Wilhelm, a revista que grita cinema

Page 1

#01 Ficção Espacial

Perdido Em Marte O novo filme de Ridley Scott faz jus à palavra “científica” do gênero. Confira na pág. 18



Expediente

O grito inicial,

Aaaaaaagh!

Diretor: Murilo Silva Capa: Murilo Silva Matéria de capa: Bianca Ramos Infográfico e poster: Breno Martins Editoras: Fernanda Campos e Lívia Almeida Revisão: Fernanda Campos e Lívia Almeida Arte: Bianca Ramos e Breno Martins

Assinatura: assine@wilhelm.com.br Publicidade: Fernanda Campos comercial@wilhelm.com.br Impressão: Rodrigo Haddad

WILHELM - A REVISTA QUE GRITA CINEMA é uma publicação mensal da Editora LFM Rua Jerônimo Pattaro, 530 – 2º andar – Barão Geraldo - Campinas– SP – CEP 013084-110 Tel.: (11) 3333-3333 – Fax: (11) 3333 3334

WILHELM ON-LINE www.twitter.com/wilhelm www.facebook.com/wilhelm

Matérias e sugestões de pauta redacao@wilhelm.com.br Cartas cartas@wilhelm.com.br Para anunciar comercial@wilhelm.com.br

Revista produzida pelos alunos da Especialização em Design Gráfico, UNICAMP 2015

O homem devorado por um crocodilo em Indiana Jones. A multidão que foge do leão Alex em Madagascar. Os policiais mortos em Cães de Aluguel. Sabe o que eles têm em comum? Todos emitem exatamente o mesmo som: “Aaaaaaagh!”, um gritinho esganiçado que você provavelmente já ouviu. Trata-se do Wilhelm Scream, um som que aparece em centenas de filmes e que nos inspirou a falar de cinema. Afinal, um grito tão característico das telinhas não poderia faltar na nossa revista. Conhecido também por WM, o grito Wilhelm surgiu no faroeste Tambores Distantes (em 1951) e foi nomeado dois anos depois: em Investida de Bárbaros, onde o personagem Wilhelm, emite esse som ao tomar uma flechada. Mas só estourou mesmo em 1977, no primeiro filme da série Star Wars (quando um soldado imperial solta o grito). De lá para cá foram mais de 200 aparições, e o som também está presente em games como Red Dead Redemption e GTA. O gritinho Wilhelm dominou o cinema por um motivo técnico, o áudio dos filmes geralmente é regravado em estúdio, pois no set de filmagem há muito barulho. E alguns dos sons produzidos no estúdio, como gritos, acabam sendo reaproveitados em vários filmes. “Não é como música, que tem direitos autorais. Eles podem ser reutilizados à vontade”, explica o mixador Carlos de la Riva, que trabalhou em Star Wars. Agora que já conhecemos a origem de Wilhelm, fique por dentro das curiosidades e notícias do universo dos filmes em nossas edições. E para os colecionadores e apaixonados por cinema, a novidade da Wilhelm são as edições temáticas, para você conhecer detalhes do mundinho cobiçado das grandes telas! Foi dada a larga, e muitos gritos ainda estão por vir,

Aaaaaaaagh!

Lívia Almeida Editora responsável

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 3


wilhelm a revista que grita cinema

#01

Edição Ficção Cietífica Espacial

3

EDITORIAL

10

CURIOSIDADES 8

Descubra quem você é em Star Wars

10

Conceitos da astrofísica em Interestelar

14

Grandes espaçonaves da ficção científica

17

Piores e melhores filmes pela NASA

CAPA 18

Especial Perdido em Marte

26

Infográfico: tecnologias da NASA

CINE LIST 30

Harrison Ford e Star Wars

32

J.J. Abrams

34

Cowboys do Espaço

36

Aventuras e viagens espaciais

42

FAN FILMS

14


18

SUMÁRIO |

36 17

34

32

30 42




Não tem problema, a FORÇA é comum na minha família.

Você aguenta um duelo de sabre de luz?

Eu me saio melhor imitando o Jabba.

F@*# a constituição!

Essa pergunta me faz sentir um bobo.

Rá. Tiro de letra!

Você pode dançar com o pescoço acorrentado?

Geralmente eu peço pra ir no banheiro.

Eu nunca mais tento isso.

Você se considera um rebelde?

Descubra quem é você em Star Wars


APRENDIZ DE SITH

Calava sua boca na marra e cortava ele ao meio com o sabre de luz.

O que você faria se o Jar Jar Binks forçasse a barra para entrar para a sua galera?

Sim.

Ooloo ooloo.

CAÇADOR DE RECOMPENSAS

Como quiser.

Sim, eu gosto de ficar em movimento.

Faço mais o tipo terno e gravata.

ESCRAVA DE JABBA

Adoraria desfilar o meu corpão.

Você se oporia a usar lingerie no espaço?

SOLDADO DO IMPÉRIO

Não!

Você se importa em ficar sentado por longos períodos?

Desde que eu pudesse usar uma armadura maneira.

CAVALEIRO JEDI

Dinheiro não me interessa.

Nem pensar!

Você se sentiria bem matando a população de um planeta?

Você fica confortável capturando pessoas e/ou aliens por dinheiro?

Eu sou um hippie paz e amor.

LÍDER EWOK

Abraçava ele.

Você sofre de uma sede extrema de poder?


Conceitos astrofísicos em Interestelar Buracos negros, buracos de minhocas, viagens no tempo e dilatação temporal. Estes são alguns fenômenos físicos que fazem parte do filme Interestelar. Daiana Geremias

10 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

Quando um fi lme de ficção científica envolve viagem espacial você já pode se preparar para duas coisas: a primeira é, obviamente, ficar fascinado com essa coisa de espaço; a segunda é que, por mais que você preste atenção no fi lme ou o assista várias vezes vai sempre ter aquele assunto que não ficou explicado. É para isso que a Wilhelm existe, querido viajante espacial, para deixar as coisas mais claras para você. O fi lme do momento é Interestelar, de Christopher Nolan. O longa envolve alguns temas polêmicos e cheios de complexidade: viagem espacial, fim do mundo e o assustador buraco da minhoca. Antes de continuar, um alerta: este texto contém spoilers. Depois não vale reclamar. Se em A Origem Nolan mergulhou de cabeça no mundo dos sonhos, em Interestelar a coisa foi ainda mais além e a imersão foi em um universo maluco conhecido como astrofísica. Para dar vida à narrativa complexa, Nolan recorreu à Física, aquela área da Ciência que nos causa arrepios. Interestelar é a prova de que Física pode ser uma coisa muito bacana, no fi nal das contas.


