Revista Municipal de Lousada janeiro 2022

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REVISTA MENSAL GRATUITA CÂMARA MUNICIPAL DE LOUSADA JAN’22

LOUSADA


Revista Municipal

Agenda

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Vencedores do Desafio BioEscola 360º

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Ciência no Parque

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Borboletas noturnas raras na Mata de Vilar

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Oficina de composição manual

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Skate Parque e Parkour em construção

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Plantar Lousada

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Autarquia + Familiarmente Responsável

Suplemento Crónicas do meu jardim Ó xô tritom, xóbe ó num xóbe?

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17 FICHA TÉCNICA Revista Municipal | Câmara Municipal de Lousada | N.º 208 Ano n.º 23 – 4.ª série | Data janeiro 2022 Propriedade e edição Câmara Municipal de Lousada | Direção Presidente da Câmara Municipal de Lousada Textos Divisão de Comunicação, Património e Arqueologia e Divisão de Ambiente (SCNEA) | Fotografias Divisão de Comunicação, Divisão de Ambiente (SCNEA), Luís Guilherme Sousa e Manuel Nunes (fauna), João Nunes (boroboletas noturnas) e Luís Sousa (arqueologia PPLSS). Impressão Lidergraf – Sustainable Printing | Tiragem 17000 | Depósito Legal 49113/91 | ISSN 1647-1881

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O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Eng. João Pedro Matos Fernandes, esteve em Lousada, no dia 19 de novembro, para participar no evento de apresentação do projeto "Água da Torneira". A cerimónia decorreu na EB de Sousela, com entrega simbólica dos cantis. O Presidente da Câmara, Dr. Pedro Machado, salientou que "o projeto surge do trabalho ambiental que tem vindo a ser feito no concelho. É público que a autarquia se comprometeu com a transformação ambiental, quando definiu a Estratégia Municipal de Sustentabilidade". A título de exemplo destacou que "Lousada tem mais 72 mil árvores a cuidar dos solos e da água. Foram plantadas com a ajuda de mais de 6 300 voluntários em apenas cinco anos. Também os rios estão mais protegidos, com os mais de 1000 voluntários e patrulhas Guarda Rios que auxiliam o Município na monitorização do estado dos cursos de água e ajudam a despoluir e a cuidar das florestas ribeirinhas".

O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Eng.º João Pedro Matos Fernandes enfatizou a qualidade da água da rede pública, referindo que "Portugal tem um enorme orgulho em ter água da torneira de excelente qualidade. 99 em cada 100 vezes que se analisa a água da torneira a qualidade é excelente. A água da torneira é mesmo muito boa, mas é um bem escasso e, por isso, devemos poupar. O único consumo em que devemos exagerar é para beber". A iniciativa "Água da Torneira" conta com o apoio das Águas Douro e Paiva e consiste na entrega, ao longo dos próximos anos letivos, de 10 mil cantis reutilizáveis a todos os alunos do concelho e na instalação de dezenas pontos de água nas diversas escolas. Com este projeto, a autarquia vai retirar de circulação cerca de 2,5 milhões de garrafas de uso único. Trata-se de cerca de 34 toneladas de plástico, ou o volume de plástico equivalente ao de nove autocarros, em cinco anos letivos.

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Apresentação do Projeto "Água da Torneira"

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AMBIENTE

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Aluna da EBS Lousada Oeste vence concurso nacional Luana Ferreira, aluna da Escola Básica e Secundária de Lousada Oeste, Nevogilde, venceu o 1º lugar no concurso "Ao Redor da Ibero-América", promovido pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) e a Veolia. A Luana vai representar Portugal na fase internacional do concurso. O projeto vencedor foca-se nos projetos de reflorestação em curso no concelho e foi desenvolvido no âmbito da disciplina de Cidadania e da República de Jovens, em parceria com a equipa BioEscola, do Setor de Conservação da Natureza e Educação Ambiental, da autarquia.

