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A invasão dos mequetrefes

Guitarrista, produtor, especialista de produtos, instrutor musical, sideman, atuante no mercado desde os 13 anos de idade, colaborador didático de publicações musicais e escritor.

Você é daqueles que atrapalham, dos que vivem na comodidade ou dos que pensam em soluções para seguir crescendo?

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Mudar ou não mudar? Essa é a questão...

Começo o texto narrando uma história, hipoteticamente possível, para provar um ponto de vista.

Uma pessoa abre um açougue, e na frente deste, vive um vegano, e começa diariamente a importunar o dono do açougue, e até seus clientes. O que faz o açougueiro?

Outra... Você abre uma loja de lantejoulas no meio do mato, próximo de uma estrada de terra, e surpreendentemente, apesar de não ter muitos clientes, você tem UM que compra muito, e esse volume de vendas chega a pagar as contas e ainda dar lucros… O que você faz? Nos dois exemplos temos questões de problemática oposta, mas que envolvem a questão do UM.

No primeiro, uma pessoa só atrapalha muito, e no segundo, tudo se apoia em uma única pessoa. Nas situações aqui descritas, existe como parte da solução a necessidade de sair da comodidade, da zona de conforto, e fazê-lo consciente da necessidade de ação.

Porém, sempre haverá pseudoespecialistas que dirão ao primeiro que

se mude, e ao segundo que fique, afinal, há um equilíbrio nos negócios. Assim sendo, na lei do menor esforço, o primeiro se muda e perde toda a clientela, e o segundo permanece, investe em marketing no meio do mato e, na morte de seu único cliente, vai à falência.

A solução para o primeiro seria, judicialmente, estabelecer limites pelos seus direitos e os de seus clientes, para que essa única pessoa não pudesse mais importunar a ele e seus clientes. Acionar medidas legais é trabalhoso, e nada confortável.

Mudar por um obstáculo é a solução dos acomodados

No segundo caso, a loja deve mudar de lugar, porém atendendo remotamente, via delivery, às necessidades do principal cliente, mas não se manter num local onde jamais poderá expandir seus negócios, pois ser o primeiro num local com algo desnecessário não traz supremacia, apenas questões de fracasso iminente.

No mercado da música, por vezes se ouvem demais pseudoespecialistas, ou se age de menos por comodismo. Às vezes, a leitura da realidade é imprescindível, e a maneira de interpretar números e fatos, quando fora do contexto, gera erros indescritíveis. Já dei esse exemplo uma vez, mas vou revisitá-lo com detalhes.

Uma novela ou série de TV tem no seu cenário um violino na parede, colocado como decoração. E esse programa faz tanto sucesso que pessoas começam a comprar violinos e a pendurar na parede, imitando a decoração do ambiente do protagonista. O resultado aparente são manchetes de que o mercado de instrumentos eruditos passa por um aquecimento, e que violino é o grande instrumento do momento. Ninguém sequer se pergunta por que não aumenta a venda de arcos.

O que fazem as empresas nesse cenário? Fabricam e importam maciçamente maus violinos. Porém, cedo ou tarde, a demanda artificialmente criada nessa bolha cessará, gerando prejuízo e paralisação no setor, pois será um encolhimento brusco. Sob observação atenta, o que deveria ser feito? Aproveitar a bolha temporária de consumo e investir num marketing que faça as pessoas que adquiriram o violino como item decorativo estudarem o instrumento.

Mas o retorno disso aumenta as vendas inicialmente?

Não... Mas garante um crescimento real e gradual do mercado futuro. Essa cegueira empresarial de não formar mercado e pensar no lucro do agora é que puxa o tapete das empresas no mercado da música.

A era atual, cheia de conceitos e ideias vazias, que afastam por vezes as empresas do lucro, é liderada por “Dom Quixotes” do marketing. Gente que teoriza o oposto do óbvio, e que pensa no monismo de curto prazo.

Na incapacidade de medir os meios virtuais com exatidão, investem em digital influencers pelo número de seguidores, e não pela influência específica no nicho, ou pelo retorno real de venda e institucional de marcas. Com isso, validam os “famosos quem?”, esquecendo os reais promotores de marca. Essas observações ocorrem na área de endorsers, parcerias e investimentos de imagem de marca.

Muitas empresas contratam ou dão ouvidos a “palpiteiros de luxo”, que nunca estiveram no mercado da música, sem falar nos coaches de coisa nenhuma. A ascensão dessa mentalidade mequetrefe e pseudoespecializada está lentamente parasitando o mercado musical, pois a virtualidade é líder, mas quando não se traduz em vendas, é um saco de vento.

O virtual só terá contato com a realidade enquanto projetar lucro imediato, mas também garantir lucro futuro. É a obviedade... Apoiar-se em um munido de lucidez é melhor do que em cem desprovidos de raciocínio. n

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