TEMPO DE RETORNO - RESSIGNIFICAÇÃO DA ORLA NA PAISAGEM URBANA - TGI 2 Murilo SIlveira Arruda

Page 1

tempo de retorno

1

ressignificação da orla na paisagem urbana murilo silveira arruda


2


3 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MURILO SILVEIRA ARRUDA

TEMPO DE RETORNO - RESSIGNIFICAÇÃO DA ORLA NA PAISAGEM URBANA Trabalho de graduação integrado Comissão de Acompanhamento Permanente Profa. Dra. Aline Coelho Sanches Corato Coordenadora do Grupo de Trabalho Profa. Dra. Luciana Bongiovanni Martins Schenk Estágiarios PAE Camilo Kolomi Veiga D’Angelis Luiza Paes de Barros Camara de Lucia Beltramini

São Carlos 2020


4

4


5 MURILO SILVEIRA ARRUDA

TEMPO DE RETORNO - RESSIGNIFICAÇÃO DA ORLA NA PAISAGEM URBANA Trabalho de Graduação Integrado apresentado ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP - Campus de São Carlos Aprovado em: BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Profa. Dra. Aline Coelho Sanches Corato Insituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos - IAU. USP

_______________________________________________ Profa. Dra. Luciana Bongiovanni Martins Schenk Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos - IAU.USP

_______________________________________________ Carlos Eduardo Murgel Miller


6


7

Resumo O presente trabalho procura investigar a designação dos processos naturais e antrópicos como motor para planejar com a paisagem e projetar os espaços livres. O estudo se estrutura em três momentos. No primeiro ato, parte de inquietações quanto à conformação das cidades para eleger o município de Porto Ferreira como foco e a analisa através da sobreposição de cartografias, interpretadas como estratificação em camadas inter-relacionadas. No segundo, identifica a importância dos corpos d’água na situação escolhida e incorpora os processos iluminados pelas leituras desempenhadas em estratégias que compõe um plano de uso e ocupação para as várzeas urbanas, compreendendo também aspectos ambientais, históricos e de mobilidade. Por fim, no terceiro elege um recorte projetualpara a aplicação das diretrizes elaboradas através da proposição de um parque urbano que redesenha a relação da população com a água, resgata e atualiza o papel de convivência, preservação da memória, cultura e lazer na região. Palavras chave: Paisagem. Projeto urbano. Sistema de espaços livres. Parque. Orla.


8


9

introdução 1 2 3 referências apêndice

12 14 52 78 146 150


10


11

a minha famĂ­lia, aos professores e professoras, aos amigos e amigas, ao Bruno, minha gratidĂŁo.


12


13

Como visibilizar os processos sociais e naturais sucessivos na história do lugar? É possível promover o senso de pertencimento através da consciência desses processos? Para tentar responder a essas inquietações, partindo do pensamento contemporâneo que propõe a partir da década de 1960 a retomada do papel da identidade na arquitetura e na construção das cidades, constituída por meio da sobreposição gradual de camadas subjetivas de ações, experiências e intervenções diversas na realidade, buscouse desenvolver nesse trabalho um estudo de caso em que métodos de compreensão da cidade a partir da análise de variáveis envolvidas na sua estruturação levam à identificação de situações em que são gerados ambientes impróprios à sua plena fruição coletiva e ao exercício do seu papel ambiental - mas que podem ainda, por meio das peculiaridades das quais são dotados, permitir vislumbrar o mecanismo de produção das cidades. E, finalmente, se experimentam estratégias de planejamento voltadas a consubstanciar as vocações funcionais e sensíveis desses espaços na buscar de qualificação de um sistema de espaços livres. A discussão desse tema surgiu durante a disciplina Introdução ao TGI e foi aprofundada com foco na escala da paisagem através da justaposição de um aporte oriundo da geografia a leituras direcionadas à sua contrapartida sensorial. Se “A paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza” (SANTOS, 2004), entende-se que ela tem a capacidade de informar esteticamente a identidade do coletivo que habita o espaço. Mas o que a paisagem diz? Considerando que “Espaço é acumulação desigual de tempos” (SANTOS, 2004), a história contada não deve ser harmônica. Principalmente se considerarmos que é escrita contemplando interesses complexos, processos sucessivos de adição, subtração, subversão. Como compreender e atuar sobre essa trama?

Imagem: Jannes Linder


14 Era um caminho quase sem pegadas Onde tantas madrugadas folhas serenaram Era uma estrada, muitas curvas tortas Quantas passagens e portas ali se ocultaram Era uma linha, sem começo e fim E as flores desse jardim, meus avós plantaram Era uma voz, um vento, um sussurro Relampo, trovão e murro nos que se lembraram Uma palavra quase sem sentido Um tapa no pé do ouvido Todos escutaram Um grito mudo perguntando aonde Nossa lembrança se esconde Meus avós gritaram Era uma dança Quase uma miragem Cada gesto, uma imagem dos que se encantaram Um movimento, um traquejo forte Traçado, risco e recorte Se descortinaram Uma semente no meio da poeira Chã da lavoura primeira Meus avós dançaram Uma pancada, um ronco, um estralo Um trupé e um cavalo Guerreiros brincaram Quase uma queda, quase uma descida Uma seta remetida, as mãos se apertaram Era uma festa Chegada e partida, saudações, despedidas Meus avós choraram Onde estará aquele passo tonto E as armas para o confronto, onde se ocultaram? E o lampejo da luz estupenda que atravessou a fenda Que tantos enxergaram Ah se eu pudesse, só por um segundo Rever os portões do mundo que os avós criaram

Vale do Jucá - Siba


15

1


16 Para o desenvolvimento do trabalho, foi escolhido um lugar que representa processos típicos dentre os 26% de municípios predominantemente urbanos que concentram 75% da população do Brasil (IBGE, 2017). Porto Ferreira, no estado de São Paulo, é caracterizado como município intermediário em unidades populacionais que possuem entre 25000 e 50000 habitantes em área de ocupação densa com grau de urbanização superior a 75%. Também possui processos históricos marcantes, como a relação conflituosa entre o desenvolvimento urbano, matriz ferroviária e os corpos d’água:

Camadas do país

Camadas do estado


17 “É nessa época [século XIX, fundação da cidade] que surgem as ferrovias, implantadas ao longo dos leitos dos rios, criando uma barreira entre eles e as cidades” (DELIJAICOV, 2013). A aproximação ao território se iniciou pela coleta de dados geográficos, econômicos e históricos de maneira gradual, da escala mais ampla para a mais específica. A união dessas informações se deu por um procedimento de sobreposição de bases cartográficas, interpretada como a representação instantânea de processos concomitantes com a intenção de constatar relações latentes, concordâncias ou contrastes e pela elaboração de uma linha temporal.

Camadas do município


18

Porto Ferreira tem seu nome, sua origem e seu desenvolvimento ligados ao rio Fundação de Porto Ferreira 1946 Mojiguaçu, que corta seu território. Os primeiros registros de presença antrópica no vale do rio referem-se à chegada de 1896 grupos indígenas conhecidos como “Painguás”, presentes desde o primeiro quarto do século XVII e gradualmente dissipados até a década de 1870. A história de sua urbanização se iniciou no local da segunda instalação de uma balsa para travessia de cargas e animais que circulavam em uma rota que ligava o triângulo mineiro ao interior paulista durante o declínio da atividade aurífera nas Minas Gerais por João Inácio Ferreira. O município se consolidou em terras que 1931 1950 pertenciam a sete fazendas e, ainda que parte da mão-de-obra advinda das minas se fixasse atraída pelo trabalho na lavoura, a ascensão da produção cafeeira na região ocasionou o crescimento do povoado, não por sua capacidade produtiva mas devido à instalação na década de 1880 de um entreposto hidroferroviário 1891 1880 1881 de transporte do café pela Companhia Paulista de Estradas Férreas e Fluviais. Fundação da Companhia Paulis- Chegada Ramal Ramal de bitola A empresa, trouxe suas ferrovias até o local trilhos Porto- estreita Porto - Sta. ta de Estradas Férreas e Fluviais representando o interesse de escoar a produção Descal Rita do Passa Quatro de grandes latifúndios até Santos. vado Impossibilitada de continuar o trajeto por conta da competição com a Companhia Mogyana, a Paulista implantou o transporte hidroviário para trazer a matéria prima desde Salto. Foi no período em que o café vindo do sertão paulista de balsa era baldeado para os vagões no Porto (que passa a se chama simplesmente 1861 1884 Porto Ferreira, com a supressão do prenome 1903 1913 do precursor após sua morte e obsolescência Construção da Construção do Porto Início navegação Fim da balsa pela ponte construída em 1897 pela metálica de João Inácio Ferreira navegação fluvial pela Cia. Paulista) que o povoado mais cresceu, Cia. Paulista passando de 3000 habitantes em 1890 para

P. Ferreira - Pontal


19 1961

1981

1999

1960

1960

1971 1971

Extinção ramal Criação P. Ferreira - Sta. Rita FEPASA do Passa Quatro

a ponte

aproximadamente 9300 dez anos depois. Foi também nesse período desanexado de Pirassununga e torna-se município (1896). Não somente sua fundação foi intrínseca à atuação da Paulista. O próprio traçado viário da cidade foi feito pelos engenheiros da empresa. Mas foi justamente a dependência da atividade do porto que findou o período de crescimento. Quando o percurso fluvial foi substituído pelo novo trecho de linha férrea passando por Rincão em 1913, o desemprego acarretou a emigração levando a população a cair para 5200 pessoas em 1920. Entretanto, também na década de 1920 se iniciou a reinvenção da matriz econômica da cidade,

1973

2015

1977

1990 Fim do Fim das atividades ferroviárias transporem Porto Ferreira

com a instalação da sua primeira indústria cerâmica. te de Frente ao escasso potencial agrícola , a terra foi passageiaproveitada como matéria prima. A decisão pela indústria se inseriu no processo de ascensão ros na de imigrantes europeus e também foi possível pela existência de infraestruturas necessárias, cidade como a rede de energia elétrica, e indivíduos com conhecimento técnico de administração e engenharia. A industrialização do município continuou, consequência das políticas de Vargas, e posteriormente foi impulsionada pela pavimentação do trecho da Rodovia Anhanguera que passa pelo município, obra de infraestrutura do governo Kubitschek que garantiu à cidade acesso à Rodovia Washington Luiz, estratégico para o transporte de mercadorias e pessoas. O crescimento decorrente desse novo cruzamento de fluxos foi apropriado pelo discurso desenvolvimentista da ditadura e a cidade se designou “Encruzilhada do Progresso”. Em 1980 se consolidou a especialização em produtos cerâmicos, comércio concentrados à margem da Anhanguera e atualmente expandido para diversos artefatos decorativos. Marcadamente urbana (mais de 98% dos residentes em 2010), a população ferreirense está empregada hoje principalmente na indústria e no comércio e são também esses os principais setores no PIB do município.


20

Sobreposição das cartografias Fonte: CULLEN, 1961

Fonte: MCHARG, 1969

A sobreposição de informações representadas nas bases cartográficas atua como uma analogia à sucessão de ações que modifica o espaço ao longo do tempo, analisado através da sua estratificação em camadas como afirma Vescina: através da construção e deconstrução de novas cartografias, poderemos entender, descobrir, desemaranhar as lógicas que dão forma ao território. (...) no proces so mesmo de mapeamento pode revelar a chave de intervenção nele e englobar a possibilidade de um outro projeto urbano.” (2010) Continuando a indagação sobre o território e sua história, buscou-se uma abordagem que permitisse identificar fatores relevantes, como se relacionam e como apreendê-los. Para tanto foi adotada leitura da paisagem desenvolvida por Ian McHarg no livro Design with Nature, cujo método se baseia na sobreposição gráfica do mapeamento de elementos naturais e antrópicos para efetua r uma análise fundamentada no entendimento holístico do território como um sistema complexo com o qual deve-se operar em equilíbrio para conciliar as aspirações da sociedade e a sua preservação. À metodologia de McHarg foram somadas abordagens formuladas por Kevin Lynch em A Imagem da Cidade e Gordon Cullen em Paisagem Urbana, ampliando o acesso a dimensões sutis da realidade urbana, indícios de memória que se prestam a enriquecer a compreensão, compensando uma deficiência apontada por André Corboz: Mapa o contemplación directa del paisaje, meditación lastimera o análisis con un fin prático, la relación con este objeto-sujeto seguirá siendo siempre, sin embargo, parcial y intermitente, es decir, abierta.”


Fonte: MCHARG, 1969

como designar os processos naturais e antrópicos da paisagem nos espaços livres?

21

A sequência de leituras, mais tênues ou mais pragmáticas, apresentada nas páginas a seguir, suscitou a percepção da relação intrínseca entre as formas de compreender o território e de nele intervir. A partir disso foi formulada essa perg unta que resume o esforço deste trabalho: Como designar os processos naturais e antrópicos da paisagem nos espaços livres? A escolha do verbo “designar” não é aleatória. Ao contrário, é fruto de um pensamento sobre como se dá a aproximação adotada. Polissêmica, a palavra escolhida compreende o movimento constante entre as ações de entender, represe ntar, definir, distinguir, expressar, atribuir, escolher, mostrar, significar, simbolizar, denominar, intitular, qualificar, caracterizar, eleger, constituir, determinar, combinar, significar, projetar... Os processos, aqui separados entre espontâneos e provenientes do artifício humano, em realidade atuam sobre uma base na qual s e tornam indissociáveis, uma vez que fazem parte de um sistema, entendido como processo de inter-relações entre objetos (MORIN apud QUEIROGA, 2014, P. 106) mutuamente influenciados. Ademais, os espaços livres são destacados na dimensão da paisagem urbana pois são fundamentais na qualidade de “elementos e relações que organizam e estruturam o conjunto” de suas formas, funções, fluxos, história, econom ia, política e memórias. Registros do processo de leitura


22 Curvas de nível (5m) Áreas de declividade acentuada Áreas de risco

Topografia, declividade e áreas de risco

Corte AA’. Fonte: Global Mapper

Fonte: Plano de Controle de Erosão do Município


23

A

A’ Mapa hipsométrico Fonte: Global Mapper Segundo o Mapa Geomorfológico do IPT (1981), Porto Ferreira se localiza na unidade denominada Depressão Periférica Paulista, “um corredor de topografia colinoso de aproximadamente 50 km de largura, nitidamente embutido entre a cuesta da Borda da Mata e Monte Santo e as elevações cristalinas do acide ntado Planalto Atlântico. Ao atingir o médio Mogi Guaçu a depressão atinge de 80 a 100 km de largura, alcançando 120 km na área do médio Tietê na área em que a depressão se encurva de SW para W rumo ao segundo Planalto do Paraná, sua largura média continua a oscilar entre 80 e 120 km, comportando, entretanto, sutis modificações topográficas e morfológicas” (AB’SABER 1969) O relevo é definido pela hidrografia, especialmente pela deposição recente de sedimentos pelo rio Mogi-Guaçu, formando colinas amplas com topos extensos e planos, de declividade inferior a 15 %, tendo seu ponto mais alto 798 m e o mais baixo 545 m de altitude. A combinação de relevo sedimentar e expansão recente da mancha urbana em direção aos co rpos d’água cria situações vulneráveis à erosão e subsequentes assoreamentos e inundações.


