REVISTA MENSAL GRATUITA CÂMARA MUNICIPAL DE LOUSADA JUN’22
LOUSADA
Revista Municipal
Agenda
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Melhorar os serviços Municipais de Urbanismo
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Sábados da Juventude
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Aprendiz por 1 dia mobiliza centenas de jovens
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Free Running Especial Carlos Monteiro
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Movimentos Seniores de Lodares e Nevogilde
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Dia Municipal da Biodiversidade
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Mata de Vilar aberta ao público
Suplemento A necrópole medieval da Casa Romana do Castro de São Domingos (Lousada)
De 3 a 5 de junho, 2022
14 FICHA TÉCNICA Revista Municipal | Câmara Municipal de Lousada | N.º 213 Ano n.º 23 – 4.ª série | Data junho 2022 Propriedade e edição Câmara Municipal de Lousada | Direção Presidente da Câmara Municipal de Lousada Textos Divisão de Comunicação e Divisão de Ambiente (SCNEA) | Fotografias Divisão de Comunicação, Divisão de Ambiente (SCNEA). Impressão Invulgar Artes Gráficas | Tiragem 17000 | Depósito Legal 49113/91 | ISSN 1647-1881
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Já é conhecido o cartaz do Festival Vila 2022, que vai decorrer nos dias 24, 25 e 26 deste mês, no Parque Urbano Dr. Mário Fonseca, depois de dois anos de interrupção. No primeiro dia de Festival o cabeça de cartaz é o Plutónio. Vão atuar também Julinho KSD, Electron, DJ Zanova e John Diaz com MC GROOVE. No sábado o destaque vai para Gavin James, Bispo, Murta, Bruno R, Drena e Cristian Sake. Os mais pequenos vão ser o público de eleição no domingo, último dia do Festival Vila. A tarde vai contar com as músicas e coreografias do Pequeno David e os Sem Soninho, estando também disponíveis insufláveis e outros di-
vertimentos para que as famílias tenham a oportunidade de passar uma tarde em conjunto. De acordo com o Vereador da Juventude, Dr. Nelson Oliveira, “este é um cartaz que promete trazer de volta todo o divertimento e boa música para os jovens Lousadenses e visitantes”. O Dr. Nelson Oliveira destacou ainda que “importa agradecer àquele conjunto de jovens que, através do Orçamento Participativo Jovem (na sua primeira edição), apresentou um projeto para reformular o antigo Festival da Juventude, transformando-o no Vila”. Este ano a cerimónia de apresentação teve lugar no Will's Rock Club.
JUVENTUDE
Festival Vila anima Juventude
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MUNICÍPIO
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Melhorar os serviços Municipais de Urbanismo O Município promoveu, no dia 2 de maio, uma reunião de trabalho com técnicos externos de diversos gabinetes de arquitetura locais, de modo a apresentar o processo de melhoria contínua que está a ser implementado na área do Urbanismo, com o auxílio do Instituto Kaizen. Este trabalho que está a ser desenvolvido tem, de acordo com o Vereador do Urbanismo, Dr. Nelson Oliveira, “o objetivo de otimizar os procedimentos, à luz dos preceitos legais e aumentar a capacidade de resposta aos pedidos de licenciamento, pretendendo desta forma reduzir o tempo de resposta”. “O envolvimento dos técnicos externos que trabalham com o Município é importante e, por isso, a reunião foi também para explicar os novos métodos de trabalho, conferindo mais celeridade de procedimentos, contando com o contributo destes agentes externos na melhoria da instrução técnica dos processos” – salienta ainda o Vereador. Pretende-se que o trabalho seja desenvolvido de forma aberta e esclarecedora, o que vai permitir que os processos submetidos estejam devidamente instruídos de forma que
o processo de análise seja mais célere. Para o Dr. Nelson Oliveira “é importante que a implementação de serviços online seja cada vez mais uma realidade, sendo já possível solicitar uma série de procedimentos, exclusivamente via online ou com o apoio do serviço de Atendimento Municipal”. O Instituto Kaizen tem trabalhado em conjunto a autarquia analisando métodos de trabalho, promovendo melhorias e mudanças de hábitos de trabalho, com o objetivo de melhorar os serviços prestados ao Munícipe.
Mural de homenagem ao Ferroviário em Meinedo A mais recente obra do LouzaD'Art Urbana é um mural de homenagem ao Ferroviário e às vivências da freguesia de Meinedo. Este trabalho é o cumprimento de mais uma iniciativa do projeto vencedor do Orçamento Participativo Jovem, que ganha importância no espaço público e na arte concelhia.
