23.10.2014 a 23.11.2014
MODERNISTAS BRASILEIROS
Exposição Modernistas Brasileiros
O Museu de Arte de Mato Grosso – MAMT tem em seu acervo obras de artistas regionais e nacionais de diferentes tendências. O solo fértil mato-grossense, que deu origem a tantas expressões das artes visuais e a características singulares levando em consideração as manifestações plásticas do resto do país, efetiva-se agora. Mato Grosso é um dos poucos territórios que reúne e salvaguarda um acervo expressivo de um dos períodos mais importantes para o desenvolvimento das artes visuais no país, o Modernismo. O Estado de proporções continentais que desenvolveu uma identidade única ao vivenciar uma situação de isolamento em relação aos grandes centros de produção artística até a década de 1970, foi contemplado com um acervo de artistas representativos do período, ou mesmo cuja formação tenha passado pelos tempos modernistas. Considerado um presente, foi doado pelo Banco do Brasil em 1995. O Modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo no ano de 1922, um divisor de águas na história da cultura brasileira. Foi pautado pela renovação estética e pelo contato estreito com as vanguardas europeias. O ideal era romper com as estruturas do passado e buscar o original, o moderno, uma expressão artística mais identificada com temas brasileiros.
O acervo desta exposição, composto por 40 gravuras raras e até então inéditas em Mato Grosso, foi confiado à Secretaria de Estado de Cultura e traz exemplares de sete artistas de grande representatividade: Marcelo Grassmann, Maciej Babinski, Clóvis Graciano, Cícero Dias, Antônio Carlos Rodrigues, Aldemir Martins e Tarsila do Amaral, curiosamente a expressão máxima do movimento, ainda que ela não estivesse presente ao grande marco do Modernismo. As gravuras que integram a exposição revelam, ainda, como cada um deles esteve envolvido com o movimento, nível de engajamento político e social. As estéticas e as técnicas utilizadas, como serigrafia, gravuras em metal e xilogravura, enfocam, entre outros, temas tipicamente brasileiros, estilizados e líricos, baseados em uma linguagem universal e vanguardista. O abstracionismo e o surrealismo de uns e os contornos oníricos de outros, presentes nas obras de Tarsila, por exemplo, são de encher os olhos e tornam a exposição Modernistas Brasileiros um programa indispensável. Assim como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Arte de Santa Catarina, o Museu de Arte de Mato Grosso é o mais novo espaço a preservar obras desses artistas, sendo o responsável pela conservação das obras, catalogação e inclusão em seu acervo permanente. Um privilégio para o Estado de Mato Grosso.
Viviene Lozi Diretora do Museu de Arte de Mato Grosso Administrado pela Associação Casa de Guimarães
Clóvis Graciano Descendente de imigrantes italianos, Clóvis Graciano (Araras, 1907 - São Paulo, 1988) foi pintor, desenhista, cenógrafo, gravador e ilustrador autodidata. Órfão aos 12 anos, iniciou sua carreira artística pintando tabuletas, carros e sinalizações da Estrada de Ferro Sorocabana, no interior paulista. Na década de 1930 teve contato com as tendências modernistas através de publicações e álbuns, utilizando-as em suas pinturas. Entre 1935 e 1937 frequentou o ateliê de Waldemar da Costa (1904-1982), onde do desenho passou às pinturas em aquarela e a óleo. Neste tempo também foi aluno livre no curso de desenho da Escola Paulista de Belas Artes até 1938. Por volta de 1935 ligou-se a Francisco Rebolo (1902-1980) e Mário Zanini (1907-1971), do Grupo Santa Helena. Dois anos mais tarde realizou sua primeira exposição no Pará ao lado de outros integrantes desse grupo. Posteriormente passou à Família Artística Paulista, da qual foi presidente, em 1939, e ao Sindicato dos Artistas Plásticos, participando regularmente de suas exposições. Mas só em 1941 exibiu individualmente seus desenhos a nanquim, guaches e monotipias, no Centro Paranaense em São Paulo. Já no ano de 1943 expôs suas primeiras pinturas a óleo. Em 1949 Graciano viajou a Paris com o prêmio recebido no Salão Nacional de Belas Artes que lhe possibilitou estudar pintura mural e gravura por dois anos. De volta ao Brasil, dedicou-se ao muralismo, executando cerca de 120 painéis pelo estado de São Paulo. Além disso, o artista fez ilustrações de obras literárias, como o livro Cancioneiro da Bahia, de Dorival Caymmi, e o romance Terras do Sem Fim, de Jorge Amado. Já em 1971, assumiu o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo – Pesp e entre 1976 e 1978 exerceu a função de adido cultural em Paris. Em toda a sua carreira, Graciano permaneceu fiel ao figurativismo, com predomínio de temas sociais, esboçando em suas obras influências de Pablo Picasso (1881-1973), Paul Cézanne (1839-1906) e de seu amigo Cândido Portinari (1903-1962) que o inspirou técnica, temática e estilisticamente.
