VIOLÃO PRO JUNHO | 2006
ACÚSTICO, ELÉTRICO E EQUIPAMENTOS
JOÃO BOSCO
JOÃO BOSCO
MELHORE SUA TÉCNICA
Aulas com Alessandro Penezzi, Edmílson Capelupi, Lê Matos, Rudy Arnaut, e Roberto Corrêa
Revelamos tudo sobre o suingue de seu violão
LULA GALVÃO
ENTREVISTA Luthier João Batista Maurício Carrilho
Super entrevista solo comentado
Violão PRO•2006•Nº 2•R$ 8,50
18 PÁGINAeS De Lições Transcrições
WWW.VIOLAOPRO.COM.BR
COMPRE CERTO Leia aqui as análises: • Cordas Nig, alta tensão nylon e aço • Giannini GWNFLST, o valente eletroacústico • Luthier Francisco Munhoz, tudo feito à mão
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O mestre do violão erudito 8 cordas revela sua história e equipamentos 24/5/2006 22:58:19
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Editorial Queremos fazer mais!
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rosseguindo em mais uma edição da Violão PRO, gostaria de salientar alguns pontos que definem a nossa revista. A VP é destinada aos violonistas estudantes, profissionais e amantes dos violões de forma geral. Nosso objetivo é ampliar o acesso de vocês, músicos, às informações sérias e produzidas por uma equipe que ama o que faz. Essa revista não existiria se não fosse o apoio de músicos como Rudy Arnaut, Daniela Godoy e Débora de Aquino, que, ainda no ano passado, quando idealizávamos a publicação, ofereceram seu apoio incondicional para fazê-la. Nós queremos você, violonista, participando da revista. Para isso, dispusemos algumas seções de forma aberta para sua colaboração. Entre elas, a Enquete, que está na seção Strings, e o Teste na Rua, em que nossos leitores avaliam seu próprio violão. Também abriremos uma agenda e convidamos todos a participar. Caso haja algum evento em sua cidade, escola, bairro, comunique-nos. A revista é sua. Aliás, é isso que a difere de outras publicações do gênero. Entendemos que quanto mais se fala em mercado, mais ele se desenvolve. Conte conosco para essa tarefa. A segunda edição conta com matérias de peso em seu editorial. A revista começa com João Bosco, um violonista ímpar, com alma e sonoridade própria. Bosco revela seu início de carreira, influências, técnicas e equipamentos. A seção de Testes mostra o violão Giannini GWNFLST e o violão do luthier Francisco Munhoz. Há também os testes das cordas Nig, uma excelente relação custo-benefício. No erudito, Paul Galbright ilustra nossas páginas com uma entrevista feita pelo jornalista Carlos Calado. No choro, Maurício Carrilho revela detalhes de sua carreira e da sua bem-sucedida gravadora Acari, a única especializada em choro no Brasil. Entrevistamos também Lula Galvão, um dos grandes nomes do violão brasileiro contemporâneo. Entramos no meio dos luthiers para saber como João Batista fabrica seus instrumentos. Esta revista está completa. Escreva, participe. Ela é toda sua. Abraços e boa leitura! Daniel A Neves
Editor / Diretor Daniel A. Neves S. Lima EditorTécnico FábioCarrilho Redação Regina Valente - MTB 36.640 Reportagens RobertaValente,ViníciusGomes, CarlosCalado,DeiseJuliana Oliveira,OdirPereira Lições AlessandroPenezzi,Edimilson Capelupi,RobertoCorrêa,Lê Matos, ViníciusGomes,RudyArnaut
Fotode Capa Divulgação(JoãoBosco)
A estréia: a primeira ediçãoda revistatrouxe Guinga, Yamandu, ChicoPinheiro e outros feras.
Publicidade Anuncie na Violão PRO comercial@musicamercado.com.br Tel./Fax: (11) 5103-0361 www.violaopro.com.br e-mail ajuda@musicamercado.com.br
Testes Cristiano Petagna e Rudy Arnaut Fotos MarceloRossie divulgação Ediçãode Partituras Distribuiçãoexclusiva Débora Aquino e Rudy Arnaut paratodoo Brasil Revisão Fernando Chinaglia Hebe Ester Lucas Distribuidora S/A • GerenteComercial Rua Teodoro da Silva, 907 - Grajaú • CEP: 20563-900 - Rio de Janeiro / RJ MarinaMarkoff Tel.: (21) 2195-3200 Administrativo / Financeiro Carla Anne Direção de Arte DawisRoos Impressãoe Acabamento GráficaPROL
O que ouvimos na redação
Assessoria:Edicase Soluções para Editores ViolãoPRO(ISSN1809-5380)é umapublicaçãoda Música& Mercado Editorial. Redação, Administração e Publicidade: Rua Guaraiúva, 644 - BrooklinNovo- São Paulo/ SP. e-mail:violaopro@musicamercado.com.br
Estarevistaapóia
Confira o que rolou nas pequenas caixas de som de nossos famigerados computadores.
Artista: Maurício Carrilho Título: Sexteto+2 Comentário: Aula de choro com o mestre Carrilho. Confira a entrevista nesta edição.
Artista: Leny Andrade e Romero Lubambo Título: Lua do Arpoador Comentário: Combinação perfeita do vozeirão de Leny com o suingue de Romero ao violão. Aguarde novidades na próxima edição.
Artista: Paulo Bellinati Título: The Guitar Works of Garoto Comentário: Esse CD já é um clássico do violão brasileiro. Impossível cansar de ouvir Bellinati tocando Garoto!
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Indice ACÚSTICO, ELÉTRICO E EQUIPAMENTOS Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.
MATÉRIAS 16 Lula Galvão: um expoente
do violão brasileiro moderno 19 Lançamentos: CDs, DVDs, Livros... 20 João Batista Luthier:
mestre na arte de construir violões
24 Joao Bosco São poucos os nomes da música popular brasileira que conseguiram construir um idioma musical tão próprio quanto o de João Bosco.
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SEÇÕES Editorial Cartas Strings Testes Na Estrada Classificados Índice de Publicidade
23 Vintage: Giannini 522, de 1960 32 Festival de Tatuí:
mais vivo do que nunca 34 Expert: o que faz um bom timbre 40 Paul Galbraith: um dos grandes
nomes do violão erudito internacional 44 Maurício Carrilho:
o mestre do choro
TESTES 36 Violão Giannini GWNFLST
O pequeno valente 37 Cordas Nig
Modelos: N-410 e N-500 38 Violão Francisco Munhoz
Tudo feito à mão 39 Na Estrada
Di Giorgio Série Luthier Yamaha APX - 5 NA Di Giorgio Talent III
LIÇÕES E TRANSCRIÇÕES 48 Alessandro Penezzi Apanhei-te Cavaquinho
51 Lula Galvão Improvisando: Candeias
54 Edmílson Capelupi Com ou sem dedeira?
56 Lê Matos Explorando a rítmica
58 Rudy Arnaut Pat Martino: linguagem e fluência
62 Roberto Corrêa Técnica de ponteado
63 Tom Jobim Transcrição: Wave
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Cartas Achei a revista na primeira banca em que parei e adorei! Faço faculdade de música e levei-a para o pessoal ver. Achei muito bacana a seção em que leitores podem enviar uma análise de seus instrumentos. Gostei dessa interatividade. Um abraço! João Leonardo Macanhão Campo Grande/MT Encontrei a revista por acaso, mas li e adorei. Estou tentando entrar em alguma escola federal que tenha bacharelado em música. Aliás, vocês poderiam colocar partituras das músicas de repertório das faculdades, autores como Leo Brower, Napoleone Coste, Guarnieri, e também falar das grandes apresentações que acontecem pelo Brasil. Raphael Tavares e-mail Toco violão erudito e me amarrei nessa revista! Se depender de mim, será a maior revista de violão do Brasil! Estudo no CEMO - Conservatório de Música de Olinda, e já divuguei a publicação pra todo mundo. Charles Michel Petrolina/PE
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Dou aulas de música há muitos anos e, para mim, é uma honra parRua Guaraiúva , 644 ticipar de uma revista CEP: 04569-0 01 - Brooklin deste gabarito. GostaNovo São Paulo / S ria de parabenizar toda P e-mail: contat a equipe de produção, o@violaopro. com.br principalmente o Daajuda@music am er ca do.com.br niel, por ter entrado em contato com os músicos e oferecer este espaço para que possamos divulgar o nosso trabalho. Queria uma dica ao pessoal da Violão PRO: esinformar a galera que possuo um site com ses caras merecem um espacinho na reinformações profissionais. O endereço é: vista, que já começa com grande status! www.alexandreguichard.mus.br. Ficaria Vocês estão de parabéns! Gerson Rei muito feliz se entrassem e comentassem Belém/PA o que acharam, enviando idéias e sugestões. Um grande abraço a todos. Alexandre Guichard Adquiri a revista Violão PRO e achei basRio de Janeiro/RJ tante interessante esse espaço que vocês abriram para o pessoal que curte violão, Olá, pessoal. Sou de Belém do Pará, ter- que não tem a quem recorrer além das rera do açaí, do tacaca, das mangueiras e vistas de guitarra. Parabéns e boa sorte! Tarcísio Bruno admirador de Salomão Habib e Sebastião São Paulo/SP Tapajós, mestres na arte do violão. Vai aí
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Strings
EQUIPAMENTOS, MÚSICOS, ENQUETES, SHOWS E NOVIDADES DO GRANDE MUNDO DOS VIOLÕES!
Festivais a vista
inverno está aí e com eles vários festivais de música acontecerão pelo Brasil. Entre os dias 14 e 18 de junho, a simpática cidade fluminense de Rio das Ostras sediará a 4ª. edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. Na última quinzena de julho, a vizinha Búzios é quem sediará o seu 9º. Búzios Jazz & Blues Festival. Campos de Jordão (SP) sediará o seu já tradicional festival de inverno de música clássica entre os dias 8 e 30 de julho. E lá fora, entre os dias 4 e 6 de agosto, a cidade americana de Newport, em Rhode Island, sediará a 2ª. edição do seu Newport Guitar Festival, festival de violão que reunirá alguns dos mais aclamados luthiers e violonistas do mundo. Para maiores informações, visite os sites www. riodasostrasjazzeblues.com; www.buziosjazzeblues.com.br; www.festivaldeinverno.sp.gov.br e www.newportguitarfestival.com.
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uando lançou o CD Cordas ao Sul em 2003, o violonista Maurício Marques conquistou os amantes do violão brasileiro com o forte sotaque gaúcho de sua pegada e composições. “Isso é maluco, você estuda e toca anos a fio, grava com vários músicos, vai a todos os festivais, mas só existe se tiver um disco. Êta coisa difícil! Mas não me queixo, não”, disse ele certa vez. Dono de uma técnica assombrosa, Maurício Marques foi convidado recentemente para integrar o Quarteto Maogani. Agora ele está trabalhando seu segundo CD, que se chamará Violão de Fole e será totalmente autoral. Visite o site novo do músico www.mauriciomarques.com.
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Chico Saraiva na estrada
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violonista catarinense Chico Saraiva sempre participou de trabalhos ecléticos e muito coerentes com a sua carreira. Saraiva viajou o Brasil no ano passado por 50 dias com A Barca, grupo que faz um belíssimo trabalho de pesquisa da música do interior do País. O novo trabalho do grupo, Trilha, Toada e Trupé, foi lançado no início de 2006 e consta de uma caixa com três CDs e um DVD documentário que traz registros de artistas populares de cerca de 30 comunidades espalhadas por nove estados brasileiros. Recentemente, Saraiva esteve em Nova York gravando com a cantora italiana Alexandra Montano. Agora resta-nos esperar pelo próximo CD-solo de Chico Saraiva, que já começou a ser preparado pelo violonista.
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Viola Caipira: Carreira e obra de Roberto Correa agora em livro
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oi lançado no dia 18 de abril o livro Roberto Corrêa - Caipira Extremoso. Nele, Sérgio Sá explica como a viola caipira se transformou em instrumento de recital pelas mãos hábeis e dedicadas desse músico mineiro que adotou a capital federal há 30 anos. “Roberto Corrêa é considerado um dos maiores violeiros do país. Para muitos, o melhor. Ele levou um instrumento que estava esquecido a ganhar destaque nas salas de concerto de Brasília, do país e de todo o mundo”, afirma Sérgio Sá. O livro é o segundo volume da Coleção Brasilienses, série dedicada a artistas que vivem em Brasília e que fazem da
cidade parte de sua obra, e contou com o patrocínio do ParkShopping. Um CD com 12 músicas acompanha o livro. Para mais informações sobre como adquirir esse lançamento, visite o site www.violacorrea.
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O que eles tocam JOHN MCLAUGHLIN
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uem ouviu o CD Thieves & Poets, de 2003, deve ter se impressionado com o som grandioso que John Mclaughlin tirou de seu violão de náilon. Pois é, o instrumento usado nas gravações foi um Abe Wechter, modelo Our Lady. Esse modelo também é apelidado de Notre Dame, pois, segundo o luthier Abe Wechter, o músico pediu que ele fizesse esse violão inspirado nos magníficos vitrais da catedral parisiense.
De leitor para leitor
Qual a principal dica que você pode dar para quem está aprendendo a tocar? Nome:WiltonCarvalho,30 anos Nome:Thales Maestre, 25 anos Cidade:SãoPaulo,SP Cidade:SãoPaulo,SP Toca:há 15 anos,é professorhá cinco Toca:há dezanos,é professorhá seis Violão:Pepineli Violão:JoséValderrama Contato:thalesmaestre@terra.com.br Contato:wilton_carvalho@yahoo.com usca por intuição ão pretendo musical,peroferecer cepção,técnicade dicas relacionadas digitação,vocabulário a um trabalho e leiturasão fundatécnicoespecífico, mentais para qualquer porqueo importaninstrumento. No caso te é ter consciência do violãopopular,a dos objetivos que intuiçãofalamaisalto deverão ser ale, no erudito,a técnica cançados. Fazem e a leitura.Issonãodeparte dessa ‘consciência’ diversos aspectos relacionados à saúde física e psicológica, veria ocorrer, é preciso caminhar com essas variáveismusicaisequilibradas.Deve-seter comoo grandemal que assolamuitosdos um bominstrumento,se possível,paraevitar estudantesem fase de iniciação:a ansiedafrustraçõesdevidoàs limitaçõesdo violão.As de. Ficam então as seguintes dicas: unhasda mãodireitadevemestarbemcuida• Criarobjetivos:Desdeos estudosmais das e em formatoideal,poistodoo timbredo simples(cordassoltas)até os mais cominstrumentoé produzidopor elas.O estudo plexos,buscando regularidaderítmica, da músicaeruditaparafins de mãodireita timbrísticae dinâmica. e interpretaçãotimbrística,assimcomode • Controleda ansiedade:Todoo trabalho harmonização e improvisação, é quaseque só terá êxitose tiverbasena reflexãoe na obrigatórioparaum futuroexímioviolonista. disciplina. As conquistas vêm a longo prazo.
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PAULO BELLINATI
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violonista Paulo Bellinati sempre foi muito exigente com seus instrumentos. Desde 1991, ele tem usado em gravações um Ignacio Fleta. O músico ficou 16 anos na lista de espera para adquirir esse violão fabricado em Barcelona pelos filhos desse luthier espanhol. Para shows e viagens, Bellinati tem preferido um Robert Huck, fabricado em Hansville, em Washington, nos Estados Unidos. Segundo o músico, esse violão tem um som poderoso e se adapta bem à maioria das condições de tempo.
Participe desta seção. Escreva para contato@violaopro.com.br e responda: qual o exercício que mais ajudou seu desenvolvimento técnico?