Jovens Lousadenses conquistam GULBENKIAN 25 sub 25 O projeto ‘Lousada Ambiente Jovem’ foi um dos vencedores do concurso ‘25 sub 25’, na categoria da Economia Circular. Este concurso, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian, tem como objetivo identificar jovens transformadores da nossa sociedade e criadores de soluções para tornar as vidas das suas comunidades mais saudáveis, coesas e sustentáveis. A proposta "Lousada Ambiente Jovem" foi submetida pelos alunos Sofia Ribeiro, Inês Oliveira, Humberto Carvalho, Ana Magalhães e Joana Pinto (Agrupamento de Escolas Lousada Este – Escola EB 2,3 Caíde de Rei), com apoio da Professora Clara Lima e da equipa BioEscola, do Município.


Já são conhecidos os vencedores do Desafio BioEscola 360º referente ao ano letivo 2020-2021. A iniciativa, que tem por objetivo incentivar a redução da pegada ecológica das escolas, resultou este ano numa poupança coletiva de 31 mil euros em água, eletricidade e separação de resíduos para reciclagem, comparativamente à média dos três anos letivos anteriores. Os montantes poupados foram entregues às escolas como incentivo financeiro para continuarem a implementar boas práticas ambientais. Este é o terceiro ano em que este Desafio está implementado e, no total dos três anos, as escolas de Lousada pou-

param mais de 350 mil kW/h, mais de 8 milhões de litros de água e desviaram de aterro mais de 90 toneladas de resíduos recicláveis. Contabilizando ainda a participação em oficinas BioEscola e em projetos de cidadania, no ano letivo 2020-2021, a EB de Mourinho foi a grande vencedora, contemplada com um prémio adicional de 2000€, seguida da EB de Lustosa, com prémio adicional de 1500€ e, em terceiro lugar, a EB de Vilar do Torno e Alentém, com prémio de 1000€. Mais informação sobre este Desafio está disponível em www.cm-lousada.pt/p/bioescola.

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Vencedores do Desafio BioEscola 360º

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AMBIENTE

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Fauna invernante do concelho O tempo frio e húmido pode ser considerado desagradável para muitas pessoas, porém, para os aficionados da natureza, traz inúmeras observações imperdíveis. As primeiras chuvas de outono são a melhor época do ano para a observação de anfíbios, por exemplo. Neste período, muitas espécies dirigem-se às massas de água para se reproduzirem, o que se pode estender até à primavera. A atenção é chamada, por exemplo, para os anfíbios. Este outono, nas micro-reservas de Lousada, foram observados alguns indivíduos de salamandra-de-pintas-amarelas e de

tritão-de-ventre-laranja com eritrismo, ou seja, uma condição genética relativamente rara que resulta numa excessiva pigmentação avermelhada. No que respeita às aves, o outono trouxe os migradores de passagem, como o papa-moscas-preto ou o taralhão. A melhoria ecológica das galerias ripícolas e florestas do concelho parece também estar relacionada com a maior regularidade na observação de aves invernantes, como o dom-fafe, o lugre e, mais recentemente, o tentilhão-montês.


O estudo dos vestígios arqueológicos identificados na área da Paisagem Protegida do Sousa Superior (PPLSS) denuncia um diversificado povoamento entre o Bronze Final e a Baixa Idade Média, elegendo os cumes de montes de média altitude e a proximidade aos cursos de água como fatores determinantes para os respetivos assentamentos. Do abrangente período denominado de Proto-História, também conhecido pela Idade dos Metais, são os povoados fortificados de Monte Castilhô (Vilar do Torno e Alentém), do Pinouco (Aveleda), Castro de Pias (Pias) e, eventualmente, o de Bacelo (Torno). Do período Romano são de mencionar na PPLSS o casal de Vilela (Aveleda), a villa de Vila Verde (Caíde de Rei), o casal ou quinta de São

Mamede e o povoado de Monte Felgueiras (Meinedo) e a necrópole de Casa do Rio (Torno). A Idade Média é, porventura, o período melhor conhecido no concelho, não somente devido aos monumentos mais emblemáticos serem deste período, mas também porque é seguramente dos melhor documentados e ao qual se têm dedicado com mais regularidade os investigadores. O conjunto das estruturas é diverso, contudo, na PPLSS, compõe-se de bens patrimoniais que se revestem de carácter civil e religioso, denominadamente a Igreja do Salvador de Aveleda (Aveleda), Torre de Vilar (Vilar do Torno e Alentém), Ponte da Veiga (Torno), Lagar rupestre das Moutadas ou Mouradas (Pias) e Lagar ou Lagareta dos Mouros (Vilar do Torno e Alentém).