24 1870 - 1940 1940 - 1970 1970 - 1990 1990 - 2020

Evolução urbana

Imagem aérea (1940)

Desde seus registros mais antigos (na forma de evidências arquológicas da presença dos grupos indígenas Painguás) a ocupação humana da região se deu estrategicamento no limiar entre proximidade aos rios e a segurança das terras mais elevadas, condição comum às cidades brasileiras. A mesma lógica permeia a fundação da cidade, motivada pelo relevo favorável à realização do transbordo da produção cafeeira entre os trilhos do trem e as embarcações da hidrovia do Mogi-Guaçu. O planejamento da malha urbana foi feito pelos engenheiros da Companhia Paulista visando criar a infraestrutura necessária à operação do porto. Estes adotaram uma organização ortogonal orientada pelos eixos norte-sul e leste-oeste criando quarteirões regulares a partir do decumanus da via férrea. O ladrilhamento se estendeu, concentrando-se o polígono de relevo plano delineado entre a ferrovia e os córregos Santa Rosa e Serra d’Água. Em meados da década de 1970 a urbanização atravessa o Santa Rosa. O bairro Vila Sibyla, ainda ortogonal, rompe o alinhamento original e se conecta através de um único acesso que distoa da escala urbana precedente.


25 







  

 

  

                    

        

        

           

  

    

        

Cartografia Histórica

Plano de Expansão Urbana

Essa expansão se repete no Jardim Aeroporto e deflagra a influência do transporte automotivo e prenuncia a transposição como um desafio viário que enxerga os corpos d’água como obstáculo ao desenvolvimento e impróprias à ocupação. Devido à industrialização, a expansão progride. A demanda e a agência de interesses particulares convergem em um processo de urbanização desordenada. O perfil dos bairros mais recentes é polarizado entre condomínios horizontais fechados de alto padrão e loteamentos populares, sendo que segunda categoria sofre mais com o distanciamento decorrente da pulverização da mancha urbana. O plano de expansão atual pretende preencher os vazios criando um perímetro urbano mais uniforme, com contenção nas direções norte e leste, sem mencionar no entanto a possibilidade de adensamento e diretrizes específicas para ocupação de áreas sensíveis.


26 Corpos d’água Áreas alagáveis Limites das sub-bacias

Hidrografia e sub-bacias

O rio Mojiguaçu nasce na serra da Mantiqueira em Minas Gerais. Deságua no Pardo, afluente do rio Grande que, junto ao Paranaíba, forma o rio Paraná chegando ao Atlântico sul através do rio da Prata. Foi o cerne das atividades econômicas originárias de Porto Ferreira, mais de 15 córregos afluem; seu regime de cheias sazonais afeta uma extensa área de margem e impôs um distanciamento de 500 a 700 metros para a malha urbana original. Por um lado, é interessante que se tenham preservado margens livres que hoje minimizam a interferência no regime de cheias e atuam como corredores ecológicos com potencial de qualificação. Como contraexemplo, a construção da Av. Vicente Zini na várzea retificada do córrego Brejo Grande cria situações mais dramáticas, com inundações que chegavam a impedir a circulação. O rio hoje abastece a cidade e desempenha papéis pontuais para o lazer mas sua presença poderia ser ampliada, funcional e esteticamente, principalmente na ocupação das suas margens. O café vinha nas lanchas até Porto Ferreira, onde era “cidades invadindo as águas, transferido para os trens que seguiam até Santos, e águas invadindo as cidades” atividade que durou 19 anos até 1903, quando os trilhos (COSTA, 2006) atravessaram o Mojiguaçu em direção a Ribeirão Preto.


27

Entorno da Rod. Anhanguera alagado (1970) Fonte: Museu Histórico e Pedagógico de P. Ferreira

“Cheia da goiaba” Fonte: Museu Histórico e Pedagógico de P. Ferreira

Alagamento na Av. Vicente Zini (2015) Fonte: falaporto.com.br

“Navegação do rio Mogi Guaçu” Fonte: Museu Histórico e Pedagógico de P. Ferreira

Índice de pluviometria e temperatura Fonte Plano de Controle de Erosao do Municipio

“Os rios urbanos, que já vinham passando por grandes transformações, em especial a partir da intensa urbanização ocorrida após a década de 1950, têm sua condição de deterioração agravada com a precariedade do saneamento básico, com a crescente poluição ambiental, com as alterações hidrológicas e morfológicas, bem como com a ocupação irregular de suas margens.” (GORSKI, 2008)


28 Limite dos setores 3

1

Ponto de referência

A análise de dados estatísticos informa que a cidade tem uma densidade demográfica uniforme e crescente de 220 habitantes por km² em 2019, o que distoa da concentração das atividades de trabalho nos setores centrais e próximos à Rodovia Anhaguera e se acentua com o aumento da parcela da população empregada no comércio.

2 1

6 5 4

Setores censitários 1 2 3 4 5 6

População 657 690 934 827 877 453

População estimada (IBGE,2019): 56.150 pessoas Grau de Urbanização (SEADE, 2019):98,21 IDHM (IBGE, 2010): 0,751 Salário médio mensal dos trabalhadores formais (IBGE, 2017): 2,4 salários mínimos Pessoal ocupado (SEADE, 2017) 17.144 pessoas População ocupada (SEADE, 2017) 30,9 % Percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo (SEADE, 2010) 29,4 %

Razão de sexo 116.83 93.28 105.73 100.73 91.07 104.98

Pirâmide etária (IBGE,2019)

Densidade demográfica (habitante/Km2) 7349.65 9917.5 450.98 528.46 511.93 267.87 Dados Censo 2010


29

1

4

2

5

3

6

A análise preliminar indica que bairros mais carentes são recentes e periféricos: fora do perímetro original da cidade delimitado pelos corpos d’água, em algumas áreas vulneráveis a enchentes e caracterizados por construções irregulares. Possuem uma densidade demográfica mais elevada por conta do padrão de ocupação com lotes menores e mais moradores por domicílio, sendo que um número maior deles tem renda mensal per capita abaixo de meio salário mínimo e é liderado por mulheres que trabalham em outros bairros, segundo dados coletados pelo último censo populacional e divulgados pelo IBGE. Iniciativas populares pautando habitação popular e melhorias infraestruturais tem surgido, indicando uma transição para esfera coletiva de demandas até então concentradas em redes sociais. 1 - Alagamento no bairro Jardim Anésia II em 2015. Fonte: site falaporto.com.br 2 - Grafitti relacionado a organização de trafico na entrada da cidade. Fonte: Google Maps 3 - Divulgação do loteamento fechado Santo Afonso. Fonte: Facebook Parque Santo Afonso 4 - Comércio na Avenida João Martins da Silveira Sobrinho, importante atividade econômica e de turismo do município. Fonte: portoferreira.sp.gov.br/turismo 5 - Divulgação do loteamento fechado Santa Luzia. Fonte: Facebook Parque Residencial Santa Luzia 6 - Divulgação do loteamento José Gomes. Fonte: Facebook Rômulo Rippa. Divulgação. Fonte: Porto Ferreira Hoje


30 Predominância de uso residencial Predominância de uso comercial Predominância de uso industrial

Predominância de usos do solo

Durante as décadas de 1970 e 1980 a cidade se industrializa. Apenas na Cerâmica Porto Ferreira, chegaram a trabalhar mais de 800 funcionários em 1970 (MENASCE, 2011), quando a cidade tinha 19000 habitantes (IBGE, 1970). Logo surgiram pequenas fábricas e a cidade se tornou polo do segmento.A partir da década de 1990 se observa uma queda na procentagem de empregos fabris aliada a um movimento para o setor comercial acima da média estadual (SEADE, 2017), que na cidade é acompanhado de especialização em varejo e atacado de decoração, atraindo turistas e compradores de outras cidades. Em 2017 é sancionada lei federal que atribui ao município o título de Capital Nacional da Cerâmica Artística e Decoração. No mesmo ano se contabilizavam 70 fabricantes no segmento, 200 estabelecimentos, 5 mil empregos diretos e indiretos e 30 mil visitantes por mês segundo dados do Sindicato Participaçãodosempregosformais das Indústrias Cerâmicas de Porto Ferreira (Sindicer). Grande parte dessa atividade se concentra na Avenida no total (SEADE, 2017): João Martins da Silveira Sobrinho, paralela à rodovia Indústria - 39,15% Anhanguera por onde chega o maior número de viajantes. Serviços - 29,53% Constitui-se como uma centralidade voltada para fora, Comércio - 26,40% pouco frequentada por ferreirenses não envolvidos na Construção - 2,81% atividade econômica que ali é desmpenhada Agricultura - 2,11%


31 2

75

75

36

2

38

2

40

47° 30'

2

42

2

44

2

46

2

48

2

92

50

2

52

2

54

56

2

58

USO DO SOLO

47° 15'

75

90

700

75

2

600

75

90

75

88

Pastagem

Cultura anual

92

Cultura anual - pivôs de irrigação

Silvicultura

Cana-de-açúcar

Cobertura Nativa

700

88

Cafeicultura

Áreas urbanas

Fruticultura

Corpos d´água

Limite da área de expansão urbana

Mineração

600

700 75

86

75

86

75

84

75

82

75

80

75

78

600

700 600 75

84

700

600

600

x 634

75

600

82 600

75

80

x 609

LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PORTO FERREIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO 47º30'

600 75

78

47º00' 21º30' 22º00' 600 75

76

75

76

75

74

75

74

LIMITES MUNICIPAIS MOCOCA

LUIS ANTÔNIO

75

72

75

2

36

2

38

2

40

2

47° 30'

42

2

44

2

46

2

48

2

50

2

52

2

54

2

56

2

58

72

PORTO FERREIRA

47° 15'

Base planialtimétrica: folhas Descalvado, Pirassununga, Luis Antônio e Sta. Rita P. Quatro, escala 1:50.000, IBGE, 1971 Planta Geral da Área Urbana, escala 1:10.000, Departamento de Obras e Serviços - Prefeitura Municipal de Porto Ferreira, 2010

N 1

0

1

2

PROJEÇÃO UNIVERSAL DE MERCATOR

3

4 km

O

AGUAÍ

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

ESCALA

Autoestrada

L

Limite municipal Curva de nível

S

GeoWater Assessoria, Projetos e Com. Ltda.

Av. José Zilioli, 712 - Jd. das Roseiras - Araraquara - SP - CEP 14806-025 Tel. /Fax.: 016 3324 7859 - email: geowater@geowater.com.br

Drenagens Santa Cruz da Estrela

Sede de Distrito ou Vila

PORTO FERREIRA

Sede de Município

Lagoas e reservatórios

RESP. TÉCNICO

JULIO CESAR ARANTES PERRONI CREASP: 0600 539473 ART nº 92221220120639694 DESENHO

DATA

ESCALA

NÚMERO

jcap

Ago/2013

1:50.000

11

PLANO DIRETOR DE MINERAÇÃO DE PORTO FERREIRA

USO DO SOLO PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO FERREIRA

Uso do Solo. Fonte: Plano Diretor de Mineração de Porto Ferreira, 2013 A margem alagável do rio Mojiguaçu foi desmatada antes da fundação de Porto Ferreira e dela é extraída a argila utilizada em cerâmica e olarias próximas. Acessível por uma grande rodovia, em posição privilegiada dentro da malha urbana, em relação direta ao rio, intermediando os dois elementos, dotada de importância histórica, servida pela infraestrutura existente de uma cidade com industrialização decrescente e taxa de alteração populacional negativa, caberiam nela estratégias de uso e ocupação mais coerentes com a legislação ambiental que prevê sua conservação e que ao mesmo tempo movimentem a economia, como se observa no caso do turismo crescente da avenida do comércio.


32 Quaternário Formação Corumbataí Terciário Intrusivas tabulares Zonas vulneráveis

Contexto geológico

A região urbanizada se encontra sobre camadas de areia e conglomerados denominados formação Pirassununga. A prevalência de depósitos aluviais na várzeas estimulou a atividade extrativista desde o começo do século XX. Atualmente, entre empresas de grande, médio e pequeno porte e operações informais, o Plano Diretor de Mineração (PDMin) de Porto Ferreira elaborado em 2013 estipula a existência de 360 produtores de cerâmica no município. 120 destes produzindo louças brancas a base de argilas caulinítcas oriundas de outras localidades como São Simão (SP). Os demais transformam cerâmica vermelha em materiais Marcas da atividade cerâmica de con strução - principalmente tijolos, blocos e telhas - e também peças utilitárias e decorativas. No cadastro municipal, oficialmente 10 mineradoras extraem argila no município para autilização como matéria prima industrial, além de saibro e areia, destinados em sua maioria à construção civil. Baseado na consumo médio e na espessura das camadas a serem mineradas, em 30 anos uma área de 5km² será necessária para atender a demanda.


33 O PDMin sugere deslocar a extração de minérios para o setor noroeste do munícípio, interrompendo-a em regiões históricamente exploradas como as várzeas quando ocorrem interferências com interesses de conservação ou a incidência de fatores de risco como susceptibilidade à erosão, geração de ruído, poluição entre outros. Permanecem ali as cavas, como depressões extensas modeladas no relevo, que já são apontadas como tendo potencial para criação de um conjunto de parques fluviais apelidado “Grandes Lagos” com função de recuperar as condições ambientais.

Cava de extração

Lago formado pela mineração

Zoneamento minerário


34 Vias principais Travessias existentes Travessias previstas Rodovias

Fluxos e confluências

Imagem aérea (1961)

É decisivo o papel do transporte no desenvolvimento local, com a balsa de carga e boiadas sobre o rio que estabelece o povoado, a operação da ferrovia e a hidrovia pela Companhia Paulista, que lavra a retícula das ruas e finalmente com o impulso econômico da rodovia Anhanguera. A transposição dos corpos d’água desafia a expansão urbana. A primeira ponte construída em madeira na região do porto é substituída pela estrutura metálica em 1913. Desde então, em mais de 15 pontos se passa por sobre água para circular na cidade, sendo que apenas dois deles ( a Av. Rudolf Streit e a R. Francisco Prado) conectam todo o setor leste ao centro e às demais áreas, acarretando congestionamentos e acidentes nas adjacências, como na Av. Engenheiro Nicolau de Vergueiro Forjaz que centraliza fluxos de todos as direções da cidade. Para minimizar esses efeitosdo movimento pendular, seguidas administrações tem realizado obras para aumentar o calibre das vias. Em 2019 foi concretizada uma consideração presente na primeira etapa de elaboração deste trabalho: a conexão dos bairros a leste ao sul da cidade desviando a passagem pelo centro e desafogando a circulação.