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Strings Weber Lopes
Sons de Minas e do Mundo
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uando associamos o instrumento violão ao nome Minas Gerais, geralmente a primeira coisa que nos vem à cabeça são as ricas harmonias e melodias consagradas pelos músicos do Clube da Esquina. O violonista mineiro Wéber Lopes não nega as influências de sua terra natal e desenvolve uma linguagem bem pessoal, contemporânea e brasileira de composição no seu CD de estréia, Mapas. Como o título do CD sugere, Lopes viaja pelo samba, frevo, choro, coco, fado, jazz e até pelo rock, mostrando uma técnica apurada no instrumento e bom gosto nas interpretações. As participações especiais de Carlos Malta, Proveta, Teco Cardoso e Guello nas gravações abrilhantaram ainda mais este belo lançamento, uma boa pedida para quem está atrás de novidades da música mineira.
Zezo Ribeiro
Violao brasileiro com sotaque flamenco
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om apenas dois anos de estudos de violão, Zezo Ribeiro se juntou ao grupo do guitarrista Olmir Stocker (Alemão), e ‘caiu direto’ no palco do Festival de Jazz de Montreal. Foram dez anos de turnês e discos históricos com o guitarrista, além do contato e trabalho com o grande Raphael Rabello. Depois, ele se mudou para a Espanha, para pesquisar a música flamenca, forte influência em sua formação, assim como o jazz, a bossa e a música regional brasileira, ou seja, ‘regionalismo universal’, como ele mesmo diz. Na Espanha, Zezo gravou os discos Gandaia (com nomes como John Patitucci), Flamencando (com participações de Dori Caymmi, Dominguinhos e Elba Ramalho) e Brincadeira (gravado após um ano afastado dos palcos devido a uma lesão na mão), em parceria com Chico César. Mais recentemente gravou dois discos em parceria com a cantora Vanessa Boraghian, Turbilhão e Casa Verde. Atualmente, Zezo trabalha nas gravações do disco Zezo Ribeiro - Solo e Muito Bem Acompanhado. Ele volta a explorar o seu lado brasileiro e ainda traz uma sonoridade diferente com a utilização de tecnologia MIDI. “Quero poder oferecer cores diferentes em minhas músicas. Além disso, tenho projetos para gravar um DVD, resgatar o duo com o Alemão e me desenvolver ainda mais como compositor, usando elementos de outras músicas como o rock, por exemplo. Tenho trocado figu• Violão Ramirez flamenco rinhas com os guitar• Pedaleira MIDI VG-88 V.2 Roland ristas Kiko Loureiro • Viola caipira Giannini e Mozart Mello e tem • Octavino (violão soprano) Juan Alvarez sido muito legal.”
Equipamentos
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LUCIANA SOUZA ACOMPANHADA POR GRANDES VIOLONISTAS EM DUOS II
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uando lançou o CD Brazilian Duos em 2002, a cantora paulistana radicada nos Estados Unidos Luciana Souza deixou boquiabertos públicos dos quatro cantos do mundo com o diálogo perfeito que conseguiu estabelecer entre a sua belíssima voz e o acompanhamento do violão brasileiro de Romero Lubambo, Marco Pereira e Walter Santos, este último pai de Luciana. Com este CD, ela figurou em várias listas de melhores do ano nos EUA e foi indicada ao Grammy. Apenas em 2005 ela voltou ao formato de duo voz e violão com o maravilhoso CD Duos II, lançado só agora no Brasil pela gravadora Universal. Ela convidou para acompanhá-la, além dos três músicos que participaram de Brazilian Duos, duas outras feras, o violonista Swammy Jr. e o guitarrista Guilherme Monteiro.
FÁBIO ZANON APRESENTA ‘VIOLÃO’ NA RÁDIO CULTURA
SONHOS DE CONSUMO
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e você admira a arte da lutheria ou apenas gosta de observar belos instrumentos, uma boa pedida é visitar o site www.gourmet-guitars.com. Além de encontrar informações de alguns dos melhores luthiers americanos, nele você também pode adquirir os DVDs da série The Best Luthiers. Esses documentários produzidos pela equipe do Gourmet Guitars em viagens pelo mundo trazem alguns dos mais inovadores e conceituados luthiers da atualidade. Bem legal!
s amantes do violão finalmente têm um programa dedicado a este maravilhoso instrumento. ‘Violão’ não poderia estar em melhores mãos. Ele é apresentado por Fábio Zanon, um dos maiores nomes do violão erudito brasileiro, que coloca para tocar pérolas de Segovia, Julian Bream, John Williams, entre outros gênios, sempre acompanhado de comentários musicais e curiosidades sobre as gravações. O programa ‘Violão’ é transmitido todas as quartas-feiras, às 13 horas, pela Rádio Cultura FM de São Paulo (103,3 MHz). Quem não é de São Paulo pode acompanhar o programa pela internet através do site www.tvcultura.com.br/radiofm. É necessário ter instalado o Windows Media Player.
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ADALBERTO, O PROFESSOR DE VIOLÃO. LIÇÕES DA VIDA: Adalberto e seu professor ontem...
Adalberto e seu aluno hoje...
O professor de Adalberto hoje...
escalofanarios.zip.net
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Entrevista
Lula Galvao Um expoente do violão brasileiro moderno Por Vinícius Gomes
le criou uma personalidade musical fortíssima, que o levou a tocar com quase todos os grandes nomes da música brasileira, sempre mostrando seu estilo e pegadas inconfundíveis, além dos arranjos de sons complexos e sofisticados. Não é à toa que é admirado por músicos como Hélio Delmiro e Caetano Veloso, e tem desenvolvido uma carreira internacionalmente, firmando-se como um dos expoentes do violão moderno brasileiro. Lula conversou conosco por telefone e nos contou sobre sua relação com o violão, arranjos e sua carreira.
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Participacao em discos:
> Desde quando você toca violão? Lula Galvão - O primeiro contato com o violão foi aos 15 anos. Aos 18, em 1980, comecei a estudar, já decidido a ser músico. > Por que você parou de estudar guitarra? Em Brasília eu tocava mais guitarra. Vindo para o Rio, sempre me pediam para tocar violão. Na verdade, já tinha percebido que se eu estudasse algumas coisas no violão, tecnicamente, elas se estenderiam à guitarra, e o oposto não acontece, pois a guitarra tem muito sustain, e o volume é um botão. Já no violão é importantíssimo estudar sonoridade.
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Equipamentos • Violão Lineu Bravo • Violão Jó Nunes • Violão Yamaha GC-40 com captação RMC (para shows) • Cordas D’Addario Pro-Arté E-J46
• Com Rosa Passos: Curare, Festa, Pano pra Manga, Rosa Passos e Lula Galvão, Rosa Canta Caymmi, Rosa Passos, Rosa Canta Jobim, Azul, Entre Amigos (com Ron Carter). • Com Guinga: Cheio de Dedos, Suíte Leopoldina, Cine Baronesa, Noturno Copacabana. • Com Joyce: Gafieira Moderna, Hard Bossa. • Com Cláudio Roditi: Rio & Friends. • Com Kenny Rankin: Here in my Heart. • Com Leila Pinheiro: Catavento e Girassol, Na Ponta da Língua, Reencontro. • Com Uri Caine: Rio. • Com Caetano Veloso: A Foreign Sound. • Também gravou com Ivan Lins, Wagner Tiso, Zé Renato, João Nogueira, Henry Salvador, entre outros.
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> O que você estuda e escuta hoje em dia? Música clássica. Tenho ouvido tudo do VillaLobos, que é maravilhoso. Há dez anos tenho escutado também Ravel, Debussy, Fauré, Bach, Prokofiev, Shostakovich, Tchaikovsky, Gershwin, Radamés Gnattali, etc. > E o processo de pesquisa da sua sonoridade, como acontece? O livro Chord Chemistry, do Ted Greene, é uma obra para a vida toda. Claro que lá tem alguns acordes com ‘pulos’ impossíveis, mas fora isso, é um livro no qual é sempre bom dar uma olhadinha. Com ele aprendi também a pesquisar minhas próprias inversões de acordes.
Tom – ele é a referência para esse tipo de situação. Quando é algum estilo em que as funções de piano e violão não estão definidas, deve haver bom senso. Muitas vezes, nessas situações toco apenas com as três notas mais agudas dos acordes para não embolar com o baixo e o piano. > E como você vê o fato de ser um dos sidemen mais requisitados do Brasil? Eu adoro. Esse é o caminho que encontrei como meio de vida. Se não fizesse isso, estaria dando aulas, fazendo outras coisas. > Você tem projeto de gravar disco-solo? A coisa que mais tenho escutado nos últimos quatro anos, de minha mulher e de meu filho, é que devo gravar um disco. Meu
> Como você sente ter se desenvolvido mais na época de estudante? Tirando músicas e solos de ouvido. Acho isso impor“Aos violonistas novos, peço eu tante para incorporar a linos conselhos. O Brasil tem uma guagem de qualquer estilo escola forte de violão e os músicos musical. Para aprender a improvisar, eu pegava uma fita de hoje já vêm esclarecidos. Já cassete e gravava solos do sabem onde ficam as fontes. O Hélio Delmiro, do Heraldo resto é daí para a frente.” do Monte e do Alemão, um atrás do outro. Tirava tudo e analisava. Mais tarde começaram a aparecer cópias de métodos como filho já fez várias capas, escolheu o repero Intervalic Designs, do Joe Diorio, os li- tório, quem vai tocar e em que música. Tevros do Ted Greene, um método do Ron nho vontade de gravar, sim. O problema é Eschete sobre ‘chord melody’ (melodia e que não tenho tempo de me preparar, pois harmonia tocados ao mesmo tempo) e o gostaria que esse disco representasse miThesaurus of Scales, do Nicolas Slo- nha personalidade musical, tanto na parte nimski (utilizado também por John de tocar o violão quanto na concepção dos Coltrane), um livro matemático arranjos. Como tenho muitos compromissobre padrões melódicos. sos como sideman, fica difícil arrumar esse tempo, e não quero gravar por gravar. > Qual é sua concepção de acompanhamento dentro > E os trabalhos com a Rosa Passos e o Guindas diferentes situações ga, em que você é sideman e arranjador? com que você se depara? Considero a Rosa minha irmã, pois há muiQuando é violão-solo, uso to tempo tocávamos na noite em Brasília. acordes com cinco ou seis Isso nos trouxe uma sintonia muito grande, sons, que dão ‘massa sonora’ a ponto de eu já saber como ela ia respirar para a música. Quando há um ou- em determinadas situações, e poder aprotro instrumento harmônico, deve ha- veitar isso no meu acompanhamento. Tive a sorte de conhecer o Guinga ver uma negociação. Tocando com piano, se for uma bossa, por exemplo, o violão logo que cheguei ao Rio. Ele segue a lideve ser o centro e a função do piano é a nhagem dos grandes compositores brade fazer intervenções jobinianas, aquelas sileiros, como Tom Jobim, Villa-Lobos ‘gotas de chuva’. Nesse sentido, é muito e Radamés Gnattali, pessoas com quem bom os pianistas escutarem os discos do sempre quis conviver.
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Lula Galvao
“A coisa que mais tenho escutado nos últimos quatro anos, de minha mulher e de meu filho, é que devo gravar um disco. Meu filho já fez várias capas, escolheu o repertório, quem vai tocar e em que música.”
> Como é a sua concepção de arranjo? Penso nas quatro primeiras cordas do violão, monto blocos, etc. Na verdade, a Rosa Passos e o Guinga me delegaram inicialmente essa função, pois eu nunca tinha pensado nisso antes. > Como você elabora as introduções que grava? Penso nas introduções como pequenas composições que tenham a ver com a música, até citando o próprio tema, escolhendo os sons que mais me agradam nas re-harmonizações, separando a melodia em trechos curtos e experimentando.
“Há dez anos tenho escutado Ravel, Debussy, Fauré, Bach, Prokofiev, Shostakovich, Tchaikovsky, Gershwin, Radamés Gnattali, etc. Tenho ouvido tudo do Villa-Lobos, que é maravilhoso.”
> Como você se prepara para as gravações e os shows que faz? Nas gravações, costumo tomar conhecimento do que vou fazer já no estúdio. Para shows, quando há casos em que eu tenha de improvisar sobre harmonias como aquelas do Guinga, gravo as harmonias no Band in a Box e me familiarizo com elas. > E os solos, são feitos na hora? Cem por cento na hora. Agora, um solo que
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sempre comentam comigo é o de Candeias, do disco Festa, da Rosa Passos. Nesse solo preparei uma estrutura, já tinha uma espinha dorsal. Era minha segunda gravação e esse solo eu quis que soasse especial.
