REVISTA MENSAL GRATUITA CÂMARA MUNICIPAL DE LOUSADA NOV’21
LOUSADA Mural da Biodiversidade no Parque Urbano
Revista Municipal
Agenda
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Refeitórios escolares com ementas renovadas
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Magusto Sénior
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Financiamento para novas creches
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Cuidadores do Património da Rota do Românico
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Secretário de Estado visita US Lustosa
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Oficina de Introdução à Gravura
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Vencedores Fundo Sustentável 2020/2021
Suplemento Santiago de Lustosa em 1758:
Memória Paroquial, toponímia e património
21 FICHA TÉCNICA Revista Municipal | Câmara Municipal de Lousada | N.º 206 Ano n.º 22 – 4.ª série | Data novembro 2021 Propriedade e edição Câmara Municipal de Lousada | Direção Presidente da Câmara Municipal de Lousada Textos Divisão de Comunicação, Património e Arqueologia e Divisão de Ambiente (SCNEA) | Fotografias Divisão de Comunicação e Divisão de Ambiente (SCNEA). Impressão Lidergraf – Sustainable Printing | Tiragem 17000 | Depósito Legal 49113/91 | ISSN 1647-1881
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Os Lousadenses exprimiram a inequívoca vontade de continuação de uma política de modernidade, transparência e boas contas, tendo em vista o desenvolvimento do concelho. Por isso, prosseguirá o combate à pandemia, continuaremos com as estruturas de apoio à saúde pública e a lutar por mais equipamentos para cobrir outras zonas do concelho. Se a habitação será outra prioridade, com soluções mais adequadas para jovens casais e classe média, igualmente a educação continuará como pilar fundamental de desenvolvimento, assumindo também a formação um papel de destaque, nomeadamente através da Academia de Formação, em fase de conclusão, e do Centro de Formação Profissional do Tâmega e Sousa, grande conquista para o concelho e a região. A captação de investimento será intensificada, sobretudo pela Área de Acolhimento Empresarial de Caíde de Rei, enquanto reforçaremos a proteção social dos mais desfavorecidos e a ajuda à criação de creches, lares e estruturas de apoio à deficiência. Existirá uma contínua preocupação com a mobilidade, transportes e rede viária, com a proteção e sustentabilidade ambiental e com a revitalização da dinâmica cultural, desportiva e associativa. Na simplificação do acesso aos serviços municipais, existe a garantia da generalização dos serviços online e o funcionamento presencial na hora do almoço. Contamos, como sempre, com a colaboração da Assembleia Municipal, Juntas de Freguesia e sociedade civil para um trabalho colaborativo e projetado para o bem comum. Neste novo recomeço, continuaremos norteados pela consciência ética, missão de serviço à causa pública e identificação com a cidadania solidária. Com a colaboração de todos, vamos conseguir! O Presidente da Câmara Municipal Pedro Machado
MUNICÍPIO
Editorial
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Instalação dos Órgãos Autá A Tomada de Posse dos Órgãos Autárquicos para o quadriénio 2021-2025 realizou-se no dia 16 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Nesta cerimónia foram empossados o Presidente da Câmara, Dr. Pedro Machado, e seis vereadores. Tomaram posse ainda a Presidente da Assembleia Municipal, Dr.ª Lurdes Castro, e outros 20 membros, tal como, os 15 Presidentes das Juntas ou Uniões de Freguesias. No discurso, o Presidente da Câmara destacou que os resultados destas eleições "traduziram uma expressiva e inequívoca vontade dos Lousadenses na continuação de uma política de modernidade, rigor e transparência, tendo em vista o desenvolvimento do concelho e a melhoria das condições de vida das populações". O Dr. Pedro Machado acrescentou ainda que "se as exigências já eram elevadas no início do anterior mandato, mais se aprofundaram com as demolidoras consequências da pandemia, implicando muitas perdas e enormes sacrifícios, a que soubemos responder com determinação, coragem e eficiência, dando ao País um notável exemplo de serenidade e confiança". Foram elencados vários projetos a desenvolver em parceria com a administração central como novo o centro de saúde na zona oeste do concelho e novas instalações que agreguem os serviços locais de finanças, conservatória e segurança social.
A desmaterialização de processos em todos os serviços e o funcionamento contínuo do atendimento ao público são outras das áreas em destaque, bem como a criação de mais respostas locais para novos empreendimentos habitacionais. A aposta na formação esteve em destaque com a entrada em funcionamento da Academia de Formação e o projeto da construção do Centro de Formação Profissional do Tâmega e Sousa, do Instituto do Emprego e Formação Profissional, assim como, a captação de investimento com a construção da Área de Acolhimento Empresarial de Caíde de Rei. A proteção social dos mais desfavorecidos, com particular ênfase no auxílio às famílias e criação de novos equipamentos sociais é outra das prioridades para o mandato.
Lurdes Castro é a primeira mulher Presidente Eleita da Assembleia Municipal Na tomada de posse, a Presidente da Assembleia Municipal, Dr.ª Lurdes Castro, realçou que "este deve ser um espaço de debate livre, participativo e onde todos possam contribuir com ideias e propostas construtivas". No seguimento da votação realizada, para a constituição da nova mesa da Assembleia Municipal foram eleitos a Dr.ª Lurdes Castro (Presidente), tendo como 1.º Secretário José Bernardino Nogueira e 2.º Secretário Rúben Bessa.