O Mural de Arte Urbana, que pode ser visto junto à Estação de Comboios de Meinedo, foi executado pelos artistas Third e GODMESS. Estão a ser programadas, para breve, outras iniciativas envolvendo jovens Lousadenses com diversas pinturas de arte de rua.
CULTURA
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A 6.ª edição do Mercado Histórico realiza-se de 3 a 5 de junho, na Avenida Senhor dos Aflitos e Praça Dr. Francisco Sá Carneiro. Esta iniciativa de recriação histórica do quotidiano das populações nos meados do século XVII tem vindo a afirmar-se no ambiente cultural da região, distinguindo-se pela forte componente educativa e pela participação massiva e entusiástica da comunidade escolar. A sexta-feira, dia 3, é dedicada ao público escolar, com a realização de visitas pedagógicas ao mercado, acompanhadas por um animador que vai conduzir os alunos por um percurso de histórias e saberes antigos apoiado no trabalho ao vivo de artesãos e artífices e na atuação de recriadores históricos. Vai estar disponível um conjunto de experiências lúdico-pedagógicas como carrosséis e divertimentos artesanais, jogos infantis antigos, tiro com arco, falcoaria e uma oficina de olaria tradicional. Entre os ofícios e artífices presentes destaca-se o médico da Peste, o vassoureiro e outros quadros cénicos da vida de um pequeno burgo seiscentista. O espetáculo noturno vai ser protagonizado por crianças
De 3 a 5 de junho, 2022 e jovens do concelho que apresentam encenações, danças e música. Nos dois dias seguintes, 4 e 5 de junho, o Mercado Histórico conta com a habitual animação teatral ao longo de todo o dia, culminando num espetáculo com componente de época e contexto histórico local. Todos os dias, antes do encerramento do Mercado, vai ter lugar o espetáculo de fogo, combinando música e malabarismos. Ao longo dos dias, a animação musical vai ser uma constante, assegurada por grupos de música antiga. Para além de recriadores, malabaristas, cuspidores de fogo, artífices e muitos mercadores, o Mercado Histórico vai contar com a presença das históricas tabernas, prontas para prover as refeições do dia. Na sexta-feira, dia 3, o Mercado vai funcionar entre as 10h00 e as 24h00, e no sábado e domingo das 12h00 às 24h00.
EDUCAÇÃO
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Aprendiz por 1 dia mobiliza centenas de jovens O Municipio promoveu a 9.ª edição do Aprendiz por 1 dia, de 11 a 14 de abril, coincidindo com a interrupção letiva da Páscoa. O projeto tem como público-alvo todos os alunos que frequentam o 9.º ano escolaridade das escolas públicas e permite aos participantes acompanhar um profissional ao longo das suas funções diárias. Trata-se de contacto
inicial com o mundo real do mercado de trabalho numa área que vá de encontro às suas preferências. Cerca de 330 alunos experimentaram uma profissão à escolha, no total de 85 áreas profissionais. Associaram-se cerca de 70 empresas de Lousada, Penafiel, Paredes, Marco de Canaveses, Porto, Maia, Matosinhos, Vizela, Leça da Palmeira e Vila Nova de Gaia. Este ano, excecionalmente, um grupo de 80 alunos vai participar no Aprendiz por 1 dia no próximo mês por ser mais adequado para as entidades de acolhimento e alunos. O projeto insere-se no Programa DICAS (Diversidade, Inclusão, Complexidade, Autonomia e Solidariedade) que é composto pelo “Orienta-te e Segue”, pelo Pré-SEA e pelo SEA (Sinalização, Encaminhamento e Acompanhamento), no âmbito da orientação vocacional criado pelo Município, cujo objetivo passa pela redução do abandono precoce da escolaridade mínima obrigatória e orientação vocacional.
Exposição Anne Frank: uma história para hoje O Município de Lousada, em colaboração com o projeto Vir a Ser – Associação Comunidades que Florescem e com a Associação Internacional Intercultural Projects and Research, apresentou a exposição Anne Frank: uma história para hoje. A mostra esteve patente em todos os agrupamentos de escolas do concelho, entre os dias 2 e 28 de maio. A exposição contou com mais de 200 fotografias pessoais do arquivo da família Frank, bem como excertos do famoso Diário de Anne Frank. Utilizando 34 painéis educativos contou-se a história de Anne através de uma linha temporal situando-se, por um lado, a História da 2ª Guerra Mundial e do Holocausto e, por outro, a vida pessoal de Anne Frank. Através desta exposição foi possível perceber como a família Frank fugiu para Holanda deixando para trás a Alemanha Nazi e como foi obrigada a esconder-se durante cerca de dois anos num “anexo secreto”, nas traseiras de um edifício de escritórios. Assim, os visitantes puderam construir uma
visão geral de como a história pessoal se relaciona com os eventos ocorridos a nível mundial. A exposição teve como finalidade ser um instrumento educativo com objetivo de manter viva a memória de Anne Frank, cujo diário continua a ser um símbolo das vítimas de todas as formas de discriminação e opressão, e de informar sobre o regime Nazi.
