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nº 49 junho 2016

notícias do Museu Municipal de Palmela A NÃO PERDER...

MUSEUS E PAISAGENS CULTURAIS

PEÇA DO MÊS

1 JUNHO - DIA DO CONCELHO 19H00 | SERRA DO LOURO - Visita ao sítio arqueológico do Alto da Queimada 21H00 | TEATRO O BANDO - Antestreia do espetáculo DAS NUVENS No âmbito das comemorações do Dia do Concelho realiza-se a visita à Alcaria do Alto da Queimada - sítio arqueológico islâmico -, dinamizada pela arqueóloga Michelle Santos e por um dos habitantes desta aldeia, seguindo-se a antestreia do espetáculo, encenado por João Brites, com música de Jorge Salgueiro, cenografia de Rui Francisco, e conta com o ator Guilherme Noronha e a menina Maria Gonçalves. Info./Insc.: patrimonio.cultural@cm-palmela.pt |212 336 640 Limite de inscs.: 60 (até às 12h de 31 maio) Público-alvo: Famílias e público em geral. Frequência gratuita Org.: Câmara Municipal de Palmela e Teatro o Bando

4 JUNHO - VISITAS GUIADAS 10H00 - Castelo de Palmela (Ponto de encontro – Igreja de Santiago) 14H30 - Centro Histórico - Vila de Palmela (Ponto de encontro – Chafariz de D. Maria I) Visitas orientadas por Voluntário do Museu Municipal de Palmela. Frequência gratuita. Duração: 1h30 Insc.: patrimonio.cultural@cm-palmela.pt | 212 336 640 (limite: 15 inscs. até às 12h de 2 jun.) Org.: Câmara Municipal de Palmela e Dr. António Lameira

18 JUNHO | 21h00-22h30 - PEDDY PAPER NO CASTELO Tendo como pano de fundo o luar, convidamos à descoberta da história do castelo, por meio de perguntas, pistas e enigmas. Traga a sua lanterna! Público-alvo: Famílias e público em geral. Frequência gratuita Insc.: patrimonio.cultural@cm-palmela.pt |212 336 640 (limite: 30 inscs. até às 12h de 16 jun.) Org.: Câmara Municipal de Palmela

FÉRIAS NO MUSEU «UMA AVENTURA NO CASTELO DOS VENTOS» Descobrir o Castelo a partir da obra de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães. 21 a 24 junho (6-10 anos) – limite: 20 insc. | 28 junho a 1 julho (11-14 anos) – limite: 20 insc. Local: Castelo de Palmela e instalações do Teatro O Bando (serra do Louro) Horário: 3.ª e 4.ª feiras (10h00-17h00) | 5.ª para 6ª feira: início às 10h com dormida nas instalações do Teatro O Bando e termo da ação 6ª feira às 18h30. Insc./info.: patrimonio.cultural@cm-palmela.pt | 212 336 640 (até 16 junho) Preçário: Residentes no concelho - 25,15 € | Residentes fora do concelho – 50,30 € Pagamento no Posto de Turismo, no castelo, até 16 junho. Org.: Câmara Municipal de Palmela e Grupo de Teatro O Bando Apoio: Centro Moinhos Vivos (BIOSANI)

Castelo de Palmela


nº 49 junho 2016

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MUSEUS E PAISAGENS CULTURAIS