CURIOSIDADES

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 11


Entre os personagens principais do enredo estão o agricultor Coop, vivido por Matthew McConaughey; Murph, a fi lha de Coop, interpretada por Mackenzie Fox na infância e por Ellen Burstyn na sequência. Quem também faz parte do elenco é Anne Hathaway, que dá vida a Amelia Brand. O fi lme mostra o planeta Terra entrando em colapso em um futuro próximo, quando nem mesmo toda a tecnologia existente é capaz de salvar a humanidade. O caos se instaura em todo o mundo: tempestades de areia, falta de alimento, falência de universidades e por aí vai. Quem se propõe a descobrir uma maneira de ajudar o planeta é a NASA, que espera conseguir colonizar outros lugares. É mais ou menos nessa altura da trama que a sua cabeça começa a dar diversos nós consecutivos. Coop, o agricultor que, na verdade, é um astronauta não atuante, aceita participar de um projeto maluco e tentar viajar para outra galáxia. Para essa proeza gigantesca, somente conseguindo passar pelo buraco de minhoca, que nada mais é do que uma espécie de portal que, no fi lme, está aberto nas proximidades de Saturno. Deixando a história do fi lme de lado, fica a pergunta: será que esse tipo de coisa seria possível mesmo?

Algumas questões da astrofísica Vamos lá: se você ainda não viu o fi lme, é bom ficar atento a alguns termos que vão fazer com que você acabe saindo da sala do cinema meio atordoado. Não é preciso ser um grande gênio para saber que não há gravidade no espaço e que, por isso, os astronautas ficam flutuando, certo? A questão é que ficar em um ambiente sem gravidade por muito tempo – anos, no caso do filme – é extremamente prejudicial ao corpo humano e, por isso, fala12 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CURIOSIDADES se em um conceito chamado “gravidade artificial”, que foi criado por cientistas para lidar com o problema. Essa gravidade artificial é produzida por um movimento de rotação da nave, causando uma sensação de gravidade “normal”. Outro assunto abordado no fi lme é a questão dos buracos negros giratórios, cuja existência já foi comprovada cientificamente pelo astrofísico Kip Thorne, que deu uma assessoria a Nolan na hora da produção do roteiro. Esses buracos conseguem mudar a forma do espaço ao redor deles, em um processo chamado “frame dragging”. Essa deformação de espaço acaba afetando outros fatores também, como a noção de espaçotempo das regiões próximas. No caso do filme, em que o personagem consegue fazer a transição pelo buraco negro, fisicamente falando, ele possivelmente seria destruído pela gravidade. Fique atento também aos conceitos de “wormhole” ou “buraco de minhoca”, tanto faz o nome – a complexidade é a mesma. Se você quiser entender o que é isso, imagine uma espécie de portal mágico, pois, ainda que a questão não seja mística, dá para visualizar melhor. Na verdade, a astrofísica ainda não comprovou a existência factual de buracos de minhoca, então esse é o único fenômeno do fi lme que não poderia ser cientificamente viável. Ainda assim, o conceito é tão incrível que foi brilhantemente explorado no roteiro. Outro fi lme que fala sobre o fenômeno é Donnie Darko, mas de maneira diferente. Um buraco de minhoca, teoricamente, é o ponto de interseção entre duas regiões do espaço que estão distantes. Essa região acaba facilitando a passagem de um ponto até o outro – no caso do fi lme, de uma galáxia a outra. Para entender melhor, dobre uma folha de papel ao meio e passe uma caneta através dela. A folha é o espaço. Um ponto de um dos lados dela é a Terra; um ponto do outro lado é uma galáxia

distante. O furo que você fez com a caneta é o buraco de minhoca. Outro conceito explorado no filme é o de “dilatação gravitacional do tempo”, que é um fenômeno verdadeiro e que está diretamente associado à relatividade do tempo. Funciona assim: em regiões de forte influência da gravidade, o tempo passa de maneira mais lenta em comparação com regiões de menor atração gravitacional, como é o caso da Terra. Uma vez que buracos negros têm maior atração da gravidade, dá para entender por que o tempo lá é mais devagar do que em nosso planeta. Por isso, a pessoa próxima a um buraco negro acaba envelhecendo mais lentamente do que quem está na Terra. Outro fato curioso: cada região cósmica tem uma relação temporal única. Agora, para explicar qual é a maluquice envolvendo a tal “realidade de cinco dimensões”, precisamos recorrer ao físico mais querido da garotada: Albert Einstein. Ele passou três décadas estudando a teoria do campo unificado, que mistura a forma matemática entender a gravidade com as três forças fundamentais da natureza: a forte, a fraca e a eletromagnética. Ainda que três décadas de estudo pareçam muito tempo para você, voltamos à relatividade do tempo, mas de uma maneira diferente: no quesito científico da coisa, 30 anos de estudos não é nada e, por isso, o gênio acabou não concluindo suas pesquisas. Até hoje, há muitos físicos e astrofísicos pelo mundo buscando formas de chegar a alguma conclusão para os estudos iniciados por Einstein. Há quem diga que a solução para a teoria do campo unificado seja uma revisão das dimensões do universo: em vez de pensarmos nele dentro das quatro dimensões propostas por Einstein – que inclui espaço-tempo –, o ideal seria imaginar um espaço com cinco dimensões. Eis outra ideia presente no fi lme e cientificamente coerente. W 20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 13


As espaçonaves mais memoráveis da ficção científica Sejam cargueiros modificados ou lar de milhões de tripulantes, as naves roubam a cena. Algumas, vão ainda mais longe e se tornam um ícone. Esta lista é para relembrar as espaçonaves que têm lugar garantido em nossa memória e corações. Confira! por Jonathan D. Machado

1

Millennium Falcon Star Wars Ninguém melhor para iniciar a nossa lista do que “a lata velha” mais conhecida no mundo da ficção. A Millenium Falcon teve participação crucial em todos os filmes da trilogia clássica do Star Wars, seja esgueirando-se entre as armadas imperiais com Luck e Leia Skywalker a bordo ou ajudando o jovem Jedi a destruir a Estrela da Morte. A nave é na verdade uma versão altamente modificada (e remendada) do fretador leve YT-300 e foi adquirida pelo contrabandista Han Solo como pagamento de um jogo de cartas do qual ele saiu vitorioso. A Millenium Falcon também fez uma breve aparição no Episódio III, em uma sequência de cameo.