A ColorADD.Social desenvolveu, entre os dias 19 e 22 de abril, o "Programa nas Escolas" que, com o apoio do Município, realizou rastreios a mais de 500 alunos que frequentam o 4º ano de escolaridade no concelho. Esta dinâmica visa sensibilizar a comunidade para a questão do daltonismo e seus constrangimentos, com vista ao combate ao insucesso e abandono escolar precoces, bem como, a situações de bullying e exclusão social. Nas salas de aula, a equipa ColorADD sensibilizou alunos e professores alertando para as dificuldades associadas ao daltonismo. Houve ainda tempo experienciar a visão da pessoa
daltónica, recorrendo a atividades interativas e lúdicas. Este programa é complementado pelo rastreio precoce de acuidade visual, realizado por técnicos optometristas no espaço escolar. O Município de Lousada contou com a colaboração da Ótica Boa Imagem, Opticália, Casa dos Óculos, Ergovisão, Mais Ótica e Almeida Oculista. Para complementar esta atividade que tem vindo a acontecer em diferentes anos letivos, o Município oferece um Kit ColorADD que é composto por material escolar especifico para estimular a exploração autónoma e lúdica desta linguagem universal, com saco, lápis de cor e caderno de atividades.
Entrega de prémios Lousada Educa + Foram entregues, no dia 20 de abril, os prémios relativos ao Lousada Educa +. A cerimónia decorreu na EBS Lousada Oeste. O primeiro prémio, com um valor monetário de 1000 €, foi para “A horta da Granja”, do Jardim de Infância de Granja, Covas. O segundo classificado foi “Lustosa TV” (atualmente AE Dr. Mário Fonseca TV), do Agrupamento de Escolas Dr. Mário Fonseca, com 750€, e o terceiro “Ler + em família”, do Agrupamento de Escolas Lousada Oeste, com um prémio de 500€. Houve ainda uma Menção Honrosa que foi entregue ao projeto “Fit&Happy”, do Agrupamento de Escolas Lousada Oeste.
No total foram entregues seis candidaturas: BiblioS@beres: o movimento Biblioteca “Verde”, do Agrupamento de Escolas Lousada Este, Rota dos Vulcões II Faial e Pico – Escola Básica e Secundária Lousada Oeste, Ler+ em Família, A Horta da Granja, Lustosa TV e Fit&Happy.
EDUCAÇÃO
Daltonismo rastreado a alunos do 4.º ano
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AÇÃO SOCIAL
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Movimentos Seniores de Lodares e Nevogilde As freguesias de Lodares e Nevogilde contam, desde o mês passado, com movimentos seniores. Em Lodares a inauguração decorreu no dia 8 de maio, no edifício da Junta de Freguesia (piso inferior) e em Nevogilde a cerimónia teve lugar no dia 15, no edifício da antiga escola primária. Em Lodares o Movimento Sénior, que é dinamizado pela Junta de Freguesia, vai funcionar às 3.as e 5.as de tarde. Em Nevogilde a Junta de Freguesia vai ter o Movimento Sénior a funcionar às 3.as e 6.as.
O Movimento Sénior é um projeto de promoção do envelhecimento ativo, desenvolvido a nível municipal, e tem como finalidade a promoção de estilos de vida ativos, na família e na comunidade. As atividades desenvolvidas passam, por exemplo, por aulas de atividade física e Boccia e o BioSénior. Semanalmente são desenvolvidas atividades lúdicas e expressivas no sentido da estimulação cognitiva, jogos de cartas, dominó, palavras cruzadas, trabalhos manuais entre outas.