Quando gravo o solo na hora, há sempre a chance de alguma coisa dar errado, então chego a fazer quatro ou cinco takes do mesmo solo. O engraçado é que sempre acabo escolhendo o primeiro ou o segundo, por serem mais espontâneos e sempre dizerem uma verdade maior que os outros. > É verdade que você não escuta as suas gravações logo depois de prontas? É. Acho que fico tão envolvido no processo de gravação que não ouço depois
de prontas. Mas depois de alguns anos, escuto de novo e acho legal... > Isso não é reflexo da sua autocrítica? Acho que sim. Fica sempre a sensação de que eu podia ter feito melhor. Eu me identifico muito com a história do pintor que tem seu quadro exposto no museu e no primeiro descuido do guarda vai retocar o próprio quadro. Infelizmente, o músico não pode correr na casa de cada pessoa que escuta o disco e fazer outro solo em cima do que foi gravado! (risos). > Que conselhos você daria para violonistas mais novos? Aos violonistas novos, peço eu os conselhos. O Brasil tem uma escola forte de violão e os músicos de hoje já vêm esclarecidos. Já sabem onde ficam as fontes. O resto é daí para a frente. Veja o solo de Candeias, feito por Lula Galvão, na página 51. http://www.orkut.com/ Community.aspx?cmm=1214070
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Lancamentos T O livro é um grande lançamento do Instituto Jacob do Bandolim em parceria com a editora Irmãos Vitale e a Petrobras. Recentemente, o Instituto descobriu curiosas gravações de Jacob apenas com as bases instrumentais do regional sem os solos de bandolim. Observou-se depois que se tratava das bases instrumentais de dois discos históricos do mestre, Chorinhos e Chorõ r es, de 1961, e Primas e Bordõ d es, do ano seguinte, os primeiros em que ele foi acompanhado pelo genial conjunto Época de Ouro. Jacob costumava levar essas gravações para casa para estudar seus solos e somente após exaustivos ensaios com o gravador ele decidia gravá-los, chegando a execuções quase perfeitas. Esses playbacks foram reunidos em dois CDs, que também contam com as gravações originais dos dois álbuns, e vêm acompanhados de um livro com as respectivas partituras (em C e em Bb), fotos históricas de Jacob, textos de Hermínio í Bello de Carvalho, Sérgio Prata, Elena Bittencourt – filha de Jacob – e uma direção musical primorosa do bandolinista Pedro Aragão, com comentários á sobre cada uma das faixas e um glossário á de variações musicais dos temas de Jacob. Uma dica interessante é notar nos playbacks os detalhes das execuções dos outros instrumentos,
principalmente o violão do grande Dino Sete Cordas, que dão um show à parte. Imperdível! í Sites: www.ijb.org.br e www. jacobdobandolim.com.br. Igor Rocha
Z Zé Menezes é um mestre em praticamente todos os instrumentos de corda e ele vem demonstrando isso em mais de 50 anos de carreira. Neste novo CD, alternam-se na mão do mestre o violão, o bandolim e o menos popular violão tenor, que ele próprio diz não ser muito conhecido por ser difí f cil de tocar. O disco é recheado de choros e frevos de frescor e jovialidade invejáveis, visto que Zé está atualmente com 84 anos de idade. Ele integra a primeira parte do projeto coordenado por Luis Rocha, da gravadora ABZ, e patrocinado pela Petrobras, que inclui ainda outro CD com gafieiras e um livro de partituras. Devemos comemorar esse projeto, que busca dar o reconhecimento que um músico como esse – que já acompanhou desde Radamés Gnattali e Garoto até Roberto Carlos – deve ter. São músicos como Zé Menezes que mantêm viva e desenvolvem a história de nossa música. Salve, mestre Zé Menezes! Vinícius í Gomes
C e O que acontece quando juntamos um dos pianistas mais importantes da história da mú m sica brasileira e um dos maiores violonistas e pesquisadores do estilo na atualidade? Pois é, estamos falando do extraordinário á duo de César Camargo Mariano e Romero Lubambo. Primeiro, veio o impecável CD do final de 2003. Agora, a gravadora Trama disponibiliza no mercado o DVD com a performance ao vivo desse mesmo repertório, além de versões estonteantes de m sicas como o standard There will never mú be another you, Samambaia, Curumim e No Rancho Fundo, as três últimas presentes também no clássico disco Samambaia, gravado em duo por César e o genial guitarrista Hélio Delmiro em 1981. Além do show impecável, no qual temos a oportunidade de testemunhar visualmente o entrosamento entre os dois mú m sicos, há ainda no DVD o making-off da apresentação e um documentário á gravado nos Estados Unidos, em que os mú m sicos falam sobre como se sentem morando lá, sobre suas carreiras e o processo de gravação do CD Duo. Como se não fosse o bastante, a capa e o material gráfico do DVD continuam com um visual arrebatador. Vale a pena conferir. Vinícius í Gomes
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Luthier
Joao Batista
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estre da arte de construir violões, João Batista fala a Violão PRO sobre o seu trabalho para conseguir ótimos instrumentos Por Fábio Carrilho (texto e fotos)
am e tiver tas qu Batista: s ti r a dos oão Alguns o feito por J lã io s v jó u se Tapa astião • Seb rreto a B nte • Vice brega nio Nó r • Antô ueno anjado el B o e arr tr s • Isra e a ) lão (m • Pau a Pagodinho do Zec
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u proqual instrumento é o seu sonho de consumo, provavelmente ele citará um violão fabricado por algum luthier. Sim, em um mercado que absorve aproximadamente 15 mil unidades por mês, 9 mil dessas produzidas pelos principais fabricantes nacionais, a luteria é um capricho, um sonho de empunhar um instrumento personalizado e com sonoridade e construção próximas à perfeição. João Batista dos Santos é mentor e dono da famosa marca JB. Dono de um ouvido apuradíssimo, não para a música em si, mas para todas as sutilezas que envolvem o som dos seus violões, bandolins e cavaquinhos, JB já viu seus instrumentos passarem pelas mãos de nomes consagrados como Canhoto da Paraíba, í Hamilton
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de Hollanda, Chico César, Demônios da Garoa, Luizinho Sete Cordas, Antônio Nóbrega e Israel Bueno. Confira a seguir o papo que a Violão PRO teve com esse mestre da arte de fabricar violões.
caso, dou garantia para a vida toda quanto à parte técnica e acabo nem cobrando por isso, a não ser que o problema esteja em algum componente, peças gastas ou se o instrumento sofreu algum acidente.
> O violão feito por um bom luthier é o sonho de todo violonista. Como você enxerga isso? A diferença é que o luthier faz um instrumento especialmente para aquela pessoa. A altura das cordas, a largura do braço, o tipo de música em que o instrumento será utilizado e a sensibilidade do músico são levados em conta para a fabricação do instrumento. As fábricas trabalham com metas de quantidade, e a qualidade nem sempre prevalece. Daí a razão de as pessoas procurarem o instrumento feito por autor. E ainda existe o lado da assistência técnica. Sempre acho que o instrumento deve ser avaliado por quem o fez. No meu
> Você começou fazendo violões e hoje produz oito tipos de instrumentos diferentes, como o bandoloncelo, a bandola e o violacho. Por que você partiu para esses instrumentos não muito comuns? O bandoloncelo é um instrumento de orquestra de cordas e eu não conheço ninguém que o produza no Brasil. Tive de estudar a fabricação desse instrumento por três anos antes de construí-lo. Estudei a afinação, o tamanho do braço – para ver se era compatível com a tensão das cordas –, a acústica, o tamanho da caixa, o formato do instrumento. Depois de tudo isso, tive de preparar a madeira e ir atrás das cordas, que não eram feitas
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aqui. Eu poderia simplesmente adquirir um instrumento desse feito na Europa e copiar, mas não é o meu caso. Prefiro desenvolver o instrumento inteiro desde o começo e dar-lhe a minha assinatura. Faço isso com todos os meus outros instrumentos. A bandola e o violacho também não são instrumentos comuns, mas têm sido usados na área do choro. No momento, estou estudando o bandolimViolão Clássico I Especial
“Uma árvore de jacarandá-da-baía boa para produzir um instrumento deve ter 80, 100 anos. Existem substitutos para certos tipos de madeira, mas a diferença no som é muito grande.” baixo. Você tem o bandolim, a bandola e o bandolim-baixo, todos da mesma família. Procuro sempre ouvir a opinião dos músicos quando desenvolvo um instrumento novo e sou privilegiado por trabalhar para músicos consagrados, que dão as suas opiniões sobre os instrumentos.
Foto: divulgação
prar algo caro, ‘top’ de linha, mas também não querem abrir mão da qualidade. Então criei a linha Estudo, que tem esse nome para nós, mas é um instrumento de nível profissional – ele custa hoje R$ 2.000. Financeiramente para mim não é muito viável, pois me dá o mesmo trabalho no acabamento do que um violão ‘top’ de linha. As pessoas que compram os instrumentos dessa série hoje podem
> Os instrumentos de luthier sempre tiveram a fama de serem mais caros. Vários luthiers estão fazendo linhas mais acessíveis. Como você vê essa tendência? Meu objetivo é concorrer sempre na qualidade e não no preço, pois é impossível competir com o preço de um violão de fábrica. Minha intenção é atender aos pedidos de muitas pessoas que querem usar um instrumento JB e não podem com-
A menina dos olhos de JB Violão Clássico I Especial • Lateral e fundo de jacarandá baiano ou indiano em tonalidades escuras, com cortes na radial e tempo de envelhecimento de 50 anos. • Tampo de abeto europeu ou cedro canadense, classificação AAA e tempo de envelhecimento de 15 anos. • Escala em ébano e tarraxas Schaller. • Verniz poliuretano (verniz convencional) ou goma laca indiana (verniz mais frágil extraído da madeira, porém com um som mais natural). • Captação: Fishman (opcional) • Preço: R$ 6.000,00 (acústico) a R$ 7.200,00 (com captação) • Tels.: (11) 3731.6160 / 3733.9610 • www.jbinstrumentos.com.br
futuramente dá-lo como parte do pagamento de um violão top de linha. > Hoje em dia há uma grande preocupação ambiental com a derrubada das florestas, de onde vem a matéria-prima para os violões. Qual a sua opinião sobre esse assunto? Na época dos militares, houve uma exploração muito grande da Amazônia e a importação de madeiras era proibida. Achava-se que a Amazônia era inesgotável, pela sua diversidade de madeiras, e que se encontrariam substitutos para o abeto, o cedro canadense, o ébano, o que seria bom para quem constrói violões, mas nada próximo foi encontrado. Houve uma exploração sem controle de madeiras como o mogno, por exemplo, voltadas à exportação. Hoje em dia a exploração de mogno é proibida, mas o controle deveria ter sido feito há muito tempo. Por outro lado, temos madeiras que não existem em outros lugares do mundo. Uma árvore de jacarandá-da-baía boa para produzir um instrumento deve ter 80, 100 anos. Existem substitutos para certos tipos de madeira, mas a diferença no som é muito grande. > Qual é a parte mais delicada na construção de um instrumento? O processo inteiro exige dedicação, desde o corte da madeira, da sua espessura, do tempo de cura, de secagem e de envelhecimento da madeira, tudo isso é trabalhoso.
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r Depois vem a parte da construção, que é a parte mais difícil. É onde o luthier vai mostrar o seu conhecimento. Se você me enco-
Quem e Joao Batista?
mendar um violão para choro, vou fazer um violão com um timbre mais grave, diferente de um violão para música erudita, que deve
Nascido em 1950 na cidade de Caaporã, a 50 quilômetros de João Pessoa, na Paraíba, João Batista veio para São Paulo em 1974. Logo que chegou à cidade, conterrâneos o levaram à maior das três fábricas de instrumentos de corda do Brasil, a Giannini (as outras eram a Di Giorgio e a Del Vecchio). Contratado, ajudava na montagem e acabamento. Logo foi promovido a meio-oficial e a oficial. Em 1977 casou-se com Dilma e em 1979 saiu da firma junto com seu mestre Sukiamito Sukiama, japonês que revolucionou a feitura de violões ao chegar, em 1974, à Giannini com técnicas e ferramentas inéditas. Em 1982, o bom filho voltou à primeira casa. Líder 3, passou a líder 2 e 1 e, em três anos, a coordenador da área de violões clássicos, reduto dos 70 melhores entre os mil artesãos da Giannini. Em 1985, João Batista passou a botar parte do salário na montagem da oficina própria. Também investiu no estoque de matéria-prima. “Só uso tampo de cedro canadense ou pinho sueco de veio fino. O nosso, mole, desequilibra volumes graves e agudos.” Ele revela que o timbre do pinho, de agudo mais brilhante, é preferido pelo violonista clássico. O cedro, grave e perfeito na baixaria, é ideal para a música popular. “O cedro nasce falando alto e em seis anos dá o máximo de volume e timbre. O pinho só estará maduro e falará mais
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ter mais destaques nos agudos. Tudo depende do tipo de música em que ele será utilizado e do perfil do violonista.
alto do que o cedro dali a dez anos”, diz JB. Em 1990, JB fez dez violões. No ano seguinte, pegou a encomenda de seu primeiro sete cordas. Em 1992, fez seu primeiro cavaquinho e em 1993 recebeu a encomenda do primeiro bandolim. Seu primeiro violão de oito cordas é de 1995. Em 16 anos de ateliê, JB consolidou seu nome no Brasil e no exterior. Estima ter exportado até agora mais de 200 violões e cavaquinhos para o Japão, EUA, Cabo Verde, África do Sul, Alemanha, Portugal, Inglaterra, Itália e América Latina. Seus instrumentos já passaram pelas mãos de nomes consagrados como Canhoto da Paraíba, Hamilton de Hollanda, Chico César, Demônios da Garoa, Luizinho Sete Cordas, Antônio Nóbrega e Israel Bueno. Visite o site: www.jbinstrumentos.com.br.
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Giannini modeelo 522 mod (1960)
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ste violão, modelo 522 da Giannini, foi fabricado no começo dos anos 1960. Sua história é curiosa. O instrumento foi achado quebrado e rachado num quarto de empregada da tia do atual proprietário, que o recolheu e levou para casa. “Percebi que, mesmo todo quebrado, tinha um som bacana. Pedi para reformarem o violão e fizeram um serviço primoroso. Depois pedi para um outro luthier regulá-lo. Ele está com um som inacreditável”, explica Christian Bernand. Anos depois de ter encontrado o violão, Christian trabalha atualmente no marketing da Giannini.
A composição é: • Tampo de sitka (alaranjada de velhice) • Faixa e fundo de jacarandá da Bahia (amarelada de velhice) • Escala de jacarandá da Bahia • Braço de cedro
Envie seu violão antigo para nós. Mande foto em alta resolução para contato@violaopro.com.br com um pequeno texto sobre seu violão e apareça aqui.
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ão poucos os nomes da música popular brasileira que conse-
guiram construir um idioma musical tão próprio quanto o de João Bosco. Seu jeito extravagante de cantar, seu estilo intuitivo de compor, as grandes parcerias nas letras de suas canções e o seu violão inquieto e insinuante sempre estiveram presentes na obra do músico desde os tempos de Bala com Bala, música de seu disco de estréia de 1973. Por Fábio Carrilho e Daniel Neves Colaboraram: Vinícius Gomes e Rudy Arnout
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ouve uma época em que João Bosco, envolvido por inúmeras viagens e compromissos musicais, afirmava que o seu local preferido para compor eram as banheiras de hotéis. Prestes a completar 60 anos em julho, esse mineiro de Ponte Nova e carioca de coração continua a todo vapor na fase atual da sua carreira. No mês passado, João Bosco embarcou para uma rápida turnê pelos Estados Unidos, com direito a uma temporada no elegante Birdland de Nova York. Antes, porém, ele concedeu com muita simpatia e bom humor esta entrevista à Violão PRO, em que fala sobre o início de sua carreira, das suas influências, do modo como enxerga a música e, obviamente, do seu violão. > Que lembranças você tem das bandas de rock da sua adolescência em Minas Gerais? João Bosco: Eu tinha um amigo em Ponte Nova cujo pai trazia vários discos de rock para ele, a maioria do Elvis Presley. Comecei a ouvir muito Elvis nessa época, devia ter uns 12 anos. > Foi daí que surgiu o interesse pelo violão? A minha irmã tinha um violão e acabou percebendo que ele ficava muito mais tempo comigo do que com ela. Fui me apoderando dele e comecei a tocar. Nessa época, não tinha nenhum critério para fazer uma seleção de músicas que eu gostasse mais ou menos. Meu critério era o coração mesmo e eu gostava de coisas que eram muito diferentes umas das ou-
“Os acordes faço de uma forma totalmente intuitiva, desde a seleção, o encadeamento e a estrutura.” 26 ViolaoPro 2.indd 26
tras. Por exemplo, ao mesmo tempo em que ouvia os discos do Elvis, já ouvia uma série de músicas que me remetiam ao mundo do Caribe, à música romântica caribenha, mais para o lado dos boleros. Eu não via nenhuma dificuldade em fazer um pacto com esses estilos diferentes de música. Sou completamente autodidata. Pegava o instrumento e saía tocando uma música, botando os dedos nos trastes, nas cordas e ia buscando o som. Também via outros músicos tocando e fotografava alguns desenhos de acordes na minha cabeça. Minha primeira
reunião de amigos para tocar uma música foi mesmo com o repertório de rock n’roll. Tocávamos King Creole, Jailhouse Rock e também algumas canções românticas como Love me Tender e It’s now or never. Eu tocava em um violão de cordas de aço que tinha aquele cristal embaixo das cordas, de onde saía um cabo que era ligado em um pequeno amplificador. Às vezes, ele dava alguns choques por causa da transpiração (risos). > E a música brasileira? Eu saí de Ponte Nova com 15 anos para estudar em Ouro Preto. Lá fiz vá-
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rios amigos que tinham uma discoteca boa de música brasileira e de jazz. A cidade me pegou de uma maneira artística muito impressionante, pela sua arquitetura e pelos artistas que viviam lá, tudo era muito tocante. No dia em que cheguei à Praça Tiradentes, senti que alguma coisa aconteceu dentro de mim. Logo formei um grupo com amigos e começamos a tocar. O repertório era de bossa nova. Eu ouvia nessa época Tom Jobim, João Gilberto, Tamba Trio e as coisas que estavam acontecendo no mundo da bossa nova. Paralelamente a isso, ouvíamos muito jazz também, pois as duas músicas tinham uma afinidade muito grande. > Que lições você tirou do jazz que ouvia? Eu buscava acordes estranhos, dissonantes, e também acostumava o ouvido às improvisações. Acho que isso me permitiu desenvolver uma liberdade muito grande no instrumento para que eu criasse situações harmônicas, e a audição desse tipo de música dava muita força à imaginação para criar melodias para aquelas harmonias. Isso para mim foi o começo das coisas. Ainda em Ponte Nova, no mesmo ano em que fui para Ouro Preto, apareceu em casa o disco Time Out, do Dave Brubeck. Esse disco tem uma importância imensa na minha vida. O Dave Brubeck trabalhou divisões rítmicas de grande complexidade com muita naturalidade. Acho que essa minha parte rítmica vem daí. Também tem a improvisação, que é muito presente no meu trabalho. Nas minhas músicas gosto de ‘compor’ os improvisos para determinada canção. Geralmente, meus improvisos são especiais, fazem parte daquela canção. > Você tem um suingue incrível na mão direita e um balanço muito particular. Como foi que o desenvolveu? Você vai ouvindo as coi-
sas, vai tocando e acaba não se dando conta do que está fazendo. A mão direita é um negócio fácil para mim. Ela tem essa função no violão, mas eu nunca prestava atenção nela. Eu simplesmente tocava o meu instrumento. Ninguém veio falar de mão direita comigo em
Ouro Preto. Fui ouvir falar disso já no Rio, pois lá as pessoas estavam atentas a esse tipo de detalhe. Acho que o negócio da mão direita é um processo que você desenvolve à medida que vai fazendo músicas que pedem situações rítmicas e você vai tentando atender às necessidades da sua criação, da sua idéia musical. Isso faz você exigir cada vez mais de si mesmo, passando por momentos musicais cada vez mais diferentes uns dos outros, e isso vai ‘enriquecendo’ a sua mão direita, ela vai sendo convidada a percorrer diversos caminhos rítmicos. Você vai exercitando a sua mão direita sem se dar conta disso. A minha mão direita é muito intuitiva, como todo o meu processo na música. > Quais são os violonistas que você mais admira? Gosto muito do Django Reinhardt e do Baden Powell. O Dorival Caymmi toca um violão que não é acompanhante, é um violão que descreve o ambiente da música. Os violões têm a sua personalidade. O violão de João Gilberto gosta de flutuar. O John Mclaughlin tocando aqueles temas no violão de aço é algo incrível. Escutava muito Dilermando Reis em Ponte Nova e ficava impressionado com o seu ‘Som de Carrilhões’. Depois fiquei amigo do Raphael Rabello e ele me disse que sentia a mesma coisa em relação ao Dilermando, pelo seu jeito de tocar o choro brasileiro, com uma levada que não se encaixa no formato formal da estrutura. O João Pernambuco também fazia isso, assim como o Meira e o Dino 7 Cordas. Hoje em dia o Guinga extrai um som maravilhoso do seu violão, com um sotaque bem carioca, e temos também o Yamandu Costa, que toca um violão que reúne as características de todos esses músicos que citei. Eu não fico ligado apenas no violão, mas na música de um modo geral.