Está na sua natureza!

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O passado arqueológico da PPLSS

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AMBIENTE

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Borboletas noturnas raras na Mata de Vilar Estudos realizados ao longo deste ano, na Mata de Vilar, em plena Paisagem Protegida Local do Sousa Superior, revelaram a presença de 244 espécies de borboletas noturnas, incluindo algumas espécies muito raras. O registo mais importante foi o da espécie Eotaleporia lusitaniella. Esta espécie foi descrita para a ciência em 1955, com base em exemplares oriundos de Santo Tirso. Desde então, nunca mais foi observada em Portugal, tendo apenas ocorrido alguns raros registos em Espanha. O coordenador do estudo, Eng.º João Nunes, confirmou

que as medidas de beneficiação ecológica aplicadas na Mata – como o controlo de espécies invasoras, a reintrodução de água, a promoção do sub-coberto vegetal com espécies nativas e o enriquecimento com madeira morta – têm clara repercussão na diversidade de borboletas noturnas encontradas. Outros grupos animais monitorizados na Mata, como as aves, os anfíbios e os mamíferos, indicam respostas positivas similares, afirmando o esquema de gestão em curso como promotor da biodiversidade.


Estão a decorrer trabalhos para construção do Skate Parque com estrutura de Parkour no Parque Urbano Dr. Mário Fonseca. Este é um projeto que advém de uma candidatura ao Orçamento Participativo Jovem de Raul Sobral, Daniel Teixeira e João Moreira que, apesar de não terem vencido, revelou-se pertinente e foi aproveitada pelo Município de Lousada. A obra resulta de uma candidatura ao PARU (Plano de Ação para a Reabilitação Urbana) Norte 2020, financiado pelo FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional) para a construção da estrutura. O investimento que faz parte da Requalificação do espaço público do Parque Urbano, relativo à 3.ª fase, tem previsto um investimento que ronda os 450 mil euros, sendo complementada com uma zona para a prática de Parkour, adjacente às Piscinas Municipais. A área total é de, aproximadamente, 900 metros quadrados, em que a maior parte é destinada ao Skate Parque, com 620 metros quadrados. A área destinada ao Parkour é de 110 metros quadrados. A restante área vai destinar-se a acessos e zona de jardim. O Skate Parque está desenvolvido em plataformas de nível que se moldam de acordo com a topografia original do terreno e as necessidades e imposições técnicas da modalidade. Este equipamento é composto por quatro patamares, sendo que na zona central, desenvolve-se uma pirâmide de ligação entre as plataformas que se posiciona centralmente um Crub de desenvolvimento em pirâmide e corrimões das extremas dos planos. A zona de Parkour apresenta um conjunto de obstáculos, por intermédio de paredes retas, paredes em "L", paredes inclinadas, caixas e plataformas de piso, que poderão ser ligadas por estruturas de aço tubular entre elas.

JUVENTUDE

Skate Parque e Parkour em construção

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AÇÃO SOCIAL

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Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a Exploração e o Abuso Sexual No 18 de novembro, assinalou-se o Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a Exploração e o Abuso Sexual, criado em 2015 por decisão do Conselho de Ministros do Conselho da Europa. O tema central da edição deste ano foi "Tornar o círculo de confiança verdadeiramente seguro para as crianças". A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Lousada associou-se a esta iniciativa e, em parceria, com a GNR – Escola Segura, dinamizou ações de sensibilização dirigidas a crianças e jovens, acompanhados por adultos significativos. Estas ações envolveram representantes do 1.º e 2.º ciclos dos agrupamentos de escolas de Lousada, duas turmas do Secundário do Agrupamento de Escolas de Lousada Oeste, e ainda as crianças que frequentam ATL do concelho. Através de atividades lúdicas e debate, foi possível contribuir para a (in)formação das crianças e jovens na identificação de sinais de alerta. No âmbito desta ação participaram cerca de 240 crianças e 30 adultos.