Promotor
Funcionamento
JF Aveleda
2.ª, 4.ª e 6.ª tarde
JF Boim
3.ª e 5.ª tarde
CSP Caíde de Rei
Todas as tardes
JF Cristelos
2.ª, 4.ª e 6.ª tarde
CSP Lustosa
2ª e 4ª tarde
CS Lousada
Todos os dias
ADASM
2.ª,3.ª e 5.ª tarde
ASS Nespereira
Todos os dias
JF Nogueira
2.ª, 3.ª e 4.ª tarde
JF S. Miguel
3.ª e 5.ª tarde
JF Silvares
3.ª,4.ª e 5.ª tarde
CSP Sousela
Todos os dias
JF Ordem
3.ª e 5.ª tarde
ARC Pias
2.ª, 4.ª tarde
AD Despertar Vilar 2.ª e 4.ª tarde Torno e Alentém
Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância Em abril assinalou-se o Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância com muitas e diversificadas iniciativas que tiveram como finalidade alertar a sociedade para a problemática. O modelo de proteção de crianças e jovens, em vigor desde janeiro de 2001, apela à participação ativa da comunidade, numa relação de parceria com o Estado, concretizada nas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). Assim, a CPCJ de Lousada contou com a participação das entidades parceiras da comunidade que “se empenharam em dina-
mizar as mais variadas iniciativas tendo como finalidade a sensibilização para a problemática dos maus-tratos na infância”. “Serei o que me deres, que seja amor” foi o mote para a campanha cujos objetivos passaram pela sensibilização da comunidade para a prevenção dos maus-tratos na infância e promoção de uma cultura mais amiga dos Direitos das Crianças. Das várias iniciativas e atividades destaca-se a Exposição do Laço Azul, nos edifícios municipais, e o Calendário dos Afetos, em formato online.
A Mata de Vilar está aberta ao público com visitas e atividades pedagógicas para os mais diversos públicos-alvo, sempre por marcação. Nesta fase, apenas se aceitam marcações para grupos superiores a 10 pessoas. O Programa Educativo está disponível para consulta na página www. cm-lousada.pt Situada em plena Paisagem Protegida Local do Sousa Superior, a Mata de Vilar é a maior mancha de floresta nativa do concelho de Lousada, com uma área superior a 14 hectares. Está classificada a nível internacional (FSC©) como Floresta de Alto Valor de Conservação. Depois de várias obras de melhoramento e de promoção da acessibilidade (algumas ainda em curso) este espaço florestal está agora dotado de um Centro de Interpretação de suporte
ao Programa Educativo e de Animação Ambiental, trilhos florestais, um banco de sementes e viveiros pedagógicos, bem como diversos trilhos, incluindo um trilho florestal acessível. Os espaços naturais a visitar incluem o Vale das Faias, o Núcleo de Medronheiros, áreas de carvalhal nativo e diversos charcos para a vida selvagem, incluindo a antiga pedreira, reconvertida para funções ecológicas. A lista de fauna inclui mais de 70 espécies, destacando-se a presença de algumas espécies de morcegos ameaçados (como o morcego-rato-grande), o esquilo-vermelho, o búteo-vespeiro e a libélula-esmeralda, espécie protegida a nível europeu. Ao nível de flora estão catalogadas 112 espécies, destacando-se espécies com estatutos de proteção legal como o sobreiro, a gilbardeira, o narciso-bravo e o azevinho.
AMBIENTE
Mata de Vilar disponibiliza Serviço Educativo
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AMBIENTE
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Paisagem Protegida Local do Sousa Superior em colaboração internacional Com o objetivo de trocar boas práticas e promover a aprendizagem conjunta em matéria de estudos da paisagem, a Paisagem Protegida Local do Sousa Superior (PPLSS) e o Observatório da Paisagem da Catalunha firmaram um convénio para serem implementadas oportunidades, atividades, eventos, pesquisas, metodologias de trabalho e experiências para dinamizar espaços de diálogo e trocas culturais, para alcançar com o maior sucesso os objetivos comuns e partilhados da boa gestão territorial. O Observatório da Paisagem da Catalunha é um centro de
Está na sua natureza!
pensamento e ação em relação à paisagem sendo igualmente um órgão consultivo da administração catalã e de sensibilização da sociedade em geral sobre a paisagem. A sua criação responde à necessidade de estudar a paisagem, elaborar propostas e promover medidas para a proteção, gestão e planeamento da paisagem da Catalunha no âmbito do desenvolvimento sustentável. A participação ativa em redes de transferência de reconhecimento nacional e internacional é uma prioridade de Lousada para a PPLSS.