14 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CURIOSIDADES

2

Enterprise Jornada nas Estrelas Comissionada em 2245, a NCC-1701 Enterprise tem estado na linha de frente da exploração

3

Assim como o nome sugere, a Estrela da Morte é

espacial pela Federação dos Planetas Unidos

uma estação de batalha com tamanho comparável

(ou Starfleet). Com seu design único, a nave e a

ao de uma pequena lua e que tem a capacidade de

tripulação foram as atrações do seriado Star Trek.

destruir planetas inteiros. A nave foi apresentada pela primeira vez em Star Wars IV: Uma Nova

A espaçonave conta com 430 tripulantes e

Esperança (1977).

esteve sob o comando de vários capitães, sendo James T. Kirk o mais lembrado deles. Apesar de

A Estrela da Morte serve como uma figura de

não ter o combate como sua função primária, a

opressão, sendo que o imperador Darth Sidious

Enterprise está equipada com phasers de médio

usa seu poder destrutivo como uma forma

alcance e torpedos. Várias embarcações reais

de controlar os planetas através do medo. A

da marinha americana também levam o mesmo

construção da estação de batalha remonta aos

nome, incluindo o primeiro porta-aviões nuclear.

períodos pré-Guerras Clónicas.

5 4

Death Star Star Wars

Roger Young Tropas Estelares

Discovery 2001: Uma Odisseia no Espaço A estação mostrada no filme de Stanley Kubrick em 1968, representou um marco para o cinema. Diferente das demais da década anterior, a

O cruzador de batalha Roger Young foi uma das

conceituação da Discovery teve assistência da

“estrelas” do filme Tropas Estelares, dirigido por

NASA, deixando para trás a aparência de papel

Paul Verhoven em 1997. A belonave está equipada

laminado para se tornar um modelo mais próximo

com vários tipos de armamentos para batalhas

de uma realidade futura.

extraorbitais, mas atou principalmente como uma

Além de ser uma sofisticada estação de

plataforma de suporte às forças da Infantaria Móvel

exploração espacial, a Discovery conta uma

durante a guerra contra a praga dos insetos.

inteligência artificial, HAL 9000. W

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 15


SUITS TEMPORADA 4


CURIOSIDADES

NASA lista os melhores e piores filmes Como numa espécie de premiação a Nasa entra em cena e dá palpites em vários filmes. De acordo com ela, existe os mais científicos e os nem tão científicos assim.

1

2

3

4

por Michael Byrne Em uma conferência em que pediu aos mandachuvas de Hollywood que escrevessem ‘‘roteiros mais sensatos”, a NASA elegeu os sete piores e melhores filmes de ficção-científica levando em conta seu valor científico. 2012 levou pra casa o primeiro prêmio como pior filme por toda aquela diarreia sem fim de ciência duvidosa ao aclamar que o Apocalipse é eminente e que cairá sobre nós como uma fila de dominós, porque o neutrino, uma partícula geralmente (na vida real) não interativa, está supostamente superaquecendo o núcleo da Terra. Ou alguma coisa assim. Ainda não vi o filme, por mais bizarro que isso possa parecer. O meu favorito da lista dos piores filmes é o Quem Somos Nós?. Qualquer mané com meio palmo de testa que já tenha visto o filme sabe que aquilo é uma maravilha, uma pilha gigantesca de besteira e não-ciência. Só que disfarçado de “documentário”, claro. Fico feliz pela NASA ter dado ao filme o carimbo de ficção-científica, tal como o merece. Ficção-científica das piores, diga-se de passagem. O que é triste é que o Quem Somos Nós? conta já com um movimento inteiro – uma cambada de seguidores e pseudo-cientistas como Deepak Chopra – sempre difundindo as mesmas meiasverdades e fatos distorcidos sobre Física Quântica e sempre prontos para dar gritinhos de espanto com cada nova descoberta. Pelo menos o 2012 não tem nada disso (se bem que também é baseado em um movimento pseudo-científico qualquer que estão falando por aí). Bem, vamos às listas! W

OS PIORES

1. 2012 (2009); 2. Armageddon (1998); 3. Volcano (1997); 4. O Núcleo – Missão ao Centro da Terra (2003) 11

2

3

4

OS MELHORES

1. Gattaca (1997); 2. O Dia em que a Terra Parou (1951); 3. Jurassic Park (1993); 4. Contato (1997)

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 17


18 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CAPA

PERDIDO EM

MARTE

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 19


O novo filme de Ridley Scott faz jus à palavra “científica” do gênero Um ano depois de ficar ilhado em outro planeta em Interestelar, Damon se perde em Marte em… “Perdido em Marte”. Falando assim parece que são dois filmes parecidos. Não são. Ao descrever o filme de Scott, que estreia hoje (1º), o que vem à mente, surpreendentemente, é “engraçado”. Talvez quem tenha lido o livro de mesmo nome, publicado por Andy Weir em 2011, já espere por algo assim. Sabendo sobre a história apenas que Matt Damon fica preso em Marte, é natural pensar que vem pela frente algo como o périplo de Sandra Bullock em Gravidade: um filme cheio de efeitos especiais, cenas Por Fernanda Reis tensas de ação e uma trilha sonora meio épica, meio dramática. Mas não é bem assim. Matt Damon é Mark Watney, astronauta em viagem a Marte, dado como morto pelos companheiros nos primeiros minutos do filme ao ser atingido por uma antena em uma tempestade que os obriga a abortar a missão antes da hora. Quando a poeira abaixa, Watney se encontra sozinho, ferido, e num abrigo feito para durar apenas 31 dias. A próxima missão a Marte, ele sabe, só chega em quatro anos (e, ainda por cima, bem longe de onde ele está). Sua conclusão é simples e uma síntese do filme: para sobreviver todo esse tempo, melhor do que dar uma de herói de ação é “science the shit out of this” (numa tradução livre, a frase vira algo como “usar a ciência ao máximo”).