Dia da Eliminação da Violência Contra as Mulheres Purple Day foi a designação da comemoração do Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que se realizou no passado dia 25 de novembro. Foram várias as ações de prevenção realizadas onde se incluiu a entrega de pulseiras com frases de sensibilização sobre os homicídios que ocorrem em contexto familiar e a importância da denúncia deste crime. Esta data foi ainda assinalada, na EB de Cristelos, com a atuação do Movimento Sénior de Cristelos, das crianças do ATL da Associação Raízes e Grupo Coral Infantil da Associação de Cultura Musical de Lousada.


No dia 25 de novembro, Lousada foi distinguida, mais uma vez, com o prémio de Autarquia + Familiarmente Responsável. A cerimónia decorreu em Coimbra e contou com a presença do Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Dr. Jorge Botelho, bem como da representante da Observatório de Autarquias Familiarmente Responsáveis, Dra. Rosário Carneiro, e da Presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, Dra. Rita Mendes Correia. A Vereadora da Ação Social, Dra. Maria do Céu Rocha, que recebeu a bandeira, teve a oportunidade de destacar que "a distinção atribuída pelas duas entidades responsáveis pelo prémio enche-nos de orgulho, pois a autarquia tem feito trabalho para que a qualidade de vida dos munícipes seja a melhor. Desde o início da pandemia que o trabalho da autarquia tem sido acrescido no que respeita às medidas de saúde, mas também no que toca aos apoios sociais que foram necessários". A distinção tem como base a vertente de apoios às famílias do Município, nomeadamente nas políticas públicas de apoio às famílias, na área social e nos benefícios fiscais.

2021

AÇÃO SOCIAL

"Autarquia + Familiarmente Responsável"

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EDUCAÇÃO

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Encontro de Pais com Nuno Pinto Martins Realizou-se, no passado dia 3 de dezembro, um novo Encontro de Pais que, teve como convidado Nuno Pinto Martins, formador certificado em Disciplina Positiva e Inteligência Emocional e também Kids Coach. Em 2017 fundou a Academia Educar pela Positiva e, em 2019, lançou o livro "Educar pela Positiva: Um Guia para Pais e Educadores", pela Bertrand Editora. O tema em destaque neste Encontro foi "Educar pela positiva sem gritos nem castigos. Missão (im)possível?". Com a realização desta iniciativa, o Município pretende dar suporte aos pais que procuram obter conhecimentos, no sentido de proporcionar aos filhos um crescimento saudável e equilibrado. No Encontro de Pais já foram vários os oradores que marcaram presença, como o Dr. Nuno Lobo Antunes, Dr. Eduardo Sá, Dr. Carlos Neto, Dra. Helena Serra e o Dr. Júlio Machado Vaz.

Dia Internacional das Cidades Educadoras O Município de Lousada assinalou o Dia Internacional das Cidades Educadoras, celebrado a 30 de novembro, com a pintura de um mural na EB 2,3 de Nevogilde, com a imagem de Nadia Murad, uma ativista yazidis, nascida em 1993.

O concelho de Lousada integra a Rede de Cidades Educadoras desde 2018, onde se inserem mais de 511 autarquias à escala mundial. Para comemorar este dia, o Município tem promovido a realização de uma pintura mural homenageando uma personalidade que lutou pelos direitos humanos, nomeadamente pelo direito à Educação. A pintura do Mural esteve a cargo de Frederico Draw, criador da pintura mural, arquiteto de formação, que tem um percurso na arte urbana tendo trabalhos espalhados por todo o mundo. Geralmente trabalha inserido no coletivo Draw & Contra.

Saudavelmente junta pais, filhos e alimentação saudável Em dezembro realizou-se uma nova atividade designada "Saudavelmente", direcionada a pais e filhos que pretendam aprender dicas ou modos de confeção de refeições saudáveis, desde pequenos-almoços, pratos principais, lanches e sobremesas. Realizada na EB de Campo, Nevogilde, esta iniciativa foi orientada pela nutricionista Dra. Ana Rita Sousa. As crianças e os pais foram convidados a participar na confeção de algumas receitas, com degustação no final. A próxima edição está marcada para dia 5 de fevereiro, com a colaboração da Dra. Sandra Teixeira, nutricionista.


