nº 51 agosto 2016
notícias do Museu Municipal de Palmela A NÃO PERDER...
MUSEUS E PAISAGENS CULTURAIS
PEÇA DO MÊS
6 AGOSTO - VISITAS GUIADAS 10H00 - Castelo de Palmela (Ponto de encontro – Igreja de Santiago) 14H30 - Centro Histórico - Vila de Palmela (Ponto de encontro – Chafariz de D. Maria I) Visitas orientadas por Voluntário do Museu Municipal de Palmela. Frequência gratuita. Duração: 1h30 Insc.: patrimonio.cultural@cm-palmela.pt | 212 336 640 (limite: 15 inscrições até às 12h de 4 agosto) Org.: Câmara Municipal de Palmela e Dr. António Lameira
Neste período de descanso estival, desejamos umas boas férias e sugerimos que visitem o Património Local. Há tanto por conhecer e descobrir! Acompanhe a nossa programação e consulte informação diversa, a partir da nossa página de facebook e do nosso sítio na plataforma ISSUU.
Vila de Palmela, a partir da serra do Louro, 2016
nº 51 agosto 2016
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PEÇA DO MÊS
O CÍRIO DE PALMELA AO SANTUÁRIO DO CABO ESPICHEL Os usos e tradições – marcas fundamentais da cultura e da identidade – confluem, desde há séculos, no fazer da paisagem cultural. Neste contexto, a tradição do Círio ao Santuário do Cabo Espichel1 - uma herança geracional de muitas famílias de Palmela - é aqui recordada por Lourdes Tabonça. «Todos os anos, o meu pai pegava na família e saíamos – juntavam-se muitas famílias de Palmela em carroças puxadas a mulas, para a romaria que se realizava em Sesimbra, a 15 de Agosto, onde faziam a procissão ao cruzeiro no cabo Espichel. Costumávamos sair uns dias antes para apanhar a data do aniversário a 13 de Agosto e regressávamos a 16 de Agosto. Era muito trabalho, pois as mulheres preparavam toda a comida para a família para aqueles dias de festa. Levavam-se galinhas e coelhos para cozinhar …. A carroça era preparada especialmente para aquela viagem. Arranjavam-se umas bancadas para transportar a família e carregavam uma arca em madeira - que ainda tenho guardada no sótão – que enchiam com os pertences. Para nós, crianças, era uma brincadeira constante, pois as famílias juntavam-se e ali decorria, em festa, aqueles três dias de romaria. Quando lá chegávamos, o meu pai já tinha uma casa – davam-lhe a chave – que as mulheres preparavam, limpavam e estendiam a palha dos animais onde faziam as camas todas seguidas no chão, com lençóis e mantas. Lá íamos a banhos, mas os homens iam para um lado, separados das mulheres e crianças, onde se despiam. As crianças [como eu] apenas molhavam os pés e as pernas, porque só havia praia de pedras, e tínhamos de ter muito cuidado. No final da romaria, o meu pai obrigava os animais a darem a volta, três vezes ao cruzeiro, e só depois fazíamos a viagem de regresso a Palmela. Na fotografia está o meu pai, que guia os animais; a seguir o meu sogro, António José Chula, e o meu marido. A pé, com a mala do instrumento musical, está o meu cunhado (irmão mais velho do meu marido), Acácio Chula, clarinetista da Sociedade Humanitária. Atrás dele, no assento, estou eu – já era casada!» Maria de Lourdes Tabonça Chula [1928], Palmela, Janeiro de 2016 Consultar: Documentários «Arrábida Imaterial», «Al-Rábita: a Serra e o Homem» e DGPC – conjunto edificado A devoção em torno de Nossa Senhora do Cabo foi instituída em 1672, congregando muitos romeiros das mais distintas freguesias que se organizavam na devoção ao culto mariano. Em Palmela, o culto peregrino foi promovido em 1822 pela Sociedade Filarmónica Humanitária, com os festejos anuais do círio, a 15 de Agosto, portanto posterior ao compromisso seiscentista.
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Viagem de regresso da romaria do Círio ao Cabo Espichel [16 de Agosto de 1950]. [sa.].
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PEÇA DO MÊS
Designação: Roda (de carroça) Proveniência: Pinhal Novo Inventário: (MATRIZ) MMP.2010.04.105 Matéria: Madeira e metal Cronologia: 1ª metade do século XX Dimensões: 120 Ø Roda de Carroça, constituída por um aro de ferro circular e pinas de madeira; raios que vão das quinas até ao centro da roda onde se vão alojar na «massa» cilíndrica que contém uma «cinta» de ferro circular, para evitar que a madeira rache. As carroças constituíam um dos principais meios de transporte até à primeira metade do século XX. No concelho de Palmela existiam várias oficinas onde os proprietários rurais recorriam para a produção ou manutenção da sua carroça. Esta roda faz parte do espólio doado ao Museu Municipal, em 2001, pelos descendentes do ferreiro António Teixeira de Faria, de Pinhal Novo. Na vila de Palmela, a Oficina do Costa tinha a primazia deste negócio. Estas oficinas eram, também, importantes escolas. Aqui, os aprendizes ainda muito jovens, iniciavam-se nos vários ofícios (ferreiro, carpinteiro, abegão), sendo depois recrutados para outras oficinas ou empresas da região. BIBLIOGRAFIA ROSENDO, Teresa - «Ferreiro Faria entre ferro e fogo. Da colecção à exposição (1º parte)» in Boletim +museu, n.º 8, maio/outubro de 2007. Palmela: Museu Municipal, 2007. (2 – 6) ROSENDO, Teresa - «Ferreiro Faria entre ferro e fogo. Da colecção à exposição (2º parte)» Boletim +museu, n.º 9, maio/outubro de 2008. Palmela: Museu Municipal, 2008. (3 – 8)
Museu Municipal, 2016