PEÇA DO MÊS

“Até S. Pedro há o Vinho medo” Cultura dominante da economia fundiária, a vinha é uma marca milenar na paisagem de Palmela. Com um calendário anual de grande exigência, é na Primavera que o viticultor dedica uma particular atenção ao ciclo vegetativo da videira, iniciando um conjunto de práticas culturais, os cuidados fitossanitários, de prevenção às principais pragas - míldio1 e oídio2 que, a qualquer momento, ameaçam a qualidade do vinhedo e a produção vinícola. Os trabalhos, que se prolongam até final da estação, intensificam-se em Junho, o mês mais crítico, sinalizado no provérbio “Até S. Pedro há o Vinho medo”. O viticultor de antanho “pedia aos santinhos” um tempo calmo que não comprometesse o grau de maturação do fruto até «ao pintar do bago». Fazia-se então o tratamento preventivo de pulverização das videiras, à base de calda bordalesa. Era o tempo das curas, aqui recordado por antigos trabalhadores da Herdade de Algeruz. «Ao fim de vinte e um dias volta a curar outra vez. E depois novamente. Há anos que até tem que se dar seis curas. Quando o tempo está bom, não tem aquele orvalheiras de manhã. Nota-se quando começa a aparecer o mal, na parra da cepa e no cacho; também se nota que dobra, não se desenvolve. E aquele cacho já não dá uva. No total, quarenta a sessenta pessoas trabalhavam a vinha [em Algeruz].” Fernando Felix Loureiro [1945], antigo trabalhador da Herdade de Algeruz - Palmela Museu Municipal/ Arquivo de Fontes Orais, 2004 “Nessa altura [finais de anos 50’] havia só um tractor com uma máquina de curar (...) e o resto era curado com as mulas, que eram engatadas nas máquinas [de sulfatar]. Depois tínhamos umas barricas em madeira. Espalhavam-se pela rua fora [segundo o compasso da vinha] de tantos em tantos metros, e depois ia um tractor com aqueles cascos em cima a encher as barricas de água. Carregava-se de sulfato umas medidas, de dez ou cinco litros. Pesavam-se e [misturava-se]. Mexiase. Fazia-se a calda e eles iam trabalhando assim. Nessa altura havia aí vinhas que se curavam com o regador [ou com torpilha ou pulverizador] às costas [com torpilha ou pulverizador]. Só depois, quando se arranjou aquelas máquinas [de sulfatar], se acabou com o pessoal. João Silva [1953], antigo trabalhador da Herdade de Algeruz – Palmela Museu Municipal/ Arquivo de Fontes Orais, 2004 O míldio é um parasita fúngico originário da América, e identificado em Portugal em 1908. A praga desenvolve-se rapidamente em ambiente climático favorável, como a que se verifica este ano no Distrito de Setúbal, com sérias ameaças à produção, devido à conjugação de pluviosidade e tempo quente. 2 O oídio hiberna nos gomos da planta ou na superfície, activando a partir dos 15ºC e 25% de humidade. A doença é controlada desde 1854 com a aplicação de enxofre. 1

Herdade de Algeruz - freguesia de Palmela


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PEÇA DO MÊS

Designação: Pulverisador Hipólito Marca: Hipólito. 1ª qualidade. Fábricas Metalúrgicas. Torres Vedras Fabrico: Casa Hipólito, LDA. - Portugal Matéria: Cobre, ferro e couro Cronologia: Século XX [anos 50] Dimensões: Peso bruto: 10,5 Kg.; Cubicagem da caixa: 0,55x0,32X 320x0,15 Proveniência: Doação, 2007 Inventário: 2007.04.378. Fabricado por António Hipólito “industrial de progresso, com equipamento bem apresentado e de boa construção” (DUARTE, 1931: 263), nas Fábricas Metalúrgicas, em Torres Vedras, este instrumento agrícola era utilizado nos tratamentos da vinha e de outras culturas agrícolas. Esta série, fabricada em cobre e com o depósito estanhado interiormente, tem acoplada uma alavanca, uma lança ou agulheta e um tubo de borracha. O modelo baseia-se no sistema francês Gobet que, segundo o folheto «é fabricado com matérias-primas de qualidade. A sua perfeição marca um progresso importante na técnica de fabrico de pulverizadores», reconhecido com Medalhas D’Ouro 1. No uso diário, de transporte da calda bordalesa para a aplicação do produto líquido de combate ao míldio, o pulverizador era carregado e atado ao dorso do trabalhador do campo por duas correias de couro. Para fazer o tratamento fitossanitário da vinha, abastecia-se o pulverizador de calda, e ao puxar a alavanca que imprimia pressão, esguichava o líquido distribuindo-o pela agulheta adaptada a uma extensão de mangueira que termina num bocal estreito ou boquilha. BIBLIOGRAFIA COUTINHO, António Xavier Pereira - Tratado Elementar da Cultura da Vinha, Lisboa: Livraria Nacional e Estrangeiro, 1895, pp. 467-483 e pp. 495-524 D’ AYGALLIERS, P. - Árboles Frutales y Vinas, Pequena Enciclopedia Práctica de Agricultura, N.º 10, Madrid: Casa Editorial Bailly-Bailliere, sd., pp. 156-172 DELGADO, Santos - A Cultura da Vinha, Lisboa, Livraria Ferin, Editora, 1930, pp. 132-143 DUARTE, A. - Apontamentos de Vinificação, N.º 0051, Lisboa, 1931 VILLA MAIOR, Visconde - Manual de Viticultura Pratica, 2ª ed., Porto: Ernesto Chardron Editor, 1881, pp. 388-409. 1

Folheto da CASA HIPÓLITO. LDA. – Portugal (s.d.).

Pulverizador Hipólito Fotografia: Paulo Nobre, 2008


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