No passado dia 20 de dezembro, realizou-se a assinatura do protocolo de cooperação institucional no domínio da habitação entre o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e o Município de Lousada, que contou com a presença da Secretária de Estado da Habitação, Dra. Marina Gonçalves. O protocolo assinado tem por objeto regular os termos da colaboração e cooperação institucional entre o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e o Município na prossecução e desenvolvimento do Projeto denominado "Arrendamento Acessível". O programa visa promover uma oferta alargada de habitação para arrendamento a preços reduzidos, a disponibilizar de acordo com uma taxa de esforço compatível com os rendimentos dos agregados familiares. O Presidente da Câmara Municipal, Dr. Pedro Machado, destacou o facto de "Lousada ser um concelho com uma elevada dinâmica populacional e, por isso, demonstrámos interesse por esta solução do Arrendamento Acessível para dar resposta a uma franja da população da classe média, que não é necessitada, mas cujos rendimentos mensais são parcos para fazer face às despesas inerentes à habitação". "A autarquia adquiriu e vai disponibilizar ao IRHU o terreno junto ao Posto da GNR, estimando-se que sejam edificadas mais de 40 frações, sendo uma anseio que este seja o início de projeto que se alargue a outros pontos do concelho.

Estas políticas permitem que a população Lousadense tenha mais qualidade de vida"- destacou o Dr. Pedro Machado. A Secretária de Estado da Habitação, Dra. Marina Gonçalves, afirmou que "o Município de Lousada não pensa somente em assinar acordos, mas sim em concretizar as ações". Para a governante, "a assinatura do protocolo de cooperação institucional no domínio da habitação entre o IRHU e o Município de Lousada é uma sinergia que vem dar resposta e garantir a habitação para todos, nomeadamente para a classe média. O Município adquiriu o terreno e, com a assinatura do acordo de cooperação, vai permitir que mais famílias tenham uma habitação, que é um direito fundamental".

Intervenção de 4,5 milhões de euros no Bairro Dr. Abílio Foi feito o anúncio de uma grande intervenção no Bairro Dr. Abílio Alves Moreira, que a população e a autarquia esperavam há anos. A revitalização do Bairro é um desejo que tem décadas e que, finalmente, vai ser concretizado. São mais de 200 frações que vão usufruir destes melhoramentos, um investimento de 4,5 milhões de euros.

Projeto ParTelhado A Secretária de Estado teve ainda a oportunidade de visitar as duas residências partilhadas – projeto ParTelhado. De referir que estas duas residências estão localizadas no Bairro Dr. Abílio Alves Moreira, sob a supervisão da Associação Ao Encontro das Raízes.

HABITAÇÃO

Protocolo para arrendamento acessível

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EDUCAÇÃO

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Lousada Natal


Apresentação do projeto vencedor OPJ

DESPORTO Corrida de S. Silvestre da Pequenada

AMBIENTE BioLousada: Dos Rios ao Mar

município de lousada

orçamento participativo jovem 2022

Agenda

JUVENTUDE


JUVENTUDE

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município de lousada

orçamento participativo jovem 2022 APRESENTAÇÃO DO PROJETO VENCEDOR

6 JANEIRO 2022 17.º ANIVERSÁRIO DO ESPAÇO AJE


JUVENTUDE

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Direitos Humanos Testemunhos de vida e experiências pelo mundo Ana Gomes Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, jurista, antiga diplomata e política portuguesa. Foi chefe da missão diplomática portuguesa na Indonésia durante o processo de independência de Timor-Leste e deputada ao Parlamento Europeu, entre 2004 e 2019.

7 JAN’22 - 21h00

Marta Valiñas Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto e Mestre em Direitos Humanos e Democratização. Em 2019 foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para liderar a Missão Internacional Independente de Determinação dos Factos sobre a Venezuela.