Manuel Nunes, Professor e Arqueólogo Pelouros: Ambiente, Natureza e Clima, Cultura, Turismo e Desenvolvimento Rural (agricultura, floresta e ofícios tradicionais), Obras Municipais, Energia, Transportes, Mobilidade e Trânsito. "A incerteza dos tempos findos renovam e impelem a missão de guardar e cuidar o que nos é comum a todos, a nossa terra. Promover uma gestão do território, em que as vontades e as necessidades, das mais pequenas às mais decisivas, têm por base a intransigente premissa dos valores da natureza, é uma urgência, tanto quanto um desafio. Cuidarmos bem e in tempore, do que nos cabe como herança de paisagem feita de terra, água e seres vivos, será enfim, a maior das conquistas a que poderemos aspirar enquanto comunidade coesa e justa."
Maria do Céu Rocha, Técnica Superior de Educação Pelouros: Ação Social, Igualdade e Inclusão, Formação e Emprego, Feiras e Mercados e Desenvolvimento Social e Económico. "É nossa intenção continuar a potenciar o desenvolvimento económico e social do Concelho, captando investimentos e apoiando as instituições/empresas locais. Consequentemente, acompanharemos o tecido económico e delinearemos uma estratégia concertada entre a formação e o emprego. Continuaremos a contribuir para a boa implementação de importantes políticas sociais, promovendo a igualdade e a inclusão. Porque é a qualidade de vida dos Lousadenses que nos motiva, procuraremos que todos os munícipes se sintam cada vez mais realizados no nosso Concelho!"
Nelson Oliveira, Psicólogo Clínico Pelouros: Ordenamento do Território e Urbanismo, Licenciamento de Atividades Económicas, Juventude, Habitação e Saúde. "Face ao nível de confiança demonstrado pelos Lousadenses no ato eleitoral, sentimos a responsabilidade de corresponderemos às expectativas, fazendo um trabalho dedicado, sério e de entrega à causa pública. A atividade económica é fundamental para o nosso concelho, neste período pós-pandemia aliada à imprescindível melhoria dos serviços públicos nomeadamente de saúde, com particular destaque para a proteção dos mais idosos e a criação de soluções para a nossa juventude. Mostra-se também de grande importância a melhoria das condições nas habitações."
António Augusto Silva, Professor Pelouros: Educação, Desporto, Comunicação, Proteção Civil e Bem-estar Animal. "Este voltará a ser um mandato desafiante! Desafiante na retoma da atividade desportiva e na conquista de mais Lousadenses para uma vida mais ativa. Desafiante na educação, alicerce da preparação das novas gerações de Lousadenses, pela incessante melhoria das condições de estudo e das experiências educativas transformadoras que proporcionamos. Desafiante na criação de condições de segurança num tempo em que os fenómenos naturais assumem maior imprevisibilidade e severidade e os riscos tecnológicos se tornam mais presentes. Desafiante na perseguição de melhoria contínua nas problemáticas dos animais de companhia. Desafiante na transparência, justiça e inovação, para que Lousada seja, cada vez mais, um local onde seja bom viver."
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árquicos mandato 2021-2025
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Paisagem Protegida Local do Sousa Superior Um rio, tantos moinhos
Está na sua natureza!
Com centenas de espécies botânicas e de vertebrados registadas, algumas de elevado valor para a conservação, como endemismos ibéricos, espécies protegidas ou com estatuto de conservação desfavorável, a Paisagem Protegida Local Sousa Superior (PLSS) é, de igual modo, um território profundamente moldado pela mão humana. Provam-no os abundantes vestígios arqueológicos relacionados com o paleopovoamento, mas sobretudo as marcas da modelação da paisagem para fins agrários, ditadas pela produção de cereal. Trigo e centeio primeiro, milho graúdo adiante, foram o motor cerealífero que catalisou a implantação de novos engenhos de farinação e, de entre eles, sobretudo os moinhos de água de rodízio. Albergando mais de uma centena de moagens hidráulicas tradicionais, dezenas de açudes e quilómetros de levadas, a PPLSS é um mostruário dessa paisagem proto-industrial que marcou profundamente a vivência quotidiana deste território, e que agora, devido a novos projetos de conservação, renaturalização e de mitigação e combate às alterações climáticas, se perfilam como projetos-âncora na Estratégia Municipal para a Sustentabilidade, como acontece com o Parque Molinológico e Florestal de Pias e com a refuncionalização do núcleo de moinhos de Casais, em Vila Pouca (Meinedo).
O Parque Urbano Dr. Mário Fonseca ganhou nova vida. As paredes e a envolvente dos armazéns foram requalificados e exibem agora um enorme mural dedicado à biodiversidade do concelho. São mais de 30 espécies de fauna e flora do concelho, bem como elementos culturais que aludem, por exemplo, ao património molinológico ou à ancestral prática da Vinha do Enforcado. O modelo artístico escolhido pretende dar a conhecer a biodiversidade local, em particular espécies pouco conhecidas como a gineta ou a rata-de-água, e assim elevar a literacia ambiental através da arte e da contemplação. Serve ainda um propósito pedagógico, especialmente devido à proximidade do Centro de Educação Ambiental Casa das Videiras. A pintura esteve a cargo do artista Tiago Hacke, cujo portefólio conta com várias obras de elevada sensibilidade artística e ecológica.