Falando sobre o novo longa de Ridley Scott, o apresentador americano Jimmy Kimmel brincou: “Esse é o segundo filme em que Matt Damon é um cara que fica preso no espaço. Quando o Ben Affleck vai para o espaço, ele explode um meteoro pra preservar a humanidade. Quando Matt Damon vai pra lá, ele se perde e tem que ser salvo”.

20 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CAPA Watney é bem-humorado, surpreendentemente inabalável e consegue transformar uma situação desesperadora em algo leve. Como Tom Hanks em Náufrago, dá um jeito de manter a sanidade mental conversando com alguém. No caso, sua bola de vôlei Wilson é um vlog, que usa para documentar seu progresso. Com pouca infraestrutura para sobreviver por tanto tempo, o primeiro desafio é produzir comida para quatro anos, em um planeta em que nada cresce (se ele encontrasse a água anunciada nesta semana, teria sido bem mais fácil). Por sorte, ele é um botânico — o melhor do planeta, em suas palavras. É aí que o filme fica interessante. Nada contra a luta desesperada de Sandra Bullock para voltar à Terra em Gravidade, mas Watney é mais envolvente.

A pressão atmosférica sobre a superfície de Marte é em média 0,087 psi, cerca de 0,6% da pressão do nível do mar na Terra, que é de 14,69 psi. Tão baixo que uma “tempestade feroz”, como é dito por especialistas, seria algo parecido com uma brisa leve de “bagunçar o cabelo”.

O filme foi gravado em Wadi Rum, na Jordânia, que tem um deserto de cor vermelha.

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 21


“Nada contra a luta desesperada de Sandra Bullock para voltar à Terra em ‘Gravidade’, mas Watney é mais envolvente.”

22 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CAPA

Sua fórmula, como ele mesmo explica, é pegar um problema de cada vez e resolvê-lo racionalmente, mostrando ao público a ciência por trás daquilo. Como plantar batatas naquele solo? Como irrigar sua plantação? Como se manter aquecido? Como atravessar milhares de quilômetros para chegar onde a próxima nave irá pousar? Como se comunicar com a NASA para avisar que está vivo? Todas essas questões são enfrentadas por Watney e descobrir os meios encontrados para solucioná-las é mais legal que saber o fim — principalmente se você tiver visto o trailer, que revela boa parte da trama. “Perdido em Marte” é exemplar como filme de ficção científica. É ficção, já que não temos ainda missões tripuladas a Marte (no filme, eles estão na terceira). E é pura ciência. Tudo bem, talvez a ciência ali não seja totalmente compatível com a realidade. Um astronauta em Marte, por exemplo, não andaria como na Terra, e sim se locomoveria por saltos, como na Lua. Com uma atmosfera tão pouco densa, uma tempestade jamais seria violenta a ponto de fazer com que a missão fosse abortada. A radiação no planeta também seria tão forte que Watney ficaria muito doente e não sobreviveria muito tempo mesmo que voltasse logo à Terra. E tem a questão da água, que deixou o filme levemente defasado. Em “Perdido em Marte”, Watney tem que dar um jeito de produzir o líquido para conseguir regar sua plantação de batatas e se manter vivo. Na semana do lançamento, porém, a NASA anunciou a descoberta de correntes de água salgada no planeta. Tudo bem, não resolveria totalmente o problema do astronauta, mas o enredo poderia ser um pouco diferente, o diretor reconheceu. Scott inclusive soube da descoberta dois meses antes do resto do mundo, segundo contou ao New York Times, mas não dava mais tempo de mudar a trama. “E teria perdido uma grande cena”, disse. O entretenimento vem em primeiro lugar. De qualquer forma, a ciência por trás do filme é, de maneira geral, bastante crível. A NASA, aliás, deu uma consultoria à equipe de Scott para que os fatos do filme fossem o mais próximo possível da vida real. Para quem nunca mais teve contato com ciências depois da escola, “Perdido em Marte” é bem didático — “explique isso em inglês”, pede um personagem a outro depois de umas raras frases complexas para os leigos — e nada disso importa.

Cineastas que desejam retratar a NASA em um filme devem obter permissão para tal. Os diretores também devem mostrar a agência que estão levando o assunto a sério e representando a verdade. Cinquenta páginas do roteiro é propriedade da NASA.

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 23


A NASA foi consultada durante a produção do filme a fim de obter os aspectos do espaço e viagens espaciais, especificamente em relação a Marte, com o máximo de rigor.

24 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

Dá até vontade de aprender mais (a primeira coisa que perguntei a um amigo mais entendido, saindo da sala de cinema, foi: “Batatas não apodrecem em Marte?”). Matt Damon, que passa boa parte do filme falando sozinho, segura as pontas. Não dá para dizer que ele dê um show de atuação, mas consegue se sustentar na base do carisma. O fato de Damon não ser o típico astro de cinema e parecer um pouco gente como a gente, nesse caso, ajuda. Watney fala bastante palavrão, zoa o gosto musical dos amigos — apesar de algumas escolhas óbvias, como “Starman”, de David Bowie, a trilha sonora tem ótimos momentos — e mantém o otimismo o tempo todo. É um forte candidato a melhor personagem do cinema para ter como companhia numa ilha deserta, pela engenhosidade e pelo humor, e o mérito é tanto do roteiro quanto do ator. “Perdido em Marte” vai virar um clássico como “Blade Runner” e “Alien”, de Ridley Scott? Num chute sem nenhum critério a não ser instinto: não. Mas é um bom divertimento. E, numa semana em que descobriram correntes de água salgada em Marte, faz com que mais pessoas se interessem pelas viagens espaciais ao colocar graça na ciência. Já é bastante. W


CAPA

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 25


Perdido em Marte e as O longa une a sua narrativa a elementos reais da pesquisa científica em torno de Marte. por Gabriel Ruic

HABITAT No filme, Whatney passa a maior parte do seu tempo no “The Hab”, na vida real, explica a Nasa, o “The Hab” se chama “Hera” (Human Exploration Reserach Analog) e é desenvolvido no Johnson Space Center. Segundo a agência, “Hera” é um ambiente de dois andares que conta com espaços para descanso, trabalho e higiene. Lá, os cientistas realizam testes operacionais e cumprem jornadas. 26 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

PLANTAÇÃO Os astronautas da agência já contam com um sistema capaz de produzir vegetais fora da Terra, o “Veggie” que usa uma espécie de travesseiro de sementes que é então colocado sob luzes vermelhas e azuis emitidas por lâmpadas LED.O sistema cultiva vegetais desde 2014, mas as plantas eram trazidas de volta à Terra para análise.

