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“Cantando espalharei por toda a parte…” Camões

Manuel de Almeida é um Ser dos evocados por Camões quando em “Os Lusíadas” – Canto I, os enobrece dizendo “Aqueles que por obras valorosas se vão da Lei da Morte libertando…”. Tudo é relativo. O Fado também precisa de acção, defesa e actos valorosos. Será talvez por isso que passados tantos anos os amigos e admiradores de Manuel de Almeida não deixam esquecer o seu nome e as suas obras. Provam-no a realização das festas de “Aniversário Ausente”

Manuel de Almeida é um caso raro de aceitação e memória. Desde o seu falecimento em 3 de Dezembro de 1995 que um Grupo de Amigos e Admiradores, de todas as idades, etnias e credos, impulsionados por Humberto Rosa, Suzy Paula, José Novaes, Júlio Ribeiro e Rui Gomes Pereira, formando a Comissão Organizadora, brindam-no, anualmente, com uma festa de aniversário – 27 de Abril de 1922 – que reúne à volta do seu nome cantores, músicos, gente que com ele conviveu e público em geral, não deixando cair no esquecimento o seu nome e o seu Fado.

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Desde 1996 até ao presente, as palavras que lhe dedicam são gravadas em “memórias” que os próprios lhe oferecem como “presente”.

Sinto-me como que se fosse uma árvore toda feita de fadistas.

Falar de Manuel de Almeida é falar de uma das mais profundas raízes através da qual vou beber a essência que dá depois vida ao meu fado. E tal como uma árvore de ramos erguidos ao céu, estendo os meus braços em jeito de homenagem e agradecimento pelos ensinamentos e fados que fez florescer e deixou plantados nos campos da natureza fadista.

Consoante a estória que escutamos através da voz de Manuel de Almeida, tanto podemos vislumbrar o dramatismo de uma tempestade como a calmaria de uma tarde quente de Verão. Foi assim, e é assim que a sua verdade ficou gravada nas suas interpretações, simples, pura e por isso facilmente nos chega ao coração!

André Baptista * Cantor / Fadista

Lisboa, Abril de 2017

*Prémio Revelação

Prémios Amália Rodrigues 2014

IX Gala Amália

São Luiz Teatro Municipal, 04 Novembro

Recordo-te, Pai

Recordar o pai é fácil e difícil, pois não chegam as palavras para o fazer. Agradeço a Deus, todos os dias, pelo pai que me deu.

Dizer que foi o melhor pai do mundo, será lugar comum, mas é pouco, é muito pouco. Foi um pai maravilhoso. Benevolente, companheiro, cúmplice, amigo, educador, sem exigir nem repreender.

Desde sempre o acompanhei, pois entendíamo-nos tão bem que adorávamos sair juntos quer fosse para o desporto, cinema ou na vida profissional, no país ou no estrangeiro. Divertíamo-nos imenso.

Sentia-me orgulhosa pelas gentes interessantes que conhecíamos e como todos lhe tinham amizade, admiração e respeito. Não só pelo seu talento mas também pelo seu bom carácter e humor. Ainda hoje é recordado como tal.

Agora sinto, pelo vazio e as saudades que deixou, que os seus amigos transferem para mim o carinho e amizade que lhe tinham.

Assim agradeço-o e retribuo.

Sinto-me sensibilizada e agradecida, por todas as homenagens de que tem sido alvo e a que tenho assistido.

Aqui mesmo, a todos os intervenientes na feitura e/ou na leitura desta fotobiografia. Ao Museu do Fado pelo apoio e á Maria de Lourdes De Carvalho pelo empenho e amor dedicados ao projecto. É com muito agrado que vejo a carreira, que meu pai tanto amou, poder ser recordada e partilhada.

Com o coração, sinceramente,

Maria Edite de Almeida Cascais, 2017

“HÁ MUITO QUEM CANTE O FADO”

Devo confessar que o Manuel de Almeida me surpreendeu. Modesto, humilde e bom conversador, nunca me falou dos seus êxitos além fronteiras. Limitava-se a agradecer a Deus e a dizer “correu bem”.