35

Duplicação da Av. Rudolf Streit (2016)

Retirada da antiga ponte da V. Sibyla

Nova ponte sobre o S. Rosa

Após anos de debate acalorado entre os grupos interessados, esbarrando na resistência de grupos de moradores ao influxo de tráfego e interesses de incorporadoras nos terrenos escolhidos foi apresentdo o projeto de uma nova ponte sobre o córrego Santa Rosa. Antes, em 2018, foi aprovado um Plano de Mobilidade Urbana, mas a situação de calçadas, ciclovias ainda é precária, especialmente nos bairros mais distantes do centro. Calçadas próximas à ponte Ponte de madeira sobre o rio Avenida Francisco Prado Ponte metálica sobre o rio


36 Linha 1 - Sibyla Linha 2 - Sibylinha Linha 3 - Cristo Linha 4 - Anésia 1

5

8

6

Linha 5 - Porto Belo

7

2

4

Linha 6 - Águas Claras Linha 7 - José Gomes

3

Transporte público (2019)

Situação transporte público (2016)

O modal de transporte público presente em Porto Ferreira é o ônibus. Todas as sete linhas em operação atualmente passam pelo terminal junto à rodoviária intermunicipal e à praça Maria L. Salzano e pelo ponto da praça central Cornélio Procópio, ao redor da qual se se encontra o principal centro de comércio e serviços. Diversas linhas convergem nas avenidas Adhemar de Barros e Francisco Prado, passando sobre córregos e áreas subutilizadas, não convidativas e ermas. Também ocorre um trânsito intenso de passageiros na extensão da avenida Engenheiro Nicolau de Vergueiro Forjaz, onde a ciclofaixa implantada não se conecta a outros bairros e é desrespeitada pelos carros. As linhas que seguem para os bairros do setor norte cruzam o rio exclusivamente através da avenida Arcyr Giaretta Barcellos, pois a estrutura da ponte antiga da avenida Ângelo Ramos se encontra fechada para a passagem de veículos pesados.


37

1

Ponto de ônibus da praça Cornélio Procópio

2

Rodoviária e terminal de ônibus municipais

3

Avenida Adhemar de Barros

4

Avenida Francisco Prado

5

Ponto de ônibus no Jardim Anésia

6

Ciclofaixa na Avenida Eng. Nicolau de Vergueiro Forjaz

7

Ciclofaixa na Avenida Rudolf Streit

8

Veículos estacionados na ciclofaixa


38 Limites das áreas

Vazios urbanos

Agricultura Urbana em lote vazio

Mudando o olhar do que é construído para aqueles espaços ditos residuais, percebe-se uma grande quantidade de espaços livres urbanos à margem dos corpos d’água conectados à infraestrutura existente, inclusive acessíveis pelo transporte público, que são mantidos desocupados por diversos motivos favorecendo a especulação imobiliária, enquanto os planos de expansão avançam sobre áreas mais distantes e frágeis, como é apontado por Galiano e Lorandi: Embora a zona urbana se encontre em regiões pouco acidentadas, desenvolve-se predominantemente sobre a Formação Pirassununga, e pode vir a apresentar vários problemas de erosão em locais sem pavimentação. (...) Com a possibilidade da formação de novos bairros nas zonas leste, oeste e sul, é necessário estar atento, para que não se desenvolvam fenômenos erosivos nessas áreas. Porém, esses vazios representam oportunidades de adensar a mancha urbana, criando uma forma coesa e de “explorar o potencial das áreas livres para conferir inteligibilidade à cidade dispersa e fragmentada” (VESCINA, 2010). Igualmente, “leitos ferroviários, sítios industriais obsoletos formam um conjunto diverso de situações que são vistas como oportunidades de projeto” (idem) nas quais é possível manter características propícias e constituir um sistema articulador.


39

Várzea alagável do rio, por onde passava a ferrovia, hoje protegida como área de preservação permanente

Contraste entre a ocupação adensada com grandes vazios, região de mineração desativada alagável, ranchos, rio e parque estadual

Detalhe das diferentes ocupações ao long do córrego Santa Rosa, com espaços vazios sendo ocupados recentemente

Centro empresarial: depois de anos desocupado, recebendo grandes movimentações de terra oriunda da expansão da empresa Margirius Continental


40 Espaço livre relevante

Espaços livres existentes

Paisagismo na Praça da Igreja Matriz

Alguns espaços livres desempenham uma função centralizadora, cívica, como é o caso da praça central. Existem diversos registros hsitóricos da importância da praça central no tempo de lazer, sendo frequentada para passear, ver as outras pessoas e socializar. Torres com autofalantes tocavam música enquanto casais se encontravam e criançam jogavam. O crescimento da cidade é disruptivo para o uso idílico da praça. Os novos bairros se afastam, a criação de novos lugares de convívio se faz necessária mas não é priorizada. As áreas são alocadas mas não projetadas para receber a função de convívio. As ruas e calçadas desempenham a circulação mas esquecem de abrigar, estar, conviver. Assim, os espaços livres existentes não configuram um sistema qualificado. Por conta da ausência de arborização urbana e qualificação dos espaços, muitos acabam sendo tratados como residuais. Alguns projetos surgem, como o Parque do Amanhã na Estância dos Granjeiros. Enquanto isso locais existentes como o Parque dos Lagos se encontram sem manutenção e uso, apesar da sugestão de expansão no Plano Diretor. Outras regiões, como a da antiga ferrovia e regiões periurbanas nem constam no “Mapa de Áreas Verdes” do município.Outro fator significativo é a existência do Parque Estadual Porto Ferreira, criado em 1962, com 611 hectares de cerrado, floresta estacional semidecidual e mata ciliar à margem do rio Mojiguaçu, importante unidade de conservação ambiental, pesquisa e educação que tam bém possui grande interesse para o turismo ecológico.


41 

2

44

2

46

2

48

2

50

2

52

2

54

2

56

2

COBERTURA VEGETAL

47° 15'

58

área (ha) % do município 75

600

mata

92

90

75

90



2,5

614

cerrado

25

0,1

cerradão

358

1,4

vegetação de várzea

115

0,5

reflorestamento

82

0,3

     

700

75

  

capoeira

75

 

1,8

433

 

700

88

75

 

88

  

600

 700 75

86

75

84

75

86

75

84

 

600

Zona de amortecimento do Parque Estadual

 

700 600

Áreas de proteção permanete previstas no Código Florestal

700

600

 

600

x 634

75



600

82

75

82

600

80

LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PORTO FERREIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO 47º30'

600 75

78

75

78

47º00' 21º30' 22º00' 600 75

76

75

76

75

74

75

74

75

72

75

72

LIMITES MUNICIPAIS MOCOCA

LUIS ANTÔNIO



2

36

2

38

2

40

2

47° 30'

42

2

44

2

46

2

48

2

50

2

52

2

54

2

56

2

58

PORTO FERREIRA

47° 15'

Base planialtimétrica: folhas Descalvado, Pirassununga, Luis Antônio e Sta. Rita P. Quatro, escala 1:50.000, IBGE, 1971 Planta Geral da Área Urbana, escala 1:10.000, Departamento de Obras e Serviços - Prefeitura Municipal de Porto Ferreira, 2010

N

CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

ESCALA 1

0

1

2

PROJEÇÃO UNIVERSAL DE MERCATOR

3

4 km

O

AGUAÍ

L

S

Autoestrada

Limite municipal

Área urbana consolidada

Curva de nível

Parque Estadual

Drenagens

Sede de Distrito ou Vila

Lagoas e reservatórios

Santa Cruz da Estrela

PORTO FERREIRA

Sede de Município

GeoWater Assessoria, Projetos e Com. Ltda.

Av. José Zilioli, 712 - Jd. das Roseiras - Araraquara - SP - CEP 14806-025 Tel. /Fax.: 016 3324 7859 - email: geowater@geowater.com.br

RESP. TÉCNICO

JULIO CESAR ARANTES PERRONI CREASP: 0600 539473 ART nº 92221220120639694 DESENHO

DATA

jcap

Ago/2013

ESCALA

NÚMERO

1:50.000

12

PLANO DIRETOR DE MINERAÇÃO DE PORTO FERREIRA

COBERTURA FLORESTAL PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO FERREIRA



                    

    

   



 



   













 









 



 

 

    













  

  

 

  



 





 



 

 





 

 







 

 

 



 

 

 





 



 



 



                                              





                     

                                                        



 







  



  

 

  

 

   



 

 





   





  

















  





 



  



  

 







  



 

  





 

 



 



















   





 



 

 





   





 





                                                 



 

  



  





 







   







 



















     





  

 

 

  

 

     



 











 









         

  



  



 







 

 



  



 

            



 

 

                  

 





 



    

 





  

   



75

x 609

   



 



80

 

      

                                                                                                                                      

                                                                                                                       

          



75

                   

42



2



47° 30'



40

               

2



38



2



 

36

92





2

75

  

       

 

 

  

 

  



  

     



   

 











 

 

Mapa de cobertura vegetal do município. Fonte: Plano Diretor de Mineração

Levantamento de áreas arborizadas na cidade. Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Ferreira

Pórtico de entrada do Parque Grandes Lagos (2019) Fonte: Site Porto Ferreira Hoje

Projeto divulgado para o Parque do Amanhã a ser construído em 2020 Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Ferreira

Inventário de arborização do Centro. Fonte: Plano Municipal de Arborização


42 Áreas principais Áreas secundárias

Interesse histórico

André Corboz em “O Território como Palimpsesto” discorre sobre as diferentes concepções que orientam 1 a percepção do território. Em diversos tempos, tentamos entender o local em que 5 3 2 habitamos através de diferentes concepções. Podemos ver o território como unidade ou extensão, paisagem 4 do tempo livre, como uma construção, um artefato, um produto, um projeto, um sujeito ou uma disputa. Antagonismos como entre o rural e o urbano, que considera um ponto de vista da cidade, que se vê como figura em um fundo. Interpretações miticas, miméticas, geometrizadas, mediadas pela dupla exposição da fotografia ou pelos mapas. Sobre o mapa, encontra na necessidade de codificar o territóro para poder explorálo (no sentido da viagem ou como recurso) a própria impossibilidade de representá-lo completamente em sua perpétua metamorfose: “Un mapa es un filtro. No toma en cuenta las estaciones, igonora nos conflictos que articulan a cualquier sociedad y tampoco toma en cuenta los mitos o la vida coletiva con la base físíca de suas actividades”. Para então melhor representar o território incorporando a dimensão temporal Corboz recorre à analogia do palimpsesto: um pergaminho no qual informações são escritas e apagadas continuamente, deixando marcas da sua existência. De forma similiar afirma Milton Santos: “A paisagem existe, através de suas formas, criadas em momentos históricos diferentes, porém coexistindo no momento atual”. Portanto, o mapeamento de áreas com especial interesse histórico, incluído na metodologia proposta por Ian McHarg e adotada nesse processo leva em consideração locais onde se deram processos passados relevantes à história ferreirense e cuja forma indicie esses momentos. A conclusão não supreende e corrobora a relevância do enclave do antigo porto, da estação ferroviária e do centro.


43

1

Ponte sobre o rio 2 Antigo porto (atracadouro)

4 Praça central e Igreja Matriz

3 Conjunto da Estação 5

Edifícios industriais


44 Contato consolidado Potencial para contato Apesar da origem intrínseca à existência do rio, o papel que é dado a ele somente como um recurso hídrico não só determina dinâmicas de produção do espaço que deterioram a qualidade ambiental dos corpos d’água (afetando especialmente a população mais vulnerável), como distancia do seu potencial de lazer, contemplação e sociabilidade, como aponta Gorski. Temos hoje eventos pontuais que congregam pessoas no rio, além da existência de associações, como a dos canoeiros, mas sua atuação é restrita a grupos e datas específicos. O que vemos na maior parte do ano é um uso rarefeito que se dá em lugares inóspitos, o que aponta para o desejo de conviver nesses espaços. Isso se confirma no caso do parque Henriqueta Libertucci, único espaço público qualificado da cidade onde a água tem papel central e que é frequentado por moradores de diferentes bairros e perfis distintos. Contato com água

Parque Henriqueta Libetucci


45

Competição de remo (1930)

Pescaria (2016)

Estar beira-rio próximo ao antigo atracadouro (2017)

Descida de boia pelo rio (2018)

Ranchos

Banhistas (1936)


46

Potenciais

V

V

V 9

V

V V 5 6 8

11

10

V

V 7

2 3 V

4

1

V

V

Existentes

1 Visuais

O relevo de Porto Ferreira, com topos planos e quedas desenhadas pelos corpos d’água, proporciona vistas amplas que estabelecem conexões visuais entre suas margens. A vasta ação de corte e aterro realizada na região ferroviária acentua esse jogo e é possível perceber como a mancha urbana se mescla com um padrão de ocupação esparso e usos do solo tipicamente rurais, encontrados mesmo no centro da cidade. O contraste é ainda maior por conta da linearidade do arruamento dos bairros centrais e pela falta de qualificação dos espaços livres públicos que proporcionam a contemplação de perspectivas mais abertas .

2


47

3

6

9

4

7

10

5

8

11


48 Limite primário Limite secundário Fluxo primário Fluxo secundário Ponto nodal primário Ponto nodal secundário Ponto de referência primário Ponto de referência secundário Centralidade primária Centralidade secundária Aplicando a leitura estabelecida por Kevin Lynch em A Imagem da Cidade, foram mapeados fatores

Imagem da cidade importantes na apreensão do espaço e na determinação da vida diária dentro do núcleo urbano. Percebe-

se através dessa análise a confluência para a região central, onde também se encontram importantes pontos de referência como a Praça Cornélio Procópio e a rodoviária e se concentram a maioria de comércios e serviços. A grande movimentação cria pontos nodais, especialmente na conexão entre bairros limitados pelos córregos e pelo rio, por exemplo o encontro das avenidas Ângelo Ramos (que atravessa o rio tornando-se Santa Cruz e na qual convergem Cristo Redentor e Rudugelo), Rudolf Streit (uma de apenas duas passagens existentes para os bairros a leste do Córrego Santa Rosa) e Engenheiro Nicolau de Vergueiro Forjaz ( origem de 17 tranversais que coletam fluxo de todo o polígono central, além da Av. Arcyr Giaretta Barcellos e que diretamente ligada ao trevo entre as rodovias Anhanguera e Vicente Botta). Entretanto, após a realização dessa extensa cartografia surge a pergunta: E o que não é compreendido pelos mapas? Estão inscritas ( por vezes, literalmente) na cidade imagens, identidades e lembranças mais sutis. A tradição do carnaval inspirado no bumba-meu-boi. A cerâmica como sustento inseparável da terra. A naturalidade do saci de Jean Gabriel Villin. A polissemia do rio Mojiguaçu . E ainda em relação à agua, outra questão: E o que não é visto? Suas porções invisíveis, esquecidas, ausentes: as várzeas.


49


50

2

1

3

6

4 5 9

1

13

12 11

7 8

10 2

14

15

3 Situação das várzeas [Terrain-vague] “São suas bordas carentes de uma incorporação eficaz, são ilhas interiores esvaziadas de atividade, são olvidos e restos que permanecem fora da dinâmica urbana. Convertendo-se em áreas simplesmente des-habitadas, in-seguras, im-produtivas. Em definitiva, lugares estranhos ao sistema urbano, exteriores mentais no interior físico da cidade que aparecem como contraimagem da mesma, tanto no sentido de sua crítica como no sentido de sua possível alternativa.” (SOLÀ-MORALES, 2002)

4

5


51

6

11

7

12

8

13

9

14

10

15


52

Clavo mi remo en el agua Llevo tu remo en el mío Creo que he visto una luz al otro lado del río El día le irá pudiendo poco a poco al frío Creo que he visto una luz al otro lado del río Sobre todo creo que no todo está perdido Tanta lágrima, tanta lágrima why yo, soy un vaso vacío Oigo una voz que me llama casi un suspiro Rema, rema, rema-a Rema, rema, rema-a En esta orilla del mundo lo que no es presa es baldío Creo que he visto una luz al otro lado del río Yo muy serio voy remando muy adentro sonrío Creo que he visto una luz al otro lado del río

Al otro lado del río - Jorge Drexler


53

2


54 O encadeamento das análises realizadas foi a iluminação do subsistema de espaços livres articulados às várzeas urbanas em Porto Ferreira como alvo eminente de propostas relacionadas à sua condição na cidade. Assim, foram elaboradas propostas vinculadas à dinâmica do Plano Diretor, para determinar usos e ocupações dessas áreas tendo em vista sua realidade. “Se o que está estabelecido como prioridade é a solução dos problemas urbanos, e se estes se manifestam em sua índole concreta por meio da edificação de objetos no espaço e no tempo, os quais respondem em sua aparência

Várzeas

Bordas


55 preponderantemente a um modo de apropriar-se do solo para o uso e ocupação,podemos dizer, então, que os tais dos problemas urbanos são manifestamente, em sua particularidade de configuração, problemas de paisagem em todas as escalas, além de todos os outros desígnios, seja da “arte” em alguns casos, seja dos desejos específicos de cada proprietário em outros, seja das técnicas dominantes. Portanto, pensar a urbanização é necessariamente pensar, quer queira quer não, em uma forma urbana desejada, a qual chamamos genericamente de paisagem, a despeito de todos os outros temas que compõem os “problemas urbanos” e as “soluções imaginadas”. (SANTOS, 2013)

Estudo de diretrizes


56

Consolidação das atividades desempenhadas nas várzeas, pautada nos dispositivos da legislação ambiental e urbanística, respeitando história da ocupação e ritmos estabelecidos.