A NASA avaliou o filme e listou algumas das tecnologias que aparecem nas telonas, mas que já se concretizaram ou estão em pleno desenvolvimento por cientistas.


CAPA

tecnologias da NASA

TRAJES ESPECIAIS O ambiente hostil de Marte exige que seus exploradores estejam vestidos de acordo com suas intempéries. Para tanto, no filme, Whatney passa seus dias no planeta vermelho em um traje bom o suficiente para realizar longas caminhadas. “Por isso, sua vestimenta deve ser flexível, durável e confiável”, avalia a Nasa.

ROVER

ÁGUA

A ideia da missão da Nasa para Marte é que, uma vez lá, a equipe fique por doze meses até que o alinhamento dos planetas permita que a jornada de volta para a Terra seja mais curta. Por esta razão, é necessário um veículo robusto, ágil e versátil, tal qual o usado por Whatney no filme. Hoje, a agência trabalha no Multi-Mission Space Exploration Vehicle (MMSEV), que já foi usado em missões similares.

No filme, a equipe de astronautas não desperdiça uma gota sequer de água e dependem de uma espécie de estação de tratamento para garantir o abastecimento de água potável. Na vida real, isso é feito na EEI por meio do Water Recovery System. Com esse sistema, explica a Nasa, suor, urina e até lágrimas são recuperados e transformados em água pronta para o consumo.W 20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 27




Harrison Ford fala de StarWars Ford não teve dificuldades para retomar o personagem no sétimo episódio. O Despertar da Força estreia no Brasil dia 17 de dezembro. Por EFE

30 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CINELIST Já se passaram 32 anos desde que Harrison Ford interpretou pela última vez o cínico e carismático Han Solo, mas o ator não teve dificuldades para retomar o personagem no novo sétimo episódio de Star Wars, intitulado O Despertar da Força, já que se considera parecido com o papel. “Sempre introduzo minha personalidade, minha experiência e meus pontos de vista nos papéis que interpreto, a não ser que sejam personagens muito diferentes de mim. Neste caso, não há dúvidas que há algo de mim em Han Solo”, declarou o ator americano, de 73 anos, em entrevista à Agência Efe. Um aspecto que une Ford diretamente a Han Solo é a paixão por pilotar, a mesma quase custou a vida do ator em março após cair com seu pequeno avião sobre um campo de golfe próximo ao aeroporto de Santa Mônica, na Califórnia (EUA). “Estava ansioso para voltar a voar, se passaram três meses até que eu pudesse fazer isso de novo”, comentou Ford. Logicamente, os anos se passaram para um Han Solo que agora penteia cabelos brancos, embora o inseparável Chewbacca continue cabeludo e grunhindo como sempre. De acordo com Harrison Ford, o tempo não influenciou no jeito de ser de Han Solo, o imprudente contrabandista repleto de respostas sagazes que se caracteriza por seu idealismo e coragem à frente da Millenium Falcon. “Não é que agora ele tenha mostrado outra face de sua personalidade, mas o personagem se encontra em circunstâncias diferentes. Ele é o mais velho e mais sábio, mas tudo aquilo dele que conquistou o público segue muito presente”, assegurou. O sigilo é enorme sobre o projeto da Lucasfilm e do diretor J.J. Abrams, cuja história retorna a “uma galáxia muito, muito distante” com o elenco original (Harrison Ford, Mark Hamill e Carrie

Fisher) e novos rostos como Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac e Adam Driver. “Quando soube que queriam contar conosco novamente eu disse que precisava ler o roteiro antes, e o que vi foi bastante inteligente e ambicioso. Além disso, o fato de J.J. estar à frente do projeto me convenceu”, declarou o ator. “J.J. faz uma coisa muito bem: ele aprende de todas as disciplinas possíveis. É um intelectual que segue seu instinto sem deixar de enriquecer com mais conhecimentos”, comentou Ford sobre o diretor de O Despertar da Força. Esse trabalho em parceria já pode ser apreciado no trailer do filme, segundo o ator. Mais especificament no momento em que Han Solo aparece pela primeira vez e afirma: “Chewie, estamos em casa”. “Esse instante faz com que as lembranças de qualquer fã saiam à flor da pele, e não abusa da minha presença. Eu apareço e sumo, é apenas uma amostra das inteligentes decisões tomadas neste filme”, disse o ator. W

A DUPLA Peter Mayhew e Harrison Ford como Chewbacca e Han Solo.

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 31


J. J. Abrams, o diretor de Star Wars episódio VII J. J. Abrams escreveu e produziu vários filmes antes de dirigir e roteirizar o novo filme de Star Wars. por Stephan Martins

32 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

Jeffrey Jacob Abrams iniciou sua carreira no cinema com apenas 16 anos, quando escreveu algumas músicas para o filme Nightbeast, 1982. Logo em seguida, vende um tratamento de roteiro, escrito em conjunto com Jill Mazursky, para a Touchstone Pictures, que é transformado no filme Milionário num Instante (Taking Care of Business, 1990). Em seguida, emplaca mais dois roteiros: Uma Segunda Chance (Regarding Henry, 1991), no qual interpreta um personagem e também é coprodutor,e Eternamente Jovem (Forever Young, 1992), no qual é produtor executivo. A partir desse momento, Abrams passa a focar mais na perspectiva de produção exercendo a função em filmes como O Primeiro Amor de um Homem (The Pallbearer, 1996) e The Suburbans - O Recomeço (The Suburbans, 1999). Em 1998, Abrams foi responsável pelo roteiro de Armagedom (Armageddon, 1998), produzido por Jerry Bruckheimer e dirigido por Michael Bay. Ainda na década de 90 inicia a produção de sua primeira série de TV, Felicity (Felicity, 1998-2002), que viabiliza seus primeiros experimentos como diretor assumindo a função em dois episódios. No início dos anos 2000, em conjunto com Bryan Burk, Abrams inicia sua própria produtora, Bad Robot Productions, onde desenvolve e assume a produção executiva da série Alias: Codinome Perigo (Alias, 2001-2006). A partir desse trabalho começa a ser reconhecido na indústria não só como produtor, mas


