REVISTA
ED. 3 – III TRIMESTRE DE 2015
ABCSEM reúne cadeia produtiva de Tomate de Mesa do Brasil ENTREVISTA Renato Augusto Abdo e Manoel Oliveira, presidente e vicepresidente da Comissão Nacional de Hortaliças e Flores da CNA
ÍNDICE
NOTAS DA ASSOCIAÇÃO
CAPA - ESPECIAL
Confira os últimos eventos e acontecimentos
ABCSEM reúne cadeia produtiva de Tomate de Mesa do Brasil
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ENTREVISTA
Foto: AL. e MAPA
Renato Augusto Abdo e Manoel Oliveira, presidente e vice-presidente da Comissão Nacional de Hortaliças e Flores da CNA Página 7
EXPEDIENTE Conselho Editorial Marcelo Pacotte Jornalistas responsáveis Isabella Monteiro – MTB: 57224/SP Daniela Mattiaso – MTB: 47861/SP Projeto Editorial e Gráfico MyPress & Co.
A Revista da ABCSEM é uma publicação digital da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas, que tem como objetivo divulgar informações sobre o mercado de hortaliças e flores. Este veículo de comunicação possui periodicidade trimestral, com visualização gratuita e circulação livre na WEB. As opiniões aqui expressas não refletem necessariamente a visão da ABCSEM. © Todos os direitos são reservados. É proibida a reprodução total ou parcial de textos e imagens sem autorização prévia.
NOTAS DA ASSOCIAÇÃO AGO
Publicação IN 16/2015 Foi publicada a Instrução Normativa 16 (em substituição a IN 36/2010), que estabelece os requisitos fitossanitários para a importação de sementes, de diferentes espécies e países, destinadas à propagação, por meio de Declarações Adicionais nos certificados fitossanitários, que serão exigidas a partir de fevereiro de 2017. A conquista é fruto do trabalho realizado entre a ABCSEM, Abrasem e o Ministério da Agricultura.
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PMA Fresh Connections Marcelo Pacotte, secretário executivo da ABCSEM, e Luis Eduardo Rodrigues, da associada Feltrin Sementes, compareceram no evento PMA Fresh Connections, realizado pela Produce Marketing Association (PMA), que reuniu executivos da indústria, representantes do governo, compradores e fornecedores que operam no Brasil, em São Paulo, capital. SET
Congresso de Sementes
Visita em Holambra Durante o XIX Congresso Brasileiro de Sementes, realizado em Foz do Iguaçu (PR), Steven Udsen, presidente da ABCSEM, proferiu uma palestra sobre o mercado de sementes de hortaliças no Brasil, tema abordado pela primeira vez em todas as edições do congresso.
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Congresso SAA O embaixador da Tailândia, Pitchayaphant Charnbhumidol, e sua comitiva visitaram a associada Ecoflora Brasil, representada por Franciscus Antonius Aloisius Van de Weijer. Na ocasião foi realizada uma reunião visando o estreitamento dos laços entre a Embaixada da Tailândia e a ABCSEM e a busca de melhorias e oportunidades para o setor de mudas, flores e ornamentais.
A ABCSEM participou do V Congresso de Sementes das Américas (SAA), realizado no México, representada por seu secretário executivo, Marcelo Pacotte, e o diretor de Suprimentos da Sakata no Chile, Celso Netto, que proferiu uma palestra em nome da ABCSEM e da Abrasem, relativa ao trabalho realizado pelas entidades para publicação da IN 16/2015.