Indicativo de Agricultura Urbana 1

Horta, mercado, apoio e educativo

1

Agricultura

Recuperação de APP com SAFs. Fonte: Rosa


57 Para o programa de apoio do governo federal (BRASIL, 2007, p.6), Agricultura Urbana, é um conceito multidimensional que inclui a produção, a transformação, a comercialização e a prestação de serviços, de forma segura, para gerar produtos agrícolas [...] e pecuários [...] voltados ao autoconsumo ou comercialização, (re)aproveitando-se, de forma eficiente e sustentável, os recursos e insumos locais [...]. Essas atividades podem ser praticadas nos espaços intra-urbanos, urbanos ou periurbanos, estando vinculadas às dinâmicas urbanas ou das regiões metropolitanas e articuladas com a gestão territorial e ambiental das cidades Ainda que o distanciamento entre agricultura e meio urbano seja promovido por sua especialização e industrialização, o manejo de agroecossistemas sempre esteve relacionado ao surgimento de assentamentos urbanos (ROSA, 2011, p.2), portanto práticas de cultivo de alimentos estão presentes em todas as regiões do país e tem grande potencial de expansão e impacto significativo para grupos mais vulneráveis. Segundo Ricarte-Covarrubias, Ferraz e Borges (2011, p. 2) No contexto de urbanização acelerada nas últimas décadas, a agricultura urbana surge como uma importante ferramenta na gestão com vistas à sustentabilidade, dado que tem potencial para produzir benefícios em diversas dimensões, respondendo às novas demandas de produção, consumo, serviços e aproveitamento do espaço nas cidades. Prioritariamente destinada à subsistência, ainda assim a Agricultura Urbana reverbera na Segurança Alimentar e Nutricional da comunidade, uma vez que a distribuição de excedentes para a vizinhança é muito comum e se enquadra em um regime de trocas significativo para a economia de famílias de baixa renda, principal perfil dos produtores. Não obstante, pode representar emprego e renda alternativa. Ricarte -Covarrubias, Ferraz e Borges (2011) apontam também a importância da análise das atividades em andamento e levantam em seu trabalho a presença da Agricultura Urbana em Porto Ferreira, detectando 91 casos nos dois bairros investigados. O perfil identificado nos envolvidos foi de origem rural relacionada à migração para trabalho no corte de cana, baixa escolaridade e exclusão social, sem predominância de gênero. Apenas 1/5 é proprietário da terra, a maioria fazendo uso autorizado mediante acordo pessoal ou não autorizado de terrenos residenciais, sendo 25% dos casos em espaços públicos próximos ao domicílio. Essas condições sociais reforçam a importância dos cultivos para esses indivíduos e as questões fundiárias geram insegurança no uso das áreas e devem ser alvo de políticas públicas para garantir os espaços de cultivo permanentemente ou a longo prazo e inserir os produtores na sua gestão. Ademais, quanto maior o envolvimento de atores sociais diversos (representantes políticos, ONGs, centros de pesquisa, fornecedores e compradores) maior é o potencial de contribuição da agricultura urbana para a cidade. Todavia, não existe em Porto Ferreira nenhuma horta comunitária nem qualquer participação institucional na agricultura urbana. Em vista disso, este trabalho recorreu à Política Nacional de Agricultura Urbana de 2019, que prevê a definição através dos instrumentos gestores, como planos diretores e diretrizes gerais de uso e ocupação, de áreas aptas ao desenvolvimento comunitário e individual aproveitando terrenos urbanos ociosos ou imóveis subutilizados. Foi realizado um levantamento dentro do escopo das adjacências dos corpos d’água onde há presença de Agricultura Urbana e sua consolidação é relevante, ou onde a sua realização é pertinente. Nessa cartografia são abarcados lotes que podem receber estímulos fiscais para o uso horticultural, bem como glebas municipais que podem receber hortas coletivas geridas em parceria com grupos comunitários ou outras entidades. Tendo em vista o encaminhamento da produção, foi determinada a criação de um Mercado Municipal para a venda e o consumo, programa inexistente em Porto Ferreira (e previsto no artigo 120 da Política Municipal da Agricultura), onde apenas feiras livres passaram a ser realizadas em 2018. Optou-se pela implantação do mercado próximo à área da antiga estação [indicado no mapa pelo número 1], pela abundância de terrenos municipais próximos, acessíveis, servidos de água para irrigação e, portanto, favoráveis à criação de hortas comunitárias. Assim se reduzem distâncias para transporte e o contato da população se estende da compra para a participação no sistema produtivo. A realização, como prevista pelas políticas nacionais, deve priorizar técnicas de menor impacto ambiental, como o cultivo orgânico e a agroecologia, “nova abordagem da agricultura e do desenvolvimento agrícola, fundamentada no conhecimento tradicional local da agricultura, aliada a conhecimentos e métodos ecológicos modernos.” (THEODORO et al. 2009 apud ROSA, 2011 p. 6) estabelecendo um buffer entre a mancha urbana e a área de proteção permanentedo rio Mojiguassu. Adicionalmente, a implementação de viveiros de mudas, estações de compostagem, beneficiamento e embalagem, estruturas para administração e realização de ações educacionais complementam o programa instalado na área da antiga ferrovia [1].


58 Indicativo de Indústrialização

1

3

2

Indústria

Distrito industrial adjacente à Anhaguera


59 A designação de áreas industriais adjacentes ao Córrego dos Amaros, na porção sudeste da cidade, segue diretrizes de uso e ocupação do solo e do zoneamento urbano. Essa escolha visa influenciar o aproveitamento de imóveis ociosos que atualmente configuram vazios urbanos remanescentes do uso rural anterior à urbanização da região. A conversão do uso se vale da proximidade com a Rodovia Anhanguera e com a Avenida João Martins da Silveira Sobrinho. Popularmente conhecida como Avenida do Comércio, é um importante centro de compras do setor de decoração e utilidades com grande interesse turístico que representa um influxo significativo para o emprego e a economia locais. O bairro Jardim Santa Marta, onde se insere, possui um perfil industrial consolidado, com a infraestrutura viária, energética e sanitária exigida. A concordância entre localização, conformação e demanda incentiva o desenvolvimento de atividades relacionadas à cerâmica, manufatura tradicional no município. No entanto, a contiguidade dos lotes ao córrego impõe restrições. Além do respeito da distância obrigatória da margem no caso de áreas de proteção permanente de córregos urbanos prevista na legislação, o uso para produção de cerâmica apresenta riscos específicos que devem ser considerados. Primeiro, a restrição à retirada de terra das propriedades para uso como matéria-prima (em acordo com o Plano Diretor Municipal de Mineração). Além de ser um processo de alto impacto, tornando imprópria a sua realização dentro do perímetro urbano, há o potencial de assoreamento das cavas, vazamento de materiais e contaminação. Paralelamente, o descarte de subprodutos, a disposição e o tratamento de efluentes e lançamento devem seguir as regras de licenciamento ambiental para evitar a poluição e problemas sanitários. Em vista disso, a adequação do potencial às limitações sugere usos com baixo impacto, como empreendimentos de pequeno porte, aliados à implantação de um programa educacional (inexistente, apesar da relevância da cerâmica na matriz econômica ferreirense) integrado ao Centro de Atendimento ao Turista José Vaz Vaz, com capacidade para o desenvolvimento de cursos de formação para trabalhadores, educação ambiental, oficinas, residência artística para ceramistas e comércio colaborativo. Essa operação incorpora a realidade local, bem como insere novas possibilidades de expansão e atração de públicos distintos.

1

Áreas para Indústrialização

2

Áreas para Indústrialização

3

Áreas para Indústrialização


60 Indicativo de adensamento habitacional

Referências de ação para “IPTU Verde”

Habitação

Fonte: PDE do município de S. Paulo


61 O espraiamento da cidade para regiões carentes de infraestrutura e acesso a instituições, serviços e empregos pode contribuir com a segregação sócio-espacial, o movimento pendular que sobrecarrega as estruturas viárias existentes, a expansão por sobre terrenos de perfil geológico desfavorável e a ocupação em situações de vulnerabilidade ambiental, além da especulação imobiliária no caso de loteamentos particulares. O estabelecimento de diretrizes de habitação em áreas contíguas às várzeas tem como objetivos promover o adensamento populacional em áreas subutilizadas contidas na mancha urbana existente, contendo sua expansão desnecessária e garantir uma aproximação salutar aos córregos. Assim, tem como metas: - Demarcar zonas de especial interesse social e construir conjuntos habitacionais reservados para população de até 3 salários mínimos servidos de transporte público e uso misto, além do incentivo à produção pelo mercado de moradias de padrão acessível; - Promover a melhor utilização do solo e reduzir os vazios urbanos e a especulação imobiliária, através do aumento progressivo no tempo do IPTU de imóveis ociosos ou lotes vazios próximos das áreas destinadas a habitação; - Garantir o acesso de toda a população às infraestruturas instaladas nos bairros centrais e impedir a expulsão de populações de baixa renda após a implantação de programas de renovação urbana através do controle do aumento de aluguéis; -Promover o adensamento populacional vertical em áreas próximas às avenidas, aproveitando o acesso ao transporte público existente; -Estimular o projeto de fachadas ativas e uso compartilhado do térreo dos edifícios, contribuindo para a urbanidade e a multiplicidade de usos, horários e pessoas; - Regularizar a ocupação espontânea de áreas protegidas ambientalmente, conciliando urbanização e melhorias físicas. Impedir futuras ocupações indevidas e criar incentivos para projetos que contribuam com a preservação ambiental, como implementação de descontos fiscais (“IPTU Verde”) para projetos de habitação que incorporem estratégias de mitigação como coleta e reúso de águas pluviais, cotas de área livre drenante, vegetação nativa preservada ou implantada, agricultura urbana, técnicas construtivas de baixo impacto ambiental, fachadas ativas e convivência com espaços públicos; -Tombar imóveis de especial interesse histórico do casario original da Av. Eng. Nicolau de V. Forjaz, com a possibilidade de aprovação da reforma da edificação existente para outros usos desde que sejam respeitadas a volumetria original e características relevantes; - Propiciar a participação diversa de grupos de moradores, movimentos de moradia e universidades durante toda definição das ações.

Verticalização com uso misto nas avenidas


62

Recuperação do ecossistema integrado à cidade através de ação direta da administração pública e do estímulo à ação particular através de incentivos fiscais.

Indicativo de qualificação

Áreas livres residuais em loteamento

Qualificação dos espaços livres

“Rolezinho” na área da estação


63 Nas imediações das várzeas urbanas existe uma soma considerável de áreas livres (não edificadas)designadas como espaços públicos. Porém a maior parte delas não é qualificada para a fruição coletiva dos seus papeis funcionais, sociais, de interação com o espaço urbano, estéticos e ecológicos. Muitas apresentam um histórico de desmatamento da vegetação nativa seguido da criação extensiva de animais de grande porte ou especulação imobiliária. Outras de desfuncionalização, como é o caso da pátio ferroviário que desde a sua desativação foi mantido como espaço público e tem abrigado eventos esporádicos mas nunca foi alvo de um projeto compreensivo de conversão em um parque urbano. Mais recentemente a criação de loteamentos fechados, fenômeno crescente nas cidades de pequeno e médio porte brasileiras, tem gerado uma nova categoria associada as várzeas dentro do sistema de espaços livres urbano. São porções do terreno que segundo a legislação devem ser preservadas, mas seguindo a lógica desses empreendimentos de potencializar a venda das áreas mais vantajosas, é detectado que nos exemplos ferreirenses a cota de espaços livres é relegada às zonas de difícil ocupação, pelo relevo acidentado ou pela obrigatoriedade de preservação pela existência de APPs, criando extensões residuais tanto na morfologia quando na ausência de elementos que possibilitem sua utilização. Apesar do avanço dos condomínios residenciais (em Porto Ferreira, em direção aos córregos), das mudanças na sociabilidades na esfera pública e da escassez de recursos e priorização por parte da gestão municipal de decisões políticas favoráveis à qualificação e manutenção dos espaços livres, a busca por esses espaços não se extingue, sendo constatada por Queiroga forte demanda e uso crescente de parques, de orlas de corpos d’água tratadas para uso público e demais espaços similares, bem como de calçadões e espaços predominantemente ocupados por pedestres em áreas centrais tradicionais ou novas centralidades (2014, p. 108) A qualificação do subsistema de espaços livres adjacentes às várzeas, predominantemente verdejados, pode beneficiar a sociabilidade e o microclima da vizinhança, especialmente quando articulada a diretrizes de adensamento, como também cria corredores ecológicos contínuos através da cidade contribuindo para o equilíbrio de fauna, flora e águas urbanas. A variedade de escalas dos espaços qualificados tem o potencial de fomentar uma cultura de convivência com a diversidade, reavivando a apropriação na escala dos bairros, através do projeto de ruas perimetrais e a criação de praças e ao mesmo tempo introduzindo programas de maior proporção como o parque urbano.

