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Rodrigo Capistrano SAXOFONE ERUDITO

O saxofone wo rkshop S A X O F O N E

por si só

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Por Rodrigo Capistrano

Olá, caros colegas. O assunto a ser abordado nesta edição é o repertório erudito para saxofone solo. Quando me re ro à palavra ‘solo’, entenda-se ‘desacompanhado’, ou seja, tocando sem o acompanhamento de piano, violão ou qualquer outro instrumento harmônico ou mesmo melódico.

Da mesma forma que em meu último artigo, que tratava de um assunto pouco explorado pelos saxofonistas (repertório orquestral para o saxofone), o tema desta edição também é modestamente abordado, pois quase sempre a escolha do repertório a ser apresentado pelos músicos dá preferência às peças com acompanhamento de piano, aliás, fórmula essa extremamente rica em termos de escrita para os dois instrumentos quando juntos em um recital. Temos uma gama incrível de obras importantíssimas para essa formação dos mais diversos estilos e de compositores de várias nacionalidades.

De volta ao assunto em questão, chegamos obviamente à conclusão de que quando estamos tocando sozinhos no palco, a responsabilidade se multiplica e as atenções da plateia estão voltadas única e exclusivamente para o saxofonista em cena. Esse processo musical se constitui em um imenso e interessantíssimo desa o. Sob certo aspecto, tal desa o é muito mais difícil do que tocar acompanhado de uma orquestra. Tudo ali está exposto e desnudo no palco e o solista deve ser o único agente interlocutor com o público, assumindo sozinho todos os riscos dessa aventura. Todas as possibilidades de sons, timbres e cores instrumentais devem ser exploradas ao máximo pelo intérprete, que deve levar para o palco o famoso conceito de que menos é mais.

Todo o detalhamento da preparação de uma interpretação solo deve ser evidenciado se comparado à forma de se tocar em grupos, sejam eles menores ou maiores. Pelo fato de estarmos sós, devemos rever atentamente conceitos básicos como articulação e dinâmica, sem esquecer, é claro, da a nação, já que as relações intervalares entre as notas têm de permanecer corretas mesmo sem o apoio de um instrumento harmônico.

As articulações devem ser levadas ao extremo para assim criar impacto e surpresa. Da mesma forma, as dinâmicas têm de ser bastante exageradas para dar a coloração adequada às ideias musicais que se pretende passar.

A ideia dos tempos (andamentos) escolhidos também merece atenção especial, pois o pulso interno do músico tem de estar absolutamente compreendido e orgânico para evitar  utuações que prejudiquem a  uência do discurso e, consequentemente, o fraseado. Para se chegar a essas de nições, necessitamos fazer inúmeros testes antes de escolher as marcações metronômicas de estudo e que serão depois utilizadas em concerto.

A presença por assim dizer ‘cênica’ do músico e a sua postura no momento da performance são aspectos a se valorizar, já que certas peças contemporâneas pedem que todo o espaço do palco seja explorado de forma a fazer parte ‘ativa’ da composição. A própria colocação das estantes deve ser feita de forma a não esconder a movimentação do instrumentista e assegurar o menor número de viradas de páginas da partitura – eventualmente duas ou até três estantes podem ser usadas para se tocar um único movimento.

Um detalhe interessante é que algumas obras solo, embora não possuam acompanhamento, são escritas especi camente para algum tipo

PEÇAS ADAPTADAS

Algumas peças solo originais para outros instrumentos são também utilizadas pelos saxofonistas. A seguir, alguns breves exemplos: • Tango – Etudes. (Astor PIAZZOLLA) Ed. Henry Lemoine • Vingt-deux Pièces – Cinq Suites. (Johann Sebastian BACH) Gérard Billaudot Éditeur • Caprice Op. 1 N° 24. (Nicolo PAGANINI) Dorn Publications/Cop. • Partita Pour la Flûte Traversière.* (Johann Sebastian BACH)

