaleiro e os amigos, desataram a correr pela porta das traseiras. Mas a velocidade do Cavaleiro era extraordinária e conseguiu apanhar os malandros. Eles explicaram que queriam salvar o irmão e que tinham escravos que exploravam as minas de cristais. Porém, as explicações não adiantavam, pois iam para a prisão. Inesperadamente, apareceu Roberto num helicóptero! Atirou um saco com pedras directamente para o rosto do Cavaleiro. Caiu inconsciente!
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Quando o Cavaleiro acordou do desmaio, estava numa sala escura com os quatro aventureiros, todos de mãos atadas. Estavam muito assustados. Na sala, viam papéis presos na parede. Começaram a olhar para aqueles papéis com mais atenção e… Lendo os papéis tudo fazia sentido! O livro da biblioteca provavelmente tinha as tais folhas presas na parede e, como eram confidenciais, os vilões tinham-nas rasgado! De acordo com os papéis, os Bravo, desde há muito tempo, que tinham escravos que exploravam minas de cristais. Mas o pior era que eles iam destruir Lousada com uma bomba gigante de alta tecnologia! Do nada, os três Bravos aparecem! E é nesse momento que o Cavaleiro se liberta e começa uma luta de espadas entre os três Bravos. Os quatro amigos irrequietos tinham de fazer alguma coisa! Então, Isabel, com o gancho do seu cabelo, consegue alargar o nó da corda que lhes atava a mão. Dinis ajuda-a a soltar-se. Levantam-se rapidamente e começaram a tirar todos os objetos que encontravam à cabeça dos malvados Bravo. Foi uma confusão! Eles, atordoados com o ataque inesperado, não viam nada e caíram. Rapidamente, os amigos com a ajuda do valente Cavaleiro conseguem prendê-los. Quando a polícia chegou, ficou surpreendida com tamanha façanha. Assim, os Bravo foram apanhados e presos. Os quatro amigos receberam tudo o que sempre tinham desejado. Foram novamente reconhecidos pelos seus atos,
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a bomba foi desactivada e, finalmente, tudo, mas mesmo tudo, estava bem. Mas quem sabe em que aventuras este quarteto se irå meter‌
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' A Incrivel ' Historia
dos bacalhaus voadores ~ (continuacao) '
Autor: Lara Sofia da Costa Pinto (Turma F) Estabelecimento de Ensino: Escola EB 2, 3 de Lousada Centro Agrupamento de Escolas de Lousada
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epois da grande aventura que tiveram, e da parte onde descobriram que eram apenas personagens inventadas, finalmente, conseguiram inventar um guião para fazer o filme/documentário. Foi fácil! Depois do que aconteceu ficaram a saber muito mais sobre Lousada. Mas não foi fácil fazer o filme! Tiveram discussões atrás de discussões. Agora estão nas redondezas do Conservatório, a meio da tarde, dia de sol, a discutir quem vai ficar com cada parte do guião. – Não, eu fico com a primeira parte. – disse alto o Raimundo. – É só para ficares com a Beatriz, não é, Raimundo? – perguntou o Lacerda. Raimundo não respondeu, por isso presumiram que sim. – Então é melhor eu e Beatriz ficarmos juntas, para não haver confusões. – afirmou a Manuela. – Eu e o Luisinho e o Lacerda e o Raimundo, juntos. O que acham? – perguntou o Luisão. Responderam todos ao mesmo tempo: – Pode ser! Então estava decidido. A 1.ª parte ficava com a Beatriz e a Manuela, a 2.ª ficava com o Lacerda e o Raimundo e a 3.ª com o Luisinho e o Luisão. Começaram a fazer o filme/documentário e foram perguntando às pessoas o que achavam de Lousada. Até foram à Câmara Municipal, onde foram recebidos com muito prazer.