AMBIENTE
Mural da Biodiversidade no Parque Urbano
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Mata de Vilar com atividades inclusivas A Mata de Vilar − a maior mancha de floresta nativa do concelho, situada no coração da Paisagem Protegida Local do Sousa Superior − já está apetrechada com construções ecológicas inclusivas. Os mais recentes equipamentos pedagógicos, todos construídos em madeira e com técnicas não-invasivas, incluem um trilho sensorial, um percurso de equilíbrio, uma torre de escalada em arborismo, uma ponte, um xilofone e até um abrigo ecológico para a realização de atividades com pequenos grupos. Os novos equipamentos já foram testados com grupos de seniores, um dos grupos-alvo destas construções, a par de crianças e pessoas portadoras de deficiência física ou mental. A Mata de Vilar ainda não está aberta para visitação autónoma, mas está já a receber algumas visitas organizadas, por marcação. As atividades, brevemente disponíveis no âmbito do seu Serviço Educativo, vão incluir ainda a exploração pedagógica de um viveiro florestal e de um banco de sementes. Quem desejar mais informações deve contactar através do email matadevilar@cm-lousada.pt
Plantar Lousada regressa Este inverno regressam as ofertas Plantar Lousada. Através deste projeto, e com a ajuda de mais de 6 300 voluntários, foram plantadas mais de 72 000 árvores no concelho de Lousada, nos últimos cinco anos. As iniciativas Plantar Lousada regressam no início de dezembro, nos mesmos moldes dos anos anteriores. A autarquia vai organizar diversas plantações em áreas públicas, onde todos podem participar. No "Plantar Lousada no seu Quintal" a população é convidada a plantar árvores no seu quintal, jardim ou terreno, recebendo-as, gratuitamente, através de um processo de pedido muito simples. "Plantar Lousada no Natal" - por cada compra superior a 35€ no comércio tradicional e nas grandes superfícies, durante o próximo mês, é oferecido um vale que pode ser trocado por uma árvore, no Ecocentro. Este ano estão disponíveis 20 mil árvores para oferta, incluindo espécies de menor porte, adequadas para espaços mais pequenos. O convite é lançado a todos: Participe e torne Lousada mais verde. Mais informação disponível em cm-lousada.pt/p/plantarlousada
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Novas atividades no Programa BioEscola Os novos catálogos de atividades do programa de educação ambiental BioEscola já estão disponíveis e este ano contam com muitas novidades. Alterações climáticas, eficiência energética e conservação da biodiversidade são alguns dos temas incontornáveis da Estratégia Municipal de Sustentabilidade e podem ser trabalhados no âmbito de qualquer disciplina, em alinhamento com os programas curriculares. As atividades podem ser solicitadas, gratuitamente, pelos docentes e incluem programas temáticos, oficinas isoladas ou uma conjugações de ambos. Saiba mais em cm-lousada.pt/p/bioescola
Voluntariado Ambiental em Lousada O Voluntariado Ambiental é uma prática cada vez mais comum no Município de Lousada. Nos últimos cinco anos mais de 7500 voluntários participaram em atividades ambientais ligadas à floresta, aos rios, à recolha de lixo ou ao combate a espécies exóticas invasoras, entre várias outras ações de beneficiação ecológica. Os voluntariados estão abertos a pessoas individuais de todas as idades e a grupos organizados, tais como grupos desportivos, escolas, coletividades e empresas. A título de exemplo, em junho e em outubro deste ano, a empresa de cosméticos Yves Rocher realizou nas micro-reservas de Lousada duas mega-ações de voluntariado corporativo, envolvendo um total de mais de 110 voluntários. Mais informações e solicitações pelo email biolousada@cm-lousada.pt
Com mais de 85% da população imunizada, já teve início a administração da terceira dose à população com mais de 65 anos, de acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde. O Centro de Vacinação, localizado no Complexo Desportivo de Lousada, continua a funcionar de modo a servir a população. Aliás, vai ser mantida a logística, dando todas as condições às pessoas e colaborando com tudo aquilo que o ACeS (Centros de Saúde) pretende, continuando a reforçar o investimento Municipal nesta missão.
No dia 11 de outubro teve início a vacinação nas Estruturas Residenciais Para Pessoas Idosas (ERPI) e desde dia 14 do mesmo mês os utentes com mais de 65 anos começaram a ser convocados e vacinados para uma terceira dose. Para além disso, vai ainda ser possível administrar, no mesmo local e no mesmo momento, a vacina contra a gripe, evitando novas deslocações. A Linha de Apoio Municipal continua ativa, tal como sempre esteve e disponível para esclarecer qualquer dúvida.
SAÚDE
Centro de Vacinação continua no Complexo
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GEMINAÇÕES
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Lousada na Bienal de História Local em Tulle O Município de Lousada participou na 1.ª Bienal Europeia de História Local, promovida pela Association pour la Biennale Européenne d’Histoire Locale, de 10 a 12 de setembro, agregando as cidades geminadas com Tulle que, para além de Lousada, são também Dueville (Itália) e Shorndorf (Alemanha). A delegação, que participou a convite da organização, foi liderada pelo Vereador Dr. António Augusto Silva, acompanhado por professores e alunos do concelho. A visita contou com o apoio do Município de Tulle, do Comité de Geminação Tulle - Lousada e do Programa Europa para os Cidadãos, permitindo a participação de nove jovens Lousadenses do ensino secundário que frequentam escolas do concelho. Durante estes dias os jovens puderam assistir a conferências, mesas redondas, apresentação de filmes e exposições. Teve especial interesse para a delegação Lousadense a conferência em que participou François Hollande, antigo presidente da Câmara de Tulle e Presidente da República Francesa (2012-2017), com quem tiveram a oportunidade de falar no final da cerimónia. Decorreram ainda provas de vinho verde, promovidas pela
Adega Cooperativa de Lousada. O Município esteve também representado na exposição sobre a década 50 do século passado com painéis sobre os principais acontecimentos em Lousada e em Portugal. Relativamente aos fatos marcantes que foram destacados em Lousada nos anos 50, foi inauguração da Adega Cooperativa, a instalação da Estátua do Bispo D. António Meireles, na Avenida Senhor dos Aflitos, a Campanha das Alminhas e o Plano dos Centenários (construção de escolas primárias). A nível nacional destacou-se a Admissão de Portugal à ONU, a erupção do Vulcão dos Capelinhos, as Eleições Presidenciais de 1958 e o início das emissões da RTP. O tema do evento foi "A Europa dos anos cinquenta", abordada como uma época de grandes inovações que transformou a Europa e que, movida por uma forte aspiração ao progresso social, lançou as bases do mundo atual, com conferências e debates sobre as transformações económicas no mundo agrícola, o papel e a ação das mulheres, as forças políticas, o desenvolvimento do desporto amador e profissional, a música popular e novas formas de entretenimento, ao longo destes 50 anos.