Ukmerge Terrace (Jonauskis, Muliuolyte 2010)

Waller Creek (Walkenburgh Inc, 2011)

Parque Linear (Stuchi & Leite 2014)


64 Indicativo de recuperação da APP

Contraste entre ocupação e parque

Esquema de sucessão de espécies

Recuperação da Área de Proteção Permanente


65 A manutenção das Áreas de Proteção Permanente (APP) em meio urbano protege diversas funções ecológicas do solo, dos recursos hídricos, dos micro-climas, da fauna e da flora, além de patrimônios históricos, culturais, paisagísticos e turísticos das cidades (MMA, acesso em 2020). No caso ferreirense, estabeleceram-se as seguintes diretrizes para potencializar os benefícios da conservação das APP. - Garantir a delimitação das APP dentro do perímetro urbano nas faixas adjacentes aos córregos, respeitando as medidas mínimas de 30 metros para cursos d’água com até 10m de largura e 50 metros para rios com até 50m delimitadas pelo Código Florestal (BRASIL, 2012) e expandindo o limite para salvaguardar encontros de afluentes, áreas com histórico de inundações e planícies de alagamento periódico, com vegetação nativa preservada ou em regeneração natural, campos úmidos antropizados e áreas mineradas em regeneração (NBL, 2013 p. 40). - Reabilitar a vegetação nativa conciliando Sistemas Agroflorestais - processos produtivos baseados na sucessão ecológica análogos ao ecossistema, incorporando árvores nativas consorciadas com culturas agrícolas em arranjo espacial e temporal de alta diversidade - na recuperação ambiental de áreas com presença de agricultura urbana e/ou geridas por organizações civis, com outros métodos de regeneração, como a semeadura direta, “recomendada para áreas que foram desmatadas para agricultura e formação de pastagem e estão dominadas por gramíneas exóticas invasoras (EMBRAPA, 2015 p. 12), plantio por mudas em áreas com baixo potencial de renovação (plantio de adensamento com espécies iniciais de sucessão, plantio de enriquecimento de estágios finais de sucessão em áreas de baixa diversidade) e manejo da regeneração natural. - Fomentar a conservação através do potencial econômico das várzeas, dentro de estratégias de desenvolvimento sustentável. Além de incentivos para a promoção de cadeias produtivas sustentáveis como pagamentos por serviços ambientais, regularização e produção agroflorestal em reserva legal nas propriedades periurbanas, oferta de tecnologias, insumos, assistência técnica e crédito (PENSAF, 2006), aliança a políticas de estímulo ao turismo ecológico, rural e de aventura. - Articular os planos de recuperação e turismo ao Parque Estadual de Porto Ferreira, unidade de conservação ecológica com 611 hectares às margens do rio Mojiguassu que possui estrutura para recepção de visitantes e realização de observação de fauna, flora, paisagística, geológica e astronômica e trilhas interpretativas, atividades com grande potencial atrator para viajantes da região e em processo de crescimento (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010).

Comparativo de modelos de restauração florestal


66 Via-Parque (Chacel, 1995)

Indicativo de Estrada-parque

Estrada-parque em S. Rita do P. Quatro

Estrada-parque em S. Rita do P. Quatro

Estradas-parque


67 Estrada parque é uma designação para vias de circulação integradas a corredores de vegetação com importância paisagística, tanto pelo seu caráter estético quanto pelo papel ambiental desempenhado. Com suas raízes no movimento de renovação das cidades norteamericanas durante o século XIX, norteada por ideias de promoção da saúde pública e da moralidade cívica através do embelezamento urbano e do contato com a natureza, Frederick Law Olmsted, um dos precursores dos Sistema de Áreas Verdes nos Estados Unidos, co-projetou as primeiras parkways como vias arborizadas conectando parques urbanos na configuração de conjuntos de espaços livres coesos, presentes no Emerald Necklace de Boston, no sistema de parques de Buffalo e em diversos outros projetos. A partir da década de 1930, o conceito é incorporado às ações do New Deal e se expande para a escala das rodovias cênicas implantadas ao longo de rotas históricas, deslocando-se para as extensões interurbanas. Na mesma década surgem no estado de São Paulo as primeiras ressonâncias das ideias norte-americanas no planejamento brasileiro, por intermédio de Anhaia Mello e Prestes Maia, suscitando o recreio setorizado pelo seu caráter civilizador organizado por vias que proporcionam a pleasure-drive (direção Vegetação, travessia, anteparos, ciclovia e calçada prazerosa) aos motoristas e o passeio arborizado aos pedestres e onde “ As park-ways se comportam como verdadeiros parques lineares, facilitando também a ligação entre os grandes parques urbanos que estariam localizados nas margens externas da cidade”. (LIMA, 2007, p. 13). No decorrer dos anos a tipologia se aproxima dos parques lineares, como na Via Parque de Fernando Chacel e no Parque do Flamengo. No caso de Porto Ferreira, o espraiamento nas décadas de 1990 a 2010 superou os limites impostos por rodovias construídas anteriormente. Quatro delas são renomeadas ao adentrar no perímetro urbano e convergem diretamente no centro, fragmentado pela sua morfologia e pela velocidade dos veículos. O indicativo como estrada-parque, portanto, é atribuído a essas vias interurbanas de tráfego intenso já existentes e aproximadas pelo crescimento da cidade que representam um obstáculo à acessibilidade entre bairros. Tem como intuito mitigar o impacto do fluxo turbulento de automóveis e caminhões, melhorando a experiência de pedestres, ciclistas e do trânsito motorizado de menor velocidade. Mediante o adensamento da vegetação existente (como na Av. João Martins da Silveira Sobrinho) e a arborização, aprimora o conforto ambiental, ameniza o microclima e atenua a dispersão de ruídos (OLIVEIRA et al, 2018), além de configurar um corredor ecológico para a circulação da fauna. Outra medida significativa na melhoria da conexão é a implantação de calçadas e travessias seguras, priorizando as passagens em nível onde forem proporcionadas pelo modelado do terreno e ancoradas em pontos frequentados, resguardando os usuários e diminuindo a ocorrência de acidentes, frequentes nas intersecções. O interesse estético proveniente da vegetação e melhoria da movimentação corroboram ainda a atração turística, como no caso notável do estância vizinha de Santa Rita do Passa Quatro, onde o plantio de maciços de neve-da-montanha (Euphorbia leucocephala) na estrada de acesso atrai viajantes durante a florada no mês de maio e movimenta as atividades de entretenimento.


68

Implementação de tipologias de rua que promovam a interrelação dos cidadãos com o coletivo e com a paisagem, conectando centralidades e arrematando o tecido urbano.

Conexão

Modelo “Conexão” em via existente Via proposta com modelo “Conexão” Seguindo a estratégia de qualificação das vias públicas como fator importante para a articulação do sistema de espaços livres, foram analisadas características e demandas que permitiram sua classificação em categorias e a partir delas foram pensadas três soluções adaptáveis, mas com traços comuns. A primeira delas é a tipologia de projeto denominada “conexão”. Compreende ruas e avenidas que atravessam as áreas de várzea interligando as duas margens de corpos d’água, cruzando áreas alagáveis, a exemplo da região denominada “Parque dos Lagos”, caracterizada por campos úmidos com cheias intermitentes, ou através de distâncias com padrão de baixa ocupação. Este modelo desenvolvido assegura o fluxo de veículos, mas tem como função principal valorizar as condições peatonal e ciclística, observadas como intensas porém desfavoráveis em diversos casos analisados, tanto pela restrição das calçadas e pela má conservação quanto pela falta de conforto ambiental, além da proximidade entre bicicletas e modais mais velozes no leito carroçável gerando


69 sensação de vulnerabilidade. O contraponto de se dá pela aumento da calha, possível na maioria das instâncias, comportando a inclusão de ciclovias segregadas e alargamento do passeio, respeitando a hierarquia de passagem (mais rápido ao mais lento). A criação de canteiros vegetados (exceto no caso de vias elevadas sobre os corpos d’água) certifica o resguardo dos passantes e a arborização proporciona melhoria higrotérmica e sensorial. Se observou que as condições topográficas, hidrológicas e conjunturais que retardaram ou impediram a ocupação dessas várzeas coincidentemente criaram vastas paisagens de terreno vegetado com interesse visual significativo, especialmente partindo da perspectiva panorâmica na passagens elevadas. Propriamente às proposições conceituais desse trabalho de aproximar efetivamente, sensorialmente e emocionalmente a população do espaço em que habita, o modelo “conexão” compreende a criação de espaços de estar a partir da dilatação da passagem que atuem como mirantes, locais de permanência e convivência, não mais apenas espaços de passagem, mas dotados de uma escala de pertencimento. Além da aplicação nas travessias existentes, o planejamento inclui a sugestão de uma nova ponte ligando as porções separadas pelo córrego Santa Rosa na direção sudeste, com o intuito de distribuir o fluxo convergente nas avenidas Rudolf Streit e Francisco Prado, obra já anunciada pela prefeitura municipal desde o início deste trabalho.

Seção - tipologia conexão

calçada

via

4,5 m

6m

canteiro ciclovia 0,5 m 18,5 m

Perspectiva - tipologia conexão

3m

calçada 4,5 m


70 Transecto urbano-rural (FARR, 2013, p.21)

Modelo “Perimetral” em via existente Via proposta com modelo “Perimetral”

Perimetral

A urbanização das várzeas em Porto Ferreira é caracterizada por processos sucessivos de expansão. É observada na transição da planificação original para o padrão proveniente do loteamento de propriedades periurbanas, na sequência de atividades extrativistas e de manufatura das olarias, na apropriação da margem esquerda do rio Mojiguassu por ranchos, na ascensão dos condomínios fechados e mais recentemente no crescimento demográfico pelo êxodo rural tocante à habitação, conquanto atraído por trabalho canavieiro (Ricarte-Covarrubias, Ferraz e Borges,2011). No entretanto, o planejamento urbano se mostra inadvertido à mescla de aumento populacional, espraiamento urbano e degradação ambiental. O aporte de residentes é relegado a áreas carentes de incorporação e a produção desordenada de cidade utiliza os recursos de forma predatória e cria condições de isolamento, desequilíbrio e vulnerabilidade como afirmado por Magnaghi: (...)a degradação do território, implica consequentemente em uma degradação do território natural, construído e da degradação social. (2005, p. 92) No contexto de revisão das práticas de


71 planejamento é central incorporar recuperação, preservação e resiliência ecossistêmicas Seção - tipologia perimetral da franja urbana, frequentemente local de remanescentes naturais. “As franjas metropolitanas ou franjas urbano-ambientais, configuram um território em potencial para se tornar objeto de planejamento ecológico da paisagem, como uma infraestrutura verde, sendo tratados como patrimônio natural, cultural e econômico.” (MARQUES, ALVIM, P. 240) Partindo dessa interpretação do território, calçada via com suas características ambientais e dados antrópicos, buscou-se propor uma visão 3,5 m 7m integrada que incorpora uso e ocupação e se estende para o estabelecimento de diretrizes para o projeto de ruas perimetrais com as seguintes funções: - Conter a urbanização das franjas urbanas em áreas de vulnerabilidade ambiental, prevenindo desmatamento, impermeabilização do solo e perturbação das dinâmicas ambientais; - Arrematar a trama viária, mantendo escala e limites de velocidade compatíveis à conectividade nas vizinhanças, acessibilidade direta aos lotes lindeiros e vias locais; - Qualificar a interface entre assentamentos humanos e remanescentes naturais, atribuindo lazer, recreação e valores estéticos a situações antes vistas como problemas, reconciliando a população e a paisagem e incluindo as relações Perspectiva - tipologia perimetral entre cultura, natureza e história.

canteiro

ciclovia

calçada

0,5 m

3m

3,5 m

18,5 m

canteiro 1m


72 Modelo “Arborização” em via existente

Vias arborizadas em Maringá - PR

Arborização

Nos entremeios da malha urbana consolidada, o locus mais expressivo da vida pública são as ruas pelo seu papel conector e pela predominância de área em relação aos demais espaços de uso comum (praças, parques, etc).No entanto, a partir do século XX, o projeto viário é pautado pela circulação de automóveis e as calçadas perdem prioridade para o leito carroçável. Decorre portanto uma desvalorização do espaço peatonal e, consequentemente, uma atitude de desmazelo com a condição desse ambiente. Um dos aspectos mais suscetíveis é a arborização. Apesar de ser benéfica para o conforto ambiental e para a experiência coletiva, árvores são cortadas para abrir espaço para o asfalto e em outras situações nem chegam a ser plantadas. As remanescentes são confinadas em covas diminutas, tem seu crescimento comprometido e, uma vez debilitadas, tornam-se protagonistas de acidentes pelos quais são responsabilizadas. É preciso recuperar o papel da arborização. Como apontado por Queiroga: A vegetação apresenta papel fundamental nas capitais e metrópoles brasileiras, é um importante elemento para a drenagem urbana, para a manutenção de microclimas mais agradáveis e como fator simbólico e de embelezamento urbano. (op cit, p. 122) Nesse intuito, foi estabelecido um terceiro


73 modelo de via, denominado ”Arborização”. Seção - tipologia arborização Este padrão foi aplicado a vias existentes, na sua maioria avenidas ou ruas de maior calibre dotadas de espaço suficiente para abrigar os espécimes com segurança e onde sua condição de via coletora potencializa o público favorecido e constitui uma imagem coletiva com o potencial de estimular o plantio nas transversais, como se nota em casos notáveis de vias arborizadas. Ao passo que a introdução da flora contribui para o ecossistema, o bem estar estacionamento/ calçada canteiro dos passantes requer mais melhorias que são incorporadas à tipologia, sendo que 2,5 m 2,1 m Sistemas de drenagem pluvial que tirem partido de espaços livres para infiltração, sistemas de mobilidade de menor impacto na paisagem e no ambiente, bem como a criação de espaços adequados para a circulação de pedestres e para o convívio público devem pautar, também, as análises e as propostas de qualificação de SELs urbanos. (QUEIROGA, op cit, p. 112). Finalmente, as vias de Arborização tem uma utilidade adicional. Estão ancoradas em vias de Conexão e Perimetrais e arrematam uma urdidura conectada de caminhos qualificados .

Perspectiva - tipologia arborização

via

estacionamento/ canteiro

calçada

3m

2,1 m

2,5 m

12,2 m


74

Pretende-se, portanto, propor um planejamento que procura não reproduzir os padrões de uso e ocupação decorrentes da influência de interesses segmentados característica da construção das cidades, mas visa aproveitar os potenciais funcionais e infraestruturais e simultaneamente consolidar e fazer visíveis características ecológicas e estéticas da paisagem em sintonia com os fluxos presentes.

Processo - plano


75

Expectativas Integração e adensamento, desacelerando a fragmentação e a expansão do perímetro urbano. Aumento da resiliência infraestrutural .

e

eficiência

Visibilização dos processos conformadores do território. Sensibilização da população à história e às memórias da cidade.

“Mas creio sejam similares, cidade e natureza, naquilo que as fazem serem como são, ou seja, necessitam de interconexões.” (SANTOS, 2003)


76 Após tantas leituras se destaca a região da várzea do rio, uma grande extensão central esquecida pelasua população. Existen las periferias geográficas, son ellas que han dado origen al término; pero también existen las periferias históricas, lugares que el tiempo y la memoria han arrinconado al margen de lo cotidiano. El inconsciente urbano a menudo dissimula las áreas que no quiere reconocer, por incómodas, confusas, conflictivas. Y, sin embargo, puede tratarse de zonas perfectamente centrlaes desde ele punto de vista topográfico. Igual que hay “centros históricos”, lugares que la história ha considerado como centros, hay periferias hechas por la história” (SOLÀ-MORALES, 2008)

Camadas da cidade

O trabalho prossegue na aplicação das diretrizes estabelecidas, aproveitando o potencial conformador e agregador dessa paisagem na criação de um parque urbano de escala municipal, propondo um diálogo entre as camadas temporais enredadas e a comunidade através de usos contemplativos, recreativos, esportivos e culturais.