O Município de Lousada acaba de aprovar o projeto europeu GREY4GREEN, que visa a capacitação de seniores e de entidades ligadas à terceira idade para a implementação de programas de promoção do envelhecimento ativo em contacto com a natureza. O projeto, que termina em 2024, vai ser implementado por um consórcio multidisciplinar que conta com parceiros da Dinamarca, França, Chipre e Islândia. Em cada país vão decorrer formações e/ou intercâmbios de seniores e de pessoal ligado à terceira idade. Os parceiros devem desenvolver relatórios de boas práticas, uma plataforma de co-aprendizagem, manuais de
segurança e administração de projetos de voluntariado sénior, vídeos instrutivos e um documento político. A iniciativa local, BioSénior, tem demonstrado excelentes resultados de envolvimento dos mais velhos nas ações ambientais. Desde o início do projeto, as 250 atividades realizadas permitiram já plantar mais de 600 árvores, construir e instalar dezenas de abrigos para a fauna, dinamizar a colaboração intergeracional, promover o bem-estar físico e emocional e, acima de tudo, valorizar esta faixa etária e integrá-la nas causas que são de todos. GREY4GREEN é co-financiado pelo programa Erasmus+, o instrumento financeiro da União Europeia para a educação e formação.
Abertura do Centro de Interpretação do Rio Mezio O “Moinho da Tapada” foi restaurado e inaugurado como Centro de Interpretação do Rio Mezio. Neste centro podem ser consultados painéis ilustrados (da autoria de Fernando Correia) explicativos da fauna e da flora do rio Mezio, bem como informação sobre o engenho molinológico que fazia rodar as mós deste moinho. As visitas ao Centro de Interpretação do Rio Mezio podem ser solicitadas através do programa BioEscola ou pelo email biolousada@cm-lousada.pt (apenas para grupos). Este projeto é referente à candidatura vencedora do Orçamento Participativo Jovem de 2017.
AMBIENTE
BioSénior ganha escala internacional
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AMBIENTE
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Lousada pelos polinizadores O Município de Lousada vai manter as práticas de não-corte de relvados e canteiros municipais, como forma de garantir habitat de alimentação para os polinizadores e outros animais. Adicionalmente, vão ser criados Espaços Vivos distribuídos pelo concelho, geridos mensalmente ou a cada três ou seis meses, para garantir a proteção da biodiversidade. Devido ao declínio global de polinizadores, é crucial desenvolver estratégias que permitam salvaguardar este património natural e funcional, de elevada relevância para o bem-estar económico e social. Os polinizadores silvestres, em especial os insetos, fornecem benefícios consistentes à escala global e afetam diretamente a produção de 75% das principais culturas agrícolas! Desta forma, o concelho continua a disponibilizar locais de alimentação e reprodução para estas importantes espécies.
Promoção da Estratégia Municipal de Sustentabilidade As práticas ambientais do Município de Lousada tornaram-se uma referência nacional, sendo muitas as solicitações de outras autarquias e entidades para conhecerem os projetos em curso. Recentemente, um conjunto de técnicos de várias entidades como a Associação de Municípios Parque das Serras do Porto, Município de Gondomar e de Valongo, LIPOR - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, CRE. Porto - Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da AMP, Portucalea - Associação Florestal do Grande Porto e
Corredor do Rio Leça, Associação de Municípios visitaram o concelho. Foi dada a conhecer a Estratégia Municipal para a Sustentabilidade e diversos projetos que a operacionalizam, como o BioEscola, os Gigantes
Verdes e a proteção das Vinhas do Enforcado, e visitados espaços relevantes na transformação ecológica, como a Paisagem Protegida Local do Sousa Superior, a Mata de Vilar e o Parque Molinológico e Florestal de Pias.
Festival Inventa B Fachada em Lousada
EDUCAÇÃO Dia Municipal da Criança
AMBIENTE BioLousada Noite dos Anfíbios
Agenda
CULTURA
CULTURA 14
JUVENTUDE
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CULTURA
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Feira de Antiguidades, Velharias e Colecionismo 12 JUN
9H00 - 19H00
Praça das Pocinhas
JUVENTUDE
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EDUCAÇÃO 18
EDUCAÇÃO
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CULTURA 20
DESPORTO
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Free Running
DESPORTO
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15 de junho de 200202 19h ssista à A conversa online a fb.com/cmlousad
Participação especial
CARLOS MONTEIR
O
VI Street Cross Lustosa 12 JUN
9H00
Lustosa - Alameda da Igreja Organização: AD Lustosa
©freepik.com
Campeonato nacional de Rallycross e Kartcross 25 > 26 JUN Eurocircuito de Lousada Organização: Clube Automóvel de Lousada
DESPORTO
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AMBIENTE 24
AMBIENTE
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AMBIENTE
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21 DE JUNHO DE 2022
DIA MUNICIPAL DA BIODIVERSIDADE