Os filmes que são produzidos nas Oficinas de Cinema de Animação, promovidas pelo Município e pela CIM Tâmega e Sousa, no âmbito do PIICIE, sob orientação da Casa-Museu de Vilar, durante os anos letivos de 2019-2020 e 2020-2021, têm sido selecionados para diversos eventos da área. Recentemente foram selecionados para o CINANIMA 2021, que decorre de 8 a 14 deste mês, para a categoria Prémio Jovem Cineasta os trabalhos "O Vírus da Felicidade", da Escola Básica e Secundária Lousada Norte, Lustosa, "O Sumiço dos Sorrisos", da EB2,3 de Caíde de Rei, e "Coisas Inesperadas", do Colégio São José de Bairros. A Festa Mundial da Animação, em Amarante, que decorreu no final de outubro, selecionou dois filmes para a categoria oficinas do "Prémio Nacional da Animação". "O Sumiço dos Sorrisos", da EB2,3 de Caíde de Rei, e "Coisas Inesperadas", do Colégio São José de Bairros. Foi também selecionado o trabalho "Em Quadrado" (2021), da Escola Secundária de Lousada, para a 7ª edição do
Ymotion - Festival de Cinema Jovem de Famalicão. O evento decorre de 8 a 13 deste mês. O Festival "Ação 07! Festival de Vídeo Escolar", que teve lugar também em outubro, em Viana do Castelo, selecionou diversos trabalhos. Para a categoria Prémio Ação 07! - 1.º e 2.º ciclos do ensino básico - "Melhor filme de Animação" foram escolhidos os trabalhos "Estava a Ver que Não", do Colégio São José de Bairros, e "Um Dia Muito Agitado", do Externato Senhora do Carmo. "Vila das Camélias", da Escola Básica e Secundária Dr. Mário Fonseca, obteve uma menção honrosa, e "100 Palavras", da Escola Básica e Secundária Lousada Norte, foi o vencedor na categoria "Melhor filme de Animação". Estes foram os filmes do 3.º ciclo do ensino básico a concurso. Para a categoria do ensino secundário, foi selecionado "Dear Future", da Escola Secundária de Lousada. As "Oficinas de Cinema de Animação" são um projeto que se desenvolve desde 2015 e os filmes nelas produzidos já venceram variados prémios.
EDUCAÇÃO
Filmes de Lousada em diversos festivais de cinema
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DESPORTO
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Prémio pelos Programas de Atividade Física Sénior Desde 2018 que Lousada tem sido reconhecido como Município Amigo do Desporto. Em 2019, o Município venceu categoria de Municípios, entre os 10 000 e os 50 000 habitantes, do "Programa Desportivo do Ano" e do "Programa de Desporto Adaptado Municipal do Ano". No ano seguinte, em 2020, já em tempos de pandemia, o Município obteve o primeiro lugar na categoria a Intervenção Covid-19 no Desporto do Ano. Este ano o concelho foi distinguido com a certificação do "Plano de Comunicação do Ano de 2021" e o "Certificação dos Programas de Atividade Física Sénior". A cerimónia de entrega dos prémios decorreu em setembro, em Matosinhos. Estes prémios resultam das votações dos municípios aderentes. Relativamente a esta última distinção importa referir que o projeto Movimento Sénior de Lousada existe desde o ano 2012, tendo em linha de conta a promoção do envelhecimento ativo, organizado localmente, em cada freguesia,
dinamizado por voluntários. No que concerne à atividade física são várias as iniciativas com especial destaque para o Torneio Desportivo Liga Boccia, que inclui campeonato municipal, regional e nacional, envolvendo aproximadamente 400 idosos. Desde março do ano passado, a equipa de técnicos passou a realizar chamadas telefónicas aos seniores participantes dos Movimentos de forma prestar apoio e a responder às necessidades dos beneficiários do programa. A partir de junho, a atividade física passou a ser implementada no domicílio dos utentes, através da entrega de materiais e da disponibilização de vídeos online. O Projeto Movimento Sénior é promovido pela Associação de Solidariedade Social de Nespereira, em parceria com Câmara Municipal. É cofinanciado pelo Programa de Parcerias para o impacto, do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), correspondendo a uma das tipologias de operações no âmbito da iniciativa Portugal Inovação Social.
