MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
Este é o material educativo da exposição POR TERRITÓRIOS E LUGARES Exposição 002, realizada a partir das pesquisas de artistas aprovados no Edital 002/2012, Bolsa Ateliê para Artes Visuais, promovida pela Secretaria de Estado da Cultura - ES. Com textos que apresentam a mostra, a ideia aqui é desenvolver possibilidades de relações com os trabalhos e temáticas que percorrem a exposição. Incluímos também um Glossário, indicando as informações mais relevantes nas questões teóricas sobre a arte e sua história, e a ficha Experimentando práticas, com molde para a construção de uma câmara escura. O material é elaborado pelo Educativo do Maes, que pretende estimular a formação do olhar do público visitante do museu. Nele, esperamos que você possa se aproximar ainda mais das obras presentes na exposição, descobrindo novos conceitos e aprofundando seus conhecimentos em arte. Elaboramos 5 fichas contendo imagens das obras dos artistas. No verso, há textos que oferecem diferentes possibilidades de aproximações. Para você, professor e educador, as fichas são ferramentas de apoio para o planejamento de aulas e disparadoras de conteúdos e ações relativas ao ensino da arte. Nossa intenção é que o leitor possa observar suas primeiras impressões acerca dos trabalhos que compõem a exposição, encontrando um percurso reflexivo e atento às questões poéticas das obras. Elaboramos propostas que funcionam como sugestões para as ações educativas em espaços de formação, no museu e na sala de aula. Encaramos o Educativo do Maes como importante difusor das possibilidades que envolvem o contato com a arte e sua importância para a fruição crítica e estética da sociedade. Renan Andrade Silva Núcleo de Ação Cultural e Educativa
MUSEU DE ARTE DO ESPÍRITO SANTO DIONÍSIO DEL SANTO 2013
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
para expandir olhares As transformações ocorridas, principalmente, em meados do século XX construíram um novo e amplo cenário no campo das artes visuais. Em um ambiente de revoluções culturais no mundo ocidental, quando fomos tomados a perceber novas visões de mundo, vivendo o intenso desenvolvimento dos meios de comunicação, artistas da década de 1960 e 1970 passaram a pesquisar novas experimentações e outras formas de representar conceitos e imagens. Dessa atividade artística do final do século XX e início do século XXI se convencionou chamar de Arte Contemporânea. Grande parte da produção modernista - quando a tradição da pintura passou a ser negada e a arte escapou de um plano de narrativas para trabalhar com sua própria estrutura (cor, linha, textura) - deu força ao surgimento de outros tipos de obras na história da arte, inserindo novas linguagens no meio artístico, tornando corrente a aparição de termos como instalação e vídeo, além da exploração de diversos materiais e procedimentos na atividade artística. Ao artista compete refletir as indagações de seu tempo, utilizando a seu favor o repertório destrinchado pela história da arte. A associação da produção artística à ideia de estilos ou movimentos não procede nesse contexto, tornando livre e diversa a manifestação do artista contemporâneo. Os cinco artistas participantes da presente exposição revelam as indagações do sujeito contemporâneo num mundo em constante transformação e que, diversas vezes, encontra-se inerte à reflexão de nossas realidades e papéis e como seres humanos. Mundo e sujeito se alinhavam em questões que não só extrapolam o cotidiano, mas o utilizam como suporte para criar redes de discurso com um potencial poético, que torne possível o aprofundamento da consciência ativa sobre nossa condição humana.
MUSEU DE ARTE DO ESPÍRITO SANTO DIONÍSIO DEL SANTO 2013
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
glossário arte conceitual para a arte conceitual, vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra. O termo arte conceitual é usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961, entre as atividades do Grupo Fluxus. Nesse texto, o artista defende que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estaria vinculada à linguagem. O mais importante para a arte conceitual são as ideias, a execução da obra fica em segundo plano e tem pouca relevância. Além disso, caso o projeto venha a ser realizado, não há exigência de que a obra seja construída pelas mãos do artista. Ele pode muitas vezes delegar o trabalho físico a uma pessoa que tenha habilidade técnica específica. O que importa é a invenção da obra, o conceito, que é elaborado antes de sua materialização. [...]