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Quando acabaram de falar com as pessoas sobre monumentos, museus e estátuas, editaram o filme e postaram-no no Youtube e no Google. Foram falar com o diretor da Escola Secundária de Lousada e o Lacerda, que era o líder disse-lhe: – Boa tarde! – Boa tarde! Não têm aulas? – perguntou o diretor. – Não. – Responderam todos. – Então o que quereis de mim? – perguntou o diretor. – Nós queríamos perguntar se, no final do segundo período, podia passar um filme sobre Lousada que nós fizemos. – disse o Lacerda. – Porquê? – perguntou o diretor. – É para os alunos saberem o quão Lousada é importante e saberem aproveitá-la. Saberem mais sobre a nossa terra, porque, hoje em dia, ninguém dá importância ao que é realmente importante! Veem tudo na internet, nos telemóveis, estão sempre agarrados aos seus tablets e não aproveitam o que a natureza nos dá! – Tens razão! É verdade! Há tanta coisa para explorar pelo mundo e os jovens não aproveitam. Quando tiver tempo eu vejo-o e digo-vos qualquer coisa. Deixem aqui o contacto de alguém. – disse o diretor. – Adeus e obrigado pelo seu tempo. – disse o Lacerda. – Adeus e de nada. Foi um prazer ter-vos aqui. – disse o diretor. No dia seguinte o diretor ligou ao Lacerda a dizer-lhe:
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– Passem cá no meu gabinete amanhã. – Está bem! – Respondeu o Lacerda. No dia seguinte Lacerda, Raimundo, Manuela, Beatriz, Luisinho e Luisão foram ter com o diretor. – Boa tarde! – exclamaram todos. – Boa tarde! – exclamou o diretor. – Chamou-nos aqui por causa do filme, certo? – perguntou o Lacerda. – Sim. – respondeu o diretor. – Então o que achou? – perguntou a Beatriz. – Achei que estava bom e decidi passá-lo no fim do 2º período, no Dia do Agrupamento. Gostei principalmente da parte em que falaram do pelourinho, mostraram como ele era, por que é que estava ali. Gostei do filme! Acho que os alunos, e também os pais, irão gostar e vocês têm muito jeito para fazer filmes. – disse-lhes o diretor. – Obrigado pelo seu tempo e também por mostrar o nosso filme à comunidade escolar! – exclamou o Lacerda. – De nada! O prazer foi todo meu! – exclamou o diretor. Foram embora comemorar o sucesso do 1.º filme que postaram no Youtube e no Google e o diretor passar o filme no auditório. Pelo caminho reparam que uma criança brilhava e a Manuela perguntou-lhes: – Aquilo é normal? Não, pois não? – Não. – respondeu o Lacerda.
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– Deve ser mais uma das personagens inventadas pelo homem invisível, que agora é visível. – afirmou o Luisinho. – Vamos perguntar-lhe? – perguntou o Raimundo. – Boa ideia! – exclamou o Luisão. – Homem Invisível, foste tu que inventaste esta personagem? – perguntou a Beatriz. – Fui. – disse o homem invisível. – Por que é que fizeste isto? Estamos tão bem assim! – perguntou e exclamou o Lacerda. – Precisavam de mais aventura e emoção na história. – disse o homem invisível. – Não precisávamos nada. – disse a Manuela. – Tira-o da história. – berrou a Beatriz. – Não tiro! Vocês terão de descobrir porque o coloquei na história. E não vale a pena perguntarem-lhe, porque ele também não sabe. – disse o homem invisível. Nota: Neste caso é Mulher Invisível, porque foi uma rapariga que escreveu esta história, mas vou deixar Homem Invisível, que era como estava no livro. – Oh! Não! – exclamou o Raimundo. – Boa! Mais uma aventura! – disse a Beatriz entusiasmada. A criança brilhante foi ter com eles e entregou-lhes um papel com a seguinte frase:
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Não é a criança brilhante que têm de investigar. Eu vou-vos dando pistas pelo caminho e têm de encontrar a pessoa de que eu estou a falar. Lá vai a primeira pista: a Deus quero adorar, onde o posso encontrar? Assinado: Homem Invisível
– Aquele Homem Invisível! Que mentiroso. – afirmou o Lacerda. – Pode ser um mentiroso, mas eu já sei onde procurar. – disse a Beatriz. – Onde? – perguntaram todos. – Vocês não pensam? Na igreja! – exclamou a Beatriz. – Aaah! – exclamaram todos. – Bora, então? – perguntou a Beatriz. – Sim. – responderam. Foram até à igreja e começaram a procurar. Claro que começaram por fora e tiveram sorte! O Lacerda encontrou o papel em cima da porta de entrada. Outro papel com outra frase a dizer: A verdade está molhada, mas também foi aí que me descobriram. Qual é o sítio? Assinado: Homem Invisível
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– Esta é difícil! – exclamou o Luisinho. – Não é! – disse o Luisão rindo. – Pois! Se pensares bem é fácil. Olha, «a verdade está molhada» tem de ser algo com água, e depois «mas foi aí que me descobriram» foi no lago. Lá é que descobrimos quem era o Homem Invisível. – afirmou a Beatriz. – Pois! – exclamou o Luisinho. – Vamos até lá, então. – Disse o Raimundo. – Sim, vamos! – concluiu a Manuela. Foram até ao lago e encontraram lá a criança brilhante que lhes deu outro papel com a seguinte frase: Feliz Dia Da Mentira!!! Era a criança brilhante que tinham de procurar! Assinado: Homem Invisível
– Outra vez Homem Invisível? Seu mentiroso! – Afirmou o Lacerda.