Promover e dinamizar o comércio tradicional e a economia de Lousada através do incentivo direto às compras foi o mote escolhido pelo Município que, conjuntamente com os comerciantes, implementou a iniciativa Comprar em Lousada. Este incentivo já conta com duas edições e o último sorteio realizou-se a 1 de outubro. Em ambas as edições foram atribuídos 12 mil euros em prémios, no formato "Vale de Compra", permitindo desta forma que esse valor fosse obrigatoriamente reinvestido em novas aquisições. O número de cupões impressos e distribuídos rondou os 200 mil. Assim, quem comprou em Lousada habilitou-se a prémios quinzenais, no valor de 500 euros, divididos em vales de 250€, 100€, 75€, 50€ e 25€. Cerca de 170 lojas participaram deste projeto por todo o concelho e em áreas de negócios diversas, desde minimercados, lojas de decoração, farmácias, lojas de roupa, de desporto, de calçado, de brinquedos, cabeleireiros, agências de viagens, restaurantes, floristas, clinicas de veterinária, entre muitas outras.
ECONOMIA
Comprar em Lousada dinamiza comércio local
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MUNICÍPIO
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Assembleia Municipal de Lousada 2021-2025
BioLousada: Tour das Micro-reservas
AÇÃO SOCIAL Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
DESPORTO Ténis: Lousada Indoor Open
Agenda
AMBIENTE
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MAGUSTO Movimentos Seniores
Nos espaços onde estão sediados os vários Movimentos Seniores
8 a 12 novembro 2021 - 14h00 Movimento Sénior
Feira de Antiguidades, Velharias e Colecionismo 14 NOV
9H00 > 19H00
Praça das Pocinhas
25 nov Centro da Vila de Lousada Ação de sensibilização sobre todas as formas de violência contra as Mulheres, em colaboração com a ACIP – CLDS4G
Cuidadores do Património da Rota do Românico 24 OUT > 30 JAN
10H00 > 18H00
Centro de Interpretação do Românico Exposição fotográfica, de Luís Barbosa
AÇÃO SOCIAL
Comemoração do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
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DESPORTO
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Free Running
2021 e d o r b m e v o n e d 7 1 00 h 9 1 à ta is Ass conversa online a fb.com/cmlousad
al Participação especi
CLÁUDIA PEREIRA
©freepik.com | Foto: Marcelino Almeida (2021)
DESPORTO
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AMBIENTE
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CULTURA 26
Revista Municipal Câmara Municipal de Lousada N.º 206 Ano n.º 22 – 4.ª série Data novembro 2021 Depósito Legal 49113/91 ISSN 1647-1881
Suplemento
Arqueologia
Santiago de Lustosa em 1758 memória paroquial, toponímia e património (parte 2) Dando continuidade ao artigo publicado no Boletim Municipal anterior, procede-se à divulgação do restante conteúdo relativo ao estudo desenvolvido em torno da Memória Paroquial de Santiago de Lustosa de 1758. O presente texto fixa a leitura etimológica dos topónimos elencados pelo pároco memorialista, correspondentes a cada um dos lugares ou aldeias por si nomeados, bem como do património edificado mencionado no documento setecentista.
Textos Cristiano Cardoso cristiano.cardoso@cm-lousada.pt Luís Sousa luis.sousa@cm-lousada.pt
SUPLEMENTO
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3. TOPONÍMIA E PATRIMÓNIO 3.1. Toponímia Denominação Nota etimológica/Referências bibliográficas/Observações (antiga-1758/atual) Agrella/Agrela
Diminutivo de agra, o mesmo que campo1.
Agros
O mesmo que campos.
Azenha
Engenho relacionado com a transformação da azeitona em azeite.
Bouça Cabo Cacavellos/ Carcavelos Caniço
Cazaes/Casais
Cerdeiras Costa Cristello/Cristelo Deveza/Devesa Fonte Gandra Laje Lajes Lameira Leirós
Terra inculta, imprópria para uma atividade agrícola extensiva. Poderá também revelar local onde se recolhem matos para a cama dos animais e lenha. Topónimo geográfico muito frequente. São conhecidos casos em que surge ora isolado, ora em composição. A localização relativa ao lugar de ‘Rua Nova’ no espaço administrativo da freguesia leva-nos a considerar tratar-se de um topónimo com significado de área que está na extremidade ou no fim da povoação. A forma primitiva deste topónimo é efetivamente ‘Cacavelos’, que evoluiu neste caso para Carcavelos. José Pedro Machado considera-o de origem obscura, apontando poder ser céltico ou mesmo pré-céltico, com significado de «pedra»2. A localização geográfica e topográfica do lugar denominado Carcavelos, leva-nos a seguir por uma outra via interpretativa, colocando a hipótese de manifestar lugar fechado, espécie de cava na base do monte. O mesmo que espigueiro. Estrutura elevada do solo composta por uma caixa arejada formada por ripado de madeira destinada ao sequeiro de cereal. Plural do singular masculino «Casal». Topónimo frequente, abundantemente documentado na Idade Média. Por casal entende-se uma unidade agrícola composta pela habitação e por outras estruturas como a adega e lagar, celeiro ou palheiro, cortes para animais e lojas para recolha de alfaias agrícolas. Trata-se da composição rural que melhor caracteriza a exploração da terra no entre Douro e Minho. O termo «Casais», pelo qual é assim denominada a freguesia, exprime porventura o invulgar número daquelas unidades rurais já na Baixa Idade Média, período de que chegaram até nós as mais recuadas fontes escritas onde vemos mencionado o nome da paróquia. Plural de cerdeira. Topónimo vulgar, muito representado no Norte de Portugal e Galiza3. O mesmo que cerejeira, árvore frutífera da cereja. Parcela de um território marcado por uma topografia acidentada, isto é, de encosta4. Compreende usualmente a superfície a meia altura de um