Auditório da Escola Secundária de Lousada Inscrições limitadas em cm-lousada.pt/p/mentes-brilhantes

facebook.com/cmlousada


AÇÃO SOCIAL 18


DESPORTO

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EDUCAÇÃO 20


EDUCAÇÃO

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CULTURA 22


Free g n i n n u R

Especial

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DESPORTO

Distância de 8/10 km

00 h 9 1 | 2 2 0 2 o ir e n ja 19 de

online Assista à conversa sada em fb.com/cmlou

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a Participação especi

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©freepik.com | Foto Bruno Ceccon - São Paulo, SP


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AMBIENTE

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AMBIENTE 26


Revista Municipal Câmara Municipal de Lousada N.º 208 Ano n.º 23 – 4.ª série Data janeiro 2022 Depósito Legal 49113/91 ISSN 1647-1881

Suplemento

Ambiente

Crónicas do meu jardim Ó xô tritom, xóbe ó num xóbe? As chuvas de outono são uma bênção para os solos ressequidos pelos longos meses de estio. Quando chegam, aliviam bichos e gente e assinalam a chegada dos dias húmidos e curtos de inverno. Ora, dias húmidos são noites plenas de anfíbios que parecem, misteriosamente, antever os períodos de chuva. Talvez porque deles dependam para retomarem os seus ciclos de vida que o calor do verão suspendeu ou apenas porque a natureza os dotou de "sensores" meteorológicos. Seja como for, é nessas alturas que os anfíbios, nomeadamente os pequenos tritões-marmorados, emergem dos esconderijos e encetam os movimentos migratórios rumo aos nossos charcos de jardim em busca de parceiros, mesmo que durante o caminho se tornem objeto de curiosidade científica de um certo jardineiro com mania de herpetólogo meteorologista.

Texto e fotografia Carlos Steinwender cronicasdomeujardim@sapo.pt


SUPLEMENTO

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Há quem gaste o tempo em coisas inúteis – alcançar a paz mundial, descobrir novos medicamentos, acabar com a dependência dos combustíveis fósseis, etc. – e depois há aqueles, pouquíssimos, que devotam a sua vida às verdadeiras conquistas civilizacionais, às grandiosas causas da Humanidade, aquelas que se hão de memorar para a eternidade através dos compêndios de História que toda a gente tem na prateleira lá de casa, mas ninguém lê. É o caso do mais recente progresso em matéria de previsão meteorológica High-tech que tenho vindo a desenvolver e que consiste em prever a precipitação à escala 1/100 com base nos padrões de movimentos da ponta da cauda do tritão-marmorado macho nos dias ímpares das segundas semanas dos meses de outubro a dezembro de cada ano bissexto. Ora aí está, finalmente um contributo válido para a civilização. Vai chover hoje, Dr. Steinwender? «Ora bem, como hoje é dia ímpar da segunda semana do mês de novembro do ano bissexto da Graça de Nosso Senhor, vou ali ver como é que o tritão macho está a abanar a ponta da cauda no meu charco e já volto». Cá esta, ciência de ponta. Neste caso, da cauda. Mas a minha especialização em matéria de previsão Figura 1 A dieta do Tritão-marmorado consiste em larvas de insetos aquáticos, caracóis, lesmas e minhocas.

meteorológica recua à minha infância. Enquanto criança, habituei-me a ver o meu pai mirar o horizonte poente pintalgado de nuvens plúmbeas desmaiando sob a luz do ocaso, e atestar, com a convicção de quem já lera o céu um milhão de vezes, «rapaz, amanhã vai chover!». E chovia. Mesmo quando a minha alma duvidava ante o céu azul que soçobrava. Se o meu pai dizia que chovia, então chovia. Confiava mais nele que na senhora da meteorologia que no final do telejornal adivinhava o tempo à frente de uma carta sinótica onde um tal de anticiclone dos Açores era culpado de quase tudo. Por isso, quando tocava às previsões do tempo para os próximos dias, limitava-me a perguntar ao meu pai. «Pai, amanhã vai estar sol?», «rapaz, chuva no São Mateus é água até ao Menino de Deus». Certo. «Pai, amanhã vai chover?», «rapaz, lua nova trovejada trinta dias é molhada». Naturalmente. E assim, de adágio em adágio fui afinando a minha formação em matéria de antevidência meteorológica ao ponto de me tornar exímio em algumas áreas específicas do prognóstico. Por exemplo, descobri que sempre que a laringe da minha progenitora emitia sonoridades impropérias em assinaláveis decibéis exaltando a minha crónica inaptidão para