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O Filme dos Cinco Amigos Autor: Leonor Maria Carvalho Ribeiro (Turma E) Estabelecimento de Ensino: Escola EB 2, 3 de Lousada Centro Agrupamento de Escolas de Lousada
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assados uns meses os cinco amigos decidiram ir com a ideia do filme para frente, mas não tinham contactos, atores nem nada para o realizar. Então a Beatriz disse: – Eu posso pedir a câmara emprestada ao meu primo, ele é fotógrafo. – Boa Beatriz! E as outras coisas? – exclamou o Lacerda. – Como não somos profissionais a fazer filmes, podíamos fazer uma coisa simples só com a câmara. – disse o Luisão. – Podíamos comprar dois ou três holofotes e alguns microfones e estava resolvido. – interveio a Manuela. O Luisinho perguntou: – Onde vamos arranjar dinheiro para isso? Não somos propriamente ricos. –Tens razão…. Respondeu o Raimundo Os amigos ficaram muito pensativos… até que o Lacerda teve uma ideia: – Beatriz, tu não és boa a fazer pulseiras? – Sim, sou porquê? – respondeu a Beatriz. –Luisinho e Luisão, vocês também são bons a construir coisas? – perguntou o Lacerda. – Sim somos. – responderam os dois. – O que estás a pensar? – perguntou a Manuela. O Lacerda respondeu: – O Luisinho e o Luisão podiam construir uma banca para por em três sítios específicos. A Beatriz fazia pulsei-
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ras, eu, o Raimundo e a Manuela fazíamos limonada, laranjada e bolos variados. – Boa, assim era uma forma de nós arranjarmos dinheiro para comprar as coisas necessárias para o filme. – respondeu o Raimundo muito entusiasmado. – Mãos à obra! – disseram todos em coro. No dia seguinte, sábado de manhã, as crianças já tinham tudo pronto. Então, dividiram-se e foram colocar uma banca perto de uma escola que não tinha bar para os alunos comerem, à porta de um supermercado e à frente da Câmara Municipal, onde passa muita gente. As pessoas começaram a aderir àquele projeto e os meninos cada vez ganhavam mais dinheiro. A Beatriz disse: – Isto está a resultar muito bem! Mais uns dias aqui e teremos dinheiro suficiente para comprar os materiais necessários. Ao fim de cinco dias, os amigos já tinham todo o dinheiro que precisavam. O Lacerda e o Raimundo foram comprar os holofotes e os microfones e ainda lhes sobrou dinheiro para comprarem alguns figurinos. Quando voltaram, reuniram-se em casa da Beatriz e começaram a planear onde seria o filme. Passado algum tempo, decidiram que iria ter início no Complexo Desportivo de Lousada e terminaria na Igreja do Senhor dos Aflitos.
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O Luisinho perguntou: – Quem vão ser os protagonistas? A Manuela respondeu: – Eu, de certeza que não. Gosto mais de ficar atrás das câmaras. – Eu também não. – disse o Luisão. – Eu não me importo! – exclamou a Beatriz. O Luisinho disse: – Eu também não quero. Lacerda e Beatriz, ficam vocês os dois? – Sim, pode ser. – disseram os dois em simultâneo. De seguida, o Lacerda levou os materiais para sua casa e guardou-os na cave. Nessa noite, o Lacerda teve um terrível pesadelo! Sonhou que um grupo de ladrões iriam à sua cave roubar os materiais e ligou logo à Beatriz a contar com o que tinha sonhado. A Beatriz conseguiu acalmá-lo e, passados uns minutos, ele adormeceu. Na manhã seguinte, os dois amigos contaram o pesadelo do Lacerda aos seus companheiros. O Luisinho disse em voz baixa: – Por este andar, estes dois ainda vão começar a namorar. – Realmente…. Estão cada vez mais próximos. – concordaram todos. O Raimundo perguntou: – Não era melhor irmos ver se os materiais estão em tua casa, Lacerda?
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– Não, que parvoíce! Não aconteceu nada, não se preocupem. – respondeu a Beatriz. – Não quero ser «cortes», mas uma vez sonhei que me tinham roubado dinheiro e isso aconteceu mesmo. – exclamou o Luisão. – Não era melhor irmos ver a tua cave, Lacerda? - perguntou a Beatriz. – Ok, vamos lá. – respondeu o Lacerda. Quando chegaram a casa do Lacerda, para seu espanto, as coisas já não estavam lá. O Luisão exclamou com muita confiança: – Cá para mim foi a Vanessa! – Quem é essa? – perguntou o Luisinho. A Manuela respondeu: – É uma miúda que nós conhecemos quando estavas doente e que tem muita inveja de nós, por realizarmos um filme. – Pois é, já nem me lembrava dela! – exclamou o Raimundo. – Vamos a casa dela? – perguntou a Beatriz. O Lacerda disse: – Claro, temos de recuperar as nossas coisas. Quando chegaram, ela não estava lá, mas estava a empregada que os deixou entrar. Enquanto os rapazes ficaram a empatar a empregada, as raparigas foram ao quarto da Vanessa e encontraram lá todo o material. A Manuela disse: – Não acredito, foi mesmo ela!