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CAPA - ESPECIAL
ABCSEM reúne cadeia produtiva de Tomate de Mesa do Brasil 6º Seminário de Tomate de Mesa, que aconteceu em setembro, na cidade de Piracicaba (SP), debateu aspectos de produção, mercado e consumo A hortaliça, que é líder de produção no Brasil, foi o tema central de um evento que apresentou os mais recentes dados, aspectos técnicos, tendências de consumo, tecnologias de produção, soluções para otimização do uso de recursos naturais e estudos científicos que envolvem a cadeia no Brasil. O 6º Seminário Nacional de Tomate de Mesa, que aconteceu nos dias 15 e 16 de setembro, em Piracicaba (SP), foi realizado pela Associação Brasileira do
Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) em parceria com a Win Eventos e reuniu um público de mais de 300 pessoas, dentre especialistas nacionais e internacionais, de países como México e Inglaterra, além de produtores rurais, pesquisadores, estudantes e demais profissionais ligados ao segmento. O evento foi patrocinado pelas empresas Syngenta, DuPont, Blue Seeds e Bayer CropScience e contou também com o
Público presente no evento
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apoio da Eacea - Soluções em Cultivo Protegido, PMA, Embrapa Hortaliças, Dow AgroSciences e Haygrove. De acordo com o presidente da ABCSEM, Steven Udsen, esta edição do evento, que passará a ser bianual, ganhou um novo formato: “Com o objetivo de atender às demandas apresentadas pelo setor, adequamos o perfil do seminário para um viés mais mercadológico, agregando o know-how de experientes especialistas para traçar um cenário bastante atual do segmento”. Panorama da Produção Durante o evento foram apresentados os dados mais recentes referentes ao cenário atual do mercado no Brasil. Nos últimos anos (2010-2014), as variedades OP (Open Pollinated - polinização aberta, ou seja, não híbrida) são praticamente inexistentes. O tomate indústria caiu para 3%, já entre os tomates de mesa, as especialialidades giraram em torno de 2% a 3%, o híbrido determinado correspondeu a 15% e o híbrido indeterminado a 79%. Neste mesmo período, houve uma redução do consumo de sementes, já que em 2010 foram 26 mil sementes por hectare, enquanto hoje são 17 mil
sementes por hectare. Esta realidade é reflexo do investimento do setor em tecnologias que asseguram maior produtividade. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a área e o volume de produção mundial de tomate têm crescido de forma ininterrupta ao longo dos últimos 60 anos, com grande incremento de produtividade e rendimento por hectare. O Brasil é o terceiro maior produtor sulamericano de tomate em termos de área e de produção, são em média 61 toneladas por hectare. O Uruguai e o Chile ocupam o primeiro e o segundo lugar no ranking de produtividade, respectivamente. Boas Práticas de Produção A eficiência da produção também foi um tema amplamente abordado durante o seminário, no qual foi discutido o uso criterioso dos recursos, insumos e a adoção de um manejo adequado da cultura. Atualmente, já existem diversas tecnologias disponíveis no mercado para facilitar o controle não só de água na produção, como também dos demais insumos a serem utilizados, de acordo com as características de solo, clima e da
Acima, da esquerda para a direita, os palestrantes: Paulo Koch (ABCSEM); Renata Pozzelli (Cepea); Paulo Ferrari (Ceagesp); João Assunção (Grupo Oba); e Thiago Abud Fonseca (Walmart) Ao lado, da esquerda para a direita, os palestrantes: Martin Ley (Evolution Fresh - EUA) e Andreas van Kruijssen (CVH)
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própria variedade que está sendo cultivada, minimizando assim os custos de produção e obtendo uma melhor qualidade dos frutos. Neste processo, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) também foi citado durante o seminário como um fator fundamental, sendo uma alternativa muito benéfica do ponto de vista ecológico e socioeconômico. O controle biológico foi indicado como uma forma complementar ao controle químico, utilizando sempre equipamentos adequados e calibrados, bem como água de qualidade e profissionais treinados. Sementes: Qualidade e Tendências Outro ponto importante destacado durante o evento foi o investimento das empresas do segmento no desenvolvimento de novas variedades de tomate com pacotes agregados de resistência às principais doenças e pragas que afetam a cultura, e que atendam também as mais novas tendências de consumo. Nos últimos anos, a busca por produtos diferenciados em sabor e aparência, tem aumentado. Um dos públicos que tem impulsionado este nicho de mercado,
focado em novos formatos e cores de tomate é o das crianças. Mas a grande tendência que tem favorecido o segmento atualmente, segundo os profissionais, é a preocupação crescente dos brasileiros com hábitos alimentares mais saudáveis, por meio da ingestão de alimentos naturais, frescos e nutritivos, considerando a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção. Desafios da comercialização exigências de mercado
e
Durante o evento foi destacado o grande avanço no segmento de tomate de mesa, a partir do ano 2000, com o estabelecimento de uma classificação simplificada do padrão das variedades de acordo com o calibre e a forma do fruto. Segundo os especialistas, esta questão evoluiu bastante, sobretudo com a necessidade de investimento na classificação e embalamento dos produtos de forma mais profissionalizada, desde as propriedades rurais e unidades de beneficiamento, com informações detalhadas sobre suas características e origem, visando atender a demanda por rastreabilidade, exigida cada vez mais, tanto pelos órgãos fiscalizadores, quanto pelo atacado e o varejo, além do próprio consumidor, que está mais exigente.
