tempo de retorno
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ressignificação da orla na paisagem urbana
2. Plano de uso e ocupação das várzeas
3. Diretrizes do polígono central
Rio
Ind. qualificação dos esp. livres
Modelo “Conexão” em via existente
Água
Institucional novo
Parada de ônibus
Água
Asfalto
Paralelepípedo
Gramado
Indicativo de agricultura urbana
Ind. recuperação da APP
Via proposta com modelo “Conexão”
Condução de regeneração
Institucional existente
Travessia
Alagável
Ciclovia
Paralelepípedo com grama
Arbustivo
Ind. industrialização
Ind. de Estrada-parque
Modelo “Perimetral” em via existente
Espaço livre requalificado
Habit. de interesse social
Via de conexão
Institucional
Concreto
Saibro
Arbóreo
Ind. adensamento habitacional
Modelo “Arborização” em via existente
Via proposta com modelo “Perimetral”
Praça existente
Misto c/ hab. fachada ativa
Via perimetral
Edifício existente
Intertravado
Serrapilheira
Arborização nova
Incentivo agricultura urbana
Adensamento vertical
Via de arborização
Edifício novo
Horta comunitária
Tombamento vila ferroviária
Estrada-parque
Premissas
Como designar os processos naturais e antrópicos da paisagem nos espaços livres? A água sempre foi um fator decisivo para os assentamentos humanos e com uma relação tão estreita era inevitável que fosse uma parte intrínseca desses processos. Mas com a urbanização desordenada pautada em uma visão de urbanismo rodovíario durante o século 20, os aspectos culturais dos rios passam a ser empecilhos para sua exploração enquanto recurso, assim como sua dimensão paisagística passa a ser um obstáculo para a ocupação do seu entorno. O que significa negligenciar esses lugares à margem, literal e figurativamente, e qual o potencial da reconciliação com a paisagem fluvial?
Lugar
Metade dos brasileiros vive em municípios com até 100mil habitantes, apesar da tendência de aglomeração populacional. Porto Ferreira, como muitos na faixa dos 50 mil habitantes, tende a terciarização e emigração. Seu desenvolvimento se iniciou pela operação de um entreposto hidroferroviário de transporte do café pela Companhia Paulista de Estradas Férreas e Fluviais na década de 1880 na vasta margem alagável do rio Mojiguaçu, desmatada antes de sua fundação e de onde foi extraída a argila que alimentou sua industrialização ligada à cerâmcia que, agora, abre espaço ao comércio e ao turismo. Esse afastamento relega um vazio urbano contíguo de mais de 4km² articulados aos corpos d’água.
Leituras
O trabalho parte da sobreposição de cartografias, do trânsito de escalas e da retomada de documentos sobre a memória local para entender como esses fenômenos se sucedem, retomando a importância histórica dessas orilhas. O encadeamento das análises realizadas foi a iluminação do subsistema de espaços livres articulados às várzeas urbanas em Porto Ferreira como alvo de propostas relacionadas à sua condição na cidade.
Diretrizes
1. Localização e leituras
5. Definição de espécies
4. Masterplan do parque na orla
Foram contemplados moradia, trabalho e mobilidade em coerência com o entorno, buscando favorecer microclima, resiliência ambiental e alimentícia, articular corredores verdes à proteção dos corpos d´água e da fauna urbana, qualificar espaços livres e implementar tipologias de rua que unem mobilidade e sociabilidade pra fruição do espaço, além de conter a expansão desordenada e arrematar o tecido urbano. Pretende-se propor um planejamento que aproveite os potenciais funcionais e infraestruturais e simultaneamente consolide e faça visíveis características ecológicas e estéticas.
rio
APP
556 (ponte)
Programa
Mercado municipal
Intervenção
O entorno expandido da orla histórica do rio Mojiguaçu, demarcado por desmatamento, corte e aterro, pecuária, navegação, ferrovia, transbordo do café, desfuncionalização, extração de terra, expansão urbana é escolhido, por sua complexidade, para o ensaio das diretrizes elencadas na primeira etapa. São determinadas ações que visam a conformação de anéis de circulação qualificada entre os setores da cidade, ligada a um grande espaço livre articulador. Em seu interior, três macroestratégias são aplicadas: a recuperação de uma Área de Proteção Permanente com ênfase nos benefícios bioclimáticos, dialogando com o Parque Estadual de Porto Ferreira; o fomento a iniciativas de agricultura urbana sustentável, especialmente na margem norte do rio, onde existem grandes propriedades pouco produtivas; e a criação de um Parque Urbano, delimitado entre avenidas e o rio.