77


78

O tempo nos parques é íntimo, inadiável, imparticipante, imarcescível. Medita nas altas frondes, na última palma da palmeira Na grande pedra intacta, o tempo nos parques. O tempo nos parques cisma no olhar cego dos lagos Dorme nas furnas, isola-se nos quiosques Oculta-se no torso muscular dos fícus, o tempo nos parques. O tempo nos parques gera o silêncio do piar dos pássaros Do passar dos passos, da cor que se move ao longe. É alto, antigo, presciente o tempo nos parques É incorruptível; o prenúncio de uma aragem A agonia de uma folha, o abrir-se de uma flor Deixam um frêmito no espaço do tempo nos parques. O tempo nos parques envolve de redomas invisíveis Os que se amam; eterniza os anseios, petrifica Os gestos, anestesia os sonhos, o tempo nos parques. Nos homens dormentes, nas pontes que fogem, na franja Dos chorões, na cúpula azul o tempo perdura Nos parques; e a pequenina cutia surpreende A imobilidade anterior desse tempo no mundo Porque imóvel, elementar, autêntico, profundo É o tempo nos parques. O Tempo nos Parques - Vinícius de Moraes


79

3


80 Água Institucional novo Institucional existente Incentivo agricultura urbana Horta comunitária

2

Mercado municipal Espaço livre requalificado Praça existente

3 1

Condução de regeneração Habit. de interesse social Misto c/ hab. fachada ativa Adensamento vertical Tombamento vila ferroviária Parada de ônibus Travessia Via de conexão Via perimetral

Diretrizes do entorno expandido do parque

Via de arborização Estrada-parque


81 O passo seguinte na aproximação em direção à área de projeto é a implantação esquemática das diretrizes de intervenção urbana no entorno expandido do polígono que que compreende a vázea alagável do rio Mojiguassú, demarcado pelos processos de desmatamento, corte e aterro, pecuária, navegação, ferrovia, transbordo do café, desfuncionalização, extração de terra, expansão urbana entre outros, incontavéis. Em resposta a esses processos são determinadas ações referentes a uso e ocupação do solo e mobilidade, visando a conformação de anéis concêntricos de circulação qualificada entre os setores da cidade, ligada a um grande espaço livre articulador. Em seu interior, três macroestratégias são aplicadas: a recuperação de uma Área de Proteção Permanente com ênfase nos benefícios bioclimáticos, dialogando com o Parque estadual; o fomento a iniciativas de Argricultura urbana sustentável, especialmente na margem norte do rio, onde existem grandes propriedades pouco produtivas; e a criação de um Parque Urbano, delimitado pelas avenidas Arcyr Giaretta Barcellos, Eng. Nicolau de Vergueiro Forjaz e Ângelo Ramos e pelo rio. Neste, o fragmento de vegetação em recuperação espontânea é manejado e se articula com uma faixa de transição onde é implantada nova arborização e diversos programas culturais, esportivos, educativos, recreativos e ambientais na interface com a cidade ao sul. O intuito dessa operação é reativar o coração da cidade, sua vida e sua memória, facilitar o acesso a ele e trazer mais pessoas para habitá-lo com qualidade. Seção da Av. E. N. de Vergueiro Forjaz e acesso à praça cívica

Canteiro pluvial

Estação Ferroviária

564 (avenida) 562 (praça cívica) calçada estac. via 4m

via

ônibus

ciclovia calçada

2,2 m 2,7 m 2,7 m 3 m 1,5 m 3 m 23 m

3,9 m

rampas 6,3 m


82

1

2


83

Ensaios urbanos

3

Aproximando-sedasáreasdetravessia foramrealizadosensaiosdeaplicação dasdiretrizesdeusoeocupaçãodosolo elencadaspormeiodaimplementação em alguns lotes vazios. Entre elas estão representadas a coexistência de espaços livres, habitação e áreas de agricultura urbana terraceada na margem norte da ponte antiga (1), adensamento vertical com fachadas ativas acoplado à travessia de pedestres que conecta os dois lados da rodovia, acessados através ruas compartilhadas (2); e a associação de programas institucionais em quarteirões reurbanizados, distanciado do tráfego intenso de automóveis (3) .


84

9

8

5 2 4 3

7 6

1 Diagrama de leitura do local


85

1

Antiga Cia. Algodoeira Perondi

2

Chaminés das antigas olarias

3

Vista da área de intervenção

4

Ocupação periurbana

5

Desfuncionalização da área

6

Separação entre a área e a cidade

7

Situação do pátio ferroviário

8

A ponte histórica a partir do porto

9

O porto visto da ponte


86 Habitacional U

RIO

I GUAC

MOG

Comercial Serviços Industrial Institucional privado Mapa de usos

Institucional público Misto c/ habitação Misto s/ habitação Sem uso 1 pavimento U

I GUAC

MOG

2 pavimentos 3 pavimentos 8 pavimentos Mapa de gabaritos

RIO

16 pavimentos


87

Croqui conceptivo

Em conjunçao às análises do entorno que mostraram. além da predominância de uso habitacional. a concentração de comércio, servços e instituições na região do parque em comparação com outros bairros, surgiram os indicativos de quais programas seriam coerentes para a melhor inserção do pojeto na dinâmica urbana em escala local e municipal.


88 Relação geométrica Ao elencar elementos existentes que incorporam as dinâmicas de conformação desta paisagem se reconhece duas centralidades na lógica estruturadora do espaço: estação e porto, interpretados como dois eventos interligados na história deste lugar. Metaforicamente, são como duas pedras arremessadas na superfície do rio criando ondas cuja interferência altera a topologia ao seu redor. A intenção de (re)conectar estes dois pontos evoca a linearidade ferroviária, que antes cumpria esse papel, e inspira a passarela norte-sul na cota da estação, um promenade que evidencia o contraste deste gesto com a tridimensionalidade do terreno. Essa ressignificação da linha dialoga também com a própria extinção da ferrovia. Sua fragmentação é explorada na circulação leste-oeste, configurando segmentos de eixo pavimentados em concreto, contrapondo sua solidez à transposição por veredas: caminhos de terra, saibro, cacos de telha; sutis, com bordas indefinidas e mutáveis. 0

100

200m


89 Surgem como linhas de força do prolongamento das ruas da malha ortogonal assentada pelos próprios engenheiros da Cia. Paulista, cujo avanço em direção ao rio a linha de trem continha mas que agora a penetram concentradas nos polos da estação e do porto conectando as interfaces sul e leste, cujo caráter mais urbano atrai os programas mais ativos, a face norte em contato próximo com o rio propiciando Parque da Juventude (Rosa Kliass, 2007) a contemplação e cria passagens mais tangenciais na porção oeste respeitando sua função de recuperação ambiental. Assim o parque se delineia em três recortes distintos: Cívico - cultural, Esportivo - fluvial, Contemplativo - ambiental.

Parc de Piedra Tosca (RCR, 2004)

Estudo de referências

Diagramas conceptivos


90 Água 1 - Biovaleta 2 - Nebulizador 3 - Fio d’água 4 - Aspersores 5 - Piscinas 6 - Jardim de chuva 7 - Cavas de mineração/ bacias de retenção 8 - Espelho d’água 9 - Canal 10 - Rio Mojiguaçu

7 7 7

10

7

9

7 7

8 6

3

5 4

3

1

Registros da água

3 2

0

100

200m


91

Esquema interpretativo da relação entre elementos e ciclo d’água

Apropriação do rio e sazonalidade (descida de boias, 2020)

A água enquanto elemento conformador da paisagem e motor da ocupação do território é ponto de partida no projeto. Seu tratamento visa responder a questões infraestruturais, de memória e sazonalidade bem como tratar dos seus aspectos sensíveis e explorar o potencial pedagógico da percepção do tempo cíclico intrínseco à paisagem. O mote da ação é reaproximar a água. Seja na convivência cotidiana, através de estratégias de infraestrutura verde que dialogam de forma respeitosa com a pluviosidade e o tempo de retorno das cheias periódicas na planície alagável; na chave artificiosa das piscinas e da praça de aspersores que convidam ao uso recreativo ou trazendo a possibilidade da contemplação por novos pontos de vista, através das plataformas e da passarela, culminando no rio enquanto elemento principal, a água se apresenta progressivamente em registros distintos que convidam as pessoas a aprender com sua natureza.


92 Água Institucional A localização central do parque coloca-o em proximidade a diversos equipamentos institucionais. Em um raio de 500m encontram-se cinco das principais escolas, um centro de ensino técnico, dois polos de ensino superior a distância, o hospital municipal, a prefeitura, a câmara municipal e diversas secretarias. A implantação do projeto prevê a realocação do museu histórico e pedagógico e do acervo bibliotecário que passaria a integrar a midiateca. Atualmente, encontram-se em edifícios incompatíveis e estariam mais acessíveis à população. Também são levados em conta as faixas etárias e horários de maior frequência relacionados às instituições e demais usos identificados, havendo predominância cotidiana de público jovem no período vespertino/noturno, desprovidos de espaços de estar. O público adulto concentra-se no período vespertino e aos finais de semana, relacionado ao lazer e a prática esportiva (caminhada, ciclismo). Finalmente, a terceira idade é maioria nas manhãs e busca espaços de contemplação e socialização

0

100

200m


93

Praça central e igreja matriz

Cooperativa Educacional Ferreirense

Colégio Sud Menucci

Hospital Muncipal

Colégio Objetivo

Polo SENAI e UNIVESP

Colégio Mário Borelli Thomaz

Biblioteca Municipal

Museu Histórico (antiga cadeia)


94 Água Institucional Edifício existente Edifício novo

35 14

19 15

11 12

13

17

14 16 17

18

18

0

100

200m


95 Alguns edifícios existentes constituem vestígios da memória local e tem seu uso mantido. Outros recebem novos programas e novos edifícios são previstos para abrigar usos estabelecidos para a ampliação da vida urbana relacionada ao parque e a devolução desse espaço livre para a cidade.

24

24 24

24 21 32 33

24

24

34 26

30 21 22 23 20 26

24

23

29

24

26

26

24 26

26

28

25

22

27

26

26

31

26 22

11 - Chaminés 12 - Ensino técnico e superior (antiga algodoeira) 13 - Palco 14 - Café (plataforma ferroviária) 15 - Ruínas (vila ferroviária) 16 - Museu (armazém ferroviário) 17 - Espaço multiuso 18 - Administração e informação (estação ferroviária) 19 - Ginásio 20 - Mercado municipal 21 - Mirante 22 - Marquise 23 - Apoio/ lanchonete 24 - Plataforma 25 - Auditório 26 - Acesso 27 - Reserva técnica 28 - Midiateca 29 - Centro de educação ambiental 30 - Passarela 31 - Centro esportivo 32 - Rampa para embarcações 33 - Restaurante 34 - Aluguel de embarcações 35 - Ponte metálica


96 Água Institucional Edifício existente Edifício novo Ciclovia -

Fluxo

+

Estacionamento 26 - Acesso 36 - Parada de ônibus

26

26 26 26 36 26

26

36 26

36 26

26 Esquema de intersecção elevada. Fonte: NACTO, 2016 36 0

100

200m


97 As diretrizes urbanas previstas no plano elaborado simultaneamente aumentam a mobilidade, ao interligar e qualificar as vias perimetrais na margem norte do rio completando dois circuitos concêntricos de circulação e facilitando o acesso à rodovia através da Av. Arcyr Giaretta, e distribuem os fluxos criando vias de conexão entre o centro e os bairros a leste aliviando o fluxo na Av. Eng. Nicolau de V. Forjaz. Também são adotadas estratégias complementares de “traffic calming”: recuperação do pavimento de paralelepípedos de basalto, criação de uma faixa preferencial de ônibus com novas paradas, resguardo das calçadas com canteiros de drenagem, ciclovia funcional e de lazer e novas faixas elevadas de travessia de pedestres reduzem a necessidade e a velocidade dos automóveis particulares, que contam com três bolsões de estacionamentos nos pontos de maior afluxo. Além disso, na esquina das avenidas Eng. Nicolau, Rudolf Streit e Ângelo Ramos é identificado um ponto nodal e de acesso ao parque (onde atualmente ocorrem acidentes e engarrafamentos e foi proposta pela prefe itura a inserção de duas rotatórias que invadem o pátio ferroviário e relegam os pedestres), portanto é proposto um novo dispositivo viário para organizar a convergência do trânsito.

Faixa pedestre Canteiro central Alargamento da via

Situação atual da esquina

Proposta de reforma com rotatórias

Dispositivo viário


98 Água Institucional Edifício existente Edifício novo Ciclovia Concreto Intertravado Paralelepípedo Paral. com grama Saibro/caco de telha Serrapilheira Asfalto A paleta empregada nos pavimentos e novos edifícios do projeto é embasada na materialidade presente, como uma forma de reforçar e ressignifcar as características e memórias do lugar. Sua distribuição constitui uma gradação que parte da praça cívica onde predominam superfícies minerais, 0

100

200m


99 Estudo de materialidade

telúricas, em resposta ao passado do pátio ferroviário - irradiandose ao adentrar no parque com atribuitos progressivamente mais permeáveis para a água e a vegetação, bem como nas suas características sensíveis.


100 Água Institucional Gramado Arbustivo Arbóreo Alagável Arborização nova

A mesma ideia de gradação presente na materialidade é aplicada na vegetação do parque, alinhada à Ecogênese de Fernando Chacel, criando uma transição entre a mancha urbana e a área de proteção permanente. A partir da praça cívica da estação, mais seca, é determinado um aumento progressivo no porte das espécies, da predominância de forrações e arbustivas 0

100

200m


101

até árvores que podem chegar aos 50 metros de altura em condições climácicas como algumas das poucas remanescentes que se encontram no Parque Estadual do município. Densidade e organização do plantio também evoluem desde arranjos mais artificiosos como arboretos e aleias até o plantio de enriquecimento no fragmento de mata. São englobadas fitofisionomias autóctones como o cerrado, a floresta estacional semidecidual, a mata atlântica e a mata ciliar levando em conta a posição relativa ao rio e a cidade. Finalmente são inseridas plantas presentes no imaginário local colhidas em relatos e registros históricos, como os jacarandás-de-minas que floriam na estação, o cipó de São João que adorna as festas juninas, as gabirobas encontradas no passeio pelo mato, as goiabas colhidas de canoa, taõ abundantes que davam nome à cheia do rio e o capim-cidreira plantado nas bordas do trilho, anunciando a chegada do trem ao lançar no ar um cheiro de chá.


102 98


103


104 100


105


106 Diagramas sazonais de fenologia arbรณrea


107


108 Fenologia arbรณrea - porto


109 Fenologia arbórea - museu e café


110 Água Institucional Edifício existente

rio

Edifício novo APP

Ciclovia Concreto Intertravado

ponte

Paralelepípedo

porto

Paral. com grama passarela

Saibro

c. esportivo

Serrapilheira

ginásio

Asfalto

mirante

Gramado

quadras mercado auditório avenida

Arbustivo Arbóreo Alagável Arborização nova

Corte AA’

0

100

200m


111 A partir das camadas de ação elaborou-se um masterplan para a área de intervenção que compreende as diretrizes de gestão das águas, fluxos e estares, programas, mobilidade e vegetação. Dando prosseguimento será apresentada uma sequência de visuais (constando a indicação de plano de piso, edificicações, plantio e excetuando-se a vegetação existente para facilitar a leitura) e, em seguida os recortes 1 e 2 (cívico-cultural e esportivofluvial), escolhidos por concentrarem a maior parte das alterações na condição presente do parque e estarem em relação direta com a interface urbana, proporcionando assim um delineamento da área total de aproximadamente 586 mil m² para 231 mil m².

Diagrama de indicação das imagens A

D

C’ 3 B’

B C1

2 D’

A’

Diagrama de intenções


112

1

1 - Perspectiva aérea da praça do mercado municipal, estacionamento, centro de ensino técnico e superior, marquise e ágora.