Revista Municipal Câmara Municipal de Lousada N.º 213 Ano n.º 23 – 4.ª série Data junho 2022 Depósito Legal 49113/91 ISSN 1647-1881
Suplemento
Arqueologia
A necrópole medieval da Casa Romana do Castro de São Domingos (Lousada) No texto que agora se divulga, dão-se a conhecer os resultados preliminares da intervenção na necrópole identificada durante as campanhas arqueológicas realizadas no Castro de São Domingos (Lousada, Portugal) entre 2017 e 2021, no assentamento romano situado a meia encosta do monte. As escavações, enquadradas no projeto de investigação “Escavação, estudo e musealização da Casa Romana do Castro de São Domingos”, permitiram identificar pelo menos dezassete sepulturas, cronologicamente enquadráveis na Alta Idade Média cuja organização, arquitetura, ausência de vestígios osteológicos, cerâmicos e outros coloca diversos desafios interpretativos que apenas posteriores campanhas poderão ajudar a aclarar. Texto e fotografia Paulo Lemos - Arqueológo. Coordenador do projeto de investigação “Escavação, estudo e musealização da Casa Romana do Castro de São Domingos” paplemos@gmail.com Manuel Nunes - Arqueológo manuel.nunes@cm-lousada.pt Bruno M. Magalhães - Arqueólogo/Antropólogo. Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra. bruno.miguel.silva.magalhaes@gmail.com
SUPLEMENTO
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Métodos e procedimentos Os trabalhos arqueológicos relacionados com a necrópole medieval da Casa Romana, em Cristelos (Lousada), foram realizados entre junho de 2017 e outubro de 2021 e enquadrados nas campanhas anuais de escavação realizadas no decorrer do projeto (2017, 2018, 2020 e 2021). As ações de escavação foram efetuadas de acordo com as técnicas de escavação e registo arqueológico desenvolvidos por Edward C. Harris (1979). Os materiais provenientes da intervenção passaram por um processo faseado de tratamento que abrangeu lavagem, fotografia, desenho, marcação individual com sigla da intervenção, quadrado e UE (ex.: CD.CR.20 R21 UE 500) e, finalmente, a inventariação individual e respetiva inclusão numa base de dados. A implantação da quadrícula de escavação, em malha ordinária de 2x2 metros, obedeceu a um esquema de coordenadas alfanuméricas corrente, orientado pelos eixos noroeste-sudeste (a que foram atribuídas letras) e nordeste-sudoeste (a
que foram atribuídos números). O levantamento altimétrico do terreno e da intervenção foi realizado com base em cotas absolutas, obtidas a partir do topo do muro em blocos de cimento com cerca de 1 metro de altura, que delimita o terreno onde se implanta a Casa Romana, no seu limite nordeste, correspondente à UE 070, referenciado com a cota 260,17 metros.
Primeiros resultados Das 17 sepulturas identificadas foram escavadas apenas 14 (nos 1, 2, 3, 6 e 8 a 17). Do interior das sepulturas escavadas não foram encontrados ossos humanos nem espólio cerâmico associado ao defunto. As sepulturas 9 e 10 têm compleição trapezoidal que acompanharia, genericamente, a forma do corpo humano, enquanto as sepulturas 1 a 3, 6 a 8 e 11 a 17 apresentam forma subretangular. Estas últimas foram abertas diretamente no geológico natural. A maioria das sepulturas caberia a indivíduos adultos, embo-
Figura 1 Localização do concelho e vestígios medievais existentes no território (Fedra Santos).
ra se registem pelo menos dois casos de inumação de não adultos (sepulturas 8 e 17). A seção das sepulturas intervencionadas apresenta formato retangular com fundos planos e lados paralelos erigidos com recurso a material litológico de granito e corneana de média a grande dimensão, em parte resultante do reaproveitamento de materiais de estruturas da Idade do Ferro e de época Romana. Para além disso, algumas das sepulturas registam a presença de material cerâmico de construção reaproveitado, nomeadamente tegulae. As sepulturas 2, 6, 12 e 13 ostentavam lajes da tampa de cobertura também em granito e corneana. Com exceção das sepulturas 12 e 13, todas as demais apresentavam sinais de violação. Ainda uma referência para a estrutura [686], identificada no limite sudeste da área da necrópole e que se encontra a circunscrever, parcialmente as sepulturas desse setor (sepulturas 1 e 2). Este muro, de cronologia medieval, parece configurar a delimitação do espaço associado à necrópole, ainda que se tenha preservado apenas uma extensão com cerca de 4 metros de comprimento. A estrutura, orientada no sentido norte-sul, apresenta 1,70 metros de largura máxima e 0,50 metros de altura máxima e corresponde a um amontoado de pedras estru-
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Figura 2 Desenho da área correspondente à necrópole medieval identificada no castro de São Domingos.
turadas, mas não argamassadas, com ocasionais fragmentos de tegulae envoltas por terras. Os 17 sepulcros identificados na necrópole da Casa Romana distribuem-se por três fases distintas de enterramentos, evidenciando uma diacronia ocupacional relativamente ampla: Fase I (momento fundacional) - sepultura 15; Fase II (fase de ocupação plena) - sepulturas 1, 2, 3, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 14, 16 e 17; Fase III (derradeira ocupação e abandono) - sepulturas 9 e 10.