SUPLEMENTO

29 Figura 2 Durante a fase terreste, o Tritão-marmorado apresenta atividade noturna, passando os dias oculto sobre pedras ou troncos.

as atividades de cariz doméstico, havia fortes probabilidades de precipitação nos minutos seguintes: eu precipitavame porta fora e a minha mãe precipitava-se atrás de mim. Também me apercebi que o outono era propício à prática de atividades meteorológicas de caráter experimental tendo por base a Teoria dos Reflexos Condicionados. Sempre que passava a tarde a apanhar as folhas no terreiro, invariavelmente o dia seguinte trazia chuva e vento. Como reflexo, eu soltava um chorrilho de imprecações cuidadosamente selecionado do meu abundante léxico calão, facto que imediatamente era condicionado pela senhora minha mãe com uma recompensa na zona das nádegas. O que é que os canídeos viram no método do senhor Pavlov ainda hoje é um mistério para mim. À medida que o tempo foi passando, por alturas da puberdade plena, que é sempre uma boa altura para entregar a ebulição hormonal ao cuidado da ciência em vez de a deixar nas mãos da bela Carolina do 12º B, inspirei-me nos augures romanos, mas sem a parte da destripação da bicheza, para adotar o Figura 3 Na época de reprodução, que decorre na água, os machos desenvolvem uma crista vistosa que se prolonga ao longo do dorso até à ponta da cauda.

mundo natural como carta sinótica onde tudo se prevê, assim se saiba atentar. Por exemplo, era capaz de determinar, a partir da velocidade e ângulo das asas das andorinhas-das-chaminés nos voos rasantes ao longo da minha rua nos dias sufocantes de maio, qual o número de voltas que a dona Maria, a vizinha da frente, teria de dar ao campo para enxotar as galinhas de volta para a capoeira antes de o céu se abrir em bátegas inclementes. Afinei de tal modo estas


SUPLEMENTO

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Figura 4 Durante as noites de chuva, os tritões podem ser observados emergindo dos seus locais de abrigo para caçar.

leituras do tempo meteorológico que alcancei um patamar de excelência, falhando apenas 74 em cada 75 previsões! E agora stôra Ermelinda, quem é que se sente mal por ter chumbado o menino Steinwender a matemática? Quem é? Mas o ponto de viragem na minha ascensão meteórica no mundo da meteorologia chegou no dia em que, por mero acaso, como tantas vezes acontece em matéria de progresso científico, a resposta a todas as perguntas entrou pela porta lá de casa deixando tudo em estado de sítio. Tal como eu quase previra no dia anterior, estava a chover – «amanhã vai chover, Carlitos», «não mãe, amanhã vamos ter sol, porquê?», «preciso

de estender a roupa», «podes estender à vontade, se chover como a minha boina» – por isso, enquanto degustava a minha boina com sabor a traça, a minha mãe decidiu encetar um número bastante curioso de malabarismo equilibrando habilmente em ambas as mãos um número de pratos assinalavelmente superior ao recomendado, enquanto saltitava e gritava «bicho, bicho, bicho». Fui ver, e antes que o número acabasse em cacos removi a razão da agitação que se acoitava junto das cadeiras. Tratava-se de um tritão-marmorado, um pequeno anfíbio com pouquíssima vocação culinária, pelo que deduzi logo ali (a dedução é relativamente inata em mim), que se o bicho não viera para se imolar na frigideira, certamente que virara na curva errada, vindo parar à cozinha por erro de navegação. Devolvi o pequeno animal ao quintal, onde uma enorme vasilha de barro enterrada fazia de charco para as rãs e berçário para as larvas das salamandras e dos tritões, e regressei para meditar sobre tão insólita ocorrência enquanto tentava remover o sabor a traça da boca. Estávamos em novembro, e em novembro, aparentemente, era normal o senhor anticiclone dos Açores mandar chover para estas bandas, isto apesar de as minhas previsões apontarem Figura 5 O tritão-marmorado tem a cabeça achatada, focinho arredondado e olhos proeminentes. A pele é granulosa com manchas verdes.


