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O Fadista…

O Fado estava-lhe no sangue. Como amador percorre os caminhos abertos por aqueles que ele tanto admirava. Vai cantando um pouco por todo o lado. Aqui e ali vai deixando a sua emoção e vai emocionando.

Muito solicitado de Norte a Sul do País, Manuel de Almeida percorreu e cantou em Restaurantes Típicos e Retiros, até se fixar como Fadista residente em diversos espaços em Lisboa e Cascais.

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Dois nomes incontornáveis da canção portuguesa:

Elenco de “A Tipóia” no tempo de Manuel de Almeida. Reconhecem-se (da esquerda para a direita) Adelino dos Santos, guitarra portuguesa, Filipe Pinto, Adelina Ramos e Natália dos Anjos, fadistas; Miguel Ramos viola de fado e compositor.

A Tipóia

Manuel de Almeida; (pela direita) o popular cantor da época Luís Mariano (Mariano Eusébio González y Garcia, 1914-1970, tenor basco que viveu e fez a sua carreira em França) ao lado de Adelina Ramos; Mali Socorro (Maria Emília Soares dos Santos, 1928-2009); (pela esquerda) Américo Coimbra, português, actor de cinema, Alice Maria, fadista.

Diz-se ter sido a fadista Maria Pereira (1914-2003) quem o incentivou a cantar pública e profissionalmente na casa onde então trabalhava “A Tipóia” – Restaurante Típico – fundado em 1950 pela “fadista de raça”, como era tratada, Adelina Ramos (1916-2008) e por seu marido José Maria Baptista Coelho “o calcinhas”. A casa encerrou com esta gerência em 1975.

“Fui, cantei dois fados.

Desde logo passei também a participar do elenco da Tipóia”

Assim, em 1951, Manuel de Almeida, com 29 anos de idade, torna-se profissional auferindo um cachet de 60$00 (sessenta escudos) por noite. Permanece ali durante algum tempo. Mas a sua presença era muito solicitada e Manuel de Almeida parte para outros espaços e lugares.

“A Tipóia” era famosa pela sua “cozinha” e pelo elenco artístico de “primeira água”. Assim, a melhor sociedade e os artistas das mais variadas áreas eram frequentadores assíduos.

Depois desta primeira experiência em local fixo, Manuel de Almeida deixa a “A Tipóia”, onde voltará mais tarde para permanecer cerca de 12 anos, indo aceitar cantar em outros espaços e assim fazer valer o seu mérito e cachet. Cantou no “Retiro de Artur Alves e Manuel Celeiro, ambos locutores, o abraço terno e inesquecível de Maria Leonor (Maria Leonor Leite Pereira Magro, 1920-1988)“Mestra” do saber na Arte de comunicar (Locutora/Apresentadora).

Cedo Manuel de Almeida começou a usufruir do reconhecimento público – privado ou institucional – homenageando-o sem reservas. Foi um caso de discreta popularidade. Assumidamente conservador quer nos hábitos, nos sentimentos ou nos princípios morais. Em tudo o que se lê nas suas entrevistas, realça a coerência. No Fado é tradicional, castiço e até inovador, mas sempre com a chancela do primordial.

Respondendo às mais diversas solicitações, Manuel de Almeida é presença que ninguém dispensa.

21/10/1957 lê-se na Placa “Homenagem da Empresa do Luso ao Cantador Manuel D’ Almeida”.

30/11/1960, Cartaz das Festas de Sporting Clube de Rio Seco. Interessante, mais vozes masculinas.

13/01/1962, Cartaz duma Noite da Canção Nacional. Manuel de Almeida tratado por “Rei do Fado Castiço” e a querida Helena Tavares (1932-1980) “Vedeta da Canção”.

O Pavilhão dos Desportos (hoje Pavilhão Carlos Lopes) foi pequeno para tanto publico e tantos colegas: uns brindaram--no com os seus fados, outros com os seus aplausos.

Reconhecem-se Maria Leonor, Artur Alves, Filipe Pinto (de costas) que lhe coloca na lapela uma simbólica “Guitarra de Ouro”. Em fundo, o Grupo de Marchantes da Bica.

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