Acima, da esquerda para a direita, os palestrantes: Jairo da Costa Moro (Jacto); Enison Roberto Pozzani (Hidrosense); Ramiro Zúñiga Pelayo (Agrícola LasHiguerillas - México); Danilo Scacalossi Pedrazzoli (ABCBio); e João Paulo Bernardes Deleo (Cepea) Ao lado, da esquerda para a direita, os palestrantes: Ricardo Gioria (Sakata) e André Vilela (Syngenta)
DEPOIMENTOS José Inaldo da Silva, gerente administrativo da Fazenda Meandros, de Ibiúna (SP)
Auristemio Cleo Castro Andrade, coordenador técnico de Vendas e Desenvolvimento da Hazera do Brasil, de Mossoró (RN) Marina Higa, diretora operacional da Fazenda Rio Bonito, de Itatinga (SP)
Joelmir de Jesus da Silva, especialista em Pesquisa e Desenvolvimento da Valagro, de Araraquara (SP)
“As apresentações trouxeram informações que, com certeza, irão colaborar muito para que os produtores passem a utilizar técnicas mais modernas de cultivo. O que mais me chamou a atenção foi a questão do controle da irrigação, utilizando diversos tipos de equipamentos de medição, pois é algo que queremos aperfeiçoar na fazenda”
“O evento foi muito interessante, pois reuniu toda a cadeia produtiva da cultura e discutiu temas pertinentes como as perspectivas de mercado, além de temas críticos e latentes, como, por exemplo, o uso da água e das novas tecnologias na produção. Os dados repassados durante as apresentações serão muito proveitosos para tralharmos no dia a dia”
“As informações repassadas mostraram o patamar no qual o mercado se encontra e para onde ele caminhará, permitindo analisar as perspectivas futuras da cadeia. Acho muito importante o repasse de informações sobre cultivo protegido e a divulgação de mais dados sobre orgânicos, pois são formas de produção que estão crescendo muito e se tornando nichos de mercado importantes no País”
“Produzimos tecnologias para a otimização do controle da temperatura, irrigação e aplicação de produtos químicos durante o manejo do tomate. Por isso, os conhecimentos repassados pelos palestrantes contribuirão muito para a concepção de novos projetos, pois o entendimento do mercado e da cultura é fundamental para a criação de novas tecnologias, que atendam às especificidades da hortaliça”
Concurso do Melhor Tomate de Mesa do Brasil Durante o evento foi realizado um concurso que elegeu e premiou os melhores tomates das categorias Uva, Italiano e Redondo produzidos no País. Conheça, abaixo, os ganhadores desta edição. Melhor Tomate Tipo Uva 1º Lugar - Produtor: Stefan Coppelmans – Andradas (MG) Melhor Tomate Tipo Italiano 1º Lugar – Produtor: Geraldo Vieira da Silva – Indaiatuba (SP) Melhor Tomate Tipo Redondo 1º Lugar - Produtor: Stefan Coppelmans – Andradas (MG) O concurso foi coordenado pela Eacea - Soluções em Cultivo Protegido, sob a responsabilidade técnica do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), patrocinado pelas empresas: Syngenta, Jacto, Enza Zaden, PariPassu, Sakata e PMA.