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– Vamos ter com eles e levar o material para casa. – retorquiu a Beatriz. Na manhã seguinte, eles começaram, finalmente, a gravar o filme. O filme que eles fizerem foi de informação. Referiram os vários desportos que se praticavam no Complexo e, entretanto, o Lacerda teve que agarrar a Beatriz pois ela ia cair, como acontece nos filmes, nas novelas etc. Aí, eles ficaram durante alguns minutos a olhar um para o outro. O Raimundo disse: – Cada vez estão mais próximos! O filme demorou dois dias a ser realizado e, durante este tempo, o Lacerda e a Beatriz acabaram por começar a namorar. Os seis amigos gostaram tanto da experiência no jardim do Senhor dos Aflitos que quiseram lançar o filme lá, no dia 6 de março, exatamente no dia em que os seis amigos faziam 10 anos de amizade. No dia 5, as raparigas dormiram na casa da Beatriz, para prepararem a roupa, fazer coisas de meninas…. A Manuela, quando chegou a casa da Beatriz, disse: – Olá, estás nervosa para amanhã? A Beatriz respondeu: – Claro, tu não? Vão lá estar os meus amigos, familiares e ainda por cima os familiares do Lacerda. – Pois é. – disse a Manuela. – Vamos já escolher a roupa! - exclamou a Beatriz.
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– Calma…. – retorquiu a Manuela. Quando chegou o dia tão esperado, os seis amigos, já na Praça Senhor dos Aflitos, uma hora antes do evento começar, andavam às voltinhas, de tão nervosos que estavam. O Raimundo exclamou: – Calma, vou ali buscar umas águas e uns pães para comermos. – Ok, toma lá 5 euros. – respondeu o Luisão. Todos os amigos deram algum dinheiro e, para além do Raimundo ter comprado o que referiu atrás, conseguiu comprar também uma pequena lembrança para todos na papelaria do Senhor dos Aflitos. Ficaram todos contentes pela surpresa do Raimundo e, quando se aperceberam, já tinham mais de 50 pessoas para assistir ao filme e estes ainda não os tinham ido receber. A primeira pessoa a ir ter com os seis amigos foi a mãe do Lacerda, que foi falar com a Beatriz. Ela ficou envergonhada. A mãe do Lacerda perguntou: – Então, estás a tratar bem do meu menino? – Mãe, que pergunta é essa? – perguntou o Lacerda. – Não tem mal nenhum filho! Só estava a fazer uma inofensiva pergunta! – exclamou a mãe do Lacerda. – Desculpem interromper, mas o filme já está a começar. – disse o Luisinho. – Ok, vamos lá ver o que o meu filho andou a fazer durante estes dias. – exclamou a mãe do Lacerda.
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Depois do filme ter passado, antes dos pais irem ter junto dos seis amigos, o Luisão, o Luisinho, a Manuela e o Raimundo fecharam a Beatriz e o Lacerda numa espécie de cave, de uma pastelaria. O Lacerda perguntou: – Porque que é que eles nos fizeram isto? – Acho que foi para nos dizerem que devíamos estar mais juntos. – respondeu a Beatriz. – «Yah» deve ser por isso. – disse o Lacerda. – Vamos começar a bater à porta para ver se alguém nos ouve. – retorquiu a Beatriz. Depois de alguns minutos de insistência, o dono da pastelaria ouvi-os e abriu-lhes a porta. Quando estes chegaram à praça não viram lá ninguém, e foram para casa. Quando lá chegaram, os seus amigos tinham nas suas mãos um vale que lhes permitia ir uma semana de férias para Paris, que era a viagem de sonho da Beatriz. Depois destas férias, estes ficaram juntos e felizes para sempre.
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Lousada... Por Ti! Autor: Lara Sofia Guimarรฃes Silva Estabelecimento de Ensino: Escola Bรกsica e Secundรกria de Lousada Norte (Lustosa) Agrupamento de Escolas Dr. Mรกrio Fonseca
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2.ยบ PRร MIO 9.ยบ Ano
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tudo pela cura!
Autor: Tatiana Alexandra Quintela Baptista Estabelecimento de Ensino: Escola Bรกsica e Secundรกria de Lousada Oeste (Nevogilde) Agrupamento de Escolas de Lousada Oeste
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3.ยบ PRร MIO 9.ยบ Ano
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Salvar o Rio Sousa
Autor: Matilde de M. Morais Ferreira Aires Estabelecimento de Ensino: Escola BĂĄsica de Lousada Este (CaĂde de Rei) Agrupamento de Escolas de Lousada Este
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