arte contemporânea os balanços e estudos disponíveis sobre arte contemporânea tendem a fixar-se na década de 1960, sobretudo com o advento da arte pop e do minimalismo, um rompimento em relação à pauta moderna, o que é lido por alguns como o início do pósmodernismo. Impossível pensar a arte a partir de então em categorias como "pintura" ou "escultura". Mais difícil ainda pensá-la com base no valor visual, como quer o crítico norteamericano Clement Greenberg. A cena contemporânea - que se esboça num mercado internacionalizado das novas mídias e tecnologias e de variados atores sociais que aliam política e subjetividade (negros, mulheres, homossexuais etc.) - explode os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a experiências culturais díspares. As novas orientações artísticas, apesar de distintas, partilham um espírito comum: são, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia. As obras articulam diferentes linguagens dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. -, desafiando as classificações habituais, colocando em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. Interpelam criticamente também o mercado e o sistema de validação da arte. [...]
fonte: http://www.itaucultural.org.br/
MUSEU DE ARTE DO ESPÍRITO SANTO DIONÍSIO DEL SANTO 2013
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
arte moderna o rompimento com os temas clássicos vem acompanhado na arte moderna pela superação das tentativas de representar ilusionisticamente um espaço tridimensional sobre um suporte plano. A consciência da tela plana, de seus limites e rendimentos inaugura o espaço moderno na pintura, verificado inicialmente com a obra de Éduard Manet (1832 - 1883). Segundo o crítico norte-americano Clement Greenberg, "as telas de Manet tornaram-se as primeiras pinturas modernistas em virtude da franqueza com a qual elas declaravam as superfícies planas sob as quais eram pintadas". As pinturas de Manet, na década de 1860, lidam com vários temas relacionados à visão baudelairiana de modernidade e aos tipos da Paris moderna: boêmios, ciganos, burgueses empobrecidos etc. Além disso, obras como Dejeuner sur L´Herbe [Piquenique sobre a relva] (1863) desconcertam não apenas pelo tema (uma mulher nua, num bosque, conversa com dois homens vestidos), mas também pela composição formal: as cores planas sem claro-escuro nem relevos; a luz que não tem a função de destacar ou modelar as figuras; a indistinção entre os corpos e o espaço num só contexto.
As pesquisas de Manet são referências para o impressionismo de Claude Monet (1840 - 1926), Pierre Auguste Renoir (1841 - 1919), Edgar Degas (1834 - 1917), Camille Pissarro (1831 1903), Paul Cézanne (1839 - 1906), entre muitos outros. A preferência pelo registro da experiência contemporânea, a observação da natureza com base em impressões pessoais e sensações visuais imediatas, a suspensão dos contornos e dos claro-escuros em prol de pinceladas fragmentadas e justapostas, o aproveitamento máximo da luminosidade e uso de cores complementares favorecidos pela pintura ao ar livre constituem os elementos centrais de uma pauta impressionista mais ampla explorada em distintas dicções. O termo arte moderna engloba as vanguardas europeias do início do século XX cubismo, construtivismo, surrealismo, dadaísmo, suprematismo, neoplasticismo, futurismo etc. - do mesmo modo que acompanha o deslocamento do eixo da produção artística de Paris para Nova York, após a Segunda Guerra Mundial (1939 1945), com o expressionismo abstrato de Arshile Gorky (1904 - 1948) e Jackson Pollock (1912 - 1956).
fonte: http://www.itaucultural.org.br/
MUSEU DE ARTE DO ESPÍRITO SANTO DIONÍSIO DEL SANTO 2013
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
crítica de arte numa acepção mais geral, escritos que se ocupam da arte e dos artistas são incluídos na categoria crítica de arte, como é possível observar nos dicionários e enciclopédias dedicados às artes visuais. A história da arte compreende a história da crítica, dos estudos e tratados que emitem diretrizes teóricas, históricas e críticas sobre os produtos artísticos. Os primeiros escritos sobre arte remetem à Antiguidade grega. Biografias de artistas (como as escritas por Duride di Samo, século IV a.C.), tratados técnicos sobre escultura e pintura, de Senocrate di Sicione e Antigono di Caristo, século III a.C., aos quais se junta, na época romana, o tratado de arquitetura de Vitrúvio, De Architectura, e "guias" artísticos (como o escrito por Pausaniam, século II a.C.) estão entre os primeiros textos dedicados à arte. Nesse contexto, o pensamento estético de Platão e Ari stó te l e s l e va n ta p ro b l e ma s fundamentais sobre o fazer artístico: a questão da fantasia (ou imaginação criadora), do prazer estético, do belo e da imitação da natureza (mimesis). [...]