Antônio Carlos Rodrigues (Tuneu)
Antônio Carlos Rodrigues, mais conhecido como Tuneu, é um pintor, gravador e desenhista brasileiro nascido em 1948 na cidade de São Paulo. Entre os anos 1960 e 1966 foi aluno de Tarsila do Amaral (1886-1973), recebendo influência artística do desenhista e gravador Wesley Duke Lee (1931–2010). Além disso, foi assistente de Willys de Castro (1926-1988) e Hércules Barsotti (1914-2010). Desde 1999, Tuneu é professor pleno no curso de graduação do Instituto de Artes da Unicamp. Suas obras têm como característica o abstracionismo de cunho geométrico, de expressão reduzida ao mínimo para a obtenção de efeitos óticos e de movimento. O artista iniciou a apresentação de seus trabalhos nos salões de Campinas na década de 1960. Dentre as exposições de que participou, destacam-se: em 1967 XVI Salão Paulista de Arte Moderna, IX Bienal de São Paulo. Em 1968, I Salão do Artista Jovem (Campinas) e XVII Salão Paulista de Arte Moderna. Entre 1967 e 1975 (Prêmio Aquisição Itamarati, 1971 e 1975); Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM-SP, São Paulo, várias edições entre 1971 e 1989; III e VI Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp, São Paulo, 1971-1975; Arte na Rua 2, São Paulo, 1984; OFF Bienal, no MuBE, São Paulo, 1996.
Maciej Babinski Maciej Antoni Babinski nasceu em Varsóvia, Polônia, em 1931. Em decorrência da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) migrou com sua família para a Inglaterra, onde iniciou sua formação artística com o padre Raphael Williams O. S. B. que lhe deu aulas de pintura a aquarela, introduzindo-o na técnica da pintura ao ar livre. No ano de 1949 ele e seus familiares se mudam para Montreal, Canadá. Lá estudou pintura com John Goodwin Lyman (18861967), na McGill University. Também teve aulas de gravura com Eldon Grier (1917-2001) e fez cursos de desenho e pintura com Goodrich Roberts (1904-1974), na Art Association of Montreal. Enquanto frequentou o ateliê de Roberts, Babinski retratou paisagens, interiores e naturezas-mortas. Além disso, juntou-se ao grupo de vanguarda Les Automatistes, reunido em torno de Paul-Émile Borduas (1905-1960), expondo com eles no Musée des Beaux-Arts de Montréal em 1952. Mas sua primeira exposição individual viria um ano depois. Em 1953 Babinski transfere-se para o Rio de Janeiro, onde conheceu Oswaldo Goeldi (1895-1961), Augusto Rodrigues (1913-1993) e Darel (1924). Posteriormente morou em São Paulo e Minas Gerais. Neste último Estado lecionou artes plásticas na Universidade Federal de Uberlândia. Já na década de 90 foi para o Nordeste, região onde mora até hoje. Tendo exposto no Brasil e no exterior, Maciej Babinski atualmente considera-se um pintor, ainda que não tenha abandonado a gravura e o desenho, e demonstra cuidado ao retratar a natureza, a paisagem. Sobre seus trabalhos, tanto desenhos como gravuras, o artista preocupa-se com a figura humana, seja através de traços ou da cor, mostrando a influência da forma na composição de suas obras.