Produtor ganhador das categorias tipo Uva e tipo Redondo
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Foto: AL. e MAPA
ENTREVISTA
Em julho deste ano, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou uma cespecífica destinada à representação da cadeia produtiva brasileira de hortaliças e flores. A Comissão Nacional de Hortaliças e Flores da CNA atuará em prol da resolução dos principais entraves e gargalos do setor, em conjunto com demais órgãos e entidades, visando o fortalecimento institucional e a projeção econômica da horticultura e floricultura nacionais. Confira, abaixo, as entrevistas concedidas pelos representantes.
HORTALIÇAS - Renato Abdo . Responsável pela geração de milhões de empregos e por fornecer alimentos saudáveis à mesa do brasileiro, a horticultura possui grande relevância socioeconômica para o País. De que forma a comissão poderá fortalecer ainda mais o setor junto à sociedade?
A criação da comissão é mais um avanço nos trabalhos do setor, a Confederação Nacional de Agricultura é o órgão máximo na representação das cadeias produtivas agropecuárias no país, com mais essa força a favor, esperamos que resultados pendentes sejam concluídos e novos projetos possam ser implementados, visando o resultado específico para os produtores e demais atores das cadeias. Constituída em sua maioria por pequenos produtores, a horticultura nacional ainda demanda muita articulação e organização. Neste sentido, como a comissão poderá contribuir efetivamente para a resolução dos gargalos enfrentados na cadeia? A organização social do setor não depende unicamente de um ou dois elos, mas sim de um segmento todo. A pulverização desse setor é um fator que aumenta o desafio da comissão e
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organizá-lo socialmente não será possível sem o apoio dos diversos elos da cadeia de produção, principalmente do produtor rural. A proposta é que seja realizado um levantamento do perfil da cadeia de produção e a partir dessa análise poderemos direcionar programas e projetos com ação efetiva em cada região de produção, preservando suas peculiaridades. A ABCSEM também fará parte do conselho permanente da Comissão Nacional de Hortaliças e Flores da CNA. Qual é a sua visão sobre a importância estratégica desta parceria? A ABCSEM sempre esteve presente e atuante nos colegiados do setor, nas câmaras setoriais, por exemplo, realizando um trabalho muito positivo para o desenvolvimento da horticultura nacional. Poder contar com esta renomada instituição é fundamental para a comissão, pois serão tratados assuntos diversificados e o apoio de especialistas contribuirá para o melhor desenvolvimento das ações. FLORES - Manoel Oliveira . Quais são as principais atribuições e os desafios da comissão no setor de flores? O setor de flores está voltado quase que exclusivamente ao mercado interno, com exceção de materiais de propagação, visto que temos um mercado consumidor grande. Na comissão teremos como atividade principal a representatividade do setor perante aos órgãos governamentais e de políticas públicas que envolvam a atividade da floricultura nacional. O desafio é avaliar as oportunidades reais e estimular o desenvolvimento da floricultura nacional internamente e também no
âmbito internacional. O setor de flores e plantas ornamentais tem apresentado um crescimento contínuo e muito significativo nos últimos anos, com perspectivas também bastante positivas. De que forma a comissão atuará para tornar o mercado ainda mais favorável? Existem entraves como Registro Nacional de Cultivares (RNC); Lei de Proteção de Cultivares; Registro de Defensivos Agrícolas; Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para flores, quase que exclusivamente dependente de importação. Além disso, há ainda outros gargalos, como as questões trabalhistas exclusivas à floricultura; dependência de material genético importado; padronização e informatização das informações sobre produtos (Cadastro de Flores e Plantas Ornamentais), que ao serem resolvidos, podem auxiliar e muito no desenvolvimento da floricultura nacional. Há um grande mercado potencial para expansão do consumo de flores no Brasil. Como você analisa este cenário e suas perspectivas? O hábito de consumo de flores e plantas ornamentais no Brasil nos últimos 10 anos vem mudando muito em função da maior disponibilidade de produtos ao consumidor, impulsionado por grandes investimentos na produção, maior regularidade de oferta e qualidade. Este cenário de exigência por constância de oferta e qualidade continuará aumentando, com investimentos maciços em tecnologia de produção e automação; bem como material genético mais adaptado às condições nacionais, ferramentas inovadoras de comercialização, padronização de produtos e informação.
Todo o setor brasileiro de sementes e mudas de hortaliças, flores e ornamentais se reúne aqui