instalação o termo “instalação” passou a ser usado na década de 1960 para se referir a trabalhos onde o espaço é utilizado como elemento constitutivo da obra, seja na criação de um ambiente, na construção de algo em um/para um espaço (interno, externo ou numa articulação de ambos) ou ao problematizar esses mesmos espaços; no entanto, desde seus primórdios sua definição é bastante ampla e imprecisa. O artista alemão Kurt Schwitters é considerado precursor na construção de instalações artísticas, materiais ordinários e cotidianos nas ruas para a construção sempre em processo e nunca finalizada de uma obra que nomeou Merzbau, iniciada na década de 1920, e que se estendia por grande parte do espaço interior de sua própria casa.
fonte: http://www.itaucultural.org.br/
MUSEU DE ARTE DO ESPÍRITO SANTO DIONÍSIO DEL SANTO 2013
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
experimentando práticas
Neste material disponibilizamos 2 fichas com moldes para a construção de uma câmara escura. Você ja ouviu falar sobre? A câmara escura foi a primeira forma de captação de imagem. O conhecimento de seus princípios óticos se atribui a Aristóteles, sendo usada também para observação de eclipses e como auxílio para desenho e pintura por Giovanni Baptista Della Porta. A formação das imagens baseia-se no princípio da câmera escura de orifício, que é uma caixa preta e vazia com um pequeno buraco em um dos seus lados, no qual há a entrada da luz transmitida por um objeto. No lado oposto da câmera é formada a imagem invertida do objeto. Toda câmera fotográfica é baseada nesse sistema. A imagem fica invertida porque a propriedade da luz se propaga em linha reta. Na internet você pode encontrar mais informações sobre a história da fotografia. Nessa exposição os artistas se utilizam da fotografia, registro e captação de imagens para realizar seus trabalhos. Observe os moldes aqui disponíveis e construa você mesmo sua câmara escura. Com as reflexões expostas sobre os trabalhos dos artistas da exposição, procure experimentar e repensar seu olhar através dessa captação de imagens!
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
mariana reis
1984
Brasília - DF
vive em Vitória - ES
orientador marcos martins projeto mutantes, 2013, instalação com matrizes de xilogravura. foto: mariana reis, 2013. registro de processo do projeto mutantes.
O pensamento que norteia o trabalho de Mariana Reis envolve a percepção da realidade enquanto vida, buscando compreender a existência humana como um processo biológico, que envolve múltiplas relações com seu habitat, tempo, espaço e convivências. Utilizando-se da técnica da gravura em madeira [xilogravura], produz imagens de seres fantásticos, apropriando-se de desenhos científicos, recriando seres que poderiam compor um museu de história natural, refletindo a verdadeira relação do homem com sua natureza e reorganizando a evolução biológica. Para essa exposição no museu, a artista instala um laboratório a ser investigado, ficando a cargo do espectador uma possível pesquisa acerca de possibilidades e formas de vida.
Você já pensou de que outras formas - mutantes ou não - podemos habitar e vivenciar nossas experiências como seres humanos?
O homem, ao longo da história, transformou o espaço ao seu redor, buscando uma forma “civilizada” e um modelo ideal de viver e habitar. Você conhece outras formas de morar em uma casa além da sua? Como vivem as pessoas do outro lado do mundo? Como vivem as pessoas que não habitam a cidade?
A paisagem urbana em que vivemos hoje foi transformada e construída. A história da humanidade modificou a condição humana com relação ao seu habitat. Vivemos hoje em grandes cidades, já acostumados com uma vida acelerada e inseridos num mundo de tecnologias eletrônicas. O trabalho de Mariana Reis também intervém no espaço urbano, buscando arquiteturas abandonadas, denunciando assim como encaramos nossas experiências na paisagem e em como nos distanciamos da natureza humana de convivência entre si.
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
COLETIVO monográfico
Vitória - ES
fabiana pedroni | joani souza | rodrigo hipólito orientador ivo godoy IC-PPs ou Ínfimos Corriqueiros – Pormenores Possessivos, 2013, instalação. foto 01: ventiladores cataventos, ornamento degenerado, 2013. foto 02: señalamiento (Re-vivo dito), 2013. ambas registro de processo do projeto IC-PPs.