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Capa > Você lê música? Eu não leio partitura nem cifras. Uma vez o Luís Eça tentou me ensinar cifras, mas acabei desistindo. Eu devia ter estudado música formalmente, mas não estudei e nem por isso deixei de tocar violão. Os acordes faço de uma forma totalmente intuitiva, desde a seleção, o encadeamento e a estrutura deles, e vou resolvendo à medida que as coisas vão acontecendo. É um caminho em que você se joga e vai em frente. Aí
é a música mesmo, que vem brotando, independente da sua vontade. > Você faz as letras separadas das músicas? Quando faço letra, ela vem junto com a melodia. Quando vou musicar um texto ou as pessoas letram alguma música minha, o processo é feito de forma separada. Quando você vai musicar algum texto, o segredo é descobrir a música que aquele tex-
“Toquei com grandes guitarristas, como Raphael Rabello, Ricardo Silveira, Victor Biglione, Alexandre Carvalho e Nélson Faria.” to tem, dando a impressão de que texto e música foram feitos juntos. Essa é a idéia da parceria. > Ultimamente, seu parceiro mais constante nas suas composições tem sido seu filho Francisco. O mundo do Francisco é a palavra. Ele tem livros publicados, escreve ensaios de literatura. Ele tem uma leitura muito interessante da música brasileira e uma cultura musical geral muito abrangente. A gente conversa bastante e se dá muito bem nas nossas composições. > Você sempre teve ótimos músicos na sua banda. Quais as formações de que tem melhores recordações? Fiz um duo durante muitos anos com o Nico Assunção. Ele foi um baixista que tocou tudo o que eu queria ouvir na minha música. A gente se entendia muito bem e tocamos juntos por 15 anos, viajamos o mundo inteiro. Toquei com alguns grandes guitarristas brasileiros como o Raphael Rabello, o Ricardo Silveira, o Victor Biglione, o Alexandre Carvalho e o Nélson Faria. Lembro de algumas formações, como eu, o Nico e o Ricardo Silveira; eu, o Nico e o Marçal, na percussão; eu, Nico, Ricardo Silveira, Marçal e Robertinho Silva, na bateria; eu, Alexandre Carvalho e Jamil Joanes, no baixo; eu, Nico, Nélson Faria e Kiko Freitas, na bateria. Tive várias formações, mas nunca passando desse quinteto. > Você gravou recentemente um DVD ao vivo no auditório do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Quando ele será lançado? O lançamento está previsto para maio.
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Neste DVD, sou acompanhado pelo Nélson Faria na guitarra, Kiko Freitas na bateria, Ney Conceição, Marçal, mais um naipe de sopros, com o Marcelo Martins, o Jessé Sadoc e o Aldiva, no trombone. Meus convidados são o Guinga, o Yamandu Costa, o Hamilton de Hollanda e o Djavan. Esse DVD faz uma retrospectiva da minha carreira. No segundo semestre, pretendo lançar um CD de inéditas, que eu tenho até pronto. Só não estou lançando agora em função desse DVD. > Você costuma trabalhar bastante seus CDs antes de ir para o estúdio? Bom, tem gente que adora trabalhar no estúdio. Eu tenho pavor de estúdio. Não aprendi a utilizar o estúdio como um momento de exploração do meu trabalho. Quando chego, quero gravar rapidamente e ir embora. Preparo tudo com antecedência, as idéias, a concepção dos arranjos. Gosto de chegar lá com 99% das coisas prontas. > Como você passa as músicas para os
Time Out – DaveBrubeck– “Esse disco tem umaimportânciaimensana minha vida.O DaveBrubecktrabalhoudivisões rítmicas de grande complexidadecom muitanaturalidade.Achoque minhaparte rítmicavem daí.”
Édison Machadona bateria,o Maciel no trombone,o Raulzinhono trombone de válvulae o HectorCostitano saxofone. A maioriadas músicasera do Tom Jobim,tem duas faixas do MoacirSantos, uma do próprio Sérgio Mendese uma do Meirelles.Aprendi muito com esse discoe aprendoaté hoje.”
Coisas- MoacirSantos- “É um discoritmicamentemuitorico e que trabalhauma série de idéias da negritude,principal- The composerof Desafinadoplays– Anmenteda negritudenordestina,e que se tonioCarlosJobim– “Essediscoé de espalha para um conceito de nação.” 1963. Foi o primeirogravadopelo Tom nos Estados Unidos e tem arranjos de Você ainda não ouviu nada! - Sérgio Claus Ogerman.O Tom Jobim inaugura Mendese BossaRio – “Essediscode aquele estilo de se tocar piano ‘em go1962 é um marcoda músicainstrumen- tas’. Nesse disco estão presentesGarotal brasileira.Ele tem aquelasimprovi- ta de Ipanema, Amor em Paz, Água de saçõesespeciais,com arranjosde Tom Beber, Desafinado. É um discoprimoroso Jobim.Os músicoseram o SérgioMen- pelasua forma.As improvisações do Tom des no piano,o Tião Neto no baixo,o são todas especiais.”
ThreeBlind Mice - Art Blakeyand the Jazz Messengers “O Art Blakeyera pianistae se tornoubaterista por uma coincidênciado destino. Ele virou um bateristade estilo peculiar, diferente. O trompetistadesse disco é FreddieHubbarde a gravaçãode Blue Moon é simplesmentegenial.” Twist- Ray Charles “Essediscofoi lançadono Brasilem 1962 com o estranhonome de Twist, gênero que faziamuitosucessona época.Ele trazia What’d I Say, I’ve Got a Woman, Tell The Truth. Esse discofoi muitoimportante para mim.I’ve Got a Woman faziaparte do meu repertórionos primeirosshows após o lançamentodo meu LP João Bosco, de 1973. Temposdepois chegueia fazer uma versão de Tell The Truth.”
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Capa outros músicos? O Nico fazia as partituras para mim, eu ditava, ele copiava tudo e depois me ajudava a explicar as idéias para os outros músicos, já que eu não sei ler. Hoje em dia quem faz isso para mim é o Nélson Faria. O meu violão é bem cheio, preenche bem os espaços. Tenho uma sensação auditiva de orquestração. Vou ouvindo as coisas e colocando-as no meu violão de alguma maneira. Quando vou gravar, apenas tiro algumas coisas do violão, faço algumas inversões, componho alguns improvisos para os músicos tocarem, sempre dando a liberdade para eles interpretarem. > E suas unhas? Fale um pouco delas. Prefiro unha em arco, com um raio bem grande. Não gosto de unhas compridas e com pontas, bicudas. Uso silicone na unha porque toco muito forte e ela, do jeito natural, não agüentaria. Tenho uma manicure no Rio que cuida das minhas unhas.
O que ele usa • Violões: “Uso vários violões. Tenho dois que a Giannini fez para mim, um C-4 acústico muito macio e que o Guinga gosta bastante de tocar quando vem em casa, e um C-7 com captação RMC. Tenho também dois violões Sugiyama acústicos, um é de 1983 e o outro é de 1996. Uso também dois violões Yamaha feitos para mim, um com captação RMC e outro acústico. Tenho violões do tipo Chet Atkins – que uso para tocar em lugares grandes e que não possuem uma boa acústica – por serem violões maciços e bem pesados.” • Cordas: “Gosto da Savarez Vermelha para os acústicos e da Savarez Amarela para os violões com captação. A Giannini também tem feito cordas muito boas, que uso em alguns instrumentos.” • Efeitos: “Já usei chorus, mas há tempos não uso nada. Apenas pedal de volume.”
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Discografia • Disco de Bolso - Pasquim - 1972 • João Bosco - RCA - 1973 • Caça à Raposa - RCA - 1975 • Galos de Briga - RCA - 1976 • Tiro de Misericórdia - RCA - 1977 • Linha de Passe - RCA - 1979 • Bandalismo - RCA - 1980 • Essa é a sua Vida - RCA - 1981 • Comissão de Frente - Ariola - 1982 • João Bosco ao Vivo 100ª Apresentação - Ariola - 1983 • Gagabirô - Ariola/Barclay - 1984 • Cabeça de Nego - Ariola/Barclay - 1986 • Ai ai ai de Mim - CBS - 1987 • Bosco - CBS - 1989 • Zona de Fronteira - Sony Music - 1991 • Acústico MTV - Sony Music - 1992 • Na Onda que Balança - Sony Music - 1994 • Dá Licença Meu Senhor Sony Music - 1995
• As Mil e Uma Aldeias - Sony Music - 1997 • Benguelê (Trilha Sonora do Balé Corpo) - 1998 • Na Esquina - Sony Music - 2000 • João Bosco ao Vivo (Duplo) Sony Music - 2001 • João Bosco ao Vivo - Sony Music - 2001 • Malabaristas do Sinal Vermelho Sony Music - 2003 • Songbook João Bosco 1 Lumiar Produções - 2003 • Songbook João Bosco 2 Lumiar Produções - 2003 • Songbook João Bosco 3 Lumiar Produções - 2003
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Evento
Ângela Muner em seu concerto em Tatuí
Por Deise Juliana Oliveira
Mais vivo do que nunca
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um feriado prolongado, mais de 400 violonistas reuniram-se na cidade que se tornou uma espécie de ‘Meca do Violão’. No período de 20 a 23 de abril, vindos de nove estados brasileiros e também do Uruguai, 410 instrumentistas participaram da primeira edição do Encontro Internacional de Vio-
lonistas, evento realizado pelo Conservatório de Tatuí, a maior escola de música com ensino gratuito da América Latina. Em meio a palestras, masterclasses, recitais e concertos, uma constatação: o violão clássico está mais vivo do que nunca. “Foi uma grande surpresa ter tantos alunos interessados, já que o violão clássico vive uma pequena crise e muita gente acha que ele está morrendo. Esses 410 alunos dão um grande incentivo para continuarmos tocando, ensinando e nos faz mudar de opinião sobre a situação do violão, não só no Brasil mas no mundo”, disse Everton Gloeden, integrante do Quarteto Brasileiro de Violões, grupo que encerrou o evento em Tatuí. Organizado com os objetivos de integrar estudantes e consolidar o ensino de violão de Tatuí no cenário nacional – o curso é mantido pelo Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos há 37 anos –, o evento atraiu nomes expressivos do instrumento. O Quarteto Brasileiro de Violões apresen-
Paul Galbraith e o seu violão de 8 cordas
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Encontro Internacional mostra a força do violão erudito e leva mais de 400 estudantes ao interior de São Paulo tou-se pela quinta vez em solo brasileiro – o grupo já fez cerca de 250 concertos desde a sua fundação em vários países. Também foi assim com o escocês Paul Galbraith, outro que raramente se apresenta em terras tupiniquins. O argentino Eduardo Isaac e os brasileiros Henrique Pinto, Eduardo Meirinhos e Paulo Porto Alegre ‘fecharam’ o time de instrumentistas que participaram do evento.
PAIXÃO PELO VIOLÃO No saguão de entrada do teatro Procópio Ferreira, em Tatuí (SP), violonistas espalhavam-se por todos os lados. Ali mesmo, faziam questão de ‘experimentar’ os violões expostos por três grandes luthiers brasileiros – Luiz Carlos Pepinelli, Antonio Tessarin e Joacir Ribeiro de Carvalho. Vários deles deixaram suas cidades para reunir-se no ‘encontro do comum e do diferente’. Se o comum tem seis cordas, e o diferente – como o de Paul Galbraith – oito, em Tatuí todos se encontraram num mesmo espaço.
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“Houve épocas em que tínhamos muitos festivais de violão e com o tempo se acabaram. Tatuí vem a ocupar um espaço que acho importantíssimo em termos de festivais de violão, porque, aqui, evoluímos em nosso instrumento, conhecemos os músicos, aprendemos como estão tocando, assistimos a concertos e aulas”, declarou o palestrante Paulo Porto Alegre.
MASTERCLASS Dos 410 estudantes inscritos, 126 tinham como meta apresentarem-se nos masterclasses. Os participantes foram escolhidos pelos próprios coordenadores das aulas e, dianMeirinhos destacou-se pela sua técnica no violão
Apresentação de Eduardo Meirinhos com o convidado Fábio Presgrave ao violoncelo te de um nível altíssimo, protagonizaram um recital exclusivo. “Foi difícil escolher alguns para se apresentar no recital, tamanha a qualidade e a variedade. Acho que atingimos todos os objetivos propostos porque houve, realmente, uma integração entre os violonistas. Reunir instrumentistas de nove estados brasileiros foi algo inédito”, disse o coordenador Paes. Henrique Pinto, reconhecido professor do instrumento, diante do fascínio dos estudantes tentou explicar sua paixão: “O violão hoje em dia é um fato. Ele se espalhou pelo mundo inteiro e acredito que no século XX, com os grandes construtores de violão e o repertório imenso, o instrumento se tornou algo sólido. Esses jovens que estudam se apaixonam pelo violão exatamente pelas qualidades intrínsecas, reais, de ser um instrumento apaixonante. Quem toca violão fica apaixonado e leva aquilo pelo resto da vida. Mesmo quem não pretende ser um profissional tem aquilo dentro de si”, declarou. Talvez seja por isso que o primeiro professor de violão do Conservatório de Tatuí, Jair de Paula, de 72 anos, ao ser questionado sobre qual instrumento escolheria se pudesse tocar algum outro, respondeu: “Se pudesse escolher outro instrumento, escolheria outro violão”.