1

2


113

Vista de acesso ao parque junto ao auditório

2 2 - Perspectiva aérea do auditório, arena, palco, bambuzal e arquibancada.

2


114

Croqui conceptivo da ágora

4

3

3 - Perspectiva aérea da ágora, marquise e plataformas no nível da calçada.

3


115

4 - Perspectiva aérea das chaminés, mirante, marquise, relógio solar e pomar.

4


116

Croqui conceptivo do museu

5

5 - Perspectiva aérea da rua arborizada, acessos ao parque, museu, reserva técnica, café, ruínas, e midiateca.


117

6 5 6 - Perspectiva aérea da plataforma de contemplação da bacia de retenção.

6


118

Situação atual do pátio ferroviário

7

7 - Perspectiva aérea da praça cívica, acesso, estação, marquise e quadras


119

Perspectiva da praça cívica

7

8 8 - Perspectiva aérea da praça de aspersores, ginásio, passarela e centro de educação ambiental.

8


120

Croqui conceptivo do centro esportivo

9

9 - Perspectiva aérea do centro esportivo, ginásio, área de skate, passarela e centro de educação ambiental.


121

Croqui conceptivo da área do porto

10 9 10 - Perspectiva aérea da passarela, mirante e acessos, cais do porto, ciclovia, restaurante, aluguel de embarcações e ponte sobre o rio Mojiguaçu.

10


122 571

Recorte 1 - Parque Cívico - Cultural

1 B

B’

0

50

100m

O parque cívico-cultural propõe uma nova articulação entre a cidade e o rio nas cotas mais elevadas do terreno. Pautada na memória do lugar e na demanda por locais públicos de convivência, a intervenção estabelece novos acessos que convidam a população a desfrutar dos serviços oferecidos e a conviver nos estares criados.

558 (ginásio)

1 - Acesso 2 - Gramado 3 - Midiateca 4 - Reserva técnica 5 - Museu histórico e pedagógico 6 - Canteiro de gramíneas nativas 7 - Ruína da vila ferroviária 8 - Plataforma metálica (estar contemplativo) 9 - Praça da grua 10 - Café 11 - Cafezal 12 - Apoio/ lanchonete 13 - Auditório 14 - Arena 15 - Palco 16 - Clareira 17 - Bambuzal nativo 18 - Arquibancada 19 - Antigo segmento de ponte 20 - Marquise 21 - Ágora 22 - Clareira dos guapuruvus 23 - Praça do relógio solar 24 - Mirante 25 - Centro de ensino técnico e superior 26 - Praça do mercado 27 - Mercado municipal 28 - Pomar de espécies nativas 29 - Clareira das jussaras 30 - Bolsão de estacionamento 31 - Trilhas 32 - Área de restauração florestal

562 (centro de ed. ambiental)

562 (estação)

568

1

4

1 2

6 562

11 9

5

10

6

3

7 7

8

7

558

7

31

562 (midiateca) 578 (igreja matriz)

562 (museu)

558 (ruín


123

563

1

8

566

8

8

1

1

13

20

30

25

21 27

10

nas)

14

17

15

26

561

12

558

2 18

29

19 28 555

22

23

20

556

24

12 16

32

31

Implantação 566 (auditório)

556 (acesso ao mirante) 556 (mercado municipal)

Corte BB’


124 Tratamento do solo Ciclovia Concreto Intertravado Paralelepípedo Paral. c/ grama Saibro Serrapilheira Gramado Arbustivo

Água Biovaleta Espelho d’água Drenagem conduzida


125 Arquitetura

23 21 11

22

11 24 24 37

20

13

22 12

23

15

15 28

26

25 26

24

26

17

16

14 24 24 24

26

26

27

17 26

11 - Chaminé 12 - Ensino técnico/superior 13 - Palco 14 - Café 15 - Ruínas 16 - Museu 17 - Espaço multiuso 20 - Mercado municipal 21 - Mirante 22 - Marquise 23 - Apoio/ lanchonete 24 - Plataforma 25 - Auditório 26 - Acesso 27 - Reserva técnica 28 - Midiateca 37 - Arquibancada

Massa arbórea Árvore existente Árvore nova

0

50

100m

Diagramas recorte 1


126

A

Para evidenciar a paisagem e propor um diálogo entre a população e a história da cidade foi proposta uma intervenção nas chaminés remanescentes de olarias que funcionavam na área do parque. Em vista da verticalidade dos elementos foi criado um mirante composto por uma torre metálica em seis pavimentos (seguindo a altura da chaminé mais baixa) a partir dos quais se tem diferentes vistas. A subida é feita por escadas próximas da torre mais alta, de modo que se possibilita uma aproximação dos seus detalhes ao mesmo tempo em que se enxerga ao longe. Um percurso coberto entre os dois marcos conduz até a pequena praça onde a chaminé é ressignificada como o gnômon de um grande relógio solar. Detalhe da intervenção nas chaminés 586

A’ 575

19m

3m

rio

mirante

marquise

6,4 m

72 m

3m 556 (porto)

562 (passarela)


127 Aproximando-nos do rés do chão, o corte AA’ mostra toda a extensão do parque olhando para a direção leste. Um dos aspectos mais marcantes é o distanciamento do rio em relação à avenida. Seu curso serpenteia mais de 200m para o norte comparado à travessia da ponte a montante, criando a área enquadrada no recorte contemplativo-ambiental e o aclive mais pronunciado da margem esquerda por conta da sua formação geológica mais compacta, expandindo a planície alagável na face sul. Nessa extremidade do parque foi situado o mercado municipal (inexistente na cidade) inserido em uma praça de convivência onde o plantio de um jequitibá rosa entre espécies pioneiras e secundárias deixa um legado para futuras gerações. Dialogando com o indicativo de agricultura urbana, um grande pomar aberto composto de espécies nativas do cerrado e da mata atlântica estimula uma nova apreensão sensorial da flora autóctone, a ativação de memórias e novas experiências sensíveis e matéria prima para o mercado. A clareira de jussaras atrás do bolsão de estacionamento pontua um espaço diagramado pela verticalidade, refugia a fauna urbana e faz um contraponto ao arboreto de jacarandás que sombreia o pátio da estação na outra ponta do parque. 556 (acesso mirante) 555 (chaminés)

pomar

563 (acesso ao mercado na avenida) 558 (acesso ao mercado no parque)

558 (centro esportivo)

0

50

100m

Corte AA’


128 Na sequência dos cortes é possível observar como o modelado do terreno altera a relação espacial entre a cidade e parque, principalmente devido à operação de corte e aterro promovida pela Companhia Paulista para a estação. O desnível máximo da avenida (4m) coincide com o museu e foi aproveitado para criar uma estrutura de reserva técnica mantendo a visual do edifício. Através dela também foi criada uma entrada acessível à cota do parque próxima à midiateca e ao gramado. Conforme o eixo de circulação que tangencia o museu é percorrido, o projeto expográfico vaza para o exterior entremeado por canteiros de espécies gramíneas nativas, aproveitando sua interação com os ventos como indício sensível da passagem do tempo, pontinhados de árvores de pequeno porte oriundas do cerrado que prenunciam a transição da flora que ocorre na direção oeste.

C’ C

adensamento vertical

Corte CC’ 0

20

avenida

auditório

50m

museu

ruínas

mirante


129

Perspectiva do museu 572 (topo mirante) 568 (acesso) 562 (museu) 556 (acesso mirante) 553


130 2 D’

D

0

50

100m

Recorte 2 - Parque Esportivo - Fluvial 1 - Acesso 2 - Gramado 6 - Canteiro de gramíneas nativas 8 - Plataforma metálica (estar contemplativo) 12 - Apoio/ lanchonete 16 - Clareira 18 - Arqubancada 20 - Marquise 24 - Mirante 30 - Bolsão de estacionamento 31 - Trilhas 32 - Área de restauração florestal 33 - Ponte metálica 34 - Ciclovia 35 - Atracadouro 36 - Restaurante 37 - Aluguel de embarcações

No segundo recorte a transição entre cidade e rio ganha novos contornos, acentuada pelo contraste entre as extremidades da passarela metálica. Da praça cívica, seca, bordejada de maciços de capim cidreira, surgem os ipês amarelos que coroam as quadras contrastando com as figueiras quinquagenárias. Avançando entre o centro de práticas esportivas e as aleias que irradiam pela grama oscilando ao vento, as taboas, buritis e carandás se unem à mata palustre para anunciar a aproximação da água, confirmada pelo renque de eritrinas que destaca a lacuna deixada pelo entreposto aos pés da ponte, transpassada pela ciclovia. Simultâneo ao eixo da passarela, o deslocamento entre as margens norte e sul do rio se dá pela avenida onde é recuperado o pavimento de paralelepípedo de basalto de baixo da camada de asfalto. No outro lado o passeio permite-se entremear pela mata, serpenteando como grandes cobras feito o Mojiguaçu e chegar às clareiras deixadas pela retirada da terra que hoje são tijolos sustentando a cidade e onde se vê o tempo das águas, que enchem e secam conforme o ritmo das chuvas.

38 - Rampa para embarcações 39 - Deck do porto (elevador) 40 - Passarela metálica 41 - Deck da esplanada 42 - Esplanada das palmáceas 43 - Espelho d’água 44 - Centro de treinamento 45 - Piscinas 46 - GInásio de esportes 47 - Skate 48 - Acesso/ vestiários 49 - Deck do centro esportivo 50 - Praça dos aspersores 51 - Centro de educação ambiental 52 - Clareira das taboas 53 - Jardim de chuva 54 - Clareira alagável (cava de argila) 55 - Recreação infantil 56 - Praça das figueiras 57 - Quadras poliesportivas 58 - Praça cívica 59 - Memorial do transbordo 60 - Estação 61 - Espaço multiuso 62 - Arboreto de jacarandás 63 - Aleia das eritrinas 64 - Rio Mojiguaçu 65 - Alameda de ipês amarelos (Avenida Rudolf Streit) 66 - Avenida Engenheiro Nicolau de Vergueiro Forjaz 67 - Dispositivo viário (intersecção elevada) 68 - Avenida Ângelo Ramos 69 - Praça das bicicletas 70 - Aleia das gabirobas


131

33

556

35

34

53

30

43

18 37

30

44

65

45

8 18 47 39

64

40

558

46

48

50

38 20

66

68

42

36

56

49

41

69 67

1 51

57

18 20

52 8

12

59

2

70

562 1

58 55 555

32 8

31

60 1

31 6 54

rio

556 (porto)

561

60

554

62 60

562 (passarela)

558 (centro esportivo)

Corte DD’

564

18

Implantação


132 Tratamento do solo

Água

Ciclovia

Biovaleta

Concreto

Espelho d’água

Intertravado

Drenagem conduzida

Paralelepípedo

Piscinas

Paral. c/ grama

Jardim de chuva

Saibro

Rio Mojiguaçu

2 - Nebulizador 4 - Aspersores 7 - Cavas de mineração/ bacias de retenção

Serrapilheira Gramado Arbustivo

7

7

4

2


133 Arquitetura

35 21 32 26

33 24

26

30 34

17 - Espaço multiuso 18 - Estação 19 - Ginásio 21 - Mirante 22 - Marquise 23 - Apoio/ lanchonete 24 - Plataforma 26 - Acesso 29 - Centro de educação ambiental 30 - Passarela 31 - Centro esportivo 32 - Rampa para embarcações 33 - Restaurante 34 - Aluguel de embarcações 35 - Ponte metálica

Massa arbórea Árvore existente Árvore nova

30 31

26 19 29

17 18 17

26

23

26

22 0

50

100m

Diagramas recorte 2


134

No entorno da estação a diferença de nível é explorada, ora sendo reforçada a impressão de patamares com distintos pontos de vista, ora através dos acessos que podem ser mais diretos como na escadaria que faz a chegada à estação na projeção da rua João Procópio Sobrinho. Ou como um percurso entre enquadramentos alinhados à memória dos trilhos como ocorre nas rampas. As arquibancadas, com seu duplo caráter de estar e passagem também são empregadas, conduzindo a um estar mais intimista à sombra do arboreto de jacarandás e também sob a marquise construída onde antes havia edifícios da vila ferroviária e que cria uma terceira cota de cobertura, mais acolhedora na calçada e mais monumental na praça, marcando a chegada e dialogando com as plataformas. Esse espaço amplo proporciona eventos de teor cívico. Foram criados desenhos no plano de piso, eixos de concreto que irradiam entre o pavimento intertravado, como uma síntese da multiplicidade de movimentos que marcam o chão e conduzem o transeunte.


135

Na praça cívica é criado um Memorial do Transbordo: com múltiplo entendimento de movimentar, extravazar, verter, revelar, o monumento composto de trilhos reutilizados sustentando nebulizadores rememora a associação entre a cidade e seus fluxos (porto, economia, trilhos, água, entre outros) unindo um papel simbólico a um componente de recreação e conforto ambiental.


136 A passarela atende uma dupla função de estrutura de mobilidade e dispotivo óptico. Percorre um caminho que se inicia com o acolhimento na praça cívica. Ao penetrar no parque, acessa o edifício que abriga o centro de educação ambiental. Mais a frente, dá acesso à uma das entradas para as piscinas, com uma pequena praça de encontro e vestiários. A partir desse ponto já é possível sentir o descolamento entre a cota da passarela, nivelada com a praça cívica, e a topografia, fator reforçado pela vegetação. Após entrar sob a sombra densa das figueiras, ver de perto a florada dos ipês amarelos e o prumo das guariboras, agora se olha o renque de tatarés de cima, uma visão muito distinta das galhadas escultóricas vistas no rés do chão. Assistindo os skatistas, pode-se descer até a esplanada onde a imponência dos buritis e carandás preludia o retorno à folhagem densa, agora caminhando entre as copas. O promenade olha agora as taboas em sobrevoo e depois da última plataforma de acesso, culmina saindo das árvores para uma visão panorâmica dos barcos que saem navegando no rio.

D E

F

E’

F’ D’

passarela alagadiço

plataforma

restaurante aluguel de embarcações

atracadouro

ponte

Corte EE’

0

rampa para embarcações

deck elevador

aluguel de embarcações

passarela

25

50m

deck


137 Áreas dos programas esportivos Programa Área (m²) 1 Quadras 1080 2 Ginásio 2115 3 Piscinas 2450 4 Centro de treinamento 2000 TOTAL 8395

esplanada

espelho d’água

centro de treinamento

Áreas dos programas culturais Programa Área (m²) 1 Museu 575 2 Reserva técnica 400 3 Midiateca 500 4 Auditório 800 5 Palco 750 TOTAL 3025

piscina infantil coberta piscina de salto

piscina olímpica apoio

Áreas dos programas diversos Programa Área (m²) 1 Administração 400 2 Multiuso 2200 3 Mercado 2090 4 Embarcações 800 5 Restaurante 300 6 Café 190 7 Apoio/ lanchonetes 185 TOTAL 6165

ginásio

praça dos aspersores

estacionamento

Corte FF’

centro esportivo

acesso/vestiários deck

ginásio

praça dos aspersores

0

20

50m Corte DD’


138


139

Cortes conceptivos da passarela

562 (acesso)

559 (centro de educação ambiental) 556 (deck do centro esportivo)

555 (deck do skate)

556 (deck do porto)

O grande gesto escultórico da passarela reverbera na horizontalidade do território e incorpora na sua tectônica a temporalidade dos trilhos e estruturas adjacentes, da pátina do aço, da visão serial no promenade onde a surpresa deriva não da obliquidade mas da longitude, dos enquadramentos e dos estares relacionados ao acesso do entorno, do ciclo das estações. Deslocar-se é olhar com novos olhos, perceber(-se) novamente.