CINELIST também pela sua capacidade de desenvolver roteiros coesos e com viradas bem escritas. O trabalho seguinte de sua produtora é Lost (Lost, 20042010), série que cria em conjunto com Jeffrey Lieber e Damon Lindelof. Para esse projeto, Abrams escreve e dirige o episódio piloto, trabalho que garante seu primeiro Emmy na categoria Melhor Direção em Série Dramática e Melhor Série Dramática. A partir da segunda metade da década, Abrams inicia sua migração para a direção de filmes de ação. Seu primeiro trabalho acontece em Missão: Impossível 3 (Mission: Impossible III, 2006), em seguida retorna para a direção de alguns episódios de séries e produções feitas para TV como Anatomy of Hope, 2009; no qual também foi produtor executivo, entrando em definitivo para o segmento dos grandes orçamentos com Star Trek (Star Trek, 2009), no qual também foi produtor. Em 2010, escreve e dirige Super 8 (Super 8, 2011), trabalho no qual divide a produção com Steven Spilberg e Bryan Burk. Os anos seguintes ficam focados no trabalho como produtor de séries e filmes como Missão: Impossível – Protocolo Fantasma (Mission: Impossible – Ghost Protocol, 2011), Alcatraz (Alcatraz,

2012) e Agentes Secretos (Undercovers, 2010-). Em 2013, retorna para a cadeira de diretor em Além da Escuridão - Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013). Em conjunto com essas realizações, Abrams mantem-se em um ritmo intenso de trabalho, sempre alternando incursões pela TV e cinema. No início de 2013 foi confirmado como diretor e produtor de Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força (Star Wars: Episode VII - The Force Awakens, 2015), assumindo, posteriormente, o papel de roteirista em conjunto com Lawrence Kasdan. W

CURIOSIDADES Abrams compôs as músicas de abertura para as séries Felicity, Alias e Lost, e também possui mais de 42 créditos como produtor e produtor executivo de séries e filmes.

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 33


Os cowboys de Eastwood e a jornada no espaço O espaço nunca mais será o mesmo quandoreceber uma tripulação de astronautas formada por cowboys na reforma. por Marcelo Heisel

34 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

Na virada do milênio, Clint Eastwood voltou a surpreender meio mundo ao oferecer-nos Space Cowboys ou Cowboys do Espaço, uma película cujo argumento até pode ser bastante plausível. A história se constitui quando um satélite de comunicações russo, do tempo da Guerra Fria, sai da órbita e encaminha-se para a terra, onde as novas autoridades saídas do pós-comunismo soviético pedem ajuda a Nasa para resolver o problema. Mas, como a tecnologia é muito antiga, os técnicos não conseguem voltar a colocar em órbita o satélite e a única solução é chamar um dos criadores do Skylab, para resolver o problema. Assim conhecemos a história de Frank Corvin (Clint Eastwood), um astronauta que não o chegou a ser, sendo substituído por um macaco como ele gosta de frisar, pelo responsável do programa norte-americano Bob Gerson (James Crommell), de quem Corvin não guarda grandes saudades. Após diversas discussões entre os dois homens, para resolver o problema, descobrem que a solução é enviar no Space Shuttle a antiga equipe de Corvin, e recruta os seus antigos camaradas da Nasa de 1958: Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones), Tank Sullivan (James Garner) e Jerry O’Neil (Donald Sutherland) e assim entramos em sequências repletas de humor e de reconhecimento na película do que fazem aqueles homens na vida, passados tantos anos.


CINELIST A forma como Clint Eastwood nos vai oferecendo a preparação da missão revela um saber único, ao mesmo tempo que vamos entrando na segunda parte de Space Cowboys com a respectiva partida para o espaço. Se por um lado iremos ter a realização do sonho destes quatro homens, que um dia sonharam ver a terra do espaço, por outro lado descobrimos que aquele satélite de comunicações é muito mais do que isso e o suspense começa a instalar-se no espectador ao descobrir que a nave abriga um silo de mísseis com ogivas nucleares apontadas aos Estados Unidos, que será posto em funcionamento no momento em que o Space Shuttle comunica com ele. A forma como toda a ação se desenrola prende de imediato a atenção do espectador, que fica absorvido não só por como a narração acontece, como com os diversos contratempos que são de arrepiar, ao pensarmos nessa panóplia de satélites, repletos de armas nucleares, que navegam no espaço prontos para um conflito nuclear. Ao vermos Space Cowboys e a sequência do regresso à terra, é inevitável recordar o Space Shuttle que se desintegrou ao entrar na atmosfera, matando todos os seus tripulantes e aqui Clint Eastwood, que também assume as funções de realizador e produtor, oferecenos de forma soberba esse momento de regresso, já sem Hawk Hawkins, que sacrifica a vida para levar o satélite russo rumo ao espaço infinito, sonhando com a chegada à Lua. Space Cowboys de Clint Eastwood demonstra bem a imensa sabedoria deste cineasta, que cada vez mais se revela o último cineasta clássico, tendo em conta a forma como trabalha os meios ao seu dispor, seja em grandes ou pequenas produções, investindo sempre o seu melhor em todas elas. W

Cowboys do Espaço Sinopse: Frank Corvin, um engenheiro electrônico e antigo piloto da Força Aérea Americana na reforma, é contactado pela NASA para corrigir uma avaria num velho satélite que foi por ele desenhado e que só ele pode consertar. Frank aceita a missão, mas impõe como condição a reunião da sua antiga equipa de trabalho para o acompanhar. Forma-se assim uma equipa improvável de astronautas cowboys e reformados. Direção: Clint Eastwood e Andrew Lazar Gênero: ação e aventura Ano de lançamento: 2000 Distribuição: Warner Bros. Elenco: Clint Eastwood, Tommy Lee Jones, James Garner, Donald Sutherland Produção: As filmagens começaram em julho de 1999 e durou três meses. Cenas foram filmadas em locações no Centro Espacial Lyndon Johnson, em Houston, Texas, e do Centro Espacial John F. Kennedy e da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida.Já as filmagens do interior do simulador de vôo, transporte, e a missão de controle foram filmados em sets da Warner Bros. Bilheteria: O filme arrecadou mais de $90 milhões em seu lançamento dos Estados Unidos, mais de dois filmes anteriores de Eastwood— True Crime and Absolute Power—combined.