morro que se destaca na envolvente. Situa-se normalmente entre o cocuruto de um monte e o início do vale. Trata-se de um topónimo muito frequente no Norte de Portugal, quer na forma do singular, quer no plural. Talvez com raiz etimológica em «castro» ou «crasto», devendo por princípio significar "pequena fortaleza"5. O concelho de Lousada tem na sua composição administrativa uma freguesia, presentemente agregada, denominada «Cristelos», confirmando-se aqui a existência de um castro ou crasto, um povoado proto-histórico. Do latim «defensa» = defendida, proibida, adquirindo sentido de ‘terreno murado’, ‘propriedade coutada’, ‘interdita’6. Do latim Fonte-; Fons. Vulgar no singular e no plural, nas formas simples e compostas. Indica local onde existe ou existiu recolha de água usualmente potável. Topónimo frequente em Portugal, igualmente existente sob a expressão «Gândara». Encontra-se conotado frequentemente com terreno arenoso, estéril7. De origem obscura, é um vocábulo frequente quer em Portugal, quer na Galiza. Não raras vezes encontra-se na região associado a extensos afloramentos rochosos planos rentes ao solo. Plural de Laje. Veja-se o anotado para o topónimo acima. Topónimo frequente no norte de Portugal e Galiza. Do singular feminino lama, este do latim «lama», de provável origem pré-celta. Aqui deverá relacionar-se com área onde abundam as águas, que tornam pesadas as terras agrícolas. J. Pedro Machado não aponta concretamente a origem da palavra «Leirós», lançando simplesmente a pergunta – "Diminutivo de leira?"8. Cremos que exprime efetivamente leira, e apesar de sem quaisquer certezas, deverá relacionar-se com terreno composto por campos de distintas amplitudes, dispostos em socalco ou não.
1 MACHADO, José Pedro - Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. 2ª ed., vol. I. Lisboa: Livros Horizonte/Confluência, 1993, p. 61. 2 MACHADO, José Pedro – op. cit., vol. I, p. 349. 3 MACHADO, José Pedro – op. cit., vol. I, p. 391.
MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. I, p. 460. MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. I, p. 473. 6 MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. I, p. 503. 7 MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. II, p. 694. 4 5
Denominação Nota etimológica/Referências bibliográficas/Observações (antiga-1758/atual) Longra
Tem origem do latim «longῠla», diminutivo feminino de longuas? De Lôngara, de origem pré-romana e sentido arqueológico?
Outeiro
Topónimo de origem topográfica. Do singular masculino outeiro. O mesmo que cume, sítio elevado, que se destaca da topografia da envolvente9.
Paredes Secas
Origem pouco clarificada.
Peça
Origem não determinada.
Penellas/Penelas Pereira
Plural de Penela. Topónimo frequente. Deriva do latim «pinnella» ou «pennella» - Pena = Pedra. Área onde abundam afloramentos rochosos. Almeida Fernandes10, pela abundância do topónimo em Portugal, considera que se deve justificar a sua raiz etimológica na presença de um local rochoso, e não na existência de árvores cujo fruto é a pera. A formação desta palavra deve, portanto, procurar-se em «pera» + eira. Ainda assim, o autor não põe de parte que tal palavra possa relacionar-se com a presença de tal árvore de fruto ou mesmo tendo origem no apelido pessoal.
Pinheiro
Fitotopónimo que fixa um lugar associado há existência da árvore.
Posso/Poço
Topónimo evidente e muito frequente sob formas simples e compostas.
Quintans/Quintãs Refontoura Rego Reimonda/Raimonda Rio
Propriedade usualmente murada ou cercada de muros ou sebes, tendo como principais aptidões a agricultura de semeadura e a vitivinicultura. Compõe-se ainda de casa de habitação e de unidades de apoio à atividade agrícola. Em Portugal parece fixar-se na toponímia durante os séculos IX e XI11. Exprime Fonte, Fontoura=Fontoira - «FONTE AUREA». Forma possivelmente popular, muito antiga, provavelmente medieval, de FONT-ōRIA. Topónimo frequente em Portugal e na Galiza. Sulco aberto usualmente no solo, de profundidade variada, utilizado para transporte de água para o regadio ou para colocar em funcionamento certas estruturas hidráulicas. Topónimo, feminino de «Raimondo» ou «Raimundo». Parece tratar-se de um topónimo de formação recente. Embora possamos ser levados a pensar estarmos perante um topónimo de origem germânica, perece mais consensual ter uma origem francesa. Do latim «rivus» = rio. Topónimo associado a uma habitação apalaçada, chamada Casa do Rio, tendo ido buscar o nome pela proximidade ao Rio Porto.
Rodilham/Rodilhão Origem não cabalmente determinada. Rua Nova
Do latim «ruga-» = sulco; caminho. Estamos perante um topónimo composto que nos remete para uma via de circulação carrária, de abertura recente e que em alguns casos é assim chamada por existir nas proximidades uma outra de mais recuada fundação.
Sammede/São Mamede
Hagiotopónimo associado ao local onde outrora existiu uma capela, demolida apenas há algumas décadas.
Sé Sequeiró Serra Surribas
Topónimo na maior parte das vezes relacionado com a sede da cátedra do bispo. Não é o caso e não nos é de momento possível apontar a cabal razão da sua representação em Lustosa. Uma das formas mais arcaicas que terá dado origem a Sequeiros é a expressão «Sacarias»(??)12. É provável que possa relacionar-se com uma zona de favoráveis condições para a secagem de cereal. Topónimo simples, aqui com sentido orográfico, relacionado com a Serra de Campelos, a mais expressiva e extensa massa rochosa em termos altimétricos do concelho de Lousada. Plural de «Surriba». Terá que ver com o ato de surribar? Talvez identifique local onde persiste a prática de revolver ou escavar a terra para a tornar mais arável, isto é, agricultável.