Para as proposições feitas pelo trabalho IC-PPs, ou Ínfimos Corriqueiros – Pormenores Possessivos, percebe-se o campo de possibilidades de desdobramento, pesquisa e apresentação da arte contemporânea. Imagens captadas e processos discutidos reverberam em texto, poesia, vídeo, esquemas.
A linha instaurada pela Arte Moderna de negação da tradição da pintura, ou o Manifesto dadaísta, proclamando a antiarte, questionando o próprio objeto artístico e sua função conceitual e estética, empoderou coisas corriqueiras, objetos aos quais nos relacionamos em nosso cotidiano como elementos dispositivos do discurso artístico. As hélices de ventiladores em “ventiladores cataventos, ornamento degenerado” transfiguram-se num campo de flores, quase girassóis azuis. Uma cena à primeira vista absurda pode nos fazer pensar sobre outras perspectivas de realidade. Que aproximações podemos fazer entre flores e cataventos? O catavento cumpre a função estética de uma flor? para que servem os ornamentos? O Coletivo Monográfico, em sua extensa rede de conexões conceituais, efetiva como processo a captura de imagens e a reflexão de seu tempo, tornando algo,à primeira vista pequeno, significante para o universo afetivo das pessoas. Segundo os artistas, “de maneira geral: chamamos “ínfimos corriqueiros” o ato de dar atenção a fatos e atitudes despretensiosas, deixando que mostrem seu valor poético; já “pormenores possessivos” são pequenas parcelas da realidade captadas através da deriva estética e re-significadas para apresentarem carga poética [...]”.
Como podemos pensar nossa relação enquanto sujeitos perante o mundo? Registrar momentos do dia a dia e torná-los arte, por meio de fotografias ou mesmo um rabisco, configura um novo sentido para as coisas?
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
gui castor
1986
Vitória-ES
vive em Vitória-ES
orientador luis carneiro todas as histórias, 2013, vídeoinstalação. foto: autoria desconhecida. A partir de fotografias e vídeos encontrados em depósitos de lixo, o artista constrói um arquivo de imagens, fotografias, rolos de filmes, slides, cartas e objetos.
Segundo Gui Castor, “as imagens expressam momentos íntimos de pessoas. Viagens, jantares, reuniões, festas. Não há data e nem local. Me impressionava aquelas memórias ‘perdidas’, suscetíveis aos possíveis encontros. Absorver através do olhar, como um voyeur perpassando os fragmentos de vida daquelas pessoas. A morte presente no tempo. Em um mundo que a cada dia se comunica mais e ao mesmo tempo desaparece. O que supõe a necessidade de uma imagem, na paisagem audiovisual intensa de hoje?”.
Como um coletor de memórias, o artista recorta, no acaso, fragmentos de histórias do mundo. As imagens encontradas no lixo representam espaços e tempos registrados e, por fim, descartados. São histórias esquecidas e recriadas que se apresentam disponíveis à curiosidade do espectador. O artista concentra seu olhar atento e consciente sobre a produção massificada de imagens desde a popularização das câmeras fotográficas no século XX, repensando os diversos resquícios de momentos que foram importantes para quem os registrou.
Você possui imagens guardadas? Já encontrou algum material desse tipo na rua? Na imagem da mulher recostada, parte da instalação “todas as histórias”, a figura foi manipulada pelo artista, garantindo seu anonimato. Perceba que sem seu rosto, podemos voltar nossa atenção para a paisagem na fotografia. Onde e quem poderia ser? Já viu alguma foto semelhante? Procure objetos antigos e esquecidos na sua casa. Alguém poderia contar a história daquelas fotos ou daquele caderno antigo? Tente reunir elementos e memórias que foram esquecidos pelo tempo: construa histórias que somente esses objetos poderiam contar.
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
ivo godoy
1983
Vitória - ES
vive no Rio de Janeiro - RJ
orientador melina almada museu-ecrã, 2013, vídeoinstalação. foto: ivo godoy, 2013. registro de processo do projeto museu-ecrã.