Cenas do filme, e foto do elenco. Da direita para esquerda: James Garner, Tommy Lee Jones, Donald Sutherland, e Cilnt Eastwood (diretor).

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 35


Ficção científica: aventuras e viagens espaciais O gênero ficção científica costuma reunir fãs das mais variadas espécies, mas todos têm em comum um ponto: a paixão pela imaginação. por Douglas Ciriaco

36 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

É basicamente desde sempre que a humanidade sonha com o espaço. Seja nas referências em culturas antigas, que podem ser interpretadas como criaturas espaciais, a ideia de que os deuses eram viajantes do espaço ou mesmo a enorme quantidade de representações do Universo na literatura e no cinema. A sétima arte é, inclusive, uma das principais maneiras encontradas pela humanidade para dar vazão à nossa curiosidade a respeito do que se passa em outros cantos do Cosmos. Então, não é nada difícil encontrar filmes que retratam isso de maneira primorosa, seja na ação, na comédia, no drama ou em um misto de tudo isto. Se você é fã do gênero de ficção científica, é bem provável que tenha um interesse especial por este nicho cinematográfico em que a humanidade deixa a Terra para explorar o espaço. Então, nós preparamos uma lista com 8 títulos imperdíveis quando o assunto é viagens e aventuras espaciais.


CINELIST

1

Aliens, O Resgate

Segundo filme da série Alien, iniciada em 1979 com o filme homônimo dirigido por Ridley Scott, Aliens, O Resgate é de 1986 e foi dirigido e corroteirizado por James Cameron. Apontados por muitos como o grande filme da franquia e um dos grandes destaques do cinema mundial quando o assunto é viagem no espaço. Na obra, a tenente Ellen Ripley (Sigourney Weaver) desperta após um sono de hibernação de 57 anos. Seguindo os eventos do primeiro filme, ela descobre que o planeta em que foi infectada foi colonizado e então resolve retornar até ele. Um misto clássico de terror, suspense e ficção científica, o filme apresenta um aspecto fotográfico bastante interessante, além de contar com a direção impecável de Cameron. A história é muito bem costurada, os efeitos especiais são também um destaque para a época e o resultado final foi o de um filme histórico, constantemente tratado como um dos melhores filmes já feitos.

2

Solaris

A Corrida Espacial entre Estados Unidos e União Soviética não se deu apenas no envio de satélites e astronautas para o espaço, mas também teve a sua face cinematográfica. Encarado como resposta a 2001, Solaris estreou em 1972 dirigido pelo icônico cineasta soviético Andrei Tarkovski e roteirizado por ele em parceria com Friedrick Gorenstein. O filme é baseado no romance homônimo escrito pelo polonês Stanislaw Lem e conta a história do doutor Kris Kelvin (Donatas Banionis), um psiquiatra enviado até a uma estação espacial que orbita o planeta Solaris. Sua viagem tem como finalidade investigar estranhos acontecimentos no local e, com base em suas descobertas, decidir se as pesquisas no planeta devem ou não prosseguir. Apesar de criticada por Lem, autor da história original, o filme foi muito bem recebido por público e crítica. O sucesso estrondoso da adaptação de Tarkovski fez com que Solaris permanecesse em cartaz na União Soviética durante 15 anos ininterruptos e ganhasse até mesmo uma refilmagem em Hollywood — Solaris, de 2002, dirigido por Steven Soderbergh. 20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 37


3

Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança

Outro marco da história do cinema, o primeiro filme da série Star Wars chegou às telonas em 1977 e mudou para sempre a concepção de grandes obras cinematográficas. Uma Nova Esperança, dirigido e roteirizada por George Lucas, mostrava a luta da Aliança Rebelde contra o Império. Apontada com ato inaugural da Era dos Blockbusters — filmes com orçamento gigante e repercussão maior ainda —, a película deu início a uma das mais rentáveis franquias de entretenimento de todos os tempos. Além disso, é um marco da cultura pop e também da cultura nerd, reunindo milhões de fãs ao redor do planeta. Além das referências encontradas ao filme em outras obras do cinema, Star Wars apresentou ao mundo uma série de personagens clássicos como Chewbacca (Peter Mayhew), C-3PO (Anthony Daniels), R2-D2 (Kenny Baker), Princesa Leia (Carrie Fisher), Hans Solo (Harrison Ford), Luke Skywalker (Mark Hamill) e Darth Vader (Davird Prowse e James Earl Jones).

4

Os Eleitos – Onde o Futuro Começa

Com direção e roteiro de Philip Kaufman, Os Eleitos – Onde o Futuro Começa retrata a seleção dos sete astronautas que participariam do programa Mercury, da NASA. Baseado em fatos reais, o filme retrata o projeto que levou os norte-americanos ao espaço pela primeira vez na história. Além de focar nos testes que culminaram na escolha dos sete astronautas, o filme também passa por outros momentos marcantes da história do desenvolvimento espacial dos Estados Unidos. Exemplo disso é a representação do avião experimental Bell X-1, o primeiro a voar a uma velocidade superior a velocidade do som. Desde 2013, Os Eleitos – Onde o Futuro Começa faz parte do Registro Nacional do Filme da Biblioteca do Congresso Nacional dos Estados Unidos. A obra foi definida como “cultura, histórica e esteticamente significante”, motivos utilizados para a sua preservação.