Quando mergulhei na tarefa desta fotobiografia, ao mais fundo que me foi possível, deparei-me com provas de uma vida profissional que para qualquer um teria sido a “bandeira” da exibição gratuita e que para ele foi “trabalho”. Manuel buscava apenas a realização pessoal e a honra de tudo fazer com honestidade.

Intérprete, autor e compositor; Uma quase centena de letras; Uma vida de paixão fadista; Um nome que a história do Fado não pode esquecer, correndo o risco de perder um dos seus mais emblemáticos criadores.

Como intérprete está perpetuado nas diversas gravações que hoje, em todos os formatos da modernidade, podemos escutar, ver, lembrar e, porque não, aprender!

Como homem do Fado, a sua imponente figura, os seus “tiques”, a sua voz rouca e quente, deixaram nos olhos e ouvidos de quem com ele conviveu, o sagrado sabor do “fado-raiz”.

Como compositor e autor, durante a sua vida foi “muito usado” e “pouco considerado”. Hoje a nova geração recria-o e canta-o. Bem-hajam!

Os seus versos falam da vida comum, dum homem comum que olha, vê e sente. Passam pela sensibilidade do momento que vive, quer na visita a uma cidade; numa corrida de toiros; numa tertúlia de amigos ou ainda, no aconchego dos braços duma mulher. Em qualquer circunstância é intenso, é verdadeiro.

Obrigada Manuel de Almeida por ter sido meu amigo, por ter cantado meus versos, por me ter admitido como sua produtora discográfica.

Obrigada pelas longas noites no “nosso” “Lisboa à Noite” (Fernanda Maria, Jaime Santos, Martinho D´ Assunção e Liberto Conde).

Obrigada por ter sido tão Fadista.

Maria de Lourdes De Carvalho Autora, 2018

Agradecimentos

Manuela Rego

Ada de Castro

Alda De Carvalho

Alda Goes

André Baptista

António Parreira

Emídio Mateus

Fernanda Maria

José Frade

Mafalda Arnauth

Maria Edite Almeida

Rão Kyao

Renato da Silva

Rodrigo

Os versos da autoria de Manuel de Almeida foram cedidos pelo seu Grupo de Amigos, pela sua filha e pela SPA – Sociedade Portuguesa de Autores.

Os textos são da responsabilidade de quem os assina.

Nota: A autora não seguiu as regras do novo acordo ortográfico.

Cr Ditos Fotogr Ficos

Apollo, Dário, Foto Ilustrado, Lobo Pimentel, J. Testa Santos, Estúdios Roma, Jorge Jacinto, Carlos C. Nunes, Agência Valverde, A. R. Figueiredo, Gabinete Fototécnico Industrial, Freijota, Martins & Barata, N. Tavares, Vítor Alfaia, Orlando Teixeira, F.G. Almeida, J. Silva, J. Marques, Lino Pepe, Carlos Nunes, Rui Renato, Victor Fernandes, Pedro Cláudio, Luís Vasconcelos | Alfredo Cunha, Mário Cabrita Gil, Aurélio Vasques, José Frade, Cifesa, Agência Potuguesa de Revistas, Álbum da Canção, Márcia Filipa Moura, Homem Cardoso, D.R., Inácio Ludgero, Jaime Serôdio.

Nota – Tudo fizemos para a maior identificação dos autores fotográficos. Porém, muitas fotos não estavam assinadas. Assim, se os seus autores as reconhecerem, agradecemos a comunicação.

Ficha T Cnica

Titulo | “Eu Fadista me Confesso”

Uma Edição: EGEAC | Museu do Fado antes da autora

Autora | Maria de Lourdes De Carvalho (SPA 0/1080)

Prefácio | Sara Pereira

Produção Executiva | Patrícia Parrado

Transcrição musical | Rão Kyao e Renato da Silva

Grafismo musical | António Parreira

Imagens do Arquivo do Museu do Fado

Imagens do Espólio de Maria Edite Almeida

Design Gráfico | Luís Carvalhal

Impressão |

Tiragem | 300 ex.

Selo Digital SPA

Depósito Legal |

ISBN |

1.ª Edição: 2021

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