Aldemir Martins Nascido a 8 de novembro de 1922 em Ingazeiras, no Vale do Cariri (Ceará) e falecido a 5 de fevereiro de 2006, aos 83 anos, em São Paulo, o artista plástico Aldemir Martins era filho de Miguel de Souza Martins e Raimunda Costa Martins. Tendo manifestado seu talento desde menino, foi escolhido como orientador artístico da classe quando passou a frequentar o Colégio Militar de Fortaleza, em 1934, devido a sua habilidade no desenho. Quando serviu o exército entre 1941 e 1945 desenhou o mapa aerofotogramétrico de Fortaleza e conquistou seu primeiro prêmio ao vencer o concurso promovido pela Oficina de Material Bélico da 10ª Região Militar, sendo nomeado “Cabo Pintor”. No início da década de 1940, Aldemir Martins conviveu e estimulou o meio artístico no Ceará, participando inclusive da criação do Grupo ARTYS e da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos (1942), junto de pintores como Mário Barata (1921-2007), Antônio Bandeira (1922-1967) e outros. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1945 e em 1946 para a cidade de São Paulo. No ano de 1947 Aldemir foi convidado a participar da exposição “19 Pintores”, que marcou a ascensão de uma nova geração de artistas brasileiros, e ficou na 3ª colocação. A partir de então, participou ativamente do movimento artístico brasileiro. Após uma viagem ao Ceará, em 1951, Martins decidiu retornar a São Paulo em um caminhão pau de arara. Com essa experiência iniciou uma série de desenhos com temática nordestina, o que caracterizou sua carreira. Já em 1959 utilizou o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna tendo como destino a Itália, onde permaneceu por dois anos. Durante sua trajetória, o artista expôs no Brasil e em outros países obras que vão desde pintura e desenho a cerâmica e esculturas em diferentes suportes, trabalhando com os mais diversos tipos de superfície de pequenas madeiras para caixas de charuto, papéis de carta, cartões, telas de linho, de juta e tecidos variados, até formas de pizza, sendo o primeiro brasileiro a ganhar um prêmio na Bienal de Veneza. Seus desenhos e pinturas, que retratam cangaceiros, peixes, galos, cavalos, paisagens, frutas e até mesmo sua série de gatos, são marcados por traços fortes e tons vibrantes, tão característicos que permitem reconhecer a sua obra ao primeiro olhar.
Marcelo Grassmann Marcelo Grassmann consolidou-se como gravador, desenhista, ilustrador, escultor e professor. Nascido no ano de 1925, em São Simão, interior de São Paulo, encantou-se pelos desenhos ainda menino e aos 12 anos familiarizou-se com as histórias em quadrinhos e as ilustrações do francês Gustave Doré (18821883). Entre 1939 e 1942, Grassmann, junto de seu amigo Octávio Araújo (1926), cursou fundição, mecânica e entalhe em madeira na Escola Profissional Masculina do Brás. Ao frequentar a Biblioteca Mário de Andrade, o artista estabeleceu relação com a cultura, tendo contato com personalidades como Mário de Andrade (1893-1945), Sérgio Milliet (1898-1966), Alfredo Volpi (1896-1988) e Francisco Rebolo (1902-1980). Em seus primeiros trabalhos destaca-se a influência da obra de Oswaldo Goeldi (1895-1961) e a de Lívio Abramo (1903-1992); suas xilogravuras contêm arabescos e pontilhados obtidos por meio da madeira de topo. Aluno de litografia no Liceu de Artes e ofícios no Rio de Janeiro entre 1949 e 1950, realizou sua série de Cavaleiros Noturnos, na qual retrata figuras militares em negro, recortadas sobre fundo branco. Depois disso, sua temática passou a apresentar a presença de figuras fantásticas, como sereias, harpias, pequenos demônios, cavalos, peixes, seres metade humanos metade animalescos, relacionados a um universo mágico... Neste período começou a utilizar a litogravura e então seu desenho se revela mais fluente. Já no ano de 1952, Grassmann mudou-se para Salvador, onde trabalhou com Mário Cravo Júnior (1923). Um ano depois recebeu o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna – SNAM, e rumou para Viena com a finalidade de estudar na Academia de Artes Aplicadas, dedicando-se especialmente ao desenho, à litografia e à gravura em metal. Em 1969, o conjunto de sua obra foi adquirido pelo governo do Estado de São Paulo, passando a integrar o acervo da Pinacoteca do Estado. A casa na qual nasceu, em São Simão, foi transformada em museu, por iniciativa da Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia de São Paulo, e tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico
Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo – Condephaat, no ano de 1978. Parte de seu trabalho pode ser apreciada nos livros Marcelo Grassmann – Desenhos e Marcelo Grassmann. O primeiro é de autoria do próprio artista, no qual apresenta reproduções de trabalhos e entrevista com ele mesmo. Já o segundo foi organizado por Lygia Eluf e contém uma seleção das obras de Grassmann com o intuito de revelar o que está oculto, guardado na intimidade do caderno de bolso, do ateliê, da expressão primeira do artista em contato com o mundo que o cerca.