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Expert
O que faz um bom timbre Por Odir Pereira Filho Fotos: divulgação
Qual a relação entre formatos e madeiras de um violão e seu som? Nós fomos atrás para descobrir!
JACARANDÁ INDIANO (ou Indian Rosewood) Nome científico: Dalbergia Latifólia. Tem um timbre rico em graves e as veias bastante paralelas, o que o diferencia do brasileiro. Também sofre risco de extinção.
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xistem dois fatores importantes que interferem e compõem o timbre de um violão acústico: o formato da caixa de ressonância, ou seja, o tamanho e o desenho do corpo e as madeiras utilizadas na sua construção. As freqüências graves e médio-graves são as mais difíceis de extrair da caixa de ressonância porque a caixa de um violão tradicional não é muito grande, comparada a um cello, a um baixo acústico ou a
um baixolão. Já as freqüências mais agudas apresentam mais facilidade de projeção em qualquer violão. Um bom som de violão deve ser equilibrado, ter graves, médios e agudos, cada modelo com sua dosagem certa. Se o violão privilegia demais certas freqüências ou anula outra, o resultado sempre é de baixa qualidade. Geralmente peças mais econômicas e laminadas têm aquele som de ‘lata’, sem graves,
MOGNO (ou Mahogany)
KOA
Nome científico: Swietenia Macrophilla. Tem um timbre mais médio e médio-grave. É mais leve que o jacarandá, o koa ou o maple. Proporciona bom brilho e volume e dá ênfase às freqüências médias e agudas. Madeira também muito usada na fabricação de braços.
Nome científico: Acácia Koa. Resposta de grave levemente menos acentuada que o jacarandá e os agudos mais suaves que o mogno. Tem um timbre equilibrado. Árvore típica das ilhas do Havaí.
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ou seja, mais pobre. Superficialmente um formato de caixa maior tem a tendência de ter mais volume e mais grave. Uma experiência interessante e que serve para ilustrar este assunto é poder tocar em dois formatos diferentes dentro de uma mesma linha, isto é, ouvir a projeção com as mesmas madeiras mas em formatos diferentes. Como exemplo, imaginemos um modelo tipo Dreadnought (Folk) com tampo de spruce e lateral e fundo de jacarandá, e um modelo tipo Auditorium (um pouco menor), com as mesmas características, tampo em spruce e lateral e fundo de jacarandá, de preferência equipados com o mesmo tipo de cordas. Os timbres serão familiares, mas o Folk terá mais volume e um pouco mais de grave; o Auditorium será mais enxuto, embolando menos as freqüências. Se compararmos dois violões de mesmo formato, porém com madeiras diferentes, eles também irão timbrar diferente. Por exemplo, se você tocar num violão de lateral e fundo de jacarandá e o tampo de spruce (seja sitka, engelmann ou italian alpine), ele irá timbrar bem diferente de um violão com lateral e fundo de mogno e
com tampo de cedro ou de mogno. A mãe natureza é extremamente rica e oferece para cada tipo de fibra de madeira uma característica tonal, sem contar que da mesma forma que não existe uma pessoa igual a outra, também não existe uma árvore igual a outra. Conseqüentemente, não existe um violão exatamente igual ao outro, mesmo sendo do mesmo modelo e com as mesmas madeiras e características. Como assim? Uma árvore pode ter crescido num lugar mais ensolarado do que outra, mesmo sendo da mesma espécie, ou pode estar num estado mais seco ou mais úmido no momento do corte. Enfim, a escolha da qualidade desta madeira também interfere na qualidade do timbre e do volume que este instrumento alcançará. Também por essas razões é que o preço de um violão pode variar tanto. Um instrumento de um bom luthier ou uma peça top de uma marca tradicional, como Martin, Guild ou Taylor, tem de ter jogos de madeira de alta qualidade e superselecionadas, muito diferente de linhas mais econômicas. Segue uma pequena síntese das qualidades tonais das madeiras mais usadas.
Violao Martin D-100 Deluxe
JACARANDÁ BRASILEIRO (ou Brazilian Rosewood)
MAPLE
Nome científico: Acer Macrophyllum. Originário do noroeste do Pacífico, é menos denso que o maple europeu. Seu timbre é levemente mais sombrio e quente.
SPRUCE Existe uma variedade de spruce: o Sitka Spruce é muito usado atualmente pela Martin na maioria dos seus modelos, tem grande vibração em qualquer tamanho e ótima durabilidade. O Engelmann Spruce tem um som um pouco mais aberto. O Italian Alpine Spruce é bastante vibrante e similar ao ‘red spruce’, muito utilizado em violões da década de 1930.
Existem vários tipos de jacarandá. O internacionalmente famoso e cultuado da Bahia, sonho de consumo das grandes fábricas, tem como nome científico Dalbergia Nigra. Devido a um acordo internacional (Cites), este tipo de jacarandá tem seu corte proibido desde 1992, mas sabe-se que mesmo assim sua comercialização é intensa no mercado negro. É reconhecido e reverenciado devido ao seu timbre de grave profundo e de alta ressonância e ao seu visual maravilhoso. No mercado internacional, um jacarandá do Brasil de boa qualidade custa em média três vezes o valor de um jacarandá da Índia ou de Honduras.
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Testes
Giannini GWNFLST O pequeno valente
É
uma grande satisfação para mim avaliar um produto nacional de qualidade. Em épocas de dólar baixo, como a que vivemos hoje, a competição com as fábricas estrangeiras tem dificultado para o nosso lado. Não é fácil ter como concorrentes diretas marcas como Yamaha, Takamine, Eagle, Condor, dentre muitas outras, que possuem um alto grau de qualidade aliado a um forte trabalho de marketing. É óbvio que quem sai ganhando com isso é o consumidor, que têm à sua disposição uma gama imensa de opções de preços, marcas e modelos para a compra de seu instrumento. A Giannini é uma empresa que, ao longo de seus mais de 100 anos de existência, vem se adaptando às inovações tecnológicas e se adequando às necessidades do mercado. A variedade de produtos que oferece ao músico é grande, desde aqueles voltados aos iniciantes até para os profissionais mais gabaritados.
Ficha Tecnica Modelo: GWNFLST
O VIOLÃO O GWNFLST é um violão eletroacústico de cordas de náilon, feito em sitka maciça no tampo, pau-ferro na faixa lateral e no fundo, braço em cedro e escala em morado. Possui um captador ativo, com equalizador de três bandas com afinador. É um instrumento muito bem construído, com ótimo acabamento em todos os quesitos: verniz, recortes, partes coladas, colocação dos trastes. O cavalete está bem centralizado e a altura do rastilho e da pestana estão adequados. O modelo testado apresentou uma ótima tocabilidade, à altura de sua impressão inicial. Com um braço macio, não é necessário fazer esforço para fazê-lo soar. Tocando, notei que os trastes estão um pouco ásperos, o que pode ocasionar um desgaste excessivo das cordas. Esse defeito é simples de resolver, bastando um rápido polimento. Notei também um leve trastejamento,
Por Cristiano Petagna da décima até a décima segunda casa somente nas cordas primas, devendo-se tocar um pouco mais leve nessa região. A afinação está precisa em toda a extensão da escala e as tarraxas correspondem com exatidão. A sonoridade acústica é o ponto forte deste instrumento. Possui um timbre rico em harmônicos médio-graves, com boa projeção e volume, e ótimo equilíbrio entre as notas. É um violão versátil, muito bom tanto para realizar acompanhamentos quanto para solar. Quando plugado, são necessários alguns ajustes na equalização para manter suas características acústicas, pois o timbre do captador é predominantemente agudo, com carência de médio-graves. O sinal está bem equilibrado entre as cordas e sua resposta é precisa. Apresenta uma boa relação custo-benefício, otimizada pelo fato de possuir o afinador eletrônico embutido e também acompanhar um bag personalizado.
Fabricante: Giannini Indicado: Para estudantes de violão que buscam uma boa sonoridade acústica Pró: Boa sonoridade acústica sem esforço Contra: Som do captador com carência de médio-graves Preço sugerido: R$ 550,00 9,0 7,5 8,0 9,0 8,5
Quer falar com o autor da matéria? Cristiano Petagna – cpetagna@gmail.com Giannini - (11) 4028-8400 (ramal 8917) marketing@giannini.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas
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Fotos: divulgação
Acústica................ Captador ............... Desempenho ........ Acabamento .......... Custo-benefício ....
Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.
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Cordas Nig N-410 e N-500 Quem disse que se e nacional nao vale?
Por Rudy Arnaut
Ficha Tecnica
Modelo: Nig Violão Clássico N-410 Fabricante: Rouxinol Pró: ótimo custo-benefício Contra: nada a declarar Preço sugerido: R$ 10,00 Timbre .................. Brilho ................... Sustentação .......... Qualidade do som . Volume ................. Definição do som .. Durabilidade ......... Custo-benefício ....
8,0 7,0 5,0 8,0 8,0 7,0 8,0 10,
Quer falar com o autor da matéria? Rudy Arnaut – rudyarnaut@gmail.com Nig - (11) 4441-8366 www.nigstrings.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas
Fotos: divulgação
A
Nig é uma marca brasileira de cordas para guitarra e Violão PROduzida pela Rouxinol. Mas não se assuste. A empresa há tempos tem padrões de fabricação como as internacionais. Maquinários importados e adaptados para o projeto de sonoridade que a marca procurou desenvolver no País, além da construção da marca ao longo dos anos, foram alguns dos alicerces que a lançou para a conceituação dos seus produtos. E para quem não sabe, foi a justamente a Rouxinol, com a marca Nig, que inaugurou o projeto de cordas profissionais feitas no Brasil. Antes havia uma lacuna entre o que era produzido aqui em produtos de linhagem econômica e os importados profissionais. Foram enviados para a redação dois tipos de cordas fabricadas pela empresa, que possui um catálogo com mais de 70 produtos. Nos testes desta edição, analisei as cordas de nylon para violão clássico e as cordas de aço, desde a embalagem.
Cordas de aço para violão N-500 - 010/.050 Cordas de nylon para violão clássico N-410 Primas (MI/SI/SOL) Nylon Cristal Bordões (RÉ/LÁ/MI) Prateados Tensão Alta O jogo de cordas utilizado foi de alta tensão, formado pela MI (029), SI (033), SOL (041), RÉ (030), LÁ (037) e o bordão MI (044). Dentro da embalagem, encontramos uma palheta de brinde. A organização das cordas dentro do envelope é boa, o que facilita na hora de colocá-las no instrumento. Ao pegar a embalagem, notei uma inscrição do fabricante que diz: ‘qualidade internacional’. Surpreendi-me, de fato, ao utilizar essas cordas: são excelentes, especialmente se comparadas aos encordoamentos importados de preço popular. Seu brilho e sua nitidez são muito bons, por se tratar de uma corda nacional, com custo ótimo. No quesito durabilidade, após o terceiro dia de uso bastante intenso – média de seis horas por dia –, percebi que elas mantiveram um bom som. Ao utilizar essas cordas, fiquei satisfeito com a qualidade em relação ao bom timbre, afinação, brilho e qualidade de som.
Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.
Bordões encapados com bronze 85/15 Testei um jogo de cordas formado pela MI (010), SI (014), SOL (022), RÉ (030), LÁ (040) e MI (050). Esse encordoamento também vem acompanhado por uma palheta, e tem os bordões na cor bronze que deixam o timbre bastante brilhante. Além disso, é um timbre bem definido e de boa qualidade. No geral, é um ótimo produto no que se refere ao custo-benefício: o timbre é ótimo e tem uma boa presença em relação ao brilho e à definição do som.
Ficha Tecnica
Modelo: Nig Cordas de Aço N-500 Fabricante: Rouxinol Pró: ótimo custo-benefício Contra: nada a declarar Preço sugerido: R$ 11,00 Timbre .................. Brilho ................... Sustentação .......... Qualidade do som . Volume ................. Definição do som .. Durabilidade ......... Custo-benefício .... Quer falar com o autor da matéria? Rudy Arnaut – rudyarnaut@gmail.com Nig - (11) 4441-8366 www.nigstrings.com.br * Preço sugerido é o valor indicado pelo fornecedor ao varejo, podendo ou não ser seguido pelos lojistas
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Testes
Ficha Tecnica Modelo: M3
Francisco Munhoz Tudo feito a mao
Por Cristiano Petagna
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sta seção da revista é muito importante para o leitor, não só para conhecer novas marcas e modelos de violão, mas também para fornecer ferramentas de análise que o ajudarão em uma futura aquisição. A compra de um instrumento de luthier, por exemplo, não é tarefa simples. Antes de fechar um negócio, é necessário que se faça uma vasta pesquisa das características sonoras e estruturais dos violões de diversos autores, pois cada um possui suas particularidades e sempre tem um que se encaixe melhor no seu perfil. Outra variável é a escolha das madeiras, que, dependendo do tipo escolhido, pode encarecer muito o valor do instrumento. Porém, cada madeira tem uma característica sonora diferente, sendo uma opção muito pessoal. Eu, por exemplo, não me adapto ao tampo de cedro, mas tenho muitos amigos violonistas que preferem este
Fotos: divulgação
Procure este selo Ele é a garantia de que o produto foi testado pelos mais competentes profissionais do mercado.
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tampo. Enfim, tenha muita calma ao escolher um instrumento desse porte, pois o investimento é alto e tanto melhor se a sua satisfação estiver na mesma proporção. Ao nos deparar a primeira vez com um violão Munhoz, percebemos que se trata de um instrumento atípico. Essa impressão inicial provém de um ressalto do braço na região do tampo, que proporciona um visual diferente. Este é um modelo exclusivo deste luthier, fruto de sua pesquisa para aumentar o rendimento sonoro do violão. Além de o braço ser ressaltado, ele não é totalmente colado ao tampo, aumentando a área de vibração do mesmo. Outra inovação é o conjunto de 12 varetas que atravessam a parte interna do corpo, com a função de transmitir vibração por igual a todas as regiões. O modelo analisado tem três anos de uso e foi feito em macacaúba na faixa lateral e no fundo, tampo de abeto, braço em cedro, escala em jacarandá e tarraxas da Schaller. É tocando nessa verdadeira máquina de vibrações que temos a certeza de que é um instrumento muito especial. É realmente incrível o equilíbrio sonoro que tem este violão, da nota mais grave até a mais aguda. Todas elas respondem da mesma maneira, seja quanto ao timbre ou à intensidade. O timbre é extremamente aveludado e o ataque das notas é macio, quase não dando para perceber o som da unha pinçando a corda.
Fabricante: Luthier Francisco Munhoz Indicado: Para violonistas profissionais de qualquer estilo Acústica................ Captador ............... Desempenho ........ Acabamento .......... Custo-benefício ....
