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Hélia Scheppa/JC Imagem

ESGOTO Água fétida compõe a paisagem em várias ruas do Recife, como a do Hospício. Comerciantes planejam protesto. k cidades 1


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cidades Recife I 9 de janeiro de 2014 I quinta-feira

Edmar Melo/JC Imagem

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CENA COMUM Cruzamento das Ruas da Concórdia com a Tobias Barreto, no Centro, vira um lago de água suja. Esgoto transborda de cinco a seis vezes por dia e corre pelo meio-fio

Centro ilhado pelo esgoto

ABANDONO Comerciantes da Rua da Concórdia, em São José, ameaçam fechar parte do comércio como forma de exigir providências

Como pode se perpetuar uma situação dessa numa capital que se prepara para receber a Copa do Mundo no próximo mês de junho?”, questiona o lojista da Rua da Concórdia Jorge Prado

É vergonhoso para uma cidade que receberá a Copa do Mundo em cinco meses apresentar vias cheias de esgoto”, declara Cleto

Medeiros, funcionário dos Correios, sobre a Rua do Hospício

próximos estão tomando banho, de acordo com comerciantes. “Tem dias que até fezes a gente vê boiando”, ressalta um comerciário da Rua do Hospício, sem dizer nome. “A Compesa vem, desentope e com oito dias está tudo do mesmo jeito, é o mesmo que enxugar gelo. Para resolver de verdade, é preciso trocar os canos estreitos por tubulação mais larga. A população aumentou e a cidade continua usando os canos de antigamente”, completa. “Esgoto estourado e vazando revela o descaso com o Centro. Faço entrega na Rua do Hospício e vejo a mesma sujeira sempre, ao lado de lojas e lanchonetes”, comenta o funcionário dos Correios Cleto Medeiros. “Não era para existir uma coisa dessa no Recife, é uma vergonha para cidade. O prefeito deveria cobrar da Compesa a realização dos serviços”, emenda o funcionário público Natanael Souto Maior Barbosa.

Fotos: Hélia Scheppa/JC Imagem

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lhados por esgoto há dois anos, lojistas da Rua da Concórdia, no bairro de São José, ameaçam fechar boa parte do comércio no Centro do Recife. A ideia é interceptar a entrada de veículos na Rua da Concórdia, um dos principais corredores viários da área, chamar a atenção da população, num protesto pacífico, e cobrar do governo a solução para o problema. “Isso é uma vergonha no Centro do Recife. Somos obrigados a colocar passarelas de tábuas na frente das lojas, para o acesso de funcionários e clientes”, diz o empresário Jorge Prado. Ele trabalha na Concórdia, no trecho próximo da Rua Tobias Barreto, há 33 anos. O esgoto transborda de cinco a seis vezes por dia, segundo ele, e corre pelo meio-fio. Quando a maré está alta, a água suja invade as calçadas. Nessas horas, os lojistas recorrem às passarelas de tábuas. Várias casas comerciais construíram batentes para evitar a entrada do esgoto no estabelecimento. “A questão deixou de ser apenas de saneamento e virou um caso de saúde pública, as calçadas ficam cheias de fezes nesse sobe e desce do esgoto”, destaca Jorge Prado. “É um absurdo, os clientes molham os pés na água, uma nojeira num País que cobra tanto imposto da gente”, acrescenta o lojista Carlos Eusébio da Silva, que trabalha na Concórdia há 35 anos. “O mau cheiro é horrível, isso é inadmissível. É ruim para mim, que sou cliente, imagine para quem trabalha o dia todo aqui”, diz Adriano Cabral. O trecho invadido por esgoto fica a cerca de cem metros da Casa da Cultura e na mesma rua onde funciona a sede do famoso Clube de Máscaras O Galo da Madrugada, pontos turísticos da cidade. Mas o problema não é exclusivo do bairro de São José. O esgoto também corre a céu aberto na Rua do Hospício, perto do Beco da Fome, no bairro da Boa Vista, também no Centro da capital. Comerciantes informam que a situação persiste há mais de três meses. Um lago de água fedorenta se espalha na calçada e desce pelo meiofio. Para piorar, há uma montanha de sacos de lixo junto do esgoto. O volume de água é maior às 6h e às 18h, quando moradores dos prédios

Quando a maré está alta, a água suja invade as calçadas, afastando os clientes Na Rua Sete de Setembro, paralela à Rua do Hospício, um cano despejava esgoto na galeria de água pluvial, ontem pela manhã. A sujeira se acumula na frente de uma lanchonete e para diminuir os transtornos aos clientes, funcionários colocaram duas placas de concreto sobre o meio-fio. “Mesmo assim, a clientela está baixando, por causa do mau cheiro. Isso é um cano de fossa e as fezes ficam boiando, todo mundo vê”, reclama Renato Cosme da Silva, que trabalha na lanchonete. A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) informa que o vazamento de esgoto no trecho da Rua da Concórdia com a Rua Tobias Barreto foi sanado há alguns dias. No entanto, o local continuava alagado terça-feira passada. Sobre as Ruas do Hospício e Sete de Setembro, disse que o serviço seria iniciado ontem à noite e o tempo de execução dependeria da complexidade do problema.

SUJEIRA Nas Ruas do Hospício (no alto) e 7 de Setembro, esgoto corre a céu aberto. A saída é colocar placas de cimento para as pessoas passarem


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