graduação em Teoria de Rusck aplicada à tipologia de saltos do sapo-comum revelou-se um beco sem saída. Da mesma forma, o mestrado focado na contribuição da Teoria da Similaridade de Monin-Obukhov para o entendimento dos padrões de dispersão diurna das salamandra-de-pintas-amarelas acabou em fracasso. Mas como diz o meu Pai, «rapaz, em dia de São Matias, começa as enxertias», por isso, 20 anos depois de ter dado início à etapa de autodoutoração, e já no sossego do meu próprio lar, mirando o tempo lá fora – «será que chove? É capaz de orvalhar. Ou será que é o sol que vejo ali?» –, e quando tudo parecia perdido e o fracasso e a desonra meteorológica de toda a rua ameaçavam abater-se sobre a família Steinwender, eis que enxertei um novo caminho científico, juntando no mesmo objeto de estudo a Lei de Beer, a sandes de torresmos e o pequeno tritão-marmorado. Resultado? Uma forte sensação de aconchego na zona ventral e, a avaliar pelas quase duas páginas e meia de dados quase fiáveis em quase três noites de trabalho junto dos tritões do meu charco, a quase certeza de quase vir a ser nomeado para um prémio quase Nobel. Obrigado senhor tritão-marmorado, agora faça o favor de abanar a cauda que quero saber se amanhã neva ou posso ir à praia.

Olhó tritão que é marmorado e molhadinho! O tritão-marmorado ou marmoreado é um urodelo de tamanho médio, até 16 cm de comprimento, da família Salamandridae, cuja designação científica – Triturus marmoratus – se deve à evocação de Triton, nome latino de Tritão, o deus marinho filho de Poseidon e Anfitrite, e à particularidade morfológica desta espécie que reside na presença de manchas e padrões característicos em diferentes tons de verde nos adultos. Com um ciclo de vida repartido entre o meio aquático, na fase larvar, e o meio terrestre, na fase adulta, o tritão-marmorado continua a depender da existência de massas de água parada para se reproduzir já que é aí que as fêmeas depositam entre 200 a 400 ovos enrolados individualmente nas folhas de plantas aquáticas. Durante a época de reprodução (outubro a maio), o macho desenvolve uma crista ao longo do dorso cortejando as fêmeas com movimentos ondulatórios e persistentes da cauda. Quando ameaçado, estica os membros posteriores e a cauda é erguida e balançada de um lado para o outro. Em Portugal existe uma outra espécie similar, o tritão-marmorado-pigmeu (Triturus pygmaeus), circunscrito à região a sul do Tejo e à faixa litoral até Aveiro.

31 SUPLEMENTO

sistematicamente tempo de praia. Certo. Claramente alguma coisa não estava a correr bem para os lados do canal de meteorologia do Steinwender. Foi preciso mais uns quantos dias de chuva, mais uns quantos números de circo por parte da minha progenitora sempre que eu era forçado a remover o teimoso tritão do chão da cozinha, para que, num instante de lucidez, a epifania me acertasse em cheio na cara. Doeu bastante porque a epifania veio sob a forma de um prato de barro que se escapou de um dos números de malabarismo, mas para além de me abrir o sobrolho, abriu-me a mente: o tritão era a chave para a previsão do tempo. E foi assim que revolucionei o universo das previsões meteorológicas. «O quê? Antecipar o tempo atmosférico através do comportamento dos anfíbios uma vez que estes seres estão profundamente dependentes da humidade para se deslocarem e reproduzirem e conseguem, por isso, antever os dias de chuva? Vanguardista!». Ao pé deste novo conceito, a Teoria do Caos era uma brincadeira de crianças. Nada de satélites, nada de modelos computacionais, aqui era só o jovem Steinwender de nariz no chão à procura de ler os anfíbios. Admito que o processo foi longo e teve os seus altos e baixos. A pós-



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