10, 10, 10, 10, 10,
Quer falar com o autor da matéria? Cristiano Petagna – cpetagna@gmail.com Luthier Francisco Munhoz (34) 3321-8153 / 3321-7981 *Diferente de um violão de linha, o profissional tem tempo para analisar a construção do instrumento e sua sonoridade adequada ao músico comprador.
Possui excelente projeção, direcionada para frente, dando até a falsa impressão, para quem toca, de que falta volume. É também um instrumento fácil de tocar. Tem um braço fino e a ação das cordas é baixa, mas sem trastejar. Há uma grande vantagem do Munhoz em relação aos violões tradicionais: a facilidade de tocar as notas a partir da décima segunda casa, ocasionada pelo ressalto do braço. Funciona quase como um cutaway, porém sem perder área de madeira. Quando microfonado para gravações ou performances ao vivo, pelas suas características de projeção e equilíbrio, é como se ele já estivesse pré-equalizado. Não há nenhuma dificuldade em fazer a timbragem, desde que se use um bom microfone. Não é muito aconselhável instalar um captador neste violão. Pela sua complexa estrutura interna, não há espaço livre para a passagem dos fios, podendo, como conseqüência, causar algum ruído indesejável. Caso seja realmente necessária a instalação do captador, é melhor colocá-lo durante a construção do violão. Dessa forma, o risco de haver algum ruído diminui.
Detalhe da junção do braço e corpo do violão: altura facilita tocar notas mais altas
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Na Estrada DI GIORGIO SÉRIE LUTHIER
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oco em um violão que tenho há 19 anos. Trata-se de um Di Giorgio de uma série especial intitulada Luthier. Ele foi fabricado em 1983 e possui um som muito limpo, ideal para música erudita, apesar de utilizá-lo muito para tocar temas de bossa nova, samba e samba-canção. Mesmo quando tenho a opção de usar um violão elétrico, sempre prefiro manter-me fiel ao som do violão acústico. Nesse caso, eu o microfono usando um Shure 57. Para o tipo de música que me proponho a fazer, ele atende de maneira muito satisfatória. As travas são bastante elaboradas. O tampo é coberto por uma folha muito fina de madeira canadense, que dá ao som uma clareza importante. O braço é largo, sem marcações nos trastes – totalmente – e a escala é em ébano com 19 trastes. O som produzido é bastante limpo, os graves ressoam com potência e altura razoável, os agudos também mantêm sua altura. Quando tocado em conjunto, faço ressalvas ao seu timbre em parceria com um pandeiro ou tamborim. O som clássico não combina muito com esses instrumentos.
Para fazer a seção Teste na Estrada, a Violão PRO optou por publicar análises de músicos que vivem e trabalham diariamente com o instrumento aqui mostrado. Analise seu violão e envie para nós. As melhores análises serão publicadas. Os critérios para publicação serão: qualidade das informações, experiência e crítica. Anote: ajuda@musicaemercado.com.br, aos cuidados do Editorial Violão PRO.
VIOLÃO YAMAHA APX - 5 NA
DI GIORGIO TALENT III
steticamente falando, não tenho do que reclamar. O Yamaha APX - 5 NA é um violão bonito, luxuoso e elegante. Mesmo que outros façam igual, seu formato é inconfundível. É bonito vê-lo sendo tocado – tem tarraxas douradas, um cavalete diferente e um belo mosaico ao redor da boca. Empunhá-lo é muito gostoso, principalmente pelo braço macio feito em nato. Seu acabamento é digno de luthiers, com cor natural e características muito bem planejadas e construídas.
uem conhece a linha de violões Talent, da Di Giorgio, nota que o violão traz diferenças na confecção. Caixa de ressonância larga em jacarandá da Bahia, tampo maciço de spruce canadense, escala em ébano e tarraxas canadenses dão ao violão um caráter bem particular, pois foi feito sob encomenda pela Di Giorgio. O braço também tem suas particularidades, já que é anatomicamente melhor que os outros da mesma linha, proporcionando mais maleabilidade na execução. Acusticamente, é um violão de boa qualidade. Apesar do predomínio dos graves, o instrumento traz um bom equilíbrio entre médios e agudos, além do ótimo volume proporcionado pela sua caixa larga. Utilizo a captação de rastilho Acoustic Matrix Natural II, da Fishman, que me surpreendeu na qualidade, enriquecendo muito o som final do instrumento. Ainda quanto à captação, utilizo um pré-equalizador externo, evitando assim cortar o som da madeira do violão. Apesar das características aqui demonstradas, não é um violão comparável aos de grandes luthiers. Considero-o um instrumento de médio porte, que não me deixa na mão e pode ser bem utilizado em gravações e shows.
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Marca: Yamaha Modelo: APX - 5 NA Músico: Bruno de Moura T. Nunes sertao_sqp@hotmail.com Informações: www.yamahamusical.com.br pardal_ferrari@gmx.yamaha.com A sonoridade acústica do violão é boa, mas não a considero excelente, pois perde um pouco nas freqüências mais baixas/graves. Mesmo assim, quando tocado, transmite um som bom e suave. Parte disso deve-se ao tipo de madeira usada, com o tampo feito em Epícea. No entanto, o que este violão não possui em acústica, ganha na parte eletrônica. Seu ótimo pick-up B-Band e um pré-amplificador de três bandas (com agudo, médio e grave, além do botão de freqüência de médio) possibilitam uma melhor equalização e controle do som. Com este violão e um equipamento de som ideal, é possível obter um som ao vivo muito próximo ao de estúdio, o que agrada não só ao músico, mas ao público também.
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Marca: Di Giorgio
Marca: Di Giorgio
Modelo: Série Luthier
Modelo: Talent III
Músico: Bruno Rossi brj1110@hotmail.com
Músico: Fabio Cadore http://fabiocadore.sites.uol.com.br
Informações: www.digiorgio.com.br E-mail: vera@digiorgio.com.br
Informações: www.digiorgio.com.br E-mail: vera@digiorgio.com.br
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Erudito
Paul Galbraith
Por Carlos Calado
Um dos grandes nomes do violão erudito internacional, Paul Galbraith nasceu em Edimburgo, na Escócia, em março de 1964. Seus pais não são músicos, mas entre os antepassados da família – desde o século XII – sucederam-se várias gerações de harpistas e alaudistas. “Ouvíamos muita música clássica em casa. Com 3 ou 4 anos de idade, eu já ficava praticamente hipnotizado por alguns discos dos meus pais”, relembra Galbraith. Morando no Brasil há algum tempo, o violonista foi um dos fundadores do aclamado Quarteto Brasileiro de Violões – ele saiu do grupo há um ano e meio. Galbraith também é conhecido pelas suas ótimas transcrições de outros instrumentos para o seu violão Brahms de oito cordas. 40 ViolaoPro 2.indd 40
Escoces com alma brasileira: Paul Galbraith e seu violao de oito cordas Sua postura de tocar inovadora inspirou vários jovens violonistas durante a primeira edição do Encontro Internacional de Violonistas de Tatuí, interior de São Paulo. Confira agora a entrevista com o mestre das oito cordas. > Como foi seu primeiro contato com a música? Paul Galbraith: Meus pais não são músi-
cos, mas ouvíamos muita música clássica em casa. Com 3 ou 4 anos de idade, eu já ficava praticamente hipnotizado por alguns discos deles, como Pedro e o Lobo. Comecei a estudar piano aos 7 anos, mas sem muito sucesso. Isso aconteceu quando eu e minha família voltamos de Malauí, na África, para morar em Londres. Minha professora achava que eu não era musical e não me transmitia entusiasmo
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para tocar piano. > Então você começou a estudar piano e violão ao mesmo tempo? Sim, o contraste era muito grande. Às segundas-feiras eu tinha as aulas de piano, que fazia o possível para evitar. E aos sábados tinha as aulas de violão, pelas quais mal podia esperar. Isso durou apenas um ano, porque mudamos mais uma vez: fomos para a Cornualha, onde morava a família de minha mãe. Lá eu tive aulas com Ian Jackson. Foi realmente uma sorte encontrar um professor como ele, numa região tão afastada dos grandes centros. No ano seguinte, em 1975, voltamos para Edimburgo, na Escócia, onde nasci, e comecei a estudar numa escola oficial de música, a St. Mary’s Music School. Ali meu professor de violão foi Barry Shaw, que hoje em dia é pintor. O método de ensino dele era estimulante. Mais ou menos uma vez por mês ele me levava a um estúdio de gravação, na Murray House, onde dava aulas, e me filmava tocando o repertório para aquela fase. Então ficávamos assistindo e ele deixava que eu fosse meu próprio professor. Ele permitia que eu tirasse minhas próprias conclusões. Acho, inclusive, que o entusiasmo que sinto hoje por fazer gravações começou ali. > Suas influências iniciais vieram somente da música clássica? Basicamente, sim. Havia outros elementos em torno, mas eu não saberia dizer se eram de fato influências. Sou o mais novo de três irmãos, todos homens. David e Richard foram desde cedo fãs de rock. David, o mais velho, começou a estudar violão junto comigo, com Graham Wade, mas logo depois foi para a música popular e hoje em dia é autor de canções. Richard tocava bateria e tinha uma banda de hard rock. Alguns anos mais tarde, eles até chegaram a gostar um pouco de música clássica. No meu caso, fora o fato de brincar um pouco na escola, tocando baixo elétrico, raramente me interessei pela
O que ele usa • Violão Brahms de 8 cordas fabricado pelo luthier inglês David Rubio – “O nome violão Brahms é derivado de meu arranjo das ‘Variações Sobre um Tema Original, Op. 21A para Piano’, de Brahms, que eu tinha transcrito inicialmente para violão de seis cordas”, diz Galbraith. “O renomado luthier inglês David Rubio foi maravilhosamente entusiástico desde a minha primeira menção à idéia. Adicionar uma oitava extra à extensão de um instrumento já perfeitamente equilibrado, sem sacrificar a qualidade tonal, estabeleceu um desafio difícil, mas de um valor indubitável.” • Encordoamentos D’Addario EJ44 música popular. Mas curto vários compositores e intérpretes brasileiros, especialmente Chico Buarque e Elis Regina. > Quais foram suas primeiras referências no violão? Na Inglaterra há uma tradição muito forte de violão. Claro que todo mundo pensa logo em Segovia, mas lá existem Julian Bream e John Williams, considerados geralmente os violonistas mais importantes
pós-Segovia. Tive contato com os dois, mas em termos de violão minha influência mais forte veio dos irmãos brasileiros Abreu. O primeiro disco de violão que eu tive, aos 9 anos, era deles. Naquela época era fácil encontrar os discos dos irmãos Abreu na Inglaterra, porque foram gravados lá em Londres. Não cheguei a ver os dois tocando ao vivo, mas depois que Eduardo desistiu de tocar, assisti à estréia de Sérgio, no Wigmore Hall, em Londres. Foi um evento muito especial para mim. Eu tinha 13 anos. Até cheguei a estudar um pouco com Sérgio, no único curso que ele deu na Inglaterra. Aconteceu por acaso: o curso seria dado por Julian Bream, mas ele cancelou na última hora. Sérgio iria fazer um concerto lá e ministrou o curso. Hoje tenho contato pessoal com ele, o que é fantástico. Ele constrói violões. > Por que você toca obras compostas originalmente para outros instrumentos? Simplesmente porque quero tocar boa música! Parte do desafio que se apresenta para nós, os violonistas, ainda é o repertório, ou melhor, a qualidade do repertório. Muitos violonistas não compram essa briga do repertório e acabam tocando apenas música violonística de segunda categoria, que só interessa a outros violonistas. Isso acaba formando um gueto e não vai adiante, o que sempre foi um perigo. Além disso, existe o que se pode chamar de um complexo de inferioridade do violonista, que precisa ser vencido, porque nós nos consideramos os piores (risos). > Como você tem lidado com seu violão de oito cordas frente ao repertório escrito originalmente para o violão tradicional de seis cordas? É interessante, mas até agora não encontrei uma obra feita para violão que não tenha sido beneficiada pelas cordas extras que tenho. A base do meu instrumento é a mesma, a referência está nas seis cordas centrais. Contar com outros recursos no violão só enriquece. Claro que existem alguns desafios técnicos peculiares a esse violão,
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Erudito mas ele também oferece facilidades que os violões tradicionais não permitem. > Quando você vislumbrou a possibilidade de usar uma posição diferente da tradicional para tocar o violão? Chegou um momento em que eu não estava mais satisfeito com o meu desenvolvimento. O que tinha funcionado até então não servia mais para mim, especialmente o jeito de estudar e a minha técnica. Comecei a sentir isso quando não conseguia transferir para o violão alguns dos ensinamentos de George Hadjinikos. Um aspecto importante no ensino dele era o de que, na música, o essencial não é somente a qualidade do som, mas o que vem antes – ou seja, o movimento que traz o som. É como num jogo: não é a bola que interessa, mas sim a direção que você quer dar a ela. Pensando nisso, percebi as limitações da postura tradicional. Segurar e tocar o violão ao mesmo tempo restringe a relação essencial entre movimento e som, além de facilmente acabar torcendo as costas e gerar outros problemas físicos. Liberar o braço direito foi, para mim, o passo necessário para começar a integrar essa relação no violão. > Quem o vê tocando tem a impressão de que você se inspirou no violoncelo ou no contrabaixo para chegar à postura vertical de hoje... Nunca estudei violoncelo. Cheguei a es-
“Acho que o violão não vive uma crise, mas ainda é visto como um instrumento inferior. Há um longo caminho pela frente, mas acho que a maior responsabilidade está com os violonistas. Precisamos ser músicos de verdade. Ainda não há muitos violonistas com o mesmo nível de grandes pianistas, violinistas ou violoncelistas e assim vai. Este é um grande desafio para nós, violonistas.”