5

Lunar

Um filme modesto e que não fez tanto barulho, Lunar é sem dúvida um dos títulos mais interessantes já feitos até hoje sobre a exploração espacial. A película foi dirigida por Duncan Jones (curiosidade: ele é filho de David Bowie) e roteirizada por ele mesmo em parceria com Nathan Parker. Na obra, vemos a vida de Sam Bell (Sam Rockwell) como responsável pelas operações de mineração na Lua da empresa Lunar Industries. Ela opera no lado oculto do satélite natural extraindo Hélio 3, então a principal fonte de energia da tela. Tudo vai bem na vida de Bell até que ele sofre um acidente e, ao despertar, descobre que está na companhia de um sujeito que diz ser o próprio Sam Bell. O roteiro é muito bem construído e vai incrementando o clima de suspense e tensão aos poucos, mas jamais prepara o espectador para o final surpreendente. A obra ainda faz claras referências a 2001 – Uma Odisseia no Espaço, seja na presença do computador inteligente GERTY ou na paranoia sinistra do personagem de Rockwell.

6

Gravidade

Chegando na segunda década do século XXI, temos Gravidade, filme dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón e roteirizado por ele em parceria com o seu irmão Jonás Cuarón. A obra fez grande sucesso por apresentar um viés supostamente realista e fiel aos fatos. Na telona, vemos a sufocante aventura da doutora Ryan Stone (Sandra Bullock), que fica perdida no espaço após um acidente em sua primeira missão espacial. O elenco do filme conta ainda com George Clooney, que interpreta o tenente Matt Kowalski, comandante da equipe. Gravidade tem aspectos técnicos incríveis, especialmente no quesito direção, edição e mixagem de som e fotografia. Os diálogos também são marcantes e a história fica aberta a uma série de interpretações. O filme recebeu 10 indicações ao Oscar e levou sete estatuetas (melhores efeitos visuais, melhor edição, melhor fotografia, melhor mixagem de som, melhor edição de som, melhor trilha sonora e melhor diretor).

Na página ao lado, cenas dos filmes. Da esquerda para direita: Star Wars Episódio IV, Os Eleitos, Lunar e Gravidade

38 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015


CINELIST

20 de dezembro de 2015 | wilhelm | 39


8

2001 - Uma Odisseia no Espaço

O ano de 1968 trouxe ao mundo uma das grandes obras cinematográficas já realizadas em toda a história. O filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço é primorosamente dirigido por Stanley Kubrick e tem o roteiro assinado pelo próprio cineasta e também pelo autor de ficção científica Arthur C. Clarke. Com uma produção incrível que lhe rendeu quatro indicações ao Oscar, o filme é um marco do cinema tanto por seu aspecto técnico impecável quanto pela trilha sonora marcante. Na obra, vemos um apanhado geral da evolução humana desde a aurora do Homem até a concepção da inteligência artificial e a exploração espacial. A história do filme é dividida em quatro grandes partes, sendo o fio central entre elas a presença de um monólito que transpassa toda a história da humanidade descrita na tela. Cenas icônicas do cinema, direção excepcional e o primeiro grande personagem de inteligência artificial da história, o computador HAL 9000, são alguns dos marcos de 2001. W

7

Wall-e

Única animação desta lista, WALL-E é um filme de 2008 da Disney Pixar e foi dirigido por Andrew Stanton e roteirizado pelo diretor em parceria com Jim Reardon. Na telona, o que se vê é a vida de WALL-E, um simpático robozinho responsável por recolher lixo da superfície de um planeta Terra devastado e abandonado em um futuro distópico, no ano de 2805. O simpático robô realiza seu trabalho dia após dia até que, certa vez, se depara com a presença de EVA, uma sonda robô moderna responsável por vir à Terra para localizar alguma sobra de vegetação. Da interação entre os dois robôs nasce um relacionamento emocionante e o filme levou muita gente às lágrimas. Há neste filme uma evidente crítica ao modo de vida das principais sociedades humanas, WALL-E é um filme construído de maneira primorosa. O sucesso foi tão grande que a obra recebeu seis indicações ao Oscar e saiu vencedora na categoria de melhor animação — há quem diga que uma indicação a melhor filme não teria sido exagero.

40 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015



FAN FILMS

Que a força esteja com os fãs A equipe do Riviera Film, produziu em 2011 a série de fanfilms inspirados em Star Wars. Apesar dos limites inerentes à um fanfilm, eles conseguiram capturar o espírito da fantasia espacial. por Felipe Recka

VOLUME 01 Uma profecia leva o poderoso Mestre Sorran a iniciar uma busca obsessiva por Eron, um lugar mítico capaz de dar conhecimento infinito ao predestinado que encontrá-lo. Devido sua obsessão muitos aprendizes morrereram. Sorran é destituído e aparentemente mortoS pelos líderes de sua própria ordem. Depois de muitos anos, ele reaparece, vindo a descobrir a localização de Eron com a ajuda de um jovem aprendiz. Cabe ao Mestre Zui Mar e a jovem Hope, deter Sorran. 42 | wilhelm | 20 de dezembro de 2015

O destaque dessa edição é o projeto italiano Dark Resurrection. Trata-se de um fanfilm vagamente inspirado no universo star wars. Vagamente pois, apesar de termos a força e toda a “mitologia” do star wars, o enredo difere bastante do clima “capa e espada” dos filmes do George Lucas. Aqui o clima é mais de space opera e apresenta certas referências ao tipo de trama que do seriado da HBO, Far Scape. É impressionante a qualidade do filme, tem bons efeitos especiais e boa edição, talvez o único ponto que deixa a desejar são os atores que, devido à grande quantidade de telas azuis utilizadas nas filmagens, às vezes parecem meio perdidos. De resto o filme convence. Por enquanto foi lançado o volume 01 e o volume 0 (que é um prógolo para parte 2 a ser produzida), assistam nessa ordem. W

VOLUME 0 Em Vol. 0, que originalmente seria o prólogo do Vol. 2, descobrimos os terríveis acontecimentos que levaram Sorran, uma vez mestre da ordem, ceder ao lado negro, tornando-se seu pior inimigo. A história começa com a descoberta de uma antiga relíquia, a nave Resurection, e Nevar o segundo o Guardião de Eron. Sorran ordena que sua tripulação adentre a nave e durante esta exploração vai descobrir os terríveis segredos que ela esconde.



“O amor é a única coisa capaz de transcender as dimensões do tempo e do espaço.” DRA. AMELIA, INTERESTELAR

Edição 1 Dezembro 2015 R$12


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.