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Goiana quer ser polo criativo MATA NORTE Agência de Desenvolvimento do município promete incentivar a economia criativa para evitar degradação social Michele Souza/JC Imagem
Giovanni Sandes gsandes@jc.com.br
O
s caboclinhos e pescadores de Goiana buscam uma forma de conviver com a nova indústria de Pernambuco. A cultura, a gastronomia e a música do município da Mata Norte terão um novo aliado para conviver com a chegada do polo de medicamentos e cosméticos, as indústrias de fabricação de vidro e a cadeia automotiva. A Agência de Desenvolvimento de Goiana (AD Goiana) prepara o Movimento Goiana Criativa, a primeira tentativa de um município do interior de Pernambuco de estruturar um programa de estímulo à economia criativa, que envolve o trabalho com restaurantes, pousadas e gente que vive da cultura e da arte. O trabalho tem como foco evitar a degradação social que costuma acompanhar regiões pobres que têm rápida expansão econômica. A presidente da AD Goiana, Micheli Barreto, contudo, não tenta “dourar a pílula”. Ela admite que o Movimento Goiana Criativa ainda está em fase muito embrionária e não tem recursos definidos. Mas a presidente enfatiza que a iniciativa nasceu da rede de cidades sustentáveis, plataforma que funciona como um banco de dados para o compartilhamento de projetos e metodologia de boas prá-
ORIGEM Micheli Barreto diz que ideia nasceu da rede latino-americana de cidades sustentáveis ticas urbanas de cidades do México ao Chile. Betim, a terra da Fiat em Minas Gerais, participa da plataforma. “O movimento está sendo construído das bases, de forma gradativa. Envolve áreas como música, audiovisual, tecnologia da informação e gastronomia, para que a gente não tenha uma margem de BR pujante e a cidade excluída, perdendo a identidade e se favelizando”, afirma Micheli. “Goiana não pode ser apenas a terra da Fiat”, ressalta. No aspecto formal, a primeira iniciativa foi incluir a econo-
mia criativa no plano plurianual 2014-2017 da Prefeitura de Goiana, que ainda terá definição de recursos. Em seguida, começaram os contatos com potenciais parceiros: Instituto Fecomércio, Sebrae, Fundarpe, Senac, Fundaj e Secretarias de Cultura. Segundo ela, a primeira ação efetiva é o diagnóstico do potencial da cidade. Depois será feito um estudo iconográfico, nome complicado para a catalogação de sabores e cheiros, por exemplo, que identifiquem a cidade. “Recentemente, Fernando de Noronha fez isso e apli-
cou os resultados a bares, pousadas e restaurantes”, conta. Se tudo der certo, em janeiro haverá o 1º Seminário de Economia Criativa de Goiana, com a proposta de ser um encontro regional para a Zona da Mata. “Até lá, vamos elaborar um Plano Municipal da Economia Criativa e escrever projetos como a Incubadora Criativa, a primeira fora do Recife”, diz Micheli. “Goiana é o segundo município em captação de recursos do Funcultura. Mas os projetos se implantam e não têm continuidade. Precisamos mudar isso”, defende.