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Paul Galbraith tocando com um espigão no violão, cadeira desmontável e uma caixa de ressonância
tudar contrabaixo por algumas semanas, quando ainda era adolescente, porque os professores achavam que seria fácil para mim por causa da afinação, que é parecida com a do violão. Mas ter estudado um pouquinho esse instrumento não me influenciou. Inicialmente, quando descobri a nova postura, mantive o ângulo tradicional, mas com o decorrer dos anos fui tocando o violão cada vez mais em posição vertical. Aí, sim, tocando na vertical, o violoncelo teve uma influência direta. > E como você chegou à forma atual, com o espigão no violão, a cadeira desmontável e a caixa de ressonância? Três anos depois de ter mudado a postura, tocando na casa de Sérgio Abreu, no Brasil, ele comentou que, ao encaixar o violão entre as pernas, eu estava abafando a parte mais ressonante do instrumento. Ouvir isso de um violonista e construtor de violões genial como ele me fez parar
e repensar. Então cheguei à conclusão de que, já tocando na posição vertical, eu poderia utilizar o espigão do violoncelo e voltar a sentar numa cadeira, e assim liberar a plena ressonância do instrumento. Mais tarde, ao perceber que o chão de madeira vibrava quando eu apoiava o espigão sobre ele sem usar um tapete, foi lógico chegar à conclusão de que seria interessante usar uma caixa de ressonância. Nisso eu me inspirei nos violoncelistas, sabendo que muitos usavam caixas, ou até praticáveis de ressonância, para ampliar o som, especialmente à frente de uma orquestra. Depois mandei fazer uma cadeira para poder manter a mesma referência de postura, onde quer que eu esteja. > Como você explica sua decisão de viver no Brasil já há oito anos? Essa opção não ajuda sua carreira de concertista, concorda? Curiosamente, mudar para o Brasil aca-
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bou me ajudando a tocar melhor, porque eu me sinto bem vivendo aqui. Acho que foi uma decisão puramente emocional: tive de deixar de lado o aspecto objetivo, em termos de carreira. Às vezes me pergunto por que o Brasil me pegou dessa maneira. Talvez tenha a ver com o fato de eu ter passado três anos da minha infância em um país tropical – Malauí, na África. Desde a primeira vez que estive no Brasil, em 1984, quando passei uns dois meses aqui, eu me senti muito bem. Naquela viagem conheci Célia, minha esposa, então posso dizer que foi uma paixão simultânea por ela e pelo
músicos como os irmãos Abreu, mas pela música popular, pelo choro. Já na primeira vinda ao País, me levaram para conhecer Raphael Rabello, no Rio de Janeiro. De fato, fizeram uma sacanagem comigo: referiram-se a ele como se fosse um violonista qualquer. Fiquei suando ao vê-lo tocar com tanta facilidade. Era impressionante! Então ele me passou o violão e eu toquei Bach para ele. Foi um encontro surrealista. (risos) A tradição violonística do Brasil é riquíssima e, para quem não conhece, chega a ser algo surpreendente. Resumindo, além da ligação emocional que eu sentia com o País,
te ‘superstars’, aparecendo toda hora na TV, mas essa bolha passou e a situação do violão voltou, em alguns aspectos, a um estágio até mesmo inferior do que antes. > Mas nada mudou desde então? Mudou, sim. Agora temos um repertório contemporâneo de peso, que era bem menor antes. Foi especialmente Bream que inspirou grandes compositores e assim ajudou a criar um grupo de obrasprimas para nós. Acho que para um instrumento ser vivo, você precisa tocar música da sua época. Boa parte da música clássica só vive da música do passado e assim está ficando cada vez mais difícil
país. Logo depois que nossa filha Luiza nasceu, mudamos para cá, pensando também no aspecto do calor humano que existe no Brasil. Isso é importante para uma criança, aliás, para todos nós. > E em termos musicais? A tradição violonística brasileira também pesou na sua mudança? Sim. De início, a presença de Sérgio Abreu também contribuiu para a idéia de morar no Brasil, porque ele sempre foi uma referência, um ídolo para mim. Normalmente, os violonistas da Inglaterra pensam em ir para a Espanha com a intenção de encontrar as raízes do violão. Eu senti isso no Brasil, não só por
os elementos musicais também contribuíram para que eu decidisse viver aqui. > Você acha que ainda existe preconceito contra o violão? O preconceito contra o violão vai e vem, mas nunca foi realmente resolvido. Houve uma onda enorme de popularidade do violão, nos anos 1970, quando eu estava começando. Naquela época qualquer violonista, de qualquer nível, podia tocar em Londres, até músicos que não tinham condições de entrar em um palco. Acho que isso aconteceu por influência da música popular; realmente houve uma explosão de interesse pelo violão. Naquela fase, Bream e Williams eram praticamen-
apresentar música moderna, até porque o nível de percepção do público geral caiu drasticamente nos últimos anos. Fundamentalmente, acho que o violão não vive uma crise, mas ainda é visto como um instrumento inferior. Há um longo caminho pela frente, mas acho que a maior responsabilidade está com os violonistas. Precisamos ser músicos de verdade. Ainda não há muitos violonistas com o mesmo nível de grandes pianistas ou violinistas, violoncelistas e assim vai. Este é um desafio para nós, violonistas.
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E Entrevista
Por Roberta Valente
Arranjador sofisticado, compositor talentoso e exímio violonista, Maurício Lana Carrilho nasceu no Rio de Janeiro, em 1957, numa família de chorões. Filho de Álvaro Carrilho e sobrinho de Altamiro Carrilho, ambos flautistas e compositores, Maurício começou a estudar violão aos 9 anos com Dino 7 Cordas, mas seu grande mestre foi o compositor Jayme Florence, mais conhecido como Meira. Atuou como arranjador e violonista ao lado de Radamés Gnattali, Joyce, Elizeth Cardoso, Nara Leão, Chico Buarque, Miúcha, Francis Hime, Paulinho da Viola, Proveta, Mônica Salmaso e de outros grandes nomes da música brasileira. 44 ViolaoPro 2.indd 44
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aurício é responsável – ao lado da violonista Anna Paes – pela maior pesquisa sobre choro de que se tem notícia: eles levantaram mais de seis mil títulos de compositores nascidos no século XIX, revelando centenas de obras inéditas de grandes compositores, como Pixinguinha, Joaquim Callado, Henrique Alves de Mesquita, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e outros. Maurício usa sua própria gravadora, a Acari Records (dele e da cavaquinista Luciana Rabello), para lançar parte desse repertório. A Acari (www.acari. com.br), única gravadora especializada
em choro no Brasil, já lançou mais de 50 CDs de compositores históricos e contemporâneos, além de vários álbuns contendo as partituras das músicas gravadas em vários desses CDs, com biografia, fotos e informações de interesse não só para músicos e pesquisadores, mas para todos os amantes do gênero. Como se não bastasse, Maurício ainda é um dos fundadores e diretores da Escola Portátil de Música (www.escolaportatil.com.br), programa de educação musical voltado para a capacitação e profissionalização de músicos por meio da linguagem do choro, um belíssimo proje-
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to que está formando milhares de jovens músicos especializados no gênero. Nesta entrevista à Violão PRO, Maurício fala sobre sua bem-sucedida carreira, novos projetos e sua formação musical. > Como você começou a estudar violão e a tomar gosto pela música? Quando eu tinha 5 anos, meu tio Altamiro me levou pra passear. Paramos diante da vitrine de uma loja de música e ele me perguntou se eu gostaria de tocar violão. Foi assim que ganhei meu primeiro instrumento. Mas ninguém queria me dar aulas, porque eu era muito novo e as pessoas achavam que as cordas iam machucar meu dedo. Meu primeiro professor foi o Dino 7 Cordas, que era vizinho de Altamiro. Eu tinha uns 9 anos, e estudei um ano com o Dino. Aos 12, comecei a estudar com o Meira, meu grande mestre, até ele me dispensar, quando eu estava com uns 17 anos. Com ele treinei vários gêneros, estudei leitura, técnica, harmonia, levadas. O Meira foi uma grande escola. Ele também foi o professor de grandes violonistas, como Baden Powell, Raphael Rabello, Índios Tabajaras e o João de Aquino.
O que ele usa • Violões: “Uso violões Sugiyama desde 1977, já tive vários violões dele. Gosto muito do violão e do cavaquinho do Lineu Bravo, um ótimo luthier.” • Cordas: “Encordoamento Giannini EJ44-9, de náilon, e na sétima corda uso a n. 056 da D’Addario.” • Captador: “Microfone de contato AKG 411.” • Dedeira: “Não uso.” • Formato das unhas da mão direita: “Arredondado.”
Anna Paes e Maurício Carrilho: pesquisando o choro brasileiro
> Você chegou a estudar flauta? Estudei alguns meses, mas não toco. Só toco violão. Mas essas aulas me ajudaram como compositor e arranjador. Acabei de escrever uma peça para três solistas, bandolim, flauta e clarinete. > Seu primeiro grupo foi Os Carioquinhas. Como vocês se juntaram? O Meira falava sempre do Raphael Rabello, que também era seu aluno. Um dia nos encontramos no Sovaco de Cobra, bar que era reduto de chorões, na Penha. Eu tinha uns 18, 19 anos, o Raphael uns 14 e a Luciana Rabello, sua irmã, que já tocava cavaquinho, uns 16. Quando tocamos deu a impressão de que nos conhecíamos há anos. O Rafael falou assim: “Eu toco igual ao Dino, minha irmã, igual ao Canhoto, e você, igual ao Meira. Vamos formar o melhor regional da nossa geração”. Achei graça, mas isso acabou mesmo acontecen-
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Entrevista do. O grupo Os Carioquinhas já existia. Eles me convidaram para participar e, em 1977, gravamos nosso primeiro (e único) LP, Os Carioquinhas no Choro (Som Livre). Eu estava estudando Medicina e deixei a faculdade. Começamos a tocar com nossos ídolos, fizemos turnês com a Nara Leão e com o Dominguinhos. E assim eu me tornei músico profissional, acidentalmente, apesar de meu tio Altamiro ter me aconselhado a não viver exclusivamente de música. > Como nasceu a Camerata Carioca? O bandolinista Joel Nascimento convidou inicialmente o Raphael, a Luciana, o Celsinho Silva e eu, ou seja, a base de Os Carioquinhas, mais o Luiz Otávio Braga, no violão de seis cordas, para formar um grupo e interpretar a suíte Retratos, do Radamés Gnattali. Num aniversário do Radamés, tocamos informalmente. O Hermínio Bello de Carvalho estava lá, ficou empolgado e idealizou o espetáculo Tributo a Jacob do Bandolim, que foi onde toquei pela primeira vez com Radamés. Em seguida, Hermínio nos batizou de Camerata Carioca. Gravamos alguns discos com Radamés, com a Eliseth Cardoso e outros nomes. > Quais violonistas foram referência para você? Baden em primeiro lugar. E em segundo e terceiro também. Dino e Meira, claro. Os dois tocando no Regional do Canhoto pareciam um só violão tocado a quatro mãos. Também ouvi muito o belga Django Reinhardt. > E hoje, quem você admira como violonista? São muitos: os Irmãos Assad, Fábio Zanon, o Quarteto Maogani, Yamandu Costa, João Lyra, que sabe tudo da música nordestina... > Você é um grande compositor. Quais são seus maiores parceiros? A primeira coisa que fiz na música foi compor. Aos 5 anos compus a primeira parte de um maxixe, o Toca Bandinha.
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“Hoje temos aproximadamente 50 títulos. A Acari vem cumprindo plenamente seu objetivo, pois ela não é um empreendimento comercial, mas uma ferramenta de trabalho do músico.” Altamiro completou a música e a gravou no LP Altamiro Carrilho e sua Bandinha no Largo da Matriz, de 1966. Compunha sem pretensão. Mas desde muito cedo comecei a trabalhar com os meus ídolos – Chico Buarque, Francis Hime, Paulinho da Viola – e não tinha tempo de compor. O responsável pela minha retomada como compositor foi o poeta Paulo César Pinheiro, que conheci em 1989. Ele me chamou para uma reunião e me intimou a voltar a compor. Hoje temos umas 50 músicas em parceria, aproximadamente. Um tempo depois passei a compor música instrumental. Aí rompi a barreira do medo e descobri que poderia fazer isso quando quisesse. No ano passado fiz
408 músicas, compunha todos os dias, todos os gêneros de choro: valsa, mazurca, quadrilha, lundu, tango brasileiro, schottisch, polca... Vou lançar essas músicas em cadernos, em breve. Algumas ganharam letra do Paulinho Pinheiro. Também tenho músicas em parceria com João de Aquino, Maurício Tapajós, Hermínio Bello de Carvalho, etc. Compus, aproximadamente, umas 600 músicas, sendo umas 80 cantadas. > Você é responsável, ao lado da violonista Anna Paes, sua esposa, por uma vasta pesquisa sobre as origens do choro. Qual foi o resultado desse trabalho? Essa pesquisa, que teve o apoio da RioArte, equivale a uma pós-graduação em Choro. Ela revelou uma página fundamental da história da música brasileira da segunda metade do século XIX que estava guardada em forma de partituras e espalhadas pelo Brasil em vários acervos. Estamos divulgando aos poucos esse tesouro em centenas de gravações. São quase dez mil títulos catalogados pela Anna, que ainda escreveu verbetes biográficos de vários autores e indicou a localização de cada partitura. Virou uma enciclopédia do Choro que aguarda patrocínio para ser lançada. Lançamos a coleção Princípios do Choro, que traz 15 discos, num total de 215 músicas, muitas inéditas. E também uma caixa (com cinco discos) com a obra remanescente de Joaquim Callado. Vamos lançar agora uma coleção com nove discos, chamada Choro Carioca – Música do Brasil, com músicas de autores de todo o País. O trabalho de harmonização e restauração que fiz pra uma grande quantidade de músicas do universo do choro me ensinou muito. Nossa equipe também tem sido utilizada na Escola Portátil, como materia didático nas aulas de prática, história, composição de choro, etc. > Em que circunstâncias vocês fundaram a gravadora Acari? No fim da década de 1990 a nossa relação
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com as gravadoras começou a ficar ruim. Elas não queriam gravar a música que nós fazíamos, não tinham mais espaço para a nossa arte. Levávamos o trabalho gravado e eles falavam que era muito bonito, coisa e tal, mas que não se encaixava no perfil da gravadora. Gravamos fora do Brasil, nos EUA, na França. A única gravadora que ainda lançava discos de choro aqui era a Kuarup. Fomos empurrados pela hostilidade das gravadoras. Como sem disco o artista não tem carreira, eu e a Luciana resolvemos montar uma gravadora especializada em choro para registrar a produção contemporânea, lançar discos de músicos da velha guarda que ainda não tinham nenhum trabalho registrado, além do trabalho fruto da nossa pesquisa do século XIX, como o Princípios do Choro, etc. O choro vivia uma situação de marginalidade tal, que as pessoas até evitavam dizer que tocavam esse gênero. Apesar de toda a limitação econômica da Acari, ela foi fundamental para essa retomada do choro. Hoje temos aproxima-
Discografia -Solo
• Mauricio Carrilho, Acari Records, 2000 • Sexteto +2, Acari Records, 2004
Alguns projetos que realizou pela Acari • Choro Carioca, Música do Brasil (caixa com 9 CDs), Acari Records, 2006 • Callado - o Pai dos Chorões (obra completa de Joaquim Callado em 5 CDs), Acari Records, 2002 • Princípios do Choro (série de 15 CDs), Biscoito Fino/Acari Records, 2002 damente 50 títulos. A Acari vem cumprindo plenamente seu objetivo, pois ela não é um empreendimento comercial, mas uma ferramenta de trabalho do músico. > Tive o prazer de participar de um curso da Escola Portátil de Música e pude ver de perto a importância do trabalho de vocês na formação de novos músicos. É um projeto belíssimo e emocionante, com grande retorno do público. Como surgiu essa iniciativa? Depois da Acari, tomamos consciência de que precisávamos transmitir os conhecimentos que tínhamos recebido de nossos mestres para as novas gerações. Então criamos a Escola Portátil de Música, que busca formar novos músicos e também uma platéia para a nossa música. Existe uma interrelação de todas essas ações, uma potencializa a outra. Muitos alunos não tinham
pretensão nenhuma quando começaram e hoje são músicos profissionais. Começamos os cursos com 50 alunos e chegamos a 630. Agora recebemos o patrocínio da Petrobras, como projeto convidado. Somos 23 professores de violão, violão de sete cordas, cavaquinho, pandeiro, percussão, flauta, clarinete, bandolim, prática de ensino, composição e história do choro. Alguns alunos gravaram conosco nessa caixa que vai sair agora, com nove discos. > Como é o seu trabalho de arranjador? Gostava de ouvir os arranjos do Francis Hime, do Dori Caymmi, do Wagner Tiso, do Tom Jobim, do Chico Buarque e do Radamés, o pai de todos os arranjadores. Quando entrei na Camerata e passei a trabalhar com Radamés, pude ver de perto como ele fazia. Era muita informação, ele sempre dava dicas, incentivava
as pessoas a fazer arranjos. Essa convivência foi muito enriquecedora. Mas você tem de aprender dando cabeçada. Comecei a fazer arranjo a convite da Nara Leão, em 1978. Ela me convidou para dividir os arranjos de seu disco com o Roberto Menescal. Eu disse a ela que nunca tinha feito isso, mas ela retrucou: “Algum dia você tem de começar!” E foi assim. Presto muita atenção ao texto, talvez por influência da Nara, que cantava prestando atenção à letra. Mas quero compor mais e arranjar menos. O arranjador nem sempre é reconhecido. > Quais são seus projetos para este ano? Tenho três projetos de gravação para este ano, todos com composições minhas: O Choro Ímpar (13 músicas compostas com compassos compostos 5/4, 7/8, 11/8, etc); uma série com 16 choros dedicados ao mestre Moacir Santos, as Moacirsantosianas e uma outra com choros didáticos homenageando os clubes de futebol da cidade do Rio de Janeiro.