Cícero Dias A 5 de março de 1907, nasceu Cícero Dias, no Engenho de Jundya, em Escada, um pequeno município distante 53 quilômetros de Recife. A partir da década de 1920, Cícero Dias teve contato com modernistas ao matricular-se na Escola Nacional de Belas Artes, onde cursou escultura e posteriormente pintura. Por ser muito jovem, o artista pernambucano não pôde participar da Semana de Arte Moderna de 1922, todavia ele foi logo reconhecido como membro do grupo, recebendo elogios de nomes como Di Cavalcanti (1897-1976), Ismael Nery (1900-1934), Murilo Mendes (1901-1975) e Oswald de Andrade (1890-1954), entre outros. Um ano depois de sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, Cícero Dias desligou-se da Escola de Belas Artes (1928) e resolveu estudar por contra própria após sua ideia de experimentar novas tendências o ter colocado em choque com os ensinamentos da Academia. Depois de algumas exposições, Cícero Dias soube que o diretor da Escola de Belas Artes, Lúcio costa (1902-1999), permitiu que fossem exibidas obras de todas as tendências de arte, não somente as acadêmicas, durante o Salão Anual da instituição em 1931. No evento o artista expôs uma tela com cerca de 20 metros de comprimento contendo cenas
comuns, infantis e até mesmo eróticas. Este ato, ousado para a época, causou enorme alvoroço e Cícero Dias teve parte de sua obra cortada, ficando três metros menor. Já no ano de 1937, o pintor foi a Paris, onde entrou em contato com os surrealistas. Lá se tornou amigo do pintor Pablo Picasso (1881-1973) e do poeta Paul Éluard (1895-1952). Na década de 1940 estabeleceu relações com os abstracionistas, especialmente os seguidores da vertente geométrica, sendo pioneiro nesse estilo. Integrou-se ao grupo da Galeria Denise-René, juntamente com Victor Vasarely (1908-1997), Serge Poliakoff (1906-1969) e outros. Nesse período, as obras produzidas por ele valorizam a geometria e a abstração, mas mantêm o lado lírico e regional, principalmente na escolha das cores tropicais. Entre os anos de 1946 e 1948 realizou em Recife o primeiro mural abstrato da América Latina. E nos anos 60 o artista retomou sua temática inicial, mulheres, símbolo constante em suas obras, ligadas à sexualidade e ao universo do inconsciente. Cícero dias faleceu em 28 de janeiro de 2003 em Paris, aos 95 anos.
Tarsila do Amaral Paulista, nascida numa rica família de barões do café a 1º de setembro de 1886 em Capivari, Tarsila do Amaral estudou em colégios de freiras como o Sion, em São Paulo, e depois no SacréCoeur, em Barcelona. Neste, fez seu primeiro quadro em 1904, o “Sagrado Coração de Jesus”. Alguns anos depois iniciou seus estudos em arte. Começou com escultura, com Zadig, passando a ter aulas de desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino (1856-1942) em 1918, onde conheceu a pintora Anita Malfatti (1889-1964), de quem se tornou amiga. Já em 1920, cursou a Académie Julien com Émile Renard em Paris, permanecendo até junho de 1922, quando soube, através de Malfatti, da Semana de Arte Moderna, que ocorrera em fevereiro do mesmo ano. Ao retornar ao Brasil, Anita apresentou Tarsila aos modernistas, formando o chamado grupo dos cinco: Tarsila, Anita e os escritores Oswald de Andrade (1890-1954), Mário de Andrade (1893-1945) e Menotti Del Picchia (1892-1988). Estes agitaram culturalmente São Paulo com reuniões, festas e conferências. Tarsila declarou que foi em São Paulo que teve contato com a arte moderna, pois antes ela só havia feito estudos acadêmicos. De volta a Paris em 1923, Tarsila, em companhia de Oswald, conheceu o poeta franco-suíço Blaise Cendrars (1887-1961), que lhes apresentou toda a intelectualidade parisiense. Foi então que ela estudou com o mestre cubista Fernand Léger (1881-1955), ao qual mostrou a tela “A Negra”, obra que a consagrou na história da arte moderna brasileira. Além de Léger, a artista também teve aulas com os cubistas André Lhote (18851962) e Albert Gleizes (1881-1953). Cendrars também apresentou a artista a pintores como Pablo Picasso (1881-1973), o casal Robert Delaunay (1885-1941) e Sonia Delaunay (1885-1979), outros escritores importantes além dele, os músicos Ígor Stravinsky (1882-1971) e Erik Satie (1866-1925) e o escultor Constantin Brâncusi (1876-1957). Tarsila também ficou amiga dos brasileiros que estavam lá, como o compositor Villa Lobos (1887-1959), o pintor Di Cavalcanti (1897-1976) e os mecenas Paulo Prado (1869-1943) e Olívia Guedes Penteado (1872-1934).
