3 minute read
museu do douro
Advertisement
Editorial
“Ao longo deste vale enorme, a vinha e o vinho ocupam noventa por cento do pensamento de todas as pessoas. É o feitor, o jornaleiro, o enxertador, o dono da quinta sempre com a ideia do socalco que está a cair ou a criar barriga, a cepa que precisa da poda ou da cava, os gomos tenros que esperam os burrifos de enxofre ou sulfato. Aqui e além, um punhado mais denso de moradias. Lá está em frente, por exemplo, o casario alongado e branco de Mesão Frio.”
Sant’Anna Dionísio, in ‘Alto Douro Ignoto’, 1973, Lello & Irmão –Editores, Porto.
Mesão Frio: uma porta aberta para o Douro
O Município de Mesão Frio procura o entendimento interpretativo do concelho ‘Porta do Douro’ através das visões, mundividências, tradições e memórias que culturalmente o definem. Ambicionamos promover junto dos nossos visitantes um mergulho no território, usando Rotas Interpretativas Temáticas que possam explorar o património cultural material e imaterial. É nossa ambição proporcionar uma rede de conhecimento e significação que percorra radialmente todo o concelho a partir da centralidade proporcionada pelo Centro Interpretativo do Barco Rabelo (CIBar), parte integrante da Rede de Museus do Douro (Mud).
Esta parceria estratégica com o MuD, que nasce da vontade impulsionadora, congregadora e entusiástica do Museu do Douro, é, a nosso ver, a verdadeira explanação no terreno do que é a concretização material do ‘museu do ter- ritório’ que desde sempre este ‘nosso’ Museu quis ser e onde também inscrevemos o Centro Interpretativo do Castro de Cidadelhe.
Partindo da sua localização geográfica privilegiada, no início da Região Demarcada do Douro quem sobe o rio, Mesão Frio quer ser mais que uma nomenclatura ou um chavão e afirmar-se de facto e per se como uma porta de e para a região. Uma ‘Porta do Douro’ que não olhe para a linha de demarcação só como uma fronteira administrativa, mas que seja capaz de olhar interpretativamente para o território agregando-se em rede com a Região e permitindo aos visitantes entrar no Douro Demarcado através de rotas de significação exploradoras do seu Espaço Público que possibilitem a todos ler a paisagem de uma forma lúdica, cultural e integradora das suas vivências, memórias e particularidades.
O Barco Rabelo é universalmente aceite como elemento simbólico representativo do Douro. A sua história é paralela e complementar das origens e da implementação da importância da Região Demarcada no mundo. Através do Centro Interpretativo que leva o seu nome, Mesão Frio quer que este extravase os limites das suas paredes e se estenda através do território concelhio como um convite interpretativo para toda a região, enquadrando culturalmente o rio, a vinha e o vinho, e o saber, memórias e vivências das gentes que desde o século XVIII vão escrevendo o ‘poema geológico’ da ‘paisagem evolutiva’ Património Mundial. Em resumo, o Município de Mesão Frio quer olhar para o seu espaço público como um palco cultural que signifique para o visitante aquilo que de facto constitui a sua génese e a sua vida social do passado e da atualidade, e permitir ao visitante que entre no Douro percebendo-o e apercebendo-o melhor.
A Rede de Museus do Douro, de que o CIBar é membro e parceiro, verá assim a sua oferta complementada com novos fatores interpretativos da Região. Uma fórmula que permite o contacto inte- a Região Demarcada com mais ferramentas e renovada vontade de aprofundar o conhecimento de todo o território duriense. O que o levará a ficar mais tempo e a usufruir melhor do que Mesão Frio e todo o Douro têm para oferecer, dinamizando a sua economia de base e fortalecendo a sua coesão social.
Será impossível olhar para estes objetivos sem integrar nesta nossa lógica de construção um forte e contínuo processo colaborativo com o Museu do Douro e todas as suas valências. Desde logo a Rede de Museus do Douro, mas também o seu Serviço Educativo, os Serviços de Museologia e as iniciativas expositivas que ao longo do ano vamos coorganizando.
Mesão Frio acredita que a exploração interpretativa do seu Espaço Público através do enquadramento descrito é uma forma de promover social, cultural e economicamente o Município, numa lógica de coesão e envolvimento da comunidade local e dos visitantes que o procuram. Fazê-lo com o Museu do Douro é mais do que uma inevitabilidade, é uma responsabilidade e, sobretudo, um prazer.