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Choro
Alessandro Penezzi Apanhei-te Cavaquinho
Originalmente registrado como tango-brasileiro, Apanhei-te Cavaquinho é um das mais famosas e difíceis obras de Ernesto Nazareth.
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m meados do século XIX, ao lado de Chiquinha Gonzaga, Joaquim Antônio da Silva Callado e Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth foi um dos alicerces do gênero musical que hoje chamamos choro. Além de pianista de grande técnica e extrema sensibilidade, Nazareth foi um compositor inspiradíssimo e deixou um extenso legado de obras magníficas, como as valsas Confidências, Expansiva, Faceira, Fidalga, Turbilhão de beijos e Vésper, e os tangosbrasileiros Odeon, Brejeiro, Atlântico, Fonfon, Batuque, Sarambeque e Famoso. Existem gravações formidáveis da obra de Nazareth na discografia de Jacob do Bandolim, Artur Moreira Lima, Eudóxia de Barros, Déo Rian, Maria Teresa Madeira e Pedro Amorim. O músico que se interessa por choro precisa conhecer esse repertório para assimilar bem a linguagem do gênero.
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Vamos ver agora aos detalhes de como tocar essa música: • As digitações de mão direita (p, i, m, a) estão escritas acima das notas musicais e as de mão esquerda (1, 2, 3 e 4) abaixo delas. • Procure seguir as digitações sugeridas, pois elas utilizam uma série de combinações dos dedos da mão direita, além de ligados e arpejos. Observações interessantes:
Alessandro Penezzi é violonista e toca no grupo Choro Rasgado. Graduado em violão popular pela Unicamp, já tocou com Yamandu Costa, Guinga, Hamilton de Hollanda, Beth Carvalho e Dona Inah, entre outros grandes nomes da música brasileira.
• Na 1a. parte, procure tocar apoiando todos os dedos e acentue as notas do dedo anular. • Na 2a. parte, tente tocar sem apoio de modo a facilitar o trabalho do polegar com o indicador. Exceção seja feita ao compasso 26, onde o polegar deve tocar deslizando (apoiando) do Ré# para o Fá#.
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, - • Lula Galvao Transcricao
Improvisando com Lula Galvao Para compreender melhor o estilo de improvisar de Lula Galvão é necessário dominar alguns conceitos. O primeiro é o da escala menor melódica. Ela tem a 3ª menor, a 6ª maior e a 7ª maior. Aqui está um exemplo da escala, na tonalidade de Cm. Escala Menor Melódica
Vinícius Gomes é violonista e guitarrista. Atualmente faz parte do grupo “Bambu”, de música instrumental brasileira, além de participar do musical “Tommy”, do The Who, junto à Banda Sinfônica Jovem de São Paulo.
Organizando a escala em terças, cada grau gera um acorde diferente. São eles: Cm(7M) -Dm7 -Eb7M(#5) -F7 -G7 -Am7(b5) -B7(b13,b9). Analisando todas as notas da escala sobre esses graus teremos os seguintes acordes: Cm7M(9,11,13); Dm7/sus(b9,11,13); Eb7M#5(6,9,#11); F7(9,#11,13); G7(9,11,b13);Am7b5(9,11,b13); B7(b9,#9,b11,#11 ou b5,b13 ou #5) Portanto, podemos usar essa escala para improvisar sobre: • acordes maiores (com sétima maior): a partir do grau III (maior7M#5); • acordes menores: a partir dos graus I (para acordes m7M) e II (para acordes m7, nesse caso com 9ª menor); • acordes meio-diminutos: a partir do grau VI (nesse caso com nona maior); • acordes dominantes (maior com sétima menor): a partir dos graus II (para acordes sus,b9) ; IV ( para acordes com 9, #11, 13); V ( para acordes com 9, 11, b13); VII (para acordes com b9, b13 ou alterado). Observe a utilização dessa escala na transcrição do solo de Lula na música “Candeias”, de Edu Lobo e gravada no CD “Festa” de Rosa Passos. Ela foi aplicada nos seguintes compassos: Compasso 4: D7alterada (VII de Ebm melódica); Compasso 5: Bm7b5/9 (VI de Dm melódica); Compasso 7: Am7b5/9 (VI de Cm melódica); Compasso 16: A7alt (VII de Bbm melódica); Compasso 17: Am7b5 (VI de Cm melódica) Outra escala utilizada por Lula Galvão é a Dom-Dim (dominante-diminuta): C7 (dom-dim)
Essa escala forma os acordes C7(b9, #9, #11,13) e Db diminuto. Por ser simétrica, formará também os acordes de Eb7 (b9, #9, #11,13), F#(b9, #9, #11,13) e A(b9, #9, #11,13), além de E diminuto, G diminuto e Bb diminuto. A dom-dim é utilizada no solo de “Candeias” nos seguintes compassos: Compasso 2: E7 dom-dim; Compasso 13: B7 dom-dim; Compasso 18: D7 dom-dim Procure analisar o resto do solo, prestando atenção na utilização dos arpejos (tríades e tétrades), cromatismos e frases do campo harmônico maior. Tente aprender com as frases, e não copiá-las, e procure tocar as idéias no máximo de regiões possível no instrumento. Algumas passagens são bem rápidas. Para uma boa execução, recomendo utilizar um metrônomo e ir aumentando a velocidade pouco a pouco, mantendo sempre um fraseado limpo e preciso. E não esqueça o principal: divirta-se! Um abraço! continua na próxima página
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, - • Lula Galvao Transcricao
Transcrição: Vinícius Gomes, do CD “Festa”, de Rosa Passos
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Candeias Edu Lobo
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7 Cordas
Com ou Sem Dedeira? Edmilson Capelupi
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aixaria, esse é o nome dado para o fraseado do choro feito na região médio grave do violão, podendo ainda ser classificado como contraponto. Tradicionalmente esse fraseado é realizado sempre com uma dedeira. A dedeira é um acessório que se encaixa no polegar e é usada para se obter um volume maior de som. Para violonistas eruditos ou populares, solar com apoio (i, m, a ou p) é uma opção. No violão de sete cordas, o apoio no caso do polegar, usando ou não a dedeira, é indispensável. O uso deste acessório depende de algumas questões: 1. Experimentar e saber se você vai se adaptar ao uso dela; 2. Encordoamento – se você usa náilon nas 7 cordas você tem a opção de usar ou não, mas, se o encordoamento for de aço a única opção é a dedeira; 3. Depende do trabalho: uma sonoridade mais suave, alternando acompanhamento e solo, recomendo não usar – se quiser realçar mais a baixaria use a dedeira. A escolha da dedeira é muito importante. Ex.1
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O material mais usado e com melhor resultado é o aço inox. Você terá que experimentar algumas dedeiras para saber qual se encaixa melhor no seu polegar e ao posicionamento da sua mão. Mesmo assim, pode ser que ela precise de algum ajuste, por isso o material tem que ser flexível, como o aço inox. Existem algumas dedeiras de plástico, mas eu não recomendo - o material não possibilita nenhum ajuste e a sonoridade não é boa. A seguir, eu apresento três lições que elaborei para polegar com ou sem dedeira. O Ex.1 é um exercício em semitons e o Ex.2 é um exercício em tríades diminutas. O Ex.3 é o trecho final do choro Vale Tudo de Jacob do Bandolim, onde o violão realiza um fraseado que chamamos de “baixo de obrigação”, que normalmente já faz parte da música. Comece lentamente até obter o máximo de som e sincronia, só depois aumente o andamento. Lembre sempre de realizar o exercício com apoio. Boa sorte!
Edmilson Capelupi é violonista e arranjador. Tocou e gravou com grandes nomes da MPB, como Zizi Possi, Beth Carvalho, Ivan Lins, Paulinho da viola, Toquinho, MPB 4, Dominguinhos, Ademilde Fonseca, Demônios da garoa, Antonio Nóbrega, Jair Rodrigues, entre outros. Integra o grupo de choro “Papo de anjo”, é professor de violão de sete-cordas do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim.
Sétima corda em B
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Ex.2
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Por Le Matos
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chover no molhado dizer que o violão é um instrumento indispensável para acompanhamento. No entanto, é preciso ter alguns cuidados porque cada gênero musical exige técnicas diferentes e maneiras distintas de se expressar. O modo como se acompanha pode enriquecer ou acabar de vez com a música! Para fazer um bom acompanhamento é preciso evitar o máximo de ‘gualemadas’. Costumo brincar que o segredo está no ‘arroz com feijão bem temperados’. Sugiro aos iniciantes que explorem dinâmicas e variações de células rítmicas. O estudo das dinâmicas vai lhe proporcionar
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Lê Matos é violonista e cavaquinhista. Já acompanhou diversos nomes da MPB, como Moacyr Luz, Diogo Nogueira, Sombrinha e Xângo da Mangueira. Atualmente toca cavaquinho no regional de Zé Menezes.
maior liberdade de interpretação, possibilitando passar para quem está ouvindo sentimentos e emoções que a música contém, enquanto o estudo rítmico é essencial para dar suingue e quebrar casuais monotonias. Separei alguns exercícios ligados à parte rítmica para auxiliar o desenvolvimento dessas técnicas. Antes de praticar os exercícios no instrumento, faça-os oralmente até que fiquem automáticos, naturais e suingados. Sugiro que você pronuncie as semicolcheias (‘um’, ‘dô’, ’tê’, ‘cá’) enquanto o metrônomo dá a pulsação em semínimas. Execute as figuras que compõe o ritmo com palmas.
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um
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No Ex.1 e Ex.2, treine os exercícios com os acentos fortes ( > ) nos seus respectivos tempos. Eles vão proporcionar maior liberdade de execução, possibilitando variações de ritmos e levadas dentro de qualquer gênero musical. Ex. 1
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Ex. 2
No Ex.3 e Ex.4 apresento duas levadas de samba. O Ex.3 é a principal figura do samba, chamada de “garfinho” por Hermeto Pascoal. Observe como o estudo rítmico do Ex.2 ajuda a obter uma maior precisão nessa figura. Bom divertimento! Ex. 3 Samba 1
Ex. 4 Samba 2 P = Polegar I = Indicador M = Médio A = Anular
, - Musicais SI-mbolos e Notacoes
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Improviso
Pat Martino: Linguagem e Fluencia Rudy Arnaut
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oa parte dos violonistas que gostam de improvisar e criar melodias sobre uma harmonia pré-estabelecida têm o costume de estudar escalas e análise harmônica para saber qual escala é a mais apropriada em cada acorde da harmonia. Normalmente ouvem outros violonistas como referência para desenvolver seus improvisos. Considero muito importante ouvir também instrumentistas que não sejam só violonistas. Por esse motivo, transcrevi um solo do guitarrista Pat Martino como exemplo para estudarmos seus fraseados e, principalmente, sua fluência e linguagem de improvisação. Quando estudamos um solo de outro instrumentista, além de tirar cada nota, é importante escrever tudo em uma partitura para poder analisar cada frase em relação
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à harmonia. Procure adquirir a gravação desse solo de Blue Bossa, que está no CD Exit, de 1976. Tente tocar junto, extraindo o máximo da acentuação, dicção e, principalmente, do swing do guitarrista. O objetivo aqui não é tentar imitar o Pat Martino, mas sim, tentar aprender com sua forma de improvisar e, principalmente, utilizar esse conhecimento da melhor maneira, a que mais nos agradar, em nossos improvisos. Procure analisar o solo em relação à harmonia. Esse estudo acrescentará muito no aspecto técnico e criativo. Vale ressaltar que o aproveitamento desta lição está ligado à fluência e à pronúncia do improvisador, e não somente na extração de frases para usar com clichês. Então, não se esqueça: ouça a gravação e toque junto, sempre. Bons estudos!
Rudy Arnaut é guitarrista, violonista, arranjador e compositor. Atualmente ele tem o seu projeto musical solo e outro com o quarteto instrumental ‘Luz de Emergência!!’. É supervisor do Depto de Cordas do CLAM – escola de música do Zimbo Trio. É autor de diversos métodos para guitarra e violão.
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Improvisacao
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Viola Caipira
Tecnica de Ponteado Roberto Correa
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radicionalmente, os violeiros antigos ponteavam a viola caipira somente com os dedos polegar e indicador. Os outros dedos eram usados apenas para fazer as levadas e as batidas. O estudo apresentado a seguir foi publicado no meu livro A Arte de Pontear Viola, no capítulo ‘Estudos Progressivos’. Ele visa a prática do ponteado com o dedo indicador movendo-se nos dois sentidos, semelhante à técnica de palheta desenvolvida pelos guitarristas. Apesar dessa semelhança de movimento com a técnica de palheta, os dedos da mão direita devem ficar livres – você
não deve pensar que está segurando uma palheta com o dedo indicador tocando como se fosse uma palheta. Além dessa abordagem mais tradicional, esse estudo também pode ser tocado com os dedos polegar, médio e anular, expandindo a gama de possibilidades técnicas para o estudante de viola. Aliás, a abrangência técnica dá ao estudante segurança, recursos e liberdade para que ele possa trilhar o seu próprio caminho como violeiro. Apenas como curiosidade, Guacho é o nome de um pássaro encontrado no cerrado que constrói seu ninho de forma bem peculiar.
Estudo 21 - Guacho
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Afinação: A D F# A D (Cebolão em D)
Roberto Corrêa é um dos maiores violeiros e estudiosos da viola caipira do Brasil. Graduado em física e música pela UnB, desde 1983 Corrêa vem realizando recitais de viola caipira pelo Brasil e pelo mundo - já se apresentou em mais de 20 países. Gravou vários CDs, entre eles Uróboro (Viola Corrêa,1994) e Extremosa-rosa (Viola Corrêa,2002), com suas composições solo para viola caipira e viola de cocho. Visite o site: www.robertocorrea. com.br
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Transcricao
Wave
Por Rudy Arnaut
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Tom Jobim
ste é clássico da nossa musica polar brasileira, uma composição feita por Antonio Carlos Jobim, que demonstra uma criatividade e bom gosto que já uma característica de sua obra. Esse é um tema excelente não só pela sua melodia atraente, mas também pela sua harmonia rica e bem construída que ótima para se improvisar. È importante ao tocar essa musica en-
tender sua forma, ela é dividida em três partes: introdução, parte A e parte B. Sua exposição segue a seguinte ordem: Intro, A, A, B, A. A introdução é usada para começar e terminar a musica, caso o instrumentista deseje improvisar, logo após a exposição do tema, a musica fica rodando sempre em sua forma: A, A, B, A; após o ultimo improvisador termi-
nar seu solo volta novamente ao tema “A” seguindo sua forma completa (A, A, B, A) e segue até o final que é a mesma melodia usada na introdução e finaliza a musica. Procure tocar não só a harmonia, mas também a melodia, pois alem de ser muito bonita ajuda a quem toca entender a composição de um forma mais completa. Boa sorte e divirta-se.
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Transcricao - Wave
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Wave - Tom Jobim Vou te contar Os olhos já não podem ver Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo amor É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar É tudo que eu nem sei contar São coisas lindas Que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade Da segunda, o cais, a eternidade. Agora eu já sei Da onda que se ergueu no mar E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender Enquanto a noite vem nos envolver.
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