A
Projeto
A centralidade deste espaço livre, seus diversos acessos, a interface com o rio, a proximidade de usos institucionais e a relevância histórica conduzem a uma implantação que articula fluxos em escala municipal com programas que atendem a demanda crescente de socialização, lazer e contemplação. A intenção de reconectar as centralidades estruturadoras da estação e do porto enquanto eventos interligados evoca a linearidade ferroviária e inspira a passarela norte-sul na cota da estação, um promenade que evidencia o contraste do gesto com a tridimensionalidade do terreno. A ressignificação da linha dialoga também com a própria extinção da ferrovia. Sua fragmentação é explorada na circulação leste-oeste, configurando segmentos de eixo pavimentados em concreto, contrapondo sua solidez à transposição por veredas: caminhos de terra, saibro, cacos de telha; sutis, com bordas indefinidas e mutáveis. Surgem como linhas de força, prolongamento das ruas ortogonais assentadas pela própria Cia. Paulista, cujo avanço em direção ao rio a linha de trem continha mas que agora a penetram concentradas nos polos da estação e do porto conectando suas faces. No masterplan elaborado para o parque há três camadas importantes na narrativa do projeto sobre a paisagem. A água aparece em diferentes registros e versa sobre a temporalidade cíclica das chuvas e do rio, remetendo de forma pedagógica ao seu constante processo de transformação. Da nuvem que se forma nos nebulizadores da praça cívica, ela se condensa e escoa pelos fios d’água, infiltra nos jardins de chuva, aflora nos aspersores e segue até a confluência com o rio. Conforme ela se aproxima ela ganha relevância infraestrutural e está mais relacionada à história local pra reavivar a afetividade da população com esse elemento. A materialidade rememora as características do lugar, constituindo uma gradação que parte da praça cívica - onde predominam superfícies minerais, telúricas, em resposta ao passado do pátio ferroviário - e se irradia ao adentrar no parque com atribuitos progressivamente mais permeáveis. A vegetação é um recurso de comunicação sensível da transição das fitofisionomias autóctones, passando por cerrado, floresta estacional semidecidual, mata atlântica e ciliar. Também há a gradação de porte e densidade do plantio e de arranjos mais artificiosos, onde existe o uso mais intenso, até a recomposição da massa vegetal. Dialoga com o tempo cíclico das estações do ano e utiliza plantas resgatadas do imaginário local, como o café, o cipó de são joão e a erva cidreira.
562 (passarela) restaurante
556 (atracadouro) aluguel de embarcações
deck da esplanada das palmáceas
558 (centro esportivo)
558 (ginásio)
555 (chaminés) 556 (acesso mirante)
558 (acesso ao mercado no parque) pomar
auditório
Zoneamento D
C’ 3 B’
B C1
2 D’
A’
563 (acesso ao parque na avenida) adensamento vertical
A região do Parque Urbano, organizada pelo masterplan,vé dividada em três recortes de acordo com os distintos caracteres. A interface sul, mais ligada ao centro, atrai os programas mais ativos, a face norte em contato próximo com o rio propiciando a contemplação e criando passagens mais tangenciais na porção oeste, respeitando sua função de recuperação ambiental. Recortes: 1 - Parque Cívico-cultural 2 - Parque Esportivo-fluvial 3 - Parque Contemplativo-ambiental
adensamento vertical
tempo de retorno
Na praça cívica é criado um Memorial do Transbordo: com múltiplo entendimento de movimentar, extravazar, verter, revelar, o monumento composto de trilhos reutilizados sustentando nebulizadores rememora a associação entre a cidade e seus fluxos (porto, economia, trilhos, água, entre outros) unindo um papel simbólico a um componente de recreação e conforto ambiental.
ressignificação da orla na paisagem urbana Perspectiva Avenida - Praça Cívica
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O desnível máximo entre a avenida e o parque (4m) coincide com o museu e foi aproveitado para criar uma estrutura de reserva técnica mantendo a visual do edifício. Através dela também foi criada uma entrada acessível à cota do parque próxima à midiateca e ao gramado. Conforme o eixo de circulação que tangencia o museu é percorrido, o projeto expográfico vaza para o exterior entremeado por canteiros de espécies gramíneas nativas, aproveitando sua interação com os ventos como indício sensível da passagem do tempo, pontinhados de árvores de pequeno porte oriundas do cerrado que prenunciam a transição da flora que ocorre na direção oeste.
Perspectiva do Museu Perspectiva Ciclovia - Estação
586 Perspectiva Arquibancada - Passarela
575
19m
3m marquise
6,4 m
72 m
3m
Foi proposta uma intervenção nas chaminés remanescentes de olarias que funcionavam na área do parque: um mirante composto por uma torre metálica em seis pavimentos (seguindo a altura da chaminé mais baixa) e um percurso coberto entre os dois marcos conduz até a pequena praça onde a chaminé é ressignificada como o gnômon de um grande relógio solar. O grande gesto escultórico da passarela reverbera na horizontalidade do território e incorpora na sua tectônica a temporalidade dos trilhos e estruturas adjacentes, da pátina do aço, da visão serial no promenade onde a surpresa deriva não da obliquidade mas da longitude, dos enquadramentos e dos estares relacionados ao acesso do entorno, do ciclo das estações. Deslocar-se é olhar com novos olhos, perceber(-se) novamente.
Perspectiva Mirante - Ponte
No extremo norte a passarela mira o porto e a ponte a leste, o pôr-do sol a oeste, a frente a outra margem, acima o céu, abaixo o rio. Ver e fazer ver, passando a fazer parte da memoração. Da ponte o olhar se volta para onde tudo começou. Assistindo as embarcações que voltaram ao seu ponto de partida, vemos um novo porto.
mirante
Perspectiva Ponte - Porto
6. Perspectiva do parque
Perspectiva passarela
Corte passarela
7. Recortes
C’
C