Discussão e conclusões Presumivelmente de inumação individual, as sepulturas da necrópole da Casa Romana apresentam, grosso modo, uma orientação canónica (sepulturas 1 a 8, 11 a 17 com orientação sudoeste-nordeste e sepulturas 9 e 10 com orientação oeste-este), para além da ausência de oferendas e de um total anonimato, em linha com o pensamento vigente na época alto-medieval em que a conceção coletiva de destino e de espaço cemiterial sagrado relativiza o espaço sepulcral individual (Santos, 1992, p. 35; Branco e Vieira, 2008, p. 142). Para além de receberem os enterramentos, as sepulturas parecem ter sido preenchidas com sedimento, pelo que a decomposição dos tecidos moles e ósseos terá ocorrido em espaço preenchiFigura 3 Plano final das Sepulturas 1 e 2.
SUPLEMENTO
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do. Os sepulcros intervencionados partilham a ausência de espólio votivo, com a exceção de uma fivela em bronze recolhido na sepultura 11, e registam uma total ausência de materiais osteológicos. A escavação revelou uma necrópole de caráter relativamente homogéneo em termos de arquitetura sepulcral e com um nível cuidado em matéria de estruturação espacial. Não sendo manifestas, subsistem, todavia, algumas diferenças estruturais no conjunto das sepulturas estudadas o que permite uma aproximação a diferentes tipologias tendo por base a classificação proposta por Gisela Ripoll (1996). Figura 4 Plano final da Sepultura 15 onde se observa a base em tegulae. À exceção das sepulturas 4, 5 e 7, cujo enquadramento tipológico ainda não é possivel aferir, registam-se tumulações enquadráveis nas seguintes tipologias função de um núcleo primordial de enterramento, seja ele definidas por Ripoll (1996, pp. 219-224) para a arquitetura associado a uma via ou a um templo. Com efeito, a proximifunerária na Hispania entre os séculos V e VIII: tipologia VII dade de vias é por vezes apontada como condicionante para a A (sepulturas 1, 2, 3, 6, 8, 11, 12, 13, 14, 16 e 17); tipologia VII B localização e orientação de sepulturas rupestres, um pouco à (Sepulturas 9 e 10); e tipologia III B (Sepultura 15). semelhança das inumações em necrópole junto às vias como A intervenção arqueológica atestou que as sepulturas se apreera uso entre os romanos. O mesmo parece acontecer ainda ao sentam sequenciadas paralelamente com distâncias reduzidas longo da Idade Média (Barroca e Morais, 1983, p. 99). entre si, tendo sido sucessivamente alinhadas, sugerindo uma Uma das questões em aberto resultante das campanhas de organização distribuída por conjuntos o que poderá signifiescavação realizadas prende-se com o enquadramento cronocar uma intenção de hierarquização do espaço cemiterial em lógico da necrópole. Com base nas características formais de algumas das sepulturas escavadas é possível estabelecer paralelos com exemplares estudados em outras necrópoles do território nacional. É o caso dos sepulcros da necrópole de Vale de Condes, em Alcoutim (Inácio, 2010, p. 209), da necrópole de Vale dos Sinos, em Mogadouro (Lemos e Marcos, 1984), da necrópole de S. Caetano, em Chaves (Lemos, 1987), ou, em particular, das necrópoles do Laranjal de Cilhades, em Torre de Moncorvo (Santos et al., 2016) e de São Miguel, em Caldas de Vizela (Queiroga, 2013, p. 186; Arezes, 2017, pp. 217-222). Esta última localizada a norte da necrópole da Casa Romana, no vizinho concelho de Vizela, apresenta uma ocupação que medeia entre o século VI e VII (Arezes, 2017, pp. 220-221). Um outro paralelo interessante pelas caraterísticas tipológicas de boa parte das sepulturas escavadas é o da necrópole do Laranjal de Cilhades, em Torre de Moncorvo. Em Cilhades temos Figura 5 Tegula com marca de oleiro proveniente da base da Sepultura 15.
Figura 6 Sepultura 13 ostentando a cobertura com lajes sepulcrais.
