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Via Mangue será agilizada Hélia Scheppa/JC Imagem

A Assembleia aprovou, em primeira discussão, doação à PCR da área onde funcionava o Aeroclube. Assim, fica resolvido o último impasse para a viabilização do corredor que ligará o Centro do Recife à Zona Sul. k cidades 1 e economia 2 (jc negócios)

MOBILIDADE Com a doação do governo, galpões do Aeroclube serão demolidos, abrindo caminho para obra viária e urbanização do Bode

cidades Fotos: Hélia Scheppa/JC Imagem

Mais um passo para acelerar a Via Mangue

MOBILIDADE Assembleia aprovou doação ao município de terreno onde funcionava o Aeroclube, essencial para a conclusão da obra

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Eu queria muito sair daqui, pois a gente convive com ratos, cheiro ruim, lama. Meu sonho é lavar os pratos numa pia.

Moro nessas palafitas do Bode há 20 anos e há tempos falam que a prefeitura vai construir casas pra gente, mas nem sei se acredito mais.

Ninguém nos diz nada certo”, afirma a

Edmar Melo/JC Imagem

doméstica Maria de Lourdes Mota, 48 anos

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A urbanização da comunidade do Bode é uma prioridade da Prefeitura do Recife.

Vamos transferir as famílias das palafitas, mas ainda não temos o formato de como isso vai ser feito, nem a data específica. O certo é que tentaremos uma solução rápida”, declara o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Nilton Mota

último impasse para a viabilização da Via Mangue – corredor expresso que ligará o Centro do Recife à Zona Sul – foi resolvido ontem. A Assembleia Legislativa aprovou, em primeira discussão, o projeto de lei do Executivo de nº 1656/2013, autorizando o Estado a doar ao município a área de 418,2 mil metros quadrados onde funcionava o Aeroclube, na comunidade de Encanta Moça, no Pina. Um trecho de aproximadamente 900 metros do traçado da via passará pelo terreno.

“Sem essa área, seria impossível concluir a Via Mangue”, afirma o secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos do Recife, Nilton Mota. Segundo ele, a área – desapropriada pela Justiça em março – vinha sendo utilizada como canteiro de obras para uma via elevada, de cerca de dois quilômetros, que começa nesse terreno e termina nas imediações das Ruas Tenente João Cícero e Dona Maria Carolina, em Boa Viagem.

“Hoje (ontem) já iniciamos a demolição dos galpões do aeroclube, garantindo a entrega da obra até abril, como planejado.”

A via elevada altera o traçado original, modificado para reduzir o impacto ambiental. Ela evitou o aterro de 52 mil metros quadrados de mangue. O custo também foi alterado de R$ 319 milhões para R$ 383,45 milhões. “Ainda deve haver aumento, pois vão surgindo intervenções que não estavam previstas”, registrou Mota, informando que 70% do projeto es-

tão prontos, graças à implantação de um terceiro turno e aumento de funcionários em janeiro. “Em dezembro, esse percentual era de 38%, ou seja, fizemos em dez meses o que antes se fez em 20”, observou, referindo-se à gestão anterior, quando se previa conclusão do projeto para setembro passado.

PALAFITAS

Além de utilizar o terreno para a Via Mangue, o município poderá usar a área remanescente “para a finalidade que julgar necessária, inclusive para fins de construção de habitações de interesse social, as quais poderão ser viabilizadas por meio do programa Minha Casa Minha Vida, Programa de Aceleração do Crescimento ou quaisquer outras modalidades de contratações”, conforme o projeto de lei, aprovado por unanimidade.

Questionado sobre a possibilidade de transferir as famílias que moram em palafitas na comunidade do Bode para o terreno, o secretário disse que isso não está definido, mas que ele “vai servir de mecanismo para a urbanização” da localidade, pois esse é um compromisso do prefeito Geraldo Julio.

Há 20 anos morando no Bode, com vários parentes, a doméstica Maria de Lourdes Mota da Silva, 48 anos, apela por uma resposta concreta. “Seria bom se a prefeitura nos procurasse para conversar”, diz. O projeto vai à segunda votação hoje e deve ser sancionado até a próxima semana.

Aeroclube deverá receber indenização Depois de 73 anos funcionando no Pina, o Aeroclube de Pernambuco luta para resgatar sua força. As aulas teóricas estão sendo ministradas em um imóvel alugado (na Rua Engenheiro Lauro Borba, nº 373, em Boa Viagem) e as práticas, no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Mas a entidade poderá vir a ter um espaço próprio, futuramente, pois o projeto de lei que autoriza a doação do terreno prevê indenização pelas benfeitorias realizadas no local.

O secretário de infraestrutura e urbanização do Recife, Nilton Mota, diz que o município vai fazer sua parte. “A avaliação feita gira em torno de R$ 12 milhões”, informou. As benfeitorias incluem os hangares, pista de pouso, salão de festa, lanchonete, salas de aula, muro e estacionamento.

O presidente do Aeroclube, Francisco Rodrigues, afirmou não ter recebido nenhuma informação a respeito. “Mas acredito que o processo é demorado, podemos até contestar o valor, pois nossa avaliação foi maior”, salientou. Segundo ele, as instalações atuais estão bem melhores. A dificuldade é o referencial perdido, pois há quem pense que o Aeroclube fechou ao sair do Pina, mas ele está com aulas normais para piloto privado e comercial, de avião e helicóptero, inclusive com inscrições abertas para dezembro.

A prefeitura vai devolver à entidade um hangar doado pelo governo francês, utilizado na Segunda Guerra Mundial e instalado em 1940. Considerando seu valor histórico, seu tombamento foi solicitado pelo Aeroclube ao Iphan.

ÚLTIMO ENTRAVE Com a aprovação, os galpões do Aeroclube começaram a ser demolidos, abrindo caminho para o prosseguimento da Via Mangue e urbanização da comunidade do Bode