140

0

3

6m


141

G

G’

estrutura treliça metálica acabamento patinado guardacorpo metálico

“Nosso olhar horizontal estabelece a paisagem. (...) A horizontalidade é a razão de ser das pontes que contestam os despenhadeiros e são irmãs da horizontalidade de suas margens, no entanto sublimes em seu voo.” (CARON, 1992)

fechamento lateral tela expandida piso tela expandida pilar central concreto pigmentado acabamento tabuado

Trem sobre a ponte metálica

Corte GG’ - passarela


142 A passarela vê e é vista. Entre as taboas, refletida na água da chuva ela se eleva entre as árvores, delineando o horizonte. Chegando pela trilha que vem do porto ou olhando da plataforma que se revela no desnível comentando a grande estrutura, chega-se a essa área de ela é contemplação, com bancos bancos de concreto soltos no talude, como dormentes esquecidos pela ferrovia.


143 No extremo norte a passarela mira o porto e a ponte a leste, o pôr-do sol a oeste, a frente a outra margem, acima o céu, abaixo o rio. Ver e fazer ver, passando a fazer parte da memoração.


144 O olhar se volta para onde tudo começou. Assitstindo as embarcaçþes que voltaram ao seu ponto de partida, vemos um novo porto.


145

Conclusão

Como ação concertada, o projeto urbano é visto também como mediador e incorpora a negociação entre diferentes atores em prol de interesses compartidos. Em teoria, deve ser entendido não como fim, imagem a alcançar, mas como processo. Não é concebido enquanto obra acabada, senão como sucessões de ações em contínua gestação e transformação, aberto e flexível, capaz de englobar as diferentes temporalidades em seu desenvolvimento. (VESCINA, 2010)

El territorio, lleno de huellas y de lecturas forzadas, se parece más bien a un palimpsesto. Para poner en funcionamento nuevos equipos, para explotar más racionalmente ciertos terrenos, muchas veces es indispensable modificar su sustancia de manera irreversible. Pero el territorio no es un envase perdido ni un objeto de consumo que puede reemplazarse. Cada territorio es único, de ahí la necesidad de “reciclar”, de raspar una vez más (con el mayor cuidado posible) el viejo texto que los hombres han escrito sobre la irreemplazable materia de los suelos para depositar uno nuevo, que responda a las necesidades actuales antes de ser, a su vez derogado. (CORBOZ, 1983)

O trabalho teve como questão central a indissociabilidade da paisagem, seus agentes e suas memórias. Certamente a complexidade inerente se refletiu no processo, que pretende transbordar para o futuro o potencial identificado na interpretação da urdidura da sua história manifestada no presente. Procurou-se proporcionar um novo olhar para lugares de certa forma esquecidos durante muito tempo e reconhecer neles uma identidade. Ali estão as sementes que vão alimentar a cidade, regular seu clima, proporcionar encontros, horizontes.


146

Perspectiva geral da orla

Ágora Auditório Café Museu Midiateca Arboreto de Jacarandás Praça Cívica Quadras Centro de Educação Ambiental Ginásio Piscinas Centro Esportivo Skate Espelho d’água/ Esplanada das Palmáceas Atracadouro Porto Ponte


147

Mercado Municipal Mirante Pomar Relógio Solar Arena Clareira dos Guapuruvus Ruínas Cava alagável e estar contemplativo Setor Contemplativo - Ambiental

Cava alagável e estar contemplativo Passarela Rio Mojiguaçu


148 Referências AB’SABER, Aziz Nacib. A depressão periférica paulista: um setor das áreas de circundesnudação pós-cretácica na Bacia do Paraná. Geomorfologia, São Paulo, n. 15, p. 1-15, 1969. BRASIL (país). Edital SESAN/MDS No. 01/2007: seleção de proponentes para apoio a projetos de agricultura urbana e periurbana. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome/Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2007. __________. Ministério do Turismo. Ecoturismo: orientações básicas. 2. ed. Brasília: Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação, 2010. CARON, Jorge. Fragmentos sobre a torre da Cultura. Revista Projeto, São Paulo, n. 151, 1992. CORBÓZ, André. Território como Palimpsesto. Revista Diógenes, México, n. 121, 1983. COSTA, Lúcia Maria Sá Antunes (org.). Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: Viana et Mosley: PROURB, 2006. CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Portugal: Edições 70, 1961. DA SILVA, Flávio. História e estórias de Porto Ferreira. Porto Ferreira: Editora Gráfica São Paulo, 2005. DELIJAICOV,Alexandre.Entrevista:Alexandre Delijaicov analisa as mudanças na relação das cidades com as águas e explica o projeto do Hidroanel Metropolitano de São Paulo. Revista AU, n. 234, p. 72-75, set. 2013. FRANCISCO, Cristiane Daniele et. al. Plano de arborização urbana: Porto Ferreira região central. Porto Ferreira, 2014. GALIANO, Valdir Aparecido; LORANDI, Reinaldo. Carta de Risco Potencial à erosão acelerada da área de expansão urbana da cidade de Porto Ferreira-SP, na escala 1:10.000.. In: VII Simpósio Nacional de Controle de Erosão, 2001, Goiânia (GO). Anais do VII Simpósio Nacional de Controle de Erosão. São Paulo (SP): Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental, 2001. v. 1. p. 1-13. GORSKI, Maria Cecilia Barbieri. Rios e cidades: ruptura e reconciliação. 2008. 243 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2008. HOUGH, Michael. Cities and natural process: a basis for sustainability. 2. ed. London and New York: Routledge, 1995.


149

IÉSUS, Jefferson Tadeu de Assis Guião. Plano de controle de erosão municipal de Porto Ferreira. Prefeitura Municipal de Porto Ferreira: Seção de Agricultura, 2018. LIMA, Siomara Barbosa Stroppa de. A influência norte-americana nos sistemas de áreas verdes do urbanista Francisco Prestes Maia. Paisagens em Debate: revista eletrônica da área Paisagem e Ambiente, FAU.USP, n. 05, dez. 2007, p. 1-17. Disponível em: < http://www.fau.usp.br/depprojeto/gdpa/ paisagens/artigos/2007SiomaraAVPrestesMaia.pdf> Acesso em 20 fev. 2020. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1997. MAIA, Francisco Prestes. Plano de avenidas para a cidade de São Paulo. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1930. MAGNAGHI, Alberto. La rappresentazione identitaria del território: atlanti, codici, figure, paradigmi per il progetto locale. Florença: Alinea Editrice, 2005. MARQUES, Andresa Lêdo; ALVIM, Angélica Benatti. As franjas urbano-ambientais da região metropolitana de São Paulo: estratégias e benefícios. In: IV Jornada Discente Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo PPGAU UPM FAU Mackenzie, 2019, São Paulo (SP). Anais.... São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2019, v. 1, p. 232-249. Disponível em: < https://www.mackenzie.br/fileadmin/ARQUIVOS/Public/6-pos-graduacao/upm-higienopolis/mestrado-doutorado/arquitetura-urbanismo/15_As_franjas_do_urbano-ambientais_da_regi%C3%A3o_metropolitana_de_S%C3%A3o_Paulo_-_Estrat%C3%A9gias_e_Beneficios.pdf> Acesso em: 20 jan. 2020. MCHARG, Ian. Design with nature. New York: John Wiley & Sons, INC, 1969. MENASCE, Lazzaro. Raízes Centenárias Frutos Presentes: livro comemorativo dos 80 anos da Cerâmica Porto Ferreira S/A. São Paulo: Menasce Comunicações, 2011. MICCOLIS,Andrewet.al.Restauraçãoecológicacomsistemasagroflorestais:comoconciliarconservaçãocomprodução.Opçõesparacerradoecaatinga.Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN/Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal – ICRAF, 2016. MINISTERIO DO MEIO AMBEINTE. Plano nacional de silvicultura com espécies nativas e sistemas agroflorestais - PENSAF. Brasília: MMA/MAPA/ MDA/MCT, 2006. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Áreas de preservação permanentes urbanas. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/areas-verdes-urbanas/%C3%A1reas-de-prote%C3%A7%C3%A3o-permanente.html> Acesso em: 20 fev. 2020. NATIONAL ASSOCIATION OF CITY TRANSPORTATION OFFICIALS AND GLOBAL DESIGNING CITIES INITIATIVE. Global Street Design Guide.


150 Washington: Island Press, 2016. NBL ENGENHARIA AMBIENTAL LTDA; THE NATURE CONSERVANCY (TNC). Manual de restauração florestal: um Instrumento de apoio à adequação ambiental de propriedades rurais do Pará. Belém, Pará: The Nature Conservancy, 2013. 128. Disponível em: < https://www.nature.org/media/ brasil/manual-de-restauracao-florestal.pdf> Acesso em: 20 jul. 2020. OLIVEIRA, Jefferson Dias de et. al. Atenuação do ruído de tráfego de vias urbanas pela vegetação em Curitiba – Paraná, Brasil. REVSBAU, Curitiba (PR), v. 13, n. 2, p. 13-26, 2018. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/revsbau/article/view/63655/pdf> Acesso em: 20 fev. 2020. PLANO diretor de mineração (PDMin) de Porto Ferreira. Prefeitura Municipal/FEHIDRO, 2013. PORTO Ferreira, SP, ganha título de capital nacional da cerâmica artística e decoração. G1, São Carlos e Araraquara, 22 de out. de 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/porto-ferreira-sp-ganha-titulo-da-capital-nacional-da-ceramica-artistica-e-decoracao.ghtml> Acesso em: 17 de ago. 2020. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – PMSP. Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo: lei municipal nº 16.050, de 31 de julho de 2014; texto da lei ilustrado. São Paulo: PMSP, 2015. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/legislacao/plano_diretor/index.php?p=201105#:~:text=O%20Plano%20Diretor%20Estrat%C3%A9gico%20do,crescimento%20da%20cidade%20at%C3%A9%20 2030.> Acesso em: 20 jan. 2020. PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO FERREIRA. Plano municipal de desenvolvimento rural sustentável 2010/2013. São Paulo: Porto Ferreira, 2010. QUEIROGA, E. Da relevância pública dos espaços livres um estudo sobre metrópoles e capitais brasileiras. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 58, p. 105-132, 26 jun. 2014. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/82387> Acesso em: 18 jan. 2020. RICARTE, Juliana Duz; FERRAZ, José Maria Gusman; BORGES, Janice Rodrigues Placeres. Segurança alimentar através da agricultura urbana: um estudo de caso em duas comunidades de baixa renda em Porto Ferreira/SP. Revista Brasileira de Agroecologia, [S.l.], v. 6, n. 3, dec. 2011. ISSN 19809735. Disponível em: <http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/rbagroecologia/article/view/9998>. Acesso em: 18 jan. 2020. ROSA, Pedro Paulo Videiro. POLÍTICAS PÚBLICAS EM AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA NO BRASIL. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica, v. 2, jul./dez. 2011, p. 1-17. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=4517/451744820505 Acesso em: 18 jan. 2020. SANTOS, Emmanuel Antonio. Porque planejar com a paisagem. Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo FAUUSP, v. 13, p. 100-123, 20 jun. 2003. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/47749#:~:text=A%20paisagem%20pode%20contribuir%20 com,espa%C3%A7o%2C%20na%20medida%20em%20que> Acesso em 20 jan. 2020.


151 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2004. SOLÀ-MORALES, Ignasi de. Territórios. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. __________. De cosas urbanas. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2008. VESCINA, Laura Mariana. Projeto urbano, paisagem e representação: alternativas para o espaço metropolitano. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

Imagens históricas gentilmente cedidas por Miguel Bragioni e pela equipe do Museu Histórico e Pedagógico Professor Flávio da Silva Oliveira.


152


153 1 - Jacaranda cuspidifolia (jacarandá) 2 - Handroanthus ochraceus (ipê amarelo) 3 - Licania tomentosa (oiti) 4 - Tipuana tipu 5- Cariniana legalis (jequitibá rosa) 6 - Guadua angustifolia (guadua) 7 - Chusquea sp. (criciúma) 8 - Chusquea ramosissima (tacuarembó) 9 - Merostachis clausenii (tacuapi) 10 - Guadua chacoensis (taquaruçú) 11 - Olyra latifolia 12 - Guadua weberbauerii (taboca) 13- Guadua paniculata 14 - Guadua tagoara (tagoara) 15 - Guadua magna 16 - Coffea arabica (café) 17 - Caesalpinia leiostachya (pau-ferro) 18 - Lecythis pisonis (sapucaia) 19 - Schizolobium parahyba (guapuruvu) 20 -Cenostigma pluviosum (sibipiruna) 21 - Caesalpinia pulcherrima (flamboyant mirim) 22 - Erythrina mulungu (mulungu) 23 - Erythrina speciosa (eritrina candelabro) 24 - Handroanthus roseoalbus (ipê branco) 25 - Acrocomia aculeata (macaúva) 26 - Copernicia alba (carandá) 27 - butia paraguayensis (butiá) 28 - Mauritia flexuosa (buriti) 29 - Campomanesia xanthocarpa (gabiroba) 30 - Syagrus botryophora (pati) 31 - Paspalum haumanii (capim azul) 32 Andropogum bicornis (capim rabo de burro) 33 - Cortaderia selloana (capim dos pampas) 34 - Aristida jubata (capim barba de bode) 35 - Rhynchelytrum repens (capim favorito) 36 - Cymbopogon citratus (capim cidreira) 37 - Euterpe edulis (jussara) 38 - Syagrus oleracea (guariroba) 39 - Copaifera langsdorffii (copaíba) 40 Alchornea glandulosa (tapiá) 41 Piptadenia gonoacantha (pau jacaré) 42 Campomanesia phaea (cambuci) 43-angicobranco-albizia niopoides

44 - Anadenanthera peregrina (angico do morro) 45 - Schinus molle (aroeira-salsa) 46 - Psidium cattleyanum (araçá) 47- Psidium guajava (goiaba) 48 - Syagrus romanzoffiana (jerivá) 49 - Calycophyllum spruceanum (pau-mulato) 50 - Magonia pubescens (tingui) 51- Pyrostegia venusta (cipó de São João) 52 - Tipha domingensis (taboa) 53- Euphorbia leucocephala (neve da montanha) 54 - Senegalia polyphylla (monjoleiro) 55 - Peltoplorum dubium (canafístula) 56 - Chloroleucon tortum (tataré) 57 - Senna pendula (fedegoso) 58 - Gallesia integrifolia (pau d’alho) 59 - Myrocarpus frondosus (cabreúva) 60 - Paubrasilia echinata (pau-brasil) 61 - Cecropia hololeuca (embaúba prata) 62-Plinia cauliflora (jabuticaba 63 - Eugenia uvalha (uvaia) 64 - Garcinia brasilieinsis (bacupari) 65- Eugenia brasiliensis (grumixama) 66 -Citrus limon (limão) 67 - Eugenia uniflora (pitanga) 68 - Pouteria caimito (abiu) 69 - Eugenia candolleana (cambuí roxo) 70 - Eugenia involucrata (cereja do rio grande)

Apêndice: diagrama de plantio


154


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.