Bibliografia Arezes, A. (2017). O mundo funerário na Antiguedade Tardia em Portugal: As necrópoles dos séculos V a VIII. Vol. I, Coleção Teses Universitárias, n.º 9. Edições Afrontamento, Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória Barroca, M. J.; Morais, A.C. (1983). Sepulturas medievais na terra de Aguiar da Pena (Vila Pouca de Aguiar). Arqueologia (GEAP). Porto. 8, pp.92-101. Branco, G. e Vieira, M. A. (2008). Outeiro do Vale: sepulturas de Nogueira de Côta (Côta, Viseu). Cuadernos De Prehistoria Y Arqueología De La Universidad Autónoma De Madrid, 34. pp. 125-146. Harris, E. C. (1979). Principios de estratigrafía arqueológica. Barcelona: Editorial Crítica. Inácio, I. (2010). Vale de Condes, Alcoutim: um sítio tardoantigo da Diocese de Ossonoba. Promontoria. Números 7/ 8, pp. 99-133. Lemos, F. S. (1987). A Necrópole Medieval de S. Caetano, Chaves. Cadernos de Arqueologia. Série II, Volume 4. Braga: Universidade do Minho, pp. 149-176. Lemos, F. S.; Marcos, D. (1984). A Necrópole Medieval de Vila de Sinos. Cadernos de Arqueologia. Série II, Volume 1. Braga: Universidade do Minho, pp. 71-89. Lemos, P.; Nunes, M. e Magalhães, B. (2021). A necrópole medieval da Casa Romana do Castro de São Domingos (Lousada): resultados preliminares das campanhas de escavação 2017-2021. Oppidum - Revista de Arqueologia, História e Património, 13, pp. 6-37. Queiroga, Francisco M. V. Reimão (2013). Algumas notas sobre a arqueologia da área urbana de Vizela. Revista da Faculdade de Letras Ciências e Técnicas do Património. Porto. Volume XII, pp. 181-201. Ripoll, G.L. (1996). La arquitectura funeraria de Hispania entre los siglos V y VIII: aproximación tipológica. In: Spania. Estudios d’Antiquitat Tardana Oferts en Homenage al Professor Pere de Palol I Salellas. Barcelona: Abadia de Montserrat. pp. 215-224. Santos, A.C.C.F. (1992). Contributo para o estudo das sepulturas rupestres do monte do Senhor da Boa Morte. CIRA: Boletim Cultural. Vila Franca de Xira: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. 5, p.13-48. Santos, Filipe; Rossello, Miquel; Santos, Constanca; Carvalho, Liliana; Rocha, Fabio (2016). Aspetos da Morte no Vale do Sabor. O Mobiliário Funerário Tardo Antigo das Inumações do Laranjal de Cilhades (Felgar, Torre de Moncorvo). Achegas à Cronologia de uma necrópole de Longa Duração. Arqueologia Medieval. N.º 13. Porto: Campo Arqueológico de Mértola, pp. 17-33.
31 SUPLEMENTO
um conjunto de sepulturas caraterizado como verdadeiras caixas sepulcrais, tendencialmente retangulares e/ou trapezoidais, com lajes a erigir as paredes e a cobertura que, tal como em Lousada, acompanham transversalmente o eixo maior de vários sepulcros (Santos et al., 2016). Os autores enquadram cronologicamente a necrópole entre os séculos VI e XIII atribuindo, no entanto, uma cronologia mais antiga às sepulturas em caixa dentro daquele espetro cronológico. Não obstante as múltiplas incertezas e questões colocadas pelo conjunto funerário em análise, a conjugação das características elencadas leva-nos a apontar para um conjunto de inumações entre a Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média, cronologicamente balizável entre os séculos V e VII. A sua utilização ter-se-á iniciado após o abandono do povoado, entre o século IV e V, uma vez que parte dos sepulcros afetaram realidades arqueológicas relacionadas com a Idade do Ferro. Ainda neste ponto, importa salientar a singularidade da sepultura 15 no contexto da necrópole da Casa Romana. Apesar de lhe aventarmos um caráter fundacional e, portanto, de hierarquização do espaço, tal não invalida outras hipóteses explicativas da sua peculiaridade, designadamente a possibilidade de nos encontrarmos perante uma tumulação que visa, pela diferenciação arquitetónica, a distinção social. Por outro lado, a aparente ausência de vestígios materiais de um templo agregador em torno do qual se polarize a necrópole não pode deixar de nos remeter, em hipótese, e considerando a fase atual dos trabalhos arqueológicos ainda em curso, para um contexto de tradição cemiterial em torno de uma via, possibilidade para a qual parece concorrer a pervivência, neste lugar, do topónimo “Almas”.