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DIARIOdeP ER NA M BUCO NAVEGABILIDADE

VIDA PARA O CAPIBARIBE

A presença de rios e riachos na capital pernambucana, em especial o Capibaribe, criou vínculos fortes entre o recifense e seus cursos d’água. Na tentativa de restabelecer este elo, perdido após uma crescente degradação, vários projetos estão sendo desenvolvidos nas áreas de mobilidade, preservação ambiental, lazer e turismo. VIDA URBANA C4

Carros usados em alta

Páscoa lucrativa

Setor vinha amargando perdas nas vendas para os carros zero com a redução do IPI, mas já recupera mercado. ECONOMIA B6

As oportunidades são muitas, mas o ingrediente principal para o empreendedor é a criatividade. ECONOMIA B2

EDITORA NEMO/DIVULGAÇÃO

A HISTÓRIA EM QUADRINHOS Publicações com viés histórico estão ganhando cada vez mais espaço. Coleções abordando o tema acabam virando material paradidático nas escolas e ajudam a entender melhor vários episódios importantes. VIVER E4 e E5

PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS

Prêmios para o Diario

Uma igreja diferente

Repórteres do Diario venceram várias disputas esse ano. A última foi 5ª feira, no Urbana de Jornalismo. VIDA URBANA C10

Pastor Caveira reúne seus fiéis tatuados para pregação cheia de gírias sábado à noite, no Parque 13 de Maio. VIDA URBANA C8

3419 9000 classilíder classilider@diariodepernambuco.com.br

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O passado do estado preservado na web A rede social está abrindo espaço para verdadeiros acervos que surgem da iniciativa individual e de grupos. Eles usam a web como ferramenta de compartilhamento. VIDA URBANA C1

assinaturas: 3320.2020 (capital) 0800 2818822 (interior)

por uma prática consciente,

recicle o seu

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d e P E R N A M B U C O - Recife, domingo, 16 de março de 2014 DIARIOd vida urbana IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Recife se reencontra com seu rio A

presença de rios e riachos na capital pernambucana, em especial o Capibaribe, estabeleceu fortes vínculos entre os recifenses e suas águas. Na tentativa de resgatar esse elo, perdido após uma crescente degradação am-

biental, muitos projetos têm sido desenvolvidos nas áreas de preservação, mobilidade, lazer e turismo, como objetivo de dar vida nova ao Capibaribe. Do Ciclo da Cana-de-açúcar para cá, passando pelos currais do Agreste e do Sertão, a relação entre o per-

nambucano e seu rio foi se afrouxando a ponto de a bacia, que chegou a ser um balneário, se transformar em um grande canal que recebe diariamente esgotos e dejetos de todos os cantos do Recife e sua região metropolitana. Até as construções imobi-

liárias, que antes tinham o velho “Capiba” como paisagem primeira - a exemplo dos belos casarões da Rua da Aurora e da Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio - passaram frequentemente a ser erguidas “de costas” para um dos seus principais

símbolos. Após um verdadeiro grito de socorro, a população começa a se voltar novamente para o Capibaribe, que deixa de ser visto apenas como inspiração poética para se reintegrar às preocupações urbanísticas da cidade e fazer parte de sua vida diária.

>> assista Fotografe o QR Code ao lado e veja vídeo sobre o novo uso no rio

NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS

Depois de “virar as costas” para sua artéria fluvial, a cidade começa a redescobrir o Capibaribe através de projetos que reaproximam a população

Mobilidade sobre as águas Uma das principais vocações do Rio Capibaribe é o transporte de pessoas. Com a poluição de suas águas, o aumento populacional e a priorização de outros modais, essa função foi colocada de lado. Os problemas de mobilidade urbana pelos quais têm passado o Recife, contudo, impulsionaram a criação do programa Rios da Gente, que prevê a instalação, pelo governo do estado, de sete estações de passageiros em 13,5 km nas rotas Norte e Oeste. Para o professor de planejamen-

to de transporte público do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Leonardo Meira, a ideia, que já foi estudada por governos anteriores, é proveitosa, mas não pode ser vendida como solução para os congestionamentos. “Eu acho importante usar o potencial do rio. Mas acredito que, a médio prazo, pode se transformar mais em um atrativo turístico do que um modal, porque o Recife vai precisar investir em mobilidade de massa, o que não exclui a im-

portância desse programa”, opina. O engenheiro de tráfego César Cavalcanti também acredita na relevância do programa para a recuperação do Capibaribe, embora acredite que não seja viável, a longo prazo, como um projeto de mobilidade.“A utilização do rio como transporte vai forçar uma necessidade de manutenção, como em qualquer estrutura urbana. E a dragagem feita com frequência pode ajudar a reduzir o assoreamento do Capibaribe”, afirma.