No carnaval de 1924, ao visitar o Brasil acompanhada de Cendrars, Oswald, Olívia Penteado e Mário de Andrade, dentre outros, Tarsila visitou as cidades históricas de Minas Gerais e encantou-se com as casas caipiras e a doçura dos tons pastéis, que se tornaram uma das marcas de sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas, além da fauna, flora, folclore e o povo. Além do tema e das cores, Tarsila trouxe a técnica do cubismo aprendida em Paris para os seus trabalhos, dando início à fase Pau Brasil. Quatro anos mais tarde, a artista deu como presente de aniversário ao seu marido Oswald uma pintura feita por ela mesma, o “Abaporu”, que em tupiguarani significa homem que come carne humana, o antropófago. Esta obra inspirou Oswald a escrever o Manifesto Antropófago, fundando o Movimento Antropofágico, e a figura do Abaporu tornou-se símbolo do movimento que queria deglutir, engolir a cultura europeia, que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo bem brasileiro, valorizando assim o país. Em 1929, Tarsila fez sua primeira exposição individual no Brasil e a crítica se dividiu, pois muitas pessoas não entendiam sua arte. Neste mesmo ano, viu sua realidade mudar em decorrência da crise da bolsa de Nova Iorque. Seu pai perdeu muito dinheiro, teve as fazendas hipotecadas e ela teve de trabalhar, além disso, separou-se do seu segundo marido, Oswald. Nos anos 30, Tarsila viajou para Moscou em companhia de seu namorado, o médico comunista Osório César, para expor seu trabalho. Lá, sensibilizou-se com a causa operária por influência de um de seus amigos dos tempos de Paris, Serge Romoff. Na volta ao Brasil participou de reuniões no Partido Comunista Brasileiro com Osório e foi presa por um mês. Após este episódio, terminou o relacionamento com o médico e nunca mais se envolveu em política. Em 1933 pintou a tela “Operários”, precursora da temática social no Brasil. Já no ano de 1950, ela voltou com a temática Pau Brasil, da qual a tela “Fazenda” é resultado. A artista também participou da I Bienal de São Paulo em 1951, teve sala especial na VII Bienal de São Paulo e participou da Bienal de Veneza em 1964. No ano de 1969, a doutora e curadora Aracy Amaral (1930) realizou a exposição “Tarsila 50 anos de pintura”. Tarsila faleceu em janeiro de 1973, aos 87 anos, vítima de câncer.
FICHA TÉCNICA Governo do Estado de Mato Grosso Governador do Estado
Silval Barbosa Secretário de Estado de Cultura
Fabiano Prates Secretária Adjunta de Estado de Cultura
Giani Pinheiro Superintendente de Desenvolvimento e Fomento a Cultura da SEC-MT
Maria Antúlia Leventi Diretoria Executiva - Associação Casa de Guimarães Érika Maria Abdala Carlos Eduardo dos Santos Espíndola Museu de Arte de Mato Grosso Diretora Executiva
Viviene Lozi Coordenação de projetos culturais
Bruno Martins Tânia Arantes Secretária
Natália Nogueira Assessoria de Comunicação e imprensa
Lidiane Barros Protásio de Morais Monitores
Joycy Ambrósio, Rodolfo Kupper e Natália Nogueira Montagem e manutenção
José Ferreira da Silva Serviços Gerais
Mara Rúbia da Silva
MODERNISTAS BRASILEIROS
23.10.2014 a 23.11.2014
Museu de Arte de Mato Grosso Aberto de terça a domingo das 9h às 17h Rua Barão de Melgaço, 3565, Centro, Cuiabá-MT Antiga Residência dos Governadores