O artista Ivo Godoy trabalha há algum tempo com uma pesquisa utilizando-se do vídeo como forma de ativação crítica de espaços expositivos. A partir do material de vídeo capturado em diversas instituições de museus de arte contemporânea na América do Sul, América do Norte e Europa, Ivo pretende incentivar o espectador e refletir sobre os espaços institucionais de exposições de arte, elaborando estratégias visuais e criando um ambiente que convide o espectador a participar de suas percepções.
“Para falar de Museu-Ecrã é importante antes falar dos videocríticas. Trata-se de uma pesquisa poética que venho produzindo desde 2009 onde edito imagens que capturo em ambientes de exposição de arte. A montagem dessas imagens é pensada de forma a criar simultaneamente um desdobramento das obras registradas e uma reflexão crítica, como um tensionamento entre um ‘limite’ entre obra e crítica de arte” Ivo Godoy, em entrevista via e-mail realizada em agosto de 2013.
Quando vamos tirar uma foto ou gravar um vídeo, costumamos planejar a cena? A forma como enquadramos a imagem diz muito sobre aquele momento registrado? De que forma você poderia falar sobre o seu dia sem palavras, apenas por imagens? E se registramos essas imagens do dia a dia, de que forma poderíamos apresentá-las para transmitir nossos sentimentos com relação a elas? A crítica de arte prevê uma ação interpretativa dos objetos e conceitos artísticos. Apresenta olhares e formas de se perceber os discursos presentes em uma obra ou exposição. Na foto do caderno do artista podemos encontrar suas anotações durante visitas em exposições de arte. Podemos perceber as obras sem perceber o espaço do museu? Como as pessoas se portam nas salas e perante a contemplação das obras? Vemos também estratégias do artista para registrar imagens dentro dos museus. Por que em alguns museus fotografar não é permitido? É mais interessante fotografar as obras ou poder vê-las de perto? O que você sente quando está num museu?
MATERIAL EDUCATIVO por territórios e lugares - exposição 002
juliana morgado
1974
Belo Horizonte - MG
vive em Vitória - ES
orientador lincoln guimarães m.u.n.d.o., 2013, vídeoinstalação. foto: marcelo maia, 2013.
Aqui a artista se utiliza da vídeoinstalação para discutir sobre paisagens. Você conhece alguma obra de arte que tenha o vídeo como suporte? Pesquise sobre artistas como Nam June Paik com seu trabalho TV Garden, de 1974; Bill Viola, com The passing, de 1991; Peter Campus, com Magnet TV, de 1965; Robert Morris, com Pharmacy, de 1962; e artistas como Richard Serra, Bruce Nauman, Robert Smithson, além dos brasileiros Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Gisela Motta & Leandro Lima, André Parente, Rodrigo Braga, entre outros.
A pesquisa que deu origem ao projeto m.u.n.d.o., de Juliana Morgado, surgiu em 2008, quando realizou uma série de vídeos experimentais na cidade de Diamantina. As sequências de imagens em giro, assim produzidas, tinham como propósito, naquele momento, gerar uma experiência que resultasse do desencontro ou da impossibilidade de realizar uma imagem/obra que desse conta das ideias dos próprios moradores a respeito da identidade daquele lugar.
Para essa exposição, são apresentados em projeção mapeada três vídeos filmados com a câmera em giro acoplada ao corpo da artista. As imagens foram captadas em algumas localidades do Estado do Espírito Santo, escolhidas na premissa de ter como letra inicial uma das que compõe o nome do próprio trabalho: m.u.n.d.o. Os pontos para captação das imagens são escolhidos conforme as relações afetivas e estéticas da artista e dos moradores da região, na intenção de mapear lugares de contemplação daquela localidade conforme seus olhares e concepções de paisagem. A artista convida esses habitantes a compartilhar suas observações sobre o mundo que os rodeia, tendendo a gerar assim possibilidades de novas percepções.
Quais são as suas paisagens? Em m.u.n.d.o. Juliana ressignifica o conceito de paisagem. Como poderíamos fazer o mesmo captando, nós mesmos, imagens ao nosso redor? Observe nos percursos que você faz no dia a dia que paisagens compõem esse trajeto e quais mais te atraem. Tente experimentar novas formas de olhar ao seu redor: utilize câmeras fotográficas, um aparelho celular com câmera ou um monóculo de papel e teste movimentos, cores e elementos que compõem sua paisagem.