A nova praia da cidade A recuperação do Capibaribe como instrumento de lazer tem envolvido vários projetos, tanto do poder público como da sociedade civil. O Praias do Capibaribe, que já conta com 18 edições e acontece desde 2008, tem sido um dos programas mais sólidos dos últimos anos, conseguindo alimentar o sentimento de pertencimento do recifense a seu rio. Segundo o arquiteto e mentor do Praias do Capibaribe, Julien Ineichen, “é preciso compartilhar as margens do rio como um espaço

público ativo para que as pessoas se sintam estimuladas a cuidar do meio ambiente”, diz. Para isso, cada edição se dá em um ponto diferente do Capibaribe, sempre trazendo uma piscina flutuante com água limpa no mesmo nível do rio, como se a pessoa tivesse dentro dele, além de um píer móvel, passeio de barco e outros atrativos culturais. Outro projeto em curso, o Olha! Recife, promovido pela Secretaria municipal de Turismo dentro do programa de Sensibilização Turís-

tica, pretende despertar o olhar do recifense a partir de quem está no Capibaribe. Para isso, serão disponibilizados passeios semanais gratuitos de catamarã, integrados com outros modais, que poderão ser agendados por telefone ou internet, e terá o acompanhamento de guias de turismo. “Esse passeio traz uma nova temática a cada sábado que vai contar a história do Recife e dos seus rios”, explica a Setur Recife. O agendamento pode ser feito pelo site www.olharecife.com.br.

O desafio de despoluir Embora o programa Rios da Gente não esteja sendo divulgado como um projeto para amenizar os grandes problemas de mobilidade do Recife, em um ponto a maioria concorda: o uso do rio para o transporte de passageiros vai ajudar a despoluir e resgatar o Capibaribe para a cidade. Além da já citada necessidade de constante dragagem, o professor de recursos hídricos do curso de Engenharia Civil da UFPE, Jaime Cabral, acredita que outros proje-

tos serão acelerados para viabilizar a navegabilidade. “Muitas cidades não têm serviço de saneamento básico. Ou, no caso do Recife, só o tem parcialmente. E todas elas descartam o esgoto no Capibaribe. Uma das cláusulas da Parceria Público Privada (PPP) da Compesa é de que esse esgoto chegue tratado ao rio. Isso vai reduzir a poluição e, consequentemente, o assoreamento”, cita Cabral. Outro importante projeto, que tem sido desenvol-

vido em paralelo ao da navegabilidade, é o Parque Linear do Capibaribe - Caminho das Capivaras. A ação prevê a transformação das margens do rio, com a implantação de um corredor verde. “Esse projeto vai criar o que chamamos de mata ciliar, uma cobertura vegetal ao longo das margens que vai reter dejetos e evitar que a areia chegue à calha ffluvial. luvial. Também evita o desbarrancamento das margens do rio e o assoreamento”, justifica o professor.

BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS

Raio-X do Rio Capibaribe Conhecido também como o Rio das Capivaras

Nasce na Serra de Jacarará, no município de Poção, no Agreste pernambucano ■

280 km de extensão ■ 15 municípios estão totalmente inseridos em sua bacia hidrográfica ■ 74 afluentes despejam águas no Capibaribe

1,13% da área da bacia tem a cobertura vegetal arbórea densa

Serão construídas sete estações de passageiros NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS

0,1% da vegetação da bacia é protegida por unidades de conservação

■ 7,58% da área do estado estão sob influência do Capibaribe e afluentes

42 municípios são banhados pelo rio

CORTA BOA PARTE DO RECIFE, ATRAVESSANDO 14 BAIRROS: Várzea, Dois Irmãos, Apipucos, Monteiro, Poço da Panela, Santana, Casa Forte, Torre, Capunga, Derby, Madalena, Afogados, Ilha do Retiro e Ilha Joana Bezerra. ■ No quintal do Palácio do Campo das Princesas, faz confluência com o Rio Beberibe, antes de desaguar no Oceano Atlântico

RESERVATÓRIOS

13 barragens existem ao longo do Capibaribe ■ 4 ficam total ou parcialmente em Brejo da Madre de Deus ■ 3 ficam total ou parcialmente em São Lourenço da Mata ■

Sociedade vem se unindo para aproveitar o rio RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS

MAIORES BARRAGENS

Jucazinho, em Cumaru e Surubim 327 milhões de metros cúblicos Carpina, em Lagoa de Itaenga e Lagoa do Carro - 270 milhões de metros cúbicos Tapacurá, em São Lourenço da Mata - 94,2 milhões de metros cúbicos Fontes: Plano Hidroambiental da bacia hidrográfica do rio Capibaribe e Compesa

Maus hábitos continuam prejudicando meio ambiente


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