G. Henle Verlag *Obs.: Esta é uma das obras pedidas no programa de ingresso ao Conservatório de Paris.

PEÇAS ORIGINAIS

• Seresta Nº 2. (Liduino PITOMBEIRA) Edição do autor • Monólogo 96. (Edmundo VILLANI-CÔRTES) Edição do autor • Duas Peças. (Ricardo RAPOPORT) Edição do autor • Solilóquio I. (Harry CROWL) Manuscrito do autor • Suíte. (Henrique David KORENCHENDLER) Edição do autor • Monólogo para um Amigo. (Andersen VIANA) Edição do autor • Khyma. (Gilberto CARVALHO) Edição do autor • Prelúdio Nº 1. (Dilson FLORÊNCIO) Edição do autor • Fracta. (Hudson LACERDA) Edição do autor • Paisagem Sonora N. 06 Op. 34. (Rodrigo LIMA) Edição do autor • Agnus Dei. (Gottfried MULLER) Ed. Kuffner & Drechsler • Caprice en Forme de Valse. (Paul BONNEAU) Alphonse Leduc • Congoja. (Esteban EITLER) Ed. Politonia • 12 Études – Caprices. (Eugène BOZZA) Alphonse Leduc • Èpisode Quatrième. (Betsy JOLAS) Alphonse Leduc • Ètude de Concert. (Guy LACOUR) Gérard Billaudot • Fantasy Piece. (Ronald L. CARAVAN) Ethos Publications • Hard. (Christian LAUBA) Ed. J.M.Fuzeau • Horoscope. (Marie Hélène FOURNIER) Ed. M.Combre • Huit Petites Etudes Autour du Tango. (Gustavo

BEYTELMANN) Misterioso • Improvisation et Caprice. (Eugène BOZZA) Alphonse Leduc • Improvisation I. (Ryo NODA) Alphonse Leduc • Improvisation II. (Ryo NODA) Alphonse Leduc • Improvisation III. (Ryo NODA) Alphonse Leduc • Madness in Three Episodes. (David S. POLANSKY)

Almitra Music Co • Maï. (Ryo NODA) Alphonse Leduc • Mélange. (Jeffrey MILLER) Norruth Mus. Inc. • Monolog Nr 4. (Erland von KOCH) SK-Gehrmans Musikforlag • Sequenza VII b. (Luciano BERIO) Universal Edition • Sequenza IX b. (Luciano BERIO) Universal Edition • Six Miniatures. (Jacques BERNARD) Ed. Andel • Solfegietto N. 8. (Claude BALLIF) Ed. Musicales Transatlantiques • Sonata. (Sigfrid KARG-ELERT) Musikverlag Zimmermann • 25 Capricen Op. 153. (Sigfrid KARG-ELERT) Musikverlag Zimmermann • Sonate. (Jeanine RUEFF) Alphonse Leduc • Suite Pour Saxophone Solo. (François DANEELS) Shott • Tre Pezzi. (Giacinto SCELSI) Ed. Salabert • Maknongan. (Giacinto SCELSI) Ed. Salabert • Ixor. (Giacinto SCELSI) Ed. Salabert • Distance. (Toru TAKEMITSU) Ed. Salabert Segue uma lista de algumas obras solo originais e as suas respectivas editoras:

Paisagem Sonora nº 6 Sax alto solo

Op. 34

Rodrigo Lima

de saxofone por determinação do compositor. Cabe a nós, saxofonistas, seguir essa orientação tocando no saxofone indicado no sentido de respeitar a ideia de timbres e a concepção original da peça musical. Por exemplo, uma obra concebida para as características timbrísticas do saxofone soprano talvez soe imensamente diferente se executada por um saxofone barítono e vice-versa.

Deixo aqui a sugestão de um CD com repertório solo extremamente bem realizado. O disco se chama  e Solitary Saxophone (selo BIS) e foi gravado por Claude Delangle, professor do Conservatório Nacional Superior de Música de Paris.

Rodrigo Capistrano é saxofonista, diplomado e pós-graduado em música de câmara pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

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