Talhos
Parcelas rústicas votadas ao cultivo de crusidades e outros produtos agrícolas diversos.
Tocas
Cavidades no solo resultantes da ação humana ou animal?
Ventozellas/Ventozelas
Plural de «Ventozela». Zona varrida por ventos?
Vinhas
Plural do feminino «Vinha». Topónimo evidente, indicativo da presença de cepas de vides plantadas de modo organizado e em grande número.
MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. II, p. 865. MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. III, p. 1109. 10 A. de Almeida Fernandes – Toponímia Portuguesa: exame a um dicionário. Arouca: Associação para a Defesa da Cultura Arouquense, 1999, p. 472. 8 9
11 FERNANDES, Maria Alice; CARDEIRA, Esperança – "Notas sobre toponímia portuguesa medieval", in Monografia 11, Revista Galega de Filoloxía. A Coruña: Universidade da Coruña, p. 156. 12 MACHADO, José Pedro - op. cit., vol. III, p. 1333.
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SUPLEMENTO
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3.2. Património 3.2.1 Ermida de São Roque
O culto ao São Roque foi um dos mais populares em Portugal e na Europa ao longo do século XVII. A sua grande difusão esteve muito relacionada com os inúmeros surtos de peste que afetaram o velho continente ao longo da Idade Média. A lenda associada ao santo francês promoveu a espontaneidade da devoção popular e a sua assunção como santo protetor da peste. Em Portugal a grande disseminação do culto ocorreu mais tarde, mas resultou de uma conjuntura igualmente ligada à funesta epidemia. Com efeito, a peste não foi devastadora apenas na Idade Média, surgindo, desde pequenos e localizados surtos até grandes epidemias que afetavam extensas regiões do país, ao longo de todo o século XVI e especialmente nos seus derradeiros anos. Um desses surtos parece ter tido grande impacto nesta região precisamente na transição do século XVI para o século XVII. Talvez por isso se tenha observado um incremento do culto ao São Roque nesta fase, contrariando uma tendência verificada mais visivelmente ao longo da segunda metade do século XVI, em que a devoção ao São Sebastião se sobrepôs. Assim, é comum atribuir às capelas de São Roque uma fundação que se enquadra dentro daquela cronologia, ou seja, princípios do século XVII. Não desvalorizando também a intensa campanha desenvolvida pela Santa Sé, durante os finais do século XVI, de glorificação do santo, que conduziu à sua canonização em 1591. Ora, tudo isto serviria para fundamentar uma cronologia para a nossa capela de São Roque, contudo, para além de interpretações, conseguimos alcançar a documentação que nos permite fixar o momento exato do início da capela e as motivações do seu culto. De forma sucinta, o princípio da capela de São Roque, de Lustosa, está intimamente ligado com a infausta Peste Pequena que atingiu com força esta nossa região. Ainda durante os anos mais duros da permanência da doença, os fregueses construíram uma capela dedicada ao santo, tendo para o efeito obtido a necessária licença do provisor da Sé de Braga, o doutor Belchior Dias. Esta licença tinha-se perdido e a capela não estava "muito bem edeficada pera nella se celebrarem os officios divinos". Por isso agora, propunham-se a reedifica-la com mais dignidade e para isso pretendiam alcançar nova licença. Sobre toda esta representação consentia o Ordinário, contudo, para salvaguardar a fábrica da capela impunha-se a vinculação de património que sustentasse a sua conservação para sempre. Ou seja, era necessário vincular bens de raiz livres de qualquer obrigação (enfitêutica, por exemplo) que, através da sua produção (cereais, etc.) ou de um foro em dinheiro, constituíssem rendimento anual certo para a decência do culto e do edifício. Para isso foi estipulado o valor de um cruzado (400 réis). O auto de património da capela foi feito na nota do tabelião do couto de Negrelos, Diogo Vaz de Resende, a 30 de Julho de 1606.
Figura 1 Capela de São Roque em 1956 (fot. Arq. Diocese do Porto)
Este instrumento era fundamental para que a autoridade eclesiástica autorizasse a bênção da capela e a celebração de missa. A capela tinha altar de pedra e retábulo com a imagem de vulto de São Roque e de muitos outros santos e tinham ainda uma imagem de Nossa Senhora dos Martírios. Tinha grades no meio, antes do altar, o teto forrado e as portas acabadas com sua chave. A construção que resultou desta iniciativa devocional dos morados de Lustosa não terá sofrido muitas alterações ao longo dos séculos seguintes. Não há notícia de que a capela alguma vez tenha entrado em ruína. Em 1758, na memória paroquial, o pároco menciona-a como estando "fora do lugar e pertence a fabrica della ao abbade da freguesia"13. Em suma, a localização inicial da capela ter-se-á mantido inalterada até aos meados do século XX e corresponderá, muito seguramente, ao sítio representado na planta desenhada para a construção do cemitério em 189614 e que a foto XX ainda captou na posição original. O muro que se vê por traz da capela não é mais que a cerca do quintal do abade, que se prolongava até um caminho público que seguia para Paredes Secas e que, entretanto, foi eliminado parcialmente por construções recentes. A mudança de localização da capela para o local onde hoje se encontra esteve relacionada com a construção da alameda entre o cemitério e a igreja. Como a capela interferia com o plano de alargamento e regularização do perfil da nova via, a junta de freguesia, presidida por Manuel Gomes de Moura, e o pároco Joaquim Moreira de Campos, chegaram a acordo para a mudança da capela. A proposta foi apresentada ao bispo do Porto em 1957, 13 CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério – As freguesias do distrito do Porto…, p. 315. 14 NUNES, Manuel e LEMOS, Paulo – Lustosa, património e identidade. Lousada: Junta de Freguesia de Lustosa, 2013, pp. 31 e 81. Efetivamente, em trabalho denominado IPHI – Inventário do Património Histórico Imóvel, o autor destas linhas tinha avançado a ideia de uma mudança de local da capela por finais de Oitocentos. Em face, de documentos entretanto identificados e divulgados, a referida mudança de local da capela ocorreu no século XX, posição que aproveitamos agora para corrigir.
3.2.2 Ermida de São Mamede
Tem havido a tentação, inclusivamente da nossa parte, de relacionar a referência à «ecclesia sancto mamete», constante do célebre inventário do mosteiro de Guimarães, do ano de 1059, com a capela de São Mamede, de Lustosa, ao que tudo indica, desaparecida apenas há breves anos15. Moderando um pouco este ânimo bairrista, podemos dizer que abunda nestas cercanias este hagiotopónimo e que também estamos ainda longe de entender a listagem de igrejas e topónimos deste inventário como uma sequência geograficamente ordenada que permita identificar locais com rigor. Apesar de vários dados nos fazerem apontar no mesmo sentido, o trajeto documental até à confirmação está longe de ser iniciado. Com segurança podemos afirmar que a primeira referência documental que conhecemos relativa à capela de São Mamede surge no «Tombo de Santa Marinha da Costa», realizado no ano de 1716. Durante a descrição das propriedades resultantes do desmembramento de um antigo e unido casal de São Mamede, e estando a confrontar um cerrado onde se concentravam as casas dos vários caseiros. Em 1758 voltamos a obter notícias da capela nas Memórias Paroquiais, mostrando-se que a mesma estava de pé e era fabricada pelos fregueses16. Esta alusão à fábrica da capela é importante, pois sugere-nos uma fundação pública, determinada pela vontade de um conjunto de moradores, talvez todos do lugar. Encaramos, pois, a possibilidade de esta desaparecida capela ter tido 15 Vimaranis Monumenta Historica. A Saeculo Nono Post Christum Usque ad Vicesium. Vol. I. Vimarane: Antonii Ludovici da Silva Dantas, 1929, pp. 45-52 e NUNES, Manuel e LEMOS, Paulo – Lustosa…, p. 84. 16 CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério – As freguesias do distrito do Porto..., p. 315. 17 Para desenvolver o tema v. NUNES, Manuel e LEMOS, Paulo – Lustosa..., p. 80.
uma função, em parte, idêntica à de São Gonçalo, que seria a de garantir a proteção de um lugar distante e de difícil acesso, associado, como parece, a um fenómeno de sacralização do espaço pagão; ao mesmo tempo, contribuir para a afirmação da identidade da freguesia ao estarem implantadas precisamente nos limites da jurisdição paroquial.
3.2.3 Ermida de São Gonçalo
Singular capela que se destaca no topo de um abrupto monte, muito simples em termos arquitetónicos. A sua característica mais admirável reside nas suas diminutas dimensões, mais evidentes ainda pela construção de um desproporcionado alpendre construído na segunda metade do século XX na sua frontaria. A capela propriamente dita apresenta paredes com aparelho irregular mas bem construído, trabalho que, infelizmente, as juntas de cimento exageradamente largas não permitem apreciar plenamente. O retábulo é muito simples, obra certamente de produção local e de artífice pouco experimentado. A pintura que o cobre desqualifica-o e tira-lhe dignidade religiosa e cultural. É provável que na subida do monte ou no redor da capela existisse em tempos uma via-sacra, constituída por diversos cruzeiros patrocinados por famílias e casas da freguesia. É o que sugere a existência de duas bases de cruzeiro epigrafadas a servir de apoio às colunas do referido alpendre. Nas epígrafes fazia-se menção a quem tinha mandado erguer o cruzeiro, sendo um deles da casa da Bouça e outro promovido por "3 devotos". As inscrições estavam truncadas, não permitindo uma leitura total . Estas bases foram destruídas na sequência de obras recentes na capela.
Figura 2 Perspetiva Norte da Capela de São Gonçalo.
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tendo o prelado anuído de imediato. O mesmo bispo, D. António Ferreira Gomes, em visita pastoral à paróquia, realizada em 1959, já pode observar in loco o novo assento da capela. Como complemento destas breves linhas não hesitamos em colocar em anexo todo o processo relativo a esta mudança, que contém informações adicionais e que constitui um documento importante para a memória e identidade local. A transferência da capela fez-se pedra a pedra, sendo reconstruída pela mesma ordem, tal como aconselhara o bispo. Os únicos elementos novos inseridos foram o patamar que elevou a capela cerca de 1,3m, a escadaria de acesso e a mesa de altar. A obra realizou-se durante o ano de 1960 e a 16 de Agosto o padre Joaquim Moreira de Campos pedia licença para a sua bênção. A 31 de Agosto a capela foi benzida.
município de lousada
orçamento participativo jovem 2022 APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
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8 > 22 NOVEMBRO
VOTAÇÃO
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29 NOVEMBRO > 31 DEZEMBRO
6 JANEIRO 2022
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